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terça-feira, 3 de outubro de 2023

COBIÇADA

 

Foto: Getty Images

O assento de Logan Sargeant na Williams está muito cobiçado por um motivo simples: é o único lugar disponível para a F1 2024.

Apesar do chefão James Vowles vir a público defender o garoto e de certa forma indicar que ele vai permanecer no time, ainda não há uma confirmação oficial. O motivo é simples e até cruel: Sargeant não faz uma boa temporada.

Quer dizer, o problema vai além disso. Era óbvio que ele seria superado pelo bom Alexander Albon, o problema é que a discrepância é grande. O tailandês nascido e criado na Inglaterra marcou 100% dos pontos do time. Mais lento, Sargeant também está batendo bastante, o que traz prejuízo para a equipe, embora a Williams tenha se reestruturado desde que família saiu de cena da administração.

A crueldade da F1 com os jovens pilotos é algo complicado. Sim, Sargeant está mal. Sim, provavelmente Sargeant não será um prodígio como o contemporâneo Oscar Piastri, mas talvez ele tenha subido cedo demais. Ele está ali porque é da Academia de Pilotos da Williams e por ser americano, importante para o mercado e principalmente para a categoria que é administrada pelos compatriotas.

Talvez Sargeant precisasse de mais um ano afirmado na F2, brigando pelo título para chegar com moral na F1, com menos dúvidas e asteriscos. Talvez isso não fizesse diferença nenhuma também.

A F1 é cruel com os jovens porque hoje a transição é brutal. Os carros da base são muito diferentes e só há três dias de pré-temporada. Simulador não é a mesma coisa. Antigamente existiam os testes ilimitados que facilitavam os processos, mas hoje não mais.

Sargeant não está confirmado, então ainda podemos escrever sobre a esperança brasileira. A imprensa europeia tem insistido que Felipe Drugovich é o principal candidato, caso a Williams opte pela mudança em 2024.

O aporte não seria barato: falam em cerca de 15 milhões de euros, um valor considerável e que certamente a Williams não rejeitaria. O brasileiro teria vencido a concorrência e o lobby da Mercedes por Mick Schumacher, o que não é pouco. É simplesmente o maior sobrenome da história da categoria.

Entre Felipe e Logan, sou mais Drugovich, apesar que ele também vai passar pelo desafio de se adaptar à F1 por completo, mesmo fazendo testes, no simulador e participando de alguns treinos livres.

A vaga é cobiçada, Sargeant parece estar prestigiado mas, como todo brasileiro, a esperança é a última que morre e não dá para desistir.

Até!

sexta-feira, 1 de setembro de 2023

É DO BRASIL!

 

Foto: Joe Portlock/Getty Images

Escrever sobre o que eu não vi é complicado, mas vamos lá, não podia deixar passar: um ano depois de Felipe Drugovich ser o primeiro brasileiro a conquistar a F2, hoje Gabriel Bortoleto, agenciado pela Fênix Alonso, foi campeão da F3!

A verdade é que o título já estava encaminhado há tempos, era só uma questão de confirmação matemática. E ela veio hoje, pois nenhum dos "concorrentes" de Gabriel conseguiram a pole position para o final de semana, o que foi suficiente para garantir o título.

Escreverei mais sobre Bortoleto em breve, mas as perspectivas são positivas. Ganhar a F3 com autoridade e ter o apoio nos bastidores de um certo Fernando Alonso são coisas importantes. Agora, só falta se aproximar de uma academia de pilotos para o futuro ficar mais garantido. No entanto, agora é o momento de celebrar: Gabriel Bortoleto do Brasil!

Por falar em Alonso e Drugovich, Drugo foi para a pista no TL1 da F1, no lugar de Stroll. Ele tem direito a guiar em duas sessões de treino livre por ano, obrigatório para todos os novatos. Foi o 18°, mas é um resultado normal, afinal ele não guiava o carro titular desde que substituiu o próprio Stroll na pré-temporada do Bahrein, em março.

Por falar em Brasil, uma atitude imbecil da FIA. A Federação, em virtude da disputa judicial que Felipe Massa abriu sobre tentar ser coroado o campeão de 2008, pediu gentilmente para o brasileiro não comparecer a Monza. Inclusive, a FIA tirou um dos cartazes da torcida da Ferrari que exclamava o brasileiro como o campeão daquele ano. Justamente no palco onde Massa é amado pelos tifosi, foi impedido de entrar. Ele, que é embaixador da categoria.

Ou seja, o cara foi prejudicado pelo regulamento da própria Federação e ganha como tratamento ser um pária, não poder pisar nos autódromos, como se a culpa fosse dele por ir atrás de seus direitos. É um absurdo que beira o inacreditável. Vamos ver se terão colhões de fazer isso em Interlagos.

Bom, nos treinos, tivemos mais um erro de Pérez, problemas com Stroll e Carlos Sainz fazendo a volta mais rápida do dia. Num circuito veloz como Monza, o motor vai fazer a diferença. Diferença para o pódio, porque sabemos que Max Verstappen está pronto para ser o primeiro piloto da história a vencer dez corridas seguidas.

Ah, a Mercedes renovou com Hamilton e Russell até 2025. Escreverei sobre na semana que vem.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

MAIS UM PASSO NA JORNADA

 

Foto: Aston Martin

Quem poderia imaginar, durante a pandemia (que por si só já era inimaginável), que Alonso retornaria a categoria e ainda teria uma transferência para a Aston Martin, que ainda não existia na época? E mais: quem poderia imaginar que o brasileiro então desconhecido Felipe Drugovich, que estreava na F2, conquistaria o título e teria oportunidade de correr numa montadora gigante ao lado do espanhol numa pré-temporada?

Pois bem, o destino está aí: Felipe Drugovich, recém contratado pela equipe, vai participar dos três dias de pré-temporada, que começa daqui a pouco, no Bahrein. A diferença é que neste ano serão apenas essas datas para testes, diferentemente dos seis ou oito dias dos anos anteriores. Ou seja: o tempo de adaptação para quem chega na F1, que já é escasso, vira quase um matadouro nesse primeiro momento.

O brasileiro teve algumas experiências já, mas a maior parte é no simulador. Claro que ele ainda está fresco com as disputas da F2, mas o post vai por outro caminho. Honestamente, recebi como uma surpresa positiva a oficialização do Drugo. Pensei, pelas circunstâncias, que o escolhido seria o outro piloto reserva recentemente contratado: Stoffel Vandoorne, ex-prodígio da McLaren, que estava na Mercedes e conquistou a Fórmula E.

Os patrocínios e as negociações penderam para o brasileiro. É interessante notar que Drugo foi o primeiro escolhido pelo Lawrence Stroll e staff para integrar a academia da escuderia. Isso diz muita coisa e a escolha é outro indicativo. 

Por último, mas não menos importante, é que esqueci de mencionar o motivo da ausência do Stroll: um acidente de bicicleta. O canadense é um ponto de interrogação até mesmo para a abertura da temporada, na semana que vem. Ó a estrela do Drugo aí. Quem sabe?

O desempenho vai ser difícil de mencionar. Drugovich vai estar tapando buraco e enfrentando Don Fernando Alonso. Claro que a equipe vai exigir parâmetros, mas só três sessões (se o brasileiro participar de todos os dias) não há muito o que melhorar em relação a uma possível estreia, caso Stroll realmente continue ausente.

O que quero escrever, para finalizar o texto, é que nós, pachecos, precisamos valorizar esses momentos. Drugovich teve que vencer uma F2 numa equipe média depois de três temporadas para ter uma chance numa equipe como piloto reserva e agora tem possibilidade de fazer testes e possivelmente substituir um piloto em alguma corrida.

Para quem não tem sobrenome ou academia de pilotos por trás, é um feito e tanto, independente do que aconteça após esses dias no Bahrein. Felipe Drugovich dá mais um passo enorme na jornada da carreira.

Até!

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

É ASSIM

 

Foto: Getty Images

O bebê que nasce ao mesmo que um homem morre. O início e o fim. Enquanto a vida avança e precisamos tentar explicar o que tentamos entender e definir o que nos marca.

A F1 em Abu Dhabi não é muito diferente do início de "Nas Is Like", do Nas, um dos melhores raps da história.

A corrida final tem os primeiros encontros e as despedidas, traduzidas nos capacetes e cerimônias. O caso mais marcante é obviamente o de Sebastian Vettel. 

De forma rara e surpreendente, todos os 20 pilotos se reuniram num jantar na quinta feira para celebrar a carreira do tetracampeão, que faz a corrida derradeira nesse final de semana. Claro que há outras despedidas, como de Latifi, Ricciardo e também de Mick Schumacher. Sobre o filho de Schummi, escreverei na semana que vem, assim sobre o super trunfo Hulkenberg.

A coisa é tão inacreditável que talvez eu pudesse abrir outro post para falar sobre a surpreendente, bonita e sensível homenagem de Alonso para o grande rival, algo inimaginável há dez anos, quando os dois, no limite, disputaram o tricampeonato aqui no Brasil. A Fênix, que substitui o alemão na Aston Martin, vai correr com um capacete semelhante ao de Seb.

Só vou escrever o seguinte: para Alonso, os contemporâneos já foram. Só sobrou ele e Hamilton. Então, quando um rival se aposenta, é uma parte dele que vai embora junto. Tipo quando Federer saiu de cena e levou Djokovic e Nadal as lágrimas. Eles sabem que o momento deles também está próximo, assim como Don Alonso, que já foi e voltou. 

Mick, o protegido, também faz parte das homenagens. E assim a vida segue. 

Como o pessoal do Sexto Round gosta de falar, a F1, embora não tão rápida, também tem o processo de renovação, talvez com uma despedida mais humanizada. Os velhos são escadas para os novatos.

Abu Dhabi, que também recebe o teste dos novatos pós-temporada, teve diversos novos rostos no primeiro treino livre. Vamos lá: desde os brasileiros Felipe Drugovich e Pietro Fittipaldi (pela primeira vez desde 2016 que temos dois brasileiros numa mesma sessão), passando por Liam Lawson, Logan Sargeant (futuro titular da Williams), Robert Shwartzman, Pato O'Ward, Jack Doohan e não jovem Robert Kubica. 

A Mercedes foi a mais rápida com uma dobradinha. Hamilton na frente. Isso significa e não significa muita coisa ao mesmo tempo. É um indicativo da força dos alemães, mas Verstappen entrou no carro no TL2 e já reestabeleceu a ordem. Para a corrida é isso mesmo. Aos poucos, o retorno de 2021: Verstappen, sozinho, contra as Mercedes, embora a Red Bull tenha colocado panos quentes para que Max ajude no que for possível o vice-campeonato de Checo Pérez.

Abu Dhabi, tirando o ano passado, é isso aí: despedidas, encontros e desencontros. Uma corrida que tem mais cara de pelada de fim de ano do que algo tão competitivo assim, principalmente porque, nesse ano, está todo mundo pensando na Copa que vai começar ali perto, um pouco mais tarde.

A F1 é assim.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

INGRESSO PARA O PARAÍSO

 

Foto: Reprodução/Aston Martin

Como escrito há tempos, Felipe Drugovich transformou o mais difícil no mais fácil. Afinal, vencer a F2 com três etapas de antecedência com a MP Motorsport já é um fato grandioso e impensável por si só. O problema é todo o contexto.

Para tudo na vida, é preciso timing e sorte, além da competência, capacidade e talento. Sem isso não se atravessa a rua, escreveu Nelson Rodrigues. Por mais impressionante que seja o feito de Drugovich, há alguns poréns: Drugo foi campeão na terceira temporada dele na F2, num grid não tão talentoso. Isso pesa.

O único com alguém potencial futuro é o próprio vice, o jovem Theo Pourchaire, francês que já está na academia da Sauber. Sem uma academia de pilotos ou muito dinheiro, fica complicado para Drugo conseguir uma vaga na F1 em 2023. O título com antecedência é um trunfo para as negociações serem cada vez mais intensificadas.

Na manhã de segunda-feira, a notícia mais quente dos últimos dias, veiculada primeiramente pelo Grande Prêmio e agora pela Band, se confirmou. Felipe Drugovich será piloto reserva da Aston Martin em 2023. Graças ao apoio da XP Investimentos, seriam desembolsados cerca de 7 milhões de euros para ocupar o assento.

Drugovich vai participar do treino livre do GP de Abu Dhabi, a última corrida do ano, no dia 18 de novembro e vai ser o representante da equipe na semana de testes dos jovens pilotos, que acontece após a corrida. O brasileiro é o primeiro membro da academia da Aston Martin.

Alguma coisa não faz sentido.

Alonso tem, no mínimo, contrato de dois anos. Stroll é o filho do chefe. Sendo otimista, Drugo estaria disponível para ser titular do time em 2025. É muito tempo parado. Até lá, surgem pilotos talentosos, com dinheiro e nas grandes academias, principalmente na Mercedes, fornecedora de motores da Aston Martin. E Toto Wolff tem uma porcentagem da companhia.

É muito caro pagar tudo isso para apenas andar em alguns treinos livres e ficar no simulador. Deveria haver uma contrapartida, ou deve ter, porque não sabemos de muito. Geralmente, ser piloto reserva não significa quase nada. Só lembrar de um caso da década passada.

2012. O italiano Davide Valsecchi estava na mesma situação: foi campeão da então GP2 e assinou pra ser piloto reserva/de testes da Lotus. Kimi Raikkonen teve problemas nas costas e, sem receber da quase falida equipe, não disputou as corridas finais da temporada 2013. Em tese, seria uma oportunidade para o reserva, certo? No entanto, a Lotus optou por contratar o experiente Kovalainen para fechar o ano.

O atual piloto reserva do time é Nico Hulkenberg... entenderam? Vamos considerar algum otimismo que aconteça algo que impeça Alonso ou Stroll de não disputarem algum GP no ano que vem, tipo uma apendicite do Albon. Quem garante que a Aston Martin não opte por alguém experiente como Hulk, principalmente se a ausência for Alonso?

“Ah, mas isso pode estar explícito no contrato, né!”. Talvez. Mas, com o tempo passando, o hype vai acabando também. O próprio De Vries, estreante celebrado da semana, saiu da McLaren e esteve no exílio da F-E. Só voltou aos holofotes porque virou piloto da Mercedes na categoria e foi campeão lá. Um protegido de Toto Wolff. A circunstância, o momento e o lugar certo.

Por outro lado, Drugo está no lucro: a terceira temporada na F2 poderia significar o fim definitivo nos monopostos europeus, até porque voltar para a MP foi um retrocesso. O brasileiro fez dos limões uma limonada e agora está numa equipe de fábrica, apadrinhado pelo rico Lawrence Stroll, que fala até em ajuda-lo até o próximo passo, citando os pilotos históricos do passado como Emerson Fittipaldi e Ayrton Senna.

É bem interessante esse apoio de Lawrence Stroll. Não tinha pensado por esse lado, mas agora isso pode ser algum indicativo, nem que seja por influência em algum outro lugar do grid.

Por falar nisso, tudo que o canadense toca vira ouro. Dizem que outro motivo para Alonso assinar com a equipe foi a possibilidade de Lawrence transformar a Kimoa, grife de moda jovem que o espanhol é dono e garoto-propaganda, em uma marca global.

Bom, todas as estrelas precisam se alinhar para isso dar certo. No fim das contas, o título da F2 foi o mais fácil da jornada.

Agora, uma boa política, contatos e negociações precisam fazer o resto do trabalho. E ter a sorte, timing, a circunstância, o momento a favor. Tudo isso junto. Além de desempenhar um papel nos treinos, com os carros mais antigos da Aston Martin nos testes e os trabalhos no simulador na moderna fábrica que está sendo construída, graças ao investimento do dono da Tommy Hilfiger.

Só assim que Felipe Drugovich vai conquistar o ingresso para o paraíso.

Até!

terça-feira, 6 de setembro de 2022

E AGORA, DRUGO?!

 

Foto: Divulgação/MP Motorsport

O que parecia difícil vai ser, no final das contas, o mais fácil. Desde a criação da atual F2, em 2017, apenas pilotos da Prema e da ART Grand Prix tinham sido campeões. O brasileiro Felipe Drugovich provavelmente vai cometer duas façanhas: ser o primeiro brasileiro campeão da F2/GP2 e trazer o título para a mediana MP Motorsport.

Nos últimos anos, a MP reforçou a equipe técnica, o que pode explicar alguma evolução. No entanto, é claro que o mérito maior é do brasileiro. Tem tudo para ser um título categórico, com uma rodada de antecedência. Com 69 pontos de vantagem e apenas 78 em disputa, Drugo tem tudo para fechar a conta em Monza, neste final de semana.

Desde a GP2, em 2005, muitos brasileiros bateram na trave: Nelsinho Piquet, Lucas Di Grassi, Luiz Razia e Felipe Nasr. Ainda teve Sérgio Sette Câmara, Xandinho Negrão, entre outros. Em tese, Drugo era o mais desconhecido desde que chegou. Teve uma temporada muito boa na própria MP, mas foi irregular demais ao subir de nível na UNI Virtuosi e sucumbir para Zhou.

Na terceira temporada, não é muito comum chamar a atenção dos grandes times. Geralmente, os pilotos de academia já mostram qualidade no primeiro ou no segundo ano. Foi assim com Leclerc, Russell, Norris, Albon, Mick Schumacher e Piastri. De Vries, por exemplo, sobrou e foi campeão no quarto ano de categoria. As portas estavam fechadas.

Para Drugo, a situação era ainda pior: sem destaque, dinheiro ou academia de pilotos, seria complicado arranjar alguma situação sem um ano mágico na F2, o que parecia improvável ao retornar para a MP. Mesmo jovem, aos 22 anos, o automobilismo é cada vez mais precoce.

Drugo apressou etapas ao permanecer somente um ano na F3 e ir direto para a F2. No entanto, o problema foi a segunda temporada, só que isso está sendo completamente esquecido pelo 2022 incrível. Com a MP, é bom ressaltar.

Muito ritmo, equilíbrio e constância. Vitórias em momentos chave. Enquanto os rivais Sargeant e Pourchaire sucumbiram, Drugo sempre fez o suficiente para no mínimo superá-los. E a recompensa está quase chegando.

Desde Bruno Junqueira na F3000 em 2000 que o Brasil não conquista um título tão importante na base. Desde a FE, onde Nelsinho e Di Grassi ganharam, que o Brasil não conquista um campeonato com a chancela da FIA. Mas e o que isso significa para a carreira de Drugovich?

Obviamente, ele vai precisar mudar de categoria. A F2 foi superada. O sonho é a F1, claro. Se antes Drugo poderia ser um patinho feio, o título pode deixá-lo mais atraente para as equipes. E as estrelas precisam se alinhar.

Drugo teve seu nome ventilado a Aston Martin para ser piloto reserva do time. Na Williams, uma das vagas disponíveis, não houve nada que pudesse ser mencionado. A coisa muda de figura neste final de semana.

Com a provável ida de Gasly para a Alpine e a chegada de Colton Herta para os taurinos, que depende da aprovação da FIA, temos Yuki Tsunoda como grande dúvida para o ano que vem. O japonês não vem entregando resultados em um carro que pouco consegue produzir, é verdade.

Também sabemos que paciência não é o forte da academia da Red Bull. Para mandar Yuki embora, não precisa de muito. É, no mínimo, uma vaga em aberto. Se a FIA não liberar Herta, podem ser duas.

Não há indícios de que Hauger, Daruvala ou Lawson possam ser aproveitados em 2022. A academia da Red Bull não tem um talento sobressalente, e Drugo superou todos eles. É o momento. Mais do que nunca, o timing é o grande aliado do brasileiro para sonhar com uma vaga na F1.

Se a Red Bull optar pelo retorno de Albon, a Williams fica com uma vaga sobrando. É outra possibilidade, menor, mas que o staff do brasileiro certamente vai estudar alguma forma de brigar.

Ou é isso ou são outras categorias, como a WEC, a FE e a Indy. O momento é agora. O título da F2 com uma equipe que não é de ponta é o grande patrocínio do brasileiro para brigar pela F1.

Claro que mais dinheiro ou alguma academia poderiam facilitar e sacramentar esse momento, mas Drugo fez o mais fácil (ganhar a F2) e o mais difícil (sem ter uma academia, muito dinheiro ou uma equipe de ponta). Agora, é hora de colher os frutos. E que as estrelas se alinhem cada vez mais. É a grande chance do Brasil voltar a ter um representante na categoria.

É agora, Drugo!


segunda-feira, 5 de setembro de 2022

MUITAS HIPÓTESES

 

Foto: MotorSport

Com a temporada cada vez mais desinteressante pela falta de concorrência a Max Verstappen, é inegável que os principais assuntos nos próximos meses sejam o mercado de transferências sobre as vagas restantes no grid para 2023.

A aposentadoria de Vettel desencadeou um verdadeiro efeito dominó na situação. É claro que já sabemos de Alonso na Aston Martin e a confirmação de Piastri na McLaren. O resto, aos poucos, começa a tentar se definir. Vou tentar ir por partes.

Começando pela Alpine, é claro. O candidato é Pierre Gasly. O próprio Helmut Marko afirma que a saída dele, de contrato com os taurinos até 2023, depende de uma indenização financeira. É a única exigência para a equipe francesa ter dois compatriotas no time.

Se a Alpine tirar um piloto da Alpha Tauri, quem seria o substituto? Bom, para começar, podem ser dois: Tsunoda ainda não está oficialmente garantido para o ano que vem. O desempenho irregular, atrelado a falta de paciência tradicional dos taurinos com os jovens pilotos, é sempre um motivo para dispensa.

O que pode salvar o japonês é o fato da academia da Red Bull não ter um nome pronto para subir. Vips foi desligado, Daruvala, Hauger e Lawson não empolgam. Como Pérez já foi contratado em virtude disso, não seria surpresa pensar fora da caixinha?

Helmut Marko admitiu, após a corrida na Holanda, que há um acordo com o americano Colton Herta. Faltam duas condições: a ida de Gasly para a Alpine e a FIA liberar a superlicença para o piloto da Indy, que não tem os pontos necessários para isso.

Considerando que a categoria e a Liberty estão desesperadas por um piloto americano para alavancar o engajamento, assim como dar maior visibilidade para Alpha Tauri (empresa de moda), não seria difícil que isso acontecesse. Afinal, Herta tem 34 dos 40 pontos necessários.

Se Tsunoda não ficar, quem poderia ser um candidato? Sim, ele mesmo: Felipe Drugovich. Segundo a imprensa, o brasileiro foi visto conversando com Marko no motorhome no último final de semana. Com o cartaz de provável campeão da F2, Drugo precisa ter o alinhamento das estrelas para poder brilhar (saída de Gasly, não renovação com Tsunoda, negativa para Herta).

Enfim, este é um assunto que pretendo abordar no texto de amanhã. Continuarei lá.

A Haas também tem dúvidas. Dizem que Mick Schumacher vai deixar a academia da Ferrari no final do ano, o que torna a permanência do alemão um ponto de interrogação. Com a parceria técnica dos americanos com os italianos, geralmente uma das vagas pode ter influência da Ferrari, assim como foi Mick na própria equipe e anteriormente Gutierrez e Giovinazzi, este na Alfa Romeo.

Aliás, o italiano é apontado como um candidato em potencial justamente por esse motivo. Sem o apadrinhamento da Ferrari, apenas o sobrenome pode não ser o suficiente para manter Mick, que também já foi ligado a especulações a Alpine e a própria Alpha Tauri (lembram quando Marko elogiou o alemão lá no início do ano?)

Na futura ex-Alfa Romeo, Zhou tem apelo até de Bottas para a permanência. É um ano de adaptação e o chinês não se envolve em acidentes. Precisaria de mais tempo e paciência para se desenvolver, além do fato de levar muito dinheiro para os suíços. No caso da Alfa Romeo, uma das alternativas poderia ser o reserva Theo Pourchaire, membro da academia. No entanto, o francês ainda é muito jovem e poderia esperar mais. Outro ano maturando na F2 é um caminho mais adequado.

A própria Williams tem incertezas. Latifi fica? Só pelo dinheiro. A recuperação financeira do time é suficiente para dispensá-lo? Não sabemos. Interessados não faltariam, mesmo sendo a pior equipe do grid. A prioridade, claro, é alguém com dinheiro, mas já vimos que alguns acordos podem ser costurados. Albon, da Red Bull, foi parar lá, mesmo com a Williams sendo parceira de motores da Mercedes.

Aliás, e se a Alpha Tauri resolver chamar Albon (que tem contrato) de volta, caso não tenha alternativas? Ela já fez isso algumas vezes com Kvyat... e é uma solução que faz sentido, pois o tailandês nascido e criado na Inglaterra está tirando leite de pedra. E se a Williams precisa, então, de mais de uma vaga? Candidatos não faltariam, de todos os nichos.

Dúvidas e questões que devem ser resolvidas até o final do ano, no mais tardar ano que vem. Afinal, quanto mais cedo esses acertos, melhor para o desenvolvimento do carro de acordo com a característica dos pilotos.

Esse mercado tem tudo para ser mais emocionante que o atual Mundial de F1. Fofoca sempre rende, não é mesmo?

Até!


terça-feira, 7 de junho de 2022

A HORA É AGORA

 

Foto: Getty Images

Desde a aposentadoria de Felipe Massa, em 2017, a F1 ficou sem brasileiros na categoria. Algo inédito para um país com oito títulos mundiais. O recado estava claro: o automobilismo de base enfrentava problemas. O principal e mais óbvio deles, o dinheiro. Mas e o talento?

Desde então, as discussões seriam sobre quem iria pegar a tocha. O próprio Massa aposta em Caio Collet, hoje na academia da Alpine/Renault, como o próximo representante do país na F1. Vale ressaltar que Collet e Massa são empresariados por Nicholas Todt, influente, mas não sei se a opinião do Massa é deveras enviesada por esse fator. Enfim...

Outros candidatos surgiram: Sérgio Sette Câmara, que ficou anos na F2 e inclusive foi companheiro de equipe de Lando Norris na Carlin. Primeiro, chegou a fazer parte da academia de pilotos da Red Bull, o que é sempre importante. Fez testes esporádicos com a ainda Toro Rosso. Depois, chegou a fazer parte da academia da McLaren, mas não vingou. Ficou pelo caminho.

Outros candidatos naturais seriam os que possuem o sobrenome e, consequentemente, alguma política e dinheiro. Pedro Piquet sobrou no Brasil mas o choque de realidade na Europa foi grande. Não está mais no caminho. Apadrinhado pela Shell, Gianluca Petecof foi inclusive apontado por Vettel como um nome para ficar de olho. Ao sair da Ferrari, todavia, o brasileiro com nome e sobrenome não tão brasileiro assim sentiu as dificuldades financeiras e abandonou a F2.

No início do ano, todo mundo ficou em polvorosa com a possível entrada do Pietro Fittipaldi no lugar de Mazepin na Haas, em virtude dos desdobramentos da guerra entre Rússia e Ucrânia. Reserva do time americano, por algum motivo o pessoal acreditou que o brasileiro seria escolhido. A patriotada era válida, mas Pietro em nenhum momento justificaria a escolha. A Haas escolheu o retorno de Magnussen e o Brasil, portanto, segue sem alternativas viáveis no curto prazo para ter um piloto do país na F1, ainda mais agora que só há dez times e todo aquele universo que canso de repetir: sobrenomes, filhos de bilionários e academia de pilotos.

No meio dessa história, um desconhecido chegou na F2 fazendo a pole na Áustria, em meio a pandemia. Seu nome? Felipe Drugovich Roncato. Paranaense de Maringá, nasceu no dia 23 de maio de 2000. 22 anos, portanto.

Depois de competir no kart no Brasil, Drugo partiu para a Europa. Em 2016, estreou na F4 alemã. No ano seguinte, também competiu na F4 italiana, na Euroformula, na Fórmula 3 Europeia e na MRF Challenge, onde ficou em quarto na temporada. Na F4 alemã, foi o terceiro.

Em 2017 e 2018, ascensão e títulos na MRF Challenge, na Euroformula e na F3 Espanhola. Em 2019, a subida para a F3, na Carlin Buzz Racing, até o ponto onde estávamos na F2, na modesta MP Motorsport.

Desconhecido, Drugo teve uma boa temporada de estreia numa equipe que não é das melhores na hierarquia da F2. Com duas vitórias na Sprint Race e uma na Feature Race, além de outro pódio, Drugo terminou em oitavo na tabela, com desempenho bom numa temporada onde geralmente a adaptação na categoria é muito complicada. É claro que isso despertou a atenção dos brasileiros. O salto parecia óbvio.

Na UNI Virtuosi, com Guanyu Zhou como companheiro de equipe, a tendência era Drugo brigar por mais poles e vitórias, pois estava mais ambientado e numa equipe melhor, apesar de enfrentar um duro adversário interno. No entanto, o resultado não foi o mesmo. Apenas três pódios e menos pontos do que na estreia. Drugovich perdeu valor e não confirmou a subida. Sem o sobrenome ou um grande apoiador, parecia estar destinado ao flop, no que tange a F1.

Na terceira temporada, acabou voltando para a MP. Sem grandes expectativas. É claro que está mais experiente na categoria, o que é uma vantagem considerável. Só lembrar dos casos recentes de Nyck de Vries e Nicholas Latifi, por exemplo, que só engataram na categoria depois de alguns bons anos. No entanto, isso também não quer dizer grande coisa. Geralmente os bons já chegam e mostram resultados: George Russell, Charles Leclerc, Alexander Albon, Lando Norris, Oscar Piastri...

Aproveitando da experiência e da maturidade, é inegável que Drugo vem fazendo uma temporada majestosa até aqui. Está sobrando no campeonato com uma MP, mais de 30 pontos de vantagem para o vice-líder Theo Pourchaire. Vitórias, poles, recuperações, a correção de alguns defeitos como as largadas e as disputas por posição. Se continuar nesse nível, são grandes as chances de Drugovich ser o primeiro brasileiro campeão do atual formato da GP2/F2. O país teve alguns nomes que bateram na trave: Nelsinho Piquet, Lucas Di Grassi, Luiz Razia e Felipe Nasr.

Felipe Drugovich campeão da F2 nesse ano. O que isso significaria, na prática?

Além do exercício de futurologia, precisamos de um contexto. Ser campeão na terceira temporada na categoria não é algo muito chamativo para as grandes equipes e academias, ainda mais considerando que temos apenas 20 vagas disponíveis. Se houvesse um ou mais times, a história poderia ser diferente... mas não é.

Em entrevista para a Motorsport há algumas semanas, o holandês Sander Dorsman, chefão da MP, falou que o caminho para o brasileiro sonhar com a F1 é um só: que as empresas brasileiras apoiem Drugo. Felipe Nasr só chegou na F1 graças ao apoio do Banco do Brasil. Com o texto da crise financeira do país num contexto político do golpe de 2016, Nasr deixou a categoria depois de dois anos na Sauber. Sem grana, sem vaga.

A questão é o retorno, o engajamento, o interesse, a política. É tudo muito complexo. Em um país em crise, é difícil grandes investimentos. É complicado. Muita gente não se interessaria em apostar em Drugo numa equipe intermediária, onde a chance de grandes resultados é muito pequena. Não teria grande retorno, não haveria engajamento que pagasse, apesar do barulho da internet brasileira ser um termômetro interessante para o mundo exterior.

O caminho mais fácil, no entanto, é de alguma academia de pilotos, seja Mercedes, Red Bull, Ferrari, Williams ou Alpine. Com 22 anos e sem aporte financeiro, Drugo pode ter chegado tarde demais, porém a esperança é a última que morre. Se for campeão com sobras, pode ser que consiga algo como piloto reserva ou de testes. É importante lembrar que o campeão da F2 não pode estar no grid do ano seguinte. De toda forma, Drugo precisa pensar no que vai fazer em 2023, considerando que o título da F2 é uma possibilidade muito grande.

Sendo otimista e com as estrelas se alinhando, quais vagas estariam em aberto? A Alpine está entre Piastri e Alonso. A Haas vai priorizar alguém da Ferrari caso Mick saia. A Williams seria o único caminho viável, visto que Latifi não deve permanecer. Alpha Tauri? Talvez se Gasly sair para a McLaren, caso Ricciardo deixe o time de Woking...

É uma situação complexa e difícil, porém não inédita. Outros campeões não chegaram perto de subir para a F2, como Davide Valsecchi, Fabio Leimer, Nyck de Vries e o próprio Oscar Piastri não subiu imediatamente. E se não der certo, como o panorama atual mostra?

Campeão da F2, Drugo sabe que o automobilismo é muito além da F2 e as opções mais óbvias seriam tanto a Fórmula E quanto a Indy.

Aproveito o espaço para elogiar o excelente e surpreendente início do Enzo Fittipaldi na temporada, depois de estrear na categoria no final do ano passado. Com a fraca Charouz, está no top 10 da classificação. Pelo sobrenome e pelos patrocinadores, Fitti tem mais chances de estar na F1 do que o próprio Drugo, mesmo tendo saído da academia da Ferrari. Se continuar se desenvolvendo, talvez seja a bola da vez, porque uniria talento, dinheiro e sobrenome.

Se o sonho ainda é a Fórmula 1, como não pode deixar de ser, a hora de Drugovich ir com tudo é agora. É continuar entregando grandes resultados e se aproximar de um título inédito para o país e contar com o jogo de cintura político, a visão de empresas interessadas e formar/aproveitar uma conjuntura que favoreça Drugo a realizar o grande sonho. Apoio da torcida e dos fãs é o que não falta. Que esse engajamento sensibilize empresas e bilionários entediados dispostos a investir em um jovem talento. Sendo patriotas, facilitaria tudo.

Mas cuidado: como escreveu Jorge Luis Borges, os sonhos não devem durar mais de uma noite.

Até!


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

NOVA SAFRA

 

Foto: Getty Images

Depois de um 2019 deplorável na F2, de nível técnico horroroso, pilotos que não deveriam estar lá e a morte da promessa Anthoine Hubert, em 2020 a categoria se reinventou em meio a pandemia e trouxe grandes corridas e talentos para o curto/médio-prazo.

Começando pelo campeão, Mick Schumacher, o filho do homem. Como não se emocionar com o Schumaquinho no topo? É claro que Mick não é Michael, um virtuoso, mas a consistência fez a diferença. Sempre pontuando nas duas corridas, arrancou na parte final e, mesmo puxando ao pai ao terminar lá atrás a corrida final e bater no treino classificatório, o alemão consegue o título que é para poucos, mesmo com toda a desconfiança pelo sobrenome que tem.

Como recompensa, foi parar na Haas. Como escrevi antes, talvez pelo marketing seria melhor ter ido para a Alfa Romeo, uma grife, para ser companheiro de equipe de Kimi Raikkonen, um dos rivais que o pai teve. Seria sensacional. Além do mais, os americanos hoje parecem apenas melhores que a Williams, então será difícil Mick mostrar alguma coisa. O importante é que chegou lá.

Foto: Reprodução/Red Bull

Outro que vai estar na F1 mas ainda não foi anunciado oficialmente é Yuki Tsunoda. O japonês foi o melhor novato do ano ao terminar o campeonato em terceiro, conquistando os pontos que precisava para chegar a F1, na Alpha Tauri, substituindo Daniil Kvyat. Com muitas poles e boas vitórias, Tsunoda mostrou que não é apenas um japonês apadrinhado pela Honda que chegou lá, apesar da saída da montadora no meio do caminho. Se conseguiu atrair a atenção do exigente Helmut Marko, também pode facilmente ser queimado como qualquer outro talento taurino. Com Gasly como forte competidor, o japonês já chega enfrentando um alto nível interno. Teste de fogo.

Outros destaques foram Callum Ilott, o vice-campeão, e Robert Shwartzman, outro novato, ambos da academia da Ferrari. Ilott é o que tem menos chances de ascender a categoria mas é o mais preparado hoje, além de experiente. Na hora H, também cometeu uns erros e perdeu o título. Shwartzman foi o que mais venceu no ano e liderou até a metade da temporada, caindo de produção no final. Por ser jovem e novato, faz parte do aprendizado. Com certeza o russo será favorito ao título do ano que vem junto ao australiano Oscar Piastri, australiano campeão da F3 e que será seu companheiro de equipe na Prema.

Além do mais, há a manutenção dos também promissores Christian Lundgaard e Guanyou Zhou, os dois da Renault. A Uni-Virtuosi conseguiu o vice-campeonato de construtores, o que mostra consistência mas ainda falta mais vitórias e protagonismo.


Por falar na Uni Virtuosi, esse será o destino do brasileiro Felipe Drugovich na F2 em 2021. Com três vitórias e algumas poles, Drugo foi a grande surpresa da temporada, mesmo no fraquíssimo carro da MP Motorsport, andando na frente na maior parte do tempo. Por também ser um estreante, mostrou ter velocidade, mas precisa ajustar o ritmo de corrida e andar no tráfego, seja para ultrapassar ou para se defender, além de saber o momento certo. Questão de experiência. Ambientando e numa equipe melhor, é a grande chance do brasileiro atrair a academia de alguma montadora para se aproximar do sonho da F1.

Pedro Piquet é que deixou a categoria. Em um post enigmático, entendeu que não tem os recursos para chegar a F1 e não há grana para continuar insistindo, fazendo até uma ironia com o psicopata Mazepin. O futuro é uma incógnita mas verdade seja dita: Pedrinho não fez nada na temporada, mesmo sendo também a de estreia (e agora a última) na categoria.


O jovem Gianluca Petecof, de 18 anos, foi campeão da Fórmula Regional Europeia nesse final de semana. Ele bateu Arthur Leclerc, o irmão do Charles. Membro da academia Ferrari, Petecof teve a temporada ameaçada ao perder patrocinadores durante a pandemia, mas conseguiu outros dois e tocou ficha. Foi o único a pontuar em todas as 23 corridas da temporada. Agora, o próximo passo do brasileiro deve ser a F3, talvez com a Prema, o que sempre aumenta a expectativa e a responsabilidade. Aos poucos, Gianluca vai se tornando realidade.

Por último, mas não menos importante: o texto de amanhã será sobre os perigos do excesso de segurança e como isso atraiu gente inconsequente e psicopata como o Nikita Mazepin, que acha que pode fazer o que quiser porque o pai é bilionário. Depois, acontece alguma tragédia e colocam culpa na segurança, mas isso é para amanhã.

Esse foi apenas um panorama das grandes promessas do automobilismo mundial que em breve pode estar brilhando cada vez mais na sua telinha.

Até!

terça-feira, 1 de setembro de 2020

A ESPERANÇA DRUGO E OS TALENTOS DA F2

 

Foto: Getty Images

Geralmente a F2 é mais emocionante e melhor disputada que a F1. Com pilotos jovens inexperientes e arrojados, isso é uma boa mistura para o entretenimento. No entanto, depois de um 2019 trágico e repleto de poucos talentos (sendo um desses morto no acidente de Spa - Anthoine Hubert), em 2020 a F2 tem grandes nomes na disputa ou que prometem estar na Fórmula 1 a curto/médio-prazo.

Uma das esperanças virou o surpreendente Felipe Drugovich. Aos 20 anos, o paranaense de Maringá tem como grandes resultados a terceira posição na F4 alemã em 2017 e os títulos na Euroformula, F3 Espanhola e MRF Challenge entre 2017 e 2018. No ano passado, correu na F3 e terminou a frente de Logan Sargeant, atual líder.

Neste ano, sem grandes expectativas, assinou com a MP Motorsport, equipe que tinha no ano passado o mito Mahaaver Raghunathan. Nesta temporada ele é companheiro do experiente japonês Nobuharu Matsushita, que já foi piloto da Honda. Mesmo estreando na nova categoria, vem extraindo muito de um carro fraco. Duas poles normais e uma na sprint race, além de duas vitórias na sprint race. Drugo ainda precisa evoluir no ritmo de corrida é claro, mas as credenciais iniciais são animadoras.

Para o ano que vem, precisa desesperadamente de um carro melhor e tentar assinar com uma academia de pilotos. Hoje, infelizmente, só assim para chegar na F1 ou ter sobrenome e dinheiro, que não é o caso de Felipe. No entanto, o brasileiro mostra ter muito potencial para quem sabe, no médio prazo, sonhar com a F1.

Agora, trarei rapidamente as credenciais de outros postulantes a título da categoria e que, consequentemente, podem chegar na Fórmula 1 em um futuro próximo:

Robert Shwartzman: o russo, prestes a completar 21 anos, é o atual campeão da F3. Antes, conquistou a Toyota Racing Series em 2018. A parceria vitoriosa com a Prema até agora vem se repetindo na F2. Mesmo no ano de estreia, é o atual líder, superando o experiente e também parceiro de Academia, o badalado Mick Schumacher. Com 3 vitórias e 5 pódios em 14 corridas, naturalmente é um dos candidatos a ir para a Fórmula 1 em 2021, seja na Haas ou na Alfa Romeo, ambas parcerias da Ferrari.

Callum Ilott: também da Academia de Pilotos da Ferrari, o inglês de 21 anos foi terceiro colocado na F3 em 2018, atrás somente dos companheiros Anthoine Hubert e Nikita Mazepin. No ano passado, foi apenas o 12°, mas agora está brigando pelo campeonato. Com 2 vitórias e 4 poles, é o vice-líder, tendo perdido a liderança no final de semana para Shwartzman. No entanto, suas chances de ascensão na F1 são mínimas, pois os fichas 1 e 2 da Ferrari são Shwartzman e Schumacher. Está numa posição complicada.

Yuki Tsunoda: o japonês de 20 anos é o pacote completo: apoiado pela Red Bull + Honda, naturalmente é questão de tempo para que chegue na Alpha Tauri. Se terminar a F2 entre os três primeiros, vai subir para a equipe satélite. Com duas vitórias e quatro pódios na Carlin, é o sopro de renovação que a academia de pilotos dos taurinos precisa. Elogiado publicamente por Franz Tost, chefão da Alpha Tauri, só depende dele para que o Japão volte a ter um piloto na Fórmula 1.

Mick Schumacher: o mais badalado dos pilotos da F2 por questões óbvias, Mick vem se mostrando um piloto nada mais nada menos do que regular. Mesmo sem vencer, vem acumulando pódios e é o quarto colocado no campeonato. Publicamente, já ficou claro que a única dúvida é sobre qual equipe ele estreará na F1: Haas ou Alfa Romeo. Certamente Mick não está pronto ou não é um piloto espetacular, mas nesse caso o sobrenome e a nostalgia bastam. Como todos sabemos, a base é uma coisa e a F1 é outra. Vai que o alemão desabroche por lá? Não é o mais lógico, mas não seria a primeira e nem será a última...

Guanyou Zhou: o chinês viável. Bom piloto e já na academia da Renault, certamente seria uma escolha interessante para ativar um mercado de bilhões de pessoas. Com 21 anos, seu melhor resultado foi um vice-campeonato na F4 italiana em 2015. Ano passado foi o sexto na F2, agora é o sétimo. O problema para o chinês é que ele está travado nos próximos anos devido a contratação de Alonso e a manutenção de Ocon, que nem da Renault é. Paciência e consistência são as palavras chave para o chinês.

Christian Lundgaard: O dinamarquês se encontra na mesma, a diferença é que não é chinês e é mais jovem, apenas 19 anos, pode se desenvolver na categoria. Campeão da F4 espanhola em 2017, foi o sexto colocado na F3 ano passado. Apesar de estreante, está dando trabalho lá na frente. Como ainda tem bastante tempo para se desenvolver, é um nome que pode ter uma atenção maior no futuro. Tudo vai depender dele próprio e também do que a Renault pretende com seus pilotos a médio-prazo.

Menções (nem tão) honrosas:

Nikita Mazepin e Sean Gelael: o russo e o indonésio são de família rica, então basicamente o que precisam é de um resultado mínimo que os gabaritem para a Fórmula 1, igual Stroll. O russo é o quinto colocado e certamente é capaz até de comprar ou inventar uma equipe para correr, mesmo sendo um psicopata de uma família de negócios escusos. Gelael não fica muito para trás, mas uma lesão na vértebra vai deixá-lo fora de combate até o final da temporada. Vai ter que tentar tudo de novo em 2021, mas seria bom se ambos passassem longe da F1.

E pra vocês, quem mais se aproxima da F1 no futuro próximo?

Até!