terça-feira, 30 de abril de 2019

SABOTAGEM

Foto: Getty Images
É histórico na Fórmula 1 qualquer equipe que brigue por títulos ter um piloto 1B. Quando isso não acontece, o pau quebra e as consequências são irreversíveis, vide a Ferrari de Gilles e Didier Pironi, a Williams de Piquet e Mansell e a McLaren de Alonso e Hamilton, por exemplo. 

Em outros casos, quando há muito domínio, há a falsa sensação de disputa, seja porque a diferença em relação aos demais é muito grande, seja porque há muitos egos e competitividade envolvidos. Exemplos: Senna e Prost, Hill e Villeneuve, Rosberg e Hamilton e agora já querem colocar o Bottas na parada.

Ano passado, enquanto a Ferrari não tinha feito cagada, Bottas virou um baita piloto 1B. Este ano, pelo que me consta, vai ter uma "disputa". No entanto, caso os italianos reajam, certamente veremos Bottas ser preterido em prol do melhor piloto, o que é uma decisão normal e natural.

Bem, tudo isso para introduzir a questão Ferrari-Leclerc. É natural que viesse para ser um "escudeiro" de Vettel, apesar de um termo depreciativo e designado para quem realmente ganhou na loteria e parou numa grande equipe, naipe Irvine ou Kovalainen. Até mesmo Webber, Coulthard e Barrichello tiveram que se contentar com isso. Então, seria natural um início assim numa grande equipe, mas vamos lá:

Austrália: Leclerc teve que tirar o pé pra não passar Vettel, apesar de a Ferrari ter errado na estratégia com o alemão;
Bahrein: Leclerc ganharia a corrida se não fosse o problema no motor;

China: Leclerc servindo como escudeiro, parando no fim apenas para tentar atrapalhar as Mercedes;

Baku: A mesma coisa; pode-se argumentar que Leclerc errou no sábado e isso foi preponderante, mas de novo: outra estratégia equivocada e, nos dois casos, um quinto lugar, superado por Verstappen;

A Ferrari não se constrange em deixar um carro atrás até mesmo da Red Bull em prol de beneficiar um piloto que julga ser o principal para tentar deter os alemães. Acontece que esse piloto há tempos se tornou errático e vem tendo dificuldades, proporcionando até uma disputa equilibrada até aqui com Leclerc. O monegasco estaria na frente na tabela se tivesse confirmado a vitória no Bahrein.

Meu ponto não é simplesmente transformar Vettel em um segundão inútil ou aposentá-lo, apenas para que deixem os dois disputarem na pista. A Ferrari perde pontos imbecis até na disputa pelos construtores. Quando o carro não falha o piloto erra, aí é complicado.

Leclerc tem potencial e estimula a competição. A Ferrari precisa crescer internamente e parar de errar para depois tentar tirar a diferença que existe em relação a Mercedes ao invés de sabotar o jovem monegasco. Claro que Leclerc está desconfortável com isso, mas o que ele pode fazer? É o primeiro garoto em décadas que os italianos apostam, ele simplesmente não vai botar o pau na mesa e fazer uma rebelião. Hamilton era apadrinhado por Ron Dennis e a McLaren historicamente sempre foi mais liberal quanto a isso, então a comparação não é válida.

O primeiro passo para a Ferrari voltar a se organizar é parar de sabotar o jovem talentoso monegasco. Vettel não está no auge, o que torna a decisão ainda mais ridícula. Além de se prejudicar, a equipe se constrange. Quem agradece é a Mercedes.

Até!

segunda-feira, 29 de abril de 2019

BOTTADA

Foto: Getty Images
A Fórmula 1 nesta temporada vai me ajudar a escrever textos curtos. O problema é o ânimo para fazer isso.

Vamos lá. Corrida no Azerbaijão sem acidente é um lixo, como foi comprovado logo na abertura, em 2016. Nesta temporada, a cota de bizarrices foi preenchida com os eventos do final de semana.

Pois bem, diante de uma "dívida histórica", o destino deu a vitória que tirou no ano passado. Bottas largou na pole e venceu sem sustos, em uma corrida chatíssima. Hamilton tentou atacar no final, mas teve que se contentar com a segunda posição. Mais uma dobradinha, a quarta seguida. Nem a Williams de 1992 conseguiu isso, tampouco as do tempo de Schumacher nos anos 2000.

Hamilton disse que foi "muito amigável" na largada. De fato, se jogasse mais duro, certamente teria assumido a liderança. Foi a primeira vez no ano que o pole venceu uma corrida. Hamilton não parece enxergar o finlandês ainda como um rival, tal qual era Rosberg recentemente. Por enquanto?

A Mercedes deixando seus pilotos brigarem tem muito a ver com a costumeira incompetência da Ferrari. O mais incrível é que os italianos parecem cada vez mais empenhados em fazer uma cagada diferente a cada corrida. Leclerc, que desta vez fez bobagem no sábado, teve que partir para o plano B. Quando era líder com os pneus duros, a Ferrari simplesmente acabou com a corrida do monegasco, que só serviu de escudo para Vettel, que desta vez não fez nenhuma cagada. Resultado? Leclerc mais uma vez em quinto, incapaz de sequer se aproximar de Verstappen porque o rendimento com os macios era pífio. Ah, ele fez a volta mais rápida da corrida, mas quem se importa? Bom, por enquanto Bottas lidera o campeonato justamente por isso.

Não tem muito o que comentar. Sérgio Pérez, de quem sou fã, finalmente estreou na temporada com um ótimo sexto lugar. Até Stroll anda bem por lá e conseguiu um nono lugar. Outro grande destaque foi a McLaren, sem problemas e com os dois carros na zona de pontuação, os primeiros de Sainz e mais alguns de Norris. Parece animador para quem sequer passava do Q1 no ano passado. Raikkonen, beneficiado pelo abandono de Gasly, conquistou mais um pontinho. Aliás, o francês se continuar assim certamente será substituído pela Red Bull e não vai demorar muito...

A Renault, uma montadora, busca se reestruturar, mas a temporada até aqui é um fracasso. Hulk nem pontuou. Ricciardo, que vinha num bom ritmo e é considerado o "melhor ultrapassador" da F1, tentou uma manobra arriscada na curva 2, passou reto e impediu Kvyat de fazer a tangência. Não satisfeito, simplesmente deu a ré e acertou o torpedo russo. Os dois abandonaram. Isso é o retrato do australiano hoje na equipe francesa.É como o Cristiano Ronaldo indo pra Juventus e não passar das quartas da Champions, ou algo do tipo. O pior é ouvir letrinha do russo, que disse que ia comprar um retrovisor pra ele... se bem que Kvyat pode, afinal o derrotou em 2015.

O resto é mais do mesmo. Bottas parece estar na melhor forma da carreira, uma grande reviravolta para quem parecia descartado. Ocon não parece ser um cara de sorte. No entanto, ainda não acho o finlandês um concorrente para o título. Para derrotar Hamilton, é necessário nadar até águas profundas, sobreviver a entrada para o vale da morte e ter um pouco de sorte. Por enquanto está se saindo bem, mas resta saber como será o comportamento na segunda metade da temporada, quando Hamilton realmente engata.

Confira a classificação completa do GP do Azerbaijão:


Até!

sexta-feira, 26 de abril de 2019

BIZARRICES

Foto: Getty Images
Mais um dia nem tão normal assim no automobilismo e em Baku.

Logo em 10 minutos da primeira sessão de treinos livres, George Russell rasgava a reta tranquilamente até passar por cima de uma tampa de bueiro (!) que ficou exposta na pista. Claro, é um circuito de rua, normal ter isso. No entanto, não deixa de ser um amadorismo sem limites.

Bem, o assoalho e o câmbio foram danificados e a sessão foi cancelada. Não bastasse isso, o caminhão que retirava do carro da Williams bateu numa marquise e o fluido hidráulico do veículo começou a escorrer bem no FW42. Que fase... é o famoso "jogar pedra na cruz".




Imagina se uma coisa dessas acontece no Brasil... Bom, ao menos podemos provar as vezes que nem tudo na F1 é tão perfeccionista e profissional. Afinal, umas pataquadas dessas também servem pra quebrar o gelo.

Mas isso não foi tudo. O gran finale veio na F2.

Primeiro, apenas observem isso que o possante indiano Mahaveer Raghunathan (nome de CPU gerado por jogo asiático) fez:


Agora, o que Sean Gelael, que estava com problemas no motor do carro, fez com os pobres comissários azeris:




Um dia e tanto em Baku, que sempre promete corridas malucas e incidentes bizarros. Isso, para esta temporada, já não falta mais. Ansioso.

Ah sim: Leclerc foi o mais rápido no TL2 e Matsushita larga na pole na F2.

Até!

GP DO AZERBAIJÃO - PROGRAMAÇÃO

O circuito de rua de Baku, capital do Azerbaijão, irá receber a F1 pela quarta vez na história. Em 2016, foi com a alcunha de GP da Europa. Desde 2017 que o autódromo recebe o Grande Prêmio do Azerbaijão.

Um circuito urbano tão estreito como o de Mônaco, com retas tão rápidas como em Montreal, no Canadá, e com quase tantas curvas quanto o de Singapura.

O traçado é de autoria do arquiteto Hermann Tilke, responsável pelos desenhos de diversas pistas do calendário. A prova passará por diversos pontos turísticos, mostrando a mescla entre a arquitetura medieval e os modernos arranha-céus da cidade.

O traçado terá 6km, apenas menor que uma volta ao circuito de Spa-Francorchamps. A pista terá 20 curvas, perdendo apenas para Singapura, com 23, e Abu Dhabi, com 21.

Mas a grande característica do circuito é sua largura. Ainda que o regulamento exija que as pistas devem ter no mínimo 12m de largura, em Baku isso será consideravelmente menor, com o máximo de 13m e, em determinados pontos apenas 7,6m. Os carros atualmente têm 1,8m de largura.

A partida e chegada terá lugar na praça Azadliq, um dos principais pontos turísticos de Baku. A velocidade máxima deverá rondar os 340 km/h no final da enorme reta do circuito.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Sebastian Vettel - 1:43.441 (Ferrari, 2017)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:40.593 (Mercedes, 2017)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Daniel Ricciardo e Lewis Hamilton - 1x (2017) e (2018)

VERSTAPPEN SOBRE VETTEL: "NÃO É MÁGICO"

Foto: Racefans

O mau momento do alemão rende comentários gerais. Perguntado pela "La Gazzetta dello Sport", Max Verstappen falou sobre Seb:"Eu sempre achei Vettel um bom piloto, porque não dá para ganhar quatro títulos mundiais sem ser. Mas nunca achei que ele era mágico", afirmou.

O holandês explicou:

"Daniel Ricciardo conseguiu batê-lo na Red Bull e agora a confirmação com Leclerc, que também está deixando a vida dele muito difícil".

Pegando essa resposta como gancho, Max também falou sobre um dia voltar a ter um companheiro de equipe mais "salgado":

"Se algum dia houver a chance de que Leclerc e eu sejamos parceiros certamente vou aceitar esse desafio. O mesmo vale para Hamilton, que já tem cinco títulos mundiais, mas não me importo", disse.


Opinião é opinião e vocês já sabem sobre a minha por aqui. Então, a questão mais interessante desta entrevista é o fato de Max querer matar todos os desafios possíveis. Confiante e selvagem do jeito que é, gostaria que ele tivesse um carro capaz de ser campeão e não só por migalhas deixadas entre Mercedes e Ferrari. Ah, e que tivesse um cara tão talentoso quanto para brigar pelo campeonato. Aposto que não sou o único a querer isso.

MAS JÁ?

Foto: Getty Images
Raslan Razali, diretor de corridas do autódromo de Sepang, na Malásia, disse que o país está de olho em um retorno para a categoria. A última corrida disputada no circuito foi em 2017. Diante da insatisfação com o então contrato vigente, Sepang não quis renovar e apostou as fichas na MotoGP. Agora, com a Liberty Media, um novo acordo pode ser costurado.

Mas o retorno não seria tão breve. Mahathir Mohamad, primeiro ministro do país entre 1981 e 2003, foi o grande responsável pela entrada do país na F1, em 1999. No ano passado, ele voltou ao cargo. Portanto, o interesse existe.

“Ele já mostrou o interesse de que a Fórmula 1 retorne um dia. Mesmo assim, depois da última corrida em 2017, o país precisa esperar ao menos cinco anos para poder voltar”, disse.

Cinco anos em relação a 2017 seria 2022. No entanto, a Liberty tem outros planos e estratégias em diferentes países, como por exemplo mais uma prova nos Estados Unidos e a expansão por circuitos de rua na China, Dinamarca e até mesmo um retorno para a Holanda, visando maximizar o efeito Verstappen.

“A Fórmula 1 ainda vai seguir se desenvolvendo nos próximos dois ou três anos. As corridas também vão ficar melhores. Se eles [Liberty Media] quiserem mais corridas de rua... Talvez a gente queira voltar, mas eles não nos querem agora. Nós só podemos esperar”, encerrou.

Sepang nunca deveria ter saído. Já tinha virado um circuito tradicional, bonito e repleto de grandes corridas, sempre com o clima imprevisível. É a ficha 1 para voltar, sem dúvidas. Por mais circuitos e menos corridas de rua.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 68 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 62 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 39 pontos
4 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 37 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 36 pontos
6 - Pierre Gasly (Red Bull) - 13 pontos
7 - Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 12 pontos
8 - Lando Norris (McLaren) - 8 pontos
9 - Kevin Magnussen (Haas) - 8 pontos
10- Nico Hulkenberg (Renault) - 6 pontos
11- Daniel Ricciardo (Renault) - 6 pontos
12- Sérgio Pérez (Racing Point) - 5 pontos
13- Alexander Albon (Toro Rosso) - 3 pontos
14- Lance Stroll (Racing Point) - 2 pontos
15- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 130 pontos
2 - Ferrari - 73 pontos
3 - Red Bull Honda - 52 pontos
4 - Alfa Romeo Ferrari - 12 pontos
5 - Renault - 12 pontos
6 - Haas Ferrari - 8 pontos
7 - McLaren Renault - 8 pontos
8 - Racing Point Mercedes - 7 pontos
9 - Toro Rosso Honda - 4 pontos

TRANSMISSÃO







quarta-feira, 24 de abril de 2019

A QUARTA CORRIDA

Foto: Motorsport
Olá, pessoal!

Como o Grande Prêmio do Azerbaijão não tem história suficiente para ser relembrada (afinal, está sendo disputada pela quarta vez - três como GP do Azerbaijão e uma como GP da Europa) e é a quarta etapa de uma temporada que até aqui tem o domínio, decidi relembrar de outras "quartas etapas" da era recente da Fórmula 1 que também tiveram domínios de uma equipe, mas diferentes.

Vamos lá:

2004 - SAN MARINO

O GP de San Marino sediado em Ímola na Itália e somente com esta nomenclatura para burlar o regulamento de que não poderia existir dois GPs em um mesmo país com a mesma alcunha, a corrida marcava o aniversário de dez anos de falecimento de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna. Durante o final de semana, o sobrinho Bruno e o grande amigo Gerhard Berger guiaram a mítica Lotus 86, emocionando a todos.

Na pista, a Ferrari mantinha o seu domínio, com Schumacher vencendo as três primeiras etapas. No entanto, a pole ficou com a surpreendente BAR Honda de Jenson Button, que debutava na "posição de honra". 

No entanto, Schummi logo deu o pulo do gato nas famosas voltas voadoras pré-reabastecimento e venceu pela quarta vez no ano, mantendo o 100% que depois garantiria o seu sétimo e último título mundial. Button foi o segundo e a Williams de Juan Pablo Montoya foi o terceiro. Alonso, Trulli, Barrichello, Ralf Schumacher e Kimi Raikkonen completaram a zona de pontuação, num grid que também tinham os brasileiros Felipe Massa na Sauber e Cristiano da Matta na Toyota.




2009 - BAHREIN

Foto: Getty Images
Esta é uma outra história que já contei, até recentemente. A Fórmula 1 vivia um novo momento, cortando gastos e sofrendo com a crise, que fez montadoras saírem da categoria. Com o novo regulamento, quem apostou no famoso difusor traseiro se deu bem, enquanto que as tradicionais Ferrari, McLaren e BMW ficaram para trás com a aposta no KERS, o sistema de recuperação de energia cinética.

Jenson Button liderava o campeonato com duas vitórias em três corridas, sendo que na Malásia a corrida teve menos da metade da duração e, portanto, valeu apenas metade dos pontos. Na etapa anterior, na China, o jovem Sebastian Vettel foi o responsável pela primeira vitória da história da Red Bull Racing, ele que também foi o primeiro e único vencedor pela equipe satélite, a Toro Rosso.

No confronto entre os dois, quem se deu bem no sábado foi a Toyota: Trulli e Glock fizeram a primeira dobradinha da história da equipe na primeira fila, com Vettel e Button na segunda fila. 

No entanto, durante a corrida, o melhor ritmo de corrida aliado a uma estratégia acertada fez Button vencer pela terceira vez em quatro etapas. Ele venceria mais duas em sequência para garantir uma vantagem irreversível, bastando somente administrar na reta final, onde a Brawn GP já havia sido superada pelas rivais, para se sagrar um dos campeões mundiais mais improváveis de toda a história. Vettel foi o segundo e Trulli o terceiro, seguido por Hamilton, Barrichello, Raikkonen, Glock e Alonso. O grid também contava com Nelsinho Piquet pela Renault (foi o décimo) e com Felipe Massa na Ferrari, que abandonou com problemas no carro do cavalinho rampante.


2014 - CHINA

Foto: Getty Images

O domínio da Mercedes já começa a ser uma fatia significativa da história deste esporte. Depois de três vitórias em três corridas, as flechas de prata partiram para a quarta vitória sem maiores problemas.

Com mais um treino na chuva, Hamilton evidenciava seu maior talento ao fazer mais uma pole. Em condições não tão desiguais, as Red Bull de Ricciardo e Vettel se intrometeram e o líder Nico Rosberg largou apenas em quarto.

Na corrida, sem chuva, um passeio da Mercedes sem maiores problemas e mais uma dobradinha, a terceira vitória de Lewis no ano. O cara responsável por agitar a bandeira fez isso uma volta antes, portanto a corrida teve uma volta a menos, o que ajudou Alonso e a Ferrari a garantir o terceiro lugar, apesar dos ataques de Ricciardo. Vettel foi o quinto, seguido por Hulkenberg, Bottas, Raikkonen, Pérez e Kvyat. Massa foi o 15° com a Williams.

Bom pessoal, essas foram as lembranças dessa semana. Até a próxima!

terça-feira, 16 de abril de 2019

ESTACA ZERO

Foto: Getty Images
Até 2015, o motor Mercedes reinava absoluto. A superioridade era tanta que a Williams virou quase segunda força naqueles tempos, impulsionado exclusivamente por isso. A Ferrari reagiu e mesmo a Red Bull brigando com a Renault, ela conseguiu se reequilibrar.

Passaram-se três ou quatro temporadas. A Ferrari ameaça mas ainda não consegue bater os alemães. Isso só prova que não é só motor a questão. Em três corridas, três comportamentos distintos do SF90, que dizem ser dotado de muita potência, mas confiabilidade e adaptação imprevisíveis. Se a única equipe capaz de deter as flechas de prata bate cabeça de todos os jeitos, é tudo que uma organização capaz, competente, rica e vencedora deseja.

A Renault não sai do lugar. Só agora que a Honda melhorou, podemos assim dizer. A Red Bull é refém disso. Sem dispor dos motores mais competitivos, ela se vira nos trinta para continuar na frente. A questão é: até quando?

Nunca a Fórmula 1 teve tanto tempo de domínio. Claro, ultimamente ela ficou definida por eras: a "era Schumacher", a "era Red Bull" e agora a "era Mercedes". Não existe nada a ser feito para evitar isso no mínimo até o ano que vem. As forças estão definidas e os pelotões estão bem espalhados. Não há margem para aproximação ou alguma embaralhação. O imprevisível não existe. Quebras de motor são raríssimas. Essa era a vantagem das décadas anteriores em termos de emoção e disputa: o imponderável.

Em tese, as coisas precisam ser modificadas para 2021. Terá a inexperiente Liberty Media capacidade para convencer quem realmente manda a mudar? A mão de ferro de Bernie faz falta nessas horas. Periga, na verdade, que as coisas continuem do jeito que estão: domínio de uma equipe, outra secundária, outra terciária, uma mistura no meio e alguém para completar no grid.

A Fórmula 1 volta a estaca zero de 2014, logo no início da era híbrida. Mercedes perfeita e o resto incapaz de detê-los. Até quando a Fórmula 1, o público e os patrocinadores irão aguentar este espetáculo tão chato e previsível? Ninguém vai querer saber de post divertido nas redes e tampouco de hashtags. Queremos briga, equilíbrio, emoção, disputa. Tudo o que não existe desde a era dos pneus "Farelli", que produziu o campeonato mais emocionante de todos os tempos em 2012.

A perspectiva não é nada boa. Te vira, Chase Carey!

Até!

segunda-feira, 15 de abril de 2019

NINGUÉM VAI LEMBRAR


A única coisa que será lembrada nesta corrida 1000 da Fórmula 1 é que ela foi disputada na China e foi vencida por Lewis Hamilton.

Ninguém vai lembrar que o inglês começou a vitória logo na largada e administrou a corrida toda com Bottas o comboiando.

Ninguém vai lembrar que a Ferrari é patética e mais uma vez ferrou Leclerc com uma estratégia inacreditável, fazendo o monegasco cair de terceiro para quinto ao beneficiar o decadente errante Vettel na estratégia, sendo que este não fez nada faz algum tempo.

Ninguém vai lembrar que Verstappen parece estar amadurecendo e contendo o ímpeto, pensando nos pontos e sendo alguém cerebral. Ninguém vai lembrar que Gasly ganhou um ponto extra porque isso realmente não é importante.

Ninguém vai lembrar que Ricciardo marcou seus primeiros pontos com uma decepcionante Renault, que praticamente não avança e novamente teve problemas com Hulkenberg.

Sabem porque que ninguém vai lembrar? Porque esta corrida foi o retrato da F1 dos últimos anos. Mercedes dominante, Ferrari batendo cabeça e tropeçando nas próprias pernas, Red Bull confortável como terceira força e apenas o pelotão intermediário movendo fundos por brigas (adivinhem?) intermediárias (destaque para a boa corrida de Kimi Raikkonen). Se a Liberty não fizer nada a respeito, a F1 está cada vez mais fadada a ser esquecida, e isto será tema do próximo texto.

Ninguém vai lembrar que Kubica e Giovinazzi estão sendo surrados pelos seus companheiros. Infelizmente, as condições físicas do polonês não permitem um alto rendimento na maior parte da corrida. Somando-se ao péssimo carro da Williams, está o talentoso George Russell. O italiano está cada vez mais aquecendo o banco do Schumacher Jr.

Ninguém vai lembrar que a Haas não tem pilotos a altura do carro, ou ao menos um deles.

Deveriam lembrar a grande corrida de Alexander Albon. Largando dos boxes, foi ganhando posições e conquistou um heroico décimo lugar com a Toro Rosso. Apesar do forte acidente que o impediu de participar do treino e acabou gerando toda essa situação, se o tailandês nascido na Inglaterra continuar com bons desempenhos, Gasly pode ser mais uma vítima do abatedouro de Helmut Marko.

Mas ninguém vai lembrar.

Confira a classificação final do GP da China:


Até!

sexta-feira, 12 de abril de 2019

DE OLHO

Foto: Getty Images
Vettel é um dos caras mais pressionados do grid, tanto pelo peso em pilotar a Ferrari e ser o principal perseguidor de Lewis Hamilton quanto pela ascensão de Charles Leclerc na equipe. O talento e as capacidades do tetracampeão estão em constante desconfiança da comunidade. Nada melhor que no milésimo GP da F1 para o alemão recomeçar, recuperar a confiança e mostrar para todos porque conquistou tantos títulos.

A tarefa não é simples. Desde o começo da era híbrida, a Mercedes só não venceu na China ano passado, no caótico GP vencido por Daniel Ricciardo. Bottas foi o mais rápido, apesar da FIA vetar a nova asa dianteira colocada pelos alemães. No TL2, Leclerc andou pouco para que fosse analisado seu motor. Depois do final traumatizante do Bahrein, todo cuidado é pouco.

No meio do pelotão, podemos destacar Renault e McLaren brigando pelo quarto posto, com Alfa Romeo e Haas mais atrás. Coincidência ou não, os motores franceses a frente dos italianos. Seria resquício do Bahrein, encaixe da pista ou apenas um alarme falso?

A Williams segue fechando o grid e assim estamos todos aguardando esta corrida tão histórica, apenas aguardando se o party mode da Mercedes vai fazer a diferença, se a Ferrari e Vettel reagem ou se Leclerc vence pela primeira vez. Será interessante.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!



GP DA CHINA - PROGRAMAÇÃO

O Circuito Internacional de Shanghai teve sua primeira corrida em 2004, vencida por Rubens Barrichello. É o autódromo mais caro da história. A sua construção custou cerca de 240 milhões de dólares.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:32.238 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:31.095 (Ferrari, 2018)
Último vencedor: Daniel Ricciardo (Red Bull)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 5x (2008, 2011, 2014, 2015 e 2017)

ZANDVOORT 2020?

Foto: Getty Images
Depois de não ter surgido muitas notícias nos últimos meses, a "Motorsport Week" noticiou que existem negociações com a Liberty para que a corrida seja disputada na Holanda a partir do ano que vem.

O anúncio seria feito na semana que vem e seria disputado no verão europeu. No entanto, a data não coincidiria com o GP da Bélgica, que geralmente é no final de agosto. Ou seja, seria entre maio/junho. Com o GP do Vietnã já confirmado e a ameaça de vários circuitos saindo, a corrida na Holanda impulsionada pelo efeito Verstappen pode ser uma boa notícia.

Claro que existem outras variáveis. O público vai comparecer em massa, mas temos que saber se o traçado é viável para que se tenha uma corrida decente. Bem, se Rússia e Abu Dhabi estão no calendário, talvez isso não seja a coisa mais importante a ser avaliada. 

Zandvoort sediou uma etapa da F1 pela última vez em 1985. Com a Liberty cada vez mais se importando com as interações virtuais e com Max sendo um grande personagem da geração millenial, a Holanda pode ser um grande trunfo para a contínua popularização da categoria com os mais jovens, ao menos entre os holandeses e belgas.

IRMÃO DE LECLERC É ANUNCIADO NO PROGRAMA DE PILOTOS DA SAUBER

Foto: Motorsport Week

O momento é favorável para os Leclerc. Enquanto Charles confirma a expectativa e encanta o mundo com a Ferrari logo na segunda corrida, nesta terça-feira (09) o irmão mais novo, Arthur, foi anunciado como piloto da academia da Sauber Motorsport, que gera a Alfa Romeo na F1.

Arthur vai disputar a F4 alemã e algumas etapas da F4 italiana pela equipe US Racing-CHRS, tradicional no meio e que recentemente se juntou com a Charouz. A equipe é gerida por Ralf Schumacher. Os sobrenomes não param.

No ano passado, Leclerc foi o quinto colocado na F4 Francesa e foi piloto de desenvolvimento da Ventura na Fórmula E, realizando alguns testes na categoria no Marrocos.

"Estou muito feliz por fazer parte do time de jovens pilotos da Sauber. É um programa sério, afiliado a um time de F1 e meu irmão foi parte da Sauber em 2018. É uma oportunidade que significa muito para mim. Meu carro será completamente diferente e muito mais rápido que o F4 que pilotei na França, mas meu objetivo é vencer e ir para outra categoria", disse Arthur sobre a entrada no programa.

Boa sorte para Arthur nesta nova empreitada.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 44 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 43 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 27 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 26 pontos
5 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 22 pontos
6 - Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 10 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 8 pontos
8 - Kevin Magnussen (Haas) - 8 pontos
9 - Nico Hulkenberg (Renault) - 6 pontos
10- Pierre Gasly (Red Bull) - 4 pontos
11- Lance Stroll (Racing Point) - 2 pontos
11- Alexander Albon (Toro Rosso) - 2 pontos
13- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 1 ponto
14- Sérgio Pérez (Racing Point) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 87 pontos
2 - Ferrari - 48 pontos
3 - Red Bull Honda - 31 pontos
4 - Alfa Romeo Ferrari - 10 pontos
5 - McLaren Renault - 8 pontos
6 - Haas Ferrari - 8 pontos
7 - Renault - 6 pontos
8 - Toro Rosso Honda - 3 pontos
9 - Racing Point Mercedes - 3 pontos

TRANSMISSÃO:



quarta-feira, 10 de abril de 2019

A CORRIDA 1000

Foto: F1i
Ah, a China. Diferente de alguns que acham ruim o palco da milésima corrida ser em um país sem tradição, não se pode mudar o calendário. Diversidade é tudo. Lógico que Silverstone seria histórico, mas o mundo precisa girar. A China também é um palco histórico onde Schumacher venceu pela última vez e está no calendário desde 2004, onde Rubinho foi o responsável pela primeira vitória.

Bom, o intuito do post é relembrar outras corridas com números marcantes. Vamos lá:

CORRIDA N° 100: GP DA ALEMANHA DE 1961


Foto: Reprodução
A primeira corrida da F1 foi em 1950. Portanto, a centésima edição foi realizada 11 anos depois, no antigo traçado de Nurburgring, na Alemanha. Os carros já estavam no famoso formato das "baratinhas" e o bico tubarão da Ferrari. Phil Hill, da equipe italiana, saiu na pole. No entanto, a vitória ficou com Stirling Moss, da Lotus. Wolfgang Von Trips foi o segundo e estava muito perto de ser o primeiro alemão campeão, mas acabou falecendo semanas depois, no GP da Itália, em um acidente que também vitimou 14 espectadores. O título ficou com Hill e a Alemanha finalmente conheceu seu primeiro campeão apenas 33 anos depois.


CORRIDA N° 200: GP DE MÔNACO DE 1971

Foto: Reprodução YouTube
Mais dez anos se passaram e a F1 já era outra, bem mais moderna, se aproximando dos conceitos da indústria aeronáutica. O palco era luxuoso. Na pista, ficou evidenciado o domínio da Tyrell de Jackie Stewart, que fez a pole e venceu com grande autoridade a segunda das seis etapas conquistadas na temporada que lhe deu o segundo título mundial.


CORRIDA N° 300: GP DA ÁFRICA DO SUL DE 1978

Foto: Reprodução
Na terceira etapa da temporada, Niki Lauda (que deixou a Ferrari após o bicampeonato em 1977) fez a pole com a Brabham. No entanto, a corrida foi marcada por muitas quebras nos ponteiros, começando pelo próprio austríaco. Na sequência, Mario Andretti, Riccardo Patrese e Patrick Depailler sentiram o cheiro da vitória, mas diferentes infortúnios os impediram. No final, sobrou para o sueco Ronnie Peterson vencer na última vitória, ultrapassando o francês. Meses depois, a favoritíssima Lotus de Andretti seria campeã, enquanto que o companheiro sueco faleceria no GP da Itália.



CORRIDA N° 400: GP DA ÁUSTRIA DE 1984

Foto: Reprodução


Em 1984, Brabham, Ferrari e McLaren disputavam o título. O brasileiro Nelson Piquet foi o pole, mas a equipe de Woking formada por Niki Lauda e Alain Prost era superior na corrida. Dito e feito. Em Spielberg, o piloto da casa não tomou conhecimento e escalou o pelotão para vencer tranquilamente pela única vez em casa no ano em que conquistou o tricampeonato por meio ponto de vantagem diante de Prost.


CORRIDA N° 500: GP DA AUSTRÁLIA DE 1990

Foto: Reprodução
A corrida 499 foi marcada pelo bicampeonato de Ayrton Senna no famoso "acidente da vingança" com Alain Prost na primeira curva de Suzuka. O brasileiro largou na pole, mas abandonou no final da prova com problemas no câmbio. Piquet, na Benetton, herdou a liderança. Nas voltas finais, foi atacado pela Ferrari de Nigel Mansell, mas o brasileiro deu uma fechada para garantir a vitória que encerrava aquela temporada.


CORRIDA N° 600: GP DA ARGENTINA DE 1997

Foto: Reprodução
Uma das temporadas mais disputadas da história teve como confronto a Williams de Villeneuve contra a Ferrari de Schumacher. Dominando o início de temporada, o canadense foi o pole, enquanto o alemão saiu em terceiro e abandonou na primeira curva em um acidente com Barrichello, ainda na Stewart. Apesar de controlar a prova toda, Villeneuve teve que superar uma pressão da outra Ferrari, de Eddie Irvine, para vencer. Ele seria o campeão no final do ano depois daquela famosa disputa com o alemão.



CORRIDA N° 700: GP DO BRASIL DE 2003

Foto: Getty Images


Uma das maiores corridas da história da Fórmula 1 também em um número emblemático. Essa você já conhece: início da temporada de 2003 com muito equilíbrio entre Ferrari, McLaren e Williams. Rubinho foi pole e largou com pneu de chuva, apesar de estar nublado. Foi perdendo posições na largada mas depois com o retorno da chuva acabou assumindo a ponta. Enquanto isso, na curva seguinte ao S do Senna, muitos carros batiam forte por ali, incluindo Schumacher, Montoya, Button, Wilson... Rubinho vinha para vencer até que uma pane seca pôs fim ao seu sonho de ganhar em casa. Depois, com a dupla da McLaren na frente, Raikkonen errou, Coulthard parou e de mansinho Fisichella assumiu a liderança com a Jordan. Webber e Alonso bateram forte na subida do Café, o que interrompeu definitivamente a corrida. Um erro foi feito e a vitória foi dada para Raikkonen, o que só foi desfeito de fato na corrida seguinte, em Ímola. A última vitória da Jordan.




CORRIDA N° 800: GP DE CINGAPURA DE 2008

Foto: Divulgação
Outra corrida histórica e que vocês já sabem a história. Primeira corrida em Cingapura, primeira corrida noturna e a disputa entre Massa e Hamilton. O brasileiro largou na frente e liderava tranquilo até que Nelsinho Piquet bateu de propósito e provocou um Safety Car para beneficiar Alonso. Na parada, a mangueira de combustível ficou e o brasileiro se ferrou. Alonso venceu pela primeira vez no retorno a Renault e no ano seguinte ficou comprovada a farsa.




CORRIDA N° 900: GP DO BAHREIN DE 2014

Foto: AUSmotive.com
Esse eu também já falei e não faz muito tempo. No início da era híbrida, Rosberg e Hamilton duelavam pelo topo. A corrida ficou marcada pela disputa dos dois, onde o inglês segurou até o fim para vencer, com Sérgio Pérez surpreendendo com a Force India e fechando em terceiro.



Bem, essas foram as corridas do 100 até o 900. Vejamos como será a milésima e espero estar por aí na 1100, 1200... até!




quarta-feira, 3 de abril de 2019

O FENÔMENO MICK E O EXAGERO

Foto: Grande Prêmio
Ser filho do maior piloto da história sempre vai render um buzz a mais. Para o bem e para o mal. Desde o ano passado, quando arrancou rumo ao título na F3 Europeia, Mick se vê cercado por diversos repórteres, uma coisa até desproporcional, comparável a grandes astros como Lewis Hamilton e Sebastian Vettel. Tudo pelo sobrenome, é claro.

Não me entenda mal. Não estou dizendo que Mick é ruim, pelo contrário. Graças ao seu trabalho, assinou com a academia da Ferrari e nesta terça-feira andou com a Ferrari pela primeira vez na vida. Amanhã é a vez da Alfa Romeo. É claro que a relação Ferrari-Schumacher sempre vai ser icônica.

O que quero dizer é que a Liberty usa Mick como grande chamariz da categoria sendo que ele sequer está lá, mas o motivo é compreensível. Ser filho de Michael, ainda mais com o pai na situação que vive e pela representatividade que tem, sempre vai ser um chamariz, principalmente para o público médio. Estamos falando mais de Mick do que os outros tópicos do automobilismo, muito mais por ser quem ele é do que pela sua boa capacidade e isso não é uma crítica, é algo normal, da lógica de quem vende e de quem compra.

É claro que aqueles mais hardcore se irritam com tamanho hype por alguém que ainda não mostrou de fato a que veio. Isso é verdade. No entanto, para reforçar esse valor, começam os extremismos: Mick só é o que é pelo sobrenome. Se ganhar, é porque tem o melhor carro e houve ajuda, se perder é fraco. Assim fica fácil. Do outro lado, já tem gente imaginando que ele vai igualar e honrar o nome do pai e que já deve ir para a Ferrari no lugar do Vettel. Calma.

Foto: Getty Images


O fenômeno Mick Schumacher é fantástico. Junto com a devida utilização das redes sociais pela Liberty, é um grande combustível para atrair novos fãs e interatividade. Além do mais, pode cativar aquele que está desgostoso, os nostálgicos. Pois bem, é impossível não lembrar do pai e ver o filho hoje no mesmo lugar. É uma lembrança gostosa, dos tempos de infância, de relembrar o ídolo. Falo isso por mim. Eu acho fascinante e histórico. Mick correndo com Max Verstappen, Alonso e Raikkonen numa mesma sessão. Estamos em 1994, 2003 ou 2019? É incrível!

No entanto, o exagero desse fenômeno é muito tóxico, para usar um termo da moda pela internet. Mick não vai ser Michael. Se for Ralf, já é um grande feito. Se vai ser? Não sei. Precisa provar na F2. Todos os jovens testam pelas grandes equipes e isso não quer dizer que entraram na Fórmula 1. Nem ao céu e nem a terra. Deixem Mick se desenvolver, como disse Vettel.

Agora, que ele é um personagem fascinante por tudo o que representa em passado, presente, futuro e as lembranças desses tempos isso é inegável, mas tenho certeza que a Ferrari e aqueles que administram sua carreira vão se deixar levar pela emoção e nostalgia. Sem exageros, pessoal. Sigo, como fã incondicional de Schummy, na torcida para que Mick se desenovolva da melhor forma possível na carreira, mereça e conquiste os resultados pelo seu talento e esforço.

Até!

terça-feira, 2 de abril de 2019

LEGADO MANCHADO

Foto: Toru Hanai/Reuters
Legado é uma expressão que ficou comum por aqui durante e depois da Copa de 2014, aqui no Brasil. Por falar na modernidade, hoje acompanhamos todos os detalhes em todos os ângulos em tudo, incluindo a Fórmula 1, obviamente.

Existem muitas discussões sobre quem é "o pior campeão" ou aquele que não está no nível dos grandes. É claro que ninguém que vence é ruim ou é na sorte, mas é óbvio que existem diferenças de nível.

Sebastian Vettel faz parte da era moderna, viveu os benefícios e agora os malefícios da modernidade, imediatismo e redes sociais da qual ele não faz questão de viver (e faz certo). Surgiu como fenômeno e prodígio na BMW Sauber, confirmou na Toro Rosso e na Red Bull. Avassalador. Campeão mais jovem. Tetracampeão mais jovem. Muitas vitórias, dominância à la Schumacher. Tudo se encaminhava para ser um dos dois ou três maiores da história sem discussão.

Até que chegou 2014. Ao ser superado impiedosamente por Daniel Ricciardo, os detratores voltaram a dizer que "Vettel só venceu graças a Newey". Veio 2015 e, tentando repetir o ídolo alemão, foi para a Ferrari. O primeiro ano foi ótimo. Três vitórias e quase vice-campeão com um carro ainda bastante inferiorizado em relação ao Mercedes.

Aí veio 2016 e o que antes era apenas uma questão da juventude virou um defeito gravíssimo de Vettel: a instabilidade emocional, fugindo até do estereótipo do alemão, sempre considerado frio. Na hora decisiva, Vettel simplesmente não pensa mais no todo e tenta dividir as corridas nas questões pontuais.

Além da questão psicológica, agora vem a questão técnica: na Austrália, a Ferrari teve que segurar Leclerc atrás dele. No Bahrein, os italianos tentaram fazer a mesma coisa, mas o monegasco deu de ombros, foi pra cima e sumiu. Em duas corridas, já está 26 a 22.

Se no auge Vettel já era contestado, imagina agora que está na decadente... Isso é normal. Cada piloto tem seu pico. O alemão foi tetra aos 26. O auge foi ali, no máximo até 2015. Hamilton atingiu só agora depois de alguns anos bem erráticos. Schumacher voltou depois de quatro anos, com lesão cerebral, reflexos diferentes e com uma nova F1 e também foi duvidado por alguns, embora discorde, obviamente.

O que eu quero dizer é que Vettel é uma grande vítima da modernidade. Nenhum campeão ou multi foi tão questionado igual ele está sendo, até com uma certa justiça. No entanto, é importante frisar também os grandes feitos do alemão. Um cara com esse pedigree nunca pode ser subestimado, mesmo por baixo.

Por outro lado, mesmo tetracampeão, é perfeitamente possível discutir Vettel com outros campeões, como por exemplo o contemporâneo Alonso. Mesmo com metade dos títulos, pra mim o espanhol foi o melhor. Só não foi mais porque implodiu a própria carreira. Hamilton, no auge, o superou no início e durante o declínio. Aquele Hamilton de 2010, 2011 e 2012 talvez não conseguisse bater o alemão em carros iguais naquela época.

Bom, nenhum grande campeão foi tão questionado quanto Vettel, a grande vítima da modernidade e também por seus erros na pista. Um campeão com o legado um pouco manchado, sem dúvida alguma.

Concordam? Discordam? Comentem!

Até!

segunda-feira, 1 de abril de 2019

CRUELDADE

Foto: Getty Images
A Fórmula 1 é um grande espelho da vida: é injusta e depende na maioria das vezes de status, poder, dinheiro e por último talento e capacidade. No entanto, o imponderável pode ser um grande atrativo, por mais que às vezes seja de forma quase unânime que ontem não era para ser assim.

Charles Leclerc foi o primeiro monegasco da história a fazer uma pole position, o 99° piloto diferente na corrida número 999. Largou mal e foi superado por Vettel e Hamilton. No entanto, manteve-se calmo e em questão de tempo recuperou as posições e estava passeando no deserto. Seria uma vitória maiúscula, com autoridade, mostrando o potencial que tem e sua ascensão não foi precipitada pelo finado Sérgio Marchionne. Mas...

Um problema no sistema de recuperação de energia na parte final da prova fez Leclerc se arrastar e perder potência. Como consequência natural, era para Vettel assumir a liderança e vencer. No entanto, o alemão segue no inferno astral ininterrupto desde 2017. Foi superado na estratégia, ultrapassado por Lewis Hamilton e rodou. Como consequência, a vibração nos pneus, principalmente os dianteiros, fez com que o alemão perdesse o bico em plena reta, precisando voltar para os boxes. Esta é apenas uma palhinha do texto que escreverei mais tarde somente sobre Seb. Voltemos para Leclerc.

Foto: Getty Images
Sem potência e com Vettel mais uma comprometendo, a vitória caiu nas mãos de Lewis Hamilton. Mais uma vez, a Mercedes é dominada e mesmo assim faz dobradinha, graças a erros e problemas da Ferrari. Depois de duas semanas, começa a fazer sentido o fato do motor italiano ter trabalhado em menor rotação na Austrália diante do temor em acontecer problemas iguais ao do monegasco. Alguns até dizem que somente Leclerc correu com potência máxima, enquanto Vettel manteve o "modo Austrália". Difícil saber. O que podemos ver é que é muito preocupante a Ferrari ter um bom conjunto e um motor inconfiável, lembrando a própria Mercedes na época da McLaren na década passada. Se continuar assim, os alemães vão vencer quando tiverem e quando não tiverem também o melhor conjunto, aí o campeonato já estaria morto. Duro golpe para os italianos, que precisam de respostas visando a parte europeia da temporada.

Graças ao estranho Safety Car causado pelo também estranho duplo abandono simultâneo das Renault, com pane elétrica, o destino não foi tão cruel com Leclerc, que conseguiu segurar a terceira posição diante de Max Verstappen diante do fato de que a corrida terminou com o SC, ou talvez tenha sido sim cruel, porque ir para pódio em terceiro (o melhor resultado e primeiro pódio de Leclerc) depois de dominar a corrida é pior do que chegar em quarto. Um baque muito grande evidenciado para as câmeras do mundo inteiro.

Foto: Getty Images
Crueldade também para o holandês, que viu seu pódio iminente ser interrompido pela quebra das Renault. No entanto, para alguns, pode ser karma também: em uma disputa com Sainz, o espanhol teve o bico danificado e a corrida comprometida. A McLaren, aliás, foi o grande destaque positivo da semana. Mais uma vez, Lando Norris fez uma ótima corrida e garantiu os primeiros pontos da equipe no ano. O chassi evoluiu e é possível sonhar com pontuações mais frequentes no decorrer do ano.

Raikkonen parece muito estabelecido e regular na Alfa Romeo, que ainda está atrás da Renault. Aliás, o pelotão do meio é uma briga encarniçada, onde as características de cada carro em cada circuito é que irão fazer a diferença. O abandono das Renault permitiu que Albon pontuasse pela primeira vez na categoria, assim como Gasly pela Red Bull (extremamente e preocupantemente abaixo de Verstappen) e Pérez no ano.

A Williams segue em outro ritmo, com Kubica sendo um saco de pancadas do jovem competente Russell. Como escrevi na sexta, que a volta de Patrick Head possa ser um reencontro com o próprio passado, embora isso vá demorar bastante.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!