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domingo, 20 de novembro de 2022

1, 2, 3

 

Foto: Karim Sahib/AFP

O chatíssimo GP de Abu Dhabi só proporciona alguma relevância quando acontece uma disputa de título. Em mais de dez anos de corrida, isso só aconteceu quatro vezes. Quando não tem, vira uma corrida amistosa, marcada por incidentes e significados externos.

Hoje começo pelo principal. Quer dizer, a corrida em Abu Dhabi, num circuito horrível mesmo com algumas alterações, é uma chatice deprimente, onde todos nós só suportamos porque é a última do ano e tinha a abertura da Copa mais tarde.

Verstappen venceu de ponta a ponta. 15 vitórias no ano, um recorde absoluto que, no mínimo, vai demorar a ser batido. Na disputa do vice-campeonato, uma raridade: a Ferrari acertou na estratégia e a Red Bull não. Os taurinos fizeram Pérez parar duas vezes e esse foi o motivo do mexicano chegar em terceiro. Leclerc, contra a Ferrari e contra todos, foi o segundo na corrida e também no campeonato. Assim como no ano passado, o pódio da última corrida reflete o que foi a temporada.

Não tem muito o que escrever dentro da pista. Não houve grandes emoções. Sainz deu um chega pra lá em Hamilton na primeira volta, onde entendi ser um incidente de corrida. Não havia espaço para o Sir fazer muita coisa, mas a FIA entendeu que ele tirou vantagem da situação e deveria dar a posição para o espanhol, rapidamente recuperada voltas depois.

Hamilton e Abu Dhabi ultimamente não tem sido amigáveis. Com perda de potência, o inglês encerrou a temporada com um raro abandono. Não foi raro, mas Alonso abandonou também. Os dois poderiam ter feito zerinhos depois da corrida junto com Vettel, o protagonista do domingo. Graças ao abandono de Hamilton, Sainz foi o quinto colocado no campeonato e Lewis, pela primeira vez desde 2007, sai zerado em poles e vitórias no ano. Estranho, considerando que ele está na Mercedes. Acontece nas melhores equipes e com os melhores pilotos também.

Graças a isso que Sainz terminou em quinto no campeonato e em quarto na corrida. Antes dele no campeonato e depoi em Abu Dhabi, o sempre consistente Russell, que bate um heptacampeão no ano de estreia. Inapelável. Norris e Ocon foram o melhor do resto, assim como Stroll conseguiu bons pontos.

A corrida teve outras despedidas, menores é claro, além de Vettel. Ricciardo não sabe se volta e foi o nono. Mick Schumacher e Latifi fizeram o que pode se resumir de ambos: barbeiragem e punição ao alemão, que pode ser reserva da Mercedes. O canadense vai seguir caminho em outra categoria.

Sebastian Vettel. 122 pódios, 53 vitórias e quatro títulos. Os números são impressionantes e, claro, discutíveis, mas não é sobre isso. Escreverei mais sobre durante a semana. O fato de rivais como Hamilton organizar um jantar e o eterno adversário Alonso correr com um capacete em homenagem ao alemão mostra a importância de Seb para grid, não só como piloto mas principalmente pelo que passou a representar fora dele nos últimos anos, encorajando pelas iniciativas de Hamilton.

Seb merecia terminar bem a carreira. Dentro do possível, o bem era pontuar, e isso foi bem sucedido, mesmo com uma estratégia equivocada. A última disputa com Ricciardo finalizou uma carreira de excelência. Ainda não temos noção da importância e do furacão Sebastian Vettel na F1. Talvez nem ele tenha se dado conta também.

Os deuses ainda nos proporcionaram uma última disputa entre ele e Alonso na pista e o alemão, como quase sempre, se deu melhor e foi a grande pedra no sapato da Fênix, responsável por três vices do espanhol. Vettel é um gigante, muito pelo valor e as qualidades humanas que tem, assim como as qualidades técnicas que apresentou em quinze anos no grid. Não é sempre que um tetracampeão se despede do grid e, por ser conterrâneo, talvez tenha sido o motivo de Hamilton e Alonso se sensibilizarem.

Tal qual Djokovic e Nadal chorando pela aposentadoria de Federer, Alonso e Hamilton carregam o fardo de serem os mais experientes e sem mais contemporâneos além deles mesmo. O tempo está acabando e passa para todos nós, o que é muito triste.

Não vou encerrar isso com essa sensação ruim. Pelo contrário. É um alívio terminar a temporada. Ano que vem será pior. A mais longa e cansativa da história. Vou precisar descansar bastante, ainda que precise produzir alguns materiais por aqui antes de só querer saber sobre corridas lá em fevereiro do ano que vem. Missão cumprida.

1,2,3 chega ao fim a temporada 2022, com a ordem estabelecida no pódio. Campeonato inapelável que mostra, na ordem, quem mais venceu no ano. Tomara que as coisas sejam mais emocionantes, de forma natural, em 2023.

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP DE ABU DHABI: Programação

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:26.103 (Red Bull, 2021)

Pole Position: Max Verstappen - 1:22.109 (Red Bull, 2021)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 429 pontos (CAMPEÃO)

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 290 pontos 

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 290 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 265 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 240 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 234 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 86 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 81 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 49 pontos

11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos

13- Kevin Magnussen (Haas) - 25 pontos

14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 14 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos

21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 719 pontos (CAMPEÃ)

2 - Ferrari - 524 pontos

3 - Mercedes - 505 pontos

4 - Alpine Renault - 167 pontos

5 - McLaren Mercedes - 148 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 55 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 50 pontos

8 - Haas Ferrari - 37 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos

10- Williams Mercedes - 8 pontos


AVISO PRÉVIO

Foto: Getty Images

É assim que entende o jornal francês AutoHebdo sobre a ausência do chefão Mattia Binotto nas últimas etapas. Segundo a publicação, a Ferrari e Binotto estão costurando um acordo de demissão do profissional após um 2022 turbulento e muito abaixo do que se imaginava.

As decisões equivocadas nas pistas e a série de erros nas estratégias dos pilotos, além da relação um tanto quanto tensa com eles, sobretudo Leclerc, são alguns motivos para o desligamento de Binotto, chefão desde 2019 e na equipe desde 1995.

Alguns nomes circulam internamente, mas o desejo é por um profissional experiente. Frederic Vasseur, da Alfa Romeo, que teve parceria com a Ferrari, é um dos favoritos. Andreas Seidl, da McLaren, é outro, assim como não está descartado subir Laurent Mekies, atual diretor esportivo. Vale lembrar que Binotto era chefe de motores e foi alçado a líder pelo então presidente Sérgio Marchionne para substituir Maurizio Arrivabene.

Binotto como chefe de equipe foi um desastre, seja nos erros, nas estratégias e na incapacidade de definir prioridades e no controle dos pilotos. Leclerc já teve problemas com Vettel e algumas rusgas com Sainz, embora o problema maior seja o relacionamento com chefão, que inexplicavelmente preteriu o talentoso monegasco em prol do esforçado espanhol, mas sabidamente inferior a Charles. A Ferrari entrega menos do que pode e precisa de uma repaginada para voltar ao topo.

A história mostra que isso só será possível se a equipe se organizar em nomes que não sejam italianos. Nos últimos 30 anos, as coisas só funcionaram quando tudo foi centralizado por Jean Todt, Ross Brawn, Rory Bryne, entre outros.

NOVO RUMO

Foto: Reprodução/Instagaram

Depois da oficialização de Nico Hulkenberg na Haas no lugar de Mick Schumacher, o alemão precisa procurar outros caminhos para 2023, onde não será titular na F1.

Um dos caminhos pode ser numa certa equipe alemã. A Mercedes perdeu Nyck De Vries (Williams) e Stoffel Vandoorne (agora reserva da Aston Martin) como pilotos reservas e precisa de reposição.

Mick Schumacher pode ser justamente esse candidato, até porque, como o chefão Toto Wolff diz, "Schumacher sempre vai fazer parte da família Mercedes", uma óbvia referência ao passado de Michael com os alemães, desde os anos 1990.

“Não é segredo para ninguém: não escondo o fato de que a família Schumacher pertence a Mercedes. Gostamos muito de Mick”, disse.

Parece lógico. Um prêmio de consolação, mas que não diz muita coisa. Certamente Mick não teria grandes aspirações ou possibilidades de ascender para o time alemão, no máximo ser repassado para algum cliente dos alemães.

Confesso que fico triste com o iminente fim da jornada do filho do homem na categoria. O peso do sobrenome ajudou a criar a má vontade que alguns erros e inconsistências do alemão foram evidenciados no processo. Uma pena. Faz parte da vida.

TRANSMISSÃO:
18/11 - Treino Livre 1: 7h (Band Sports)
18/11 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
19/11 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
19/11 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
20/11 - Corrida: 10h (Band)





sexta-feira, 25 de março de 2022

ARMADILHAS

 

Foto: Hamed I Mohammad/Getty Images

Circuito longo, rápido, com muitas retas e curvas de alta velocidade num espaço reduzido. Qualquer erro será fatal para a corrida e pode implicar em muitos Safety Car e até paralisar uma sessão. Vimos isso na F1 e principalmente na F2, onde Felipe Drugovich vai ser o pole.

No entanto, no momento esse é o menor dos problemas da F1. A cerca de 10 km do circuito, no aeroporto internacional de Jidá, deu para ouvir bombardeios e fumaça nas proximidades. Desde o início da semana que a Aramco, petrolífera que patrocina a F1, vem sido atacada. A reinvidicação é do grupo houthi, do Iêmen, em consequência do conflito que existe entre os dois países e o Irã desde 2014.

Os pilotos fizeram uma reunião de emergência e o TL2 atrasou o início em 15 minutos. Mais essa agora. Se o final de semana pode ser cancelado? Tomara que não, mas creio que a Liberty pensou em todas as possibilidades além do dinheiro, certo?

Na pista, Leclerc foi o mais veloz e tivemos poucas mudanças em relação ao Bahrein, o que é normal. A Mercedes segue em dificuldades, a Red Bull está por perto mas a confiabilidade pode atrapalhar, Alfa Romeo, Alpine e Alpha Tauri bem (agora o problema foi com Tsunoda) e as equipes com motor Mercedes ainda lá atrás.

Vettel segue positivo para a Covid e teremos novamente Nico Hulkenberg em seu lugar. A Haas de Magnussen teve problemas e o momento dos sonhos pode ser interrompido rapidamente já nesse final de semana.

Uma pista de rua veloz e agora bombardeios. A F1 vai ter que lidar com muitas armadilhas nos próximos dias. Que não seja surpreendida.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

domingo, 9 de janeiro de 2022

OS FORA DE SÉRIE

 

Foto: Getty Images

O livro “Outliers, os Fora de Série”, de Malcolm Gladwell, é fantástico. Vou tentar não falar muito sobre ele porque já fiz outros paralelos no blog, mas ele basicamente resume que o “fora desérie” não depende apenas do talento, mas sim de todo um contexto histórico, social, familiar, de onde nasceu, cresceu e, claro, a sorte.

O pódio do Catar me deu o clique para escrever sobre esse tema porque são três perfis de “fora de série” completamente diferentes, sem contar os outros pilotos. Eles meio que são uma aplicação do livro.

Começando é claro por Lewis Hamilton. Sim, o britânico encarou o grande desafio de ser o primeiro negro a chegar e fazer sucesso num esporte rico e elitista. As condições sociais obviamente não ajudaram, assim como as financeiras. 

No entanto, tudo isso muda quando a McLaren e a Mercedes entram na jogada e comboiam o jovem até a F1. Isso, junto com a qualidade de Lewis, fez ele ser o que é hoje. Além disso, teve “sorte” na tomada de decisão e ir para a Mercedes quando esta teve quase uma década de domínio na F1. Hamilton foi o pacote perfeito.

Max Verstappen. Filho de piloto, teve o caminho “facilitado” no meio desde criança. Cresceu correndo porque a mãe também foi kartista. Uma vantagem em relação aos outros. Além do mais, o talento precoce o fez ir rapidamente para a Red Bull, sendo um grande atalho até chegar na F1. 

Quando foi promovido da Toro Rosso, o que parecia uma precipitação, Max mostrou sorte e competência na estreia ao aproveitar a batida das Mercedes e vencer na Espanha, sendo o mais jovem vencedor da história da categoria. 2021 culminou com o título mundial. Tem que ter talento e estar na hora certa.

Fernando Alonso teve um pouco disso no início da carreira. Assessorado por Flávio Briatore, teve as primeiras chances na Minardi até subir para a Renault. É claro que ser pupilo do chefe facilita, mas quando teve as oportunidades, Fernando desbancou Schumacher e virou bi. Tudo indicava que ele faria a “Era Alonso” no pós-Schumi.

Aí entra outra questão do livro. Um fora de série sem sorte ou com decisões erradas fica pelo caminho, não importa o quão inteligente e talentoso ele seja. Desde então, Alonso tomou decisões erradas na carreira, fruto do temperamento difícil, egocêntrico e as vezes mimado. 

Deixou a McLaren, onde podia conquistar títulos, voltou para a Renault que não estava competitiva e foi duas vezes “azarado” na Ferrari, onde o tri bateu na trave. Apostou na McLaren Honda mas a falta de paciência falou mais alto e, agora, na Alpine, vive a última chance.

Não dá pra dizer que alguém bicampeão do mundo é azarado, mas Alonso poderia ter sido muito mais se tivesse feito as escolhas certas e tivesse também um pouco de sorte.

O outlier também é aquele que está na hora certa e no momento certo. Sebastian Vettel é um tetracampeão. Pegou a Red Bull dominante no momento exato e não desperdiçou a chance. Depois, virou um piloto errático e os números parecem inflacionados, então a pergunta que fica é: Vettel seria Vettel se acontecesse qualquer coisa diferente antes? Certamente que não. Um outlier que combinou raríssimas oportunidades e talento, não se esqueçam.

Outros milhares de exemplos de pilotos promissores que não vingaram na história podem ser encaixar naqueles que tiveram azar ou mal gerenciamento da carreira. Não ser campeão não significa que seja um piloto desprezível, mas Ricciardo, Wehrlein, Nasr e Vandoorne, em exemplos mais recentes, assim como Giovinazzi, podem se queixar em algum momento da falta de sorte, apoio ou de simplesmente estarem na hora certa no momento errado.

Outros, pelo capital, viram outliers, como Stroll, Latifi e Mazepin. Se não fossem bilionários, não seriam pilotos. Se não tivessem dinheiro para desenvolver as habilidades exaustivamente, não chegariam lá. Desde pequeno, uma vantagem financeira que fez a diferença. Mais condições, melhores carros e o resultado está lá, assim como ter um sobrenome e dinheiro, como no caso de Mick Schumacher.

O que quero escrever é que nada é por acaso na F1. O livro dos Outliers é um exemplo que pode ser aplicado em qualquer área, por isso acho ele fascinante e quis jogar um rascunho dele para vocês. Leiam e reflitam! Concordam com o que foi escrito ou viajei na maionese?

Até!


terça-feira, 9 de novembro de 2021

DIFERENÇAS

Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio

 Muita coisa mudou na F1 e, obviamente, no mundo desde a última vez que a categoria esteve em Interlagos. Depois de muita apreensão e a possibilidade de apostar em um circuito falcatrua no meio de uma área de preservação ambiental, a F1 pensou melhor e continuamos com a programação normal: chegou a semana da corrida em Interlagos!

Algumas diferenças sutis, outras nem tanto: se alguém falasse em 2019 que a corrida seguinte da categoria seria transmitida sem Galvão Bueno e na Bandeirantes, certamente seria chamado de louco e pedido para ser internado. Pois bem, a curiosidade é saber se a emissora paulista vai conseguir fazer uma cobertura diferente da Globo. O desafio ajuda: de forma inédita nos últimos anos, a corrida em solo brasileiro vale muito: há disputa entre Max e Lewis e isso deve ser explorado além, claro, de Ayrton Senna.

Outra é a nomenclatura: a guerra com o governo federal e a tal Rio Motorsports que queria levar a corrida para Deodoro teve consequências. Como eles adquiriram o nome "GP do Brasil" por um bom tempo, restou o governo estadual paulista em renomear para Grande Prêmio de São Paulo, tal qual Abu Dhabi e Cidade do México (sim, só descobri hoje que a nomenclatura oficial era GP da Cidade do México!)

Teremos também, pela primeira vez aqui e a última no ano, a corrida classificatória. Ao menos vai agitar os três dias de evento. A previsão para o final de semana é de frio e chuva, como sempre. Diferentemente da chatice de Monza e Silverstone, Interlagos pode ser diferente justamente porque é Interlagos e nada mais. Sempre bom lembrar: são pontos que podem fazer a diferença no final.

Por último e não menos importante, uma despedida, um retorno e uma estreia importante: é a última vez de Kimi Raikkonen no país. Desde 2001 e com pausas em 2010 e 2011, o finlandês sempre esteve na Terra da Garoa, onde conquistou o título mundial em 2007. Vai ser um momento e tanto. Teremos, é claro, o retorno de Don Alonso a Interlagos, onde foi bicampeão e sofreu aquele forte acidente em 2003. Além disso, um Schumacher está de volta. Michael se despediu em 2006 e 2012 e agora, quase uma década depois, Mick vem pela primeira vez para continuar o legado da família.

Entre tantos outros fatores, a corrida em Interlagos desse final de semana terá muitas diferenças e novidades para fãs, imprensa e as equipes.

Até!

terça-feira, 24 de agosto de 2021

MISTÉRIOS (DES)MASCARADOS

 

Foto: Getty Images

Hoje começam as Paraolímpiadas de Tóquio. Nas últimas semanas, sobretudo também pela realização dos jogos olímpicos no Japão, o país teve um aumento muito grande no número de casos e mortes decorrentes da Covid-19. Em virtude disso, e pelo país estar em estado de emergência, não teremos Grande Prêmio do Japão pela segunda temporada consecutiva.

A decisão não é surpreendente. Rejeitado pela população, os jogos olímpicos só aconteceram pelos contratos amarrados, onde não fazer seria muito mais danoso financeiramente do que a realização das Olímpiadas. Agora, a F1 precisa preencher a lacuna em pouco tempo, pois a prova estava marcada para o dia 10 de outubro.

Na contramão da história, neste final de semana a Bélgica vai colocar 75 mil pessoas em Spa Francorchamps, sem obrigatoriedade de distanciamento e/ou máscaras. Por quê? Na Bélgica, há o "Corona Safe Ticket", onde as pessoas precisam mostrar a comprovação de vacinação com segunda dose duas semanas antes da corrida, teste PCR negativo ou um certificado que comprove a infecção nos últimos seis meses.

Cada caso é um caso, mesmo que seja bem extremo. Apesar de termos lotação máxima na Inglaterra e na Hungria, pela primeira vez em muito tempo que teremos uma liberação total na F1, por isso não se estranhem com as imagens das arquibancadas.

O GP da Bélgica será realizado diante de estranhas circunstâncias. Ultimamente, o circuito tem lidado com tempestades e inundações, sem contar que já faz dois anos do acidente fatal de Anthoine Hubert na F2. Apesar disso, também há motivo para ter lembranças positivas: há 30 anos, Michael Schumacher estreava na F1 em solo belga. Eu já contei essa história bem aqui. Agora, será a vez de Mick Schumacher. Como sempre, um momento emocionante e significativo.

No entanto, há ainda mais circunstâncias sombrias e tristes que pairam essa corrida. Tudo porque, há duas semanas, Nathaile Maillet, 51 anos, CEO do circuito, foi assassinada junto da companheira Ann Lawrence Durviaux pelo ex-marido, o ex-piloto Franz Dubois, que depois se matou, na cidade de Gouvy, distrito de Luxemburgo. Um duplo feminicídio, portanto.

No início, a história parecia de certa forma "justificar" o ato ou até mesmo lembrar de Euclides da Cunha, mas às avessas: o homem chega em casa e encontra, de surpresa, a esposa com uma outra mulher e decide matá-las e depois a si mesmo pela "honra", o que antigamente seria chamado de "crime passional".

No entanto, relatos da amiga nos dias seguintes desmentem tudo isso. Nathaile e Franz estavam em processo de divórcio e o relacionamento com Ann Lawrence, advogada, não era surpresa para ninguém. As duas estavam juntas há algum tempo e, inclusive, elas e Franz se reuniram num restaurante na noite do crime.

A motivação de tudo isso seria financeira em virtude do divórcio. As duas partes não se entendiam e, depois do restaurante, Franz saiu primeiro do local e chegou na antiga casa depois para matar as duas e depois se matar antes da chegada da polícia.

Nathalie Maillet era CEO de Spa Francorchamps desde 2016. Graças aos esforços dela, o circuito passou a receber diversas provas de rali e outras modalidades do automobilismo além da F1 e dos carros de turismo. Spa foi homologada perante a Federação Mundial de Motociclismo e vai receber no ano que vem as 24 Horas de Spa para motos.

Nathalie era de uma família de pilotos mas era arquiteta de formação, apesar de ter vencido corridas na Fan Cup, em 2006. 

Curioso como a FIA vai se portar perante a esse caso, mesmo que aparentemente ele esteja resolvido diante da morte de todos os envolvidos. No entanto, em um momento onde todos ficam assustados com o retorno do Talibã mas reproduzem, mesmo que involuntariamente, preconceitos e agressões diárias as mulheres (seja verbal ou físico), a morte de uma mulher que estava em uma posição de poder no automobilismo reforça que, infelizmente, esses direitos precisam estar permanentemente sob luta e vigia para que não se percam em todos os âmbitos.

O mundo pode até mudar, mas é sempre preciso estar atento contra as forças retrógradas que veem tudo isso como uma ameaça ao "poder" e querem manter tudo do jeito que está, sem o menor pudor de utilizar a força, a desproporção e a covardia para isso.

Até!

domingo, 28 de março de 2021

COMO NUNCA, COMO SEMPRE

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

Nunca estive tão indiferente a um início de temporada. Por mais que houvessem algumas mudanças, a proximidade entre as corridas do Bahrein (lá foram disputadas 3 das últimas 4 corridas, algo inédito) e a sensação de que tudo só será modificado no ano que vem me fizeram pensar assim.

Apesar da grande mudança no grid, seja com pilotos, nomenclaturas de equipes ou até mesmo a transmissão aqui no Brasil. Muitos elogios para a Band, que tratou o produto com respeito que os fãs merecem. Do início até o fim. Houve sorte que a emissora paulista esteve indisponível para transmitir as ligas europeias que passa no final de semana, então fica a curiosidade para saber como será o desenvolvimento dessa relação. Com uma equipe composta de ex-profissionais do grupo Globo, tudo parecia diferente como nunca, mas igual como sempre.

Isso é o que eu ouvi falar porque não consegui acompanhar. A idade está me cobrando um preço da boêmia caseira da madrugada e já acordei com a corrida em andamento. Depois de algumas voltas, ainda perdido, faltou luz aqui em casa e só voltou depois da prova. Por sorte, assisti agora a íntegra na internet e a Band Sports reprisa enquanto escrevo esse texto.

Nikita Mazepin mostra a cada instante o óbvio: o mau-caráter não tem condição alguma de estar lá, mas ser bilionário (ou filho de um) facilita as coisas. Vão transformar o Stroll em alguém mediano graças a irresponsabilidade do clube dos bilionários. Enquanto não matar alguém ou a si próprio, não vão sossegar. Aí culpam o circuito, como sempre fazem.

Sérgio Pérez e a maldição da Red Bull: ao ficar apenas no Q2, volta todo o filme que Gasly e Albon sofreram. Na volta de apresentação, um problema elétrico que quase o fez não largar. Do fim do pelotão, fez o que se espera de agora um piloto taurino: o quinto lugar. Precisa ser mais competitivo, mas tem tudo para fazer o que os outros dois jovens não fizeram (ou não deixaram que fizessem).

Lando Norris mais uma vez começa muito bem a temporada. Foi o melhor do resto hoje, com um merecido quarto lugar, mostrando que a McLaren, de volta com o motor Mercedes, está veloz mais ainda precisa de um melhor ritmo de corrida, mesmo com essa boa colocação. Apesar de todos estarem em fase de adaptação, é importante que o britânico comece o ano batendo no amigo Daniel Ricciardo, um discreto sétimo lugar.

Na Ferrari, Leclerc cresceu na hora certa e mostra porque é o líder que a Ferrari precisa e merece. O motor é menos pior que o do ano anterior, o que basta para que os italianos voltem a sonhar com colocações menos vexatórias que a do ano passado. Sainz é um bom pontuador e vai cumprir bem seu papel. Não é brilhante mas é eficiente e infinitamente mais valia que o atual Vettel.

O alemão, por sua vez... vai manchando seu legado de tetra. Largando em último, bateu em Ocon, rodou e foi dominado pelo filho do chefe. O também acionista da equipe, se não tiver uma rápida melhora, precisa considerar deixar a F1, para seu próprio bem. Superar um tetracampeão é tudo que Stroll e seus "defensores" precisam para validar o argumento de que não é um piloto de todo ruim.

Alonso, quarentão, ausente dois anos e com uma mandíbula recentemente machucada, fez o de sempre: andou mais que o carro. O problema é esse: a Alpine parece ter involuído ou ficado mais para trás, o que é uma tragédia para o espanhol. Nada que ele não esteja acostumado. O grande salto precisa ser ano que vem mas, como escrevi ainda no ano passado, nesse instante é mais importante celebrar o retorno do bicampeão do que imaginar qualquer perspectiva futura.

Yuki Tsunoda ultrapassou três campeões mundiais na estreia e pontuou, chegando em nono. Uma pena o bico de Gasly ter quebrado no contato com a McLaren. A Alpha Tauri está se mostrando muito forte nesse pelotão intermediário. Com o talentoso e ousado japonês, a dupla fica mais fortalecida ainda. Pinta de grande promessa para o futuro da Red Bull, esse é Yuki Tsunoda, o primeiro piloto nascido nos anos 2001 a correr na F1. Nesse ano, aliás, Alonso e Raikkonen estavam estreando na categoria.

Mick Schumacher na Haas tem uma missão: ficar na frente do Mazepin. Não parece ser difícil. A única coisa incompreensível é porque ele não foi para a Alfa Romeo. A Haas se arrasta no grid.

Deixei o melhor para o final. A Red Bull jogou fora uma chance concreta de vitória. Aparentemente melhor equilibrada no Bahrein, os taurinos levaram um nó tático da Mercedes. Talvez a Red Bull não esteja mais tão acostumada com essas situações. O importante é que tivemos uma disputa realmente emocionante. Max passou Hamilton por fora mas teve que devolver a posição. Ele insiste que conseguiria abrir os cinco segundos de punição que receberia mas a equipe não entendeu assim.

Hamilton, em um raro momento de ligeira inferioridade, segurou com unhas e dentes a vitória número 96 da carreira e importantíssima para o Mundial. Considerando que a Mercedes precisa de tempo para corrigir suas falhas, acumular o maior número possível de pontos e roubar da Red Bull é ouro. Max, Horner e companhia perderam uma grande chance.

A Mercedes parece mais tocável do que nunca, mas vencedora como sempre. A Red Bull parece próxima de ameaçar a hegemonia, mas ficou no quase como sempre.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

terça-feira, 23 de março de 2021

ENTRE O TRÁGICO E O CIRCENSE

 

Foto: Divulgação/Haas

Quando chegou na F1 em 2015, a Haas tinha uma proposta interessante: uma parceria técnica com a Ferrari que lhe permitia gastar menos e se desenvolver o quanto possível. Tirando a âncora Gutierrez, a chegada de Magnussen solidificou uma parceria com Grosjean que, no início, era muito proveitosa. Até 2018, os americanos evoluíam pouco a pouco, com o dinheiro que tinham e com responsabilidade, em uma posição digna nos construtores.

O tempo passou e a evolução estagnou, transformando em declínio. Grosjean ficou insustentável há muito tempo e Magnussen tinha atingido um teto. Mesmo assim, o chefão Gunther Steiner, mesmo com as críticas públicas, mantinha uma dupla de pilotos que não ajudava, assim como o carro. A parceria técnica com a Ferrari ficou insuficiente, também em virtude do declínio dos próprios italianos. Um efeito dominó.

De uns tempos para cá, a impressão que ficava é que a Gene Haas está louco para vender logo a equipe e retornar o foco a Indy e a Nascar. No meio do caminho, teve a parceria com a tal empresa de bebidas energéticas que deu em nada, apenas em calote, constrangimento e circo. A salvação era, e é, apenas uma: dinheiro.

Surge no deserto um russo de desempenho mediano pra ruim, que trapaceia, é antidesportivo (já agrediu pilotos na F3 e mostrou mais de uma vez deslealdade nas disputas na F2) mas é filho de um bilionário. O que se enxerga nisso tudo?  Dinheiro. Com capacidade de investimento, o filho mal caráter e antidesportista melhora e consegue o suficiente para chegar na F1. 

É a salvação da lavoura de Gene Haas. O dinheiro da família Mazepin ao menos recupera uma parte do que ele já gastou em cinco ou seis anos. Mazepin, acusado de assédio e com os comportamentos deploráveis já citados no parágrafo anterior. No meio disso tudo, cai de paraquedas Mick Schumacher, o filho do maior piloto da história, até de forma inexplicável. Não por não merecer, pelo contrário, foi campeão da F2, mas sim porque ir para a Alfa Romeo, outro lugar que a Ferrari tem parceria, é uma escuderia de grife e tem o ex-rival do pai ainda em atividade seria uma jogada de marketing muito mais inteligente.

Como desgraça pouca é bobagem, a equipe fica a mercê dos russos. Uma equipe americana. O resultado é um carro com as cores da Rússia. Um golpe no orgulho e no sonho americano, refém de quem os paga e sustenta. É uma pintura controversa também porque a Rússia foi punida por dois anos por doping. Os atletas russos estão proibidos de usar as cores e símbolos do país em campeonatos mundiais por esse motivo. Mazepin, se for ao pódio, será bandeira neutra.

Entre o trágico e o circense, é assim que a Haas se encontra na F1, desesperada para ter quem o banque ou a compre definitivamente. O projeto esportivo de 2015 não existe mais. Se antes as trapalhadas de Magnussen e Grosjean com as broncas de Steiner eram o grande barato da série da Netflix, agora vamos todos acompanhar constrangidos e indignados as peripécias do filho mal caráter do bilionário dono da equipe.

Até!

segunda-feira, 22 de março de 2021

GUIA F1 2021: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá! Estou de volta com a segunda parte da análise das equipes do grid da F1 2021. Vamos lá com o que sobrou:

SCUDERIA FERRARI MISSION WINNOW

Foto: Divulgação/Ferrari

Pilotos: Charles Leclerc (#16) e Carlos Sainz Jr (#55)

Chefe de equipe: Mattia Binotto

Títulos de pilotos: 15 (1952, 1953, 1956, 1958, 1961, 1964, 1975, 1977, 1979, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2007)

Títulos de construtores: 16 (1961, 1964, 1975, 1977, 1979, 1982, 1983, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2007 e 2008)

Vitórias: 237

Pódios: 768

Pole Positions: 228

Voltas mais rápidas: 253

Depois da pior temporada em 40 anos, a Ferrari ferve. Com a liderança do talentoso Charles Leclerc e a chegada do competente Sainz, Mattia Binotto está pela bola oito. O mistério em relação ao motor é grande. A Ferrari não promete grandes resultados, e sim uma evolução gradativa. Pensando em 2022, 2021 pode ser outro golpe no orgulho mas calculado. Ser coadjuvante para tentar roubar a cena a partir do ano que vem.

SCUDERIA ALPHA TAURI HONDA

Foto: Divulgação/ Alpha Tauri


Pilotos: Pierre Gasly (#10) e Yuki Tsunoda (#22)

Chefe de equipe: Franz Tost

Vitórias: 1

Pódios: 1

Depois da melhor temporada da história da Toro Rosso/Alpha Tauri, a equipe de Gasly e do estreante Tsunoda está confiante em manter o bom desempenho no top 10. Com dois pilotos talentosos, sendo eles um estreante, o francês Gasly, que mudou a percepção de todos sobre suas qualidades em 2020, tem tudo para continuar oferecendo desempenhos consistentes no grid. O japonês Tsunoda, de ótimos serviços prestados na F2, é uma das atrações da temporada para saber se vai conseguir transferir esses predicados tão rapidamente para a F1.

ALFA ROMEO RACING ORLEN

Foto: Divulgação/ Alfa Romeo


Pilotos: Kimi Raikkonen (#7) e Antonio Giovinazzi (#99)

Chefe de equipe: Frederic Vasseur

Títulos de pilotos: 2 (1950 e 1951)

Vitórias: 10

Pódios: 26

Pole Positions: 12

Voltas mais rápidas: 14

Com tudo mantido, a Alfa Romeo parece estagnada em todos os setores. A dependência é saber se o motor da Ferrari nessa temporada está melhor. Se sim, talvez consigam um brilhareco maior do que em 2020. Do contrário, será mais uma temporada difícil para o Homem de Gelo se arrastar no grid.

URALKALI HAAS F1 TEAM

Foto: Getty Images


Pilotos: Mick Schumacher (#47) e Nikita Mazepin (#9)

Chefe de equipe: Gunther Steiner       

Voltas mais rápidas: 2

Com dupla de pilotos novata e o investimento do pai de Mazepin, a Haas terá mais dinheiro para se desenvolver, mas o carro é uma bomba. Dificuldades financeiras e o motor Ferrari são fatores que podem impedir qualquer desenvolvimento positivo do time. Será necessário paciência e ao mesmo tempo contar que o talento de Mick e até de Mazepin apareçam rapidamente para os americanos não amargarem o final do grid.

 

WILLIAMS RACING

Foto: Divulgação/ Williams


Pilotos: George Russell (#63) e Nicholas Latifi (#6)

Chefe de equipe: Simon Roberts

Títulos de pilotos: 7 (1980, 1982, 1987, 1992, 1993, 1996 e 1997)

Títulos de construtores: 9 (1980, 1981, 1986, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997)

Vitórias: 114

Pódios: 312

Pole Positions: 128

Voltas mais rápidas: 133

Sob nova direção, pior do que está não vai ficar. A Williams até evoluiu no ano passado e só não pontuou por azar. Se continuar assim, quem sabe não seja a última força do grid, ainda mais que tem o talentosíssimo George Russell, fazendo hora extra em uma equipe tão fraca. Além do mais, existe o aporte da família Latifi. Pode ser o prenúncio de dias melhores no ex-time de Frank Williams.

E essa foi a  análise. Concorda? Discorda? Quem serão os grandes nomes da temporada 2021? Comente!

Até!

segunda-feira, 15 de março de 2021

SOBRE A F1 2020B

 

Foto: Getty Images

No final de semana, foram realizados os três dias de testes de pré-temporada antes do começo do campeonato, daqui 10 dias. Estive ausente, sem computador, viajando e em outros compromissos. Apesar disso tudo, não tenho o mesmo entusiasmo em relação aos outros anos. Deve ser o caos em que vivemos e a situação da própria Fórmula 1.

Este era para ser o primeiro ano da "nova F1", pois haveria uma mudança de regulamento, adiada para o ano que vem pelas complicações do coronavírus. A solução foi fazer apenas uns ajustes no assoalho e banir o DAS para que, aí sim, em 2022 esteja tudo pronto. Com isso, a temporada de 2021 nada mais é do que um DLC de 2020, pois está todo mundo trabalhando no projeto do novo regulamento.

Notem que a maioria dos nomes dos carros desta temporada tem um B no final. Não é uma nova concepção e sim apenas uma atualização antes da mudança de regulamento. Portanto, olhando para tudo isso, é improvável que haja alguma mudança no pelotão, até porque todos priorizam a mesma coisa.

No entanto, a temporada de 2021 ainda tem coisas interessantes para serem acompanhadas com muita atenção, e é o que listarei agora.

Começando pelas "novas" equipes: Alpine e Aston Martin, com carros muito bonitos. Cores diferentes para o grid é sempre interessante, ainda mais essa Aston que lembra a Jaguar do início do século. As atrações também são os campeões: o retorno de Alonso, envolto de mistério pela inatividade e o acidente de bicicleta, e Sebastian Vettel, calvo e no suspiro final da carreira. 

A Aston não andou muito, o que é natural. É um novo projeto e, dessa vez, não deu pra copiar tudo da Mercedes. Vai ser necessário paciência. Para os franceses, a questão é se o novo nome vai manter a evolução do ano passado e se Alonso vai ser capaz de tirar os últimos coelhos da cartola no derradeiro momento da carreira. Vai ser interessante.

Sérgio Pérez na Red Bull. Seu papel é simples: não ser humilhado por Verstappen. A Mercedes diz que os taurinos largam na frente no ano, mas é difícil de avaliar e acreditar em algo depois de apenas três dias, sendo um deles com tempestade de areia. O mexicano tem a grande chance da carreira de mostrar serviço numa grande equipe. A adaptação na Red Bull vai ser dura, mas é agora ou nunca.

Daniel Ricciardo em outra nova equipe, a McLaren, agora com o retorno da parceria com a Mercedes. Em tese, vai haver ganho de potência. A liderança e o arrojo do australiano no time que terminou em terceiro em 2020 vai ser outro ponto de atenção, ainda que Lando Norris também possa roubar a cena.

Yuki Tsunoda na Alpha Tauri, o primeiro japonês na categoria em sete anos, no momento em que a Honda se despede da F1 (de novo) e a Red Bull compra os motores japoneses para desenvolver nos próximos anos. Com bastante cartaz e elogiado por Franz Tost, o baixinho de menos de 1,60 é agressivo e, se amadurecer rápido, pode rapidamente ser competitivo junto com Pierre Gasly, inexplicavelmente escanteado por Helmut Marko e companhia.

O retorno do sobrenome Schumacher junto com o psicopata Mazepin, no carro russo da Haas. Pretendo fazer um post sobre a situação da equipe, mas aqui a questão é simples: o carro é uma bomba. Com dois jovens inexperientes, a questão é saber o que vai sobressair: o talento maior do Schumaquinho ou o dinheiro do bilionário psicopata pai. Nem sei por que tenho dúvidas, mas a Ferrari não armaria uma arapuca para alguém que representa tanto para o automobilismo. Também quero saber quantas presepadas do russo serão perdoadas pelos outros bilionários condencentes.

Apesar da F1 2021 ser uma mera atualização de 2020, novidade é o que não falta e, para mim, esses são os aspectos mais interessantes de observar durante o longo ano de 23 etapas. 

Para finalizar, não poderia deixar de registrar a morte de Murray Walker, a voz da F1, que faleceu no sábado aos 97 anos. Suas narrações na TV britânica e a participação nos jogos mais antigos da F1 são memoráveis. Um sobrevivente de guerra que amava o automobilismo e foi justamente reconhecido ainda em vida. Que descanse em paz.

Até!




sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

RETORNOS E DESPEDIDAS

 

Foto: Getty Images

Como o GP de Abu Dhabi tradicionalmente é uma corrida que não vale nada, o final de semana é marcado pelas despedidas, como as corridas finais de alguns pilotos, seja na carreira ou na equipe, além de equipes com o nome ou falindo, etc.

Como o grid de 2021 será bastante modificado, teremos várias despedidas neste final de semana e alguns mistérios. Esta será a última corrida de Sebastian Vettel na Ferrari, de Daniel Ricciardo na Renault e Carlos Sainz na McLaren. Além disso, teremos a última corrida de Kevin Magnussen na F1 e também de Sérgio Pérez (ao menos por enquanto). Pietro Fittipaldi encerra a participação como piloto da Haas e o restante é mistério ou ainda precisa de uma confirmação oficial: Kvyat está deixando a F1 outra vez e o futuro de Alexander Albon apenas Helmut Marko sabe.

Além disso, são as corridas derradeiras de Racing Point e Renault, ao menos com esse nome, transformadas em Aston Martin e Alpine para 2021. Mas nem só de adeus vive a F1. Também há os retornos.

Lewis Hamilton, recuperado da covid, tenta a 12a vitória no ano, mesmo sem estar 100%. Talvez nem precise, afinal é Bottas que está do outro lado. É bom ver o campeão de volta mas quem perde com isso é a própria corrida. Abu Dhabi já é chatíssima, imagina com o retorno de um extraclasse em um carro muito superior aos demais...

Também tivemos o retorno de Robert Kubica, realizando mais um treino livre com a Alfa Romeo e, claro, todos os holofotes na nostalgia: no intervalo entre um treino e outro, Fernando Alonso guiou com sua Renault de 2005, que lhe deu o primeiro título mundial. Só faltou o capacete da época para o exercício de nostalgia estar completo. Como é gostoso o barulho dos carros antigos!

Foto: XPB/James Moy Photography



Também tivemos a estreia de Mick Schumacher em um final de semana de F1, agora pela Haas, sua futura equipe. Não deixa de ser uma nostalgia também, o filho do homem honrando os passos do pai. Como sempre escrevo, faria mais sentido se fosse na Alfa Romeo.

Já ia esquecendo: pode ser a última corrida da F1 na Rede Globo também, o que não deixa de ser emblemático. 

Já ia esquecendo 2: com a volta de Lewis Hamilton para a Mercedes, George Russell volta para casa na Williams depois do conto de fadas com as flechas de prata.

Abu Dhabi, o palco das despedidas, retornos e estreias. Um ar melancólico, nostálgico e ao mesmo tempo de esperança para um futuro melhor que nem sempre chega.

Confira a classificação dos treinos livres do GP de Abu Dhabi:




Até!


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

NOVA SAFRA

 

Foto: Getty Images

Depois de um 2019 deplorável na F2, de nível técnico horroroso, pilotos que não deveriam estar lá e a morte da promessa Anthoine Hubert, em 2020 a categoria se reinventou em meio a pandemia e trouxe grandes corridas e talentos para o curto/médio-prazo.

Começando pelo campeão, Mick Schumacher, o filho do homem. Como não se emocionar com o Schumaquinho no topo? É claro que Mick não é Michael, um virtuoso, mas a consistência fez a diferença. Sempre pontuando nas duas corridas, arrancou na parte final e, mesmo puxando ao pai ao terminar lá atrás a corrida final e bater no treino classificatório, o alemão consegue o título que é para poucos, mesmo com toda a desconfiança pelo sobrenome que tem.

Como recompensa, foi parar na Haas. Como escrevi antes, talvez pelo marketing seria melhor ter ido para a Alfa Romeo, uma grife, para ser companheiro de equipe de Kimi Raikkonen, um dos rivais que o pai teve. Seria sensacional. Além do mais, os americanos hoje parecem apenas melhores que a Williams, então será difícil Mick mostrar alguma coisa. O importante é que chegou lá.

Foto: Reprodução/Red Bull

Outro que vai estar na F1 mas ainda não foi anunciado oficialmente é Yuki Tsunoda. O japonês foi o melhor novato do ano ao terminar o campeonato em terceiro, conquistando os pontos que precisava para chegar a F1, na Alpha Tauri, substituindo Daniil Kvyat. Com muitas poles e boas vitórias, Tsunoda mostrou que não é apenas um japonês apadrinhado pela Honda que chegou lá, apesar da saída da montadora no meio do caminho. Se conseguiu atrair a atenção do exigente Helmut Marko, também pode facilmente ser queimado como qualquer outro talento taurino. Com Gasly como forte competidor, o japonês já chega enfrentando um alto nível interno. Teste de fogo.

Outros destaques foram Callum Ilott, o vice-campeão, e Robert Shwartzman, outro novato, ambos da academia da Ferrari. Ilott é o que tem menos chances de ascender a categoria mas é o mais preparado hoje, além de experiente. Na hora H, também cometeu uns erros e perdeu o título. Shwartzman foi o que mais venceu no ano e liderou até a metade da temporada, caindo de produção no final. Por ser jovem e novato, faz parte do aprendizado. Com certeza o russo será favorito ao título do ano que vem junto ao australiano Oscar Piastri, australiano campeão da F3 e que será seu companheiro de equipe na Prema.

Além do mais, há a manutenção dos também promissores Christian Lundgaard e Guanyou Zhou, os dois da Renault. A Uni-Virtuosi conseguiu o vice-campeonato de construtores, o que mostra consistência mas ainda falta mais vitórias e protagonismo.


Por falar na Uni Virtuosi, esse será o destino do brasileiro Felipe Drugovich na F2 em 2021. Com três vitórias e algumas poles, Drugo foi a grande surpresa da temporada, mesmo no fraquíssimo carro da MP Motorsport, andando na frente na maior parte do tempo. Por também ser um estreante, mostrou ter velocidade, mas precisa ajustar o ritmo de corrida e andar no tráfego, seja para ultrapassar ou para se defender, além de saber o momento certo. Questão de experiência. Ambientando e numa equipe melhor, é a grande chance do brasileiro atrair a academia de alguma montadora para se aproximar do sonho da F1.

Pedro Piquet é que deixou a categoria. Em um post enigmático, entendeu que não tem os recursos para chegar a F1 e não há grana para continuar insistindo, fazendo até uma ironia com o psicopata Mazepin. O futuro é uma incógnita mas verdade seja dita: Pedrinho não fez nada na temporada, mesmo sendo também a de estreia (e agora a última) na categoria.


O jovem Gianluca Petecof, de 18 anos, foi campeão da Fórmula Regional Europeia nesse final de semana. Ele bateu Arthur Leclerc, o irmão do Charles. Membro da academia Ferrari, Petecof teve a temporada ameaçada ao perder patrocinadores durante a pandemia, mas conseguiu outros dois e tocou ficha. Foi o único a pontuar em todas as 23 corridas da temporada. Agora, o próximo passo do brasileiro deve ser a F3, talvez com a Prema, o que sempre aumenta a expectativa e a responsabilidade. Aos poucos, Gianluca vai se tornando realidade.

Por último, mas não menos importante: o texto de amanhã será sobre os perigos do excesso de segurança e como isso atraiu gente inconsequente e psicopata como o Nikita Mazepin, que acha que pode fazer o que quiser porque o pai é bilionário. Depois, acontece alguma tragédia e colocam culpa na segurança, mas isso é para amanhã.

Esse foi apenas um panorama das grandes promessas do automobilismo mundial que em breve pode estar brilhando cada vez mais na sua telinha.

Até!

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

CAUTELA E OUSADIA

 

Foto: Getty Images


A Mercedes optou pelo caminho mais conservador. Talvez esse seja o segredo dos vencedores: o pragmatismo quando necessário. Os alemães escolheram George Russell, da academia da equipe, como o substituto de Lewis Hamilton para o GP de Sakhir e talvez até na semana que vem, em Abu Dhabi.

Gostaria de ver Hulk ou até mesmo o renascimento de Vandoorne em uma corrida, mas a F1 deixa claro: tirando a Haas, o piloto reserva não serve para nada. No entanto, finalmente a Mercedes vai utilizar alguém de sua academia na equipe principal depois de escantear Wehrlein e Ocon.

Para o inglês, é uma grande oportunidade de finalmente pontuar e acabar com esse trauma psicológico que tanto lhe incomoda. Com o melhor carro do grid, certamente não vai ser apto, em tese, a desafiar Bottas, pelo pouco tempo de adaptação apesar de já ter feito alguns testes como piloto Mercedes.

Não entanto, não deixa de ser uma observação para o futuro: se Russell for bem, certamente estará dando um passo ou para substituir Hamilton ou até mesmo para pegar o lugar de Bottas. A pressão está toda com o finlandês e 2021 pode ser a chance final.

Foto: Divulgação/Williams

No efeito dominó, a Williams anunciou pouco depois que Jake Aitken será o substituto de Russell e, junto de Pietro Fitipaldi, vai fazer a estreia na F1. O inglês de 25 anos disputou a F2 pela Campos e se juntou a equipe de Grove no início do ano. Na sorte, ganha uma chance, tal qual Roberto Merhi e o outro inglês da Marussia que esqueci o nome (lembrei: Will Stevens). Certamente é a pior dupla da história da Williams, que busca uma reestruturação. É o velho papo: se não bater tá bom.

Foto: Getty Images

Mais um dia agitado na Haas. No mesmo instante onde Romain Grosjean dava alta do hospital, a Haas anunciou que Mick Schumacher, o filho do homem, será o parceiro de Nikita Mazepin em 2021. Foi mais rápido que imaginei. Esperava que isso fosse oficializado após a decisão da F2, mas isso enterra definitivamente as chances do inglês Callium Ilott.

Depois de uma primeira temporada abaixo do que se esperava, Mick evoluiu ao ponto de ser virtual campeão da F2. Não é para qualquer um, mesmo com o hype do sobrenome. Não deixa de ser um momento histórico mais um familiar de um grande nome da F1 entrar no automobilismo. Depois de Fittipaldi, o terceiro Schumacher. Como fã do Michael, fico muito feliz com o anúncio e a simbologia.

Olhando para a pista, a Haas aposta em dois novatos pensando no novo regulamento de 2022. Ou seja: 2021 será para aclimatação dos jovens. O carro é um dos piores, portanto não há o que esperar. Se ambos não baterem ou cometerem muitos erros, já vão estar dentro da margem. A Haas, que desperdiçou anos com uma dupla experiente, agora vai para o outro extremo: arrisca com dois jovens; o bilionário aporte do Nikita pai e o apoio da Ferrari com o sobrenome Schumacher.

Enquanto a Mercedes optou pela cautela, entendendo sua posição como dona do campinho, a Haas vai para o tudo ou nada no médio prazo. Não há o que perder (pelo contrário: vai receber 40 milhões de dólares anuais dos russos). Extremos que explicam a diferença de camada de cada um dos dois. E a Williams? Bem, ela faz o que pode, não?

Até!




segunda-feira, 2 de novembro de 2020

SENTENÇAS

 

Foto: Getty Images

Aos poucos, as equipes vão definindo o planejamento para 2021 enquanto termina esse 2020 caótico. É verdade que o ano que vem tem garantia quase zero de que haja uma total normalidade no calendário e no deslocamento para os países e talvez continentes e que o novo regulamento foi adiado para 2022, mas as equipes já pensam no longo prazo.

Contrariando a lógica, a Alfa Romeo optou por manter a dupla de pilotos. Raikkonen dispensa apresentações e vai continuar por lá até quando definitivamente se cansar. Tudo parecia certo para que Mick Schumacher chegasse na categoria numa equipe com grife e sendo companheiro de um dos ex-rivais do pai, mas os suíços também optaram pela manutenção de Giovinazzi, o que acredito ser um grande erro.

O italiano não confirmou a boa temporada na GP2. Lento e com muitos erros, em 2020 melhorou, mais experiente também. Está empatado em pontos com Raikkonen e largou mais vezes na frente, mas não acredito que ainda tenha uma curva de crescimento acentuada. Talvez ele e o alemão estejam no mesmo nível, mas o fator novidade e o talento de Shwartzman poderiam ter pesado. Provavelmente o russo vai precisar de mais um ano na F2 antes de subir.

Na Red Bull, ainda não é oficial mas Alexander Albon vai ser chutado de lá e, como consequência, da categoria. Mais um erro em Ímola e agora a situação é insustentável. É claro que ele é preterido por Verstappen, mas chegou a um ponto onde seu desempenho está pior que o de Gasly, que deu a volta por cima. O francês não pode incomodar Max e vai permanecer na Alpha Tauri até encontrar um caminho melhor, igual Sainz, então é evidente que os taurinos estão de olho em Pérez ou Hulkenberg para o assento.

A Haas dispensou Magnussen e Grosjean com alguns anos de atraso, especialmente no caso do francês. Mick deve ocupar uma das vagas e o outro candidato é o bilionário e psicopata Mazepin, mas tudo depende de sua colocação na F2. Enquanto alguns vão, outros vêm...

Para Albon, o pior é que nem a chance de redenção está sendo imposta pois a Red Bull tem um novo alguém que lhe dê brilho no olhar: Tsunoda vai para a Alpha Tauri e Kvyat será chutado pela 3343 vez. Sairão juntos.

Sentenças, sentenças. Alguns vão e outros vêm, justa ou injustamente. E assim segue a F1, onde cada um é responsável por si mas não pelo contexto. O destino é inexorável. 

Até!

terça-feira, 1 de setembro de 2020

A ESPERANÇA DRUGO E OS TALENTOS DA F2

 

Foto: Getty Images

Geralmente a F2 é mais emocionante e melhor disputada que a F1. Com pilotos jovens inexperientes e arrojados, isso é uma boa mistura para o entretenimento. No entanto, depois de um 2019 trágico e repleto de poucos talentos (sendo um desses morto no acidente de Spa - Anthoine Hubert), em 2020 a F2 tem grandes nomes na disputa ou que prometem estar na Fórmula 1 a curto/médio-prazo.

Uma das esperanças virou o surpreendente Felipe Drugovich. Aos 20 anos, o paranaense de Maringá tem como grandes resultados a terceira posição na F4 alemã em 2017 e os títulos na Euroformula, F3 Espanhola e MRF Challenge entre 2017 e 2018. No ano passado, correu na F3 e terminou a frente de Logan Sargeant, atual líder.

Neste ano, sem grandes expectativas, assinou com a MP Motorsport, equipe que tinha no ano passado o mito Mahaaver Raghunathan. Nesta temporada ele é companheiro do experiente japonês Nobuharu Matsushita, que já foi piloto da Honda. Mesmo estreando na nova categoria, vem extraindo muito de um carro fraco. Duas poles normais e uma na sprint race, além de duas vitórias na sprint race. Drugo ainda precisa evoluir no ritmo de corrida é claro, mas as credenciais iniciais são animadoras.

Para o ano que vem, precisa desesperadamente de um carro melhor e tentar assinar com uma academia de pilotos. Hoje, infelizmente, só assim para chegar na F1 ou ter sobrenome e dinheiro, que não é o caso de Felipe. No entanto, o brasileiro mostra ter muito potencial para quem sabe, no médio prazo, sonhar com a F1.

Agora, trarei rapidamente as credenciais de outros postulantes a título da categoria e que, consequentemente, podem chegar na Fórmula 1 em um futuro próximo:

Robert Shwartzman: o russo, prestes a completar 21 anos, é o atual campeão da F3. Antes, conquistou a Toyota Racing Series em 2018. A parceria vitoriosa com a Prema até agora vem se repetindo na F2. Mesmo no ano de estreia, é o atual líder, superando o experiente e também parceiro de Academia, o badalado Mick Schumacher. Com 3 vitórias e 5 pódios em 14 corridas, naturalmente é um dos candidatos a ir para a Fórmula 1 em 2021, seja na Haas ou na Alfa Romeo, ambas parcerias da Ferrari.

Callum Ilott: também da Academia de Pilotos da Ferrari, o inglês de 21 anos foi terceiro colocado na F3 em 2018, atrás somente dos companheiros Anthoine Hubert e Nikita Mazepin. No ano passado, foi apenas o 12°, mas agora está brigando pelo campeonato. Com 2 vitórias e 4 poles, é o vice-líder, tendo perdido a liderança no final de semana para Shwartzman. No entanto, suas chances de ascensão na F1 são mínimas, pois os fichas 1 e 2 da Ferrari são Shwartzman e Schumacher. Está numa posição complicada.

Yuki Tsunoda: o japonês de 20 anos é o pacote completo: apoiado pela Red Bull + Honda, naturalmente é questão de tempo para que chegue na Alpha Tauri. Se terminar a F2 entre os três primeiros, vai subir para a equipe satélite. Com duas vitórias e quatro pódios na Carlin, é o sopro de renovação que a academia de pilotos dos taurinos precisa. Elogiado publicamente por Franz Tost, chefão da Alpha Tauri, só depende dele para que o Japão volte a ter um piloto na Fórmula 1.

Mick Schumacher: o mais badalado dos pilotos da F2 por questões óbvias, Mick vem se mostrando um piloto nada mais nada menos do que regular. Mesmo sem vencer, vem acumulando pódios e é o quarto colocado no campeonato. Publicamente, já ficou claro que a única dúvida é sobre qual equipe ele estreará na F1: Haas ou Alfa Romeo. Certamente Mick não está pronto ou não é um piloto espetacular, mas nesse caso o sobrenome e a nostalgia bastam. Como todos sabemos, a base é uma coisa e a F1 é outra. Vai que o alemão desabroche por lá? Não é o mais lógico, mas não seria a primeira e nem será a última...

Guanyou Zhou: o chinês viável. Bom piloto e já na academia da Renault, certamente seria uma escolha interessante para ativar um mercado de bilhões de pessoas. Com 21 anos, seu melhor resultado foi um vice-campeonato na F4 italiana em 2015. Ano passado foi o sexto na F2, agora é o sétimo. O problema para o chinês é que ele está travado nos próximos anos devido a contratação de Alonso e a manutenção de Ocon, que nem da Renault é. Paciência e consistência são as palavras chave para o chinês.

Christian Lundgaard: O dinamarquês se encontra na mesma, a diferença é que não é chinês e é mais jovem, apenas 19 anos, pode se desenvolver na categoria. Campeão da F4 espanhola em 2017, foi o sexto colocado na F3 ano passado. Apesar de estreante, está dando trabalho lá na frente. Como ainda tem bastante tempo para se desenvolver, é um nome que pode ter uma atenção maior no futuro. Tudo vai depender dele próprio e também do que a Renault pretende com seus pilotos a médio-prazo.

Menções (nem tão) honrosas:

Nikita Mazepin e Sean Gelael: o russo e o indonésio são de família rica, então basicamente o que precisam é de um resultado mínimo que os gabaritem para a Fórmula 1, igual Stroll. O russo é o quinto colocado e certamente é capaz até de comprar ou inventar uma equipe para correr, mesmo sendo um psicopata de uma família de negócios escusos. Gelael não fica muito para trás, mas uma lesão na vértebra vai deixá-lo fora de combate até o final da temporada. Vai ter que tentar tudo de novo em 2021, mas seria bom se ambos passassem longe da F1.

E pra vocês, quem mais se aproxima da F1 no futuro próximo?

Até!



terça-feira, 25 de agosto de 2020

VÍDEOS E CURTINHAS #40

 

Foto: Alfa Romeo

Salve, pessoal! Notícia é o que não falta para este post, então vamos lá, sem enrolação:

- Apesar de Callium Ilott ser o líder do campeonato e o estreante Robert Shwartzman ser o segundo melhor piloto da academia da Ferrari na F2, a tendência mesmo é que Mick Schumacher esteja na F1 em 2021. Pelo que disse Mattia Binotto, a intenção, é claro, que o Schumaquinho comece na Haas ou na Alfa Romeo, equipes parceiras dos italianos. Talvez fosse uma decisão óbvia, mas Mick vem se mostrando um piloto apenas comum na F2. 

Como escrito antes, Ilott está merecendo mais e Shwartzman é muito mais talentoso. Enfim, Mick vai subir pelo sobrenome como todos sabiam. O mais engraçado é que se o alemão conseguir um resultado espetacular nas primeiras corridas, ninguém vai lembrar do "histórico na base". Sainz Jr e Vandoorne estão aí para lembrar disso.

Foto: Getty Images

E a Williams finalmente foi vendida. O anúncio foi na semana passada. O fundo de investimento americano Dorilton Capital efetuou a compra, sem valores divulgados publicamente. Oficialmente, a Williams deixa de ser uma garagista, o fim de uma era. Francamente, a Williams que todo mundo conhecia acabou com o fim da parceria com a BMW. O que vimos nos últimos 15 anos foi uma triste decadência que levou até esse momento. Com esse tal fundo de investimento e o papai Latifi bancando tudo, os ingleses pelo menos irão sobreviver. Eu fico pensando: o que leva um fundo de investimentos a comprar uma equipe de Fórmula 1? Como são um fundo, duvido muito que estejam no jogo só para lavar dinheiro. Eu aposto que, dentro de alguns anos, irão passar o negócio adiante recebendo menos do que gastaram.

Foto: Racer

- Jean Todt e Roger Penske em Indianápolis, no final de semana. O presidente da FIA disse abertamente que gostaria que a F1 voltasse para o Brickyard, onde teve provas entre 2000 e 2007. Tudo depende, é claro, da Liberty, que certamente deve achar mais interessante correr nas ruas de Miami... ah, além disso, aposto que aquela curva com esses pneus farofa iam causar muito temor em alguns telespectadores mais frescos... volta, Indianápolis!

Foto: FIA

A FIA anunciou as últimas quatro datas da temporada 2020. Como surpreendente, temos o retorno do GP da Turquia, ausente desde 2011 e sempre lembrado como o palco da primeira vitória de Felipe Massa, o maior vencedor nesse circuito. Além disso, teremos duas corridas no Bahrein (o GP do Bahrein e o GP de Sakhir), com a temporada se encerrando, é claro, em Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro. Como escrito antes, é legal esse retorno a pistas esquecidas e que certamente nunca estarão de volta em situações normais. Seria bem legal se a Malásia retornasse. É um dos melhores traçados feitos pelo Tilke e faz falta no calendário. Confira as datas das corridas restantes na temporada 2020:

30/08 - GP da Bélgica
06/09 - GP da Itália
13/09 - GP da Toscana (Mugello)
27/09 - GP da Rússia
11/10 - GP de Eifel (Nurburgring)
25/10 - GP de Portugal
01/11 - GP de Emília-Romagna (Ímola)
15/11 - GP da Turquia
29/11 - GP do Bahrein
06/12 - GP de Sakhir
13/12 - GP de Abu Dhabi

Foto: Getty Images

Dono de uma boate na Sardenha, ele mandou reabrir em meio a pandemia. Lá, 60 pessoas, entre frequentadores e infectados, foram infectados com o covid. Depois, foi jogar bola numa pelada, sendo um dos jogadores Sinisa Mijalhovic, atual técnico do Bologna, que depois também esteve com covid.

Aos 70 anos, Flavio Briatore está internado em um hospital em Milão em estado grave em decorrência do coronavírus. Não duvide da gripezinha. Melhoras ao chefão, um dos malvados favoritos da história da F1.

Vídeos: hoje faz 35 anos da última vitória de Niki Lauda. Aproveite!

Como essa semana é o Grande Prêmio da Bélgica, impossível não postar a histórica ultrapassagem de Mika Hakkinen em Michael Schumacher há vinte anos:




Até!


quarta-feira, 3 de abril de 2019

O FENÔMENO MICK E O EXAGERO

Foto: Grande Prêmio
Ser filho do maior piloto da história sempre vai render um buzz a mais. Para o bem e para o mal. Desde o ano passado, quando arrancou rumo ao título na F3 Europeia, Mick se vê cercado por diversos repórteres, uma coisa até desproporcional, comparável a grandes astros como Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. Tudo pelo sobrenome, é claro.

Não me entenda mal. Não estou dizendo que Mick é ruim, pelo contrário. Graças ao seu trabalho, assinou com a academia da Ferrari e nesta terça-feira andou com a Ferrari pela primeira vez na vida. Amanhã é a vez da Alfa Romeo. É claro que a relação Ferrari-Schumacher sempre vai ser icônica.

O que quero dizer é que a Liberty usa Mick como grande chamariz da categoria sendo que ele sequer está lá, mas o motivo é compreensível. Ser filho de Michael, ainda mais com o pai na situação que vive e pela representatividade que tem, sempre vai ser um chamariz, principalmente para o público médio. Estamos falando mais de Mick do que os outros tópicos do automobilismo, muito mais por ser quem ele é do que pela sua boa capacidade e isso não é uma crítica, é algo normal, da lógica de quem vende e de quem compra.

É claro que aqueles mais hardcore se irritam com tamanho hype por alguém que ainda não mostrou de fato a que veio. Isso é verdade. No entanto, para reforçar esse valor, começam os extremismos: Mick só é o que é pelo sobrenome. Se ganhar, é porque tem o melhor carro e houve ajuda, se perder é fraco. Assim fica fácil. Do outro lado, já tem gente imaginando que ele vai igualar e honrar o nome do pai e que já deve ir para a Ferrari no lugar do Vettel. Calma.

Foto: Getty Images


O fenômeno Mick Schumacher é fantástico. Junto com a devida utilização das redes sociais pela Liberty, é um grande combustível para atrair novos fãs e interatividade. Além do mais, pode cativar aquele que está desgostoso, os nostálgicos. Pois bem, é impossível não lembrar do pai e ver o filho hoje no mesmo lugar. É uma lembrança gostosa, dos tempos de infância, de relembrar o ídolo. Falo isso por mim. Eu acho fascinante e histórico. Mick correndo com Max Verstappen, Alonso e Raikkonen numa mesma sessão. Estamos em 1994, 2003 ou 2019? É incrível!

No entanto, o exagero desse fenômeno é muito tóxico, para usar um termo da moda pela internet. Mick não vai ser Michael. Se for Ralf, já é um grande feito. Se vai ser? Não sei. Precisa provar na F2. Todos os jovens testam pelas grandes equipes e isso não quer dizer que entraram na Fórmula 1. Nem ao céu e nem a terra. Deixem Mick se desenvolver, como disse Vettel.

Agora, que ele é um personagem fascinante por tudo o que representa em passado, presente, futuro e as lembranças desses tempos isso é inegável, mas tenho certeza que a Ferrari e aqueles que administram sua carreira vão se deixar levar pela emoção e nostalgia. Sem exageros, pessoal. Sigo, como fã incondicional de Schummy, na torcida para que Mick se desenovolva da melhor forma possível na carreira, mereça e conquiste os resultados pelo seu talento e esforço.

Até!