terça-feira, 31 de agosto de 2021

DANÇA DAS CADEIRAS

 

Foto: Divulgação/TKart

Em meio as repercussões e reclamações do que aconteceu (ou melhor, não aconteceu) no domingo, hoje tivemos uma notícia que julgo ser interessante virar um post. Embora essa época seja normal para a publicação das fofocas da rádio paddock, me surpreendi com os nomes e a complexidade da situação. Vamos lá:

Começando pelo óbvio. Na semana que vem, George Russell deve ser anunciado piloto da Mercedes. Aí já começa o efeito dominó: e pra onde iria Valtteri Bottas?

Conforme publicado pelo Grande Prêmio há um bom tempo, o finlandês seria a prioridade da Alfa Romeo. Todos os pontos parecem fechar porque Frederic Vasseur, o chefão do time suíço, recentemente disse que a Alfa Romeo autorizou maiores investimentos no time. Como sabemos, contratar um piloto que estava na Mercedes e viria para uma das piores do grid não seria nada barato, mas mostraria ambição e aposta num projeto ousado a médio/longo-prazo.

E as mudanças na Alfa Romeo não iriam parar por aí: ainda sem contrato, Raikkonen e Giovinazzi seriam dispensados. O finlandês, de 41 anos, se aposentaria de vez. O italiano, piloto Ferrari, poderia ir para o projeto dos italianos na WEC, além de reserva da equipe na F1. E quem seria o possível parceiro de Bottas?

O escolhido seria o holandês Nyck De Vries, de 26 anos. Campeão da F2 em 2019 e campeão da Fórmula E nessa temporada, o holandês foi piloto reserva da McLaren e hoje pertence a Mercedes, onde venceu o mundial de bólidos elétricos. E como um piloto Mercedes iria para uma equipe que possui parceria com a Ferrari? Segundo a RaceFans, que desenrola todo esse fio, a proximidade de Toto Wolff e Vasseur seria um facilitador para colocar o holandês no grid, pois a Mercedes está de saída da Fórmula E.

Uma dupla nova num carro que tem dificuldades e um seria estreante aos 26, sem nenhuma ligação com a Ferrari... Difícil de acreditar, mas o desenlace é no mínimo curioso, o que também representaria o fim da era Raikkonen, o piloto que mais largou na história. Muito significativo, mas o tempo passa para todos nós, não é mesmo?

Calma que não terminou. Se Russell for confirmado na Mercedes, a Williams precisa de um piloto. Nico Hulkenberg, sempre citado, não é o favorito. Segundo a RaceFans, Alexander Albon, o tailandês nacsido e criado na Inglaterra, seria o escolhido para substituir o rival de F2 (Russell foi campeão e Albon o vice, em 2018). Hoje, Albon está na DTM e ainda pertence a Red Bull, sendo uma espécie de empréstimo. Latifi tem contrato indefinido, mas como o pai financia tudo e faz um bom trabalho, deve permanecer. E seria merecido.

Tirando De Vries, ainda que fosse um nome comum na F2 e era reserva da McLaren, são todos nomes experientes, apesar de jovens. Isso mostra como a F1 se resume as ligações dinheiro-academia de pilotos-sobrenome. Seria interessante ver o holandês De Vries estreando aos 26 anos na categoria, o que seria impensável hoje em dia, sendo compatriota de Max. Albon na Williams e Bottas na Alfa Romeo teriam desafios diferentes, mas uma missão em comum: recuperar prestígio no grid, alcançando objetivos diferentes.

Mesmo assim, seria interessante ver todas essas transferências se concretizando, com nomes em macacões e equipes impensáveis até aqui.

Por ser muito complexo e cheio de detalhes, a essa altura do ano, honestamente não acredito muito na hipótese. Gastei linhas justamente pelo fio, ou "thread", e também para me desintoxicar do ódio do acontecido em Spa Francorchamps. Tinha um post programado que será publicado nos próximos dias. Vai perder um pouco da validade ou antecipar uma situação, ou as duas coisas. Aguardem. 

Até!

segunda-feira, 30 de agosto de 2021

A GENI DA VEZ

Foto: Getty Images

Antes de começar o texto, deixo os links AQUI, AQUI e AQUI sobre temas que se conectam e servem de base para o que virá e fazem parte do que eu chamo de processo de descaracterização do automobilismo. Estamos, cada vez mais, numa nova era.

Mais uma vez a Eau Rouge esteve no centro de polêmicas. O tempo na Bélgica, como todos sabemos, não ajudou e deixou o circuito de Spa Francorchamps mais traiçoeiro do que nunca. O que antigamente era o palco preferido de 11 entre 10 pilotos, jornalistas e fãs, hoje talvez não seja isso, porque os tempos mudaram, assim como o automobilismo.

No final de semana, a forte batida de Lando Norris e os acidentes na W Series mais uma vez colocaram a Eau Rouge-Raidillon como vilãs da história. Pessoas bem intencionadas (e também as más, é claro) estão colocando a culpa e problematizando uma curva por alguns incidentes e também a trágica morte de Anthoine Hubert, em 2019. E talvez, aparentemente, uma grande maioria concorda com isso! Como explicar?

Os argumentos são de que a área de escape deveria ser maior para que os carros não batessem e ricocheteassem para o meio da pista. Foi isso o que aconteceu e vitimou Hubert, o famoso choque em T. Não há halo que salve. Nos últimos dez anos, os carros da F1 ficaram cada vez mais rápidos. Os das últimas temporadas bateram os recordes de 2004. Até por isso, na nova geração, talvez os bólidos sejam mais lentos para que haja mais downforce e competitividade.

Como os carros estão mais rápidos e modernos, a Eau Rouge passou a ser feita em pé cravado. Uma grande ousadia. Além disso, nos últimos anos, as britas foram retiradas e sim, o asfalto também é um dos motivos para a irresponsabilidade nas pistas.

Como venho escrevendo há algum tempo, os perigos da segurança e a transformação das categorias de base em um clubinho de ricos, aprovada pela FIA tornaram o automobilismo de fato perigoso. Gerações acostumadas a simuladores e jogos online estão chegando nas pistas e, juntamente com a sensação de um carro de corrida ser um tanque de guerra e raramente acontecer grandes consequências em caso de acidentes, não há respeito ao próximo e nem limites. Se bater não vai dar nada mesmo.

Carros rápidos e esse senso de segurança fazem com que um piloto acelere a 300 km/h na Eau Rouge, na chuva, tocando na zebra. É óbvio que não vai dar certo. Se tentar andar na mesma velocidade no sol ou na chuva, até as retas podem ser assassinadas. Lando Norris não é um mau piloto, apenas tomou uma decisão errada e pagou pra ver. Se tivesse brita em volta da Eau Rouge como sempre teve, algum maluco se atreveria a fazer isso? Só Villeneuve fez, e porque estava fazendo uma aposta.


O que quero dizer é que as pessoas precisam olhar para o todo ao invés do mais simples, e nesse caso, o absurdo. Os inimigos da velocidade e amantes da segurança elegeram a Eau Rouge a nova vilã da F1 e do automobilismo. Não vão descansar enquanto não mutilarem a curva ou tirarem Spa do calendário. Era culpa da Tamburello ou da negligência da FIA?

A culpa não é da Eau Rouge. As pessoas precisam entender que carros e pistas "seguras" nas mãos de pilotos ineptos da geração simuladores que só estão lá porque levam dinheiro é uma grande receita para a morte. Anthoine Hubert e Jules Bianchi morreram por esses fatores e a negligência, não pela Eau Rouge ou a chuva. 

A Eau-Rouge é a Geni da vez.

Escrevi isso no final do ano passado, após o acidente de Grosjean, e assim finalizo o texto de hoje:

"Quando acontecem esses grandes acidentes, é muito fácil culpar o autódromo, a FIA, acabar com áreas de escape, mutilar traçados ou excluir circuitos do calendário. Difícil mesmo é bater de frente com as inúmeras consequências que a elitização do automobilismo causa, dentre elas estar acima do bem e do mal independentemente do que se faça na pista. 

É evidente que não se pode retroceder pelo nome do purismo ou da nostalgia, mas certamente se o automobilismo continuasse menos seguro, tenho convicção de que teríamos pilotos melhores e cientes da função que fazem, além de barrar os inconsequentes. Acidentes, erros e o risco sempre irão existir no automobilismo, isso só precisa ser lembrado e hoje, infelizmente, raramente isso é levado em consideração."

Maldita Eau-Rouge!

Até!

domingo, 29 de agosto de 2021

O CIRCO E OS PALHAÇOS

 

Foto: Getty Images

29 de agosto de 2021 marca como um dos dias mais vergonhosos, senão mais, da rica história de 71 anos da Fórmula 1. Momentos ruins, erros crassos, irresponsabilidades, azares, infortúnios e tragédias não faltaram, mas em todos esses momentos houve algo em comum: a tentativa. 

Hoje, o que vimos em Spa Francorchamps foi uma categoria que, através da direção de prova, em nenhum momento quis correr hoje. Contra o próprio espírito competitivo do que foi criado e hoje colhe os lucros.

É claro que era um temporal, a visibilidade era baixíssima e os próprios pilotos avisavam a todo instante, desde ontem, que não haveria condições, que estavam sob perigo da tragédia mor. Acontece que isso sempre esteve presente na F1 desde 1950, quando ainda era algo romântico e não totalmente profissional. Desde então, muitos erros e mortes foram construídos, infelizmente, diante da F1 como a conhecemos.

Acontece que, em 71 anos, duvido que hoje tenha sido a chuva mais torrencial e impraticável da história. 71 anos. Todos nós sabemos que muitas atitudes irresponsáveis foram tomadas ao longo da história e isso culminou em muitas vidas, mais recentemente Jules Bianchi. Dali em diante, a F1 ganhou uma aversão a chuva: basta molhar a pista que vira tudo uma celeuma. Adiamentos até o circuito secar e tudo mais.

Diferentemente de outros adiamentos e corridas que tiveram muitos percalços, como Fuji 2007 e Canadá 2011, dessa vez a F1 não esteve disposta a tentar correr em nenhum momento. Claro que a visibilidade e o spray não ajudam, mas com o tempo isso poderia ser amenizado. Bastaria tentar, o que não foi feito. Desde a paralisação, estava claro que não aconteceria nada.

Ninguém gosta de ser feito de idiota ou ser enganado, e foi exatamente isso que a FIA fez com o público e os pilotos. Três horas de marasmo para no fim, quase sem luz artificial e com a chuva mais forte ainda, fingir tentar retomar a corrida. O objetivo era simples e burocrático: atingir o mínimo de "voltas" para computar os pontos e "cumprir" os compromissos contratuais. 

É claro que o acidente de Lando Norris, a confusão na W Series e o histórico da Eau Rouge também pesaram, mas isso é assunto para outro post, amanhã. A verdade é que a FIA atingiu o objetivo: não queria e não se mexeu em nenhum instante para tentar realizar a corrida.

"O importante é a segurança". Se a segurança fosse tão importante assim, nem existiria automobilismo. Que tipo de segurança há em correr a 300 km/h e ficar exposto a acidentes, mortes e agora covid? Seguro de verdade, hoje em dia, é cada um correr num simulador em casa, sem maiores perigos. 

Falta mais transparência e parar de tratar a todos como imbecis. Por que a FIA não faz igual a Indy em ovais? Simplesmente avisa: ó, se chover, não vai ter corrida e ponto final, dane-se! Mas é claro que não se pode ser tão explícito assim, seria um problema para a imagem e os negócios, e isso é o mais importante, é claro.

Para efeitos estatísticos, Max Verstappen venceu, George Russell teve o primeiro pódio da carreira em um final de semana mágico e Lewis Hamilton foi o terceiro. Pérez bateu antes de chegar no grid e perdeu pontos importantes para a Red Bull.

Independente do que aconteça, a farsa de hoje pode decidir o campeonato. Max pode reclamar que recebeu apenas metade dos pontos; Hamilton pode reclamar que o resultado seria diferente se houvesse corrida e os dois estariam certos. Agora, é tudo um grande "se".

Na NeoF1, existe pódio e entrevista para uma corrida que não aconteceu e o vencedor de uma corrida classificatória é declarado pole position, não o mais rápido da sessão. O problema deve ser eu, de certo, devo estar maluco. 

Para os próximos anos, a solução é simples: a construção de circuitos indoor ou simplesmente deslocar todas as provas para corridas de rua no Oriente Médio e Estados Unidos, de preferência. Verdadeiros tanques de guerra são alérgicos a água. Tudo em prol da segurança, claro. Tirando Interlagos 2003 e na morte de Bianchi, quando bateu num trator e isso seria perigoso em qualquer circunstância, os grandes acidentes recentes não foram na chuva, mas já estaria fugindo um pouco do tema e não estou disposto a me alongar muito.

No circo da F1, todo mundo é palhaço, principalmente quem toma banho de chuva e paga para não acontecer nada. O mínimo deveria ser o ressarcimento, pois a Liberty Media se mostra tão empática e quer que todos corram como um mas vai correr na Arábia Saudita, onde desrespeitam mulheres, jornalistas e qualquer um que se opõe ao governo.

Provavelmente ninguém vai dar muita atenção a isso semana que vem, porque já tem corrida e terá mais outra na semana seguinte. E assim segue o circo, sempre preocupado com a segurança dos envolvidos, é claro.

Certamente esse final de semana é mais um grande passo rumo a descaracterização do automobilismo e da Fórmula 1, onde talvez os resultados mais práticos apareçam no médio-prazo. Espero estar errado como quase sempre estou, mas geralmente eu não erro quando quero errar. Vamos ver.

Confira a classificação final:


Até!

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

ESTADAS E ESCORREGÕES

 

Foto: Getty Images

No retorno da F1 após três semanas de descanso no ainda verão europeu, Spa Francorchamps mostrou suas armadilhas corriqueiras. Começando pelo clima. No início do dia, a pista ainda estava molhada, apesar de não estar mais chovendo. Naturalmente, com a pista secando, os pilotos foram se arriscando, mas se esqueceram que Spa tem suas particularidades.

Muitos pilotos rodaram na primeira sessão e a chuva voltou no fim. Bottas foi o mais veloz, mas a surpresa foram as Ferraris e também a Alpha Tauri. Boa parte dos pilotos estão utilizando um novo motor. O motivo é simples: Spa é a maior pista da temporada e, portanto, a que mais exige potência dos motores. A má notícia para a Red Bull é que não há como se recuperar dos danos da Hungria. Tudo conspira para uma punição futura, o que pode decidir o campeonato.

Na segunda sessão, a mesma coisa. O tempo ficou firme do final em diante, mas mesmo assim os perigos de Spa sempre estão a espreita. Leclerc e Verstappen bateram. O holandês foi o mais rápido, praticamente empatado com as Mercedes. Resta saber se a traseira danificada no fim da sessão pode influenciar o restante do final de semana.

Ultimamente, Spa tem proporcionado chuva apenas nos treinos e quase nunca nas corridas, um evento curioso. Em uma temporada tão diferente e cheia de alternativas, parece que tudo conspira para que isso possa se repetir no domingo. No entanto, metereologia não é pensamento desejoso, apesar de que uma torcidinha nunca é demais.

Enquanto os carros escorregavam na úmida Spa, o fim da semana trouxe algumas manutenções. Primeiro, o que pra mim é surpreendente, foi a renovação de Alonso com a Alpine por mais uma temporada. Não pelo piloto, claro, mas porque na época do retorno, no ano passado, sempre foi noticiado que o acordo inicial era de duas temporadas. Achei muito estranho esse detalhe mas nada surpreendido com o principal.

Diferente dos últimos anos, a Red Bull resolveu rapidamente o futuro. Mesmo com altos e baixos, Sérgio Pérez será mantido na equipe em 2022. Uma façanha e tanto para quem não é oriundo da fábrica de Milton Keynes. Claro que é uma questão de "não tem tu, vai tu mesmo". A Red Bull não tem nenhum piloto da academia pronto para o rojão e, além do mais, 2022 é ano de novo regulamento. 

A experiência e a manutenção de Checo parece ser uma escolha mais segura. Nunca é demais, também, lembrar que o mexicano, mesmo podendo estar melhor, conseguiu o que apenas Vettel, Webber, Ricciardo e Verstappen conseguiram no time: vencer, mesmo sendo segundo piloto declarado e forasteiro da fábrica de energéticos.

Entre estadas e escorregões, a F1 volta com tudo, num circuito icônico, campeonato equilibrado e autódromo lotado. Existe coisa melhor? 

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Bélgica:







quinta-feira, 26 de agosto de 2021

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.


ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 195 pontos

2 - Max Verstappen (Red Bull) - 187 pontos

3 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 108 pontos

5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 104 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83 pontos

7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 80 pontos

8 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 50 pontos

9 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 50 pontos

10- Esteban Ocon (Alpine) - 39 pontos

11- Fernando Alonso (Alpine) - 38 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 30 pontos

13- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos

14- Lance Stroll (Aston Martin) - 18 pontos

15- Nicholas Latifi (Williams) - 6 pontos

16- George Russell (Williams) - 4 pontos

17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 2 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 303 pontos

2 - Red Bull Honda - 291 pontos

3 - Ferrari - 163 pontos

4 - McLaren Mercedes - 163 pontos

5 - Alpine Renault - 77 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 68 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 48 pontos

8 - Williams Mercedes - 10 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 3 pontos


O CATAR ESTÁ CHEGANDO

Foto: Getty Images

O que era apenas uma possibilidade já começa a ganhar ares de realidade e até questão de tempo para ser real.

Segundo a revista Autosport, o Catar foi escolhido como substituto do GP da Austrália. A prova seria realizada no Circuito Internacional de Losail, onde já ocorrem etapas da MotoGP desde 2004. A corrida seria realizada no dia 21 de novembro, depois do GP de São Paulo, e iniciaria a sequência de três etapas finais da temporada, seguido de Arábia Saudita (5 de dezembro) e Abu Dhabi (12 de dezembro).

Isso claramente é uma demonstração de força para o objetivo da F1 em realizar 23 etapas em meio a pandemia de covid-19, a maior da história. No entanto, agora o desafio é encaixar alguma prova na data onde estava destinado o GP do Japão, cancelado em virtude do aumento de casos de coronavírus no país nas últimas semanas, especialmente durante as Olímpiadas.

O Catar tem o benefício da dúvida. Corridas noturnas já não tem o mesmo impacto que era a novidade de antes, então resta mesmo a curiosidade de como vai ser o traçado da MotoGP para os carros da Fórmula 1. Ao menos é uma alternativa inédita.


PLANOS AMBICIOSOS

Foto: Getty Images

Apesar da penúltima posição nos construtores e sem grandes expectativas de avanços significativos nas próximas temporadas, mesmo com o novo regulamento, a Alfa Romeo não lamenta. Pelo contrário.

Segundo o chefão, Frederic Vasseur, a equipe foi autorizada a ir atrás de "pilotos tops" para ocupar os assentos da equipe. Mesmo que esportivamente ainda não seja um lugar atrativo, a missão do dirigente é justamente seduzir os candidatos:

"Se você tem um projeto comum e é muito claro com eles [os pilotos], basta dizer: ‘Não quero enganar vocês, não poderemos ganhar em 2022, nem mesmo em 2023, mas pelo menos queremos subir duas ou três posições por ano. Queremos melhorar. Tenho sinal verde para muitas coisas e quero ser positivo. Agora tenho de fazer o meu trabalho para convencê-los”, disse.

É importante frisar que Kimi Raikkonen e Antonio Giovinazzi ainda não estão garantidos para 2022. A decisão deve ser feita apenas no final do ano. Teoricamente, a Ferrari  tem direito a uma escolha, em virtude da parceria técnica. Portanto, a Alfa Romeo teria liberdade apenas na escolha de um dos nomes.

"Acho que estamos em uma boa posição porque somos ambiciosos”, opinou Vasseur. “Estamos crescendo em termos de parceiros, patrocinadores e assim por diante. O portfólio está aumentando. A Ferrari está fazendo um bom trabalho, eles estão melhorando também do lado deles e, aqui, estamos melhorando o chassi", completou para a revista Autosport.

Nos últimos meses, o Grande Prêmio noticiou que a Alfa Romeo está de olho em Valtteri Bottas para ser a grande estrela da companhia, diante da iminente saída do finlandês da Mercedes. Ambição é muito importante e, sendo mais uma equipe que busca se reestruturar, o jeito é aguardar se esses planos ambiciosos serão concretizados no médio/longo-prazo. Bom sempre frisar que Nico Hulkenberg está no mercado...

TRANSMISSÃO:

27/08 - Treino Livre 1: 6h30 (Band Sports)

27/08 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)

28/08 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)

28/08 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)

29/08 - Corrida: 10h (Band)



terça-feira, 24 de agosto de 2021

MISTÉRIOS (DES)MASCARADOS

 

Foto: Getty Images

Hoje começam as Paraolímpiadas de Tóquio. Nas últimas semanas, sobretudo também pela realização dos jogos olímpicos no Japão, o país teve um aumento muito grande no número de casos e mortes decorrentes da Covid-19. Em virtude disso, e pelo país estar em estado de emergência, não teremos Grande Prêmio do Japão pela segunda temporada consecutiva.

A decisão não é surpreendente. Rejeitado pela população, os jogos olímpicos só aconteceram pelos contratos amarrados, onde não fazer seria muito mais danoso financeiramente do que a realização das Olímpiadas. Agora, a F1 precisa preencher a lacuna em pouco tempo, pois a prova estava marcada para o dia 10 de outubro.

Na contramão da história, neste final de semana a Bélgica vai colocar 75 mil pessoas em Spa Francorchamps, sem obrigatoriedade de distanciamento e/ou máscaras. Por quê? Na Bélgica, há o "Corona Safe Ticket", onde as pessoas precisam mostrar a comprovação de vacinação com segunda dose duas semanas antes da corrida, teste PCR negativo ou um certificado que comprove a infecção nos últimos seis meses.

Cada caso é um caso, mesmo que seja bem extremo. Apesar de termos lotação máxima na Inglaterra e na Hungria, pela primeira vez em muito tempo que teremos uma liberação total na F1, por isso não se estranhem com as imagens das arquibancadas.

O GP da Bélgica será realizado diante de estranhas circunstâncias. Ultimamente, o circuito tem lidado com tempestades e inundações, sem contar que já faz dois anos do acidente fatal de Anthoine Hubert na F2. Apesar disso, também há motivo para ter lembranças positivas: há 30 anos, Michael Schumacher estreava na F1 em solo belga. Eu já contei essa história bem aqui. Agora, será a vez de Mick Schumacher. Como sempre, um momento emocionante e significativo.

No entanto, há ainda mais circunstâncias sombrias e tristes que pairam essa corrida. Tudo porque, há duas semanas, Nathaile Maillet, 51 anos, CEO do circuito, foi assassinada junto da companheira Ann Lawrence Durviaux pelo ex-marido, o ex-piloto Franz Dubois, que depois se matou, na cidade de Gouvy, distrito de Luxemburgo. Um duplo feminicídio, portanto.

No início, a história parecia de certa forma "justificar" o ato ou até mesmo lembrar de Euclides da Cunha, mas às avessas: o homem chega em casa e encontra, de surpresa, a esposa com uma outra mulher e decide matá-las e depois a si mesmo pela "honra", o que antigamente seria chamado de "crime passional".

No entanto, relatos da amiga nos dias seguintes desmentem tudo isso. Nathaile e Franz estavam em processo de divórcio e o relacionamento com Ann Lawrence, advogada, não era surpresa para ninguém. As duas estavam juntas há algum tempo e, inclusive, elas e Franz se reuniram num restaurante na noite do crime.

A motivação de tudo isso seria financeira em virtude do divórcio. As duas partes não se entendiam e, depois do restaurante, Franz saiu primeiro do local e chegou na antiga casa depois para matar as duas e depois se matar antes da chegada da polícia.

Nathalie Maillet era CEO de Spa Francorchamps desde 2016. Graças aos esforços dela, o circuito passou a receber diversas provas de rali e outras modalidades do automobilismo além da F1 e dos carros de turismo. Spa foi homologada perante a Federação Mundial de Motociclismo e vai receber no ano que vem as 24 Horas de Spa para motos.

Nathalie era de uma família de pilotos mas era arquiteta de formação, apesar de ter vencido corridas na Fan Cup, em 2006. 

Curioso como a FIA vai se portar perante a esse caso, mesmo que aparentemente ele esteja resolvido diante da morte de todos os envolvidos. No entanto, em um momento onde todos ficam assustados com o retorno do Talibã mas reproduzem, mesmo que involuntariamente, preconceitos e agressões diárias as mulheres (seja verbal ou físico), a morte de uma mulher que estava em uma posição de poder no automobilismo reforça que, infelizmente, esses direitos precisam estar permanentemente sob luta e vigia para que não se percam em todos os âmbitos.

O mundo pode até mudar, mas é sempre preciso estar atento contra as forças retrógradas que veem tudo isso como uma ameaça ao "poder" e querem manter tudo do jeito que está, sem o menor pudor de utilizar a força, a desproporção e a covardia para isso.

Até!

terça-feira, 17 de agosto de 2021

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá! Agora vamos com a parte final das análises dos pilotos nessa metade de temporada da F1!


Foto: Getty Images

Charles Leclerc – 7,5: Um piloto muito rápido. Poucos conseguem extrair do carro o que o monegasco consegue, não a toa conseguiu a façanha de fazer dois poles seguidas com essa Ferrari. No entanto, por ser muito rápido, explora e também passa dos limites, como em Mônaco, além de estar sendo um “ímã” de acidentes. Um pouco de azar. Falta mais equilíbrio para Leclerc, mas essa agressividade pode ser aproveitada enquanto a Ferrari não dá um carro competitivo.

Carlos Sainz Jr – 8,0: Sainz é um piloto constante. A evolução do espanhol na F1 se pauta nesse ritmo. Não é o mais rápido, mas compensa  em um ritmo de corrida excelente. Enquanto Leclerc é mais “showman”, o espanhol come pelas beiradas e é igualmente eficiente. Quem esperava um vareio do monegasco no campeonato se enganou. Se as circunstâncias ajudarem, Sainz vai aproveitar. Erra pouco, embora ainda erre. É tudo o que a Ferrari esperava, com o adicional de ser mais barato que o tetracampeão. Está no caminho certo.

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Pierre Gasly – 7,5: A Alpha Tauri baixou de nível, o que prejudica o francês na briga por melhores posições. Apesar disso, conseguiu mais um pódio. O francês, para ser sincero, precisa olhar mais para o futuro fora da equipe do que qualquer outra coisa. Gasly conseguiu dar a volta por cima. Agora, precisa encontrar um lugar que lhe permita o próximo passo, pois a Red Bull não o quer e a Alpha Tauri está ficando pequena para isso.

Yuki Tsunoda – 6,5: O japonês começou com tudo no Bahrein, mas depois sofreu de uma oscilação normal, tanto pela idade, inexperiência e também a diferença entre a F1 e a F2. Nunca é demais lembrar que Tsunoda tem apenas 19 anos e mal se preparou para o desafio. Está batendo demais e já leva reprimendas, mas o japonês, além de precisar melhorar imediatamente, necessita de tempo e paciência. Qualidade ele já mostrou, o desafio agora é deixar a maturação acontecer.



Kimi Raikkonen – 6,5: Com mais de 40 anos, os reflexos não são mais os mesmos. O acidente com Vettel pode ser considerado um sinal de alerta. Apesar da velocidade natural também não ser a mesma, o ritmo de corrida equilibra tudo com Giovinazzi. Raikkonen é daqueles casos que decide quando e onde parar. Já passou do auge mas ainda não é uma chicane ambulante. Deixem o homem de gelo em paz!

Antonio Giovinazzi – 6,5: É um piloto que já poderia estar fora do grid mas apresentou evoluções, embora sempre na hora H parece que falta ou acontece algo. O italiano é mais veloz que Kimi, mas não corresponde na corrida por vários fatores. Apesar do carro não ajudar, a verdade é que Giovinazzi não explodiu conforme o imaginado depois da GP2. A impressão que fica é que espera a chegada de alguém superior vindo da academia da Ferrari, e apenas uma arrancada na segunda metade do ano pode impedir isso.


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Mick Schumacher – 6,5: Com a Haas, não há muito o que exigir. Está sendo muito mais rápido que Mazepin e é isso. O alemão está batendo demais nos treinos, o que é aceitável até um certo ponto. Na Hungria, mostrou ser um piloto combativo, que briga o quanto pode para se defender, mesmo que o carro não permita. A Haas é um laboratório para que Mick consiga escalar montanhas antes de, quem sabe, chegar a Ferrari. Para isso, precisa bater menos.

Nikita Mazepin – 5,0: Era óbvio que não deveria estar na categoria, não tem nível para isso. As batidas, trapalhadas e deslealdades não são novidade para ninguém. Ao menos parou de rodar sozinho e está batendo menos do que se imaginava. É apenas isso o que dá para escrever.


Foto: Getty Images

George Russell – 7,0: Que Russell precisa de um carro melhor, todo mundo já sabe. Passando para o Q2 com facilidade, o inglês é o futuro da categoria. Na Hungria, finalmente exorcizou o fantasma dos pontos pelo time de Grove. No entanto, há um “problema”: na hora decisiva, Russell parece ser azarado ou não corresponde a pressão, seja justamente por problemas alheios ou erros. De novo, corre risco de perder na tabela para alguém muito inferior, e isso pega mal. Na Mercedes, se for para lá, vai ser o caçador e não a caça. No entanto, o mais difícil ele já está fazendo: elevando a Williams a um patamar mais competitivo.

Nicholas Latifi - 6,5: o simpático canadense tem o benefício da dúvida. Já se sabia que ele está aí pelo dinheiro do pai, mas pelo menos salvou a Williams do fim. Na pista, não faz feio: não é demérito algum ser superado por Russell. Não se envolve em acidentes, erra pouco e fica na frente da Haas. Na Hungria, foi premiado com uma pontuação importante, acima do badalado companheiro. Latifi não incomoda ninguém e ainda ajuda uma equipe tradicional. Também não há muito o que comentar, mas isso não é um problema nesse caso.

Concorda? Discorda? Comente! Agora, resta torcer para que os dias passem mais rápidos para que possamos desfrutar da segunda metade da temporada, que promete ser ainda mais emocionante!

Até!


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA: Parte 1

 

Foto: Getty Images

Olá!

Depois de 11 corridas em quatro meses, chegamos apenas a metade da temporada! Enquanto pilotos e funcionários descansam no verão europeu e se preparam para a metade final do ano, o blog faz a tradicional análise parcial dos pilotos sobre o que aconteceu na temporada até aqui.

Sem mais delongas, vamos com a primeira parte:


Foto: Getty Images

Lewis Hamilton – 9,0: O início de temporada parecia confirmar que o octa era questão de tempo. No entanto, com a chegada da Red Bull, pouco pode fazer e também acabou cometendo alguns erros. Embora não pareça, Hamilton já é um “veterano”, e alguns pequenos erros podem ser normais, apesar de alguém do currículo dele não estar habituado a isso. Se antes parecia burocrático e conformado, as duas últimas provas mostraram o contrário e nos lembraram porque alguém como Lewis é heptacampeão. Vai precisar estar nesse nível se quiser levantar o oitavo caneco.

Valtteri Bottas – 7,0: Acontece de tudo com o finlandês nessa temporada. Quando não erra bisonhamente, é vítima da própria equipe. Sendo condescendente, é no máximo razoável. Está de saída da Mercedes de forma melancólica. Nesta temporada, onde a Red Bull cresceu de fato, o escudeiro só apareceu para bater nas Red Bull na Hungria. Bottas está de aviso prévio. É difícil pedir ou encontrar motivação para alguém que precisa estar mais preocupado em definir o futuro do que encarar o presente já estabelecido.

Foto: Getty Images

Max Verstappen – 9,5: Verstappen deu um passo adiante. Antes correndo sem responsabilidade, agora o holandês está maduro em meio a primeira disputa real de campeonato. Os infortúnios que aconteceram não foram por sua culpa, pelo contrário. É da natureza selvagem de Max a agressividade e a imposição. Isso será importantíssimo para um possível sucesso no final da jornada, mas também é necessária maturação e equilíbrio, administrando e sabendo como agir conforme a situação.

Sérgio Pérez – 8,0: Uma montanha russa, como seria esperado. O segundo carro da Red Bull é muito complexo. Ninguém se dá bem por lá. Pérez começou devendo mas engrenou nas corridas seguintes, com destaque para a vitória no Azerbaijão e a briga na França. Depois, foi muito mal de novo e está fazendo falta para Max na briga do título. O mexicano foi contratado para isso. O desafio é encontrar esse equilíbrio e tentar ficar o mais próximo possível do holandês. Vai que sobre outra grande oportunidade igual Baku?

Foto: Getty Images

Daniel Ricciardo – 6,0: A decepção até aqui, dado o custo/benefício. É inegável que é um grande piloto, mas até aqui suas melhores atuações foram no máximo burocráticas. O sarrafo é alto porque Norris está fazendo uma temporada quase perfeita. Ricciardo é bastante lento em qualquer característica de circuito e essa é uma faceta que ninguém poderia imaginar. Pelo dinheiro e pela posição que ocupa, Ricciardo precisa reagir imediatamente. Talento não falta, mas é preciso fazer o encaixe.

Lando Norris – 8,5: Tirando Max e Lewis, é o grande nome do campeonato, não a toa é o terceiro colocado, superando Pérez e Bottas. Está perfeito. Ritmo de corrida e razoavelmente rápido nos treinos. Talvez precisa confirmar mais essa parte de agora em diante. Está tirando um “potencial campeão” para nada, como se fosse um mero iniciante. Norris encaixou bem com essa McLaren, que de passo em passo aos poucos volta para as primeiras prateleiras da F1. Se continuar sendo o melhor do resto, já será um passo extraordinário desse piloto que cada vez é mais realidade do que já foi uma promessa.

Foto: Getty Images

Sebastian Vettel – 7,5: O começo foi muito difícil, quase constrangedor. No entanto, Vettel reagiu rapidamente e justificou a contratação feita pela Aston Martin, de onde também é sócio.  Não é o piloto espetacular de antes  mas também não é o que vimos nos últimos dois anos de Ferrari. Com a experiência e aproveitando as oportunidades da pista que aparecem, lembrando os tempos de Toro Rosso, o alemão precisa aliar essas oportunidades com maior regularidade para que elas sejam devidamente capitalizadas.

Lance Stroll – 6,5: Bom, a Aston Martin desse ano é menos do que a de 2020. Natural que o desempenho caía, assim como a comparação com Vettel. Está sendo competitivo e de vez em quando surpreende. Quando a gente menos esperar, vai ter outro pódio. É assim que funciona com o filho do chefe.


Foto: Reprodução/Alpine

Fernando Alonso – 7,5: Também teve um começo complicado. Normal para quem completou 40 anos e estava dois ausente da categoria. Os reflexos e o ritmo desaparecem, ou então demoram para retomar. A partir de Baku, o espanhol retomou a categoria que todos conhecem e culminou na grande disputa com Hamilton na Hungria. Com a Alpine sendo uma quinta ou sexta força, resta a adaptabilidade e combatividade do bicampeão para tentar prosperar, mas está claro que ainda é um piloto de elite.

Esteban Ocon – 7,5: Estava vencendo Alonso, mas aí o espanhol terminou o aquecimento, o levou para águas mais profundas e o francês afogou, por não saber nadar e também por falhas do equipamento. Perder de Alonso, mesmo nessas condições, é normal. No entanto, a vitória da Hungria justifica porque o francês era tão badalado na base. Precisa de mais regularidade. Com a confiança que ganhou, pode muito bem progredir sem sustos e de contrato renovado por várias temporadas.

Essa foi a primeira parte da minha análise. Concorda? Discorda? Comente! Até!


segunda-feira, 2 de agosto de 2021

ALERTA LARANJA

 

Foto: Crash

Já foi escrito por aqui que a adaptação a uma nova equipe na F1 é cada vez mais difícil. As referências e estilo de carro e pilotagem são muito particulares. Além disso, a quase inexistência de testes dificulta a familiaridade dos pilotos, pois esses basicamente apenas correm nos finais de semana e precisam recorrer ao simulador nas pausas dos GPs. 

Com tudo isso, é evidente que é necessário tempo - maior ou menor - dependendo de cada piloto em cada carro e a capacidade de adaptação. O risco de sermos injustos é enorme, igual a Red Bull com Gasly e Albon recentemente. Por isso que a situação chama a atenção nesse post.

Ricciardo recentemente saiu da Red Bull e apostou as fichas na Renault, buscando uma equipe garagista para ser o número um. Lá, teve um início cambaleante mas depois despachou Hulkenberg e Ocon.

Agora, na McLaren, teria outro jovem de potencial para encarar: Lando Norris, mas nada para quem já dividiu equipe com Max Verstappen. A mudança de equipe seria uma dificuldade natural, mas o que estamos vendo é algo completamente fora do previsto.

A verdade é que, até agora, são dois extremos: Lando Norris é o melhor piloto da temporada e Ricciardo um dos piores. Não parece que pilotam o mesmo carro, e não estou fazendo insinuações, até porque seria idiota. O australiano tem um dos maiores salários do grid. Corrida sim, corrida também, Ricciardo não só está mais atrás do britânico, mas muito atrás, tanto nos décimos quanto no ritmo de corrida. Até volta já levou.

Diante de tanta coisa que aconteceu na Hungria, me chamou a atenção que, apesar do carro avariado, a McLaren do australiano não conseguiu ameaçar as Williams e ainda foi passado por Verstappen, outro que estava sem condições. Mesmo com a punição de Vettel, nem assim Ricciardo esteve na zona de pontuação. 

Pode ser que o trunfo da McLaren e de Ricciardo seja a adaptação plena e completa em 2022, com um ano de time e com o novo regulamento em vigor. No entanto, não dá para ignorar o que está acontecendo até aqui. Não é normal, sobretudo porque Ricciardo não é um piloto barato, pelo contrário.

Ainda falta muita temporada, mas Ricciardo está sendo a decepção do ano e não está entregando aquilo que se espera. A McLaren não é a Red Bull, mas hoje também não é uma escuderia que se possa dar ao luxo de fazer investimentos infrutíferos como a contratação do australiano está sendo até aqui. Alerta laranja.

Até!

domingo, 1 de agosto de 2021

PULVERIZADO

 

Foto: Getty Images

Hungaroring pode proporcionar procissões ou corridas épicas de proporções impressionantes, como por exemplo a corrida de 2006 e de 2003, por motivos diferentes. Nas duas situações, a semelhança com hoje: a primeira vitória de jovens pilotos e também das equipes.

Em 2003, o hoje quarentão Fernando Alonso venceu de ponta a ponta a primeira da Renault em mais um dos retornos da equipe. Vinte anos depois, o espanhol foi preponderante para a história se repetir, na mesma equipe. Em 2006, Jenson Button venceu a primeira na caótica etapa que culminou na primeira vitória da Honda como equipe, também muito tempo depois do retorno.

Para chegar até o resultado, que mistura passado, presente e futuro, é preciso entender como tudo se sucedeu. A chuva que caiu uma hora antes mudou o panorama. Com a pista escorregadia, Valtteri Bottas largou mal e pode ter garantido um novo contrato, ou então o prêmio definitivo de escudeiro do ano.

Num efeito dominó, ele bate em Norris, que bate em Pérez, enquanto Bottas bate em Verstappen. A confusão toda fez Stroll, lá atrás, se chocar com Leclerc e culminar com o abandono de todos os envolvidos, menos o holandês e Ricciardo. Quando Max ficaria no mano a mano para caçar Hamilton, mais uma vez o destino lhe tira da corrida. Quem ria a toa era Hamilton, de novo com caminho livre. Se por um lado Bottas "ajuda" Lewis, por outro pode não ter assinado o contrato de renovação com os alemães.

Com bandeira vermelha e tudo, o que virou praxe, uma nova corrida. Com a pista mais seca, apenas Hamilton não parou com a saída do Safety Car, e isso custou caro. Quando foi, voltou no final do grid. Com o carro avariado e sem condição alguma, parecia uma forma de compensação para Verstappen reagir, mas não foi o caso. Na estratégia e com pneus melhores, lá foi Hamilton escalar o pelotão...

Com os abandonos e sem Hamilton, virou tudo uma grande salada. Boa parte da prova teve como top 3 Ocon, Vettel e Latifi! Sim, o canadense estava roubando a cena. Mais atrás, Sainz, Alonso, Gasly e Tsunoda. Num comboio com a dificuldade de passar e todos com o mesmo desgaste dos pneus, apenas estratégias diferentes no final poderiam fazer algum efeito.

Vettel ficou próximo mas não teve potência no carro para atacar o jovem Esteban Ocon. Quem diria, a promessa escanteada pela Mercedes, que ficou um ano fora da categoria e fez o primeiro pódio no ano passado até começou bem a temporada, mas depois foi dominado por Alonso. Com o alinhamento das estrelas e o talento de quem ainda parece uma eterna promessa, o francês mostrou porque sempre foi badalado desde cedo, segurando a bronca.

Enquanto a parada de Latifi o fazia cair algumas posições, Sainz e Alonso brigavam pelo pódio enquanto Hamilton chegava. Lewis precisava de uma nova parada, diante do desgaste dos pneus. Alonso, que também tinha compostos melhores que os do ferrarista, tentava atacar para garantir um pódio épico para a Alpine, mas Lewis chegou e tudo isso fez a diferença.

O espanhol precisou limitar a se defender, relembrando as velhas brigas de antigos rivais viscerais. Uma linda briga, mostrando que nem a idade impede o talento do quarentão Alonso, que segurou o quanto pode o carro mais dominante da história com pneus mais desgastados. Ah se o espanhol não tomasse tantas decisões equivocadas vítimas do temperamento...

Mas isso também prova que Don Alonso, a Fênix, mudou. Em circunstâncias normais, ele jamais faria o papel de equipe. No entanto, de forma indireta e direta ao mesmo tempo, Alonso foi o grande responsável pela histórica primeira vitória de Esteban Ocon na F1. O tempo que Hamilton perdeu foi o suficiente para não conseguir chegar a tempo nos dois ponteiros. Se a manobra fosse uma ou duas voltas antes, tudo seria diferente.

Ocon é o nome da primeira vitória da Alpine na história e a primeira do retorno do grupo Renault, em 2016. A evolução segue muito tímida mas hoje o alinhamento das estrelas conspirou. Com Alonso combativo e o jovem aproveitando as chances, uma injeção de ânimo para o novo regulamento do ano que vem. Depois de 25 anos sem vitória, são dois triunfos franceses em menos de um ano, sempre em condições excepcionais e, desde Panis com a Ligier em Mônaco 1996, um francês não vencia por uma equipe francesa.

Hamilton consegue não só conter os danos como também pulverizar a vantagem que Max tinha. Os mais afoitos já encerravam o campeonato na Áustria mas, como já escrevi, ainda tem muita coisa pela frente. Em duas provas, Hamilton reassume a liderança do campeonato e acalmem-se, pois ainda há mais doze corridas por aí, mais da metade da temporada!

O consistente Sainz se recuperou do erro de sábado e capitaliza enquanto Leclerc se envolve em acidentes, provocados por ele ou não. Alonso foi o grande nome do dia junto com Ocon e merecia um resultado melhor, apesar da pilotagem quase perfeita. 

A Williams e George Russell saíram da zica, mas o inglês sofre da síndrome de Hulkenberg: mesmo quando tudo vai bem, nem tudo vai tão bem, pois foi superado pelo canadense Latifi na corrida. A Williams mostra números consistentes na tabela do campeonato, o que evidencia a retomada do time, juntamente com o acaso, é claro. 

Diante da frieza dos números, Russell perdeu para Kubica e está perdendo para o piloto pagante da equipe. É o time que finaliza mas leva gol no contra-ataque. Claro que é um grande talento, mas chama a atenção esse "azar". Como o acaso pode protegê-lo enquanto o mal estiver distraído, provavelmente na Mercedes?

O errático Tsunoda deu a volta por cima e deu a consistência necessária para a Toro Rosso. Deixei Vettel para o fim. Um grande final de semana, nota 10 em todos os quesitos: as preocupações e mensagens sociais (vulgo "militância") expostas na Hungria e a corrida oportunista que culminou no segundo lugar. É claro que, por estar tão perto de Ocon, gera uma certa frustração não vencer, mas o alemão parece se reencontrar e fazer o que se espera de um tetracampeão mundial. Recuperar a confiança é primordial.

No entanto, a crueldade veio no fim. Segundo a FIA, Vettel tinha menos de um litro de combustível no carro para fazer o teste do combustível, o que vai contra o regulamento. Com o carro quase em pane seca, não tem conversa: desclassificação. Uma grande atuação que não tem efeitos no campeonato, ou melhor escrevendo, consequências catastróficas: Alpha Tauri e Alpine disparando na briga dos construtores.

Não tem o que contestar. Isso, claro, ajudou quase todo mundo, principalmente Hamilton, o mais sortudo que viu, na canetada, ganhar mais dois pontos de vantagem no campeonato. Raikkonen pulou para a pontuação mas é preciso destacar Mick Schumacher. Mesmo na Haas, não se limitou a sobreviver na pista. Vendeu duro as ultrapassagens feitas. Uma evolução notável. O filho do homem merece algo melhor, como uma Alfa Romeo por exemplo.

Ricciardo, um dos prejudicados pelo incidente, conseguiu a proeza de não encostar nas Williams e ainda ser superado por Verstappen. É a grande decepção do ano e uma grande preocupação para a McLaren. Contratado a peso de ouro, vai sendo tratado igual ele mesmo tratou Vettel quando chegou na Red Bull em 2014. O que pode explicar, apenas a adaptação e um carro "mais feito e adaptado" para Norris?

Recordes e marcas pulverizadas, assim como a vantagem que Verstappen tinha para Lewis. Diante de tanta coisa que já aconteceu, as férias no verão europeu servem para recarregar as energias para a reta final. 12 corridas em um pouco mais de três meses. Se já está assim agora, respire fundo para o que vier!

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!