Mostrando postagens com marcador 2022. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador 2022. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de dezembro de 2022

DANÇA DOS CHEFES

 

Foto: Divulgação/Ferrari

A F1 luta com unhas e dentes para manter alguma relevância em meio a Copa. No período de férias, onde as atividades só retornam a partir de meados de janeiro, é natural o marasmo. Os pilotos estão definidos, mas hoje foi um dia cheio na parte diretiva de algumas equipes, especialmente os chefões.

Começando por ontem. Jos Capito deixou o comando da Williams depois de dois anos. Ele foi o escolhido pela administração da Dorilton Capital, que comprou a equipe de Claire Williams, lá em 2020. Foi uma peça importante para o início da reestruturação da equipe. Em declarações oficiais do time de Grove, a impressão é que o espanhol vai se aposentar. 

Não há um nome definido ou especulá-lo para substituí-lo, mas Capito é um cara de currículo no automobilismo, em diversas áreas da F1 e em outras categorias. Vai ser necessário um cara experiente e de liderança para que a Williams dê o próximo salto na hierarquia.

Continuando pelo passado. Conforme publicado pela imprensa europeia e repercutido por aqui, a Ferrari anunciou Frederic Vasseur como substituto de Mattia Binotto. O agora ex-Alfa Romeo assume a mítica equipe italiana a partir do dia 9 de janeiro.

Vasseur sobe um patamar na carreira. Acostumado a projetos de longo-prazo sem tanta pressão e com jovens pilotos, agora ele pega algo completamente diferente do que está acostumado. A cobrança por vitórias e desempenhos será insana. Diferentemente de Binotto, Vasseur é calejado na função, o que é uma vantagem importante. Um toque fresco e o jeito de liderar pode ser outro trunfo. A questão é: Vasseur precisa definir que Leclerc está no topo em relação a Sainz. Ajustando isso, a Ferrari pode concentrar ao invés de dividir esforços na empreitada de sair das filas que está há tanto tempo.

Bom, com isso a Alfa Romeo ficou sem pai e nem mãe, mas foi por pouco tempo: instantes depois, a Sauber, que controla a equipe, anunciou que Andreas Seidl será o CEO da equipe, deixando a McLaren. Uma decisão surpreendente, mas que obviamente tem a ver com o futuro.

O alemão Seidl vai ser o cara responsável pela transição entre Alfa Romeo, Sauber e a chegada da Audi, provavelmente. A experiência na McLaren vai ser importante para identificar os pontos fortes e fracos para, a partir da chegada da gigante alemã, também começar a pensar adiante. O alemão já vinha falando em deixar o time, mas deixar a McLaren não deixa de ser surpreendente.

E a McLaren? No efeito dominó, os britânicos também foram rápidos: a solução caseira. O italiano Andrea Stella, que foi por muito tempo engenheiro de pista de Fernando Alonso, foi alçado a chefe do time de Woking. É um cara acostumado a estratégias, mas também vai ser a estreia nessa função tão importante. A McLaren briga com a Alpine pela quarta força. 

Claro que não é nenhuma Ferrari e Stella é um cara de muita rodagem nesse universo, mas todo cuidado é pouco. A McLaren, que busca continuar avançando, também foi ousada. A conferir.

E assim a F1 continua nos surpreendendo, dentro e fora das pistas. No aguardo do novo chefe da Williams e tentando desligar a chavinha e para recomeçar somente em 2023. Ainda há um post inédito por aqui, mas nada de muito importante, apenas relembrar alguns jovens que talvez já estivessem alienados durante a Copa.

Até!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ANÁLISE DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! Agora vem a parte final da análise da temporada 2022, com os pilotos da Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas.


Foto: Getty Images

Pierre Gasly – 6,5 = O grande fato do francês foi ter conseguido um up na carreira, indo para a Alpine. A Red Bull B é um tubo de ensaio. Não deu pra fazer nada marcante. Gasly apareceu mais nos noticiários do que propriamente na pista, e não é culpa do francês. É que realmente a Alpha Tauri não fez nada de minimamente notável para ser escrito aqui.

Yuki Tsunoda – 6,5 = A mesma coisa que Gasly. O japonês erra mais, é menos regular, é inferior a Gasly. Segunda temporada na F1 e vai ganhar a terceira porque a Red Bull não tem opções na base. O mais curioso é que, agora, Tsunoda vai ser o líder do time, teoricamente falando. Precisa mostrar mais, mesmo que o carro não permita grandes holofotes. Regularidade é o caminho.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel – 7,0 = A temporada de despedida do tetracampeão começou difícil. Ausente por covid, demorou a se adaptar ao carro ruim da Aston Martin. Com o tempo, o carro melhorou timidamente e Vettel conseguiu tirar um pouco mais do carro. Agora ex-piloto, não há muito mais o que dizer sobre Seb por aqui, ainda mais numa análise “técnica” diante desse contexto.

Lance Stroll – 6,5 = A mesma coisa de Vettel. Melhorou no fim, ainda se envolve em acidentes e vai ter outro campeão do mundo como parceiro de time. Em tese, corre sempre leve, porque é o filho do dono. Não há muito o que escrever sobre, também. Mantenho a mesma opinião dos anos anteriores.


Foto: Motorsport Images

Nicholas Latifi – 5,5 = O dinheiro não é mais útil e foi uma chicane ambulante. O pior piloto do grid, ainda assim teve dois destaques: Inglaterra e a corrida onde pontuou. Mesmo assim, conseguiu o feito constrangedor de ser o último do time a chegar nos pontos. Latifi cumpriu “bem” o papel dele e agora não serve mais para a F1. Que seja feliz em outro lugar.

Alexander Albon – 7,0 = Carregou o time, mesmo com um ano de ferrugem na categoria. Estratégias diferentes e bom ritmo. O carro é ruim e o companheiro não é um bom parâmetro, então o tailandês nascido e criado na Inglaterra se saiu muito bem, até fora desse universo. Ele e a Williams podem melhorar para que consigam pontuar mais vezes e sair do fim do grid.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 7,5 = Começou muito bem o ano, somando todos os pontos possíveis para a surpreendente Alfa Romeo. O desempenho caiu e o finlandês enfrentou muitos problemas, mas acabou mostrando toda a excelência de ter sido piloto de alto nível por tantos anos na Mercedes. Bottas vai ser fundamental nessa transição da Alfa Romeo/Sauber/Audi. Ele precisa se mostrar apto para ser uma peça chave no longo-prazo.

Guanyu Zhou – 6,5 = Ano de estreia é sempre difícil, ainda mais em um novo regulamento. Se não foram muitos pontos em comparação a Bottas, o chinês não comprometeu. Faltou ritmo ali e aqui, normal para quem é novo e inexperiente, mas teve uma certa regularidade. Precisa mostrar mais na segunda temporada. A pressão na F1 é brutal e a dose de paciência e encorajamento que teve agora certamente vai diminuir com o passar do tempo. Hora da afirmação.

Foto: Getty Images

Mick Schumacher – 6,5 = Alguns pontos, muitas batidas e muita irregularidade. Já escrevi sobre Mick por aqui, mas a chegada de Magnussen mudou o parâmetro de avaliação, onde o alemão não se mostrou pronto até aqui. Poderia até ter um último ano definitivo, mas a equipe não entendeu assim e, convenhamos, Mick não se ajudou.

Kevin Magnussen – 7,0 = Um retorno inesperado e um desempenho inesperado. Na fogueira, praticamente sem tempo para se readaptar, o dinamarquês foi na prática o líder do time. Fez o que Mick deveria ter feito. Somou a grande maioria dos pontos em uma equipe que começou surpreendentemente na zona de pontuação e depois fez o que pode quando a queda óbvia se concretizou. Cheio de dinheiro e de moral, principalmente após Interlagos, Magnussen retoma o status de líder da equipe de Gene Haas em um espaço cascudo, experiente. Vai ser fundamental para dar o próximo passo do time administrado por Gunther Steiner.

Gostou? Concorda? Discorda? Faça a sua análise também!

Até mais!




segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

ANÁLISE DA TEMPORADA 2022: Parte 1

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! 2022 terminou, então está na hora da tradicional análise dos pilotos do fim do ano. Nesta primeira parte, vou escrever sobre os pilotos da Red Bull, Mercedes, Ferrari, McLaren e Alpine. Confira!


Foto: Getty Images

Max Verstappen – 9,5 = Temporada quase perfeita. Max fez tudo o que podia, do início ao fim. Contou com a incompetência dos rivais e o grande trabalho da equipe. Os únicos poréns que se pode escrever foram as quebras e Interlagos, onde não se esforçou para evitar o incidente com Hamilton e desrespeitou uma ordem de equipe em prol de Pérez.

Sérgio Pérez – 8,5 = O mexicano evoluiu, mais adaptado ao time, mas continua muito vagalume. No início do ano, chegou a andar no mesmo nível ou mais que Max, mas depois foi sumindo, ficando irregular, o carro mais a feição de Max e isso culminou na perda do vice-campeonato. Mesmo assim, na temporada mais vencedora da carreira, não dá pra falar que foi um ano ruim. A questão é que a régua é muito alta, e Checo precisa estar a altura. Brigas internas públicas não vão ajudá-lo nesse objetivo.


Foto: Getty Images

Lewis Hamilton – 8,0 = Em números, a pior temporada de Hamilton na carreira. Sexto lugar no campeonato, zero poles, zero vitórias e superado pelo novo companheiro de equipe. Assim, parece um desastre. Talvez seja, considerando a régua do heptacampeão. No entanto, Hamilton teve bons momentos no ano, quando não teve azar. Ao seguir outro desenvolvimento para o carro, mais árduo, Lewis sacrificou 2022. Resta saber se isso vai valer a pena para 2023.

George Russell – 9,0 = Um ano espetacular para o estreante na Mercedes, pulando para novos parâmetros e etapas. Simplesmente bateu em Lewis Hamilton em todos os aspectos: vitórias, poles e pódios. A consistência resume tudo. Russell mostra estar pronto para disputar coisas maiores porque mostrou perfil para isso. Só falta a Mercedes voltar a dar um carro capaz disso.


Foto: Getty Images

Carlos Sainz – 7,5 = Pra quem teve o melhor e o segundo melhor carro durante o ano, ser apenas o quinto na temporada é pouco. Muitos erros. Parece que Sainz travou quando precisou assumir maiores responsabilidades. Até mesmo a primeira vitória da carreira veio em circunstâncias equivocadas da Ferrari em relação ao todo. Talvez o espanhol não seja o cara para brigar em disputas de protagonismo, mas os italianos não ajudam os pilotos.

Charles Leclerc – 8,5 = Começou o ano com tudo. Parecia ser o grande nome da temporada. Finalmente a hora de brilhar. No entanto, sucumbiu juntamente com a Ferrari. Erros da equipe e também do monegasco, que se mostrou frágil mentalmente nas grandes disputas, principalmente no mano a mano com Max. Em 2019, acreditava que Charles era um piloto maduro, veloz, consistente e talentoso. Está faltando consistência e equilíbrio emocional para o próximo passo, que é brigar pelo título, ao invés de ser apenas um piloto rápido.


Foto: XPB Images

Lando Norris – 8,5 = O melhor do resto. O único do resto que foi para o pódio. Só isso resume a excelência da temporada de Norris na McLaren. As coisas não começaram positivas, mas o inglês foi o único a conseguir evoluir, correndo praticamente sozinho na disputa dos construtores e também o motivo pela qual a McLaren perdeu um lugar na hierarquia das equipes. Lando é o presente e líder do time. Um piloto confiável, seguro e muito eficiente.

Daniel Ricciardo – 5,5 = Um dos maiores salários da F1 vai ser pago para não correr em 2023. No ano sabático ou o primeiro de ser aposentado, Ricciardo conseguiu ser pior que ano passado. Não teve vitória para mascarar o desempenho que não teve. O mais triste é que nem o australiano sabe os motivos, mas não tinha o que fazer. A saída era a melhor coisa para os lados. Ricciardo precisa se recuperar mentalmente antes de pensar em voltar. O talento precisa estar ali, não é possível que ele tenha desaprendido a pilotar competitivamente.

Foto: Getty Images

Fernando Alonso – 7,5 = O desempenho de sempre, mas também sempre prejudicado por azares e problemas alheios do time, que não queria sua continuidade. O ambiente hostil com Ocon no final também não ajudou. O importante é que Don Alonso, mesmo com mais de 40 anos, mantém o talento e a performance. Agora, um novo desafio improvável: a desorganizada Aston Martin. Não há mais tempo.

Esteban Ocon – 8,0 = O típico piloto que aparece pouco na transmissão, mas sempre entrega o que precisa. Outro que foi muito regular na temporada. O brilhantismo era sempre manter o ritmo e os pontos necessários. O tempo mostrou que o francês não é tão brilhante quanto pintavam, mas ainda assim será o líder de uma equipe de fábrica mesmo sendo tão jovem, justamente porque é regular.

Essa foi a primeira parte da análise. Concorda? Discorda? Em breve, volto com a parte 2!

Até!


terça-feira, 29 de novembro de 2022

PARA MUDAR DE ROTA

 

Foto: Getty Images

Estagiário, engenheiro-chefe, diretor-chefe, diretor-técnico e chefe de equipe. Em 28 anos, Mattia Binotto ascendeu ao topo da estrutura da Ferrari, mas a trajetória encerra-se em dezembro. Ele pediu para sair.

A imprensa italiana já falava disso há semanas. O favorito para assumir seu lugar é Frederic Vasseur, da Alfa Romeo.

Binotto permaneceu como chefão da equipe por quatro temporadas. Substituiu Arrrivabene, que tinha substituído Marco Mattiacci, que substituiu Luca di Montezemolo. A verdade é que, diante da decadência e da Ferrari cada vez mais aumentar o jejum de títulos, o cargo virou uma batata quente.

Desde empresários a pessoas mais ligadas a política, Mattia Binotto foi colocado ali porque era o responsável pelo motor italiano, onde a Ferrari fez grande avanço e bateu de frente com a Mercedes no quesito, chegando a superá-los. Era alguém técnico, que entendia o processo e era um novo perfil de liderança.

Entre os altos e baixos, a Ferrari teve mais altos. Saiu de segundo posto até o polêmico acordo sobre os motores, teve um 2020 vexatório e se reergueu. Era a favorita na pré-temporada. Duas vitórias nas três primeiras corridas. O problema de Binotto foi a questão, justamente, política. As entrelinhas.

Lidar com uma reestruturação, onde não há muita pressão pelo protagonismo, é uma coisa. Binotto e a Ferrari lidaram com isso muito bem. A Ferrari voltou a ser protagonista, a fazer poles, a vencer. Binotto e a Ferrari sucumbiram com o próximo passo: a excelência, a regularidade.

Com a Mercedes fora do caminho e a Red Bull ainda cambaleante, a Ferrari teve a grande chance de disparar no campeonato. Isso não aconteceu. Claro que Sainz e Leclerc tiveram seus erros, mas o problema foi de gestão. Inexperiência no setor e também em voltar a disputar, de fato, pelas taças.

Faltou priorizar um piloto e estratégias. Todos sabem que Leclerc é superior a Sainz, mas a prática não foi feita. Claro que é uma situação difícil internamente, mas decisões difíceis são necessárias, e Binotto falhou. Não bancou Leclerc e, a partir daí, a relação desandou.

Claro que a prioridade é manter o monegasco, mesmo que ele também não tenha se ajudado na temporada. Binotto precisava sair. Falta pulso. Foi importante em um processo e, agora que a Ferrari necessita do próximo passo, precisa buscar um profissional que preencha esses requisitos.

Vasseur pode ser esse cara. Experiente nas equipes de base, lidou com jovens campeões. Na Alfa Romeo, também define prioridades. Claro, tem menos obrigações, mas não é fácil lidar com a loucura do meio da tabela, onde cada ponto vale milhões para os orçamentos e a sobrevivência da equipe.

Binotto precisava sair. Acredito que, em breve, pela importância interna que teve na Ferrari, possa voltar. Talvez outras equipes fiquem de olho para o futuro. Mattia vestiu a camisa, aceitou o desafio e tentou, mas seu lugar é na parte interna, e não na liderança. Alguns tem essas características, outros não.

E, como falam os jovens: tá tudo bem.

Até!

segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O REAL SIGNIFICADO

 

Foto: Getty Images

A despedida de Sebastian Vettel teve elementos muito interessantes. O post não é sobre a carreira e o legado do tetracampeão, que já foram exaustivamente destacados ao longo do ano, quando o alemão anunciou que estava se retirando.

O simbolismo do fim ficou evidenciado em duas ações da semana. O jantar organizado por Lewis Hamilton. Um grande gesto. Reuniu todos os pilotos, sem exceção. Ali não era lugar para as birras.

Vettel, mesmo campeão e muitas vezes impulsivo nas disputas, principalmente com Hamilton naquele incidente do Azerbaijão, conseguiu mudar a visão enquanto competidor com os adversários. Claro, não ser protagonista ajuda. A vilania é substituída pela empatia, o humor, o carisma e o cuidado que o alemão tinha com todos, da saúde até as condições de pista. Foi uma das vozes dos pilotos, conforme foi amadurecendo e virando o que virou na categoria.

O reconhecimento do heptacampeão não é somente pelo número ou pela promoção pessoal. Há algo genuíno porque Vettel foi praticamente a única figura relevante a defender o heptacampeão em suas empreitadas durante a F1 dos últimos anos, principalmente na pandemia.

Desde os gestos antirracistas, os protestos pelo mundo, a luta por um esporte e uma sociedade mais igualitária e sem se calar perante aos absurdos da FIA, como encher o saco sobre piercings, Vettel foi um importante aliado. Seb não precisa de holofotes. Só criou rede social para anunciar que estava saindo e colocando luz em outra paixão: a questão ambiental, a preservação do nosso mundo.

Sai o piloto, vem o “ativista”, o “militante”. Não quero usar de forma debochada ou negativa essas palavras, que fique evidente para todos. É o novo capítulo de Vettel. Hamilton percebeu a outra luta do alemão. Ele não precisa ser tão vocal ou midiático. Mesmo discreto é o suficiente porque é Sebastian Vettel. Por isso o respeito genuíno de Lewis Hamilton.

Outra questão mais surpreendente foi Alonso. A rivalidade visceral da década. Tudo bem, o espanhol levou a pior em todas, mas foi o cara que mais fez Vettel suar lá no ápice, desde a pista até os famosos “jogos mentais” do bicampeão, que enfrentava um jovem que, no fim da jornada, virou um homem tetracampeão.

Por isso se alguém voltasse com uma máquina do tempo para Interlagos, em 2012, e falasse que:

- Em dez anos, Vettel se aposenta e Alonso vai correr com um capacete em homenagem ao alemão!

A reação seria de risadas ou simplesmente achar o autor da frase um lunático. O gesto surpreendeu porque sim, a rivalidade diminuiu, os dois viraram coadjuvantes do grid, mas nunca houve essa “amizade”.

Não digo que foi um gesto falso. Alonso também sabe manipular o jogo da atenção. A questão é o seguinte:

Hamilton e Alonso são os mais experientes no grid. Os únicos contemporâneos. Por razões diferentes, o mesmo efeito: a saída de Vettel simboliza uma parte deles que se vai junto.

Tal qual Nadal e Djokovic sentindo que a aposentadoria de Roger Federer é um pedaço da rivalidade, dos bons e dos maus momentos indo embora, um tetracampeão dar adeus ao esporte é um recado não só para os campeões, mas sim para todos nós: o tempo é implacável.

Até!


terça-feira, 22 de novembro de 2022

A ESPADA

 

Foto: Getty Images

O sobrenome, a influência, o dinheiro. Por incrível que pareça, existem malefícios e grandes responsabilidades quando alguém com essas características se aventura em qualquer área.

Não é uma romantização de nada, até porque chegar lá já é extremamente difícil. Muitos certamente não mereciam uma chance se não tivessem essa série de vantagens, mas que culpa eles têm? São raros os casos onde a competência caminha lado a lado.

Um exemplo na F1 são os Hill e os Rosberg. É evidente que os filhos tiveram um pouco mais de facilidade para chegar na categoria, mesmo Damon, que estreou na F1 com mais de trinta. A partir de uma série de obstáculos que são pulados, o resto depende do dito talento de quem foi alçado a aquela posição.

Tem aqueles que são melhores que o sobrenome. Ele ajuda? Claro, mas o tempo mostra que o talento é muito maior. Max Verstappen é o grande expoente disso. Não precisa escrever mais nada.

Do outro lado, temos Mick Betsch. Sobrenome da mãe para não atrair burburinho. Só depois Schumacher. Títulos na F4 e na F2, com arrancada sensacional, e Mick parou na F1 e na Ferrari. Conquistou com mérito? Sim. Teve vantagens financeiras e de influência pelo sobrenome? Também.

A Haas. O primeiro ano não era para mostrar muito. O combo era cruel: novato e carro péssimo. Mick fez o básico: atropelou o fraco Mazepin. A expectativa para o segundo ano seria um salto de qualidade, uma progressão.

Vem a guerra e Mazepin sai de cena. Volta o experiente Magnussen. Evolução na dificuldade. O dinamarquês, mesmo um ano enferrujado, é páreo duro. Mick precisa dar uma resposta melhor. E ela não veio. Magnussen o bateu com facilidade, seja em pontos, regularidade e menos prejuízos a um time frágil financeiramente.

Mick bateu muito. Pressionado pelo companheiro e por nunca pontuar? Talvez. Pressionado pelo sobrenome? Sim. Usufruiu de tudo na carreira também graças ao sobrenome? Também.

Gunther teria mais paciência com Mick se ele não fosse Schumacher? Não sei. Mick chegaria na Haas se não fosse pela Ferrari e pelo sobrenome? Não sei, talvez não.

O que quero escrever é Mick deveu nessa segunda temporada. O desempenho de Magnussen o deixou exposto, isso é inegável. No entanto, duas temporadas não são o suficientes para fazer um julgamento definitivo do piloto. Tsunoda, outro novato, também enfrenta dificuldades. Zhou, estreante, idem. É normal.

As questões são urgentes. A Haas precisa de dinheiro e segurança. Mick não oferece, hoje, essas situações. Mesmo com o sobrenome ou apesar dele, o caminho foi o rompimento. Honestamente falando, acredito que o alemão mereceria uma terceira temporada na equipe americana. A definitiva. Sem desculpas.

Vandoorne merecia ficar na F1. Wehrlein merecia ficar na F1. Nasr não merecia sair da categoria daquele jeito. Entendem? Citei outros tantos talentosos e que não têm o peso de Schumacher e a vida continuou. A do alemão também vai. Ele é jovem e não me surpreenderia se retornasse ao grid. Vai que tenha mais equipes ou alguma oportunidade de ocasião...

O que quero escrever é o seguinte: o sobrenome também é uma forma de viver e morrer pela espada na F1. Em um dia você se aproveita, no outro é “vítima” do próprio entorno que você não escolheu ter, mas certamente não quis abrir mão para continuar crescendo na carreira.

Até!

segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O BONDE PASSOU, MAS...

Foto: Getty Images

A vida é mesmo imprevisível, então porque a F1 não seria? Em 2022, tivemos o surpreendente retorno de Kevin Magnussen para a categoria, agora marcado por uma pole de uma corrida classificatória em Interlagos. O dinamarquês já está na história.

Para 2023, teremos novas e inéditas histórias. Algumas serão continuações que não pedimos, mas a vida é assim. Uma delas é o retorno de Nico Hulkenberg para o grid, confirmado na quinta-feira.

Escrevi, em 2019, quando Hulk saiu da Renault e da categoria, que o bonde havia passado. O alemão era um piloto promissor e que sempre andou mais que o equipamento. As circunstâncias não o ajudaram e ficou no alemão esse estigma, esse sentimento. A passagem dele pela equipe francesa, derrotado por Ricciardo, diminuiu um pouco aquela impressão.

O que é a vida, né? Quatro anos depois, Hulk volta para a categoria e as cortinas podem estar definitivamente fechadas para o sorridente australiano. Hulk sempre quis um lugar competitivo e só conseguiu um time de fábrica no final. Os franceses ainda não estavam prontos (e ainda não estão).

O que mudou? Basicamente, é isso ou nada para o alemão, que não se arriscou em outras categorias e sempre permaneceu no radar da F1. Pela experiência e regularidade, Hulk foi o ficha um diante das enfermidades de covid. Substituiu Pérez em 2020 e Vettel nesse ano ainda, na Racing Point e hoje Aston Martin.

O nome dele sempre foi ventilado e, no papel, Hulk aceita voltar para a categoria na pior equipe que ele pode trabalhar em toda a carreira. Ele conseguiu quase fazer chover naquela Sauber de 2013 e a pole em Interlagos 2010, a Haas só podia dar ao alemão algumas chances de pontos.

E é isso que Gunther busca. Magnussen aproveitou as oportunidades. Mick não. É preciso regularidade e não gastar os poucos recursos do time para consertar o carro em batidas, tal qual o compatriota teve nesse ano.

Magnussen e Hulkenberg vai ser uma dupla curiosa. Eles se odeiam. Quero ver como vai ser a condução disso tudo pelo Gunther Steiner.

Muita gente argumenta que a Haas deveria ter apostado em algum jovem (aka o campeão da F2), mas Steiner vai para o extremo oposto: se antes ele queria o dinheiro de Mazepin e podia desenvolver Mick, a ausência do dinheiro russo apressou os processos. Magnussen traz essa segurança financeira e de rendimento, assim como Hulkenberg também pode oferecer.

Sei lá, acho que ninguém está errado. A questão é que não há ninguém no grid pronto para tal tarefa, principalmente num time tão limitado financeiramente. Com o desenvolvimento do novo regulamento, pode ser que a dupla experiente seja um capítulo mais seguro para o time de Gene Haas. Só saberemos na pista.

Igual aquele filme ou série que teve a continuação que não pediu, vamos ter um novo capítulo de Hulk na F1, o injustiçado, o melhor piloto que nunca pegou um pódio na história. Quem sabe o destino não está guardando algo para ele, tal qual fez com Baltazar e surpreendeu K-Mag em São Paulo?

O bonde passou, mas voltou. Hulk está a bordo.

Até.

 

domingo, 20 de novembro de 2022

1, 2, 3

 

Foto: Karim Sahib/AFP

O chatíssimo GP de Abu Dhabi só proporciona alguma relevância quando acontece uma disputa de título. Em mais de dez anos de corrida, isso só aconteceu quatro vezes. Quando não tem, vira uma corrida amistosa, marcada por incidentes e significados externos.

Hoje começo pelo principal. Quer dizer, a corrida em Abu Dhabi, num circuito horrível mesmo com algumas alterações, é uma chatice deprimente, onde todos nós só suportamos porque é a última do ano e tinha a abertura da Copa mais tarde.

Verstappen venceu de ponta a ponta. 15 vitórias no ano, um recorde absoluto que, no mínimo, vai demorar a ser batido. Na disputa do vice-campeonato, uma raridade: a Ferrari acertou na estratégia e a Red Bull não. Os taurinos fizeram Pérez parar duas vezes e esse foi o motivo do mexicano chegar em terceiro. Leclerc, contra a Ferrari e contra todos, foi o segundo na corrida e também no campeonato. Assim como no ano passado, o pódio da última corrida reflete o que foi a temporada.

Não tem muito o que escrever dentro da pista. Não houve grandes emoções. Sainz deu um chega pra lá em Hamilton na primeira volta, onde entendi ser um incidente de corrida. Não havia espaço para o Sir fazer muita coisa, mas a FIA entendeu que ele tirou vantagem da situação e deveria dar a posição para o espanhol, rapidamente recuperada voltas depois.

Hamilton e Abu Dhabi ultimamente não tem sido amigáveis. Com perda de potência, o inglês encerrou a temporada com um raro abandono. Não foi raro, mas Alonso abandonou também. Os dois poderiam ter feito zerinhos depois da corrida junto com Vettel, o protagonista do domingo. Graças ao abandono de Hamilton, Sainz foi o quinto colocado no campeonato e Lewis, pela primeira vez desde 2007, sai zerado em poles e vitórias no ano. Estranho, considerando que ele está na Mercedes. Acontece nas melhores equipes e com os melhores pilotos também.

Graças a isso que Sainz terminou em quinto no campeonato e em quarto na corrida. Antes dele no campeonato e depoi em Abu Dhabi, o sempre consistente Russell, que bate um heptacampeão no ano de estreia. Inapelável. Norris e Ocon foram o melhor do resto, assim como Stroll conseguiu bons pontos.

A corrida teve outras despedidas, menores é claro, além de Vettel. Ricciardo não sabe se volta e foi o nono. Mick Schumacher e Latifi fizeram o que pode se resumir de ambos: barbeiragem e punição ao alemão, que pode ser reserva da Mercedes. O canadense vai seguir caminho em outra categoria.

Sebastian Vettel. 122 pódios, 53 vitórias e quatro títulos. Os números são impressionantes e, claro, discutíveis, mas não é sobre isso. Escreverei mais sobre durante a semana. O fato de rivais como Hamilton organizar um jantar e o eterno adversário Alonso correr com um capacete em homenagem ao alemão mostra a importância de Seb para grid, não só como piloto mas principalmente pelo que passou a representar fora dele nos últimos anos, encorajando pelas iniciativas de Hamilton.

Seb merecia terminar bem a carreira. Dentro do possível, o bem era pontuar, e isso foi bem sucedido, mesmo com uma estratégia equivocada. A última disputa com Ricciardo finalizou uma carreira de excelência. Ainda não temos noção da importância e do furacão Sebastian Vettel na F1. Talvez nem ele tenha se dado conta também.

Os deuses ainda nos proporcionaram uma última disputa entre ele e Alonso na pista e o alemão, como quase sempre, se deu melhor e foi a grande pedra no sapato da Fênix, responsável por três vices do espanhol. Vettel é um gigante, muito pelo valor e as qualidades humanas que tem, assim como as qualidades técnicas que apresentou em quinze anos no grid. Não é sempre que um tetracampeão se despede do grid e, por ser conterrâneo, talvez tenha sido o motivo de Hamilton e Alonso se sensibilizarem.

Tal qual Djokovic e Nadal chorando pela aposentadoria de Federer, Alonso e Hamilton carregam o fardo de serem os mais experientes e sem mais contemporâneos além deles mesmo. O tempo está acabando e passa para todos nós, o que é muito triste.

Não vou encerrar isso com essa sensação ruim. Pelo contrário. É um alívio terminar a temporada. Ano que vem será pior. A mais longa e cansativa da história. Vou precisar descansar bastante, ainda que precise produzir alguns materiais por aqui antes de só querer saber sobre corridas lá em fevereiro do ano que vem. Missão cumprida.

1,2,3 chega ao fim a temporada 2022, com a ordem estabelecida no pódio. Campeonato inapelável que mostra, na ordem, quem mais venceu no ano. Tomara que as coisas sejam mais emocionantes, de forma natural, em 2023.

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

É ASSIM

 

Foto: Getty Images

O bebê que nasce ao mesmo que um homem morre. O início e o fim. Enquanto a vida avança e precisamos tentar explicar o que tentamos entender e definir o que nos marca.

A F1 em Abu Dhabi não é muito diferente do início de "Nas Is Like", do Nas, um dos melhores raps da história.

A corrida final tem os primeiros encontros e as despedidas, traduzidas nos capacetes e cerimônias. O caso mais marcante é obviamente o de Sebastian Vettel. 

De forma rara e surpreendente, todos os 20 pilotos se reuniram num jantar na quinta feira para celebrar a carreira do tetracampeão, que faz a corrida derradeira nesse final de semana. Claro que há outras despedidas, como de Latifi, Ricciardo e também de Mick Schumacher. Sobre o filho de Schummi, escreverei na semana que vem, assim sobre o super trunfo Hulkenberg.

A coisa é tão inacreditável que talvez eu pudesse abrir outro post para falar sobre a surpreendente, bonita e sensível homenagem de Alonso para o grande rival, algo inimaginável há dez anos, quando os dois, no limite, disputaram o tricampeonato aqui no Brasil. A Fênix, que substitui o alemão na Aston Martin, vai correr com um capacete semelhante ao de Seb.

Só vou escrever o seguinte: para Alonso, os contemporâneos já foram. Só sobrou ele e Hamilton. Então, quando um rival se aposenta, é uma parte dele que vai embora junto. Tipo quando Federer saiu de cena e levou Djokovic e Nadal as lágrimas. Eles sabem que o momento deles também está próximo, assim como Don Alonso, que já foi e voltou. 

Mick, o protegido, também faz parte das homenagens. E assim a vida segue. 

Como o pessoal do Sexto Round gosta de falar, a F1, embora não tão rápida, também tem o processo de renovação, talvez com uma despedida mais humanizada. Os velhos são escadas para os novatos.

Abu Dhabi, que também recebe o teste dos novatos pós-temporada, teve diversos novos rostos no primeiro treino livre. Vamos lá: desde os brasileiros Felipe Drugovich e Pietro Fittipaldi (pela primeira vez desde 2016 que temos dois brasileiros numa mesma sessão), passando por Liam Lawson, Logan Sargeant (futuro titular da Williams), Robert Shwartzman, Pato O'Ward, Jack Doohan e não jovem Robert Kubica. 

A Mercedes foi a mais rápida com uma dobradinha. Hamilton na frente. Isso significa e não significa muita coisa ao mesmo tempo. É um indicativo da força dos alemães, mas Verstappen entrou no carro no TL2 e já reestabeleceu a ordem. Para a corrida é isso mesmo. Aos poucos, o retorno de 2021: Verstappen, sozinho, contra as Mercedes, embora a Red Bull tenha colocado panos quentes para que Max ajude no que for possível o vice-campeonato de Checo Pérez.

Abu Dhabi, tirando o ano passado, é isso aí: despedidas, encontros e desencontros. Uma corrida que tem mais cara de pelada de fim de ano do que algo tão competitivo assim, principalmente porque, nesse ano, está todo mundo pensando na Copa que vai começar ali perto, um pouco mais tarde.

A F1 é assim.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP DE ABU DHABI: Programação

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:26.103 (Red Bull, 2021)

Pole Position: Max Verstappen - 1:22.109 (Red Bull, 2021)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 429 pontos (CAMPEÃO)

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 290 pontos 

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 290 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 265 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 240 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 234 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 86 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 81 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 49 pontos

11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos

13- Kevin Magnussen (Haas) - 25 pontos

14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 14 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos

21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 719 pontos (CAMPEÃ)

2 - Ferrari - 524 pontos

3 - Mercedes - 505 pontos

4 - Alpine Renault - 167 pontos

5 - McLaren Mercedes - 148 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 55 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 50 pontos

8 - Haas Ferrari - 37 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos

10- Williams Mercedes - 8 pontos


AVISO PRÉVIO

Foto: Getty Images

É assim que entende o jornal francês AutoHebdo sobre a ausência do chefão Mattia Binotto nas últimas etapas. Segundo a publicação, a Ferrari e Binotto estão costurando um acordo de demissão do profissional após um 2022 turbulento e muito abaixo do que se imaginava.

As decisões equivocadas nas pistas e a série de erros nas estratégias dos pilotos, além da relação um tanto quanto tensa com eles, sobretudo Leclerc, são alguns motivos para o desligamento de Binotto, chefão desde 2019 e na equipe desde 1995.

Alguns nomes circulam internamente, mas o desejo é por um profissional experiente. Frederic Vasseur, da Alfa Romeo, que teve parceria com a Ferrari, é um dos favoritos. Andreas Seidl, da McLaren, é outro, assim como não está descartado subir Laurent Mekies, atual diretor esportivo. Vale lembrar que Binotto era chefe de motores e foi alçado a líder pelo então presidente Sérgio Marchionne para substituir Maurizio Arrivabene.

Binotto como chefe de equipe foi um desastre, seja nos erros, nas estratégias e na incapacidade de definir prioridades e no controle dos pilotos. Leclerc já teve problemas com Vettel e algumas rusgas com Sainz, embora o problema maior seja o relacionamento com chefão, que inexplicavelmente preteriu o talentoso monegasco em prol do esforçado espanhol, mas sabidamente inferior a Charles. A Ferrari entrega menos do que pode e precisa de uma repaginada para voltar ao topo.

A história mostra que isso só será possível se a equipe se organizar em nomes que não sejam italianos. Nos últimos 30 anos, as coisas só funcionaram quando tudo foi centralizado por Jean Todt, Ross Brawn, Rory Bryne, entre outros.

NOVO RUMO

Foto: Reprodução/Instagaram

Depois da oficialização de Nico Hulkenberg na Haas no lugar de Mick Schumacher, o alemão precisa procurar outros caminhos para 2023, onde não será titular na F1.

Um dos caminhos pode ser numa certa equipe alemã. A Mercedes perdeu Nyck De Vries (Williams) e Stoffel Vandoorne (agora reserva da Aston Martin) como pilotos reservas e precisa de reposição.

Mick Schumacher pode ser justamente esse candidato, até porque, como o chefão Toto Wolff diz, "Schumacher sempre vai fazer parte da família Mercedes", uma óbvia referência ao passado de Michael com os alemães, desde os anos 1990.

“Não é segredo para ninguém: não escondo o fato de que a família Schumacher pertence a Mercedes. Gostamos muito de Mick”, disse.

Parece lógico. Um prêmio de consolação, mas que não diz muita coisa. Certamente Mick não teria grandes aspirações ou possibilidades de ascender para o time alemão, no máximo ser repassado para algum cliente dos alemães.

Confesso que fico triste com o iminente fim da jornada do filho do homem na categoria. O peso do sobrenome ajudou a criar a má vontade que alguns erros e inconsistências do alemão foram evidenciados no processo. Uma pena. Faz parte da vida.

TRANSMISSÃO:
18/11 - Treino Livre 1: 7h (Band Sports)
18/11 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
19/11 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
19/11 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
20/11 - Corrida: 10h (Band)





quarta-feira, 16 de novembro de 2022

FUTURO ANIMADOR

 

Foto: Reprodução/Instagram

Diante de tantos acontecimentos e holofotes que sempre são diferentes na semana da corrida em Interlagos, talvez uma delas, muito importante, tenha ficado fora do radar.

Logo no sábado, Enzo Fittipaldi anunciou que agora é um piloto da academia da Red Bull. Uma notícia excelente para quem tinha saído da Ferrari há algum tempo.

O timing é o melhor possível por vários motivos. O primeiro é que a Red Bull sempre utiliza mais os pilotos que formam. O segundo é que a concorrência ajuda. Dennis Hauger, os japoneses e Daruvala não convenceram na F2 e não tem os pontos necessários para a superlicença. Juri Vips está fora.

Sim, por mais que tenham vários “candidatos”, ninguém ali seduziu Helmut Marko a ser promovido, tanto que os taurinos optaram por contratar Nyck De Vries para substituir Pierre Gasly. E reforçar a academia com Fittipaldi é muito interessante pelos outros aspectos óbvios.

O sobrenome do bicampeão mundial, o sempre mercado brasileiro aquecido e ávido por um novo piloto na categoria e os patrocínios que chegam justamente desse pacote.

Enzo não é somente um sobrenome. Claro que isso o ajudou a atalhar em muitas situações, mas o timing da contratação também é excelente porque o brasileiro foi o melhor novato da temporada, na modesta Charouz. Isso chama a atenção.

Agora, com uma academia por trás e mais ambientado a F2, Enzo provavelmente vai dar um pequeno salto. Dizem que o brasileiro vai correr pela Carlin em 2023, outro time tradicional nas categorias de base do automobilismo. Felipe Nasr esteve por lá antes de ser o último brasileiro a subir para a F1.

Portanto, as expectativas são muito positivas. Enzo mostrou muita qualidade e potencial no primeiro ano na F2. Ano que vem tem tudo para ser melhor, ainda mais se considerarmos que a Alpha Tauri tem Tsunoda, que ainda não impressionou, e De Vries, que não é de lá.

Isso, somado aos concorrentes que aparentemente não são tão talentosos assim, nos permitem sonhar que, nesse instante, Enzo Fittipaldi é a grande esperança brasileira para termos novamente um piloto no grid titular da F1, quem sabe em dois ou três anos.

Agora, só depende de Enzo.

Até!


segunda-feira, 14 de novembro de 2022

MULTI 21 2022

 

Foto: Getty Images

Quem poderia imaginar que uma equipe bicampeã de pilotos, campeã de construtores e com recordes quebrados na temporada poderia terminar o ano em crise e cheia de dúvidas para o ano que vem?

A Red Bull consegue essa proeza. Desde a punição por violar o teto orçamentário e utilizar menos o túnel de vento até o fato novo, ao menos público, do que aconteceu em Interlagos.

Max Verstappen não quis fazer jogo de equipe para ajudar Sérgio Pérez a ser vice-campeão mundial. Até aí tudo “normal”, se tratando de Max. A questão foi o pós-corrida.

O holandês deixou claro que não ia fazer isso e não ia mais tocar no assunto. Foi bem assertivo. Pérez foi mais surpreendente: disse que agora sabe quem ele é e basicamente o chamou de ingrato porque, segundo o mexicano, Max só é bi “graças a ele”.

Declarações muito fortes. O vestiário rachou e só sabemos disso agora. Segundo a imprensa e informações que vazaram depois, o noivado acabou de vez quando Pérez teria falado para Horner e Marko que bateu de propósito no Q3 de Mônaco, o que o beneficiaria para largar na frente de Max. O holandês se sentiu traído e basicamente deu o troco em Interlagos.

Bom, Max basicamente foi egoísta e passou por cima das ordens da equipe, o que é um absurdo. O negócio foi tão constrangedor que até Christian Horner e Helmut Marko pediram desculpas para o mexicano. A questão é: e agora?

Não existe certo e errado na narrativa ou alguma punição além disso. A Red Bull foi feita para servir Max Verstappen. Esse era o projeto desde quando o holandês nem adulto era. Todo mundo que poderia fazer frente saiu do caminho, como Carlos Sainz e Daniel Ricciardo, por exemplo.

Max sempre teve as vontades atendidas por ser simplesmente um dos melhores pilotos da história. Apenas isso compensa os desvios de comportamento e outras crises herdadas do pai, Jos, tão difícil quanto, mas obviamente nem próximo do talento do filho.

O resultado é basicamente esse: a Red Bull é refém de um piloto e a culpa é da própria organização. Não interessa se Max vai passar por cima dos superiores e da hierarquia. Ele pode fazer o que quiser. Do contrário, uma Mercedes pós-Hamilton ou a Ferrari estão de braços abertos esperando.

O holandês não tem nenhum pudor em ser o “vilão” ou o “anti-herói” da F1, tal qual foi Alonso antigamente. A diferença é que o espanhol é mais carismático e o holandês não vai cometer os erros de julgamento de Fernando. Portanto, alguém mais odiável, porque Max vai seguir protagonista da F1 por muito tempo, a não ser que a Red Bull erre a mão. Aí, como já escrevi, equipes interessadas não faltariam.

E Pérez? Vai ser desrespeitado assim passivamente? Sim e não. Sim porque não há o que fazer. Quando assinou o contrato para continuar na categoria, todo mundo sabia que seria assim. Não tem o que fazer. O contrato foi renovado até 2024, mas certamente os taurinos não teriam nenhum constrangimento em retirá-lo antes disso.

Até por isso, talvez, Daniel Ricciardo volte para casa como piloto reserva. A carreira do australiano acabou, mas imagina ser segundão de Verstappen a essa altura do campeonato? Seria a repetição do próprio Checo quando o mexicano se viu sem vaga após Vettel ir para a Aston Martin.

E o quê Checo pode fazer? Desobediência? Pode, até porque o mexicano atingiu um teto que jamais poderia imaginar em 2020: está numa equipe de ponta, venceu algumas vezes, teve pódios e pole. É uma carreira de sucesso para alguém que estava fadado ao esquecimento por outros fatores.

O mexicano sairia por cima, considerando que seria muito difícil, pela idade e pela falta de vagas, continuar na categoria. Ele não tem a força e tampouco o apoio interno para dividir uma equipe igual Rosberg fez contra Hamilton, por exemplo. Checo sempre soube o lugar dele na hierarquia e sabia que era um risco passar por esse tipo de situação.

E o futuro? Quando e se Mercedes e Ferrari crescerem e o trabalho em conjunto for necessário? A história não premia desavenças internas tão abruptas e supostamente irreversíveis igual vimos hoje, a não ser que a Red Bull seja uma McLaren de 1988 ou a Mercedes entre 2014 e 2016.

Quase dez anos depois, a Red Bull tem outro Multi 21, justamente quando voltaram ao topo da categoria. Pode ser muito prematuro, mas as consequências para todos os envolvidos não tendem a ser agradáveis no médio prazo se não houver uma composição harmônica unânime (mais conhecido como paz entre os envolvidos), se analisarmos a história da F1, em linhas gerais.

Até!


domingo, 13 de novembro de 2022

CONSISTÊNCIA DO INÍCIO AO FIM

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Interlagos é tão abençoada que não precisa somente da chuva para proporcionar uma corrida ótima, divertida e emocionante, com elementos quase naturais de competição.

A Mercedes apostava as fichas no desenvolvimento do fim do ano para vencer a primeira. O W13 é um carro problemático, mas é inegável que a evolução vem a passos largos nas últimas corridas. Tanto que Russell venceu a corrida classificatória e largou na pole pela segunda vez na carreira. Teve a questão dos problemas e erros de estratégia da Red Bull com Max, mas a sensação é que, depois de muito tempo, os alemães poderiam caminhar para a vitória de forma natural.

Com Hamilton na primeira fila, a corrida começou turbulenta. Ricciardo atropelou Magnussen e os dois ficaram fora da prova logo no miolo. Fim do conto de fadas do dinamarquês. A sexta feira jamais será esquecida, mas uma pena que o ex-piloto australiano tenha se precipitado de novo. Ricciardo pode até cair pra cima, pois as chances de ser o piloto reserva da Red Bull no ano que vem são grandes.

Na relargada, a velha rivalidade visceral. Hamilton cansou de ceder para Verstappen. Quase uma trocação franca. Sendo sincero, achei muito mais um incidente de corrida do que qualquer outra coisa. Não havia espaços para dois carros, o que poderia ser resolvido com bom senso, que não existe quando se trata dos dois. Pior para Verstappen, que teve o desempenho comprometido e o fim da série de vitórias consecutivas.

Hamilton teve que fazer uma rápida corrida de recuperação, o que serviu para ser ainda mais amado e festejado pelos agora compatriotas. No campo do "se", a batalha com Russell poderia ser mais franca, o que poderia ter só acontecido de fato no último Safety Car, duvidoso. O carro de Norris já estava quase fora da pista quando optaram por mais uma solução artificial, uma emoção forçada, o que não acho legal.

Nesse momento, o sentimento era muito de "tragam as crianças para casa, pelo amor de Deus" do que qualquer disputa. Hamilton parecia ter um ritmo superior, mas estava escrito: o consistente George Russell venceu pela primeira vez na carreira e em Interlagos, de ponta a ponta. Logo no primeiro ano de Mercedes, o britânico simplesmente supera na pontuação o heptacampeão. Coisa para poucos. A consistência foi premiada em um ano tão difícil e desafiador para a Mercedes.

Os alemães estão de volta. Com a melhor dupla do grid e cada vez mais afinados com o novo regulamento, resta torcer para que o W14 repita o padrão flecha de prata dos últimos anos. Com a punição para a Red Bull, tudo vira uma grande incerteza para o ano que vem.

Depois vieram as Ferrari. Sempre com azares e erros na estratégia, os italianos começaram o ano com favoritismo e já voltaram a ser a terceira força, embora as chances do vice-campeonato de construtores sejam altas. Leclerc prejudicado e Sainz insuficiente. A Ferrari não tem rumo enquanto Mattia Binotto continuar, mas hoje deu tudo "certo", diante das circunstâncias.

Pérez teve todo o combo de segundo piloto ativado. Parecia sortudo ao ter Max fora da disputa, mas a Red Bull foi dominada nos stints e na durabilidade dos pneus. A vitória nunca foi uma possibilidade real. O terceiro lugar sim. Com o Safety Car, Pérez continuou com os pneus médios, mais lentos, e virou passageiro da agonia para as Ferraris, Alonso e o próprio Max, com o carro danificado.

A ideia era Verstappen devolver a posição caso não passasse o espanhol, afinal Checo briga pelo vice. Nada feito e um clima constrangedor dentro da equipe. Segundo informações, seria um ato de vingança por Pérez ter supostamente batido de propósito no classificatório de Mônaco e ter levado vantagem, pois venceu no domingo.

Christian Horner teve que pedir desculpas para Checo. A questão é o seguinte: não existe narrativa onde o certo e o errado possa prevalecer na F1. Quando Pérez assinou o contrato, sabia que passaria por isso, do contrário não estaria mais na categoria.

Verstappen mostrou no final de semana o pacote do piloto ultracompetitivo e "vilão". Os campeões são feitos assim, e por isso também se sobressaem. No entanto, também foi mesquinho. Se até Schumacher já fez jogo de equipe em prol de Irvine e Barrichello, o holandês não deveria ser egoísta para ajudar quem tanto o fez nesses dois anos.

A coisa desandou e o clima está pesado. Evidentemente que a corda vai estourar para o lado mais fraco, o do mexicano. Max é maior que a Red Bull porque, se entender que precisa sair, sempre vai ter um assento competitivo pronto para o melhor piloto da atualidade, mas que ficou devendo enquanto líder e no coletivo. Max sai pequeno do Brasil diante de um ano tão dominante e até então maduro e consciente.

O clima do time e as punições ameaçam a hegemonia dos taurinos. Pérez não tem nada a perder, Disputas internas não costumam terminar bem num tudo. Exemplos não faltam, mas vou escrever mais sobre a questão nesta semana.

Don Alonso largou em 17°, se enroscou com Ocon, foi atrapalhado pelo francês e mesmo assim foi o quinto, dando um passão numa Red Bull. Mais de quarenta anos, senhoras e senhores. Ah, se o temperamento do espanhol fosse menos explosivo... que deleite acompanhar a saga desse cara. Ocon, Bottas e Stroll completaram o top 10.

Uma pena que Seb não conseguiu terminar os pontos. Foi combativo e ousado durante todo o final de semana, mostrando um pouco daquele espírito do tetracampeão avassalador da Red Bull e principalmente dos tempos de Toro Rosso, quando era um prodígio.

Consistência é a chave, seja para George Russell, seja para Interlagos, que sempre entrega corridas e momentos épicos, emocionantes. Mais um final de semana repleto de histórias maravilhosas, com protagonistas diferentes. Aqui é diferente e único. Um patrimônio histórico da velocidade.

Confira a classificação final do GP de São Paulo:


Até!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

INTERLAGOS É DEMAIS

 

Foto: Getty Images

Não leve a mal. Confesso que não estou (ou estava) tão empolgado para a corrida desse final de semana, mesmo no Brasil, mesmo em Interlagos.

Estou com outras prioridades e trabalhos, a temporada está em ritmo de férias... não sentia a mesma vibração de sempre.

Bem, isso se dissipou quando comecei a assistir o treino livre. Muito equilíbrio e alguns testes para o treino classificatório de sexta.

Cara, estou de saco cheio dessas corridas classificatórias. É antinatural. Ninguém se arrisca pensando no domingo. O pior é que inventaram de dobrar o número para o ano que vem. Quem realmente acha legal isso?

E o Brasil foi escolhido pelo segundo ano consecutivo. A questão é que Interlagos tem uma aura que transforma tudo em coisa legal, que dá certo, dando um toque épico a qualquer situação.

Por exemplo, esse fim de temporada chato e sem graça. Interlagos simplesmente se recusa a ser chata e sem graça. Deve ser a energia caótica desse país, que dá brankito todos os dias e impede o marasmo e a normalidade que uma sociedade dita evoluída supostamente tem.

Eis que a chuva chega no autódromo logo depois do treino livre, que teve Pérez como o mais rápido. A partir daí, só reproduzo o que vi e ouvi depois. Diante de outros trabalhos, não consegui acompanhar o treino classificatório. O que mais aconteceria nesse fim de temporada tão sem graça?

É Interlagos, Leonardo. Pelo que li, a chuva e o tempo instável tornaram a sessão totalmente instável e aberta. A pista foi secando e os pilotos batalhando a cada segundo pela melhor situação da pista, que mudava a cada momento. No Q1, saíram Latifi, Zhou, Bottas, Tsunoda e Mick Schumacher. Atenção.

No Q2, ficaram de fora Albon, Gasly, Vettel, Riccardo e Stroll. Com a pista secando, ainda havia dúvida entre o pneu seco e o intermediário. O céu de São Paulo, aquela altura, já estava escuro.

Leclerc foi o único a ir de intermediários, o que foi um engano. Com o pneu macio, Magnussen aproveitou a pista e surpreendentemente fez a volta mais rápida. Vale frisar que o time americano foi competitivo no TL1.

Muita calma. Faltava muito tempo e a tendência natural era os tempos caírem, porque não existia mais chuva. Bom, Russell acabou errando e causou uma bandeira vermelha. A tensão estava no ar. Aquele cheiro de surpresa paulistana, da chuva vindo da represa e do caos ressignificando tudo deu o ar da graça.

Quando tudo parecia que seria resolvido da forma padrão, a chuva forte volta e nada mais poderia ser feito. Tudo bem, é um treino para a corrida classificatória, mas precisamos considerar que Kevin Magnussen e a Haas conquistaram a primeira pole position de suas carreiras.

Uma festa ensandecida nos boxes de Kevin e o carismático Gunther Steiner, o chefão. Diante de tanto caos desde a criação do time de Gene, finalmente uma recompensa. A Haas tem um quê de simpática pelo Drive To Survive, mas vejam como a vida é maluca. Até meados de fevereiro, Magnussen estava na Nascar, continuando a carreira nos EUA depois do fim da F1.

Até que Vladimir Putin resolve mudar a história, não só do Inter, mas também da própria. A guerra e as sanções permitiram ao time falido se livrar do psicopata Mazepin. Quem seria o ficha 1? Pietro Fittipaldi? Não, Kevin Magnussen, que conhece todos os atalhos do time que havia ficado só uma temporada ausente. Um retorno triunfal à la Felipe Massa.

E a pole do consistente Kevin chegou. Não é qualquer um que é alçado pela McLaren até a F1, fazendo o único pódio da carreira justamente na corrida de estreia e sem estar no pódio (Kevin herdou o terceiro lugar após a desclassificação de Ricciardo). Passou pela Renault e fez um trabalho honesto na primeira passagem. Nem todo mundo precisa ser um prodígio para merecer um lugar ao sol.

Escrevi, há anos, que Magnussen tinha virado um journeyman, à cata de aventuras, solitário e um tanto quanto diferente do novo padrão da categoria. Ele precisava de uma grande história para contar aos netos e ser lembrado pelos fãs mais hardcores. O momento chegou e justamente em Interlagos, a terra prometida que transformou Nico Hulkenberg (futuro companheiro de equipe) em prodígio, José Carlos Pace em nome de autódromo, Fisichella e a última alegria de Eddie Jordan e onde Lewis Hamilton virou, de fato, brasileiro.

Provavelmente Magnussen será esquecido no final de semana porque a tendência é perder as posições. Max é o favorito a vitória, larga em segundo. Podemos ter uma dobradinha brasileira, mas Hamilton larga um pouco mais atrás. Russell parece mais credenciado, assim como Leclerc. Bom, isso não é o mais importante.

Magnussen tem a própria história e o momento brilhante. Tem que aproveitá-lo porque, como Eminem bem sabe, eles valem ouro. Precisariam ser congelados, mas isso ainda não é possível.

Por falar em oportunidade, a contrastante situação de Mick Schumacher, que larga em último. Constrangedor para o filho do Michael, que vê a aventura da F1 terminando logo na segunda temporada. Uma pena, mas vocês sabem que sou suspeito para escrever sobre o Schumaquinho.

É lá que eu estou paz. Magnussen entra para o hall dos momentos marcantes, inesperados e contagiantes da F1. O sábado e o domingo nem precisariam existir, mas quem sabe Interlagos, a terra prometida, não presenteia outro felizardo improvável nesse final de semana? Não me leve a mal.

Confira o grid de largada da corrida classificatória do GP de São Paulo:


Até!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

GP DE SÃO PAULO: Programação

 O Grande Prêmio do Brasil é disputado desde 1972 (1973 na F1), sendo realizado em Interlagos (1972-1977, 1979, 1980, 1990-atualmente) e já foi sediado em Jacarepaguá (1978, 1981-1989).

Após o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de 2020 em decorrência da Pandemia de COVID-19 e uma série de incertezas sobre a permanência do evento em Interlagos, o então governador do estado de São Paulo confirmou, em novembro de 2020, a renovação do contrato com a Fórmula 1 até 2025.

Entretanto, a corrida realizada em Interlagos passou a ser oficialmente designada de Grande Prêmio de São Paulo, em virtude do acordo mal-sucedido entre a Rio Motorsports e a F1 para a construção do Autódromo de Deodoro, que não vai mais acontecer, mas que a empresa adquiriu o direito do nome "Grande Prêmio do Brasil" pelos próximos anos.


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:10.540 (Mercedes, 2018)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.281 (Mercedes, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Alain Prost - 6x ( 1982, 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 416 pontos (CAMPEÃO)
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 280 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 275 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 231 pontos
5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 216 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 212 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 111 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 82 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 71 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 47 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 24 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 696 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 487 pontos
3 - Mercedes - 447 pontos
4 - Alpine Renault - 153 pontos
5 - McLaren Mercedes - 146 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 53 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 49 pontos
8 - Haas Ferrari - 36 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

LÁ VEM O ALEMÃO (DE NOVO)...

Foto: Divulgação/Aston Martin

Alguns indícios apontam para que Nico Hulkenberg ocupe a última vaga disponível para 2023, na Haas. Podem ser meras coincidências, mas são questões interessantes de se analisar.

Primeiro: a Aston Martin contratou outro piloto reserva para o time. Além de Felipe Drugovich, a equipe de Lawrence Stroll vai ter Stoffel Vandoorne, ex-Mercedes, campeão da Fórmula E. O cargo de piloto reserva era ocupado pelo alemão, que inclusive substituiu Vettel nas duas primeiras corridas do ano.

A outra é a Haas não garantir a permanência de Mick Schumacher. O tempo passa e, a essa altura, parece ser inimiga do filho de Michael. A percepção é sentida também pelo paddock. O consultor Helmut Marko aposta que a Haas vai trazer alguém experiente para ser o companheiro de Kevin Magnussen, e esse alguém disponível e compatível com a realidade financeira do time é justamente Nico.

O interessante é que ele e Magnussen são rivais, com direito a xingamentos e gestos obscenos. Bem, o alemão confirma que há conversas e está otimista.

“No final das contas, a decisão não é minha. Não sou eu quem vai decidir. Ainda há conversas. Estou relativamente otimista, mas teremos de ser um pouco mais pacientes”, disse para a Servus TV.

Gunther Steiner, o chefão, afirmou que a decisão será baseada em alguém que pode guiar no projeto a "médio e longo prazo".

“Para mim, não se trata de uma corrida, uma volta. Trata-se do que será melhor para a Haas a médio e longo prazo. Não é como se, marcando pontos agora, Mick tivesse o lugar ou não”, disse para a TV RTL.

Dois pilotos experientes, sem gastos e sem o apadrinhamento da Ferrari. A Haas vai ganhar uma boa grana com a colocação no Mundial, se comparar com os anos anteriores. Hulk é um cara barato e louco para voltar. A questão é o encaixe com Magnussen. 

Seria uma dupla curiosa, material garantido para quem gosta de assistir a série da Netflix. E muita experiência para uma equipe que precisa do mínimo de erros possíveis, o que não é o caso de Mick.

COPO MEIO CHEIO

Foto: Divulgação/McLaren

Sem vaga para 2023 e lutando para voltar ao grid em 2024, já veterano, a situação não parece boa para Daniel Ricciardo. No entanto, o australiano não perde o sorriso mesmo diante de tantas dificuldades nos últimos.

Ric acredita que a pausa vai ser boa para respirar um pouco, se recuperar dos abalos e continuar motivado para a sequência da carreira.

"Sem dúvidas, os últimos dois anos foram bem complicados. Especialmente quando você se esforça muito e não recebe nada de volta, isso pode abalar você", disse.

O australiano aposta no distanciamento da categoria para voltar a enxergar as coisas positivas que construiu em mais de dez anos de carreira.

Eu sei o valor até mesmo de uma pausa de verão. Eu sei que se afastar pode te dar uma perspectiva diferente. Do jeito que as temporadas são, tem sido implacável — você não tem realmente a oportunidade de se reconstruir. Todos são diferentes, mas eu realmente acredito que será uma bênção disfarçada", continuou. 

Ricciardo já pensa em 2024: as conversas com as equipes iniciaram. Não está descartado que o australiano seja piloto reserva em 2023, sendo apostado como possível destino a Red Bull ou a Mercedes.

"Eu estou conversando com as equipes, mas ainda quero manter um pé na porta para 2024. Tenho certeza que só de ver as luzes apagarem na primeira corrida [de 2023], já terei aquela coceira. Então, quero estar de volta em 2024”, finalizou, falando para a Sky Sports.

É preciso da positividade para sair um pouco do caos que nossa cabeça cria. No entanto, não me parece que o tempo vai ajudar Ricciardo. Pelo contrário. Novos talentos mais baratos surgem, protegidos pelas academias de pilotos ou grandes investimentos. "Você é a sua última corrida ou temporada". Ricciardo foi um desastre na McLaren. Vai receber para não correr. Não é um cartaz positivo. Estou falando em termos competitivos, claro. 

Uma equipe menor sempre vai ter o australiano como opções, até porque ninguém desaprende, ainda mais um cara que desbancou Vettel na Red Bull e deu trabalho para Verstappen. A questão é: não há vaga ou contexto para Ricciardo nos grandes times. O tempo, infelizmente, passou.

TRANSMISSÃO
11/11 - Treino Livre 1: 12h30 (Band Sports)
11/11 - Classificação: 16h (Band e Band Sports)
12/11 - Treino Livre 2: 12h30 (Band Sports)
12/11 - Corrida Classificatória: 16h30 (Band e Band Sports)
13/11 - Corrida: 15h (Band)

terça-feira, 8 de novembro de 2022

UM DE NÓS

 

Foto: Reprodução/Instagram

Lewis Hamilton é definitivamente um cidadão brasileiro. Nesta semana, o heptacampeão recebeu o título honorário e uma medalha, em sessão realizada na Câmara de Deputados, em Brasília.

O mote para esse reconhecimento oficial foi a vitória apoteótica em Interlagos no ano passado, quando largou em último na corrida sprint e chegou em quinto e, na corrida, largou em décimo para vencer Max Verstappen e brigar pelo título até o final.

Como todos sabem, a ligação de Hamilton com o país vem desde o início da carreira, através do ídolo Ayrton Senna e as cores do primeiro capacete que usou na F1. Apesar da ligação afetiva, Hamilton sempre teve dificuldades em Interlagos, até guiar a super Mercedes.

Sim, mesmo o título mundial conquistado em 2008 foi com muito drama, na última curva. Só depois que o inglês deslanchou e conquistou três vitórias por aqui, mais que o ídolo, inclusive.

Mas a identificação com o nosso Senna é só uma pequena parte hoje em dia. Hamilton virou um cidadão do mundo, um modelo diante de um mundo carente de pessoas que tenham posições humanistas e razoáveis perante as injustiças da vida.

Com o passar do tempo, Lewis ganhou a consciência de quem ele é e o que ele representa no ambiente onde trabalha. Agora, Hamilton é um Sir, heptacampeão, dono de diversos recordes e o rosto mais conhecido da categoria, mesmo por pessoas que nunca tenham assistido a uma corrida. Ele se tornou maior que a F1.

Esse tamanho não foi só pelas vitórias e títulos, e sim pelas posições que toma. Antirracistas, humanistas, tentando tornar o ambiente da F1 menos tóxico, machista e racista. Não são ações somente da boca para fora ou em posts em redes sociais. Hamilton está disposto a enfrentar o sistema e todos sabemos que ele só poderia fazer isso com o peso que tem porque é justamente Lewis Hamilton.

A F1 depende da popularidade e carisma de Lewis. Hamilton não precisa mais da F1. Ele continua porque é um esportista, um competidor visceral e apaixonado pelo que faz, mesmo diante de decisões controversas que tiraram o octacampeonato no ano passado, por exemplo.

O brasileiro se identifica com essas lutas, com as vitórias, com a representatividade, assim como Lewis se enxerga mais humano por aqui. Pela cor da pele, pela humildade das pessoas, pelo carinho dos fãs, aqui é onde Hamilton mais se sente em casa depois de Silverstone.

A questão do pertencimento vai muito além de um país, língua ou cultura. São os valores humanistas, é se reconhecer no outro, é ter personalidade e sensibilidade, fazendo com que as pessoas se identifiquem e levem isso como motivação para prosperar, ter alegria, superar as adversidades.

Hamilton sempre foi um de nós, a diferença é que agora é oficial. Que bom que essas homenagens e respeito seja feito no auge do heptacampeão, ainda jovem e ávido por mais conquistas.

É claro que isso não pode ficar da boca para fora. Em contraste com esse momento bacana de reconhecimento, vivemos em um país dividido, onde mimados não aceitam o resultado da maioria das urnas e partem para o revanchismo, a violência, a intimidação, o racismo e até referências nazistas. Um país racista, embora formado majoritariamente por negros.

Que a Câmara dos Deputados não seja apenas aproveitadora da imagem de Hamilton para aparecer nas fotografias ao lado do Sir e apliquem esse reconhecimento a tantos outros negros e pobres que precisam de um incentivo para prosperar e contribuir com o nosso país, ao invés de serem terceirizados e relegados a marginalidade, num país que sempre foi governado por poucos e para poucos, a oligarquia de sempre, que agora está escalonada em um conservadorismo ultrarradical que nos ameaça diariamente nas ruas e nas redes sociais.

Lewis Hamilton é um de nós, mas que isso não seja apenas uma frase vazia, e sim parte de um processo de retomada do Brasil, mais justo, igualitário e, sobretudo, sensível.

Até!