sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ENTRE VÍRUS E AMEAÇAS

Foto: Grand Prix
O noticiário calmo da F1 em 2020 contrasta com a ebulição que vai acontecer no próximo ano. E uma dessas bombas caiu no meio dessa semana.

Mesmo hexacampeã de pilotos e construtores e uma das principais marcas do mundo, a Mercedes pode estar de saída da F1 como equipe no fim do ano. O time ainda não chegou a um acordo com a Liberty sobre o novo acordo da categoria no ano que vem e, além disso, a Daimler (que administra a equipe alemã), deseja um profundo corte de gastos. Mesmo com títulos e prêmios de arrecadação, a conta não está fechando, com muitas demissões na empresa. Nos próximos dias, uma reunião será realizada para definir tudo isso.

É realmente uma grande bomba, que impacta o futuro de milhares de profissionais que formam uma estrutura vencedora há seis anos, além dos rostos principais, como Lewis Hamilton, Bottas e o chefão Toto Wolff, dito por muitos como o futuro chefe da F1. Imagina como seria para o mercado (aka Ferrari) o futuro maior vencedor da história da categoria e heptacampeão sem contrato? E Toto? Como e onde ficaria, pois também é acionista da Mercedes?

Uma outra parte da equação foi resolvida hoje. Lawrence Stroll, em conjunto com o grupo chinês Geely, adquiriram 16,7% da montadora Aston Martin. Não só isso. A Racing Point será rebatizada Aston Martin a partir de 2021. A montadora britânica, que há anos flertava com a F1, agora será uma equipe de fato na próxima temporada, com grande aporte financeiro de Stroll. Isso, é claro, encerra a parceria com a Red Bull no final do ano.

Com a Mercedes indo embora, pode surgir uma nova força na categoria, além de Ferrari e Red Bull. A Aston Martin, com estrutura e dinheiro, pode dar trabalho. Pode.

O problema é que, obviamente, uma das vagas será do filhote Stroll. Isso é um soco daqueles que acreditam em meritocracia. Estamos aqui, em pleno início de 2020, debatendo a possibilidade de Lance pilotar um carro e ter chances de vencer corridas e coisa e tal. É surreal. Queria torcer que Pérez também tire a sorte grande, mas acho que isso é meio complicado de projetar agora.

Mas pensando bem, mesmo com um carro bom, Stroll não conseguiria fazer muita coisa mesmo. Apenas uma ameaça e um alarde que ainda assim me deixam revoltado.

Foto: EBC
O coronavírus deixa o mundo inteiro em alerta. A nova epidemia vem lentamente se alastrando para o resto do mundo, com casos e suspeitas em todos os continentes. A China foi onde tudo isso, e o país está fazendo o que pode para conter o vírus. É claro que, além da morte e doença de milhares de pessoas, existem grandes prejuízos financeiros para o país. Comércio fechado, aulas canceladas, as pessoas não saem de casa e outros eventos estão sendo cancelados e/ou transferidos.

Em abril, tem corrida em Xangai. Tem corrida? A F1 não se manifestou oficialmente, mas fontes extraoficiais afirmam que ela está de olho no coronavírus. Caso a situação não seja controlada, obviamente que a corrida não será realizada por lá esse ano, mas isso também pode ameaçar outras corridas na Ásia e adjacências.

Que começo de ano, hein? Sem contar no Kobe... Entre vírus e ameaças, a F1 continua, mais de olho no futuro do que no presente.

Até!

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

POR ENQUANTO

Foto: Reprodução
"Mudaram as estações, nada mudou. Mas eu sei que alguma aconteceu, tá tudo assim, tão diferente."

Poderia estar escrevendo sobre a canção imortalizada pela voz de Cássia Eller mas essa é, na verdade, a F1 2020. Com todo mundo pensando nas novas regras de 2021 e o quão nova a categoria será até lá, a temporada atual se assemelha muito com 2013, também o último daquele Pacto de Concórida: todo mundo empurrando com a barriga para ver o que dá.

As "mudanças" é que comprovam isso. Ocon no lugar de Hulkenberg na Renault e o tal endinheirado Nicholas Latifi no lugar do Kubica na Williams. É isso.

Faz até sentido. Como está todo mundo pensando na próxima temporada, que promete ser revolucionária, não faz sentido fazer muitos movimentos agora. Portanto, deve ser uma repetição de 2019 mesmo. Quem perde somos nós, mas este é um ano de sacrifício.

Talvez o que possa despertar mais emoção seja as especulações e a silly season. Poucos ali possuem contrato duradouro com suas equipes. De cabeça, posso citar Pérez, Leclerc e Max Verstappen (este uma certa surpresa).

O que fará Vettel, Hamilton e Bottas? Qual será a movimentação no pelotão do meio? Perguntas que serão respondidas durante a temporada onde, aí sim, as coisas vão começar a mudar e serem diferentes.

Mudaram as estações, mas nada mudou. Por enquanto.

Até!

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

PASSADO, PRESENTE E FUTURO

Foto: Divulgação
Eles estão separados por 16 anos e quatro dias e, por enquanto, um título mundial e sete vitórias. Não existe substituição, mas o fato é que Michael Schumacher está passando o trono para Lewis Hamilton, e isso não é a primeira vez que acontece.

Voltemos para o passado. No último dia 3, Schummi completou 51 anos. Os últimos seis só a esposa Corinne, os filhos Mick e Gina Maria, familiares e amigos próximos é que sabem. O ainda maior piloto da história da categoria (em números) agoniza depois do acidente de esqui que o prende ao próprio corpo de forma inconsciente.

O post não se trata do que aconteceu, mas sim, é claro, de seus feitos e uma certa melancolia e saudade. Quando comecei a acompanhar, era o auge do alemão, que semana sim e semana sim, vencia e não dava chances para ninguém, nem mesmo quando esteve mais ameaçado de perigo. Aquela figura que sorria, erguia o punho e chegava a ser um tenor no hino nacional italiano me fascinava como se fosse um ente querido. A F1 é isso. A cada duas semanas, surge na nossa TV as pessoas que competem, e com o passar do tempo, elas se tornam íntimas, quase familiares e participantes do nosso cotidiano, por mais que estejam muito longe e obviamente não tem a mínima ideia de nossa existência.

A infância tem Michael Schumacher vencendo e sendo o centro de tudo. Ninguém pode tirar. Ao comparar o passado com o que é hoje, bate a tristeza e a saudade. Quando Schummi voltou, já era um adolescente. Foi como uma continuação, uma fagulha de onde tudo começou, talvez por isso aquela pole que não valeu nada em Mônaco tenha sido tão significativa para mim. Era alguém que, mesmo "velho", sem ritmo em uma categoria que mudou muito e que tempos depois descobriu-se que tinha lesão cerebral (decorrente dos acidentes de moto), nos mostrava que "Ei, eu ainda estou aqui!".

Mas o tempo, é claro, é implacável e, como sabemos, passa rápido. Essas memórias tornam-se cada vez mais distantes e o presente parece que não se move. O estado sigiloso de Schummi não permitem boas notícias, ou então aquelas que nós queríamos ler e ouvir. Aquele Michael provavelmente não existe mais, tanto em imagem quanto em forma. Sinceramente, não tenho curiosidade alguma de saber como estaria igual alguns maníacos. Isso machucaria meu senso afetivo da infância.

O amor a um ídolo sempre permanece. Que Schummi, seja lá como esteja, continue lutando nesta grande Grande Prêmio que se chama vida.

Vamos para o presente.

Schumacher passou o bastão, ou melhor, foi obrigado a passar para Hamilton. Não se mostrando mais competitivo, tornou-se descartável. O jovem inglês, a vida toda ligada na McLaren e na Mercedes, surpreendeu a todos ao ser convencido por Niki Lauda e aceitar o projeto alemão que, depois de 2014, todos vocês viram o que aconteceu.

Hoje, Lewis Hamilton completa 35 anos de idade. Parecia ontem que todo mundo destacava a estreia daquele que seria o mais jovem a participar da F1 e o primeiro (e ainda único) negro, ainda mais sendo alçado logo de cara na McLaren e tendo o então bicampeão Fernando Alonso como parceiro. A história, é claro, vocês já sabem.

O tempo, como escrevi e todos sabem, é implacável. 13 anos depois, Hamilton vem pulverizando recordes e tornou-se o grande nome da geração seguinte, sobrepondo-se ao tetracampeão Vettel, natural substituto de Schummi diante de serem compatriotas e por dirigirem uma Ferrari. Hoje, Hamilton é o grande símbolo da F1, "o Schumacher de nosso tempo", não só nas pistas: é de longe o nome mais badalado nos assuntos sociais, globais e de celebridades em virtude das amizades e negócios que têm, nisso ele é muito maior que Schummi um dia foi.

Depois de Raikkonen, Hamilton, assim como Schumacher, é um dos mais velhos da geração atual, junto com Vettel. 13 anos depois, de "novo Senna", superou o ídolo e neste ano pode definitivamente superar aquele que teve que lhe entregar o bastão, tanto na Mercedes quanto no protagonismo da F1.

Difícil não imaginar que Hamilton não consiga sete vitórias e mais um título mundial neste último ano do regulamento ano. Sendo assim, o inimaginável recorde de títulos seria equiparado e o de vitórias superado em apenas 14 anos! O que prova, definitivamente, que o tempo voa e que aquelas lembranças da infância virem, de fato, cada vez mais lembranças, embaralhadas com o que a história nos proporciona corrida após corrida. Feliz aniversário, Hamilton!

Foto: Getty Images
O futuro.

Max Verstappen só faz aniversário em setembro, quando irá completar apenas 23 anos, mas hoje seu nome estava nas notícias. De maneira surpreendente, renovou contrato com a Red Bull até 2023. Seu vínculo anterior durava até o fim desta temporada.

Surpreendente porque foi em janeiro, antes dos testes e na última temporada antes da "nova F1" que um dos quebras-cabeças do futuro está fora de questão. É uma decisão arriscada, sem dúvida um tiro no escuro. Se as coisas não derem certo, Max vai estar desperdiçando mais três temporadas da carreira. Apesar de ser muito jovem, perder tempo nunca é bom.

O que fez Max renovar o contrato tão cedo se naturalmente seria candidato a ir para a Mercedes e até mesmo a Ferrari? Só pode ser uma ampla confiança na equipe e na Honda não só para agora, mas sim para os próximos anos. Sendo assim, isso pode ter implicado, nas entrelinhas, na própria manutenção da parceria dos nipônicos com os taurinos. No ano passado, a Honda disse que iria reavaliar tudo no fim deste ano para saber se continuaria na F1 a partir do ano que vem.

Max é uma carta fora do baralho dos outros. Continua exclusiva da Red Bull, que agora vai ter foco e tranquilidade total para trabalhar em prol de seu pupilo. No entanto, todos sabemos que contratos também servem para serem rompidos, então logicamente essa resposta do certo ou do errado só vai ser descoberta diante dos resultados que serão apresentados neste ano e, principalmente, no início do novo mundo de 2021.


Passado, presente e futuro. Quem sabe aqui não esteja a nova passagem de bastão. De Hamilton para Max, a prova cabal que o tempo chega para todos nós e ele, sim, é implacável.

Até!