quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

PUNIDO POR SER BOM

 

Foto: Divulgação/F2

Quando um jovem piloto vence a F3, o passo natural é chegar na F2, o último antes da F1. Dependendo do carro e do talento, teoricamente vira uma questão de tempo para chegar na principal categoria do automobilismo.

Quando você tem talento, vence a F3 e é filiado a uma academia de pilotos, tudo fica mais fácil, principalmente se você vence a F2 na primeira temporada, certo? Não tem nem discussão.

O australiano Oscar Piastri repetiu o feito de Charles Leclerc, por exemplo, mas a recompensa não foi a mesma. Por quê?

Bom, primeiro vamos analisar a conjuntura onde Piastri está inserido. Sendo piloto da Alpine, juntamente com Lundgaard, o brasileiro Caio Collet e outros, já existe uma pequena desvantagem em relação a Ferrari e Mercedes, que possuem influências em outras equipes. A Alpine/Renault só tem a própria equipe, então as vagas ficam limitadas aos dois titulares.

O caso de Zhou é diferente: ex-Alpine, conseguiu muito dinheiro dos patrocinadores e foi parar na Alfa Romeo, então não foi uma ascensão puramente técnica, fecha parênteses.

Esteban Ocon, outrora piloto da Mercedes e sempre relacionado a Renault, tem um pódio e uma vitória nas últimas duas temporadas. Vem evoluindo junto com a equipe. A confiança é tanta que renovou até 2024.

No outro lado, está simplesmente Fernando Alonso. Ele define quando vai sair de cena. A princípio, 2022 pode ser definitivamente o último ano do espanhol na categoria. Vai depender de como vai estar o carro francês em relação aos demais.

Como o campeão da Fórmula 2 não pode correr na categoria no ano seguinte, Piastri ficou num beco sem saída. A Super Fórmula, do Japão, seria uma alternativa, o problema é que o Covid acabou com os planos. Deixar o jovem australiano na Fórmula E, WEC ou DTM também não é o ideal porque são carros diferentes.

É por isso que Piastri, em tese, foi alavancado para piloto de testes, ou piloto reserva, como queiram. Na teoria, o australiano vai aprender ainda mais e se preparar para provavelmente substituir Alonso no curto prazo. Na prática, duvido.

Ser piloto reserva e nada é a mesma coisa. Depender de alguém se acidentar ou ter covid é demais. Lembro que um outro campeão da antes GP2 esteve na mesma situação. Davide Valsecchi virou o reserva da Lotus para 2013. Quando Raikkonen brigou e saiu do time no final da temporada, era natural o jovem ter a grande chance. Realidade: a Lotus optou por contratar Kovalainen.

É por isso que não empolgo com essa situação de Oscar Piastri. Ele teve “azar” de não estar em uma montadora mais influente na F1, mas tudo isso poderia ser resolvido se a categoria não fosse um clubinho de três montadoras, uma DTM com grife. Com mais equipes, há mais chances para jovens e experientes pilotos, o que amenizaria alguns casos, principalmente esse, que é bizarro.

Oscar Piastri está sendo punido por ser bom. A F1 deveria se preocupar com essas situações ao invés de forçar falsas competitividades e finais netflixeanos.

Até!


terça-feira, 28 de dezembro de 2021

ANÁLISE FINAL TEMPORADA 2021: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá! Agora vamos com a parte final das análises dos pilotos da temporada 2021 da F1!

Charles Leclerc – 8,0: Rápido, é outro que merece um carro bom para brigar com os outros grandes. No entanto, está batendo demais. Está faltando regularidade e esse foi um dos fatores porque foi derrotado pelo novato Sainz no time. A velocidade está ali. Falta equilíbrio e consistência. A Ferrari precisa acertar, uma vez na vida, no projeto.  Só assim que Charles vai retomar o processo que se iniciou em 2019.

Carlos Sainz Jr – 8,5: o subestimado espanhol vem calando a todos nós ano após ano. É uma evolução espantosa. Sainz é o Button dessa geração. Quando menos se espera, lá está ele, beliscando as primeiras posições. Um senso de aproveitamento e regularidade absurdos. A diferença dos italianos e do pessoal de Woking no campeonato foi essa: Sainz fez o que Ricciardo não teve capacidade. Acumular pontos e ajudar o time. É melhor ter cuidado com Sainz. Quando menos se esperar... Ele vai estar lá.

Pierre Gasly – 7,5: Faz o que pode com a Alpha Tauri. Está no limbo. O futuro de Gasly é tentar cavar alguma vaga em outro time, tal qual Sainz fez. Chega a ser um desperdício de talento o francês estar empacado na equipe satélite. No entanto, é o que tem pra hoje, certo? Não há muito o que fazer.

Yuki Tsunoda – 6,5: Parece permanecer na F1 por falta de opção na academia Red Bull. Parece ser veloz mas erra muito, falta consistência. É normal para quem tem apenas 20 anos, mas o mundo da F1 é cruel e todo mundo já espera o próximo super grande talento taurino. Bom, Tsunoda tem um ano para bater menos e pontuar mais, recompensando a aposta de Franz Tost antes de ser contratado.

Kimi Raikkonen – 7,0: Os dias de glória já passaram faz tempo e o agora ex-piloto teve uma despedida digna. A idade já atrapalhava alguns reflexos, e batidas e incidentes foram comuns. Ainda assim, Raikkonen superou o companheiro de equipe e conseguiu alguns bons pontos. Uma despedida correta de um dos grandes da F1 nos últimos 20 ou 30 anos. Vou escrever sobre com mais calma.

Antonio Giovinazzi – 6,5: Infelizmente o italiano em nenhum momento conseguiu demonstrar o potencial que o levou a F1. Muitos erros e acidentes, ritmo de corrida ruim e perder para um piloto semi aposentado não é um bom sinal. Sem o acordo com a Ferrari que o prendia, Giovinazzi agora tem a Fórmula E como horizonte e a reserva da Ferrari para outros projetos. O trem passou para ele, infelizmente.

Mick Schumacher – 6,5: Também fez o que podia. Superou Mazepin e tentava se manter na pista. Chegou a brigar por posições e “ajudou” a definir o campeonato no entrevero com Latifi. O filho do homem também não tem muito o que fazer. É continuar, acumular experiência e torcer para a Haas ter um carro menos pior em 2022 para fazer alguma graça. Ferrari? Fora de cogitação. O sobrenome ajuda, mas tudo tem limite. Que Mick faz o desenvolvimento no ritmo dele.

Nikita Mazepin – 6,0: o que era constrangimento ficou até aceitável. Nikita parou de ter acidentes bizarros, apenas problemas de disciplina nas bandeiras e colocação na pista. Nada anormal, considerando o que estamos vendo na F1. Assim como Stroll, ele é a razão de existir na equipe. Não há análise do que se possa fazer. Salvando a Haas e mantendo no mínimo 20 carros no grid já é uma grande vitória nos dias atuais.

George Russell – 8,0: Se até um certo ponto faltava sorte para o britânico, 2021 foi o ano para exorcizar muitas coisas. Um ano espetacular com a Williams, que também evoluiu. George sempre tira mais do que o carro e a recompensa foi finalmente subir para a Mercedes. Cumpriu os três anos de amadurecimento com maestria. Ano passado, já mostrava estar pronto para a missão. Agora é comprovado, tal qual a Jimo. Russell pode fazer barulho com Hamilton do lado. Lembra até a situação do jovem de 15 anos atrás...

Nicholas Latifi – 7,0: Os abutres só vão lembrar da última corrida, mas o canadense evoluiu junto com o time. A renovação é justa. Sem Russell, é preciso alguém experiente para segurar as pontas com o novo regulamento e a chegada de Albon. Latifi não é um mal piloto, mas também não é um absurdo estar ali. Erra pouco e cumpre o papel no time de Frank. Tomara que essa batida não crie sequelas, até porque foi uma cliente da Mercedes que mudou os rumos do campeonato. Tomara que Latifi não vire o Bernoldi dessa geração.

E essa foi a minha análise da temporada 2021! Concorda? Discorda? Discorra nos comentários!


terça-feira, 21 de dezembro de 2021

ANÁLISE FINAL TEMPORADA 2021: Parte 1

 

Foto: Getty Images

Olá, amigos! Chegou ao fim a temporada mais longa e talvez a mais tensa e emocionante da história da F1. Muita coisa aconteceu e certamente não terei memória para relembrar tudo. Aqui vai o primeiro post da análise final da temporada 2021:

Lewis Hamilton – 9,0: Reagiu tarde demais. Ele e a Mercedes erraram muito até o México. De Interlagos em diante, Hamilton simplesmente sepultou a ideia de que está ficando velho e desmotivado. Renovou até 2023 por um motivo e, por uma volta, não foi octa. Dá raiva? É óbvio, mas o Sir vai voltar mais forte, teoricamente. Tudo depende do novo regulamento e de como a Mercedes vai se inserir nesse novo contexto.

Valtteri Bottas – 7,5: Não teve bom desempenho e esteve longe até de ser um escudeiro. Desde o início, parecia fadado para o fim do relacionamento com a Mercedes, como de fato aconteceu. Muitos erros e muito aquém de alguém que está a cinco anos no time. Uma despedida melancólica de quem não vai fazer falta. Agora, o desafio é ser o número 1 da Alfa Romeo, em um processo de longo prazo. A última grande jornada de Valtteri.

Max Verstappen – 9,5: No fim das contas, a regularidade e maturidade responderam a jornada do novo campeão mundial, ainda com muitas recaídas. A incapacidade de aceitar perder a posição é uma delas. O holandês quase colocou tudo a perder no final do campeonato, mas aquilo que o amaldiçoa é também uma bênção. O arrojo fez Max ser campeão mundial, coisa que poucos tem. Sem esse peso nas costas e agora sendo o alvo, Max continua a jornada de ser um dos maiores de todos. Para isso, não precisa mais ser “tudo ou nada”. Uma hora isso se vira contra o feiticeiro, inclusive nesse ano, mas Verstappen foi indiscutivelmente o cara da temporada.

Sérgio Pérez  - 8,0: Muito irregular, de muitos altos e muitos baixos. Foi importante na reta final e contribuiu, de certa forma, com o título da equipe. No entanto, Pérez precisa melhorar. Já adaptado, vai ter outro carro incógnita para o ano que vem, um bólido que é notavelmente difícil de ser guiado. O saldo ainda é positivo: conseguiu vencer pelo time taurino, uma raridade. Com o título de Max, tudo começa mais leve 2022. Pérez precisa desfrutar, está numa posição que, sempre precisamos relembrar, jamais poderia imaginar a essa altura da carreira.

Daniel Ricciardo – 7,0: Engraçado alguém que venceu uma corrida no ano ter uma temporada considerada ruim e decepcionante. É o caso de Ricciardo. Apesar de quebrar o jejum de quase dez anos sem vitória da McLaren, o australiano esteve aquém das expectativas. Foi batido o ano todo por Norris, uma das exceções foi justamente a vitória. Mostrou estrela e oportunismo, ao menos. Não sei se é somente uma questão de adaptação, mas o australiano entra pressionado em 2022. É um salário muito alto para entregar tão pouco e certamente a McLaren já está pensando nisso. É tudo ou nada para o sorridente no ano que vem.

Lando Norris – 8,0: Até a Rússia, onde a vitória escapou pela chuva e os dedos, fazia um ano irretocável. Depois disso, ele e a McLaren caíram de rendimento, superadas pela Ferrari. Norris mostrou grande amadurecimento nesse ano. Uma decisão errada e perdeu a primeira vitória da carreira, que seria merecida. Bateu Ricciardo com muita facilidade, parece mais adaptado ao time, obviamente. As perspectivas são positivas. Agora, depende de como a McLaren se preparou para o novo regulamento.

Sebastian Vettel – 7,0: Um ano difícil e de adaptação. Seb teve bons momentos de confiança e conseguiu um pódio, no outro foi desclassificado. A impressão que ficou é que a Aston Martin já pensa no ano que vem, o que prejudicou o trabalho no fim. Vettel sempre soube que era sobre isso, ainda mais sendo acionista do time. O atual Vettel não vai ser o bastante para voltar a brilhar. Aquele ou algo parecido com o do tetracampeonato precisa dar as caras a partir do ano que vem.

Lance Stroll – 6,5: É a mesma situação de Vettel. Com o passar dos anos, passou a ser aceitável sua situação. Sempre vou considerar um desperdício de vaga, mas é aquilo: sem ele, nem equipe existiria. É o preço a se pagar.

Fernando Alonso – 7,5: Regularidade, equilíbrio e velocidade com quase 40 anos e dois inativo. Recompensado com um pódio no Catar. É o último sprint de Don Alonso. Tomara que a Alpine tenha conseguido fazer um grande desenvolvimento para o novo regulamento. Alonso mostrou que ainda não é carta fora do baralho. A F1 torce para que a Fênix volte a ser protagonista.

Esteban Ocon – 7,5: Um grande salto de qualidade para quem também estava voltando a categoria. Uma dupla arriscada que deu grande salto. Ocon teve estrela e conseguiu uma grande vitória, também tirando a pressão que existia. Sua evolução é nítida. Competiu de igual pra igual com uma lenda, mesmo que Alonso estivesse ainda voltando. Um francês numa equipe francesa é sinônimo de continuidade, e Ocon merece sequência, começou a se provar.

Essa foi a primeira parte da minha análise. Concorda? Discorda? Comente! Até!


terça-feira, 14 de dezembro de 2021

AUTOMOBILISMO OU ENTRETENIMENTO? (PARTE 2)

 

Foto: Getty Images

Entretenimento, isso já ficou claro. O equilíbrio entre Max Verstappen e Lewis Hamilton durante toda a temporada teve papel dos pilotos e das equipes, mas também de uma interferência da FIA que não privilegia o espírito competitivo que a F1 sempre esteve inserida.

O aumento do público provocado pelo sucesso da série na Netflix e o equilíbrio incomum fez com que a categoria abrangesse um novo e jovem público. A diferença de abordagem é outra desde que a americana Liberty substituiu os já defasados métodos de Bernie Ecclestone.

O que vimos foi como se fosse um “Casa dos Artistas”, onde Michael Masi, o Sílvio Santos da FIA, mexia e manipulava nas regras o quanto entendesse para dar vazão ao equilíbrio das pistas, centralizando todas as atenções e discussões para alguém que não seja piloto ou chefe de equipe.

A chuva de corridas com bandeiras vermelhas e uma “americanização” da categoria, feita de forma artificial, foge do que realmente é a F1. Decisões como a não corrida em Spa, a não punição a Max no Brasil e um rigor na Arábia Saudita, a permissividade em muitas coisas buscando uma composição política e a confusão de ontem dão muita margem para dúvidas.

Claro que é excelente um campeonato ser decidido assim, mas não com a mão do mercado. Parecia roteiro de filme, e tanto Max quanto Lewis não precisam disso, assim como o grid não pode ser olhado de outra maneira porque não tem o protagonismo.

A solução simples de simplesmente (perdão) tirar Michael Mais e colocar outro não é o mais importante, e sim que a Liberty entenda que existe uma diferença entre automobilismo, competição e entretenimento.

Uma corrida não pode ser disputada e decidida sem clareza nas regras e priorizando um espetáculo forçado. Uma vez é legal e histórico, mas a F1 precisa, como já disse, olhar para outros problemas ao invés da artificialidade: mais equipes, por exemplo. 

Assim, nomes como Oscar Piastri, campeão da F2, poderiam estrear de forma direta na categoria, ao invés do australiano ir mofar na reserva da Alpine por não ter espaço num grid de 20 carros.

Apenas uma sugestão.

Até!


segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

INACREDITÁVEL

 

Foto: Getty Images

Inacreditável, mas vou escrever esse texto um pouco distante das minhas condições ideais. Chutei o balde.

Cheguei a conclusão que qualquer ponto de vista sobre o fim da temporada é válido. Começamos do começo. Max foi pole enquanto o favoritismo era da Mercedes. A largada seria fundamental porque as duas equipes tinham estratégias diferentes, mas mesmo assim eram os alemães que pareciam estar mais tranquilos.

A largada definiria tudo, e ali Hamilton, com pneu médio, assumiu a liderança. No segundo grande retão, Max mergulhou o carro numa tentativa desesperada mas Lewis continuou na frente e tinha um ritmo muito superior. Mesmo com estratégia diferente, seria muito complicado. Bastava marcar Max para o octa.

Na primeira parte, a Mercedes cumpriu a missão na nova pista, mais rápida porém igualmente chata e torturante. É preciso que alguém pague bilhões para que o campeonato não se decida por lá. Pelo jeito é impossível, porque o autódromo foi renovado até 2030!

Num Safety Car Virtual, Max aproveitou para parar e tentar uma última tentativa. Lewis e a Mercedes não marcaram. Vale destacar o grande momento da corrida que foi a limpa disputa entre Pérez e Hamilton. O mexicano tirou 7 segundos de vantagem do inglês apenas travando-o o quanto pode em uma volta e meia. Foi o escudeiro que se esperava, que foi contratado pra isso. Lá atrás, Bottas fez uma despedida melancólica na Mercedes.

A superioridade mesmo assim era avassaladora. Enquanto isso, a dupla da Alfa Romeo também se despedia antes do fim, junto com Russell. De forma melancólica, Raikkonen abandonou na corrida que valia o campeonato. Parecia um prenúncio e, convenhamos, o jeito mais adequado. Kimi não é dos holofotes.

A briga pelo penúltimo lugar mudou toda a história. Hamilton marchava para o título até que, nas voltas finais, Latifi se enbananou na disputa com Mick Schumacher e bateu. E agora? Mick "defendeu o legado" do pai, enquanto um carro com motor Mercedes batia. Se fosse uma Alpha Tauri, certamente seria investigado.

Aí começa o show da FIA, rasgando protocolos para virar entretenimento hollywoodiano. O correto era parar a corrida (já tinham colocado bandeira vermelha em quase todos, qual a diferença?) para que tudo fosse decidido numa relargada em "igualdade de condições".

Enquanto o final parecia se encaminhar para ser com o Safety Car, igual Interlagos 2012, a Red Bull já tinha parado Max para uma suposta tentativa desesperada. Hamilton e a Mercedes não marcaram, por acreditar que naquela altura não haveria mais corrida e evitariam o máximo possível mais um encontro na pista com Max.

Michael Masi mais uma vez manipulou as regras e ficou no meio do caminho. Às pressas, ficou definido que teria largada na última volta mas não autorizou todos os retardatários a darem a volta necessária. Era a final dos sonhos: empatados e lado a lado na última volta!

Rendida, a Mercedes que venceria sem sustos perde o campeonato de pilotos depois de sete anos. Com pneu mais novo, Max cumpriu a profecia e destronou Lewis Hamilton. Quarto piloto mais jovem da história a virar campeão, o primeiro nascido na Bélgica mas de nacionalidade holandesa. 

Um final emocionante, histórico mas também manipulado. Se falou tanto na questão sobre acidentes na pista que novamente a FIA na primeira aparição 'definiu' o campeonato. O acidente do Latifi era pra ter paralisado bem antes ou ter terminado a corrida, o meio do caminho facilitou um título que é sim muito merecido.

Desde a estreia precoce, Max parecia estar destinado a ser campeão. O talento e a agressividade não eram comuns para os olhos treinados. Mesmo ainda com o temperamento inconsequente, o holandês mostrou coragem e estrela pra vencer um heptacampeão em mais de 20 corridas. Um grande esforço mental e físico. Ainda precisando aprimorar, Max é um justo campeão mundial! 

Uma bela volta por cima da Honda, que voltou sendo piada com a McLaren e agora sai de cena campeã mundial, o que não acontecia desde o tri de Ayrton Senna em 1991.

Quinto título de pilotos para a Red Bull. A Mercedes fica com uma sensação agridoce, pois venceu pela oitava vez os construtores mas viu a hegemonia ir embora. Hoje, o azar foi para os alemães. Desde o Brasil, a Mercedes mostrou-se imbatível, mas hoje as circunstâncias trabalharam contra. Como certo time, talvez os alemães tenham despertado tarde demais e não poderia mais errar. Foi o Glock inverso, um castigo digno de filme e agora também em uma decisão por título.

Foto: Getty Images

Outros destaques: Sainz, que superou Charles Leclerc e terminou o ano no pódio; Uma grande reação da Ferrari na reta final. Também sabe-se lá como, a dupla da Alpha Tauri foi muito bem e Tsunoda foi o quarto! Circunstancial, que isso sirva como confiança, porque o japonês já entra com a corda no pescoço.

Um campeonato espetacular dentro da pista terminou com um final épico e que beira o inacreditável. Ao longo da temporada, os dois times foram prejudicados e cada um tem as corridas para lamentar o resultado. Hamilton pode lembrar do erro em Baku e o acidente em Monza, por exemplo. Agora é tarde.

Tomara que o regulamento de 2022 consiga fazer com que as outras equipes se aproximem das outras duas. Com mudanças de pilotos, certamente Alonso e Leclerc mereciam um equipamento muito competitivo.

Max Verstappen, um campeão inacreditável, diante das circunstâncias. O roteiro do "Red Bull x Mercedes" já está definido.

Confira os 10 primeiros do GP de Abu Dhabi:


Até!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2021

GP DE ABU DHABI: Programação + Treinos de sexta

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.

Foto: Getty Images

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:39.283 (Mercedes, 2014)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:34.779 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 369,5 pontos

2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 369,5 pontos

3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 218 pontos

4 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 190 pontos

5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 158 pontos

6 - Lando Norris (McLaren) - 154 pontos

7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 149,5 pontos

8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 115 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 100 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 77 pontos

11- Esteban Ocon (Alpine) - 72 pontos 

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 43 pontos

13- Lance Stroll (Aston Martin) - 34 pontos

14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 20 pontos

15- George Russell (Williams) - 16 pontos

16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 10 pontos

17- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 3 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 587,5 pontos

2 - Red Bull Honda - 559,5 pontos

3 - Ferrari - 307,5 pontos

4 - McLaren Mercedes - 269 pontos

5 - Alpine Renault - 149 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 120 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 77 pontos

8 - Williams Mercedes - 23 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 13 pontos


SEM FINAL FEIO

Foto: Getty Images

Lewis Hamilton e Max Verstappen se estranharam nas pistas o ano inteiro. Em Abu Dhabi, empatados, vão decidir o título da temporada 2021. 

Toto Wolff, chefão da Mercedes, teme que o que está acontecendo durante a temporada se repita na decisão: uma batida entre os dois podendo decidir o título, e isso ele não quer.

“Eu espero que a corrida de domingo tenha tido repercussões suficientes para que todos aprendam e se adaptem para a corrida final, em Abu Dhabi. Acho que uma pilotagem similar — se os comissários decidirem que foi além do limite — poderia ser novamente penalizada em Abu Dhabi e terminaria em uma situação muito feia para todos”, disse.

"Acho que no Brasil, eu disse que estaríamos criando um precedente caso a manobra não fosse investigada. Isso pode terminar muito mal para o campeonato. E vocês viram incidentes domingo que foram parecidos com o Brasil em velocidade menor, e não queremos ter isso em Abu Dhabi. O carro mais rápido, com o piloto mais rápido, deveria ganhar o campeonato. E não por tirarem um ao outro", completou.

A tentativa de pano quente foi estabelecida. Os ânimos estão exaltados e todos têm culpa no cartório. É claro que não é do interesse de todos, principalmente de quem vende, que o título termine com toques assintosos igual aconteceu no passado. No entanto, isso não pode ser apenas no discurso, e sim com ações. Veremos até sábado como isso vai acontecer.

MARCADO PELA FIA
Foto: Getty Images

Postura unilateral. Assim define Helmut Marko sobre as decisões da FIA envolvendo Max Verstappen e Lewis Hamilton. O todo-poderoso da Red Bull se mostrou incomodado com as avaliações e punições impostas ao piloto da equipe no último domingo, na Arábia Saudita.

No total, Max teve 10s de punição pela batida de Hamilton na hora de devolver a posição, 5s por voltar a pista por fora e mais 20s pelo brake test, após a corrida.

Marko nega o brake test:

"Primeiro, podemos rebater esse suposto brake test com o qual Hamilton estava tão irritado. Quase nunca vi algo tão estranho. Não há nenhuma mudança na pressão dos freios nos nossos dados. Hamilton apenas calculou mal. Aí recebemos uma punição e os pneus de Max ficaram danificados com dois grandes cortes”, respondeu para a emissora alemã Sky.

Depois, Marko esbravejou contra, segundo ele, o rigor da FIA em julgar Max e não fazer o mesmo com Hamilton.

"Isso não pode continuar assim. Assim que Max mostra os dentes, ele recebe uma punição, mas se Hamilton o coloca para fora da pista, aparentemente não tem nada de errado. Não pode continuar assim. Isso é inaceitável”, frisou para a austríaca ServusTV.

Enquanto Toto Wolff usa a imprensa para acalmar os ânimos, pois supostamente está em vantagem para a decisão, Marko e a Red Bull são inflamados o ano todo. Afinal, são os desafiantes, e a pressão está nas costas. 

A famosa "pressão na arbitragem". Vale tudo, nessas horas, o racional fica de lado. Cada um tem seu direito e que arque com as consequências. A FIA é que precisa controlar o que não foi capaz de controlar durante nove meses.

TRANSMISSÃO:
10/12 - Treino Livre 1: 6h30 (Band Sports)
10/12 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
11/12 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)
11/12 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)
12/12 - Corrida: 10h (Band)

Foto: Getty Images

Em virtude da agenda apertada e muitos compromissos no mesmo período de tempo, hoje tive que fazer um dois em um, justamente no momento mais importante da temporada. Acontece.

Pelo que vi, a Mercedes tem a clara vantagem em Abu Dhabi, na pista que ficou 10 segundos mais curta e promete ao menos não ser tão chata quanto é sempre. A Red Bull aposta no ritmo de corrida e, francamente, no acaso. Os austríacos, se estiverem fingindo muito bem, tem apenas como esperança tirar o coelho da cartola.

A grande questão é evitar que Max e Lewis se encontrem na pista, por mais que a FIA faça ameaças a quem ousar subir o tom na disputa. Dizem até que a Mercedes pretende colocar um novo motor para Hamilton, imbatível, sair de trás sem sustos. Nada é garantido.

A Alpine segue muito bem nesse final de temporada, enquanto Alpha Tauri, Ferrari e McLaren brigam pelo resto. A queda do time de Woking foi preocupante, mas agora tudo é o novo regulamento.

Diante de todo drama entre Lewis e Max, esquecemos que esse é o último final de semana de Kimi Raikkonen como piloto de F1. Definitivamente. Talvez seja até assim que ele quiera: sem alarde, deixando o finlandês em paz como ele gosta de frisar sempre no rádio.

Um final de semana histórico se aproxima na F1. Muito drama que, esperamos, seja também na pista, sem artificialidades ou intervenções grotescas, nem algo muito Hollywoodiano ou Netflixesco. Apenas uma corrida, nada mais nada menos que isso. E que vença o melhor!

Confira a classificação dos treinos livres:







Até!

terça-feira, 7 de dezembro de 2021

CANTE PELO MOMENTO

Foto: Getty Images

Fiquei pensando por dias e só depois de uma rápida pesquisa eu descobri: esta é apenas a segunda vez na história que os protagonistas do título chegam empatados na última etapa. Antes dessa semana, isso só havia acontecido em 1974, quando Emerson Fittipaldi derrotou Clay Regazzoni pra ser bicampeão.

Durante todo o ano, contei os percalços, acertos e erros que levaram Lewis Hamilton e Max Verstappen a essa situação. No entanto, é necessário ressaltar: é raro que dois pilotos tenham uma consistência tão grande a ponto de deixar os outros parecerem de uma prateleira bem inferior.

Hamilton mostra o desafio de se manter no topo e sempre querer mais. Como quase todos os outros, queria apenas alguns títulos para sair por cima. Agora, renovou até 2023. Tudo para ser o maior campeão isolado da F1. 

Max Verstappen, por outro lado, sempre foi visto como um futuro campeão, desde a estreia. Quando parecia ser muito precoce (desde a estreia na Toro Rosso, em 2015), calou os críticos (inclusive eu, se lembram?). Desde então, sempre foi colocado em pauta: Max é agressivo porque não tem nada a perder. Se quiser ser campeão, vai ter que dosar essa síndrome de xerife inconsequente. É exatamente o que estamos vendo.

Pilotos e personalidades totalmente distintas. Um pop star, muito mais que um piloto, engajado contra o racismo e as injustiças do mundo. Max é somente piloto, sem querer criticá-lo. Gosta de corridas online e não quer os holofotes fora dos autódromos. É o caso onde ele responde por si e para os outros na pista. É lá que detém o amor e a antipatia de todos. É o suficiente.

E agora, como lidar? Num sistema de pontuação tão diferente de antigamente, chegar empatado nessas circunstâncias é absolutamente anormal, raro e talvez nem estejamos vivos quando isso acontecer outra vez. Tire o drama de lado e desfrute. É claro que o novo regulamento deixa as coisas mais animadoras, uma expectativa e ansiedade positivas. 

Pense: um superpiloto prestes a fazer história e virar o maior campeão da história. Do outro lado, o prodígio que pode, depois de 23 corridas, desbancar oito anos de supremacia inglesa e alemã.

Como lidar? Sei lá, apenas desfrute! São momentos como esse que queremos guardar para sempre porque eles valem ouro, e nós precisamos saber disso imediatamente. Foi mais ou menos isso que Eminem escreveu em Sing For The Moment.

Até!

segunda-feira, 6 de dezembro de 2021

O VILÃO E OS ANTI-HERÓIS

 

Foto: Getty Images

Charlie Whiting, morto às vésperas do início da temporada 2019, nunca se preocupou em fazer um sucessor, até porque sua morte foi repentina. No início como um tampão ao choque do acontecido, o australiano Michael Masi foi efetivado como substituto como o “cara das regras”.

De lá pra cá, o que estamos vendo é um desastre. Bandeiras vermelhas a todo vapor, Safety Car discutíveis, corrida que não teve e punições/interpretações que nem os pilotos e equipes entendem direito. Não há uma linearidade. É claro que Whiting tinha seus problemas (quem não se lembra de Vettel mandando ele se foder no rádio?), mas o que houve foi um movimento extremo.

Whiting era mais conservador, enquanto Masi parece tomar suas decisões com base no público e o efeito disso no campeonato, no entretenimento. Muitas vezes a F1 tomou medidas corriqueiras no automobilismo norte-americano, o que deu emoção e alguns resultados históricos e surpreendentes, mas fruto do acaso, da sorte e, claro, de uma boa forçada.

A F1 não é sobre isso, é sobre competitividade e ir até o limite, com o limite também sendo devidamente esclarecido. Algumas lógicas são difíceis de entender. Verstappen não fez a curva em Interlagos e não foi punido. Casos semelhantes foram aplicados com rigor na Áustria contra Pérez e Norris, por exemplo.

Ontem, na Arábia Saudita, parecia que tudo foi feito no grito. Não há clareza ou linearidade nas ações, e sim depende de quem o fez e como isso pode implicar com a corrida, campeonato ou final de semana.

Sempre deixo claro que não existem mocinhos e vilões, principalmente na disputa de um título. São narrativas e os números respondem melhor qualquer distorção que nós tentamos fazer. No entanto, posso afirmar categoricamente que, se existe um vilão na fantástica temporada de 2021, esse cara é Michael Masi e as decisões confusas que está fazendo há algumas temporadas.

Até parece aquele juiz pavão que, no meio de um jogo recheado de craques, quer mais holofotes e esquece o verdadeiro papel: discrição, eficiência e entendimento na aplicação do que precisa fazer para garantir um final de semana limpo e tranquilo para todos os envolvidos no final de semana de uma corrida.

Até!


domingo, 5 de dezembro de 2021

A ANTI-CORRIDA

 

Foto: Getty Images

Em um campeonato disputado curva a curva, qualquer detalhe vai fazer a diferença. No entanto, o que vimos hoje na Arábia Saudita a partir da batida de Mick Schumacher, inaugura uma situação que confesso nunca ter visto em um ambiente como a F1: a catimba e a pressão, como se fosse um jogo de Libertadores. Só faltou ter briga mesmo.

Começando pelo vício nas bandeiras vermelhas, acionada quatro voltas depois do acidente. A Mercedes, que parou, ficou no prejuízo e a Red Bull se deu bem porque Max continuou na pista e herdou a primeira posição. Todavia, a Mercedes também foi malandra: segurou o grid atrás do Safety Car para conseguir fazer a parada com segurança. 

O circuito da Arábia Saudita queimou minha língua: essa imprevisibilidade de um circuito de rua realmente aconteceu, somado ao fato de ser desconhecido de todos. Existem notórios problemas de administração, fruto da inexperiência em sediar um evento como esse, mas o ponto é que hoje o problema foi muito maior.

Na relargada, Hamilton pulou na frente e foi no limite. Verstappen teve que fazer a curva por fora e ganhou tempo. Dali em diante foi um show de horrores: Red Bull e Mercedes barganhando punições e quando isso aconteceria. Parecia House Of Cards. Não que isso seja inédito, apenas definitivamente explícito, mas a FIA não tem mais pulso nas decisões e está atrapalhando o campeonato.

Quando é para punir e quando não é? Max foi penalizado. Na sequência, relargou melhor porque teve outro acidente, envolvendo Perez, Leclerc, Mazepin e Russell, e ficou na frente. Max só estava ali porque a FIA decidiu por uma bandeira vermelha estapafúrdia que mudou os rumos da corrida.

Hamilton, com muito mais carro, seguiu pressionando e tentando passar. Max é muito mais Senna/Schumacher. Ele não mede as consequências e joga com a vantagem do regulamento. Outra vez, ganhou vantagem na curva e, quando ia fazer a troca de posição, sabe-se lá porque freou no meio da reta e Hamilton raspou nele. A Mercedes não foi notificada e a Red Bull sim, instruindo o holandês a fazer isso.

Na outra tentativa, Max foi malandro e deixou passar na zona de DRS, mas não teve jeito. O foguete Mercedes cresceu na hora certa e, contra tudo e todos, Lewis Hamilton venceu, com Verstappen em segundo. Empatados em pontos, a diferença é que Max tem mais vitórias. Tudo igual para Abu Dhabi.

Verstappen não é vilão. Sempre foi inconsequente e Hamilton agora joga o jogo. No entanto, foi o holandês quem parou no hospital nessa temporada. Não há mocinhos e cada um está passando do limite porque a FIA simplesmente não tem mais controle de nada desde a morte de Charlie Whiting. Virou uma verdadeira briga no grito. Além disso, a Mercedes parece melhor e, na chata Abu Dhabi, o campeonato pode ser decidido no sábado.

Bottas, em uma corrida de recuperação, completou o pódio nos metros finais, uma crueldade com Ocon. No caos, destaques para as recuperações de Ricciardo, da Ferrari em altos e baixos, os pontos importantes de Gasly e a atuação valente de Giovinazzi, conquistando provavelmente os últimos dois pontos da carreira na F1.

Tsunoda segue involuindo a cada etapa, mostrando que a permanência na Alpha Tauri é mais falta de opção do que necessariamente convicção em alguma coisa. É a crueldade em exigir tanto de alguém que mal completou 20 anos. Na pista rápida e traiçoeira, que constantemente teve Safety Car Virtual pelas batidas e os detritos nas pistas, chamou a atenção a disputa entre Vettel e Raikkonen, que pode ser o último grande momento do finlandês na carreira.

Em um circuito tão traiçoeiro e catimbado pelas circunstâncias do campeonato, o que vimos hoje foi uma corrida tumultuada por pilotos, equipes e a direção de prova. No jargão do futebol, a FIA, que seria o árbitro, perdeu o controle da situação e desbancou para um clima tenso, de confusão e muito disse me disse. 

Hamilton e Verstappen estão iguais. Assim, qualquer coisa vai fazer a diferença, inclusive gritar mais alto ou sabe se lá o que. A FIA, que uma hora quer deixar todo mundo correr pelo bem da F1, aplica punições e se justifica em regras e interpretações que só confundem pilotos, equipes, imprensa e fãs.

Outra coisa confusa: a FIA comprovou que Verstappen fez um brake test e puniu com 20 segundos no tempo final, o que não mudou em nada na posição de chegada.

Confira a classificação final do GP da Arábia Saudita!




sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

COMEÇANDO A DECISÃO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

A segunda pista desconhecida consecutiva dessa reta final da temporada mostra como o simulador pode ser uma coisa e a realidade outra. Apesar de extensa, o circuito de rua da Arábia é rápido e estreito, muito semelhante com Baku. Poucos pontos de ultrapassagem e não vai perdoar quem errar. Charles Leclerc que o diga, pois arrebentou o carro no último instante do TL2 e talvez nem treine amanhã.

No início da semana, tinha sugerido que a Honda e a Red Bull pudessem trocar o motor de Max para que o holandês possa ter mais igualdade na disputa com Hamilton. Observando as particularidades da pista, talvez essa não seja a decisão mais sensata. Com pouco espaço e quase nenhum ponto de ultrapassagem, qualquer incidente certamente terá bandeira vermelha ou Safety Car, um risco muito grande.

Isso deixa a Red Bull numa situação complicada. É evidente que todos estão conhecendo a pista e longe de estar na confiança plena para guiar nessas condições, inclusive os protagonistas, mas outra vez a Mercedes parece levar vantagem com o novo e potente motor. Hamilton pode empatar ou praticamente fazer isso para a decisão em Abu Dhabi, jogando toda a bomba para os taurinos. 

Gasly, Alpine e Ferrari parecem continuar mantendo o bom ritmo e vão brigar pelos pontos. A McLaren murchou de vez depois da Rússia. E é assim que a F1 segue até o início do novo regulamento, da nova era da categoria em 2022.

Como já vimos diversas vezes no ano, o sábado e o domingo não correspondem a sexta e muitas surpresas aconteceram. Agora, um erro, problema ou deslize pode ser fatal para conhecermos o novo campeão talvez até domingo, embora seja improvável e apenas Max Verstappen tenha essa possibilidade.

É a F1 começando a grande decisão do campeonato mais equilibrado desde 2014. 

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

GP DA ARÁBIA SAUDITA: Programação

 O Grande Prêmio da Arábia Saudita acontece pela primeira vez na história em 2021, em um circuito de rua da capital Jidá, com 27 curvas e 6.175 km de extensão, o segundo maior da temporada.

Foto: Wikipédia

CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 351,5 pontos

2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 343,5 pontos

3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 203 pontos

4 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 190 pontos

5 - Lando Norris (McLaren) - 153 pontos

6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 152 pontos

7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 145,5 pontos

8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 105 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 92 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 77 pontos

11- Esteban Ocon (Alpine) - 60 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 43 pontos

13- Lance Stroll (Aston Martin) - 34 pontos

14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 20 pontos

15- George Russell (Williams) - 16 pontos

16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 10 pontos

17- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 546,5 pontos

2 - Red Bull Honda - 541,5 pontos

3 - Ferrari - 297,5 pontos

4 - McLaren Mercedes - 258 pontos

5 - Alpine Renault - 137 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 112 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 77 pontos

8 - Williams Mercedes - 23 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 11 pontos


EFEITO ZHOU (MAS JÁ?)

Foto: Divulgação/Alpine

O primeiro chinês contratado como titular na F1 ainda nem estreou mas o impacto parece ser positivo. 

É o que garante o chefão da Alfa Romeo, Frederic Vasseur.

Em entrevista para o Motorsport Magazin, Vasseur contou que a tratativa fracassada com a Andretti postergou a decisão da equipe, a útlima a confirmar a dupla de pilotos para 2022. 

Vasseur também disse que o anúncio de Zhou já está abrindo grandes possibilidades comerciais de patrocínio para a Alfa Romeo em um volume surpreendente:

"Acho que é uma grande oportunidade para a companhia. Nas últimas semanas, mais patrocinadores nos procuraram do que nos últimos 25 anos. Para a companhia, para todos os patrocínios (inclusive os atuais), é uma grande oportunidade e vamos nesta direção. Acho que existe muita confusão de onde vai vir o orçamento, mas acho uma grande oportunidade para nós, para a companhia, outras equipes e a F1 em geral. Pode funcionar para mim se Zhou performar na pista, é sempre sobre equilíbrio. Veja o que ele está fazendo na F2 agora. Estou convencido que pode fazer o mesmo na F1”, disse.

É o chinês viável. Certamente traz grande visibilidade em um mercado muito rico e populoso. Mas, vou reiterar: Zhou não é apenas um pagante. Ele está na F1 por méritos.

WORLD TOUR
Foto: Getty Images

O sucesso global da F1 faz com que cada vez mais países e cidades se interessem em sediar uma etapa no Mundial. No entanto, a categoria parece ter atingido um limite de calendário e logística em 23 etapas.

Para agradar todo mundo, a F1 pretende nos próximos anos fazer um rodízio entre algumas sedes e tem alguns planos: uma terceira corrida nos EUA, uma segunda etapa na China e a inclusão de uma corrida no continente africano.

Vamos por partes. A Liberty Media quer uma terceira corrida nos Estados Unidos, que já tem Austin e a partir do ano que vem vai ter Miami. Um retorno para a África também é estudado, mais especificamente para o Marrocos, onde a F1 correu pela única vez em 1958.

“A partir de hoje, o mercado americano estaria pronto para isso. Estamos em contato com a África. Estamos a considerar uma terceira corrida nos Estados Unidos e em outros países do Extremo Oriente”, disse Stefano Domenicali para a revista alemã Auto Motor und Sport.

Nem tudo são flores. Dificuldades econômicas afastam cada vez mais a Alemanha, um dos polos mais importantes da indústria automobilística, de retornar. No momento, não há condições de bancar a taxa anual da Liberty Media, entre 25 e 30 milhões de dólares.

“Acredite em mim: gostaria de ver a Alemanha em uma situação estável conosco por muito tempo. Especialmente quando você leva em conta o interesse dos alemães pelo automobilismo. Lamento porque, pessoalmente, creio, e por toda a indústria do automobilismo, que eles não estão dando a resposta certa para os fãs. Vou trabalhar muito para ver o que pode ser feito, junto com as fábricas e os nossos parceiros”, declarou.

A China, que retorna ao calendário em 2023 e renovou até 2025, já tinha acenado antes da pandemia interesse em disputar outra prova. O anúncio de Guanyu Zhou já disparou sondagens na Alfa Romeo e será novamente palco de negociações para a Liberty Media.

“Posso dizer que já recebemos o interesse de outra cidade para fazer um GP na China. Não estaremos lá no ano que vem, não por nossa causa, mas por causa da pandemia. É por isso que estendemos o contrato este ano imediatamente por mais três para garantir que haja esse entendimento para estarmos lá. E tenho certeza que o efeito de Zhou estar no mundo da F1, o primeiro piloto chinês da F1, vai ter um grande impacto. Esta é uma área onde devemos estar presentes, com certeza”, sinalizou.

Os pilotos são fundamentais para alguns mercados, assim como a tradição: nesse quesito, se encaixam Japão e Brasi, o retorno da Holanda graças a Max Verstappen e a paixão do México impulsionada por Sérgio Pérez. É a F1 sendo disputada a tapa. Se pudesse, apenas pediria uma coisa: que não deixem as corridas tradicionais para trás. Volta Malásia, volta Alemanha!

TRANSMISSÃO:
03/12 - Treino Livre 1: 10h30 (Band Sports)
03/12 - Treino Livre 2: 14h (Band Sports)
04/12 - Treino Livre 3: 11h (Band Sports)
04/12 - Classificação: 14h (Band e Band Sports)
05/12 - Corrida: 14h30 (Band)


terça-feira, 30 de novembro de 2021

A DÚVIDA ENERGÉTICA

 

Foto: Divulgação/Red Bull

Max Verstappen pode ser campeão mundial no domingo. Não é o cenário mais provável, mas a possibilidade existe. No entanto, o crescimento da Mercedes nas duas últimas etapas, sobretudo com o novo motor colocado no carro de Lewis Hamilton acende um sinal de alerta: o que fazer nessas duas corridas finais? Qual estratégia tomar?

É uma pergunta difícil de ser respondida. A Mercedes disse que Hamilton usou o motor da Turquia no Catar, onde ganhou sem grandes sustos. O novo motor do Brasil será utilizado agora, na Arábia Saudita e em Abu Dhabi. A cartada final. A Red Bull, por sua vez, não fez trocas, mas poderia ter feito.

A informação é que a Honda gostaria de ter trocado já no Catar para também correr com potência máxima, tal qual Hamilton. A Red Bull não quis e o fato da punição ter sido praticamente na hora da corrida também contribuiu para que nada fosse feito.

A Arábia Saudita tem um circuito de 6 km, de rua, desconhecido, onde tudo pode acontecer, inclusive vários Safety Cars. Isso ajudaria Max em um contexto de troca de motor e largar lá de trás. No entanto, volto a repetir: é uma posição difícil. Apesar da vantagem de Max ser mínima, é complicado arriscar qualquer coisa. 

O que fica evidente é o seguinte: Yas Marina é uma procissão. Arábia Saudita é uma incógnita. Nesse contexto onde algo precisa ser feito para competir com o novo motor da Mercedes, parece mais lógico Max, mesmo com a vantagem, arriscar no incerto e no inesperado das ruas da capital árabe. Até porque ninguém sabe qual equipe vai se sobressair.

É claro que existe o risco da Red Bull se adaptar melhor ao circuito, trocar o motor e perder uma possível vitória certa que lhe garantia o título. Outra vez, repito: arriscar no incerto parece mais certo (com o perdão da escrita) do que em Abu Dhabi, onde todos já sabem o que vai acontecer e há pouquíssimas variações de estratégia.

O que a Red Bull deveria fazer? Arriscar na Arábia Saudita, é claro, na minha humilde opinião. É a dúvida energética, causada pela pressão da Mercedes. Tanto a ação quanto a omissão podem decidir o campeonato e culminar ou ceifar todo um árduo trabalho do ano inteiro. Só nos resta aguardar pela resposta da Red Bull e da Honda.

Até!

domingo, 28 de novembro de 2021

O QUE SOBROU?

 

Foto: Reprodução/Williams

Ao longo dos quase oito anos de blog, escrevi sobre o último suspiro e a tentativa de ressurreição da Williams, na época a última a manter um modelo "garagista" na categoria. A última equipe familiar teve o fim selado no ano passado, quando foi vendida para a Dorilton Capital, e hoje o adeus não só simbólico, mas físico também: Sir Frank Williams morreu aos 79 anos.

Ao longo dos anos, a importância de Frank no automobilismo sempre foi reverenciada, pois o pessoal percebeu e sentiu que o Sir, aos poucos, se retirava dos palcos das corridas. O tempo é implacável, assim como as complicações do acidente que o deixou paraplégico.

O documentário que mistura a vida e a equipe (no fundo, é uma coisa só mesmo) mostrou um pouco da personalidade de Frank, muito difícil de ser extraída apenas no paddock. Era apenas conhecido como um negociador implacável, não ousou em despachar Nigel Mansell e Damon Hill depois dos veteranos serem campeões, por exemplo. Frank começou a ficar para trás com o fim da parceria com a BMW. Vítima do orgulho e da passagem do tempo, a Williams, foi, assim como o Sir, morrendo aos poucos, mas conseguiu sobreviver até hoje.

No céu, Frank reencontra Virginia, figura tão importante na vida. A amada, que ajudou muito mais a equipe do que poderíamos imaginar. O simbolismo resgatado pelo documentário "Williams" mostra Virginia, no ano que Frank sofre o acidente, recebendo o troféu da equipe na vitória no Grande Prêmio da Inglaterra vencido por Nigel Mansell. Uma imagem que simboliza as duas paixões de Frank.

Na sequência veio os filhos e a sucessora, Claire. O documentário mostra que esse fator causou uma ruptura familiar entre Claire e o filho mais velho de Frank, ressentido por não ter sido o escolhido. Agora, tudo é passado e Williams é apenas um nome sem o vínculo da família. Não teve o mesmo fim trágico da Gucci, filme que acabou de sair, mas mostra que, diante de circunstâncias e pessoas diferentes, é difícil prosperar apenas fechado na mão de ferro. Frank e Claire entenderam isso tarde demais, mas entenderam.

Frank Williams, Bernie Ecclestone, Ron Dennis, os Ferrari, Herbie Blash, Charlie Whiting. Não foram pilotos, mas são nomes eternos e talvez no mesmo nível dos grandes campeões da categoria. Sem a paixão, o entusiasmo e até o sacrifício da própria vida em detrimento de um objetivo, Frank abriu caminhos, não sem antes experimentar dramas e perdas como Piers Courage. Numa época onde tudo era mais perigoso e instintivo, dizem que foi na perda do amigo que Frank separou as coisas: nunca mais se apegou a piloto algum, assim como Bernie e a relação com Jochen Rindt, o eterno campeão póstumo.

Finalizo o texto para celebrar a vida de Frank Williams, uma pessoa tão importante para a F1 e o automobilismo. Pavimentou diversos sonhos e o surgimento de lendas, assim como teve erros, o que o torna humano.

O que sobrou da Williams? O legado, o respeito e a admiração por alguém que, definitivamente, é único. Não haverá outro Frank Williams ou algum garagista aventureiro que precisou de décadas para deixar de ser chacota para virar referência. Aquela F1 não existe mais. Essas histórias não existem mais. São outros tempos. A saída e a morte de Frank são dois pontos que provam, além do fim da Era Bernie, que definitivamente estamos em outros tempos.

Paixão, reconhecimento, admiração e legado. É o que sobrou.

Até!

segunda-feira, 22 de novembro de 2021

OUTLIER

 

Foto: Getty Images

O livro de Malcolm Gladwell, com o mesmo título, se propõe a explicar como e porquê algumas pessoas são mais bem sucedidas que as outras. Afinal, o que torna alguém "fora de série"? No livro, Gladwell deixa que não é apenas o "talento" ou o trabalho duro. Outras valências envolvem a geração, a profissão dos pais, a condição financeira, o local onde nasce e, claro, a sorte.

Esse texto aqui não pretende fazer uma ampla análise sobre Fernando Alonso, até porque nós já fizemos a biografia dele aqui, relembre nos posts de novembro e dezembro de 2018. O texto de hoje vai explicar e reiterar porque Alonso é um fora de série.

Que o espanhol é um piloto fantástico todos sabemos. A biografia da Fênix é conhecida. São décadas de sucesso. É claro que tem o outro lado: a má sorte, o temperamento difícil e escolhas equivocadas levaram o espanhol a um limbo. Mesmo bicampeão, era considerado um "talento desperdiçado" porque usou boa parte do fim da carreira como um figurante no meio do grid. Fruto, claro, de escolhas erradas (má sorte) e as portas que fechou por ser quem é (ou era). As vezes apenas o talento não basta.

Quando Alonso acertou o retorno a Renault/Alpine pela terceira vez, dois anos sem estar no grid e em vias de virar quarentão, o temor de ser um "novo Schumacher" era grande. No entanto, essa sensação não se confirmou por dois motivos: as regras não mudaram radicalmente e o espanhol, ao contrário do alemão, retornou ainda jovem e continuou competindo no automobilismo.

Era tudo uma questão de adaptação. Alonso sofreu no início da temporada. A "ferrugem" era evidente. Além do mais, viu o jovem companheiro Esteban Ocon ser o responsável pela primeira vitória dos franceses nesse retorno como escuderia. Uma pressão que o espanhol foi tirando de letra durante o ano. Mesmo sem vencer, Alonso tinha mais pontos e largava mais à frente.

A coroação veio ontem. Incrível pensar que alguém com tanto talento e gabarito tenha sido renegado a figurante. Alonso esteve diante dos nossos olhos em todo esse tempo, mas não tinha o que fazer, muito por culpa dele, é claro.

Aos 40 anos, Alonso faz uma temporada muito correta e, como escrevi na ocasião do retorno, agora devemos desfrutá-lo. Sabe-se lá o que vem pela frente, mas uma coisa é certa: pra mim, o espanhol superou as expectativas ainda nesse primeiro e talvez penúltimo ano do retorno e da carreira na F1.

A corrida em Lusail é um novo capítulo que explica porque Fernando Alonso é um outlier, um fora de série.

Até!

domingo, 21 de novembro de 2021

MANO A MANO

 


A inconsistência das regras e critérios da FIA nos permite escrever que é tudo sob o prisma da política ou então da lei da compensação. Verstappen jogou Hamilton para fora da pista em Interlagos. Como o inglês passou e venceu, não haveria grandes punições. 

Com uma bandeira amarela no Q3 de sábado originada pelo furo no pneu de Gasly, Verstappen e Bottas foram punidos com cinco e três posições no grid, respectivamente. Algo que foi comunicado apenas uma hora antes do grid ser formado. Um absurdo.

Por incrível que pareça, a decisão foi definitiva para Bottas, pois Verstappen em poucas voltas retomou a segunda posição original. A julgar pelo ritmo de corrida de Hamilton, nem a largada faria diferença. Max poderia ter assumido a ponta, mas certamente não venceria. O finlandês, na sina de fim de contrato, se livrou do pelotão com dificuldade, mas o azar o persegue. Um furo no pneu acabou com as pretensões de Bottas e viu a Red Bull se reaproximar na briga pelos construtores.

Pérez, de sábado ruim, escalou o grid e vinha para fazer o pódio esperado. No entanto, o temor de um pneu furado fez o mexicano perder o pódio. Olhando agora, não pareceu uma decisão inteligente. No entanto, se o pneu do carro austríaco furasse, certamente estaríamos cobrando algo da Red Bull.

Em um certo momento, a corrida virou uma disputa de classificação para quem fizesse a volta mais rápida, pois a corrida estava decidida. E a classificação vira uma corrida inútil... Coisas da FIA. Só o que falta o campeonato ser decidido por um critério tão artificial.

Hamilton venceu sem dificuldades. Agora, são apenas oito pontos de desvantagem para Max. Praticamente um empate técnico. Duas corridas, uma delas na desconhecida Arábia Saudita. Lewis usou o motor da Turquia. A Mercedes parece ter dado a cartada final e com efeito. Para a Red Bull, apenas administrar os danos não vai ser suficiente. 

O que fazer? Trocar motor na Arábia ou na decisão em Abu Dhabi? É complicado, são muitas variáveis... Ainda assim, é possível que Max seja campeão daqui duas semanas: basta chegar em segundo e Hamilton não pontuar. Difícil, não impossível.

O texto na verdade é uma ode a Don Fernando Alonso Díaz. Quando comecei a escrever no blog, o espanhol das Astúrias já tinha feito o que era até então seu último pódio na categoria, na Hungria, em 2014. A Alpine teve um excelente final de semana. Alonso largou em terceiro e manteve o ritmo. A sorte ajudou: Bottas abandonou, Norris teve furo no pneu e Pérez parou. Estava escrito. Aos 40 anos, Alonso chegou ao pódio número 98 na carreira e mostra que, mesmo dois anos parado, ainda é excepcional, fora da curva, um outlier.

Ocon foi o quinto. A Aston Martin teve uma grande recuperação com Stroll e Vettel nos pontos. A Ferrari, muito abaixo, conseguiu pontuar. Norris, o azarado e Ricciardo, novamente muito abaixo, confirmam a queda da McLaren na reta final. É preocupante o australiano estar tão abaixo. É de se pensar se continua valendo a pena pagar tanto por tão pouco resultado...

Gasly também teve uma corrida esquisita, com erros de estratégia e desperdiçou uma boa oportunidade de pontos importantes para a Alpha Tauri. Afinal de contas, é tudo sobre Don Alonso, a Fênix: quando subiu ao pódio pela última vez, Hamilton tinha "só" um título: agora, pode estar a duas semanas do octa.

Hamilton e Verstappen, mais do que nunca, estão mano a mano, na pista e na tabela. A Red Bull tem uma vantagem mínima, mas a verdade é que Arábia Saudita e Abu Dhabi serão mata-mata, ida e volta, sem gol fora, prorrogação ou pênaltis. Quem estiver melhor, será campeão. Em caso de empate, vantagem para a Red Bull que tem mais vitórias. Uma pausa dramática no calendário é tudo que precisamos para recuperar o fôlego da grandiosidade que se aproxima de todos nós. Salut!

Confira a classificação final do GP do Catar:


Até!


sexta-feira, 19 de novembro de 2021

JORNADA NO DESCONHECIDO

Foto: Clive Mason/Getty Images

 A F1 desembarca pela primeira vez no Catar e talvez a única em Lusail, o circuito onde desde 2004 a MotoGP está por lá. Daqui duas semanas, supostamente teremos a Arábia Saudita (supostamente porque dizem que a pista ainda não está pronta). Ou seja: na reta final do campeonato mais equilibrado da década, a F1 entra em territórios desconhecidos. Ninguém sabe o que vai acontecer.

Por justamente ninguém conhecer o circuito ou ter qualquer base de referência, os tempos dos treinos livres são incógnitas. Geralmente o TL2 começa a se aproximar da referência de sábado, e Bottas foi o mais veloz. Mas sei lá. O desenho do circuito me lembrou Sakhir, por ser no deserto e de noite, mas é impossível falar qualquer coisa.

É um tiro no escuro mesmo com a iluminação potente do autódromo. O que dá para destacar é o bom ritmo da Alpha Tauri. Favoritismos? Ninguém sabe. Apesar de ser contra Catar e Arábia Saudita por vários motivos, nesse fim de ano apenas uma defesa é aceitável: o ineditismo vai causar suspense até o final.

Pode ser que nessa jornada no desconhecido nós possamos conhecer o campeão já. Mas um passo de cada vez. Não sabemos o que vai acontecer dentro de três semanas. E isso, senhoras e senhores, confesso que me deixa um pouco mais animado, mesmo não gostando do que vá acontecer na pista. O suspense e a expectativa é que jogam a favor.

Confira a classificação dos treinos livres:


Até!

quinta-feira, 18 de novembro de 2021

GP DO CATAR: Programação

 O Grande Prêmio do Catar vai acontecer pela primeira vez na história. O circuito substitui a Austrália, impossibilitada mais uma vez de sediar a F1 em virtude do Covid.

Nesta edição, a corrida será disputada no Autódromo Internacional de Lusail, palco da MotoGP. No entanto, quando o país retornar em definitivo para o calendário, em 2023, será sediado em um circuito específico que ainda será construído.

Foto: Wikipédia

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 332,5 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 318,5 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 203 pontos
4 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 178 pontos
5 - Lando Norris (McLaren) - 151 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 148 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 139,5 pontos
8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 105 pontos
9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 92 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) - 62 pontos
11- Esteban Ocon (Alpine) - 50 pontos
12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 42 pontos 
13- Lance Stroll (Aston Martin) - 26 pontos
14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 20 pontos
15- George Russell (Williams) - 16 pontos
16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 10 pontos
17- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 521,5 pontos
2 - Red Bull Honda - 510,5 pontos
3 - Ferrari - 287,5 pontos
4 - McLaren Mercedes - 256 pontos
5 - Alpine Renault - 112 pontos
6 - Alpha Tauri Honda - 112 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 68 pontos
8 - Williams Mercedes - 23 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 11 pontos

FAKE NEWS

Foto: Reprodução/McLaren

Na última semana, a revista britânica Autocar afirmou que a Audi tinha interesse em comprar o grupo McLaren. Semanas antes, a revista alemã Auto Motor und Sport reportou que os alemães queriam fazer uma parceria com o time de Woking, visando o eventual novo regulamento de motores de 2026. As informações foram veementemente negadas pela equipe inglesa:

“O Grupo McLaren está ciente de uma reportagem na imprensa informando de que ele foi vendido para a Audi. Isso é totalmente impreciso, e a McLaren está buscando remover a história.

A estratégia de tecnologia da McLaren sempre envolveu conversas e colaboração contínuas com parceiros e fornecedores relevantes, incluindo outras montadoras, no entanto, não houve nenhuma mudança na estrutura de propriedade do Grupo McLaren”, diz a nota.

A Porsche e a Audi tem interesse em finalmente entrar na F1, desde que seja aprovada o novo regulamento de motores, que será votado pela FIA no dia 15 de dezembro. A McLaren, que teve dificuldades financeiras durante o período mais complicado da pandemia, vem apresentando melhoras nas finanças, o que esfriou um suposto interesse em vender uma parte ou o todo do Grupo McLaren.

Final de temporada é isso aí: até 2026 ganha relevância nessa eterna brincadeira de Audi e Porsche na F1, igual o álbum "Detox" do Dr. Dre. Lendas urbanas.

PRÊMIO DE CONSOLAÇÃO

Foto: F2

A Alpine anunciou na manhã de terça que o australiano Oscar Piastri, campeão da F3 e atual líder da F2, será o piloto reserva da equipe a partir do ano que vem. Em tese, caso aconteça alguma coisa com Fernando Alonso ou Esteban Ocon, Piastri seria o ficha um para substituí-los.

A trajetória do australiano é quase meteórica. Em 2019, Piastri venceu a Fórmula Renault Eurocup e foi contratado para a academia da escuderia francesa. Em 2020, na estreia, foi campeão da F3 na Prema. Esse ano, repetindo o sucesso pela mesma equipe, lidera a F2 sendo um estreante, faltando duas rodadas triplas na Arábia Saudita e em Abu Dhabi para terminar o campeonato.

“A função de piloto reserva é o próximo passo em direção ao meu objetivo de um assento para 2023, o que é muito emocionante. Eu provei meu valor nas categorias de base nos últimos anos e sinto que estou pronto para a Fórmula 1 agora. Junto com a experiência na pista nos fins de semana de corrida, vamos montar um programa de testes substancial para continuar me desenvolvendo. Sou muito grato à Alpine pelo apoio”, disse.

“O talento natural de Oscar é evidente, por isso estamos muito orgulhosos e privilegiados por tê-lo como parte de nossa equipe como nosso piloto reserva no próximo ano. Oscar não só tem as habilidades na pista, mas também demonstrado maturidade e compostura que o fazem realmente se destacar dos demais”, comentou Laurent Rossi, diretor executivo da Alpine.

É um prêmio de consolação. O problema do grid com poucos carros é esse. Se Oscar Piastri for campeão da F2, o talento dele será punido com um ano de ostracismo, pois ele não pode defender o título na categoria. Além de piloto reserva no simulador, sobraria para o australiano a Super Fórmula, Endurance, Fórmula E ou qualquer outra coisa. É por isso que é necessário mais equipes na F1, para que mais talentos possam ter espaço e se desenvolver.


TRANSMISSÃO:
19/11 - Treino Livre 1: 7h30 (Band Sports)
19/11 - Treino Livre 2: 11h (Band Sports)
20/11 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
20/11 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
21/11 - Corrida: 11h (Band)

terça-feira, 16 de novembro de 2021

O CHINÊS VIÁVEL

Foto: Divulgação/F2

 A expressão criada pelo jornalista Renato Rebelo, do canal Sexto Round no YouTube (que recomendo muito, aliás, para quem também gosta de MMA) cai como uma luva na F1. 

Pela primeira vez na história, a China terá um piloto titular na F1. Guanyu Zhou, que já fez parte da academia da Ferrari e estava na Renault/Alpine, será o companheiro de Valtteri Bottas na equipe suíça. 

Se no início o favoritismo era de Nyck De Vries, passou por Colton Herta e teve no fracasso das negociações com a Andretti o ponto final, que foi a chegada de Zhou.

Apesar do aporte de U$$ 25 milhões para o time de Frederic Vasseur, engana-se quem pensa que Zhou chegou na F1 apenas por ser um piloto pagante e chinês, o que é muito importante para o mercado asiático e, claro, de uma das nações com mais pessoas no mundo. Zhou não está na F1 por "cota geográfica" e explico o porquê.

Antes, um pouco da história do nosso protagonista de hoje. Nascido em Xangai no dia 30 de maio de 1999, Zhou começou no kart aos oito anos na China. Aos 12, se mudou para o Reino Unido, para disputar em um cenário mais competitivo. Com boa passagem no kart, onde conquistou títulos, Zhou migrou para os monopostos aos 16, quando competiu na F4 italiana e também na alemã. 

Na Itália, foi vice-campeão e melhor novato. Na Alemanha, correu em algumas etapas e conquistou dois pódios (Spielberg e Spa).

Depois, ficou três temporadas na F3, primeiro na Motopark e depois na Prema. Foi 13° e duas vezes 8° na temporada, com vitórias, poles e vários abandonos. Teve 9 pódios, 3 poles e duas vitórias.

Nesse meio tempo, chegou a ser piloto de testes da Techeetah na Fórmula E. Em 2019, chegou a F2, onde está até hoje na UNI Virtuosi. Na primeira temporada, teve uma pole, duas voltas mais rápidas e cinco pódios, terminando o campeonato em sétimo.

No ano passado, mais adaptado a categoria, Zhou conseguiu a primeira vitória e melhorou um pouquinho: um pódio a mais (seis) e também o sexto lugar na tabela.

O grande salto está sendo nesta temporada. Faltando seis etapas, Zhou tem três vitórias e sete pódios, sendo o vice-líder com 142 pontos, atrás de Oscar Piastri, também colega de Alpine/Renault. Também nesse ano, foi o campeão da F3 asiática. 

Zhou participou de um treino livre pela Alpine no GP da Estíria, esse ano. Outros dois chineses também já tinham conseguido essa façanha: Ma Qinghua e Adderly Fong.

Zhou vem apresentando suas credenciais na disputada F2 do ano passado e nessa também, onde divide grid com Robert Shwartzman, Théo Pourchaire, Felipe Drugovich (são companheiros de equipe), Christian Lundgaard, Liam Lawson e Juri Vips. É uma competição muito acirrada, e qualquer um desses nomes poderiam perfeitamente estar na F1, é tudo uma questão de oportunidade, timing, aporte financeiro, academia de pilotos e outras questões que vocês já conhecem.

Antonio Giovinazzi, que foi o substituído da vez, reclamou que a Fórmula 1 é toda sobre dinheiro. É verdade, mas o italiano em três temporadas não confirmou as expectativas depois da fantástica temporada na GP2 de 2016. O italiano, inclusive, já acertou a ida para a Fórmula E ano que vem e continua como piloto Ferrari, podendo ser reserva e participar de outros projetos da escuderia.

Guanyu Zhou é um pacote completo: talentoso, com potencial, leva dinheiro para a equipe e ativa um mercado muito importante para a Fórmula 1, sobretudo depois das consequências do Covid, inclusive com o circuito de Shangai renovando com a categoria por mais algumas temporadas.

Por tudo isso mostrado, explicado e exposto, Guanyu Zhou é o chinês viável e a massa chinesa vai ter alguém para torcer na F1 pela primeira vez na história.

Até!

segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O QUE BERNIE NÃO SABIA (A F1 FORA DA BOLHA)

 

Foto: Mercedes

Durante décadas de administração de Bernie Ecclestone, o eterno chefão transformou a categoria e é o grande responsável pelo que a F1 é hoje. Não é exagero afirmar que Bernie é tão ou mais importante que os grandes pilotos da história, como Michael Schumacher, Ayrton Senna, Alain Prost, Niki Lauda, Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Nigel Mansell, entre outros.

A mão de ferro era administrada com uma única perspectiva: o dinheiro acima de tudo. Bernie nunca escondeu o  que gostava: para ele, a F1 era pra homens ricos acima de 30 anos, de preferência entre 50 e 60, que pudessem comprar e usufruir do luxo que é um final de semana da F1. Um evento único.

Não a toa, Bernie nunca teve problemas em correr na África do Sul durante o Apartheid e o boicote que houve ao país africano. Dinheiro acima de tudo e maquiagem nas questões raciais. A F1 delimitava o público.

Claro que o carisma sempre contou. Antigamente, a F1 era um evento (e continua, claro) que mostra o que há de mais moderno no esporte a motor. Como os carros eram novidades, ver um bólido a 300 km/h era uma sensação de perigo e respeito, porque a qualquer momento um piloto poderia morrer. Arriscar a vida em curvas, retas e chuva fazia parte do cartaz do que era ser piloto e o público comprava esse fascínio pela velocidade, tecnologia, o ronco dos motores e o perigo à 300 km/h.

Mesmo com as mortes e, claro, a perícia dos pilotos, o desenvolvimento tecnológico da categoria e também nas relações brecou essa parte romântica, digamos. Menos carros quebrando, menos disputas pelas vitórias e campeonatos e pilotos cada vez mostrando menos a personalidade, a F1 virou um clube de ricos parado no tempo enquanto a vida, a tecnologia e a sociedade seguiam em frente.

E por isso Bernie ficou para trás, além da idade. A Liberty Media, com muita experiência no showbiz americano, onde cada evento é um espetáculo à la NBA, entendeu que precisava de mudanças. Algumas são superficiais, é claro, e ainda não teve um grande impacto na competitividade e no ecossistema da categoria, mas o texto de hoje não é sobre isso.

A Liberty Media focou no que hoje chamamos de engajamento, sobretudo do público marginalizado por décadas pela própria administração da categoria: mulheres, negros e jovens se sentiam cada vez mais conectados com a sisuda, rica e anticarismática Fórmula 1. Como?

A série da Netflix, que confesso nunca ter assistido, alavancou a popularidade da categoria entre os mais jovens que sequer conheciam a categoria, mostrando o outro lado dos pilotos, que também sabem trabalhar a imagem pessoal nas redes sociais. Exemplos não faltam: Ricciardo, Sainz, Leclerc, Norris, Russell, além de pilotos, viraram influencers para muita gente. 

Não a toa que, depois de décadas passando vergonha e sendo ignorada na terra do Tio Sam, a americana Liberty Media finalmente consegue popularizar a categoria nos Estados Unidos, colocando Miami no mapa da F1 e não descartando uma terceira etapa no país no futuro. Nesse ano, em Austin, 400 mil pessoas acompanharam a corrida.

Outra obviedade nesse quesito é Lewis Hamilton: não só o campeão, o mais carismático, desde sempre popstar e super talentoso. A imagem do primeiro negro na categoria e depois multicampeão, com mais vitórias e poles e podendo ser o maior campeão isolado também ajudaram, mas principalmente o que Hamilton significa fora da pista: a luta pelos direitos das minorias, a luta antirracista e essa postura de quem não é somente um piloto muito talentoso, mas sim um cidadão que dentro do que pode fazer, quer contribuir com a F1 e a sociedade, trazendo mais negros, mulheres e LGBTs para as equipes e arquibancadas.

A identificação com o Brasil é antiga, pelo menos para quem é fã mais hardcore, mas o fenômeno que percebo na minha "bolha" é que, em 2021, a F1 passou dos hardcores, mesmo sem a transmissão da Globo: Netflix, Hamilton e uma temporada emocionante até o fim justificam isso, é claro. Nada mal para um esporte que ninguém vê e perdeu a graça em 1994.

Claro, Hamilton é o único no grid que é mais do que um piloto, é um superstar e um ativista. Saindo da bolha da F1, pouquíssimos pilotos seriam reconhecidos pela massa. Chutaria Verstappen, por ser o "inimigo" da vez de Hamilton, e os campeões Alonso, Raikkonen e Vettel que, mesmo sem ter redes sociais, se mostra tão engajado quanto Hamilton nas lutas humanitárias.

Talvez a F1 fora da bolha termine quando Hamilton se aposentar, afinal carisma não se transfere. A pessoa tem ou não tem. Ser mais do que um piloto ajuda tudo isso. Reverenciar Senna, que até hoje emociona a todos nós, também ajuda. Não basta ser apenas brasileiro para despertar paixões e ódios. Mesmo quando Massa foi quase campeão, não lembro de tamanha comoção fora do público hardcore. Não tinha tanto burburinho nas redes sociais, mas nas ruas não ouvia nada além do "por que tu ainda assiste isso?"

Bernie foi superado pelo tempo e, com um novo toque na categoria, a F1 conquista os Estados Unidos e se aproxima de um público que ainda tem certa resistência, mas que alguns já se encontram apaixonados. Agora, o desafio da Liberty é não tornar isso artificial demais, o like pelo like, o engajamento vazio. Mas isso eu deixo para outros textos, até porque adoro repetir essas coisas, mas hoje não.

É isso mesmo ou as vozes da minha cabeça criaram uma realidade paralela?

Até!