domingo, 28 de março de 2021

COMO NUNCA, COMO SEMPRE

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

Nunca estive tão indiferente a um início de temporada. Por mais que houvessem algumas mudanças, a proximidade entre as corridas do Bahrein (lá foram disputadas 3 das últimas 4 corridas, algo inédito) e a sensação de que tudo só será modificado no ano que vem me fizeram pensar assim.

Apesar da grande mudança no grid, seja com pilotos, nomenclaturas de equipes ou até mesmo a transmissão aqui no Brasil. Muitos elogios para a Band, que tratou o produto com respeito que os fãs merecem. Do início até o fim. Houve sorte que a emissora paulista esteve indisponível para transmitir as ligas europeias que passa no final de semana, então fica a curiosidade para saber como será o desenvolvimento dessa relação. Com uma equipe composta de ex-profissionais do grupo Globo, tudo parecia diferente como nunca, mas igual como sempre.

Isso é o que eu ouvi falar porque não consegui acompanhar. A idade está me cobrando um preço da boêmia caseira da madrugada e já acordei com a corrida em andamento. Depois de algumas voltas, ainda perdido, faltou luz aqui em casa e só voltou depois da prova. Por sorte, assisti agora a íntegra na internet e a Band Sports reprisa enquanto escrevo esse texto.

Nikita Mazepin mostra a cada instante o óbvio: o mau-caráter não tem condição alguma de estar lá, mas ser bilionário (ou filho de um) facilita as coisas. Vão transformar o Stroll em alguém mediano graças a irresponsabilidade do clube dos bilionários. Enquanto não matar alguém ou a si próprio, não vão sossegar. Aí culpam o circuito, como sempre fazem.

Sérgio Pérez e a maldição da Red Bull: ao ficar apenas no Q2, volta todo o filme que Gasly e Albon sofreram. Na volta de apresentação, um problema elétrico que quase o fez não largar. Do fim do pelotão, fez o que se espera de agora um piloto taurino: o quinto lugar. Precisa ser mais competitivo, mas tem tudo para fazer o que os outros dois jovens não fizeram (ou não deixaram que fizessem).

Lando Norris mais uma vez começa muito bem a temporada. Foi o melhor do resto hoje, com um merecido quarto lugar, mostrando que a McLaren, de volta com o motor Mercedes, está veloz mais ainda precisa de um melhor ritmo de corrida, mesmo com essa boa colocação. Apesar de todos estarem em fase de adaptação, é importante que o britânico comece o ano batendo no amigo Daniel Ricciardo, um discreto sétimo lugar.

Na Ferrari, Leclerc cresceu na hora certa e mostra porque é o líder que a Ferrari precisa e merece. O motor é menos pior que o do ano anterior, o que basta para que os italianos voltem a sonhar com colocações menos vexatórias que a do ano passado. Sainz é um bom pontuador e vai cumprir bem seu papel. Não é brilhante mas é eficiente e infinitamente mais valia que o atual Vettel.

O alemão, por sua vez... vai manchando seu legado de tetra. Largando em último, bateu em Ocon, rodou e foi dominado pelo filho do chefe. O também acionista da equipe, se não tiver uma rápida melhora, precisa considerar deixar a F1, para seu próprio bem. Superar um tetracampeão é tudo que Stroll e seus "defensores" precisam para validar o argumento de que não é um piloto de todo ruim.

Alonso, quarentão, ausente dois anos e com uma mandíbula recentemente machucada, fez o de sempre: andou mais que o carro. O problema é esse: a Alpine parece ter involuído ou ficado mais para trás, o que é uma tragédia para o espanhol. Nada que ele não esteja acostumado. O grande salto precisa ser ano que vem mas, como escrevi ainda no ano passado, nesse instante é mais importante celebrar o retorno do bicampeão do que imaginar qualquer perspectiva futura.

Yuki Tsunoda ultrapassou três campeões mundiais na estreia e pontuou, chegando em nono. Uma pena o bico de Gasly ter quebrado no contato com a McLaren. A Alpha Tauri está se mostrando muito forte nesse pelotão intermediário. Com o talentoso e ousado japonês, a dupla fica mais fortalecida ainda. Pinta de grande promessa para o futuro da Red Bull, esse é Yuki Tsunoda, o primeiro piloto nascido nos anos 2001 a correr na F1. Nesse ano, aliás, Alonso e Raikkonen estavam estreando na categoria.

Mick Schumacher na Haas tem uma missão: ficar na frente do Mazepin. Não parece ser difícil. A única coisa incompreensível é porque ele não foi para a Alfa Romeo. A Haas se arrasta no grid.

Deixei o melhor para o final. A Red Bull jogou fora uma chance concreta de vitória. Aparentemente melhor equilibrada no Bahrein, os taurinos levaram um nó tático da Mercedes. Talvez a Red Bull não esteja mais tão acostumada com essas situações. O importante é que tivemos uma disputa realmente emocionante. Max passou Hamilton por fora mas teve que devolver a posição. Ele insiste que conseguiria abrir os cinco segundos de punição que receberia mas a equipe não entendeu assim.

Hamilton, em um raro momento de ligeira inferioridade, segurou com unhas e dentes a vitória número 96 da carreira e importantíssima para o Mundial. Considerando que a Mercedes precisa de tempo para corrigir suas falhas, acumular o maior número possível de pontos e roubar da Red Bull é ouro. Max, Horner e companhia perderam uma grande chance.

A Mercedes parece mais tocável do que nunca, mas vencedora como sempre. A Red Bull parece próxima de ameaçar a hegemonia, mas ficou no quase como sempre.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

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