segunda-feira, 27 de setembro de 2021

O QUE FICA E O QUE VEM

 

Foto: Reprodução/Montagem

Ainda faltam sete etapas e muita coisa para definir o campeão de 2021, mas os fãs já discutem nas redes sociais e nas barbearias sobre em qual patamar esse ano já está na história da F1. 

Que a disputa esse ano é a melhor desde 2012 ninguém tem dúvidas, a pergunta que fica é: 2021 bate de frente com 2012, 2007/2008, 2010 ou 2003/2005 e até 1999?

É claro que isso é difícil de responder porque tudo é muito recente e cheio de emoção e ainda precisa ser terminado. As outras temporadas já estão nos livros de história.

2012 teve 7 vencedores diferentes nas 7 primeiras corridas. Dificilmente isso vai acontecer. Em 2007, três pilotos brigavam pelo título no primeiro ano pós Schumacher e divididos por um ponto. Um estreante negro poderia ser campeão. Em 2008, Massa cruzou a linha como campeão e foi traído pela chuva segundos depois, o que deu a Hamilton a redenção.

Em 2010, 4 pilotos chegaram com chances matemáticas de título em Abu Dhabi. Isso também dificilmente será repetido. Nos últimos anos, embora Vettel tenha tentado incomodar e Rosberg bateu Hamilton na corrida final, a Mercedes nunca foi ameaçada e também era uma disputa interna. 

2021, cheio de dramas, reviravoltas, disputas, rivalidades e resultados inesperados, é um grande suco de emoções. É um confronto literalmente direto, em duas equipes. Hakkinen e Schumacher tiveram pouquíssimos embates, Schumacher x Villeneuve não existiu e Schumacher x Alonso teve de marcante as duas corridas de Ímola.

Hamilton e Verstappen já é uma rivalidade colossal,e tem tudo para ser cada vez mais visceral, ainda em 2021. Nos anos seguintes, tudo vai depender do novo regulamento e as condições de Hamilton, que já caminha para o final da carreira. No fim das contas, tudo isso é a disputa entre o leão velho e o leão novo. Em breve saberemos se vamos ter um novo rei ou a manutenção de um reinado.

Sem pipocar, acho 2021 melhor que 2012 mas lembra 1999: Hamilton errando muito, Verstappen também e com mais azares e isso proporciona vitórias inesperadas. A diferença é que não há uma terceira via.

E pensar que não estava nada animado para o que viria em 2021... É a vida pregando peças. Se o que fica já é ótimo, imagina os próximos 60 dias?

Até!

COPOS CHEIOS

 

Foto: Getty Images

Finalmente tivemos um GP da Rússia inesquecível. A chuva no final do Q3 fez a diferença na dinâmica. A favorita Mercedes sucumbiu, principalmente por mais um erro inexplicável de Lewis Hamilton. Me lembrou a China em 2007. Como sempre escrito, qualquer erro ou tomada de decisão pode decidir o campeonato a favor ou contra.

Lando Norris, o grande piloto da temporada, aproveitou a oportunidade e saiu do zero na pole position. Na largada, na reta longa, foi superado por Carlos Sainz mas rapidamente reassumiu a ponta. Em um circuito de muitas retas, o motor Mercedes da Williams de Russell e as McLarens anestesiaram Hamilton, que largou muito mal e ficou preso no primeiro stint. Com motores novos, Verstappen e Leclerc saíram de trás buscando maximizar resultados, especialmente o holandês.

Com a parada, muita coisa mudou. Norris, que já estava disparado na frente, consolidou uma vantagem. Nos boxes, Hamilton se livrou de alguns carros e passou outros. Com os pneus médios, se aproximava de Norris mas não estava conseguindo passar. A essa altura, o palco já estava montado: uma vitória épica, a primeira de Lando, e mais uma oportunidade desperdiçada por Lewis, que era favorito em Monza e Sochi e estaria de mãos abanando.

Assim como no sábado, a chuva no final mudou. Como eram poucas voltas, muitos decidiram arriscar nos extremos: ou continua na pista ou troca depois de um tempo para ver o que acontece. Os únicos que não poderiam arriscar eram justamente Hamilton e Verstappen. Cada ponto pode fazer a diferença, então ser pragmático conta, muito mais do que a experiência na categoria ou mesmo o carteiraço da idade elevada.

Lando Norris lutou contra as ordens da equipe e da mãe natureza, perdendo a primeira vitória épica, de ponta a ponta com todos os méritos, no final. Uma crueldade. No entanto, não concordo com as críticas em relação a idade e inexperiência. O risco faz parte. Lando Norris, mesmo que a McLaren esteja em notável evolução, dificilmente briga com frequência por vitórias. A questão era arriscar mesmo. Chegar em segundo ou sétimo, embora tenham grandes diferenças nos construtores, seria a mesma frustração. 

Hamilton e Verstappen precisavam ser conservadores. Desse modo, deu certo para ambos. Hamilton quebra a barreira de ser o primeiro piloto da história com três dígitos de vitórias e volta a vencer, reassumindo a liderança do campeonato. Max Verstappen, completamente fora de combate no final de semana, consegue um segundo lugar no apagar das luzes, minimizando o prejuízo. Resultado importantíssimo para o campeonato que pode até amargar um pouco o sentimento da vitória de Hamilton.

Norris, mesmo com a frustração de perder a corrida nas voltas finais por "teimosia", deu mais um passo para se afirmar como um grande piloto. Ele é um grande futuro mas também já é um presente. Voltou a dominar Ricciardo. Talvez como no caso do compatriota Russell, a sorte e a tomada de decisões ainda não estão calibradas, mas só o tempo e a experiência para aprimorar.

Carlos Sainz chegou a liderar a prova mas obviamente não tinha ritmo para sustentar. Depois das paradas, o máximo que podia conseguir era o pódio. Para quem chegou a liderar, é naturalmente frustrante. Pior ainda quando perdeu a posição para Sérgio Pérez. No entanto, o mexicano e Alonso também tentaram seguir até o final e o espanhol recuperou o lugar no pódio. No final das constas, mais um pódio com essa Ferrari é um grande resultado para o espanhol, mostrando que há vida além de Leclerc. Se o destino será diferente de Rubinho, aí é outra conversa.

Talvez os mais prejudicados nessa história, além de Norris, foram Pérez e Alonso, que disputavam o pódio. O espanhol estava prestes a conseguir tal feito quando passou o mexicano na chuva, mas foi traído pela mãe natureza. Mesmo com a vitória de Ocon, é Fernando quem está na frente na tabela. Uma temporada de alto nível com quase 40 anos. Para Pérez, o consolo é de ter feito uma boa apresentação em comparação as últimas corridas. Com as circunstâncias devidas, teria superado Max. A Red Bull perdeu pontos importantes para o campeonato.

Os outros que se saíram bem foram os finlandeses. Apagados na prova inteira, Bottas surgiu do nada em quinto e Raikkonen em oitavo. É importante frisar que podem ser os últimos pontos de Kimi Raikkonen na carreira, então pode ter sido um resultado histórico. Sem pressão, Bottas foi muito abaixo hoje, uma tônica dos últimos anos, cada vez mais justificando a troca. Como se ele se importasse com isso agora.

Russell segue pontuando com a Williams, justificando a cada corrida a ascensão para o time alemão. Fora da pontuação, Stroll fez uma rara boa corrida mas dessa vez as circunstâncias não o ajudaram e chegou até a espremer Vettel em uma curva.

Em uma corrida com um final tão abrupto e cheio de reviravoltas, muitos podem olhar os acontecimentos com bons e maus olhos. No entanto, de forma até rara, creio que hoje a grande maioria dos protagonistas podem sair com algo positivo na mente e que os estimule para o restante da temporada.

Confira a classificação final do GP da Rússia:


Até!

sexta-feira, 24 de setembro de 2021

MAIS UMA CHANCE

Foto: Getty Images

 Os treinos do autódromo de Sochi mostram uma ampla vantagem da Mercedes. É mais uma grande chance de Lewis Hamilton retomar o controle do campeonato, uma vez que Max Verstappen trocou o motor e larga em último. Vai fazer uma corrida de recuperação. Leclerc também larga lá atrás. Na reta final de temporada, será cada vez mais comum trocar componentes. O desgaste é grande.

Bottas liderou os dois, mostrando como é forte nesse circuito. Mais leve e com o futuro definido, pode ser a grande diferença na disputa do título, pois Sérgio Pérez segue com mais baixos do que altos.

No meio do pelotão, destaque para Pierre Gasly, colocando a Alpha Tauri entre as grandes. Mesm com áreas de escape, os treinos tiveram batidas, erros e perdas de pedaços de carro. Se isso acontecer na corrida, pode proporcionar muitas bandeiras amarelas e até Safety Car, o que sempre embaralha tudo em uma corrida.

No entanto, a expectativa é de chuva para o final de semana, principalmente amanhã. Agora, o episódio de Spa sempre vai ser lembrado. A F1 corre o risco novamente de passar vergonha porque é incapaz de andar no molhado? Honestamente, torço para esse constrangimento todo, tendo em vista que Sochi é um circuito moderno e novo, os inimigos do automobilismo teriam que se coçar em encontrar algum culpado que não seja a chuva, é claro.

Haas manteve Mick Schumacher e Mazepin no time, o que era natural. Um traz dinheiro e o outro o sobrenome, além da parceria técnica com a Ferrari. Se os americanos conseguem tirar algum coelho da cartola para 2022? Não me parece esse o caminho. A equipe entrou em uma decadência acentuada nos últimos anos e, mesmo com o aporte financeiro, ter um psicopata no volante meio que anula as situações.

Com Bottas e Mercedes muito fortes e Verstappen lá atrás, a Mercedes tem mais uma boa possibilidade de abrir vantagem interessante no campeonato. Qualquer ponto pode fazer a diferença.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

GP DA RÚSSIA: Programação

 A Rússia entrou no calendário da Fórmula 1 pela primeira vez em sua história em 2014, com o GP disputado no circuito urbano de Sochi. A cidade fica às margens do Mar Negro, no sudoeste do país. A estrutura para o circuito se aproveita do que foi construído visando as Olimpíadas de Inverno, realizadas no mesmo ano.

No entanto, a partir de 2023, o GP será transferido para Igora Drive, em São Petersburgo.

Foto: Getty Images
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:35.761 (Mercedes, 2019)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:31.304 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Valtteri Bottas (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 4x (2014, 2015, 2018 e 2019)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 226,5 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 221,5 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 141 pontos
4 - Lando Norris (McLaren) - 132 pontos
5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 118 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 104 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 97,5 pontos
8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 83 pontos
9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 66 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) - 50 pontos
11- Esteban Ocon (Alpine) - 45 pontos
12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 35 pontos
13- Lance Stroll (Aston Martin) - 24 pontos
14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos
15- George Russell (Williams) - 15 pontos
16- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos
17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 2 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 362,5 pontos
2 - Red Bull Honda - 344,5 pontos
3 - McLaren Mercedes - 215 pontos
4 - Ferrari - 201,5 pontos
5 - Alpine Renault - 95 pontos
6 - Alpha Tauri Honda - 84 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 59 pontos
8 - Williams Mercedes - 22 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 3 pontos

AINDA GOSTO DELE

Foto: Getty Images

A passagem de Pierre Gasly na Red Bull foi um pesadelo que durou meia temporada até ser chutado de volta para a então Toro Rosso. O que parecia improvável (e ainda parece), não foi descartado por Christian Horner, o chefe dos taurinos.

Depois do retorno, o francês mostrou a grande qualidade que tem. Com três pódios e uma vitória em dois anos, Gasly estava mais do que credenciado para voltar a equipe mãe ou ir para outro time mais competitivo. No entanto, todas as portas estão fechadas, ou quase isso. Será?

“Eu não descartaria nada. Ele está pilotando em um nível muito bom. Ele ainda é muito jovem e está fazendo um grande trabalho. Para 2023, temos muitas opções disponíveis. Quando você está em uma situação como a nossa, isso é exatamente o que você quer. O Gasly está fazendo um trabalho fenomenal com a AlphaTauri nessas últimas duas temporadas, e ainda com a ambição de crescer. É bom que ele mantenha essa condição de líder lá [AlphaTauri]. Ele continua sendo um piloto da Red Bull, mas emprestado à AlphaTauri”, disse Horner para o site da F1.

Além do francês, Horner fez questão de destacar os outros jovens talentos que estão surgindo na tradicional academia de pilotos do time.

Temos um grupo de jovens pilotos vindo. Temos o Liam Lawson e o Jüri Vips na F2, temos o Dennis Hauger liderando a F3, além do Jak Crawford, um talento empolgante. Temos talento em quantidade na nossa academia de jovens pilotos”, destacou.

Sobre esse assunto, a música do Skank diz tudo:

Hoje acordei sem lembrar

Se vivi ou se sonhei

Você aqui nesse lugar

Que eu ainda não deixei

Vou ficar

Quanto tempo é vou esperar

Eu não sei o que vou fazer não


E eu ainda gosto dela

Mas ela já não gosta tanto assim

A porta ainda está aberta

Mas da janela já não entra luz

E eu ainda penso nela

Mas ela já não pensa mais em mim

Em mim não

VOLTA AO CIRCO


Martin Whitmarsh, chefão da McLaren entre 2009 e 2013, volta para a Fórmula 1. Agora, o desafio é na Aston Martin, onde é o novo diretor-executivo da divisão de engenharia.

A Aston Martin Performance Technologies tem o objetivo de desenvolver tecnologias para além da Fórmula 1, em outros setores automotivos e automobilísticos.

Segundo o dono, Lawrence Stroll, o objetivo de Whitmarsh é ajudar no estabelecimento da nova direção estratégica para a Aston Martin Performance Technologies e suas subsidiárias, incluindo o objetivo crucial de liderar a transformação da Aston Martin em uma campeã mundial de F1 nos próximos quatro a cinco anos, além de evoluir para um negócio de £ 1 bilhão em um período de tempo semelhante.

Os investimentos da Aston Martin continuam, pois a equipe está construindo uma nova fábrica de custo bilionário em Silverstone, que pretende estar pronta nos próximos anos.

Dinheiro não falta, nem apoio e aporte. Whitmarsh é o cara certo? Só o tempo para descobrirmos. Sabemos que a Aston Martin não está para brincadeira. Vamos ver quanto tempo dura esse negócio. O importante, até aqui, é mostrar ambição.


TRANSMISSÃO:

24/09 - Treino Livre 1: 5h30 (Band Sports)

24/09 - Treino Livre 2: 9h (Band Sports)

25/09 - Treino Livre 3: 6h (Band Sports)

25/09 - Classificação: 9h (Band e Band Sports)

26/09 - Corrida: 9h (Band)


terça-feira, 21 de setembro de 2021

O COMEÇO DO FIM

 

Foto: Getty Images

O dinheiro e a geopolítica estão envolvidos na Fórmula 1, como qualquer coisa ou ser. É por isso que nos últimos anos tivemos corridas na Índia e na Coreia do Sul. Pagando bem... Neste contexto, a Rússia ganhou um circuito, reaproveitando a estrutura de Sochi, que sediou as Olimpíadas de Inverno. Na época, Bernie e Putin eram muito próximos, inclusive o presidente russo comparecia a todas as corridas e os dois estavam sempre juntos.

O circuito era de menos. Aconteceram algumas coisas de lembrança, como a batida de Kvyat em Vettel que causou a demissão do russo e a promoção de Max Verstappen. As batidas entre Bottas e Raikkonen. Bottas, aliás, anda muito bem lá e teve que ceder a vitória para Hamilton em 2018, quando o inglês ainda disputava o título com Vettel. Não foi Áustria 2002, mas foi constrangedor.

Tirando isso, foi um autódromo que não acrescentou muita coisa e é por isso que terá as últimas duas edições antes da F1 ir para São Petersburgo, cidade de 5 milhões de habitantes (só perde pra Moscou) e acostumada com os grandes eventos, como a Copa do Mundo e os jogos da Eurocopa. É a cidade mais ocidental da Rússia e a capital cultural do país. Encaixa com os desejos da Liberty, onde a pista não basta, mas o importante também é o entorno, a bagagem. É por isso a obsessão por Miami.

O que quero dizer é que Sochi não vai fazer falta. São Petersburgo será melhor? Não faço a mínima ideia. Na F1 de hoje, a pista e a disputa pouco importam. Quem sabe, nas próximas duas temporadas, Sochi não seja marcada pela rivalidade entre Hamilton e Verstappen? Vai que lá aconteça algo importante para a disputa do título ou alguma vitória improvável...

Quando se fala em pistas saindo, impossível não lembrar de Kuala Lumpur, Sepang e Malásia. Um lugar que virou tradicional, com circuito bacana, tempo maluco e bombava a madrugada. Saudades, Sepang!

Até!

segunda-feira, 13 de setembro de 2021

ALGUÉM TEM QUE CEDER?

 

Foto: Getty Images

Lewis Hamilton e Max Verstappen disputam palmo a palmo o título da temporada 2021. É um confronto direto. Se antes era uma superioridade da Mercedes, agora a coisa ficou mais equilibrada e até favorável a Red Bull. Nas últimas dez etapas, apenas uma vitória de Lewis, em Silverstone, onde houve o ponto de ruptura.

Nos últimos anos, mais experiente, Hamilton deixou de disputar cada posição como se a vida dependesse disso. Mais cauteloso e pensando na frente, muitas vezes abriu mão de determinadas batalhas que ele não enxergava vantajosa. Max Verstappen é o inverso. Sempre vai para o tudo ou nada, e muitas vezes intimida o oponente, que prefere não pagar para ver. 

A Red Bull tinha pequenas possibilidades reais de vencer, então para Max era uma questão de vencer ou não. No início do ano, em Ímola, o primeiro embate: como sempre, Max foi agressivo e Lewis deixou passar. Desde então, a vantagem da Red Bull estava enorme e a Mercedes sentia o caneco escapando. E aí Lewis precisou mostrar hierarquia.

Silverstone foi o aviso de Hamilton: se você quer ser louco, eu também posso ser e vamos ver quem se dá melhor. No caso foi o inglês, que venceu, tirou Max do páreo e retornou para a disputa, praticamente empatada. Ontem, os dois tinham motivos para reclamar do final de semana. Em momentos distintos, a vitória caiu no colo e cada um e depois foi embora, como quem provoca. Pit stops lentos geraram a incrível coincidência da disputa na saída dos boxes.

Hamilton não podia ceder. Estava numa posição de vantagem e sabia do modus operandi de Verstappen. Max não pode ir contra a própria natureza. Era a única chance de ficar na frente de Hamilton. No tudo ou nada, o holandês jogou os dados e, dessa vez, foi melhor para ele. Manteve a pequena vantagem na tabela.

Em um campeonato praticamente igual, qualquer detalhe e ponto a mais ou a menos vai decidir o título. O equilíbrio nas pistas também permite o encontro direto frequente dos dois. Mais batalhas estão a caminho, assim como polêmicas e discussões em todas as esferas. A pergunta que fica é: alguém tem que ceder? Alguém precisa ceder para conquistar o título nessa temporada?

Até!

domingo, 12 de setembro de 2021

REDENÇÃO

 

Foto: Getty Images

Monza viveu mudanças de panorama nesse final de semana. Se na sexta a expectativa era de domínio da Mercedes, o sábado viu Hamilton entregar de bandeja uma grande vantagem para Max Verstappen consolidar na corrida. No entanto, novamente não foi isso o que vimos.

Se Hamilton largou muito mal no sábado, Verstappen apenas largou mal hoje. Ricciardo pulou para a ponta e Hamilton foi bem, passando Norris e indo pra cima de Max. Como sempre, o holandês foi duro e o inglês cedeu, perdendo a posição que tinha ganho de Norris.

As McLarens seguravam Verstappen e Hamilton. Com o potente motor Mercedes e o mesmo pneu, a exceção de Lewis, as particularidades de um circuito de alta e a turbulência que conhecemos fizeram com que as ultrapassagens fossem bem escassas. Apenas Pérez e Bottas, de motor novo, que driblaram esse quesito.

Ricciardo controlava a corrida até o pit stop. Aí a corrida começou a mudar. Verstappen também foi para os pits, mas um problema na roda traseira direita fez com que o holandês tivesse uma parada de 11 segundos. Corrida perdida e prejuízo enorme, pois certamente não teria como alcançar Hamilton. O inglês finalmente se livrou de Norris e assumiu a ponta, quando parou. A Mercedes também não fez um bom pit stop e Lewis saiu com 4 segundos, até o inevitável acontecer.

Um grande incidente é constituído de pequenas coisas que separadas não são grandes, mas juntas formam o desastre necessário. A exemplo do que vimos em Silverstone, dessa vez Hamilton não quis ceder. Estava na frente e tinha a preferência, mas espalhou Max. O holandês, sabendo que dificilmente teria outra chance de se aproximar da Mercedes, optou, como sempre pelo tudo ou nada. Geralmente os adversários recolhem, mas Hamilton não. 

O resultado foi os dois fora e o carro de Max em cima da Mercedes de Hamilton, lembrando as disputas de Schumacher e Hill em 1995, até nesse quesito. No frigir dos ovos, graças aos dois pontos da corrida classificatória, Max aumentou para cinco a vantagem no campeonato. Podia ser mais ou então poderia perder essa vantagem, então o abandono foi mais vantajoso para ele nesse sentido. 

No entanto, Max foi punido com três posições na largada de Sochi, o que pode fazer a diferença para o campeonato. Como não pode ser punido em pista, ganha esse gancho pesado. A FIA não podia não fazer nada, e isso é uma consequência da escolha de Max.

Foto: Getty Images

O caminho ficou livre para a McLaren. Na confusão, Leclerc ficou entre eles mas Lando facilmente o superou. Estava feita a dobradinha. Desde 2010 a McLaren não fazia 1-2 e desde o Brasil 2012 que o time de Woking não vencia. Para Norris, um sabor amargo. Até tentou um jogo de equipe, mas hoje era dia de Ricciardo e do shoey. Dominando o companheiro o ano todo e perde justo na grande glória. Lembra os casos de Ralf Schumacher e Barrichello perdendo para o Hill e Herbert em 1999. Acontece.

Ricciardo vive um ano muito mais difícil que ele imaginava. Norris é talentoso, é uma boa competição. A vitória traz confiança, sem dúvida, ainda mais sendo o responsável por quebrar tantos jejuns da equipe. Com a cabeça boa, certamente vai ter menos pressão para desenvolver o trabalho, principalmente para 2022.

Bottas herdou a punição de Pérez, que usou o limite de pista para passar Leclerc, e fechou o pódio. Correu mais solto, agora que já tem um futuro traçado. Pode ser um diferencial na disputa pelo título porque o mexicano está muito mais instável do que nunca, lembra o Fisichella nos tempos de Alonso. A ausência de Lewis e Max mostram como são diferentes em relação aos companheiros.

A Ferrari mostra que ainda está atrás do pelotão de elite, enquanto que a Alpine e Williams conseguem pontos importantes. É notória a evolução do time de Grove, com os dois pontuando. Stroll hoje superou Vettel, muito errante, assim como a dupla da Haas, que segue trocando batidas e rodadas no fundo do grid. Prejudicada pela corrida de sábado, Tsunoda nem largou e Gasly também. A Alpha Tauri não participou da corrida. 

Monza pode ser uma redenção para Ricciardo. A vitória na terra da família paterna, além de histórica pelos tantos significados, também pode significar uma virada de chave nessa altura da carreira do sorridente australiano.

Confira a classificação final do GP da Itália:


Até!

sexta-feira, 10 de setembro de 2021

PREPARANDO O TERRENO

 

Foto: Getty Images

Na segunda vez da já insuportável treino e corrida classificatória (espero que desistam disso em breve), a Mercedes mostrou força. Com a atualização do motor, o que fará com que largue no fim do grid, Valtteri Bottas sai em vantagem amanhã, mas é claro que o grande beneficiado disso será Lewis Hamilton, que tem chances claríssimas de largar na pole e conquistar pontos que podem ser determinantes para o título.

A Mercedes, com motor mais atualizado, mostra grande vantagem e favoritismo para domingo. O forte da Red Bull sempre foi a aerodinâmica, então tende a sofrer em circuitos de alta. Não a toa, também com motor Mercedes, a McLaren esteve muito próxima e forçou os taurinos a sacrificar o treino de Pérez para fazer com que Max não tivesse tanto prejuízo.

Com Bottas fora do caminho para o domingo, Hamilton ganha grande ajuda nos dois dias para vencer e retomar a liderança. A Red Bull não parece ser páreo, enquanto que a grande notícia do dia foi uma boa sessão de Daniel Ricciardo. Será que está finalmente no ritmo do carro?

Pelo que foi visto até aqui, a Mercedes se prepara para retomar a liderança de pilotos nesse final de semana. Max e a Red Bull precisam tirar um coelho da cartola para evitar o que parece ser inevitável.

Confira o grid de largada da corrida classificatória:


Até!

GP DA ITÁLIA: Programação

 O Grande Prêmio da Itália foi disputado pela primeira vez em 1921, em Montichiari, na província de Bréscia, num circuito feito de vias públicas. Está desde sempre no calendário da Fórmula 1, e sempre é realizado em Monza, à exceção de 1980, quando o GP foi disputado em Ímola para atender a demanda dos fãs da Romagna.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Rubens Barrichello - 1:21.046 (Ferrari, 2004)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:18.887 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Pierre Gasly (Alpha Tauri)

Maior vencedor: Michael Schumacher (1996, 1998, 2000, 2003 e 2006) e Lewis Hamilton (2012, 2014, 2015, 2017 e 2018) - 5x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 224,5 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 221,5 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 123 pontos
4 - Lando Norris (McLaren) - 114 pontos
5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 108 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 92 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 89,5 pontos
8 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 66 pontos
9 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 56 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) - 46 pontos
11- Esteban Ocon (Alpine) - 44 pontos
12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 35 pontos
13- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos
14- Lance Stroll (Aston Martin) - 18 pontos
15- George Russell (Williams) - 13 pontos
16- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos
17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 2 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 344,5 pontos
2 - Red Bull Honda - 332,5 pontos
3 - Ferrari - 181,5 pontos
4 - McLaren Mercedes - 170 pontos
5 - Alpine Renault - 90 pontos
6 - Alpha Tauri Honda - 84 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 53 pontos
8 - Williams Mercedes - 20 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 3 pontos

ENTRE OS MELHORES

Foto: Getty Images

Depois de garantir mais um ano na Alpha Tauri, Pierre Gasly foi fortemente elogiado pelo chefe, Franz Tost. Os resultados do francês desde que voltou para a equipe satélite da Red Bull são satisfatórios: segundo lugar no Brasil ainda em 2019, vitória histórica em Monza no ano passado, um pódio nesse ano e o quarto lugar no último GP da Holanda.

Isso reforça a opinião de Tost, que diz que o francês é um dos melhores pilotos da F1:

"Sempre estive convencido em relação a ele”, disse Tost. “Acho que ele surpreendeu algumas outras pessoas. Para mim, Gasly pertence [à lista] dos melhores pilotos da Fórmula 1 na atualidade”, disse.

A situação de Gasly é incômoda. Ele não vai voltar para a Red Bull porque lá está Verstappen. Na Alpha Tauri, claramente já atingiu um teto. O jeito é esperar uma vaga melhor, tal qual o caminho que Sainz trilhou nos anos anteriores. Ainda acho que o francês deveria ficar de olho na Alpine. Afinal, uma hora ou outra Fernando Alonso vai ter que pendurar as luvas.

ROTA DE COLISÃO

Foto: Getty Images

Com o pior carro do grid, a única alternativa dos pilotos da Haas é disputar posições com eles mesmos, e é isso que está sendo feito de maneira bem perigosa no decorrer da temporada. Na Holanda, mais um capítulo desse imbróglio.

No início da corrida, Mazepin fechou deliberadamente Schumacher, que reclamou. É um histórico já extenso. O russo fez a mesma coisa no Azerbaijão. Mazepin, por outro lado, reclama que Mick desobedeceu uma ordem de equipe na preferência de quem deveria abrir primeiro a volta na classificação de sábado.

Entre reclamações e condutas perigosas, Gunther Steiner está no meio do caminho. O chefão, ao menos publicamente, adota uma postura neutra, evitando o atrito e colocando panos quentes na situação:

"Esse tipo de coisa não pode acontecer. Precisamos resolver essa situação muito rapidamente. [A prensada] é um lance difícil. Eu não acho que podemos culpar muito o Nikita, mas é claro que precisamos trabalhar em cima disso e ter uma conversa privada. Já falei com os engenheiros e concordamos que nossa prioridade é conseguir resultados. Não vamos aceitar esses comportamentos e precisamos resolver isso”, disse.

Gunther está numa situação difícil. Ele não pode ficar contra quem paga as contas do time e tampouco virar as costas para o melhor piloto da equipe, apadrinhado da Ferrari e simplesmente com o sobrenome Schumacher. Agora, não há muito prejuízo, a Haas não pontua. Mas e quando valer algo importante? Mazepin vai continuar agindo como um psicopata mimado? Provavelmente sim. Nesse caso, poderemos ter sérios problemas...

TRANSMISSÃO:
10/09 - Treino Livre 1: 9h30 (Band Sports)
10/09 - Classificação: 13h (Band Sports)
11/09 - Treino Livre 2: 7h (Band Sports)
11/09 - Corrida Classificatória: 11h30 (Band e Band Sports)
12/09 - Corrida: 10h (Band)


quarta-feira, 8 de setembro de 2021

DEFINIÇÕES

 

Foto: Reprodução/Williams

Impressionante o efeito dominó da F1 na última semana, assim como exatamente precisa a informação da Race Fans até aqui. Em sete dias, Raikkonen confirmou aposentadoria, Bottas foi anunciado na Alfa Romeo e George Russell finalmente vai para a Mercedes. 

Ontem, talvez sem o mesmo alarde, a Alpha Tauri confirmou as permanências de Pierre Gasly e Yuki Tsunoda para 2022. Não é uma decisão surpreendente. O francês está numa sinuca de bico. Não vai subir outra vez para a Red Bull e ainda não tem espaço nas outras equipes. O jeito é se contentar em andar bem na equipe satélite e esperar uma vaga apetitosa, como a da Alpine, por exemplo. 2022 pode ser o último ano de Alonso. Nunca se sabe... até lá, Gasly na Alpha Tauri é um desperdício para o francês e um ótimo negócio para os italianos.

Tsunoda começou bem mas está oscilando muito, com mais baixos do que altos. Nunca é demais ressaltar que o japonês é muito jovem e foi rapidamente ascendido para a F1, fruto do talento, é claro. Alguns dizem que a ligação com a Honda faz a diferença, mas não vejo por esse lado. Mesmo que Tsunoda ainda não convença, a Red Bull não tem alguém na base pronto, seja com conquistas relevantes ou pontuação suficiente na superlicença. Por ora, Tsunoda está salvo, mas precisa evoluir, até porque ele não briga apenas para tentar subir para a Red Bull, mas sim se manter viável na Alpha Tauri.

O anúncio de hoje foi mais chamativo. A Williams rapidamente escolheu o substituto de Russell e também manteve Latifi por mais uma temporada. Trata-se do retorno de Alexander Albon, o tailandês nascido e criado na Inglaterra. Havia uma guerra política entre a Red Bull e a Mercedes. Os alemães não queriam que alguém da concorrência ocupasse uma vaga da parceira. Alguns dizem que o tailandês deixa a Red Bull mas pode ser chamado de volta a qualquer momento, igual fizeram com Kvyat.

É a chance da redenção para Albon. Mais uma vítima do moedor de talentos, é a chance de ganhar experiência em um lugar compatível com as ambições. A Williams está crescendo em todos os setores e, com o novo regulamento, pode dar mais um grande salto. O adversário de equipe é acessível. Latifi é um paydriver simpático, mas aparentemente permaneceu por méritos próprios. Pontuou em duas corridas com esse carro, mostrando que os feitos de Russell não são tão estridentes, embora grandiosos. Me parece também que é uma gratidão, uma recompensa, algo como: "você nos salvou da falência e roeu o osso, agora toma essa alcatra". 

Com isso, resta praticamente uma vaga para 2022, que é a da Alfa Romeo. Schumacher e Mazepin devem continuar na Haas. Se a Race Fans estiver correta, a vaga suíça já tem dono: Nyck De Vries, outro piloto Mercedes, mostrando definitivamente que a parceria com a Ferrari estaria terminando.

Mudanças importantes e interessantes no grid, assim como manutenções. 2022 é a grande aposta de todos e, certamente, o mercado vai estar mais aquecido ainda no ano que vem, quando as cartas estiverem definitivamente na mesa.

Até!

terça-feira, 7 de setembro de 2021

PASSO A PASSO, ELE MORREU PRA ISSO!?

 

Foto: Reprodução/Twitter

Quando George Russell estreou na F1, em 2019, não havia tanto hype em cima dele, o que era um grande erro. A explicação era simples: naquela oportunidade, o grid também teria outros jovens em lugares mais chamativos: Charles Leclerc estreando na Ferrari, Lando Norris na McLaren e Alexander Albon na ainda Toro Rosso.

O pessoal esqueceu ou não sabe que Russell venceu os dois últimos na F2, em 2018, mas por ser piloto Mercedes, coube a única vaga disponível naquele momento, justamente a pior equipe do grid. Se não foi bom porque não havia muito holofote, Russell de certa forma não teve tanta pressão porque todos sabiam que ele não poderia fazer nada com a Williams, apenas terminar a frente do companheiro de equipe.

E George fez em quase todas as oportunidades, tirando uma: com desclassificações, coube a Robert Kubica, mesmo com uma mão só, fazer o único ponto do time naquele ano. Os números são cruéis. Russell foi mais veloz, terminou mais corridas e classificações a frente mas, no que importava, foi derrotado, nos pontos.

Nada que abalasse a jornada do inglês, que todos viam grande potencial, prejudicado por não ter equipamento para competir. Ao mesmo tempo, rapidamente a Williams começou a evoluir, deixando de ser uma equipe familiar para uma estrutura mais tradicional e sem nepotismo. Em 2020, agora com Latifi, que ajudou a salvar o time com contribuições financeiras, a missão era a mesma: impressionar e liderar.

Russell fez isso e até além. Constantemente colocou a equipe no Q2. Estava tirando mais que o carro e a possibilidade de um domingo de glória sempre se aproximava. No entanto, isso nunca vinha, seja por azar ou um erro do piloto na Hora H, que se martirizava, como se nunca mais tivesse tal possibilidade na vida.

A primeira grande chance surgiu quando Hamilton teve covid e Russell, já devidamente no debate sobre ir pra Mercedes substituir Bottas, foi para o lugar do heptacampeão. A essa altura, já estava certo que o inglês ficaria mais um ano na Williams, mas era a possibilidade de provar um ponto.

Sem mal ter contato com o carro, Russell dominou Bottas e se encaminhava para uma vitória consagradora e até constrangedora na estreia pela Mercedes. Com que clima ele voltaria para a Williams? Aí, mais um azar: problemas no carro, erros da Mercedes e uma corrida atribulada o fizeram somar míseros dois pontos. Sensação de derrota, é claro, e também a sensação de que faltava algo a mais para Russell: sorte. Afinal, sem ela, não se atravessa a rua.

Voltando para a realidade da Williams com o gostinho de ter sentido por dias a sensação de estar no topo do jogo, Russell precisava manter o ritmo. A Williams segue melhorando e Russell continuou impressionando,mas o que também não mudou foi o azar e a chance de pontuar, sempre com requintes de crueldade. Até escrevi que faltava sorte para o britânico.

Tudo isso mudou na Hungria. Mais ou menos. Os pontos pela Williams finalmente vieram, mas outra vez ele chegou atrás do companheiro que ele domina e é muito superior. Na letra fria da classificação, lá estava Russell atrás de Latifi. Como promover alguém para a Mercedes com essas credenciais?

Na Bélgica, outra parte fundamental para a mudança de chave. A chuva nivelou tudo e, com um acerto certeiro, Russell quase foi pole em Spa com uma Williams. Nem no videogame é possível fazer isso, a não ser que esteja no fácil. O que parecia uma sorte queimada no sábado, porque no domingo seria presa fácil em condições normais, também virou outro golpe de sorte.

A não-corrida permitiu Russell manter o que fez no sábado e, portanto, ir para o pódio com uma Williams. Foi o fantasma sendo exorcizado. Além do desempenho, ali estava o resultado concreto: com uma Williams, Russell pontuou, quase fez pole e fez pódio. Não há mais o que fazer diante desse ponto.

E assim foi feito. Com muitos altos e baixos, passo a passo, George Russell está definitivamente na Mercedes. Há uma sensação engraçada: ao mesmo tempo em que o britânico corre sem pressão por simplesmente não ser obrigado a vencer Lewis Hamilton, agora ele vai ter que encarar a pressão de estar sempre entre os primeiros, onde muitas vezes um segundo ou terceiro lugar, agora, não será celebrado como se fosse um título mundial igual em Spa.

É a velha história: subir e chegar no topo é muito complicado, permanecer nele é mais difícil ainda. Agora, Russell vai conhecer um lado que ele certamente não conhece, mesmo que ache que esteja preparado: a pressão pelo topo e pela glória. Talento e tempo ele tem. Afinal, é o futuro da Mercedes na categoria, nada menos que isso.

No inglês, a expressão “i died” é usada para reagir ao final de uma história e quando alguém fica extremamente ansioso para fazer algo.

Para George Russell, a história com a Williams termina. Ele “morreu”, ou no português, se matou para isso, para chegar nessa condição. Agora, certamente há a ânsia para “morrer” ou se matar em uma nova aventura, com certeza a mais saborosa da carreira.

Até!


segunda-feira, 6 de setembro de 2021

PASSOS ATRÁS

 

Foto: Getty Images

Na dança das cadeiras inaugurada na semana passada, já estamos no segundo ato, outra vez finlandês. Raikkonen anunciou a aposentadoria no fim do ano e, o que seria surpreendente ou sem sentido algum meses atrás, foi confirmado: A Alfa Romeo anunciou Valtteri Bottas como um dos pilotos do time a partir de 2022, com contrato de vários anos.

Isso vai de encontro com notícias das últimas semanas, quando Frederic Vasseur falou sobre a capacidade de investimento da equipe para o futuro e a necessidade de usar o novo regulamento para tentar construir uma equipe em prol de um nome. Bottas também disse nos últimos tempos que gostaria de um contrato maior, sem o estresse de renovar anualmente na pressão da Mercedes. É o reencontro desses dois, vencedores da GP3 em 2011 pela ART.

A consequência dessa mudança é óbvia: Bottas deixa a equipe heptacampeã do mundo e junta-se para uma que hoje é a penúltima nos construtores. É evidente que a grande aposta é o novo regulamento, onde a experiência e a qualidade do finlandês será fundamental para guiar o time suíço no caminho certo.

Bottas fez o que era esperado quando foi contratado até de forma surpreendente após a aposentadoria de Nico Rosberg, visto que Ocon e Pascal Wehrlein eram alternativas muito mais aceitáveis. Longe de ser um Kovalainen, ficou no meio do caminho. 9 vitórias e 17 poles, algumas vitórias maiúsculas e, desde o ano passado, o finlandês foi murchando e sendo incapaz até de competir com Max. É claro que a ascensão de George Russell acelerou o processo, mas nem mesmo o papel de escudeiro fazia sentido para Bottas.

O finlandês, tratado como um segundão na Mercedes, agora vai ser pela primeira vez na carreira um protagonista, talvez a única, pois já não é mais um garoto. Será a prioridade e tem sim qualidade pra isso. Não devemos nos esquecer do que ele fez na Williams, embora seja verdade que a Alfa Romeo seja o maior desafio da carreira. 

Esse movimento lembra muito quando outros segundões do passado, como Coulthard, Barrichello e Fisichella foram para equipes menores serem o centro de um projeto de longo-prazo. É exatamente a situação de Bottas, com uma "vantagem": o companheiro de equipe será jovem e inferior tecnicamente. Não deverá ter perigos em ser surpreendido por performances fora do comum.

Bottas dá vários passos atrás na carreira, mas talvez não houvesse outra opção para continuar nessa F1 onde não há vagas. A Mercedes espremeu o que podia, agora está na vez da Alfa Romeo usar o que sobrou. Bottas aposta no longo-prazo, onde o novo regulamento e o desenvolvimento da Alfa Romeo possa lhe permitir alguns pódios ou vitórias em corridas malucas. É o que tem para o futuro.

Até!

domingo, 5 de setembro de 2021

OVAÇÃO LARANJA

 

Foto: Getty Images

Basicamente choveu no lugar errado. Tirando o caráter de estreia e todo o clima de festa preparada para celebrar Max Verstappen, vencedor incontestável do GP da Holanda e com direito a hino acapella no pódio, Zandvoort não encaixa com a F1 atual. Circuito curto e estreito, onde nem mesmo a largada ou erros que causassem acidentes salvou, até porque não houve.

As únicas ultrapassagens eram de carros muito desiguais ou com diferenças de pneus gritante. É o caso de Pérez, que largou lá no fim do grid e conseguiu o nono lugar. A tour de despedida de Kimi Raikkonen ganha desfalques importantes. O finlandês está com covid e também vai ficar ausente de Monza, outro palco histórico que, assim como Spa, o Iceman não teve direito a uma última dança. Em seu lugar, Robert Kubica. Ao menos se mantém o caráter nostálgico da situação.

Dentro da pista, além do inconteste Max, tivemos dois destaques formidáveis: Pierre Gasly, num estrondoso quarto lugar com a Alpha Tauri e Don Alonso, a Fênix Fernando. Numa pista onde não há possibilidade de ultrapassar, ele levou uma Alpine que largou em nono para chegar em sexto. Rolou até um "Esteban is faster than you" reclamado pelo francês mas ele precisa respeitar o Don das Astúrias. Uma pena que Gasly não tenha alternativas. A esta altura, ficar na Alpha Tauri é um desperdício de tempo.

A Mercedes bateu cabeça na hora de tentar pegar Max. Antecipou parada e forçou a reação da Red Bull. Na segunda vez, Hamilton parou mais cedo e voltou no meio do tráfego. Max colocou os pneus duros e disparou para a vitória. Bottas teve o stint sacrificado para tentar segurar o holandês e depois, bizarramente, parou para fazer a volta mais rápida, tirando o ponto de Hamilton, que precisou fazer a mesma tática para minimizar os danos. Agora, Max tem apenas três pontos de vantagem no campeonato, o que define um empate técnico.

A Ferrari se comportou como uma boa terceira força, enquanto as McLaren ficaram para trás e Ricciardo segue tendo dificuldades. Também está cada vez mais difícil para Tsunoda, mas é normal, apenas 20 anos e ainda um estreante. Na Haas, é questão de tempo para que Mazepin e Schumacher se espalhem pela pista. Gunther Steiner, amarrado pelo dinheiro de um e a hierarquia do outro, segue sem saber o que fazer.

Podia ter chovido hoje. Zandvoort tem apenas a força comercial de Max para se sustentar no grid. Com os carros atuais, vai ser uma Mônaco versão circuito. Uma pena. Os fãs mereciam mais, mas aparentemente eles não ligam, desde que Max siga vencendo no local. E assim, agora, a Red Bull tem oito vitórias na temporada contra apenas quatro da Mercedes. Hamilton venceu uma das últimas nove, quando mandou Max para o hospital. A Mercedes segue em dificuldades, mas o que valeu nesse domingo foi o ovação do mar laranja.

Confira a classificação final do GP da Holanda:


Até!

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

TUDO INCERTO

 

Foto: Getty Images

36 anos depois, a F1 está de volta a Zandvoort. Muita coisa mudou desde então e a pista, embora esteja obviamente modernizada para os padrões atuais, ainda remete aquele tempo.

É uma pista bem estreita, curta e veloz. Lembra Mugello. Com as áreas de escape com brita, qualquer erro será fatal. No entanto, é um circuito travado, o que reforça a importância da classificação. Fazer uma boa sessão é meio caminho andado. 

Um dos problemas ficaram expostos hoje. Como é tudo bem reduzido, é uma dificuldade enorme para retirar um carro da pista. Pode ser um problema na classificação e na corrida. Além disso, o caráter excepcional de estreia deixa tudo incerto: como ninguém conhece o traçado, todos precisam de muita quilometragem para adaptação.

No entanto, as duas sessões foram bem atribuladas. Na primeira parte, Vettel teve pane e demoraram 25 minutos para tirar a Aston Martin do traçado. Na segunda sessão, Hamilton teve pane no início e Mazepin rodou, parando na brita. Não houve tanto prejuízo em relação a primeira parte mas ainda assim é considerável.

É evidente que o favoritismo e a briga serão entre Mercedes e Red Bull. A corrida de Max vai ter um efeito catártico. 70 mil pessoas na cidade que fica de frente para o mar. Hamilton, antes de ter problemas, foi o mais rápido. Todavia, na segunda sessão ficou tudo mais incerto, equilibrado e surpreendente: dobradinha da Ferrari com Leclerc na frente e a Alpine muito bem, sobretudo Esteban Ocon.

A beleza de um circuito inédito ou muito afastado é que existe o benefício da dúvida e muita expectativa, o que aumenta a ansiedade. Zandvoort promete ser um circuito bem travado mas cheio de incidentes, pois ainda é da moda antiga. O resultado disso? Apenas no domingo, mas se não cair uma gota d´água na pista, é claro.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!


quinta-feira, 2 de setembro de 2021

GP DA HOLANDA: Programação

 O Grande Prêmio da Holanda aconteceu entre 1952 e 1985, com três pausas: 1954, 1956-1957 e 1972. 

Em 2020, estava marcado o retorno do país no calendário da F1, no circuito de Zandvoort. No entanto, em virtude da pandemia do coronavírus, a volta foi confirmada para 2021, marcando o reencontro dos fãs holandeses com a velocidade depois de 36 anos.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Pole Position: Nelson Piquet - 1:11.074 (Brabham, 1985)
Volta mais rápida: Alain Prost - 1:16.538 (McLaren, 1985)
Último vencedor: Niki Lauda (McLaren)
Maior vencedor: Jim Clark - 4x (1963, 1964, 1965 e 1967)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 202,5 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 199,5 pontos
3 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos
4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 108 pontos
5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 104 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83,5 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 82 pontos
8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 56 pontos
9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 54 pontos
10- Esteban Ocon (Alpine) - 42 pontos
11- Fernando Alonso (Alpine) - 38 pontos
12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 35 pontos
13- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos
14- Lance Stroll (Aston Martin) - 18 pontos
15- George Russell (Williams) - 13 pontos
16- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos
17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 2 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 310,5 pontos
2 - Red Bull Honda - 303,5 pontos
3 - McLaren Mercedes - 169 pontos
4 - Ferrari - 165,5 pontos
5 - Alpine Renault - 80 pontos
6 - Alpha Tauri Honda - 72 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 53 pontos
8 - Williams Mercedes - 20 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 3 pontos

SEGUE O SONHO

Foto: Reprodução/Alpine

De forma surpreendente, Fernando Alonso anunciou a permanência na Alpine em 2022. Surpreendente porque, quando da notícia do retorno do espanhol à F1, os termos eram um contrato de dois anos, por isso a estranheza. Enfim, apesar de estar mais confirmado do que nunca na categoria, Don Alonso ainda olha para o sonho de vencer a Indy 500 e ser o segundo piloto da história a conquistar a Tríplice Coroa do Automobilismo.

“Não [desisti]. Acho que agora meu foco principal é o projeto na F1, principalmente com as novas regras e todo o trabalho que teremos que fazer no ano que vem. No futuro, verei as possibilidades. 

No momento, estou me divertindo nesse retorno. Acho que estou tendo um desempenho favorável. Baku, Silverstone e Hungria foram bons. Espero mostrar um pouco mais agora na segunda parte da temporada e no próximo ano. Mas, com certeza, de todos os desafios que tenho fora da Fórmula 1, ainda não completei a Indy 500. Está na minha lista de desejos", disse para o site RacingNews365.com.

O motivo do contrato e da permanência é simples: Alonso e Alpine apostam todas as fichas para o novo regulamento da F1 que entra em vigor no ano que vem.

"Na minha cabeça, estava tudo planejado para correr em 2022 com o novo regulamento. É a razão pela qual voltei à F1 também. Por isso, é preciso ter também confiança na equipe e fazer boas corridas nessa primeira parte da temporada.

Meu contrato era 1+1 [com cláusula de renovação para mais um ano], então a certa altura tivemos que concordar para 2022. Estou muito feliz com a equipe, muito feliz com essa volta. E a Alpine, aparentemente, está feliz com meu trabalho até agora”, concluiu.

Alonso não é mais um garoto, mas é bom ver que ainda tem muitas ambições, independente da categoria. As últimas tentativas na Indy foram traumáticas e muito longe do esperado. Normal uma nova chance para tentar ganhar e também limpar a imagem do bicampeão. No entanto, como escrevi no retorno do espanhol à categoria, pouco me importa seu desempenho: o importante é desfrutá-lo.

DEFINIDO

Foto: Getty Images

A dupla da Mercedes para 2022 está certa. O anúncio oficial? Talvez na semana que vem, no GP da Itália. É o que disse Toto Wolff, ainda no sábado, quando perguntado pelos repórteres:

“Se fosse uma decisão fácil, teríamos tomado antes, porque sabemos o que temos com Valtteri e sabemos o que temos com George. Os dois merecem nossos cuidados, merecem a maior atenção possível, porque são parte da família e temos enorme consideração por eles.

Existem prós e contras, como com qualquer formação de dupla de pilotos e, no fim das contas, não existe uma discussão perfeita. Temos de gerenciar as coisas bem com quem quer que seja o piloto que não estará na Mercedes no ano que vem, além de garantir que sigamos com um programa de pilotos forte. Por outro lado, temos de lidar com qualquer que seja a situação interna que temos”, disse.

E mais: a própria Mercedes admitiu que a atuação de George Russell, quase pole e segundo lugar com a Williams, não influenciaria nada na decisão. Ou seja: não posso acreditar que o inglês faça tudo isso e não seja promovido. O que Russell teria que fazer para ir para a Mercedes se ficar em segundo com a Williams em Spa, no temporal, não é suficiente. Fica tudo para semana que vem.

TRANSMISSÃO:
03/09 - Treino Livre 1: 6h (Band Sports)
03/09 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
04/09 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)
04/09 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)
05/09 - Corrida: 10h (Band)



RITO DE PASSAGEM - Parte 4

 

Foto: Getty Images

Olá, eu sou de novo.

O que você fazia em 2001? Como você era, onde você estava?

Eu já contei essa história antes. Era apenas uma criança que morava em Canoas e começava a me desenvolver. Escola, ainda no ensino fundamental, futebol, futsal, videogame, recortar papéis para brincar de corridas, pedir miniaturas de presente pro Coelhinho da Páscoa e receber de resposta que ele só dá chocolates, essas coisas. Eminem ainda não fazia parte do meu universo. Ainda.

Nessa época, um finlandês que havia pulado muitas categorias estreava na F1. Esse não é um post pra contar detalhadamente a história de Kimi Raikkonen, todos vocês já conhecem e pretendo revisitá-la em breve, é claro, mas não hoje.

O que quero dizer é: é ou foi uma jornada e tanto. O que o mundo, eu mesmo e as coisas ao meu redor mudaram: cidades, hábitos, estudos, descobertas, altos e baixos, viagens, etc. O que quase não mudou: em boa parte dos domingos lá estava ele na minha TV, junto com Alonso, Schumacher e outros heróis.

A aposentadoria do Schummi e de Rubinho deixaram uma lacuna. Talvez longe do auge, Raikkonen e Alonso já não eram mais jovens meninos. nem eu. Saí da escola, entrei na faculdade, me formei, virei adulto, entramos na pandemia e eles continuam lá. Alonso permanece ainda, virou o grande símbolo e o último dos moicanos, aquele que, junto com Slim Shady é claro, me conecta a infância, onde tudo começou e me moldou para o que eu faço na vida até hoje. 

Entre idas e vindas, o estilo "tô nem aí" no fundo é apenas uma coisa simples: eu quero correr até quando for possível. Deveria ser um lema em nossas vidas, mas infelizmente não é assim que a banda toca.

Em tudo que fiz, a presença dele nos domingos, como se fosse um amigo ou alguém próximo, estava lá. Aproveitar a jornada. Ao mesmo tempo que parece ser até o fim o meu gosto por acompanhar determinadas coisas, parecia natural que pilotos e personagens fossem a mesma coisa, só que aí vem o tempo.

Notícias como a de hoje são obviamente esperadas. O boato publicado ontem fez sentido. Uma parte se confirmou. A lição que fica é: o tempo é imbatível e tudo vira um passado que, infelizmente, fica cada vez mais distante.

Ao mesmo tempo que temos noção disso, precisamos entender e valorizar o futuro. Ainda teremos algumas corridas para acompanhar o campeão mundial e que disputou mais GPs na história. Um resto do presente como eu conheci. Nem tudo é tão desesperador, agora Alonso vai estar sozinho definitivamente, assim como Kimi segurou a bola nos últimos anos. Ver Schumacher, Button, Barrichello e Massa saindo de cena foi o caminho tão natural quanto sair da escola, entrar na faculdade, ir em festas, ter encontros, virar adulto, começar a narrar e locutar, etc. 

O tempo é imbatível e insuperável e me lembra, cada vez mais incisivo, uma mensagem simples: estou ficando velho. Estamos ficando velhos. O presente vira um passado distante e precisamos sempre olhar em frente, por mais que agora olhar para trás seja doloroso porque isso está apenas na nossa memória ou nos vídeos quando nossa cabeça começar a falhar.

Estamos ficando velhos.

Até!