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Quanta coisa mudou desde então,
né? Apesar de todo o esforço da Red Bull em perder o campeonato em uma queda
vertiginosa à la Williams 1997 (coincidentemente quando também um certo Adrian
Newey deixou o time), a McLaren está mais preocupada com os construtores do que
tentar impedir o tetra de Max. Os motivos? Vou desenvolver em outro texto, mas
talvez a equipe sinta que Lando Norris não vai ser o cara.
Bom, desde então, muitas mudanças
para os assentos da F1. Ocon, chutado da Alpine, vai ser o líder da Haas. Com
poucas opções, é melhor escolher certos lugares do ficar a pé, ainda mais que o
francês não é mais garoto e a fama de péssimo companheiro de equipe já pesa
para algumas avaliações. Na Haas, é agora ou nunca para tentar ter uma
relevância que nunca conseguiu ter, de fato, na categoria.
Seu parceiro será Oliver Bearman.
Não é novidade, por dois motivos: é da academia da Ferrari, já tinha corrido
pela equipe na Arábia Saudita e feito outros testes com a própria equipe. Ok,
foram três. Os americanos mudam o perfil: saem dois experientes, entram um
jovem experiente e um novato. O inglês é o legítimo caso de estar no lugar
certo e na hora certa. A oportunidade passou e ele agarrou. O que esperar?
Paciência para 2026.
Passamos para os próximos passos,
muito mais surpreendentes. Primeiro, começamos por Franco Colapinto. Muito
remotamente, acompanhei ele na F3 e sempre foi dito que era um piloto
talentoso, rivalizando com outros expoentes que já subiram.
Além do fato de ser o primeiro
argentino na categoria desde Gastón Mazzacane em 2001 (quem não lembra da
histórica ultrapassagem no Hakkinen em Indianápolis 2000?), o mais interessante
foi a escolha do time agora capitaneado por James Vowles, ex-Mercedes.
Por ainda usar os motores
Mercedes, uma gestão mais antiga teria perfeitamente optado por antecipar a
estreia de Kimi Antonelli no time no lugar do Sargeant, até pela estreita
relação de Vowles com Toto Wolff, ex-acionista de Grove. No entanto, a Williams
escolheu por alguém da própria academia de pilotos, a exemplo do que fez com o
americano.
É uma grande oportunidade para
Colapinto. Mesmo com prazo de validade e esquentando o robusto banco de Carlos
Sainz, nunca se sabe o dia de amanhã. O próprio espanhol está lá por falta de
opção, assim como Albon. Vai que de 2026 em diante o mercado mude... o
argentino, se fizer o básico, que é não bater igual Sargeant, fica bem
posicionado para continuar sendo reserva. Além do mais, pode continuar
impressionando na F2. Um movimento surpreendente, interessante e ambicioso da
Williams, que tenta voltar aos áureos tempos.
Por fim, a Alpine. Depois de
perder Piastri e Alonso, a equipe entrou numa espiral negativa. 2024 é um
desastre, que culminou na relação Gasly e Ocon, que já era horrível na base.
Nem o fato de serem compatriotas numa equipe francesa poderia diminuir esse
impacto. Pelo contrário. Tudo ficou pior, começando pela equipe de Enstone ser
uma bagunça administrativa. Tanto é que optaram pelo retorno dele, Flavio
Briatore. Até pensei em escrever algo sobre como poderia ser positivo a volta
de um personagem emblemático, talvez o último que represente a F1 antes de ser
subjugada pelas montadoras, mas também mostra que, na Europa, não é só na
Itália que tudo termina em pizza.
Jack Doohan. O quanto o sobrenome
do pai, pentacampeão da Moto GP, pode ter pesado nisso? Bom, além disso, os
franceses optaram por alguém da academia de pilotos. Piastri não podia, mas
Doohan, de resultados não tão chamativos na base, esse ano está apenas como
reserva do time, sem ritmo e inexperiente para a categoria.
Qual é o dedo de Briatore nessa
escolha? Tudo fica muito estranho, principalmente se considerar que Doohan
disputou a vaga contra Mick Schumacher e tudo isso só aconteceu porque Sainz
preferiu ir para a Williams do que voltar para a ex-Renault. Tempo de contrato
e projetos foram os motivos, provavelmente.
A verdade é que a Alpine é um
barco a deriva que nunca navegou na direção certa. A volta de Briatore é uma
tentativa desesperada de correção de rumos. No entanto, qual a verdadeira
jogada por trás disso? Usar Doohan igual Grosjean e Nelsinho na década passada?
Não tem um Alonso ou um líder dessa vez, Gasly passa longe desse perfil. Não me
parece também que Doohan seja um Kovalainen, alguém que sobreviva na F1 sem o
apoio da Alpine/Renault.
Na Mercedes, a escolha foi por
Kimi Antonelli. Wolff nunca considerou outro nome. Se olharmos agora que o
anúncio foi feito, tudo faz sentido. Acelerar o italiano direto para F2 era uma
prova de como os alemães enxergam esse prodígio. É um passo grande, mas somente
os grandes já fizeram isso. Lembremos de Kimi Raikkonen, Max Verstappen e até
mesmo Valtteri Bottas pulou etapas para chegar na categoria.
Apesar de altos e baixos na F2, o
que é normal, Antonelli está em crescente. A real é que o desempenho na base
importa pouco se você é visto como um fenômeno, como parece ser o italiano.
Escrevi aqui que ele é o novo Verstappen, ou ao menos ninguém teve tanto
impacto na base desde a ascensão do holandês.
Tantos fenômenos da base não
viraram nada, como por exemplo Wehrlein. Sainz nunca foi um primor e chegou na
F1 com o sobrenome e o apoio da Red Bull. Virou até piloto da Ferrari. Junto
com Russell, é uma dupla jovem e apostas de talento para o período pós-Hamilton.
Um perfil distinto do que levou os alemães para o tempo. Os dois vão precisar
de tempo, mas se Antonelli confirmar o que promete, teremos um novo talento
geracional para brigar e quem sabe destronar Max Verstappen.
Os casos apresentados aqui
concluem o óbvio. A era que eu tanto temia chegou com tudo na F1. Para os
novatos, a porta de entrada é uma só: academia de pilotos. Isso vale mais do
que títulos ou desempenho na base. Claro, se você tiver muito dinheiro nem isso
é necessário, como vemos no caso de Stroll.
Com apenas uma vaga restando para
2025, na Sauber/Audi, resta saber qual vai ser o critério da escolha dos
alemães/suíços: com Hulkenberg, a cota experiente está preenchida. A outra
metade será jovem de academia, jovem endinheirado ou um mix?
Gabriel Bortoleto, com a McLaren
e agenciado por um certo Fernando Alonso, pode ser uma mistura de talento,
academia e bom trânsito no paddock de seus resultados, personalidade e, claro,
seus representantes.
Até!