segunda-feira, 31 de outubro de 2022

NASCE UMA ESTRELA

 

Foto: Getty Images

A notícia do final de semana foi a confirmação da chegada da Audi na F1. Depois de tantas idas e vindas e boatos ao longo das décadas, parece que finalmente estamos próximos disso ser verdade, de fato.

Só mais quatro aninhos: A Audi anunciou a parceria com a Sauber para 2026, quando estreia o novo regulamento de motores. Resta saber o que será da Porsche, que flertou com a Red Bull, mas ainda não arrumou nada.

A Sauber vai correr por duas temporadas com o nome original, visto que “Alfa Romeo” vai acabar no final do ano que vem. Serão, portanto, dois anos de transição antes de finalmente ter uma parceria forte novamente.

Alfa Romeo era só um nome para o marketing. Agora, é Audi. É motor, é investimento. Tentando sair do ostracismo, esse pode ser o grande pulo do gato para o ex-time de Peter.

Os alemães tem dinheiro e know how, terão muito tempo para testar e entender como funciona a F1. A desvantagem é justamente essa: o tempo e o fato de serem inexperientes na categoria. Pode ser que, assim como foi o retorno da Honda, seja necessário alguns anos de ajustes, sacrificando o desempenho.

Para uma empresa desse porte, ficar nas últimas posições é fiasco, ainda mais no universo absurdamente caro da F1. No entanto, devo entender que eles sabem dos riscos  e do projeto a longo-prazo que está sendo realizado.

Para a Sauber, é uma parceria que chega na hora certa. Desde os tempos de BMW que o time não vive com uma boa expectativa de protagonismo ou um pouco mais de atuação. Foi com os alemães que o time venceu a única corrida na categoria e chegou a liderar o campeonato de 2008 com Kubica.

Muito arriscado tecer um comentário sobre quatro anos, mas é o seguinte: os dois têm muito a ganhar e se completar. A Sauber precisa de uma parceira que injete dinheiro e seja exclusiva para se desenvolver na categoria; a Audi precisa de uma estrutura para começar a entender desse universo chamado F1 sem a pressão do resultado imediato caso já se envolvesse com alguma equipe maior e tradicional.

O que será da Porsche, Andretti e os outros boatos? Quatro anos é muito, mas mesmo assim é divertido pensar numa categoria mais barata, inclusiva e com mais equipes no grid, dando mais oportunidades para pilotos, funcionários, fãs, mídia, etc.

Até!


MELHORES MOMENTOS

 

Foto: Divulgação/ Red Bull

Vai ser bem curto. Ainda não assisti a corrida e talvez não assista a reprise, algo que seria pessoalmente inédito em dez anos. Ainda não sei o porquê, mas vamos lá, que as últimas horas foram intensas, malucas e emocionantes.

Pelo que li, a Mercedes estava no páreo para brigar pela vitória. No primeiro stint, Hamilton estava próximo de Verstappen. A Red Bull é um carro tão avassalador que o ritmo, de macios, foi duradouro.

Os alemães reclamaram que os compostos eram duros demais, mas a verdade é que a Mercedes deve nas estratégias. Os taurinos sempre levam vantagem na leitura da corrida e no segundo stint, com os pneus duros, Hamilton não teve o que fazer. Foi mais um passeio de Max.

Quatorze vitórias no ano. Recorde em uma temporada. Max Verstappen já é histórico, assim como a Red Bull. 16 vitórias em 19 corridas. Um domínio impressionante e acachapante. Não deu para Pérez tentar vencer em casa, mas outro pódio foi o suficiente para fazer os mexicanos delirarem de alegria pelo herói local. No próximo ano, quem sabe?

A Ferrari virou terceira força, de fato. Que papel coadjuvante e deprimente nesse final de temporada. Deu a lógica: os italianos perdem a força durante o ano e a Mercedes naturalmente se recupera do prejuízo e ganha terreno. Será o suficiente para ganhar uma das duas provas que faltam para não saírem zerados em 2022?

Outro destaque pelos melhores momentos foi Daniel Ricciardo. Mesmo atropelando Tsunoda, por algum motivo o australiano conseguiu um bom sétimo lugar, o melhor do resto. Foi no México que Ric fez a última pole dele com a Red Bull, então é um palco que ele pode se dar bem. O estilo casa.

Alonso e seu azar habitual, além de Ocon e Norris, os regulares, nos pontos, e Bottas no top 10. Fazia tempo que o finlandês não pontuava.

O México mostra a força avassaladora da Red Bull, no ritmo, na estratégia e no talento de Max Verstappen.

Se no início nós imaginávamos outra guerra com a Mercedes, o 2022 mostrou um Max mais completo e maduro, sem o fantasma e a pressão do primeiro título. Sim, Verstappen já está na prateleira dos grandes pilotos da história. 2022 é um ano espetacular para o bicampeão.

Até!


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MOVIMENTOS

 

Foto: Jared C. Tilton/ Getty Images

Mais anúncios e reviravoltas nesse final de semana tão decisivo, onde a corrida vai ficar em segundo plano, menos para os mexicanos e Checo Pérez. A Red Bull vai trabalhar para que Checo vença em casa? Max vai cooperar? Tomara que sim, mas precisamos ver o que vai acontecer.

A falta de critério da FIA é assustadora. Os comissários aceitaram um protesto da Haas que foi feito depois do tempo. Com isso, Alonso recuperou o sétimo lugar que conquistou em Austin. Como os comissários fizeram uma presepada? Como eles consideraram perigoso o carro da Alpine permanecer na pista se nenhum aviso foi dado durante a corrida?

Pelo menos tiveram o bom senso de assumir o erro e seguir em frente, mas a impressão que dá é que a FIA está refém de tantas regras esdrúxulas que não consegue mais gerir com bom senso tudo o que compõe uma corrida de automóveis. Isso precisa ser urgentemente revisto, porque há muitos erros, interpretações confusas e polêmicas que sugam os fãs para as letras miúdas do regulamento ao invés das disputas de pista.

Nessa semana, tivemos o anúncio oficial da chegada da Audi para a F1 a partir de 2026, numa parceria com a Sauber. Ainda só confio e acredito vendo, daqui quatro anos. No entanto, a oportunidade sorriu para os suíços: depois da parceria e o nome da Alfa Romeo, o ex-time de Peter tem a grande chance de voltar a sonhar com algum destaque na F1, relembrando o sucesso com a BMW, que permitiu até hoje a única vitória da equipe na categoria.

Com o know how, estrutura e investimento dos alemães, pode ser que surja uma nova força formidável e interessante para o médio/longo-prazo da F1. Escreverei sobre isso em um post específico, mas a impressão é de ânimo e confiança com esse anúncio.

Na pista, no Hermanos Rodríguez, a mesma estrutura da semana passada, em Austin: o primeiro treino teve muitos novatos e substituições, como Pietro Fittipaldi, a estreia de Doohan na Alpine (e Piastri chupando dedo), Liam Lawson, Logan Sargeant e De Vries (agora na Mercedes!).

Zhou teve problemas, assim como Pietro Fittipaldi. O brasileiro, ao menos, conseguiu andar um pouco. No entanto, deve ser frustrante esperar tanto e, quando chega a hora, acontece alguma coisa com o carro. Liam Lawson, o outro novato da Red Bull/Alpha Tauri, também teve problemas no finalzinho do treino.

Sem ter o carro dominante, o motor da Red Bull domina o México há anos. Agora que são bicampeões, parece improvável que os adversários façam alguma concorrência, embora a diferença entre os tempos seja bem pequena e exista um equilíbrio, aparentemente.

Mesmo assim, a Ferrari fez dobradinha no TL1, com Sainz e Leclerc, seguidos pela Red Bull, Hamilton e Alonso. Com muitas retas e altitude considerável, o motor faz a diferença na corrida mexicana.

No TL2, mais testes de 1h30 com a Pirelli. E outra batida de Leclerc. Se pode servir de alento para Ferrari, é melhor bater na sexta do que no final de semana. Claro que a batida forte de traseira pode ser trabalhosa para os mecânicos, mas também pode encerrar a cota. A classificação pode estar em perigo, mas a temporada acabou mesmo. O que é mais um erro ou frustração para a Ferrari de 2022, mesmo?

Eu achava Leclerc mais completo que Verstappen, até escrevi sobre isso. No entanto, o tempo mostrou que um evoluiu e o outro não. Leclerc é até um piloto naturalmente mais veloz, mas é muito inconstante. Erra demais nos momentos decisivos, bate sozinho, se martiriza, faz um drama.

Na posição que está, precisa ser mais calmo, seguro e consistente, Já são cinco temporadas na F1. Não é mais nenhum garoto, embora seja jovem. É um ponto que o monegasco vai precisar mudar para romper a barreira entre bom piloto para alguém capaz de ser campeão.

No final do treino, Zhou teve um problema e o treino terminou em bandeira vermelha, assim como na primeira sessão.

Russell foi o mais rápido porque foi um dos poucos que pode usar os compostos atuais, mais velozes. No entanto, há equilíbrio no México: em voltas rápidas, Red Bull, Ferrari e Mercedes não estão tão distantes. A diferença vai ser o ritmo de corrida e aí os taurinos sobram.

A expectativa é grande para Checo Pérez fazer história em casa. O azar do México nesse ano, para nós brasileiros, é o timing. Final da Libertadores e Eleições. Certamente vai ser complicado para mim assistir ao vivo, mas vai ser aquela tensão saber dos pormenores enquanto o futuro do país está em jogo.

E que o México também exploda em felicidade com o herói local.

Confira a classificação dos treinos livres:





Até!



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

GP DO MÉXICO: Programação

 O Grande Prêmio do México foi disputado entre 1962 e 1992, com exceção de 1971 à 1985, participou do campeonato da Fórmula 1. Em 2015, o circuito voltou a fazer parte do calendário do mundial da categoria. Em 2020, o circuito ficou ausente em virtude do Coronavírus, retornando ao calendário em 2021.

Foto: Wikipédia


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:16.788 (Williams, 1992)
Pole Position: Daniel Ricciardo - 1:14.759 (Red Bull, 2018)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Max Verstappen (2017, 2018 e 2021) - 3x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 391 pontos (CAMPEÃO)
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 267 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 265 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 218 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 202 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 198 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 109 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 79 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 65 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 38 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 29 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 26 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 13 pontos
17- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 656 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 469 pontos
3 - Mercedes - 416 pontos
4 - Alpine Renault - 144 pontos
5 - McLaren Mercedes - 138 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 52 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 51 pontos
8 - Haas Ferrari - 38 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 36 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

CULPADO

Foto: Divulgação/Aston Martin

A Aston Martin foi uma das equipes que ultrapassou o teto de gastos de 2021. Diferentemente da Red Bull, que nega as acusações, a equipe de Lawrence Stroll parece diposta a entrar em um acordo com a FIA.

Assumir a culpa é estar disposta a receber a punição devida. O chefão, Mike Krack, revelou conversas com a entidade durante o fim de semana do GP dos EUA, em Austin:

Acredito que é algo que vamos tentar concluir nas próximas semanas. Tivemos algumas conversas com eles no final de semana, mas estou bastante confiante de que vamos resolver isso em breve", disse.

Segundo informações de bastidores, a questão da Aston Martin é a seguinte: os ingleses teriam cometido "descumprimento processual relacionado a uma série de protocolos administrativos de contabilidade, resultado de variações na interpretação regulatória." 

A Williams, segundo a própria FIA, também teve uma quebra prévia no orçamento, devidamente acertada com a Administração do Teto de Gastos em maio, durante o GP da Espanha.

 "Isso nos mostra o que é preciso fazer para melhorar o trabalho no futuro, para não termos esses problemas. Mas ao final do dia, acredito que o mais importante é que estávamos dentro do teto. O resto é processual", completou Krack.

Segundo a Autosport, a equipe e a FIA estão próximas de formalizar um acordo. A Aston Martin aceitaria um Acordo de Violação pela Infração, que é admitir o erro e aceitar qualquer penalização que a Federação possa aplicar.

Muito juridiquês e interpretações. Numa regra nova, pormenores como esse podem ser comuns de haver um desacerto. No entanto, sete das outras dez equipes cumpriram corretamente o acordo, então não justifica. 

Mesmo sendo inocente num mundo competititivo tão desleal e agressivo, acredito que a Aston Martin não fez por mal, tanto é que essa violação não ficou traduzida nos desempenhos na pista, pelo contrário. O time de Stroll ainda está muito distante do investimento que faz e das condições que tem no atual grid da F1.

INOCENTE

Foto: Getty Images

Com os títulos definidos, a única pendência da Red Bull que sobrou em 2022 é a questão da possível quebra no teto de gastos em 2021.

Para o bicampeão Max Verstappen, a equipe não será punida.

“Nós sabíamos que estava vindo [o relatório de gastos]. Mas de nosso lado, realmente acreditamos que está tudo certo. Vamos ver no momento certo, se chegarmos a esse ponto”, comentou.

Para Sérgio Pérez, a verdade é que as outras equipes estão utilizando de todas as artimanhas possíveis para frear a superioridade dos taurinos, sobretudo a que está sendo vista nesse ano.

“Obviamente, vou deixar para minha equipe resolver isso junto à FIA. Mas no fim do dia, sempre existem equipes que querem tirar performance de você, especialmente quando você está ganhando. Então, é parte do esporte e sempre foi assim. Só acho que é uma situação normal, e no fim, os fatos vão surgir e as pessoas vão entender a situação”, disse.

Bom, quem decide é a FIA e a própria Red Bull admite o erro. A questão é o tamanho do prejuízo. Financeiro? Com certeza. Técnico? Talvez. E se todo o trabalho de superioridade dos taurinos foi construído através de uma irregularidade? Não sabemos. 

E se, igual a Ferrari e o acordo dos motores, a Red Bull surgir em 2023 igual a Mercedes desse ano, com muito menos rendimento? São as consequências de burlar um regulamento, mesmo que talvez não houvesse a intenção totalmente maldosa em ferir a situação, se é que isso existe em um ambiente altamente competitivo como a F1.

TRANSMISSÃO:
28/10 - Treino Livre 1: 15h (Band Sports)
28/10 - Treino Livre 2: 18h (Band Sports)
29/10 - Treino Livre 3: 14h (Band Sports)
29/10 - Classificação: 17h (Band Sports)
30/10 - Corrida: 17h (Band Sports)

terça-feira, 25 de outubro de 2022

ACELERADO

 

Foto: Divulgação/Williams

Uma notícia meio despercebida do final de semana, entre a morte de Mateschitz e o UFC 280 (muito triste), foi a confirmação da Williams em colocar Logan Sargeant como companheiro de equipe de Alexander Albon para 2023.

Com uma condição: o americano precisa ter os 40 pontos exigidos da superlicença.

Para conquistar a vaga, basta terminar a F2 entre os sete primeiros (atualmente é o terceiro) e completar mais 200 km de testes na F1, o que vai ser feito nos treinos livres do México, já na sexta-feira, e também de Abu Dhabi, no final da temporada.

A questão para o grande público é: quem é Logan Sargeant?

Atento as informações, talvez a mais relevante até aqui: ele é americano, o que a Liberty tanto deseja. Nascido no dia 31 de dezembro de 2000, na Flórida. Aos nove anos já foi para a Europa. Teve passagens pela F4 britânica, a F3 (na Prema e na Carlin, onde competiu com Felipe Drugovich e Oscar Piastri, por exemplo) e chegou nesse ano somente na F2, apesar de ter estreado no fim do ano passado.

Portanto, é alguém que está impressionando na temporada de estreia, o que é importante, além da nacionalidade.

Outro fato alinhado: desde o ano passado, Logan virou piloto da academia da Williams, talvez o ficha um depois do Jake Aitken ter substituído o Russell em 2021. Com a saída de Latifi, a equipe de Grove simboliza que o dinheiro não faz tanta diferença perante a recuperação financeira que está em curso desde que a família Williams não administra mais, virou somente o nome.

Com 22 anos, Sargeant estreia relativamente “velho” na F1, embora vocês possam me lembrar que De Vries vai chegar aos 27. No entanto, com apenas um ano de F2 e um desempenho razoável considerando a qualidade do grid (provavelmente vai ficar atrás também de Theo Pourchaire, já protegido da Sauber/Alfa Romeo), a impressão é que Sargeant foi acelerado pela Williams.

O motivo? Financeiro, talvez. Não sei. É um cara barato, sem dúvidas. Sem a grana de Latifi e toda a operação que permitiu a permanência de Albon, uma solução caseira é um alento para uma equipe que ainda não saiu da linha da pobreza.

O que esperar desse jovem americano no pior carro do grid contra o tailandês nascido e criado na Inglaterra que tem muito mais rodagem e talento? Quase nada. 2023 será um ano de aprendizado para Logan. A coisa não é fácil para os novatos.

No entanto, há algo positivo: como Sargeant está na pior equipe do grid e ninguém espera nada dele, esse é justamente o trunfo. Logan será superado por Albon e vai figurar no grid. Se não bater e não for muito lento, já está no lucro. Não é pagante, apenas americano, no lugar certo, na hora certa.

Um nome novo no grid que, diante das opções, causa estranheza. Tão estranho quanto a Williams ter uma academia de pilotos. Bom, pelo menos ela está sendo utilizada e Sargeant vai ser o primeiro a passar na peneira. Se for apenas um piloto normal, será aprovado.

Apesar de ocupar o pior carro do grid sem nenhuma experiência ou grande currículo, Sargeant não vai ser nem de longe o piloto mais pressionado do grid. Assunto para o fim do ano.

Até!

O FACILITADOR

 

Foto: Getty Images

Uma notícia triste dominou a F1 no final de semana. De forma surpreendente, foi anunciada a morte de Dietrich Mateschitz, aos 78 anos, criador da Red Bull. Surpreendente porque o motivo da morte não foi anunciada, somente que ele estava doente havia algum tempo.

Mateschitz criou a Red Bull nos anos 1980 depois de conhecer, na Tailândia, o criador do energético. Desde então, a história fala por si.

A Red Bull sempre apostou no marketing dos esportes radicais e do público jovem. Desde os anos 1990, Mateschitz também começou a apostar no automobilismo, patrocinando equipes da F1 e também de base.

Até o início dos anos 2000, era possível observar o logo nos carros da Sauber e da Arrows. Todavia, um patrocínio não era suficiente. Era preciso arriscar ainda mais.

A oportunidade veio em 2004. A Jaguar era deficitária e não engrenou. Mateschitz comprou e transformou uma fábrica de energéticos em equipe da F1. No ano seguinte, comprou a Minardi e transformou na Toro Rosso, a equipe B. O conceito de “academia de pilotos” foi fortemente colocado em prática por eles: em tese, formar os próprios pilotos.

O resto é história. Mateschitz foi um cara importantíssimo na era moderna do automobilismo. O time de energéticos, desprezado por pilotos importantes na época do crescimento, conseguiu contratar Adrian Newey e tem seis títulos de pilotos e cinco de construtores em uma década. Só a Mercedes, graças ao novo regulamento, consegue ter maior sucesso no período de tempo.

As tradicionais McLaren e Ferrari ficaram para trás, isso que nem contei a Williams.

Mateschitz foi responsável direto e indireto por possibilitar a ascensão de diversos pilotos a F1, desde Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen, até Carlos Sainz, Pierre Gasly, Brandon Hartley, Sebastien Buemi, Vitantonio Liuzzi e Christian Klein.

Há ainda o sucesso no futebol, através do Salzburg, o Leipzig e mais recentemente o Bragantino aqui no país, além do New York.

Curioso para saber como vai ser o futuro da empresa de energéticos e, obviamente, dos outros tentáculos. Diante dos gastos e também do sucesso nos empreendimentos, não é possível imaginar que a equipe Red Bull seja afetada no curto-prazo. Certamente o novo manda-chuva é alguém da linha de Mateschitz, o que significa manter a estratégia de marketing nos esportes.

Dietrich Mateschitz: um nome muito importante para a história do automobilismo.

Até!


domingo, 23 de outubro de 2022

MAIS SÍMBOLOS

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Mesmo com a temporada praticamente finalizada, Austin proporcionou o show americano que todos esperavam. Desde a maciça presença de celebridades no paddock, de Pharell até Brad Pitt, foi uma típica prova americana, marcada pelas amarelas, Safety Car e emoção até o final.

A Ferrari... mais uma pole. Leclerc, que seria punido, já tinha pipocado. Sobrou para Sainz. O roteiro foi o mesmo: o espanhol larga mal e, como desgraça pouca é bobagem, foi atropelado por Russell. O sonho da Ferrari despedaçado e Verstappen já era líder, seguido das Mercedes. Leclerc e Pérez, punidos, faziam a corrida de recuperação, assim como Alonso.

A Aston Martin teve um grande desempenho, o melhor do ano, sobretudo Vettel: parece que as últimas faíscas do tetracampeão estão sendo mostradas para o público mais jovem, que talvez não tenha visto a forma como ele dominou a categoria no início da década passada.

O primeiro Safety Car foi causado por uma rodada de Bottas, o que ajudou Leclerc a se aproximar do pelotão e brigar pelo pódio. O segundo foi logo após a relargada, quando a Fênix Don Alonso quase voou ao ser bloqueado por Stroll na hora da ultrapassagem.

Mais impressionante que o impacto foi o fato da nossa Fênix continuar na pista, trocar os pneus e a asa dianteira e ainda assim chegar em sétimo. O eterno rival Vettel foi combativo, chegou a liderar a corrida, teve uma parada horrível e mesmo assim, brigando e mostrando o talento que ainda tem, foi o oitavo.

Parecia mais uma corrida tranquila para Verstappen vencer e igualar o recorde de 13 vitórias numa temporada, algo impressionante mas nem tanto, considerando o número de corridas que temos por ano. Eis que a perfeita Red Bull, que vivia um final de semana difícil, resolve fazer um desafio digno daqueles modos da F1 da Codemasters.

Fazer uma parada ruim e, em menos de 20 voltas, ultrapassar os rivais e vencer. A Red Bull teve problemas na troca de pneus e Max caiu para terceiro. A chance de Hamilton vencer a primeira no ano e manter o impressionante recorde de ganhar em todos os anos da carreira era real. Max custou a se livrar de Leclerc e foi à caça de Lewis. A velha rivalidade reacendida.

Com os pneus médios, Max tirou a vantagem, degradando menos os compostos. Lewis lutou, mas não tinha jeito. Estava escrito. Era o destino e o outro símbolo. Vitória de Max Verstappen.

Se o holandês foi campeão na terra da Honda, a Red Bull, graças ao quarto lugar de Pérez e o abandono de Sainz, conquistou os construtores depois de nove anos justamente na semana onde morreu o dono da empresa, Dietrich Mateschitz, figura fundamental do automobilismo moderno e que será explorado pelo blog em um momento mais oportuno. Era o destino, inexorável.

Verstappen, cada vez mais avassalador, assim como a Red Bull. Mesmo errando, parece fácil. Uma humilhação contra os rivais. Um momento mágico que precisa ser aproveitado. Afinal, com essa violação no teto orçamentário, não sabemos as consequências para o futuro competitivo do time.

Com os títulos definidos, Verstappen pode ir atrás dos recordes e também ser altruísta: ajudar Pérez a vencer no México. Seria histórico e incrível e estarei torcendo para isso, à distância, porque não pretendo estar sóbrio daqui uma semana, nesse horário.

Leclerc fechou o pódio. Norris fez outra corrida brilhante de recuperação, chegando em sexto, atrás de Norris. Magnussen, com uma parada só, se arrastou, mas conseguiu os pontos. Tsunoda fechou o top 10.

Cheio de simbolismos e significados, a Red Bull hoje potencializou todo o trabalho iniciado por Mateschitz timidamente nos anos 1990, estabelecido nos anos 2000 e confirmado como força respeitável e da alta hierarquia nos anos 2010. Verstappen é, certamente, uma das consequências das ideias aplicadas desse bilionário austríaco. 

Mais símbolos para um ano espetacular da Red Bull em todos os aspectos.

Confira a classificação final do GP dos EUA:


Até!

sexta-feira, 21 de outubro de 2022

SEGUNDO PLANO

 

Foto: Jared C. Tilton/ Getty Images

Nesse fim de festa que virou a F1 2023, há apenas um ritmo de espera quase torturante para definir coisas não tão importantes. Faltam duas vagas do grid para serem preenchidas e a disputa dos construtores está quase matematicamente selada.

Esse horário esquisito. É publicar o texto e curtir a sexta. Inventaram de colocar mais 30 minutos no segundo treino livre para testar os pneus Pirelli de 2023. Amanhã tem UFC e domingo Roma x Napoli. Com o campeonato decidido, a corrida fica em segundo plano, até mesmo para a F1.

Em Austin, as equipes optaram por alguns testes de novatos obrigatórios. A Ferrari lançou Robert Shwartzman, russo nascido em Israel, um dos grandes prejudicados pela guerra. A Williams colocou o piloto da casa, Logan Sargeant. Já estão pensando em 2023? A McLaren fez uma escolha surpreendente: o espanhol Alex Palou, campeão da Indy ano passado e pivô de polêmica contratual inclusive com os ingleses por lá, pegou a vaga de Ricciardo. Ah, também tivemos Theo Pourchaire na Alfa Romeo.

O interessante é que o campeão da F2, Felipe Drugovich, só participa dos testes em Abu Dhabi, em novembro.

Na Haas, não houve um novato, mas agiu como se fosse um. Bancado pela Ferrari, Giovinazzi durou cinco minutos: bateu sozinho e deu mais prejuízo para o time de Gene. É a Ferrari quem vai escolher o piloto pela parceria que possuem, mas Gunther e Gene já devem estar preocupados com os candidatos que só batem, ainda mais Giovinazzi, experiente, mas que infelizmente nunca confirmou o potencial da F2 na F1.

Sainz foi o mais rápido do TL1, com Verstappen em segundo e reclamando de algumas coisas.

A segunda sessão foi basicamente testar os pneus Pirelli de 2023, mais lentos, além dos tradicionais stints de corrida, visando domingo. A mesma coisa de sempre: Ferrari e Red Bull acima do resto. Resta saber se o ritmo de férias e ressaca dos taurinos e do holandês vai deixar brechar para os italianos garantirem o vice-campeonato de pilotos e construtores. Leclerc briga com Pérez pela medalha de prata. Leclerc foi o mais rápido, um dos poucos a também usar os pneus atuais.

Austin vai ter shows, espetáculos, aquela coisa americana da Liberty e recorde de público. No externo, um sucesso absoluto. No interno, não há grandes emoções. Todo mundo está com a cabeça em outro lugar. É um circuito legal de pilotar, seja assistindo pelo on board ou jogando pelo videogame, mas não tem corridas memoráveis.

Até março de 2023, a F1 fica em segundo plano, mas precisamos terminar isso, porque somos loucos, viciados, desocupados e masoquistas.

Confira o tempo dos treinos livres do GP dos EUA:




Até!

quinta-feira, 20 de outubro de 2022

GP DOS EUA: Programação

 O Grande Prêmio dos EUA entrou no calendário da Fórmula em 1950. Até 1960, as 500 Milhas de Indianapólis faziam parte do circo da Fórmula 1. Desde então, o GP foi disputado nos circuitos de Riverside (1960), Watkins Glen (1961-1980), Sebring (1959), Phoenix (1989-1991), Indianapólis (2000-2007) e Austin (2012-).

Em 2020, em virtude do coronavírus, a etapa foi cancelada, retornando para o calendário em 2021.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Charles Leclerc - 1:36.069 (Ferrari, 2019)

Pole Position: Valtteri Bottas - 1:32.029 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2007, 2012, 2014, 2015, 2016 e 2017) - 6x


CAMPEONATO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 366 pontos (CAMPEÃO)

2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 253 pontos

3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 252 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 207 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 202 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 180 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 101 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 78 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 65 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 32 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 29 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

14- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos

21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 619 pontos

2 - Ferrari - 454 pontos

3 - Mercedes - 387 pontos

4 - Alpine Renault - 143 pontos

5 - McLaren Mercedes - 130 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 52 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 45 pontos

8 - Haas Ferrari - 34 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 34 pontos

10- Williams Mercedes - 8 pontos


TRÊS NÃO É DEMAIS?

Foto: Divulgação


A F1 desembarca em Austin e comemora 10 anos do Circuito das Américas no calendário, que sinalizou o retorno da categoria para a terra do Tio Sam depois de cinco anos ausente.

Neste ano, tivemos a estreia do GP de Miami e, no ano que vem, chega Las Vegas. Três corridas no mesmo país é inédito na F1. Já é o suficiente no calendário, certo? Bem, Gunther Steiner não pensa assim.

O americano, chefe da americana Haas, ainda vê condições do país receber mais etapas da F1 no futuro:

“Eu diria que o Circuito das Américas é para os fãs hardcore — eles marcam presença aqui há 10 anos e todos amam. É uma ótima pista, um ótimo evento e uma ótima cidade. Miami é Miami. Tivemos muitas pessoas lá esse ano, mais do que isso, e é outro grande evento. Mas foi completamente diferente, como se fosse um grande festival.

Não sei como será em Las Vegas, mas sei que será grande também. Temos que sempre pensar que os Estados Unidos são um país enorme — e ter três corridas lá ainda não é o suficiente, eu acredito. Sempre há algo para todo mundo lá e cada evento tem algo particular. Dois deles fizeram um bom trabalho e tenho certeza que Las Vegas também fará”, disse o chefão.

Entendo o Gunther puxar sardinha por ser uma equipe americana, tem o lado do patriotismo e tal, mas já chega, né? Dois circuitos de rua apenas pela grife dos lugares já é algo forçado somente porque a Liberty é americana também. A F1 é mundial, não um clubinho dos Estados Unidos. É um absurdo esse calendário inchado centralizar tudo na América ao invés de ser um calendário mundial, de fato. Volta Malásia, volta Mugello!

EM BREVE...

Foto: Getty Images

A Mercedes vive uma situação inédita na era híbrida: coadjuvante de luxo. Sem vitórias, a ainda atual octacampeã de construtores tem como consolação tentar o vicecampeonato da Ferrari, embora seja improvável.

Os alemães, obviamente, olham para frente, sobretudo na relação Hamilton-Russell. Até aqui, o novato George leva vantagem nos pontos. Toto Wolff, o chefe, afirma que Russell será campeão mundial pela Mercedes, embora também acredite que no meio do caminho Hamilton também conquiste mais um título.

“Certamente ele esperava vencer corridas e campeonatos estando em um Mercedes”, disse o dirigente ao canal britânico Channel 4. “Ele errou no timing, mas pelo menos progrediu do meio do pelotão.
Então essa hora vai chegar, ele vai ganhar corridas, ele vai lutar por campeonatos. Sem dúvida, há isso nele. Mas talvez haja outro título de Lewis no meio do caminho”, disse.

Toto destaca o bom relacionamento dos dois no estilo "mestre e aprendiz", mas também ressaltou que os compatriotas ainda não se enfrentaram diretamente por uma vitória ou pelo título, o que torna tudo incerto nesse possível novo contexto no curto/médio-prazo.

"Eu descreveria o relacionamento como respeito. O respeito do novato por saber que seu companheiro de equipe é o maior piloto de todos os tempos — assim como Michael [Schumacher] — e o respeito de Lewis, que se vê [em George]”, continuou. “Em termos de talento, idade e crescimento — por mais estranho que pareça, porque seu companheiro de equipe é seu primeiro adversário —, Lewis orienta George, e George aceita o papel de um jovem leão”, finalizou.

É a melhor dupla do grid. Se completam. Nesse ano, a Mercedes deixou a desejar. Russell está maturando, acostumando a andar entre os ponteiros. Se a Mercedes fazer o que realmente faz, as chances dos dois brigarem e conquistarem algo é, de fato, enorme.

O mais interessante nesse processo é saber como seria a relação interna do time. George seria mais um Valtteri ou um Nico?

TRANSMISSÃO:
21/10 - Treino Livre 1: 16h (Band Sports)
21/10 - Treino Livre 2: 19h (Band Sports)
22/10 - Treino Livre 3: 16h (Band Sports)
22/10 - Classificação: 19h (Band e Band Sports)
23/10 - Corrida: 16h (Band)


terça-feira, 18 de outubro de 2022

O PRÓXIMO PASSO

 

Foto: Getty Images

Houve, por alguns anos, o temor que o talento de Max Verstappen fosse sufocado pela juventude e até então imaturidade do holandês. Muito arisco e ousado, mas também inconsequente.

Quando disputava posições sem brigar pelo título, sem a responsabilidade, Max se sobressaía porque os adversários tinham algo a perder. Mesmo assim, já cometeu erros pelo ímpeto. Uma coisa é a idade, outra é a experiência. Max tem o raro caso de ser um jovem experiente.

Houve, por um período, o temor que Verstappen fosse apenas um cara muito rápido e talentoso, mas sem consistência e equilíbrio na hora de brigar pelos títulos.

Mesmo quando campeão, Max não afrouxou e foi muitas vezes temerário contra Hamilton, que cansou de estender o tapete e passou a se defender também, inclusive mandando o holandês para o hospital em Silverstone.

E foi também na agressividade e coragem que Max superou a dinastia da Mercedes. O que vimos em 2022 foi o oposto. Verstappen não precisou subir o tom, e sim apenas ser consistente e oportunista, com a tranquilidade que um título pode dar para um piloto.

O resultado? 32 vitórias e 2 títulos, o mesmo que Fernando Alonso. Esse é o paralelo que pretendo construir.

Alonso também finalizou uma era histórica, a de Schumacher, também com sete títulos. Tal qual Verstappen, o espanhol superou o alemão diretamente em uma e na outra derrotou a McLaren cheia de problemas, que tinha Kimi Raikkonen como rival. Agora, a Red Bull derrotou a Ferrari, o que mais se aproximava de algum contraste, pois Hamilton e a Mercedes foram carta fora do baralho.

O que vem depois? Max Verstappen sempre foi um futuro campeão. Era questão de tempo, da Red Bull dar um carro bom e do holandês controlar os impulsos mais primitivos. Tudo aconteceu. Tal qual Alonso na Renault e o próprio Schumacher na Benetton, Max constrói um período de superioridade na fábrica de energéticos, feito primeiramente por Sebastian Vettel.

O que todos têm em comum, nesse caso? O desafio pelo novo, mas em circunstâncias diferentes.

Schumacher foi para a Ferrari com a missão de acabar com o jejum dos italianos. Conseguiu, mas perdeu quatro anos no processo, numa época que era possível testar os carros semanalmente lá em Mugello.

Antes mesmo de ser campeão do mundo, Alonso foi o escolhido para ser o cabeça do projeto da McLaren. Desde então, ele simplesmente virou “o cara que vai suceder Schumacher”. Um certo Lewis Hamilton, o gênio forte e as decisões equivocadas na carreira sepultaram precocemente uma carreira que poderia (e deveria) ser muito mais brilhante do que já foi.

O desafio na Ferrari foi na trave, uma crueldade não ter vindo ao menos um título. A McLaren foi outro erro de leitura e, agora, o espanhol está apenas nos brindando com sua habilidade, já quarentão. A aposta é na Aston Martin, que não dá motivos para empolgação, e sim o lugar que era disponível para a Fênix.

Vettel foi diferente: o desafio de repetir o ídolo Schumacher veio após ser varrido da Red Bull por um Daniel Ricciardo. Houve um momento que era possível acreditar na história sendo reescrita, mas Hockenheim terminou com a carreira competitiva de Seb e da Ferrari por alguns anos.

Max Verstappen pode ser tudo o que Alonso não foi: ambos são anti-heróis, abraçam a vilania e possuem personalidades peculiares. A diferença é a leitura da carreira. Max e Red Bull se encaminham para um relacionamento mais que duradouro. Já são seis anos na equipe mãe e a ideia é continuar. Muitos títulos e vitórias podem surgir. Mas e o desafio?

Max vai abandonar a zona de conforto para tentar conquistar um projeto pessoal e motivacional? Veja, até Lewis Hamilton fez o movimento de deixar a McLaren, que fez tudo por ele, para ir à Mercedes. Na época, foi considerado um tiro no pé. Hoje, sabemos o que aconteceu...

Max se importa ou ele apenas quer estar no lugar que é mais confortável e pode ter todo um ambiente positivo a favor, com uma equipe trabalhando por ele? É justo e faz sentido. Roeu osso por tanto tempo e vai sair da mesa agora que chegou a picanha e o filé mignon?

Já existiram notícias no passado que ligavam Verstappen a Mercedes, pensando na eventual aposentadoria de Hamilton. E a Ferrari? Se cansarem de Leclerc? A sedução do cavalinho rampante para terminar com outra seca de títulos é o suficiente? Max não dá indicativos, embora também tenha cláusulas de performance da Red Bull para continuar no time e não romper o contrato.

Bato na tecla: Max Verstappen tem tudo para ser o que Fernando Alonso não foi, em números e conquistas. A questão é? E depois? Max vai ser o primeiro cara que vai ser só o piloto de um time, desconsiderando Mika Hakkinen e sua aposentadoria precoce sendo o escolhido de Ron Dennis na McLaren?

Por falar no finlandês, ele mesmo acredita que Max não encerra a carreira na Red Bull por uma série de motivos: mudanças técnicas no regulamento, a saída de pessoas importantes do corpo técnico da equipe ou simplesmente querer um novo desafio, como quiseram tantos outros campeões na história do esporte.

Só o futuro dirá. Estamos ansiosos para descobrirmos os próximos passos do holandês. Nem parece, mas ele tem só 25 anos, mas a jornada já é longa. Estamos acostumados com a precocidade de Max que esquecemos desse detalhe. No mínimo ele tem uns 15 anos de carreira, se quiser e não enjoar do circo, se não estiver estafado de conquistas, o que é normal.

No entanto, se perder ou tiver algum risco, aí sim aquela motivação do competidor voraz retorna quase que instantaneamente.

Seguimos acompanhando a jornada de um dos maiores pilotos da história da F1.

Até!

segunda-feira, 10 de outubro de 2022

ESTRELAS ALINHADAS

 

Foto: Getty Images

Na noite de sexta-feira, peças importantes do quebra-cabeça da F1 2023 foram encaixadas. Uma obviedade e uma relativa surpresa, até.

Como esse querido blog sugeriu no início do ano, lá em janeiro, mas por linhas tortas, Pierre Gasly foi anunciado piloto da Alpine e será parceiro de Esteban Ocon em 2023, formado uma equipe 100% francesa. Os dois, ex-inimigos, agora vão dividir o mesmo ambiente. A missão de Pierre é superar Esteban, mais ambientado e acostumado com o time.

Piastri foi o responsável direto pela ascensão de Pierre. O francês caiu pra cima. Fadado ao ostracismo pela Red Bull, surgiu a oportunidade certa no momento certo. A estrela alinhada. A Alpine também não tinha muitas opções, visto que Ricciardo nunca esteve no radar. Os dois se precisam nesse momento e, de certa forma, a Alpine faz uma dupla que atinge as necessidades diretivas: dois jovens pilotos em um projeto a longo-prazo. Para Gasly, é a grande oportunidade de ouro, agora numa equipe de fábrica.

Dizem que os franceses vão desembolsar 10 milhões de euros para os taurinos para completar a operação.

Como consequência, uma vaga na Alpha Tauri estava aberta, pois Tsunoda já havia renovado. A solução é surpreendente: Nyck De Vries, outrora cotado pela Williams, foi anunciado. Aos 27 anos, o rapaz teve um 2022 cheio de histórias para contar: ligado a Mercedes, fez testes na Aston Martin, correu na Williams e vai para a Red Bull B. Está vivendo.

A contratação diz mais sobre a Red Bull do que sobre o holandês, que tirou a sorte grande. Está no lucro. Aos 27 anos, campeão da F2 e da FE, tem a grande chance da carreira contra um adversário acessível. Vai correr pela sobrevivência. A Red Bull não quis apostar em ninguém da academia, até porque ninguém se mostrou pronto, e preferiu pagar para tirar alguém da Mercedes do que um outro investimento como Drugovich, por exemplo.

De Vries coroa, tardiamente e graças a estar no momento certo e com os contatos certos, o sonho da F1. É um cara que também tem uma história diferente da atual usual, dos talentos cada vez mais precoces. E será mais um holandês na F1, fazendo parceria com o agora bicampeão Max.

Nyck era o ficha um da Williams por motivos próprios, então agora há um certo clima de suspense sobre as vagas restantes: Haas e o time de Grove. Sem o holandês, quem será o escolhido? O jovem Logan Sargeant é da academia da equipe e americano, duas vantagens consideráveis na atual F1. Ademais, quais seriam os outros candidatos, pois não há nenhum nome ventilado?

Posso chutar aqui, facilmente: Nico Hulkenberg (sempre), Stoffel Vandoorne e Felipe Drugovich. Três gerações distintas em momentos distintos. Sabe se lá o que Williams deseja para complementar Alexander Albon, mas em termos esportivos, isso é o melhor que há para o momento. Por esse mistério, é a vaga mais misteriosa que sobrou no grid.

Em circunstâncias diferentes, Gasly e De Vries foram beneficiados pela sorte e as estrelas alinhadas. Dizem, claro, que a sorte acompanha os bons e isso é um complemento, mas todos sabemos que a sorte e o timing mudam carreiras, para o bem e para o mal.

Pierre e Nyck, os felizardos sortudos do final de ano na F1.

Até!


domingo, 9 de outubro de 2022

BI SEM RESSALVAS

 

Foto: Clive Rose/ Getty Images

A previsão do tempo mostrava que o Grande Prêmio do Japão seria uma grande palhaçada protagonizada pela FIA. E assim foi, ou quase isso. Diante das previsões de chuva forte, foi até surpreendente que a direção de prova tenha autorizado a largada.

Com muito spray, obviamente, a visibilidade era um desafio. A primeira volta seria um caos e assim foi. Vettel rodou na primeira curva, Zhou rodou depois e Sainz bateu sozinho e o carro chegou a voltar para a pista. Por sorte, ninguém bateu nele. Albon teve problema no motor e encostou. Gasly bateu na placa que veio para pista depois da batida de Sainz e a confusão estava armada.

O que seria Safety Car virou bandeira vermelha. Corrida paralisada. O problema é que a chuva continuaria mais forte. E aí? Outra vergonha igual o GP da Bélgica? E a corrida que deveria decidir o campeonato? Quantos problemas...

Começamos pelo primeiro: mal os pilotos tinham ido para os boxes após o anúncio da bandeira vermelha, havia um trator no meio da pista para retirar a Ferrari de Sainz. Só que, ao mesmo tempo, Gasly passava voando. Oito anos depois, nem a FIA e nem os japoneses aprenderam nada. O modus operandi da Federação, sob nova direção, foi o mesmo: culpar o piloto. É verdade que Gasly não deveria estar tão rápido naquelas condições de pista e principalmente com a prova paralisada, mas isso é jogar a responsabilidade injusta para o piloto.

Vai ser necessário outro piloto morrer para aprenderem a lição? Pelo jeito, independentemente do caso, a FIA lava as mãos e joga a responsabilidade para as vítimas. Eles estão preocupados com o piercing do Hamilton...

Já escrevi aqui que a F1 não deveria tratar os fãs igual otário e simplesmente cancelar qualquer evento com chuva. É mais justo e transparente para todos, ao invés de encher linguiça e fazer todo mundo de palhaço, principalmente de madrugada. Os pneus de chuva não foram feitos para correr, foi basicamente o que disse Mario Isola, chefão da Pirelli.

A culpa não é da empresa. Ela faz os pneus conforme as especificações e exigências da FIA. Com os carros cada vez mais largos e pesados, qualquer pista molhada vira um drama para a F1. Por isso que antigamente, com carros mais leves e estreitos, era possível correr em condições piores, tipo Fuji, há 15 anos.

Mas isso a F1 não se preocupa, tampouco em atrair ao menos mais uma equipe para o certame. Bom, a corrida não podia acabar igual a Bélgica né, quando sequer houve corrida? Havia um teatro a cumprir.

A previsão não era das melhores, o dia começava a acabar no Japão e a FIA adotou uma nova estratégia no regulamento após o vexame do ano passado: ativaram a contagem regressiva. Em três horas, a corrida terminaria. Veja bem. Terminaria, e não seria interrompida.

Os pilotos pressionaram para ao menos tentar e ver como seria. Qualquer coisa a FIA colocaria outra bandeira vermelha e faria outra ação constrangedora. Para a nossa sorte, tivemos uma sprint race na chuva.

Verstappen não largou bem, mas segurou o ímpeto de Leclerc e disparou para vencer. Com o passar do tempo, a Ferrari não tinha mais ritmo para acompanhar Max. Pérez, logo atrás, chegava.

Todo mundo largou de pneu de chuva. Determinação da FIA. No entanto, logo que o Safety Car saiu depois da largada em movimento, Vettel e Latifi (!) fizeram o pulo do gato: foram os primeiros a trocar para os pneus intermediários e se deram bem. Escalaram o grid e pararam nos pontos. O canadense, se corresse só na chuva, seria bem competitivo.

Ainda na primeira parte, Ocon segurava Hamilton, enquanto Alonso tentava encostar em Vettel. Russell, mais atrás, se recuperava. De forma heróica e quase bizarra diante do contexto, Latifi conquistou talvez seus últimos pontos na F1. Sejamos sinceros: ano passado ele foi um piloto até correto e, com as estatísticas, pontuou em duas das três temporadas que correu na F1. Um mérito e tanto, considerando o contexto. Norris ainda completou o top 3.

E o vencedor? Verstappen rumou para a vitória. A transmissão mostrou um detalhe importante que praticamente todo mundo não se deu conta na hora: diante da nova regra, apenas as corridas interrompidas é que teriam pontuação reduzida conforme a % de voltas feitas. Como o GP do Japão terminaria no limite do tempo, ela seria considerada uma corrida concluída, mesmo sendo apenas 28 das 53 voltas previstas. Sendo assim, 100% dos pontos estavam em jogo.

A TV japonesa não viu Max Verstappen cruzar a linha e ele mesmo continuou acelerando fundo. Diante desse contexto, explicitado pela transmissão, a questão era simples: se Pérez ultrapassasse Leclerc, o campeonato acabava.

Na última curva, Leclerc errou, foi reto e voltou à frente do mexicano, cruzando em segundo. No entanto, a FIA foi rápida até demais para os seus padrões e puniu rapidamente o monegasco com acréscimo de cinco segundos ao tempo final da prova.

Pérez em segundo. Dobradinha da Red Bull. Enquanto Max dava entrevista para Johnny Herbert, a FIA anunciava na transmissão, para assombro do holandês e da própria Red Bull: Max Verstappen é bicampeão do mundo, aos 25 anos, e com quatro provas de antecedência.

Incontestável. Sem ressalvas. Mesmo com um começo ruim, ele e a Red Bull sobraram e aproveitaram todas as brechas deixadas pela Ferrari e o carro mal formado pela Mercedes. A questão do teto de gastos é um outro debate que ainda vai dar pano para manga. Nada mais poético que Max conquistasse o bi no Japão, terra da Honda, disposta a reatar com a Red Bull para a partir de 2026.

É muito bom ver um piloto talentoso alcançar o que se imaginava, sem ser vítima do destino, do azar ou de más escolhas. Talvez seja um trauma pelo que Alonso poderia ter sido. Aliás, Max iguala Alonso no bicampeonato e em 32 vitórias na carreira. Incontestável.

Lamentável que o título tenha sido confirmado pelos comissários e numa situação que até o próprio circo da F1 desconhecia da nova regra da FIA depois do caso Bélgica do ano passado. A FIA está uma várzea. Mais um pouco, teríamos um rapaz e um monte de gente no meio da pista balançando a bandeira quadriculada e pulando, berrando e correndo na frente dos carros. E alguém com o cronômetro, é claro.

A Ferrari reclama com razão da rapidez da punição, mas ali não tinha muito espaço para debate. Imagina Max ser anunciado campeão numa canetada horas depois? Seria pior ainda. Para nós, brasileiros, uma recompensa para quem ficou até às 6 da manhã acordado.

Max Verstappen. Um nome já na história da F1. O que o futuro reserva? A Red Bull tem fome de mais conquistas. O holandês também. Ele é muito jovem. Há sete anos, ele estreava, ainda menor de idade, num treino livre em Suzuka também. O destino estava escrito, maktub. Estamos diante de um dos maiores da história, sem dúvida alguma.

Que a Mercedes volte a ser competitiva, porque a Ferrari não tem a mínima condição, seja pela equipe, seja pelos erros decisivos de Leclerc no momento de pressão. Quem diria. Eu achava que o monegasco era mais completo e equilibrado emocionalmente que o holandês, mas o tempo está mostrando o contrário.

A FIA transformou a consagração do bicampeonato de Max Verstappen em um evento menor, num show de incompetência, desrespeito aos pilotos e ao público. O trator, a chuva e a inércia da direção de prova colocaram o título mais do que merecido de Max, talvez no auge da carreira (talvez não) em algo sem importância. Claro que era uma questão já sacramentada há tempos, mas o holandês merece uma comemoração consagradora, seja da categoria, seja dele próprio ou da equipe para a próxima etapa, em Austin, no Texas.

O que resume tudo é: Max Verstappen, bicampeão, sem ressalvas.

Confira a classificação final do GP do Japão:




sexta-feira, 7 de outubro de 2022

CORUJÃO MOLHADO

 

Foto: Divulgação/Alpine

Chove em Suzuka. Choveu em Porto Alegre, chegou a chover forte no início da madrugada, depois parou. Foi nesse clima molhado que a F1 retornou para o Japão depois de três anos. O tempo é sempre algo que preocupa a categoria nessa época do ano lá por Suzuka.

A última visita da F1 teve treino de sábado cancelado e a classificação foi na manhã de domingo, lembram? Era chuva e alerta de ciclone... 

Pois bem, a chuva recebeu a F1 nos primeiros treinos livres de sexta, o que torna tudo um grande ponto de interrogação. A pista chegou a secar gradativamente conforme os carros andavam, mas a chuva voltou a apertar na parte final. Após zerar o cronômetro, Mick Schumacher bateu. Chassi danificado e alguns pontos perdidos na briga para permanecer na F1 em 2023.

Alonso foi o mais rápido, mas isso não significa nada, apenas a nostalgia do espanhol e das madrugadas da velocidade no Japão por aqui. O Corujão, absurdamente descontinuado pela Globo em prol de programas de humor sem graça. Fica aqui o meu registro indignado. 

O TL2 teve intermináveis 30 minutos a mais porque a Pirelli pediu mais tempo para testar os pneus de 2023. Com a chuva, no entanto, o teste foi cancelado, mas mantiveram os 30 minutos a mais de treino. Pra quê, meu Deus? Com essa chuva, poucos carros vão para pista e vai ter pouca ação. A torcida e os fãs vão ficar olhando para o absoluto nada ao invés de ir para casa ou dormir, por exemplo.

O que deu para perceber, com a pista molhada, é que Suzuka fica menos rápida. Nessa condição de pista, teoricamente, favorece quem tem mais downforce e fica menos dependente do motor, que vai ser menos exigido com a pista molhada. 

Assim, em tese, a Mercedes pode diminuir a desvantagem para Ferrari e Mercedes e entrar na briga, se o tempo continuar assim no final de semana. Na chuva, os pilotos fazem a diferença e estamos falando simplesmente de Hamilton e Russell. Não dá para descartá-los nunca, sobretudo nessas condições. E foi assim que os dois fizeram dobradinha no TL2, com George na primeira posição, com a dupla da Red Bull logo atrás: Max em terceiro e Pérez em quarto.

O tempo no Japão é uma incógnita, o que torna tudo para o final de semana bem misterioso. Claro que Max é favorito para vencer e só depende dele o bicampeonato. Esse é o tempero e o que vai manter milhões de brasileiros acordados nesse final de semana. Ah, as madrugadas de Suzuka... ainda mais valendo o campeonato. E se a chuva persistir, melhor ainda: fica aquele clima bom para ficar deitado no sofá assistindo a F1 (ou pegar no sono), tal qual a atmosfera da música "Stan".

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 6 de outubro de 2022

GP DO JAPÃO: Programação

 O Grande Prêmio do Japão foi disputado pela primeira vez em 1976, em Fuji. Foi disputada novamente em 1977 e ficou fora da categoria por 10 anos, até retornar com a pista de Suzuka em 1987. Desde então, o Japão sempre sediou um GP por ano na Fórmula 1 até 2020, quando o circuito ficou de fora do calendário por duas temporadas em virtude do Covid-19, retornando à F1 em 2022.

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:30.983 (Mercedes, 2019)

Pole Position: Sebastian Vettel - 1:27.064 (Ferrari, 2019)

Último vencedor: Valtteri Bottas (Mercedes)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1995, 1997, 2000, 2001, 2002 e 2004)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 341 pontos

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 237 pontos

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 235 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 203 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 202 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 170 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 100 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 66 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 59 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

11- Daniel Ricciardo (McLaren) - 29 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 24 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

14- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 576 pontos

2 - Ferrari - 439 pontos

3 - Mercedes - 373 pontos

4 - McLaren Mercedes - 129 pontos

5 - Alpine Renault - 125 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 52 pontos

7 - Aston Martin Ferrari - 37 pontos

8 - Haas Ferrari - 34 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 34 pontos

10- Williams Mercedes - 6 pontos


MAIS CINCO?

Depois de estar desgostoso com a F1 mesmo conquistando vários títulos e, principalmente após o final do campeonato do ano passado em Abu Dhabi, parece que a chama de Lewis Hamilton na F1 está mais acesa do que nunca.

Ao menos é o que afirma o amigo e chefe Toto Wolff. Vizinhos de residência em Mônaco, o alemão confidenciou que o inglês quer ficar mais tempo na categoria: meia década, para ser mais exato.

“A vantagem é que nos falamos bastante. Na semana passada, nos sentamos e ele disse ‘olha, eu tenho mais cinco anos em mim, como você vê isso?’” disse Wolff, em entrevista ao Channel 4 F1.

Atualmente, Alonso é o único quarentão da categoria. Wolff foi indagado sobre como ele imaginaria Hamilton com essa idade na F1:

“Não sei se 40 anos é aquela idade em que você diz que não é mais adequado ser um piloto de corrida. Se você olhar para onde Fernando está com 41 anos, ele ainda está inteiro. Agora, ele é o mesmo Fernando que era aos 25? Eu não sei, mas ele ainda é muito competitivo”, respondeu.

O chefão da Mercedes também citou o exemplo de Tom Brady, que aos 44 anos ainda joga no futebol americano. 

Competidores viscerais não mudam nunca. Quando estava ganhando fácil, Hamilton ficou entediado. Bastou perder o campeonato do jeito que foi e esse 2022 esquecível da Mercedes para reacender o espírito competitivo do piloto.

O tempo está contra Hamilton, embora ele não precise provar mais nada. É que ninguém gosta de sair por baixo, ainda mais o Sir, que venceu em quase todos os anos da carreira. Em outra entrevista, Wolff também deseja manter Russell na equipe por um bom tempo.

É a melhor dupla da F1. Imagina os dois correndo por meia década, brigando por títulos e vitórias? Que isso saía do campo das ideias e do papel assinado para que possamos testemunhar com os nossos olhos no futuro.


TENTANDO REATAR

Aproveitando a visita para o Japão para disputar a corrida em Suzuka, a Red Bull pensa no futuro, mais precisamente em 2026, quando a F1 vai introduzir uma nova geração de motores.

Segundo informação do "The Race", os taurinos se reuniram com uma velha conhecida: a Honda. A ideia da equipe austríaca é acertar o retorno da parceria quando chegar o novo regulamento de motores.

Atualmente, a Red Bull herda a tecnologia dos japoneses e está desenvolvendo o próprio motor, o Red Bull Power Trains, que também equipa a Alpha Tauri até 2025.

A partir de 2026, a Fórmula 1 retirará o sistema de MGU-H e aumentará a potência elétrica do carro em 50% com o MGU-K, além da mudança para combustíveis 100% sustentáveis. Segundo a "The Race", as negociações avançam bem.

O acordo precisa ser aprovado pelo conselho da Honda. Por enquanto, segundo a publicação, os diretores não parecem muito dispostos. Há uma resistência dentro do conselho sobre os compromissos financeiros e como seria possível conciliar o retorno para a F1 e a busca por tecnologias neutras em carbono, motivo que fez os japoneses deixarem a categoria.

Sem a Porsche, é um sinal que a Red Bull não aguenta construir o próprio motor por muito tempo. É inegável que a parceria deu certo. Tudo depende do humor da Honda que, assim como a Renault, são os mais instáveis da categoria. Tomara que reatem. Será bom para todos os envolvidos.


TRANSMISSÃO:

07/10 - Treino Livre 1: 0h (Band Sports)

07/10 - Treino Livre 2: 3h (Band Sports)

08/10 - Treino Livre 3: 0h (Band Sports)

08/10 - Classificação: 3h (Band e Band Sports)

09/10 - Corrida: 2h (Band)

terça-feira, 4 de outubro de 2022

A QUESTÃO HAAS

 

Foto: MotorSport Images

Sem dúvida, o caso dos americanos é o mais intrigante entre as vagas disponíveis para 2023. Nunca é demais lembrar que o ano começou com Mazepin, mas graças a guerra foi possível se livrar dele e trazer Magnussen com um bom dinheiro. O time de Gene Haas caiu para cima.

Mazepin era tão fraco que serviu apenas para valorizar as ações de Mick Schumacher, como se o problema fosse apenas o carro muito deficitário. A chegada do experiente dinamarquês expôs as fragilidades do filho de Michael.

Logo no retorno, Magnussen fez bons pontos, enquanto Mick sofria com problemas de desempenho e acidentes. Uma pressão natural, por ser quem ele é, e também por estar perdendo para alguém que chegou na equipe às pressas, por mais que já conhecesse o ambiente.

A notícia da provável descontinuidade de Mick no programa da academia de pilotos da Ferrari é, na verdade, o que pode ser o grande divisor de águas na carreira do alemão e na trajetória da Haas. Supostamente livre no mercado, mas sem o apoio dos italianos, Mick teria o final da temporada para tentar impressionar as equipes disponíveis, que no caso são Alpine e Williams e talvez a Alpha Tauri, se Gasly for para Alpine. Duas opções, portanto.

A Ferrari, como contrapartida a parceria técnica que tem com a Haas, ela pode usar da influência para colocar algum de seus pilotos de academia por lá. Sem Mick, dizem que o candidato natural seria Antonio Giovinazzi, hoje reserva da Ferrari. Um nome experiente.

A grande questão é: o que Gene Haas quer? Qual o objetivo? Magnussen é o cara da liderança do time e trouxe um belo acordo financeiro nesse retorno às pressas. O problema financeiro da equipe é notório, não a toa se abraçaram no Mazepin. Há algum outro piloto rico no mercado disposto a parar na Haas?

Se a resposta for não, a Ferrari tem carta branca. Aliás, os italianos podem ter a voz ativa simplesmente na base da chantagem: ou colocamos o que queremos, ou a parceria técnica acaba. Aí a Ferrari escolhe Giovinazzi, por exemplo.

É fato que o italiano sucumbiu nos anos que teve na Alfa Romeo, mas ainda tenho certa simpatia pelo o que ele fez na F2 em 2016, sendo vice-campeão sem patrocínio algum e numa equipe fundo de quintal. O problema é que isso foi há quase sete anos e devemos olhar para frente.

Magnussen e Giovinazzi, considerando essa a escolha óbvia, seria uma dupla bem equivalente. Nada demais, mas equivalente. Dois jovens que outrora já foram promessas e hoje são apenas coadjuvantes, o que não é nenhum demérito. Nem todo mundo é Verstappen ou Hamilton.

O que chama a atenção é que a Haas aparentemente não tem nenhuma ideia de qual caminho seguir. Magnussen está ali por um acaso, graças a Putin.

E se não tiver guerra ou algum conflito na Dinamarca em 2023? Ou alguma questão diplomática com a Itália neofascista? Qual o projeto da Haas na F1? Sobreviver? Pagar as contas? Seduzir a Porsche e tentar recuperar o prejuízo ao focar somente nos EUA, como sempre foi? Muitas dúvidas e divagações.

A Haas é um grande mistério.

Até!

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

NATSUKASHISA

 


O Japão sempre teve uma aura de fim de festa ou de decisão. Até o início da década passada, Suzuka fechava a temporada. Lá, era sinônimo de emoção. Exemplos inesquecíveis são os três títulos de Ayrton Senna, além de outras lembranças interessantes como o título de James Hunt em Fuji, os títulos de Damon Hill e Mika Hakkinen nos anos 1990 e o hexacampeonato de Michael Schumacher.

Com mais corridas no calendário, o Japão ficou na reta final do calendário e, desde então, somente Sebastian Vettel conseguiu levantar o caneco por lá, quando dominou o campeonato de 2011. Mesmo com a Mercedes construindo uma hegemonia, a posição no calendário impedia o Japão de retomar essa tradição.

No entanto, nesse 2022 cheio de corridas e nuances particulares, Max Verstappen tem grandes chances de ser o bicampeão mais precoce da história da F1, seja pela idade ou pela antecedência, o que superaria outros campeões muito antecipados como Nigel Mansell, Michael Schumacher e o próprio Sebastian Vettel.

É um retorno para a nostalgia, até mesmo para o fato de passar a madrugada assistindo F1, o que só voltou esse ano com a Austrália.

O bicampeonato de Max Verstappen também teria um grande valor simbólico para a Honda que, embora tenha saído oficialmente da nominata da F1 e da Red Bull, ainda fornece motores e tem uma parceria técnica com os taurinos, que desenvolvem o motor a partir das especificações dos japoneses. Seria uma repetição da dobradinha com os títulos do tempo de McLaren, lá com Ayrton Senna.

Ademais, é isso que resta para escrever sobre a F1 atual: é questão de tempo para Max ser consagrado, enquanto aguardamos as notícias do mercado de pilotos, principalmente a vaga da Alpine. Um pouco sem criatividade e cansado demais do calendário extenso que a F1 ainda aumentou para o ano que vem.

Seguimos.

Até!


INTERMINÁVEL

 

Foto: Getty Images

A F1 não corre na chuva, basicamente. Imagina num circuito de rua que naturalmente é longo e arrastado. A largada foi adiada para que as condições melhorassem, em tese. Aproveitei para ir votar e me atualizei depois.

Singapura poderia marcar o título mais do que antecipado para Max Verstappen. No entanto, parece que deu tudo errado para ele e quase para Red Bull. Erros de ambos no sábado comprometeram o domingo: Verstappen errou e abortou a volta que lhe deixaria na pole. Depois, por erro de cálculo da equipe, não pode completar a volta que lhe daria a pole porque não teria combustível suficiente para voltar aos boxes. Largou em oitavo.

Enquanto isso, Charles "Montoya" Leclerc fez mais uma pole e poderia ao menos sonhar em diminuir a vantagem no campeonato, ou simplesmente quebrar a sequência da Red Bull. O problema é que Pérez, segundo no grid, o ultrapassou na largada e disparou.

O mexicano em circuitos de rua segue muito competitivo, apesar da queda de rendimento durante a temporada, também fruto do carro estar naturalmente mais a feição de Max. Pérez teve uma liderança quase tranquila, ameaçada por Safety Car. Se é normal ter uma corrida acidentada num circuito de rua, imagina na chuva.

Latifi atropelou Zhou e causou a primeira infração. Depois, alguns Safety Car Virtual e, por último, Tsunoda. No final da prova, a pista foi secando. Russell, que largou lá atrás, tentou o caminho sozinho, mas só depois a pista melhorou. Com os pneus slicks e todo mundo realinhado, Leclerc tentou caçar Pérez. O mexicano teve muita calma para resistir aos ataques, mesmo travando pneu, e conseguiu rumar para a quarta vitória na carreira, a segunda no ano e a terceira em circuitos de rua. 

Pérez foi advertido duas vezes por estar muito distante do Safety Car no momento do alinhamento, nas duas ocasiões. Na primeira, o mexicano levou apenas uma repreensão, mas depois foi punido com cinco segundos. Como Checo chegou sete e meio, bastou a vitória. Ficaria muito feio para a FIA tirar a vitória na canetada depois de toda a cerimônia. Seria constrangedor. Essas decisões poderiam ser tomadas mais rapidamente para não fazer o público como palhaço, igual não correr na chuva.

Singapura já é uma corrida longa e cansativa. Com a chuva e Safety Car, estourou o limite de duas horas: 69 das 71 previstas. Uma verdadeira epopeia para quem assistiu, ainda mais pelo horário. Imagina essa situação com mais circuitos de rua insuportáveis? Pelo menos Singapura tem o charme de ser a primeira corrida noturna.

Max Verstappen e Lewis Hamilton tiveram uma noite ruim. Os dois erraram muito. Verstappen passou reto ao tentar ultrapassar Norris e perdeu a chance de somar mais pontos, até mesmo brigar pelo pódio. Hamilton chegou a bater e danificar o bico e também desperdiçou uma boa oportunidade de pódio porque pressionou Sainz, mas não tinha a possibilidade de abrir a asa para fazer a ultrapassagem em virtude da chuva.

Leclerc teve se contentar com o segundo lugar e Sainz, muito abaixo no ritmo de corrida, em terceiro. Graças a sorte e a estratégia, Norris e Ricciardo conseguiram um quarto e quinto lugares, com o australiano muito atrás do inglês. Isso, graças ao duplo abandono da Alpine, fez a McLaren retomar a quarta posição nos construtores.

A Aston Martin conseguiu bons pontos com Stroll e Vettel. Mick Schumacher lutou com Russell, em corrida desastrosa, mas não foi o suficiente. Gasly fechou o top 10.

Verstappen e Red Bull erraram e mesmo assim Pérez voltou ao protagonismo. A diferença é que eles tiveram um final de semana ruim com 100 pontos de vantagem perante a Ferrari.

Para Max, a temporada, apesar de longa, pode acabar mais cedo do que o imaginado: basta vencer no Japão que o holandês será bicampeão, diferentemente da arrastada corrida em Singapora.

Tanto nas eleições quanto na Fórmula 1, o grande prêmio teve a definição adiada. A F1 pode acabar na semana que vem, mas ainda assim é um Outubro tenso e decisivo em todas as partes.

Confira a classificação final do GP de Singapura:


Até!