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domingo, 30 de julho de 2023

PULVERIZADOR

 

Foto: ANP

Não há competição. Não importa o contexto, a Red Bull e Max Verstappen vão estar lá. Seja na chuva durante a ridícula e sem sentido sprint race, seja na corrida de fato. Desta vez, Pérez até que fez o papel de escudeiro e segundo piloto por 17 voltas.

O que impressiona é como Max some após a ultrapassagem, que por si só já é muito fácil. Parece que são carros diferentes e que são apenas pintados iguais. É para esmagar e desmoralizar todo mundo, mesmo.

Na verdade, o único momento de tensão e conflito foi de Max com o próprio engenheiro de corrida, Gianpiero Lambiase. Os dois trabalham juntos na Red Bull desde que o holandês chegou na equipe mãe. Max não gostou da estratégia do Q2 de sexta e reclamou, Lambiase retrucou; na corrida, Max reclamou da estratégia durante a corrida; Lambiase respondeu sobre gastar demais os pneus macios; Max queria outra parada para fazer a volta mais rápida, o que foi retrucado.

Hamilton também reclamava do carro vencedor que não tinha competição. Parece que a natureza competitiva desses caras é sempre buscar briga e conflito com algo para se sobressair. É o que resta, porque na pista isso não existe no momento para Max.

Tivemos uma demonstração de força de Leclerc, que herdou a pole após a punição de Verstappen. Foi uma questão pontual e de talento do monegasco, porque os italianos seguem deficitários. Sainz espremeu Piastri na largada e os dois se prejudicaram. Norris teve que fazer corrida de recuperação, assim como Russell. Hamilton não teve ritmo para brigar pelo pódio, mas a Mercedes segue constante como segunda força.

Diante das circunstâncias, a Aston Martin aproveitou os vacilos alheios para somar bons pontos. Hoje, a Fênix e sua trupe sabem qual o lugar do time na hierarquia da F1. Ocon recoloca a Alpine nos pontos e Tsunoda leva a melhor sobre Ricciardo, ainda assim é pouco para a Alpha Tauri.

Do miolo para trás, há disputa e caos, pena que não vale nada. As forças ficam cada vez mais evidentes e estabelecidas. O que não muda, vocês já sabem: Max Verstappen é um pulverizador. Vai bater o recorde de nove vitórias seguidas do Vettel e estabelecer a maior dominância de uma temporada na história.

É torcer para que no novo regulamento a Red Bull erre ou alguém tire um coelho da cartola. Se não, vai ficar cada vez mais sufocante para os rivais e desinteressante para nós, fãs. As férias de verão na Europa chegam em ótima hora.

Confira a classificação final do GP da Bélgica:


Até!

sexta-feira, 28 de julho de 2023

ONDE HÁ ÁGUA...

 

Foto: Getty Images

Spa Francorchamps e chuva. Nem mesmo antecipando a corrida, que geralmente é a primeira do retorno das férias de verão europeu, é possível escapar das condições climáticas adversas. O circuito já é perseguido por hereges, que o culpam por acidentes, mortes, negligências e barbeiragens dos pilotos. Caça às bruxas contra tudo o que não for corrida de rua e asfalto para todos os lados.

Ainda teremos a porcaria da Sprint Race. Ou seja, o primeiro treino, que deveria dar um indício, não serviu para nada porque choveu e poucos foram para a pista. Basicamente todo mundo foi para o qualify no escuro.

A grande notícia do dia vem da Alpine e a série de mudanças que os franceses vão realizar a partir de agosto, no retorno das férias. Otmar Szafnauer, Alan Permane e Pat Fry estão de saída. Os dois primeiros demitidos, incluindo Permane que tem mais de 30 anos na empresa. Fry está indo para a Williams ser o diretor técnico.

Interinamente, assumem Bruno Famin, vice-presidente da Alpine Motorsports, Julian Rouse o diretor esportivo interino e Matt Herman lidera a parte técnica. A passagem de Szafnauer foi um desastre. Depois de anos de serviço bem prestados na Force India/Racing Point, a estadia nos franceses foi um fracasso.

O desempenho nunca esteve lá e o chefão vai ficar mais marcado por ter perdido Alonso e Piastri do que qualquer outra coisa. O presidente da Alpine já estava insatisfeito há alguns meses, chamando até o então chefe de amador. Acabou a paciência. É muito dinheiro investido para resultados tão tímidos. O 2023 da Alpine tem sido muito ruim. As mudanças, mais a venda de uma parte do time para os americanos são indícios que eu também já escrevi sobre. Onde há água...

Bom, voltando para o treino, um circuito longo deixa evidente a diferença da Red Bull para as demais. Teremos briga do segundo lugar em diante, mesmo que Max Verstappen tenha sido punido por trocar o câmbio e largue em sexto. Com isso, Leclerc consegue a segunda pole do ano. Nem assim Pérez se sobressai...

Vai ser aquela briga bonita pelo pódio entre Ferrari, Mercedes e McLaren. A Aston Martin definitivamente ficou para trás. Ricciardo teve azar no Q1 ao passar os limites da pista e ter a volta excluída, eliminando-o da sessão. 

O final de semana promete mais chuvas e incertezas. Vão continuar culpando Spa ou vão atacar o verdadeiro culpado, que é Max Verstappen a FIA e a Liberty?

Confira o grid de largada do GP da Bélgica:


Até!

quinta-feira, 27 de julho de 2023

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 281 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 171 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 139 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 133 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 90 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 87 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 80 pontos
8 - Lando Norris (McLaren) - 60 pontos
9 - Lance Stroll (Aston Martin) - 45 pontos
10- Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos
11- Oscar Piastri (McLaren) - 27 pontos
12- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos
13- Alexander Albon (Williams) - 11 pontos
14- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos
15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos
16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 452 pontos
2 - Mercedes - 223 pontos
3 - Aston Martin Mercedes - 184 pontos
4 - Ferrari - 167 pontos
5 - McLaren Mercedes - 87 pontos
6 - Alpine Renault - 47 pontos
7 - Williams Mercedes - 11 pontos
8 - Haas Ferrari - 11 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos
10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos

"LONGE DO AUGE"
Foto: Divulgação/Mercedes

Mesmo voltando a largar na pole depois de quase dois anos, a largada no domingo desanimou tanto Lewis Hamilton a ponto do Sir declarar que, hoje, ele não está mais no auge da carreira, e que isso começou ano passado, coincidentemente quando a Mercedes também deixou de ter a hegemonia na categoria.

“Acho que ontem depois da classificação parecia que eu estava de volta ao meu melhor. Mas na verdade não estou no auge há mais de um ano", disse, em entrevista, após a corrida da Hungria.

É uma declaração forte, mas que faz sentido por outros motivos. A idade, por exemplo. É evidente que Hamilton não está mais no auge, mas isso não significa que ele virou um piloto desprezível. A questão é que difícil alguém que sempre venceu desde que começou a carreira repentinamente ficar fora do topo e ver as chances de pole e vitória, outrora sempre palpável, agora ser cada vez mais difícil. 

Por isso a emoção na pole 104, porque a ausência de protagonismo afeta o psicológico, a confiança desses grandes competidores, e Hamilton é um deles. Nem tanto ao céu, nem tanto ao céu. "Longe" do auge, Hamilton só precisa de um carro melhor e mais competitivo para mostrar porque detém os recordes que possui.

DESFECHO PRÓXIMO

Foto: Getty Images

Em um mês e maio, talvez em agosto, a FIA vai dar uma resposta sobre a questão da entrada de uma nova equipe na Fórmula 1 a partir de 2026. Foi o que garantiu Mohammed Ben Sulayem, presidente da Federação, durante entrevistas na Hungria, semana passada.

"Espero que consigamos fazer o anúncio no mês que vem. Estamos conversando com gente séria e não queremos excluir ninguém sem uma avaliação detalhada dos pedidos que recebemos.

Estamos falando de grandes nomes e muito dinheiro. A declaração de intenção foi a coisa certa a fazer e, além disso, o contrato diz que o grid da F1 pode ter até 12 equipes", disse para um portal húngaro.

Mais do que somente uma equipe, o desejo da FIA e de Ben Sulayem é de uma fábrica, alguém com estofo e estrutura para somar na categoria. De acordo com essa descrição, a candidatura que mais se aproxima é a da Andretti, que chegaria em parceria com a General Motors, no caso a Cadillac.

"Claro que não queremos qualquer equipe, mas equipes ‘classe A’ e precisamos de novas fábricas. Prefiro fábricas porque seria bom para o esporte. Já tomamos o tempo que precisávamos, a equipe da FIA trabalhou muito duro nisso, já nos encontramos com as equipes para revisar as propostas e aho que chegaremos a uma decisão final dentre de quatro a seis semanas", continuou.

Apesar da Liberty e das equipes serem contra a adesão de outra equipe por questões financeiras, a FIA pretende ir com a questão até o fim.

“É obviamente uma questão política e financeira, mas está claro para mim que a FIA tem de respeitar os tratados que existem. Somos regulamentados pela União Europeia. Não podemos manipular nada. Se uma equipe está interessada e as regras dizeram que podemos ter uma quantidade definida de times, como podemos dizer não?

Entendo as preocupações das outras equipes, especialmente na parte financeira, da distribuição, mas não estou aqui para chatear ninguém. Estou aqui para fazer a coisa certa para o esporte. Ficarei feliz de me reunir com alguém e dar conselhos, mas como podemos negar uma grande equipe que queira entrar na F1 dizendo para comprar uma equipe ou não vir? Acho isso errado”, finalizou.

Uma decisão tão rápida e declarações que aparentemente vão contra o outro lado da questão são indicativos interessantes, se não for meramente um despiste. É uma queda de braço política e financeira e, para o bem da categoria, é melhor que a FIA mostre quem manda: ela, não as montadoras.

TRANSMISSÃO:
28/07 - Treino Livre: 8h30 (Band Sports)
28/07 - Classificação: 12h (Band e Band Sports)
29/07 - Classificação Sprint: 7h30 (Band Sports)
29/07 - Corrida Sprint: 11h30 (Band e Band Sports)
30/07 - Corrida: 10h (Band)


quarta-feira, 7 de dezembro de 2022

VÁ LÁ...

 

Foto: Getty Images

A F1 insiste em virar notícia em meio a Copa, embora hoje não tenha jogos. A questão foi a confirmação dos lugares onde agora vão ter seis (!) corridas de classificação, o dobro em relação ao que foi implementado em 2021 e nesse ano.

Não sei de onde tiraram que o público adorou, mas a FIA e a Liberty insistem que também é uma decisão econômica deixar o final de semana mais "atrativo" na sexta também. Bem, não quero repetir minha opinião, mas a corrida classificatória só deixa tudo morno no sábado. Ninguém vai dar a vida para não ter o domingo prejudicado.

Enfim, hoje a FIA anunciou os seis circuitos que foram agraciados com esse formato xodó dos americanos. O Brasil continua com as corridas classificatórias pelo terceiro ano consecutivo, provavelmente impulsionado pelo fenômeno Magnussen. Convenhamos, no Brasil qualquer coisa pode dar certo. Interlagos tem uma aura diferente.

Os outros cinco lugares são: Áustria, que já teve em 2021, e outras estreias: Spa, Austin, Baku e Catar. 

Além de Interlagos, Spielberg é outro circuito rápido e curto. Austin é um local já tradicional, um autódromo estruturado. Achei interessante a escolha de Spa, a meca da F1, e também Baku, corrida de rua onde o caos costuma acontecer todos os dias e na interrogação Catar, que volta definitivamente ao calendário depois de sediar a atual Copa.

A escolha das corridas classificatórias pode fazer a diferença numa eventual disputa de campeonato. Afinal, na reta final do certame, teremos três de quatro corridas em sequência com esse modelo: EUA, Brasil e Catar, onde só o México está de fora. Esse formato pode mudar a disputa do título, afinal são abordagens completamente distintas no final de semana entre o formato tradicional e o estipulado pelo showbiz americano.

1/4 das corridas ou quase isso terão essa fórmula. Diante de tantos e intermináveis GPs hoje em dia, é um número razoável. Se ele veio pra ficar ou ser ainda mais expandido, infelizmente, ao menos a escolha das corridas foi bem feita. Vá lá, pelo menos tenho mais boa vontade com esse formato. Espero que seja mais suportável também, na prática.

Até!

segunda-feira, 29 de agosto de 2022

TIRANDO PRA COMÉDIA

 

Foto: ANP via Getty Images

A incerteza ficou só na sexta feira mesmo. No treino, com o motor novinho, Max Verstappen tinha grandes possibilidades de no mínimo ficar no pódio. Ele mesmo havia declarado no sábado que seria uma vergonha isso não acontecer.

O que se viu em Spa Francorchamps foi um passeio. A expectativa era que Leclerc também pudesse se recuperar, mas aí depois voltamos para esse assunto. Coincidência ou não, os trabalhos de Max e Charles ficaram um pouco mais fáceis porque as Alpha Tauri largaram dos boxes. Caminho livre e pedido da equipe principal?

Sainz e Pérez dependeriam de um bom ritmo e sorte para tentar sonhar com uma vitória. Com a Red Bull melhor, a impressão é que o time de Adrian Newey progrediu com as novas regulamentações técnicas, além do fato de ter evoluído muito nos circuitos de alta velocidade, com muitas retas.

As primeiras voltas também facilitaram o trabalho que já não seria tão hercúleo para Max. Escalando o grid, teve o Safety Car provocado por mais uma barbeiragem de Latifi e que vitimou Bottas.

Antes disso, 15 anos de ressentimento: Hamilton foi otimista demais, tentou passar por fora, deixou Alonso sem espaço e voou. Com danos, teve que abandonar. Os melhores também erram. Hamilton desperdiçou uma boa chance de pódio. A Mercedes tem um ótimo ritmo, mas falta velocidade. A Red Bull se distanciou. Os alemães dão alguns passos atrás.

Alonso, fulo da vida com a manobra, destilou os anos de ressentimento no rádio. Na raiva, foi genuíno. Uma pena que escolhas da carreira não permitiram que os dois se encontrassem mais nas pistas. É natural que Alonso sinta isso, pois tem o ego e a competição envolvidos. É natural. Quem tenta dominar sempre vai ter dificuldade com os semelhantes.

Um Safety Car facilitou o trabalho de Max porque não permitiu que Sainz disparasse. Era para ele e Leclerc chegarem nos ponteiros, mas o azar falou mais alto na Ferrari. Uma sobreviseira que Max tirou foi parar no duto de freios do ferrarista, superaquecendo-o. Parada prematura e desgaste de pneus fizeram com que Charles se descolasse do principal pelotão. Mais uma vez, fora da disputa. Mas o pior estava por vir.

Max está sobrando. É como se jogasse no muito fácil. Na Hungria, largou em nono. Agora, em décimo terceiro. Mesmo assim, em 12 voltas, era o líder, mesmo com pneus macios. Os médios de Sainz e Pérez se desgastaram muito mais rápido. Fácil, extremamente fácil. E meteu 20 segundos de vantagem. O carro está melhor e mais adaptado para Max. Os rivais ficam cada vez mais distantes e não evoluem, pelo contrário.

Leclerc parou para colocar pneus novos e fazer a volta mais rápida, só que no meio do caminho tinha Alonso. O ponto não foi possível, mas veio o pior: acelerar demais no pit lane rendeu cinco segundos de punição. Leclerc, que teria 11 pontos, saiu com 8. São quase 100 pontos de desvantagem. O campeonato acabou, sejamos francos.

O psicológico também conta. Ou Leclerc erra ou a Ferrari o prejudica. São tantos erros repetidos que culminaram muito precocemente numa suposta disputa, justamente quando a Ferrari estava mais competitiva. Agora, com a Red Bull cada vez melhor e o crônico problema dos italianos em evoluir durante o ano, agora é questão de tempo. Nem o discurso externo existe mais.

Pérez e Sainz no pódio. Os dois segundões. A diferença é que, de forma bizarra, a Ferrari coloca as melhores estratégias no espanhol. Daqui a pouco, mesmo com um ritmo inferior, é capaz de ultrapassar o monegasco no campeonato. O Senhor Consistência Russell teve uma boa possibilidade de pódio, mas é inegável que o retorno das férias foi um soco no estômago da Mercedes, como Hamilton disse no sábado.

Apesar dos danos causados no incidente com o Sir, Alonso segue somando pontos e mostrando porque deve continuar na F1 por muito tempo. Nele, a idade não parece agir. Ainda por cima, mostrou um lado vintage que está disfarçado de humor e carisma em virtude de não andar mais no topo da categoria. Alonso é um patrimônio da F1 porque é único. Hoje, ele lembrou os antigos e respondeu aos novos porque é não há meio termo: ame ou odeie.

Ocon é tão regular que quase esqueci de mencioná-lo, mesmo repetindo a épica ultrapassagem que o Hakkinen fez na reta oposta. Tão consistente quanto Russell e ainda menos inserido no radar do que quando surgiu da base para a categoria.

Vettel, Gasly e Albon conseguem pontos importantes. Uma boa atuação do alemão, num circuito onde a Aston Martin foi competitiva. O tailandês consegue o quarto pontinho com a Williams e isso precisa ser sempre muito bem comemorado. Mesmo em uma temporada decepcionante, Gasly tenta encontrar um rumo também para a carreira.

Quem ficou abaixo foi a McLaren, que saiu zerada. Parece que a Alpine está melhor nas pistas de alta. Vai ser uma disputa interessantíssima nos construtores, ainda mais com a questão Piastri no meio.

Max Verstappen e a Red Bull tiram a concorrência pra comédia. É fácil e até humilhante: não interessa de onde sai, nada parece ser capaz de deter o bicampeonato do holandês, que corre em casa na semana que vem. Imagina a euforia?


Até!

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

INCERTEZA DIVERTIDA

 

Foto: ANP via Getty Images

Diria que a palavra que melhor descreve a F1 em Spa Francorchamps neste final de semana é incerteza. Por vários motivos, mesmo quando algumas certezas se confirmam.

A parceria Alfa Romeo e Sauber vai acabar no ano que vem. A marca do Grupo Fiat deixa a F1. Isso pode significar o retorno da independência da Sauber na gestão de equipe por duas temporadas: 2024 e 2025. No fundo, essa independência já existia agora. Afinal, mesmo com o motor Ferrari, não há nenhum piloto da academia no time.

Tudo isso porque, a partir de 2026, a Audi chega na F1. Finalmente. Ela e a Porsche. A Audi está próxima de comprar a Sauber. Seria uma parceria no estilo da saudosa Sauber BMW (2006-2009), o melhor momento do time de Peter Sauber em mais de 30 anos na categoria. É até estranho reportar isso como algo oficial. Ainda restam quatro anos para o novo regulamento e teto de motores das fabricantes. Se as coisas continuarem do jeito que estão, talvez surjam novas hierarquias.

Ah, a Porsche vai se aliar a Red Bull, mas pretendo escrever sobre esses assuntos de forma mais ampla no futuro próximo.

Outra incerteza é o futuro de Daniel Ricciardo. Também me alongarei mais sobre durante a semana. Há um certo otimismo, mas também um desejo claro: se não for a Alpine, não será ninguém e o australiano pode fazer o tal "ano sabático". O problema é que, para alguém da idade dele, o sabático pode ter uma duração maior.

Spa tem várias incertezas, começando pelo contrato. A F1 já anunciou que a França está fora do calendário de 2023 e pode retornar no tal sistema de revezamento. Esta pode ser a última edição do circuito favorito de todo mundo que gosta de automobilismo. Tomara que tenha corrida desta vez. 

Apesar do tempo incerto de hoje, com chuvas esparsas durante o dia belga, a tendência é que domingo tenha pista seca. O sábado pode ter surpresas com uma possível pista molhada. Naturalmente já é assim...

No entanto, a corrida ganha uma incerteza pelo lado que é muito positivo. Seis carros vão trocar componentes de motor e câmbio e largam no fim do grid. Entre eles Verstappen e Leclerc. Vão sair lá de atrás, escalando o pelotão. Num circuito longo e rápido igual Spa, não deve ser muito difícil chegar no topo. A vitória é outra conversa.

Tudo vai depender do ritmo de seus companheiros. A notícia significa que a Mercedes tem uma grande chance de finalmente vencer em 2022. Não é loucura. A questão é o ritmo de corrida em relação a Max e Charles, que saem lá de atrás. Se Hamilton e Russell se livrarem do ritmo mais cadenciado de Sainz e Pérez, teremos uma corrida mais emocionante ainda. A possibilidade está aberta até para mais uma pole no ano.

Também é chance de Alonso aprontar no sábado. Além da dupla que lidera o campeonato, Ocon, Bottas, Mick Schumacher e Norris também estão punidos. Spa vira uma incerteza divertida, em todos os sentidos.

A Ferrari liderou a primeira sessão e a Red Bull a segunda. A bola e a responsabilidade estão com Sainz e Pérez. Sem os companheiros implacáveis, eles precisam se afirmar e mostrar que são escudeiros úteis. Do contrário, o bicho papão alemão prateado guiado pelos ingleses vai chegar, roubar o doce das crianças e disparar rumo a glória inédita em 2022.

Confira a classificação dos tempos livres:




Até!


quinta-feira, 25 de agosto de 2022

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Reprodução/Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)

CLASSIFICAÇÃO:
1 – Max Verstappen (Red Bull) – 258 pontos
2 – Charles Leclerc (Ferrari) – 178 pontos
3 – Sérgio Pérez (Red Bull) – 173 pontos
4 – George Russell (Mercedes) – 158 pontos
5 – Carlos Sainz Jr (Ferrari) – 156 pontos
6 – Lewis Hamilton (Mercedes) – 146 pontos
7 – Lando Norris (McLaren) – 76 pontos
8 – Esteban Ocon (Alpine) – 58 pontos
9 – Valtteri Bottas (Alfa Romeo) – 46 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) – 41 pontos
11- Kevin Magnussen (Haas) – 22 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) – 19 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) – 16 pontos
14- Sebastian Vettel (Aston Martin) – 16 pontos
15- Mick Schumacher (Haas) – 12 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) – 11 pontos
17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) – 5 pontos
18- Lance Stroll (Aston Martin) – 4 pontos
19- Alexander Albon (Williams) – 3 pontos

CONSTRUTORES:
1 – Red Bull RBPT – 431 pontos
2 – Ferrari – 334 pontos
3 – Mercedes – 304 pontos
4 – Alpine Renault – 99 pontos
5 – McLaren Mercedes – 95 pontos
6 – Alfa Romeo Ferrari – 51 pontos
7 – Haas Ferrari – 34 pontos
8 – Alpha Tauri RBPT – 27 pontos
9 – Aston Martin Mercedes – 20 pontos
10- Williams Mercedes – 3 pontos

AINDA É DA ELITE

Foto: McLaren

Recém dispensado da McLaren em virtude do desempenho muito aquém e por não ser barato, Daniel Ricciardo ainda acredita fazer parte do grupo de elite da F1 e está muito motivado para continuar "prosperando" na categoria, apesar o futuro incerto.

"Acredito que ainda posso prosperar, porque creio que pertenço à F1 e que posso fazê-lo. Isso é o que realmente me deixa motivado", disse para a australiana Speedcafe.

O que ainda faz o australiano continuar estimulado é o fato de uma quantidade muito pequena de pilotos estarem aptas para a F1. O australiano definitivamente ainda se sente parte dessa elite.

“A competição… Deve ser um dos únicos esportes no mundo em que só há 20 pessoas competindo. A competição envolve apenas um grupo pequeno de 0,001% das pessoas. Então, poder fazer parte desse grupo e competir nesse grupo é uma coisa única. E eu amo isso”, salientou.

É bom que Ricciardo ainda se sinta assim, mesmo com a situação tão complicada na categoria em virtude do desempenho decepcionante na McLaren, apesar de ter vencido uma corrida.

De fato é uma elite. Poucos pilotos aptos para poucas vagas. Mesmo assim, são aptidões diferentes, desde o talento, a posição nas academias e a quantidade de dinheiro que alguém é capaz de trazer para um time. As portas estão quase se fechando para Ricciardo. No entanto, todos sabemos de sua qualidade. Não há tempo a perder. Só depende dele para continuar na elite do automobilismo.

SEM VENDER A ALMA

Foto: Reprodução/Red Bull

A F1 passa por expansões e mudanças no calendário. Circuitos tradicionais estão dando lugar para novos lugares e praças sem tradição na F1 e/ou no automobilismo. 

Stefano Domenicali, chefão da categoria, garante que não vai montar um calendário e uma F1 baseado apenas no dinheiro, embora ele seja fundamental, é claro:

“Não vou vender a alma da Fórmula 1. São mudanças normais, estamos nos abrindo para todo o mundo. Dinheiro também é importante em tudo quanto é lugar: para nós, também”, disse.

França, Spa e Mônaco podem estar de saída. O contrato se encerra nesse ano. Por outro lado, Arábia Saudita, Catar, Miami e Las Vegas estão garantidos por um longo tempo na categoria. Domenicali não quer criar um desequilíbrio entre os circuitos favoritos dos fãs e dos pilotos e um monte de pista de rua genérica sem alma que paga muito mais que a concorrência.

“Mas não olhamos só para isso: todo o pacote tem que fazer sentido. Se olhássemos apenas para contas bancárias, o calendário das corridas seria definitivamente diferente”, afirmou para o jornal alemão "Bild".

Domenicali diz que não quer vender a alma da F1. Ela já foi vendida. É um discurso apaziguador. Quem sabe, na pressão, uma ou outra pista mais popular consiga se salvar, mas honestamente: o futuro não vai ser muito diferente disso. Não há mais autódromos hoje em dia. Cada vez mais teremos as pistas de rua genéricas com eventos musicais e gastronômicos nos grandes centros mundiais e é isso aí. Mais fácil, prático e lucrativo. Acostumem-se.

TRANSMISSÃO:
26/08 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
26/08 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
27/08 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
27/08 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
28/08 - Corrida: 10h (Band)







terça-feira, 23 de agosto de 2022

UM APELO POR SPA

 

Foto: Getty Images

No mínimo a preferida de 7 entre 10 pilotos. Um circuito veloz, cheio de desafios e único. Correr em Spa Francorchamps é um prazer para os pilotos e o circo da F1, além de ser extraordinário no videogame, computador ou simulador. É aquela prova que fica no imaginário popular sobre o que é F1.

O problema é que Spa é uma pista “muito F1” para uma categoria que busca a todo instante se distanciar da F1, seja na paixão, nas pistas e no modo de ser. O mais importante é agradar quem não acompanha o esporte. É claro que o público está mudando e isso é positivo.

É evidente que as sequelas econômicas decorrentes do covid fazem com que qualquer empresa precisa reavaliar investimentos e ter muito cuidado na administração. A diferença é que, agora, a F1 está nas mãos dos americanos. Eles querem o business, o engajamento e o entretenimento acima de tudo, diferentemente do modo europeu, que valoriza os clássicos.

É por isso que há essa paixão por circuitos genéricos de rua em lugares sem tradição ou controversos. Uma categoria que agora resolveu fechar e trancar com vários cadeados as portas para a Rússia mas não vê problemas em desembarcar na Arábia Saudita e no Catar, mesmo com barulho de bombas, fumaça e cheiro de queimado a poucos quilômetros do autódromo – de rua, é claro.

Spa pode entrar no tal revezamento. Existem muitos lugares interessados em sediar uma corrida de F1 mas não há espaço para todo mundo. O calendário já está totalmente inchado. Assim, a corrida na Bélgica pode acontecer com menos frequência. Um total absurdo.

Nos últimos anos, começou uma espécie bizarra de caça às bruxas contra Spa. Do dia para a noite, o circuito não tem mais segurança e a Eau Rouge mata pilotos.

Não é culpa da FIA, veja bem, e sim da Eau Rouge. Não é culpa da FIA que organiza uma F2 com pilotos sem condições e eles, sem qualidade, conseguiram a proeza de causar um acidente fatal e quase matar outro. O fim da área de escape pode tornar qualquer idiota de simulador em um homicida em potencial. E foi o que aconteceu.

É culpa da Bélgica e da Eau Rouge que o Lando Norris resolveu fazer a curva de pré cravado no meio do temporal. Nem o Villeneuve e o Zonta conseguiram isso no seco, mas o inglês ia conseguir essa façanha num local sem área de escape, de certo. A Eau Rouge é perigosa. Precisamos de segurança. Nunca vimos um carro capotar ou algum piloto irresponsável quase se decapitar no guard rail porque é um perigo ambulante.

A culpa é da curva, claro, não da FIA. Por isso que a Bélgica corre riscos, talvez por não apresentar dinheiro o suficiente para competir com autódromos nas ruas de capitais assinadas por Helmann Tilke e shows de música pop. Quem liga para autódromos e várias décadas de tradição? Eles nem escutam os pilotos. O que interessa é o show business e quem pingar mais na conta.

Bernie já fazia isso, tanto que a Bélgica ficou alguns anos ausente no início dos anos 2000. Circuitos históricos como Silvestone, Interlagos, Suzuka, Monza, Spa e Mônaco deveriam ser eternos, sem qualquer margem para negociação. Eles é que construíram a categoria, junto dos pilotos e chefes de equipe. Não foram os petrodólares ou a Liberty.

Spa é eterna, e assim deveria ser. Barcelona, Paul Ricard, Arábia Saudita, Miami, Zandvoort... o que não falta é circuito bisonho que deveria ser expurgado do calendário, mas querem encher o saco da queridinha de 90% dos que realmente gostam do automobilismo.

Spa deveria ser eterna, assim como Sepang poderia voltar ou até mesmo Mugello ser incorporada ao calendário. Sem dinheiro, ninguém é visto e nem é lembrado, até porque a lembrança dos fãs não importa. O que vale são as cédulas.

Que a corrida deste final de semana não seja a última de Spa na F1 ou tampouco comecem um revezamento colocando mais circuitos medonhos em prol do dinheiro, do engajamento, do espetáculo ou seja lá o que for que estejam pensando. Não ousem mexer em Spa.

Não deveriam ousar, na verdade, mas quem sou ou nós na fila do pão?

O máximo que vai acontecer é assistirmos as corridas emburrados ou saudosos daqueles tempos que vão começar a ficar velhos.

Até!


segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A GENI DA VEZ

Foto: Getty Images

Antes de começar o texto, deixo os links AQUI, AQUI e AQUI sobre temas que se conectam e servem de base para o que virá e fazem parte do que eu chamo de processo de descaracterização do automobilismo. Estamos, cada vez mais, numa nova era.

Mais uma vez a Eau Rouge esteve no centro de polêmicas. O tempo na Bélgica, como todos sabemos, não ajudou e deixou o circuito de Spa Francorchamps mais traiçoeiro do que nunca. O que antigamente era o palco preferido de 11 entre 10 pilotos, jornalistas e fãs, hoje talvez não seja isso, porque os tempos mudaram, assim como o automobilismo.

No final de semana, a forte batida de Lando Norris e os acidentes na W Series mais uma vez colocaram a Eau Rouge-Raidillon como vilãs da história. Pessoas bem intencionadas (e também as más, é claro) estão colocando a culpa e problematizando uma curva por alguns incidentes e também a trágica morte de Anthoine Hubert, em 2019. E talvez, aparentemente, uma grande maioria concorda com isso! Como explicar?

Os argumentos são de que a área de escape deveria ser maior para que os carros não batessem e ricocheteassem para o meio da pista. Foi isso o que aconteceu e vitimou Hubert, o famoso choque em T. Não há halo que salve. Nos últimos dez anos, os carros da F1 ficaram cada vez mais rápidos. Os das últimas temporadas bateram os recordes de 2004. Até por isso, na nova geração, talvez os bólidos sejam mais lentos para que haja mais downforce e competitividade.

Como os carros estão mais rápidos e modernos, a Eau Rouge passou a ser feita em pé cravado. Uma grande ousadia. Além disso, nos últimos anos, as britas foram retiradas e sim, o asfalto também é um dos motivos para a irresponsabilidade nas pistas.

Como venho escrevendo há algum tempo, os perigos da segurança e a transformação das categorias de base em um clubinho de ricos, aprovada pela FIA tornaram o automobilismo de fato perigoso. Gerações acostumadas a simuladores e jogos online estão chegando nas pistas e, juntamente com a sensação de um carro de corrida ser um tanque de guerra e raramente acontecer grandes consequências em caso de acidentes, não há respeito ao próximo e nem limites. Se bater não vai dar nada mesmo.

Carros rápidos e esse senso de segurança fazem com que um piloto acelere a 300 km/h na Eau Rouge, na chuva, tocando na zebra. É óbvio que não vai dar certo. Se tentar andar na mesma velocidade no sol ou na chuva, até as retas podem ser assassinadas. Lando Norris não é um mau piloto, apenas tomou uma decisão errada e pagou pra ver. Se tivesse brita em volta da Eau Rouge como sempre teve, algum maluco se atreveria a fazer isso? Só Villeneuve fez, e porque estava fazendo uma aposta.


O que quero dizer é que as pessoas precisam olhar para o todo ao invés do mais simples, e nesse caso, o absurdo. Os inimigos da velocidade e amantes da segurança elegeram a Eau Rouge a nova vilã da F1 e do automobilismo. Não vão descansar enquanto não mutilarem a curva ou tirarem Spa do calendário. Era culpa da Tamburello ou da negligência da FIA?

A culpa não é da Eau Rouge. As pessoas precisam entender que carros e pistas "seguras" nas mãos de pilotos ineptos da geração simuladores que só estão lá porque levam dinheiro é uma grande receita para a morte. Anthoine Hubert e Jules Bianchi morreram por esses fatores e a negligência, não pela Eau Rouge ou a chuva. 

A Eau-Rouge é a Geni da vez.

Escrevi isso no final do ano passado, após o acidente de Grosjean, e assim finalizo o texto de hoje:

"Quando acontecem esses grandes acidentes, é muito fácil culpar o autódromo, a FIA, acabar com áreas de escape, mutilar traçados ou excluir circuitos do calendário. Difícil mesmo é bater de frente com as inúmeras consequências que a elitização do automobilismo causa, dentre elas estar acima do bem e do mal independentemente do que se faça na pista. 

É evidente que não se pode retroceder pelo nome do purismo ou da nostalgia, mas certamente se o automobilismo continuasse menos seguro, tenho convicção de que teríamos pilotos melhores e cientes da função que fazem, além de barrar os inconsequentes. Acidentes, erros e o risco sempre irão existir no automobilismo, isso só precisa ser lembrado e hoje, infelizmente, raramente isso é levado em consideração."

Maldita Eau-Rouge!

Até!

domingo, 29 de agosto de 2021

O CIRCO E OS PALHAÇOS

 

Foto: Getty Images

29 de agosto de 2021 marca como um dos dias mais vergonhosos, senão mais, da rica história de 71 anos da Fórmula 1. Momentos ruins, erros crassos, irresponsabilidades, azares, infortúnios e tragédias não faltaram, mas em todos esses momentos houve algo em comum: a tentativa. 

Hoje, o que vimos em Spa Francorchamps foi uma categoria que, através da direção de prova, em nenhum momento quis correr hoje. Contra o próprio espírito competitivo do que foi criado e hoje colhe os lucros.

É claro que era um temporal, a visibilidade era baixíssima e os próprios pilotos avisavam a todo instante, desde ontem, que não haveria condições, que estavam sob perigo da tragédia mor. Acontece que isso sempre esteve presente na F1 desde 1950, quando ainda era algo romântico e não totalmente profissional. Desde então, muitos erros e mortes foram construídos, infelizmente, diante da F1 como a conhecemos.

Acontece que, em 71 anos, duvido que hoje tenha sido a chuva mais torrencial e impraticável da história. 71 anos. Todos nós sabemos que muitas atitudes irresponsáveis foram tomadas ao longo da história e isso culminou em muitas vidas, mais recentemente Jules Bianchi. Dali em diante, a F1 ganhou uma aversão a chuva: basta molhar a pista que vira tudo uma celeuma. Adiamentos até o circuito secar e tudo mais.

Diferentemente de outros adiamentos e corridas que tiveram muitos percalços, como Fuji 2007 e Canadá 2011, dessa vez a F1 não esteve disposta a tentar correr em nenhum momento. Claro que a visibilidade e o spray não ajudam, mas com o tempo isso poderia ser amenizado. Bastaria tentar, o que não foi feito. Desde a paralisação, estava claro que não aconteceria nada.

Ninguém gosta de ser feito de idiota ou ser enganado, e foi exatamente isso que a FIA fez com o público e os pilotos. Três horas de marasmo para no fim, quase sem luz artificial e com a chuva mais forte ainda, fingir tentar retomar a corrida. O objetivo era simples e burocrático: atingir o mínimo de "voltas" para computar os pontos e "cumprir" os compromissos contratuais. 

É claro que o acidente de Lando Norris, a confusão na W Series e o histórico da Eau Rouge também pesaram, mas isso é assunto para outro post, amanhã. A verdade é que a FIA atingiu o objetivo: não queria e não se mexeu em nenhum instante para tentar realizar a corrida.

"O importante é a segurança". Se a segurança fosse tão importante assim, nem existiria automobilismo. Que tipo de segurança há em correr a 300 km/h e ficar exposto a acidentes, mortes e agora covid? Seguro de verdade, hoje em dia, é cada um correr num simulador em casa, sem maiores perigos. 

Falta mais transparência e parar de tratar a todos como imbecis. Por que a FIA não faz igual a Indy em ovais? Simplesmente avisa: ó, se chover, não vai ter corrida e ponto final, dane-se! Mas é claro que não se pode ser tão explícito assim, seria um problema para a imagem e os negócios, e isso é o mais importante, é claro.

Para efeitos estatísticos, Max Verstappen venceu, George Russell teve o primeiro pódio da carreira em um final de semana mágico e Lewis Hamilton foi o terceiro. Pérez bateu antes de chegar no grid e perdeu pontos importantes para a Red Bull.

Independente do que aconteça, a farsa de hoje pode decidir o campeonato. Max pode reclamar que recebeu apenas metade dos pontos; Hamilton pode reclamar que o resultado seria diferente se houvesse corrida e os dois estariam certos. Agora, é tudo um grande "se".

Na NeoF1, existe pódio e entrevista para uma corrida que não aconteceu e o vencedor de uma corrida classificatória é declarado pole position, não o mais rápido da sessão. O problema deve ser eu, de certo, devo estar maluco. 

Para os próximos anos, a solução é simples: a construção de circuitos indoor ou simplesmente deslocar todas as provas para corridas de rua no Oriente Médio e Estados Unidos, de preferência. Verdadeiros tanques de guerra são alérgicos a água. Tudo em prol da segurança, claro. Tirando Interlagos 2003 e na morte de Bianchi, quando bateu num trator e isso seria perigoso em qualquer circunstância, os grandes acidentes recentes não foram na chuva, mas já estaria fugindo um pouco do tema e não estou disposto a me alongar muito.

No circo da F1, todo mundo é palhaço, principalmente quem toma banho de chuva e paga para não acontecer nada. O mínimo deveria ser o ressarcimento, pois a Liberty Media se mostra tão empática e quer que todos corram como um mas vai correr na Arábia Saudita, onde desrespeitam mulheres, jornalistas e qualquer um que se opõe ao governo.

Provavelmente ninguém vai dar muita atenção a isso semana que vem, porque já tem corrida e terá mais outra na semana seguinte. E assim segue o circo, sempre preocupado com a segurança dos envolvidos, é claro.

Certamente esse final de semana é mais um grande passo rumo a descaracterização do automobilismo e da Fórmula 1, onde talvez os resultados mais práticos apareçam no médio-prazo. Espero estar errado como quase sempre estou, mas geralmente eu não erro quando quero errar. Vamos ver.

Confira a classificação final:


Até!

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

ESTADAS E ESCORREGÕES

 

Foto: Getty Images

No retorno da F1 após três semanas de descanso no ainda verão europeu, Spa Francorchamps mostrou suas armadilhas corriqueiras. Começando pelo clima. No início do dia, a pista ainda estava molhada, apesar de não estar mais chovendo. Naturalmente, com a pista secando, os pilotos foram se arriscando, mas se esqueceram que Spa tem suas particularidades.

Muitos pilotos rodaram na primeira sessão e a chuva voltou no fim. Bottas foi o mais veloz, mas a surpresa foram as Ferraris e também a Alpha Tauri. Boa parte dos pilotos estão utilizando um novo motor. O motivo é simples: Spa é a maior pista da temporada e, portanto, a que mais exige potência dos motores. A má notícia para a Red Bull é que não há como se recuperar dos danos da Hungria. Tudo conspira para uma punição futura, o que pode decidir o campeonato.

Na segunda sessão, a mesma coisa. O tempo ficou firme do final em diante, mas mesmo assim os perigos de Spa sempre estão a espreita. Leclerc e Verstappen bateram. O holandês foi o mais rápido, praticamente empatado com as Mercedes. Resta saber se a traseira danificada no fim da sessão pode influenciar o restante do final de semana.

Ultimamente, Spa tem proporcionado chuva apenas nos treinos e quase nunca nas corridas, um evento curioso. Em uma temporada tão diferente e cheia de alternativas, parece que tudo conspira para que isso possa se repetir no domingo. No entanto, metereologia não é pensamento desejoso, apesar de que uma torcidinha nunca é demais.

Enquanto os carros escorregavam na úmida Spa, o fim da semana trouxe algumas manutenções. Primeiro, o que pra mim é surpreendente, foi a renovação de Alonso com a Alpine por mais uma temporada. Não pelo piloto, claro, mas porque na época do retorno, no ano passado, sempre foi noticiado que o acordo inicial era de duas temporadas. Achei muito estranho esse detalhe mas nada surpreendido com o principal.

Diferente dos últimos anos, a Red Bull resolveu rapidamente o futuro. Mesmo com altos e baixos, Sérgio Pérez será mantido na equipe em 2022. Uma façanha e tanto para quem não é oriundo da fábrica de Milton Keynes. Claro que é uma questão de "não tem tu, vai tu mesmo". A Red Bull não tem nenhum piloto da academia pronto para o rojão e, além do mais, 2022 é ano de novo regulamento. 

A experiência e a manutenção de Checo parece ser uma escolha mais segura. Nunca é demais, também, lembrar que o mexicano, mesmo podendo estar melhor, conseguiu o que apenas Vettel, Webber, Ricciardo e Verstappen conseguiram no time: vencer, mesmo sendo segundo piloto declarado e forasteiro da fábrica de energéticos.

Entre estadas e escorregões, a F1 volta com tudo, num circuito icônico, campeonato equilibrado e autódromo lotado. Existe coisa melhor? 

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Bélgica:







quinta-feira, 26 de agosto de 2021

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.


ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 195 pontos

2 - Max Verstappen (Red Bull) - 187 pontos

3 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 108 pontos

5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 104 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83 pontos

7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 80 pontos

8 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 50 pontos

9 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 50 pontos

10- Esteban Ocon (Alpine) - 39 pontos

11- Fernando Alonso (Alpine) - 38 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 30 pontos

13- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos

14- Lance Stroll (Aston Martin) - 18 pontos

15- Nicholas Latifi (Williams) - 6 pontos

16- George Russell (Williams) - 4 pontos

17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 2 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 303 pontos

2 - Red Bull Honda - 291 pontos

3 - Ferrari - 163 pontos

4 - McLaren Mercedes - 163 pontos

5 - Alpine Renault - 77 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 68 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 48 pontos

8 - Williams Mercedes - 10 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 3 pontos


O CATAR ESTÁ CHEGANDO

Foto: Getty Images

O que era apenas uma possibilidade já começa a ganhar ares de realidade e até questão de tempo para ser real.

Segundo a revista Autosport, o Catar foi escolhido como substituto do GP da Austrália. A prova seria realizada no Circuito Internacional de Losail, onde já ocorrem etapas da MotoGP desde 2004. A corrida seria realizada no dia 21 de novembro, depois do GP de São Paulo, e iniciaria a sequência de três etapas finais da temporada, seguido de Arábia Saudita (5 de dezembro) e Abu Dhabi (12 de dezembro).

Isso claramente é uma demonstração de força para o objetivo da F1 em realizar 23 etapas em meio a pandemia de covid-19, a maior da história. No entanto, agora o desafio é encaixar alguma prova na data onde estava destinado o GP do Japão, cancelado em virtude do aumento de casos de coronavírus no país nas últimas semanas, especialmente durante as Olímpiadas.

O Catar tem o benefício da dúvida. Corridas noturnas já não tem o mesmo impacto que era a novidade de antes, então resta mesmo a curiosidade de como vai ser o traçado da MotoGP para os carros da Fórmula 1. Ao menos é uma alternativa inédita.


PLANOS AMBICIOSOS

Foto: Getty Images

Apesar da penúltima posição nos construtores e sem grandes expectativas de avanços significativos nas próximas temporadas, mesmo com o novo regulamento, a Alfa Romeo não lamenta. Pelo contrário.

Segundo o chefão, Frederic Vasseur, a equipe foi autorizada a ir atrás de "pilotos tops" para ocupar os assentos da equipe. Mesmo que esportivamente ainda não seja um lugar atrativo, a missão do dirigente é justamente seduzir os candidatos:

"Se você tem um projeto comum e é muito claro com eles [os pilotos], basta dizer: ‘Não quero enganar vocês, não poderemos ganhar em 2022, nem mesmo em 2023, mas pelo menos queremos subir duas ou três posições por ano. Queremos melhorar. Tenho sinal verde para muitas coisas e quero ser positivo. Agora tenho de fazer o meu trabalho para convencê-los”, disse.

É importante frisar que Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi ainda não estão garantidos para 2022. A decisão deve ser feita apenas no final do ano. Teoricamente, a Ferrari  tem direito a uma escolha, em virtude da parceria técnica. Portanto, a Alfa Romeo teria liberdade apenas na escolha de um dos nomes.

"Acho que estamos em uma boa posição porque somos ambiciosos”, opinou Vasseur. “Estamos crescendo em termos de parceiros, patrocinadores e assim por diante. O portfólio está aumentando. A Ferrari está fazendo um bom trabalho, eles estão melhorando também do lado deles e, aqui, estamos melhorando o chassi", completou para a revista Autosport.

Nos últimos meses, o Grande Prêmio noticiou que a Alfa Romeo está de olho em Valtteri Bottas para ser a grande estrela da companhia, diante da iminente saída do finlandês da Mercedes. Ambição é muito importante e, sendo mais uma equipe que busca se reestruturar, o jeito é aguardar se esses planos ambiciosos serão concretizados no médio/longo-prazo. Bom sempre frisar que Nico Hulkenberg está no mercado...

TRANSMISSÃO:

27/08 - Treino Livre 1: 6h30 (Band Sports)

27/08 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)

28/08 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)

28/08 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)

29/08 - Corrida: 10h (Band)



terça-feira, 24 de agosto de 2021

MISTÉRIOS (DES)MASCARADOS

 

Foto: Getty Images

Hoje começam as Paraolímpiadas de Tóquio. Nas últimas semanas, sobretudo também pela realização dos jogos olímpicos no Japão, o país teve um aumento muito grande no número de casos e mortes decorrentes da Covid-19. Em virtude disso, e pelo país estar em estado de emergência, não teremos Grande Prêmio do Japão pela segunda temporada consecutiva.

A decisão não é surpreendente. Rejeitado pela população, os jogos olímpicos só aconteceram pelos contratos amarrados, onde não fazer seria muito mais danoso financeiramente do que a realização das Olímpiadas. Agora, a F1 precisa preencher a lacuna em pouco tempo, pois a prova estava marcada para o dia 10 de outubro.

Na contramão da história, neste final de semana a Bélgica vai colocar 75 mil pessoas em Spa Francorchamps, sem obrigatoriedade de distanciamento e/ou máscaras. Por quê? Na Bélgica, há o "Corona Safe Ticket", onde as pessoas precisam mostrar a comprovação de vacinação com segunda dose duas semanas antes da corrida, teste PCR negativo ou um certificado que comprove a infecção nos últimos seis meses.

Cada caso é um caso, mesmo que seja bem extremo. Apesar de termos lotação máxima na Inglaterra e na Hungria, pela primeira vez em muito tempo que teremos uma liberação total na F1, por isso não se estranhem com as imagens das arquibancadas.

O GP da Bélgica será realizado diante de estranhas circunstâncias. Ultimamente, o circuito tem lidado com tempestades e inundações, sem contar que já faz dois anos do acidente fatal de Anthoine Hubert na F2. Apesar disso, também há motivo para ter lembranças positivas: há 30 anos, Michael Schumacher estreava na F1 em solo belga. Eu já contei essa história bem aqui. Agora, será a vez de Mick Schumacher. Como sempre, um momento emocionante e significativo.

No entanto, há ainda mais circunstâncias sombrias e tristes que pairam essa corrida. Tudo porque, há duas semanas, Nathaile Maillet, 51 anos, CEO do circuito, foi assassinada junto da companheira Ann Lawrence Durviaux pelo ex-marido, o ex-piloto Franz Dubois, que depois se matou, na cidade de Gouvy, distrito de Luxemburgo. Um duplo feminicídio, portanto.

No início, a história parecia de certa forma "justificar" o ato ou até mesmo lembrar de Euclides da Cunha, mas às avessas: o homem chega em casa e encontra, de surpresa, a esposa com uma outra mulher e decide matá-las e depois a si mesmo pela "honra", o que antigamente seria chamado de "crime passional".

No entanto, relatos da amiga nos dias seguintes desmentem tudo isso. Nathaile e Franz estavam em processo de divórcio e o relacionamento com Ann Lawrence, advogada, não era surpresa para ninguém. As duas estavam juntas há algum tempo e, inclusive, elas e Franz se reuniram num restaurante na noite do crime.

A motivação de tudo isso seria financeira em virtude do divórcio. As duas partes não se entendiam e, depois do restaurante, Franz saiu primeiro do local e chegou na antiga casa depois para matar as duas e depois se matar antes da chegada da polícia.

Nathalie Maillet era CEO de Spa Francorchamps desde 2016. Graças aos esforços dela, o circuito passou a receber diversas provas de rali e outras modalidades do automobilismo além da F1 e dos carros de turismo. Spa foi homologada perante a Federação Mundial de Motociclismo e vai receber no ano que vem as 24 Horas de Spa para motos.

Nathalie era de uma família de pilotos mas era arquiteta de formação, apesar de ter vencido corridas na Fan Cup, em 2006. 

Curioso como a FIA vai se portar perante a esse caso, mesmo que aparentemente ele esteja resolvido diante da morte de todos os envolvidos. No entanto, em um momento onde todos ficam assustados com o retorno do Talibã mas reproduzem, mesmo que involuntariamente, preconceitos e agressões diárias as mulheres (seja verbal ou físico), a morte de uma mulher que estava em uma posição de poder no automobilismo reforça que, infelizmente, esses direitos precisam estar permanentemente sob luta e vigia para que não se percam em todos os âmbitos.

O mundo pode até mudar, mas é sempre preciso estar atento contra as forças retrógradas que veem tudo isso como uma ameaça ao "poder" e querem manter tudo do jeito que está, sem o menor pudor de utilizar a força, a desproporção e a covardia para isso.

Até!

domingo, 30 de agosto de 2020

SPA

 

Foto: Getty Images

Difícil ter uma corrida boa em 2020. A distância é muito grande. Spa, apesar de um circuito grandioso, padece do mesmo mal de Interlagos: corrida no seco é muito ruim. Hoje, foi mais uma corrida sem emoção, ou quase isso.

Bottas tentou atacar mas deve ter entendido que ele é apenas um segundão, que segura Verstappen e fica em segundo, menos no campeonato, onde está atrás do holandês. Max não tem carro e faz o que pode. Falta a Red Bull dar mais condições para Albon brigar, mas este não se ajuda.

A grande notícia do final de semana foi o bom desempenho da Renault. A tendência é de repetição no final de semana seguinte, em outra etapa com circuito rápida e uso constante do motor no giro máximo. Ricciardo ainda fez a melhor volta no final, mostrando um bom trato dos franceses nos pneus. Será que finalmente a Renault começa a acertar a mão? O australiano fica pensativo e o espanhol se anima...

Por falar em espanhol, Sainz sequer largou. Norris ficou atrás da Racing Point. Apesar do início fulminante, a McLaren parece menor do que em relação ao ano passado. E o pior: a cara do espanhol ao ver a situação da futura equipe, a Ferrari, diz tudo...

Pierre Gasly confirma a tese de que os pilotos da Red Bull pilotam melhor na Alpha Tauri do que o contrário. Ganhando posições, sendo agressivo, arrojado... junto com Ricciardo, o grande destaque do final de semana. 

A Ferrari... nunca tínhamos visto uma equipe tão perdida e ruim em todos os aspectos. Não há carro, reta, motor, chassi... Existiram momentos ruins nos anos 1990, mas desde 1980 não se via, em resultados, algo tão desanimador. E o pior: para o ano que vem vai ser a mesma coisa, graças a pandemia e o adiamento das novas regras. 13° e 14°. Isso é um escândalo. Um belo presente para os tifosi as próximas duas corridas em casa. Sorte que não tem público, ou apenas uma parte dele em Mugello.

O único momento de emoção foi o acidente de Giovinazzi, que ricocheteou para o meio da pista e o pneu, solto, atingiu Russell. Um susto. Mick Schumacher sorri por dentro, a estreia na F1 está cada vez mais próxima. O italiano, mesmo com um carro ruim, desperdiça as oportunidades a cada semana.

Apesar do calor na Europa e do macacão preto, que esquenta mais, na Bélgica Lewis Hamilton viveu um final de semana de Spa, de relaxamento. Tem sido assim nos últimos anos. Agora, só faltam duas vitórias para igualar Schumacher. Wakanda Forever.

Até!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

VELOZES

 

Foto: Getty Images

Na clássica Spa Francorchamps, um circuito de alta, os motores vão fazer a diferença. É importante lembrar que a partir desta corrida não teremos mais o "modo festa" no Q3, o que em tese prejudica a Mercedes. Só em tese. Nos treinos de hoje, um equilíbrio muito grande entre Mercedes, Verstappen e até Ricciardo se atrevendo a andar entre os ponteiros.

No segundo pelotão, Racing Point e McLaren. A melhor equipe de motor Ferrari é a Alfa Romeo. A Ferrari está preparada para mais um fiasco na temporada. O fundo do poço é cada vez maior.Talvez isso possa provocar rupturas fortes para a sequência, com duas corridas na Itália.

Por falar em pistas, a FIA anunciou que a segunda corrida no Bahrein, o GP do Sakhir, será com o traçado utilizando o anel externo. Ou seja, uma pista de 3.700 metros, com média de 260 km/h e tempo de volta inferior a um minuto. 87 voltas. Ou seja, uma mini Indy. Pior para a Ferrari, que vai sofrer. Sorte dos italianos é que essa será a penúltima etapa da temporada e não vai valer nada praticamente, mas é muito legal esses circuitos/traçados diferentes em um ano tão atípico. Diria eu que esse é o grande atrativo da temporada.

Impossível não falar sobre a iminente fim da parceria entre Fórmula 1 e Globo no Brasil. Escrevi isso anteriormente no blog no mês passado e pretendo fazer um post mais elaborado na semana que vem. Um resumo: se isso realmente se confirmar (lembrem-se da Band e da Indy se acertando aos 45 do segundo tempo neste ano), é o fim do automobilismo como algo mainstream no país. Ele vai continuar com essa trajetória de esporte de nicho, onde só os malucos apaixonados é que vão acordar cedo para procurar links obscuros na internet para assistir. 

Em Spa, em uma pista veloz, a promessa é de algo talvez equilibrado, um ano após a morte de Anthoine Hubert na F2 no acidente envolvendo Juan Manuel Correa. Será emocionante, sem dúvidas. Que sejam velozes e não furiosos.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Bélgica:






quinta-feira, 27 de agosto de 2020

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Getty Images

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)

Pole Position: Charles Leclerc - 1:42.519 (Ferrari, 2019)

Último vencedor: Charles Leclerc (Ferrari)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)


O JAPONÊS VEM AÍ 

Foto: Motorsport.com


Pelo jeito, é questão de tempo que a Fórmula 1 volte a ter um japonês no grid. Ausente desde a saída de Kobayashi na Caterham em 2014, a impressão ganha ares de quase certeza porque não foi qualquer um que falou, foi Franz Tost, o chefão da Alpha Tauri.

Trata-se de Yuki Tsunoda, de 20 anos de idade, campeão da F4 japonesa e piloto que conta com o apoio tanto da Honda quanto da Red Bull. Ou seja, é mais do que ideal que se encaixe na filial Alpha Tauri em breve. 

Atualmente em quarto na F2, o desempenho de Tsunoda impressiona Franz Tost, que afirmou que o jovem vai receber uma chance na equipe "cedo ou tarde".

“Acima de tudo, Red Bull e Honda apoiam o Tsunoda porque ele é um piloto fantástico. É um piloto muito talentoso, muito habilidoso, e isso já ficou claro na Fórmula 3 ano passado. Na Áustria esse ano [na F2] eu me lembro que ele estava liderando na chuva, mas infelizmente entrou tarde demais nos boxes por algum problema no rádio. Ele trocou os pneus tarde demais e terminou em segundo, mas aí chegamos em Silverstone e ele venceu.

“Ele está melhorando suas performances. Ele está cada vez mais experiente e, claro, cedo ou tarde o espero em um carro da AlphaTauri”, destacou.

A declaração de Tost vem num timing interessante, pois dias antes Helmut Marko, o consultor da Red Bull, afirmou que "Daniil Kvyat não está andando como esperávamos". Dos 14 pontos da Alpha Tauri no campeonato, 12 foram marcados por Pierre Gasly.

 Conhecendo Marko, não seria loucura considerar mais uma troca de pilotos em meio a uma temporada, mesmo em um ano atípico, o que significaria mais uma demissão de Kvyat. Bom, o que fica claro é que nem Tost está satisfeito com o russo e que é questão de tempo para Tsunoda chegar à F1. Credenciais técnicas e de bastidor ele possui, e de sobra. O japonês vem aí.

BANDEIRA BRANCA

Foto: Getty Images

Depois de protestos em todas as corridas da temporada, uma punição de 15 pontos e uma multa de 400 mil euros (R$ 2,5 milhões), a Renault finalmente pediu à FIA para retirar os protestos contra a arqui-inimiga Racing Point. O motivo? Os objetivos foram atingidos, principalmente após a assinatura do Pacto de Concórdia na semana passada.

“Além das decisões, os assuntos em questão eram vitais para a integridade da Fórmula 1 tanto durante a temporada atual quanto no futuro. Entretanto, um trabalho intenso e construtivo entre FIA, Renault e todos os acionistas da Fórmula 1 levaram a um progresso concreto para salvaguardar a originalidade do esporte com a ajuda das emendas feitas às Regras Esportivas e Técnicas planejadas para 2021, confirmando as exigências para se qualificar como Construtor.

“Alcançar nosso objetivo estratégico no contexto do novo Pacto da Concórdia era nossa prioridade. A controvérsia do começo da temporada deve ser colocada no passado, e precisamos focar no restante de um campeonato intenso e único”, disse a equipe francesa em nota.

As outras equipes acompanharam a Renault e pediram ampliação da pena. Helmut Marko foi mais além ao acusar a equipe rosa de ter recebido dados e desenhos da Mercedes. Bom, se a principal reclamante se deu por satisfeita, a tendência é que esse assunto seja finalmente esquecido, assim espero.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 132 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 95 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 89 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos
5 - Lance Stroll (Racing Point) - 40 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 40 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 39 pontos
8 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 32 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 23 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
11- Sebastian Vettel (Ferrari) - 16 pontos
12- Esteban Ocon (Renault) - 16 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 14 pontos
14- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 6 pontos
15- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 221 pontos
2 - Red Bull Honda - 135 pontos
3 - Racing Point Mercedes - 63 pontos
4 - McLaren Renault - 62 pontos
5 - Ferrari - 61 pontos
6 - Renault - 36 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 16 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO

















terça-feira, 25 de agosto de 2020

VÍDEOS E CURTINHAS #40

 

Foto: Alfa Romeo

Salve, pessoal! Notícia é o que não falta para este post, então vamos lá, sem enrolação:

- Apesar de Callium Ilott ser o líder do campeonato e o estreante Robert Shwartzman ser o segundo melhor piloto da academia da Ferrari na F2, a tendência mesmo é que Mick Schumacher esteja na F1 em 2021. Pelo que disse Mattia Binotto, a intenção, é claro, que o Schumaquinho comece na Haas ou na Alfa Romeo, equipes parceiras dos italianos. Talvez fosse uma decisão óbvia, mas Mick vem se mostrando um piloto apenas comum na F2. 

Como escrito antes, Ilott está merecendo mais e Shwartzman é muito mais talentoso. Enfim, Mick vai subir pelo sobrenome como todos sabiam. O mais engraçado é que se o alemão conseguir um resultado espetacular nas primeiras corridas, ninguém vai lembrar do "histórico na base". Sainz Jr e Vandoorne estão aí para lembrar disso.

Foto: Getty Images

E a Williams finalmente foi vendida. O anúncio foi na semana passada. O fundo de investimento americano Dorilton Capital efetuou a compra, sem valores divulgados publicamente. Oficialmente, a Williams deixa de ser uma garagista, o fim de uma era. Francamente, a Williams que todo mundo conhecia acabou com o fim da parceria com a BMW. O que vimos nos últimos 15 anos foi uma triste decadência que levou até esse momento. Com esse tal fundo de investimento e o papai Latifi bancando tudo, os ingleses pelo menos irão sobreviver. Eu fico pensando: o que leva um fundo de investimentos a comprar uma equipe de Fórmula 1? Como são um fundo, duvido muito que estejam no jogo só para lavar dinheiro. Eu aposto que, dentro de alguns anos, irão passar o negócio adiante recebendo menos do que gastaram.

Foto: Racer

- Jean Todt e Roger Penske em Indianápolis, no final de semana. O presidente da FIA disse abertamente que gostaria que a F1 voltasse para o Brickyard, onde teve provas entre 2000 e 2007. Tudo depende, é claro, da Liberty, que certamente deve achar mais interessante correr nas ruas de Miami... ah, além disso, aposto que aquela curva com esses pneus farofa iam causar muito temor em alguns telespectadores mais frescos... volta, Indianápolis!

Foto: FIA

A FIA anunciou as últimas quatro datas da temporada 2020. Como surpreendente, temos o retorno do GP da Turquia, ausente desde 2011 e sempre lembrado como o palco da primeira vitória de Felipe Massa, o maior vencedor nesse circuito. Além disso, teremos duas corridas no Bahrein (o GP do Bahrein e o GP de Sakhir), com a temporada se encerrando, é claro, em Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro. Como escrito antes, é legal esse retorno a pistas esquecidas e que certamente nunca estarão de volta em situações normais. Seria bem legal se a Malásia retornasse. É um dos melhores traçados feitos pelo Tilke e faz falta no calendário. Confira as datas das corridas restantes na temporada 2020:

30/08 - GP da Bélgica
06/09 - GP da Itália
13/09 - GP da Toscana (Mugello)
27/09 - GP da Rússia
11/10 - GP de Eifel (Nurburgring)
25/10 - GP de Portugal
01/11 - GP de Emília-Romagna (Ímola)
15/11 - GP da Turquia
29/11 - GP do Bahrein
06/12 - GP de Sakhir
13/12 - GP de Abu Dhabi

Foto: Getty Images

Dono de uma boate na Sardenha, ele mandou reabrir em meio a pandemia. Lá, 60 pessoas, entre frequentadores e infectados, foram infectados com o covid. Depois, foi jogar bola numa pelada, sendo um dos jogadores Sinisa Mijalhovic, atual técnico do Bologna, que depois também esteve com covid.

Aos 70 anos, Flavio Briatore está internado em um hospital em Milão em estado grave em decorrência do coronavírus. Não duvide da gripezinha. Melhoras ao chefão, um dos malvados favoritos da história da F1.

Vídeos: hoje faz 35 anos da última vitória de Niki Lauda. Aproveite!

Como essa semana é o Grande Prêmio da Bélgica, impossível não postar a histórica ultrapassagem de Mika Hakkinen em Michael Schumacher há vinte anos:




Até!