segunda-feira, 31 de agosto de 2020

DIVÓRCIO ESPERADO

 

Foto: Reprodução/Rede Globo

Se confirmou o que era bem possível de acontecer, apesar das esperanças ainda continuarem. A Rede Globo confirma que não vai renovar o contrato de transmissão da Fórmula 1 e encerra uma parceria de mais de 40 anos na bandeirada do GP de Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro.

Esse post do mês passado ajuda a entender o que estava (e está) por trás dessas decisões e, agora, os nós começam a ser desfeitos. Em readequação financeira, a Globo está liberando profissionais e também abrindo mão de outras competições esportivas importantes. Ela também encerrou o contrato com a Conmebol e não vai mais transmitir a Copa Libertadores. Assim como a Liberty, a confederação sul-americana de futebol não aceitou renegociar o acordo assinado no passado. O motivo da Globo retroceder nos contratos é simples: com a alta do dólar, torna-se insustentável manter esses vencimentos.

Se a Libertadores, que é algo muito mais "importante" e foi sumariamente descartada, a Fórmula 1 não ficaria para trás, isso que não mencionei a briga na justiça para a Globo pagar menos para a Fifa as transmissões da Copa do Mundo do Catar, em 2022. Até isso está ameaçado. Essa crise do dólar com a televisão não é inédita e aconteceu no final dos anos 1990 e início dos anos 2000, quando a crise econômica brasileira causou o fechamento de diversas empresas de comunicação, principalmente da então emergente televisão à cabo.

Analisando sob a perspectiva técnica, também não seria uma decisão surpreendente. Sem brasileiros desde 2018 e o domínio chato da Mercedes, é difícil cativar um fã médio com as corridas de atualmente. O produto não compensa. A audiência é boa, claro, existem muitos fãs da velocidade, mas o Brasil é forjado em heróis locais que lutam contra o mundo cruel e vencem e, convenhamos, vai demorar para surgir outro candidato a herói no esporte.

A exemplo do que fez com a Moto GP, a tal Rio Motorsports deseja comprar os direitos de transmissão da Fórmula 1 e repassar para o Grupo Disney, que em breve terá apenas a ESPN. A mesma Rio Motorsports que é dona do autódromo de Deodoro e negocia com a Liberty a inclusão do inexistente circuito no calendário da F1 nos próximos anos.

A saída da Fórmula 1 da Globo pode significar o fim do automobilismo como um esporte mainstream e a definitiva entrada como algo de nicho, tal qual a Moto GP, por exemplo, que também saiu da TV aberta e fincou raízes no SporTV e agora na Fox Sports. Tudo isso, é claro, é péssimo, e não estamos discutindo sobre o narrador a, b ou c ou o repórter ou o comentarista.

Sem a principal emissora do país por trás do esporte, a tendência é que toda a cadeia sofra e desmorone. Como co-organizadora do GP do Brasil em Interlagos, muito provavelmente o histórico autódromo perca força no embate e futuramente seja transformado em grandes condomínios e palco eventual para o Lollapalooza porque, afinal, sem a F1, a Stock Car e outros eventos nacionais não sustentam a conta.

Uma última esperança é que tudo isso seja um jogo, um blefe, para que no final tudo dê certo. A Band também não renovaria com a Indy e, na semana da abertura da temporada, tudo voltou ao normal.

Do contrário, caso isso se confirme, não só os telespectadores irão perder, mas sim o automobilismo nacional e todo seu ecossistema estarão gravemente feridos e diante de uma perspectiva nada animadora para o futuro.

Até!

domingo, 30 de agosto de 2020

SPA

 

Foto: Getty Images

Difícil ter uma corrida boa em 2020. A distância é muito grande. Spa, apesar de um circuito grandioso, padece do mesmo mal de Interlagos: corrida no seco é muito ruim. Hoje, foi mais uma corrida sem emoção, ou quase isso.

Bottas tentou atacar mas deve ter entendido que ele é apenas um segundão, que segura Verstappen e fica em segundo, menos no campeonato, onde está atrás do holandês. Max não tem carro e faz o que pode. Falta a Red Bull dar mais condições para Albon brigar, mas este não se ajuda.

A grande notícia do final de semana foi o bom desempenho da Renault. A tendência é de repetição no final de semana seguinte, em outra etapa com circuito rápida e uso constante do motor no giro máximo. Ricciardo ainda fez a melhor volta no final, mostrando um bom trato dos franceses nos pneus. Será que finalmente a Renault começa a acertar a mão? O australiano fica pensativo e o espanhol se anima...

Por falar em espanhol, Sainz sequer largou. Norris ficou atrás da Racing Point. Apesar do início fulminante, a McLaren parece menor do que em relação ao ano passado. E o pior: a cara do espanhol ao ver a situação da futura equipe, a Ferrari, diz tudo...

Pierre Gasly confirma a tese de que os pilotos da Red Bull pilotam melhor na Alpha Tauri do que o contrário. Ganhando posições, sendo agressivo, arrojado... junto com Ricciardo, o grande destaque do final de semana. 

A Ferrari... nunca tínhamos visto uma equipe tão perdida e ruim em todos os aspectos. Não há carro, reta, motor, chassi... Existiram momentos ruins nos anos 1990, mas desde 1980 não se via, em resultados, algo tão desanimador. E o pior: para o ano que vem vai ser a mesma coisa, graças a pandemia e o adiamento das novas regras. 13° e 14°. Isso é um escândalo. Um belo presente para os tifosi as próximas duas corridas em casa. Sorte que não tem público, ou apenas uma parte dele em Mugello.

O único momento de emoção foi o acidente de Giovinazzi, que ricocheteou para o meio da pista e o pneu, solto, atingiu Russell. Um susto. Mick Schumacher sorri por dentro, a estreia na F1 está cada vez mais próxima. O italiano, mesmo com um carro ruim, desperdiça as oportunidades a cada semana.

Apesar do calor na Europa e do macacão preto, que esquenta mais, na Bélgica Lewis Hamilton viveu um final de semana de Spa, de relaxamento. Tem sido assim nos últimos anos. Agora, só faltam duas vitórias para igualar Schumacher. Wakanda Forever.

Até!

sexta-feira, 28 de agosto de 2020

VELOZES

 

Foto: Getty Images

Na clássica Spa Francorchamps, um circuito de alta, os motores vão fazer a diferença. É importante lembrar que a partir desta corrida não teremos mais o "modo festa" no Q3, o que em tese prejudica a Mercedes. Só em tese. Nos treinos de hoje, um equilíbrio muito grande entre Mercedes, Verstappen e até Ricciardo se atrevendo a andar entre os ponteiros.

No segundo pelotão, Racing Point e McLaren. A melhor equipe de motor Ferrari é a Alfa Romeo. A Ferrari está preparada para mais um fiasco na temporada. O fundo do poço é cada vez maior.Talvez isso possa provocar rupturas fortes para a sequência, com duas corridas na Itália.

Por falar em pistas, a FIA anunciou que a segunda corrida no Bahrein, o GP do Sakhir, será com o traçado utilizando o anel externo. Ou seja, uma pista de 3.700 metros, com média de 260 km/h e tempo de volta inferior a um minuto. 87 voltas. Ou seja, uma mini Indy. Pior para a Ferrari, que vai sofrer. Sorte dos italianos é que essa será a penúltima etapa da temporada e não vai valer nada praticamente, mas é muito legal esses circuitos/traçados diferentes em um ano tão atípico. Diria eu que esse é o grande atrativo da temporada.

Impossível não falar sobre a iminente fim da parceria entre Fórmula 1 e Globo no Brasil. Escrevi isso anteriormente no blog no mês passado e pretendo fazer um post mais elaborado na semana que vem. Um resumo: se isso realmente se confirmar (lembrem-se da Band e da Indy se acertando aos 45 do segundo tempo neste ano), é o fim do automobilismo como algo mainstream no país. Ele vai continuar com essa trajetória de esporte de nicho, onde só os malucos apaixonados é que vão acordar cedo para procurar links obscuros na internet para assistir. 

Em Spa, em uma pista veloz, a promessa é de algo talvez equilibrado, um ano após a morte de Anthoine Hubert na F2 no acidente envolvendo Juan Manuel Correa. Será emocionante, sem dúvidas. Que sejam velozes e não furiosos.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Bélgica:






quinta-feira, 27 de agosto de 2020

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Getty Images

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)

Pole Position: Charles Leclerc - 1:42.519 (Ferrari, 2019)

Último vencedor: Charles Leclerc (Ferrari)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)


O JAPONÊS VEM AÍ 

Foto: Motorsport.com


Pelo jeito, é questão de tempo que a Fórmula 1 volte a ter um japonês no grid. Ausente desde a saída de Kobayashi na Caterham em 2014, a impressão ganha ares de quase certeza porque não foi qualquer um que falou, foi Franz Tost, o chefão da Alpha Tauri.

Trata-se de Yuki Tsunoda, de 20 anos de idade, campeão da F4 japonesa e piloto que conta com o apoio tanto da Honda quanto da Red Bull. Ou seja, é mais do que ideal que se encaixe na filial Alpha Tauri em breve. 

Atualmente em quarto na F2, o desempenho de Tsunoda impressiona Franz Tost, que afirmou que o jovem vai receber uma chance na equipe "cedo ou tarde".

“Acima de tudo, Red Bull e Honda apoiam o Tsunoda porque ele é um piloto fantástico. É um piloto muito talentoso, muito habilidoso, e isso já ficou claro na Fórmula 3 ano passado. Na Áustria esse ano [na F2] eu me lembro que ele estava liderando na chuva, mas infelizmente entrou tarde demais nos boxes por algum problema no rádio. Ele trocou os pneus tarde demais e terminou em segundo, mas aí chegamos em Silverstone e ele venceu.

“Ele está melhorando suas performances. Ele está cada vez mais experiente e, claro, cedo ou tarde o espero em um carro da AlphaTauri”, destacou.

A declaração de Tost vem num timing interessante, pois dias antes Helmut Marko, o consultor da Red Bull, afirmou que "Daniil Kvyat não está andando como esperávamos". Dos 14 pontos da Alpha Tauri no campeonato, 12 foram marcados por Pierre Gasly.

 Conhecendo Marko, não seria loucura considerar mais uma troca de pilotos em meio a uma temporada, mesmo em um ano atípico, o que significaria mais uma demissão de Kvyat. Bom, o que fica claro é que nem Tost está satisfeito com o russo e que é questão de tempo para Tsunoda chegar à F1. Credenciais técnicas e de bastidor ele possui, e de sobra. O japonês vem aí.

BANDEIRA BRANCA

Foto: Getty Images

Depois de protestos em todas as corridas da temporada, uma punição de 15 pontos e uma multa de 400 mil euros (R$ 2,5 milhões), a Renault finalmente pediu à FIA para retirar os protestos contra a arqui-inimiga Racing Point. O motivo? Os objetivos foram atingidos, principalmente após a assinatura do Pacto de Concórdia na semana passada.

“Além das decisões, os assuntos em questão eram vitais para a integridade da Fórmula 1 tanto durante a temporada atual quanto no futuro. Entretanto, um trabalho intenso e construtivo entre FIA, Renault e todos os acionistas da Fórmula 1 levaram a um progresso concreto para salvaguardar a originalidade do esporte com a ajuda das emendas feitas às Regras Esportivas e Técnicas planejadas para 2021, confirmando as exigências para se qualificar como Construtor.

“Alcançar nosso objetivo estratégico no contexto do novo Pacto da Concórdia era nossa prioridade. A controvérsia do começo da temporada deve ser colocada no passado, e precisamos focar no restante de um campeonato intenso e único”, disse a equipe francesa em nota.

As outras equipes acompanharam a Renault e pediram ampliação da pena. Helmut Marko foi mais além ao acusar a equipe rosa de ter recebido dados e desenhos da Mercedes. Bom, se a principal reclamante se deu por satisfeita, a tendência é que esse assunto seja finalmente esquecido, assim espero.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 132 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 95 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 89 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos
5 - Lance Stroll (Racing Point) - 40 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 40 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 39 pontos
8 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 32 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 23 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
11- Sebastian Vettel (Ferrari) - 16 pontos
12- Esteban Ocon (Renault) - 16 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 14 pontos
14- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 6 pontos
15- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 221 pontos
2 - Red Bull Honda - 135 pontos
3 - Racing Point Mercedes - 63 pontos
4 - McLaren Renault - 62 pontos
5 - Ferrari - 61 pontos
6 - Renault - 36 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 16 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO

















terça-feira, 25 de agosto de 2020

VÍDEOS E CURTINHAS #40

 

Foto: Alfa Romeo

Salve, pessoal! Notícia é o que não falta para este post, então vamos lá, sem enrolação:

- Apesar de Callium Ilott ser o líder do campeonato e o estreante Robert Shwartzman ser o segundo melhor piloto da academia da Ferrari na F2, a tendência mesmo é que Mick Schumacher esteja na F1 em 2021. Pelo que disse Mattia Binotto, a intenção, é claro, que o Schumaquinho comece na Haas ou na Alfa Romeo, equipes parceiras dos italianos. Talvez fosse uma decisão óbvia, mas Mick vem se mostrando um piloto apenas comum na F2. 

Como escrito antes, Ilott está merecendo mais e Shwartzman é muito mais talentoso. Enfim, Mick vai subir pelo sobrenome como todos sabiam. O mais engraçado é que se o alemão conseguir um resultado espetacular nas primeiras corridas, ninguém vai lembrar do "histórico na base". Sainz Jr e Vandoorne estão aí para lembrar disso.

Foto: Getty Images

E a Williams finalmente foi vendida. O anúncio foi na semana passada. O fundo de investimento americano Dorilton Capital efetuou a compra, sem valores divulgados publicamente. Oficialmente, a Williams deixa de ser uma garagista, o fim de uma era. Francamente, a Williams que todo mundo conhecia acabou com o fim da parceria com a BMW. O que vimos nos últimos 15 anos foi uma triste decadência que levou até esse momento. Com esse tal fundo de investimento e o papai Latifi bancando tudo, os ingleses pelo menos irão sobreviver. Eu fico pensando: o que leva um fundo de investimentos a comprar uma equipe de Fórmula 1? Como são um fundo, duvido muito que estejam no jogo só para lavar dinheiro. Eu aposto que, dentro de alguns anos, irão passar o negócio adiante recebendo menos do que gastaram.

Foto: Racer

- Jean Todt e Roger Penske em Indianápolis, no final de semana. O presidente da FIA disse abertamente que gostaria que a F1 voltasse para o Brickyard, onde teve provas entre 2000 e 2007. Tudo depende, é claro, da Liberty, que certamente deve achar mais interessante correr nas ruas de Miami... ah, além disso, aposto que aquela curva com esses pneus farofa iam causar muito temor em alguns telespectadores mais frescos... volta, Indianápolis!

Foto: FIA

A FIA anunciou as últimas quatro datas da temporada 2020. Como surpreendente, temos o retorno do GP da Turquia, ausente desde 2011 e sempre lembrado como o palco da primeira vitória de Felipe Massa, o maior vencedor nesse circuito. Além disso, teremos duas corridas no Bahrein (o GP do Bahrein e o GP de Sakhir), com a temporada se encerrando, é claro, em Abu Dhabi, no dia 13 de dezembro. Como escrito antes, é legal esse retorno a pistas esquecidas e que certamente nunca estarão de volta em situações normais. Seria bem legal se a Malásia retornasse. É um dos melhores traçados feitos pelo Tilke e faz falta no calendário. Confira as datas das corridas restantes na temporada 2020:

30/08 - GP da Bélgica
06/09 - GP da Itália
13/09 - GP da Toscana (Mugello)
27/09 - GP da Rússia
11/10 - GP de Eifel (Nurburgring)
25/10 - GP de Portugal
01/11 - GP de Emília-Romagna (Ímola)
15/11 - GP da Turquia
29/11 - GP do Bahrein
06/12 - GP de Sakhir
13/12 - GP de Abu Dhabi

Foto: Getty Images

Dono de uma boate na Sardenha, ele mandou reabrir em meio a pandemia. Lá, 60 pessoas, entre frequentadores e infectados, foram infectados com o covid. Depois, foi jogar bola numa pelada, sendo um dos jogadores Sinisa Mijalhovic, atual técnico do Bologna, que depois também esteve com covid.

Aos 70 anos, Flavio Briatore está internado em um hospital em Milão em estado grave em decorrência do coronavírus. Não duvide da gripezinha. Melhoras ao chefão, um dos malvados favoritos da história da F1.

Vídeos: hoje faz 35 anos da última vitória de Niki Lauda. Aproveite!

Como essa semana é o Grande Prêmio da Bélgica, impossível não postar a histórica ultrapassagem de Mika Hakkinen em Michael Schumacher há vinte anos:




Até!


domingo, 23 de agosto de 2020

SAMURAI SATO

 

Foto: CBS

No atípico ano de 2020, as 500 Milhas de Indianápolis aconteceram sem público e no penúltimo domingo de agosto. Tudo muito diferente, além da primeira edição com o horroroso Aeroscreen. Com a perda aerodinâmica, foi uma prova de poucas emoções e baseada na estratégia e, claro, nas amarelas.

Muitos novatos foram ao muro. Na ponta, o motor Honda dominava as ações. Dixon liderou boa parte das 200 voltas, seguido de perto por Sato e Rossi, com O'Ward, Rahal e Sato colados. Em uma das trocas, Rossi bateu em outro carro nos boxes e foi punido. Ao tentar escalar o pelotão, encontrou o muro. 

No último quarto da prova, na última rodada de pit stops, Sato parou antes de Dixon e, numa ultrapassagem por fora, começou a aumentar o ritmo. O neozelandês tentou atacar mas foi muito bem defendido pelo japonês. A corrida prometia um final eletrizante para essa disputa mas, faltando cinco voltas, Spencer Pigot, companheiro de Sato na RLL, bateu forte na quina do pitlane e, diante do estrago, não havia mais tempo para nada.

Segunda vitória do japonês no Brickward, conquistadas nas últimas quatro edições, a primeira da RLL desde 2004, quando Buddy Rice venceu. Apesar do gosto amargo de liderar a maior parte do tempo e mesmo assim não conseguir o segundo triunfo na Indy 500, Dixon aumentou a vantagem e se encaminha para o hexacampeonato na Indy. Graham Rahal foi o terceiro, seguido por Santino Ferrucci, com Newgarden em quinto (a primeira Chevrolet) e Pato O'Ward em sexto.

Foto: F1Mania

Uma das atrações, Alonso em nenhum momento flertou com a vitória, sequer com o primeiro pelotão. Largando em 26° com um carro muito ruim e um motor inferior ao da Honda (ah, a ironia do destino...), também teve problemas com a embreagem e levou uma volta do vencedor. Ao menos, dessa vez, o espanhol conseguiu largar e terminar a prova que ainda lhe resta para conquistar a Tríplice Coroa. Ao que tudo indica, esse sonho está adiado no mínimo até 2023, pois Alonso deixou claro que agora os próximos dois anos serão de foco total na Renault na F1. Valeu a tentativa e a experiência.

Os brasileiros Helio Castroneves e Tony Kanaan também disputaram a prova. No provável último ato com a Penske, Helinho foi o 19° e Tony, também em turnê de despedida, foi o 19°. Ficaram longe do primeiro pelotão, mas quem se importa? O problema é que, depois deles, não há mais nenhum brasileiro na categoria...

É louco pensar que se não fosse a afobação com Dario Franchitti em 2012, Sato agora teria 3 Indy 500 em casa, o mesmo número de Castroneves, por exemplo. Duas vitórias para o japonês que, aos 43 anos de idade, mostra que o auge pode sim ser mais tarde e em outras circunstâncias. Ele continuou dedicando o triunfo para o povo japonês e os acontecimentos do terremoto de quase uma década, em 2011.

Em um ano atípico, uma vitória normal. Uma pena que não houveram testemunhas oculares no Indianapolis Motor Speedway para saudar o Samurai Sato. Ele merece e muito.

Até!



segunda-feira, 17 de agosto de 2020

A QUESTÃO RED BULL: Parte 2

Foto: Getty Images

 Retomo a questão de duas semanas atrás porque ela vale a discussão, principalmente depois do acontecido de ontem. Sim, é verdade que o tailandês nascido e criado na Inglaterra não se ajuda, mas a Red Bull nem esconde que ele ou qualquer outro jovem que está na matriz serve apenas para engordar o cartel de Max e se queimar no médio/longo-prazo.

Usaram Albon de cobaia para Max. Anteciparam a parada e colocaram os pneus duros. Depois de algumas voltas, onde ficou evidente que aquilo não daria nada, é que pararam o holandês enquanto este esbravejava diante dos pneus se esfarelando. Claro que Max é a prioridade, mas Albon teve sua corrida terminada ali praticamente, chegando apenas em oitavo.

Sem contar a diferença de performance. Parece que são 3 Alpha Tauri e uma Red Bull. Se pudesse, os taurinos só colocariam Max na equipe principal. Tirando ele, Ricciardo e Vettel, todo mundo que ali chegou foi tostado sem dó nem piedade. A questão aqui é simples: Gasly parece andar melhor na Alpha Tauri do que na Red Bull. Não parece no mínimo estranho? Ele, Kvyat, Albon... que Max é melhor ninguém duvida, mas será que os três são realmente "idiotas" perto do holandês, como disse George Russell?

Não há ninguém na academia de pilotos que possa superar o trabalho desses três no momento, então o que fazer: demitir todo mundo e cada um brincar de segundo piloto da Red Bull a cada seis meses? Não seria melhor acabar com a Alpha Tauri, que só serve pra isso, e contratar um segundo piloto experiente que faça justamente isso que Albon faz mas de um jeito melhor, tipo um Pérez ou um Hulkenberg?

É simplesmente constrangedor e irritante ver carros razoáveis sendo desperdiçados por decisões políticas nefastas. Max não precisa disso e a própria Red Bull perde tempo e dinheiro com esse messianismo puro.

Até!

domingo, 16 de agosto de 2020

HAMILTON É TIPO...

 

Foto: Getty Images

Lewis Hamilton largou na pole e venceu sem dificuldades o Grande Prêmio da Espanha. Agora, ele está a três de igualar com Michael Schumacher e hoje tornou-se, isoladamente, o piloto com mais pódios na história da categoria: 156. Se pudesse, já encerrava por aí o texto.

Max Verstappen conseguiu, mais uma vez, se colocar entre as Mercedes, graças a uma péssima largada de Valtteri Bottas. Hamilton não tem concorrentes. Bottas não dá. De brinde, por ser inofensivo, umas vitórias inúteis aqui e acolá e mais um ano inflando números no carro poderoso. Max, por outro lado, segue sendo a única esperança de algo diferente, mas nessa pista...

Em condições normais, Barcelona é uma pista horrível. O traçado é ruim e, nesse calor, era óbvio que não ia sair nada. Em tantos anos de Fórmula 1, dá pra contar nos dedos quantas corridas decentes tiveram por lá. Pista de testes não sai nada. Seria um favor se saísse definitivamente do calendário, por mais tradicional que seja.

No retorno de Pérez na Racing Point, o mexicano teve um bom quinto e uma punição ridícula de cinco segundos porque não deu passagem para Hamilton, junto com Kvyat. Sorte que isso não comprometeu o resultado final. Largou mal e chegou atrás de Stroll, sempre um desastre. Será que a Racing Point é somente um carro veloz nos sábados ou falta um piloto diferenciado para os domingos?

Sainz se recuperou e dominou Norris na corrida caseira. Atrás dele, Vettel, contra tudo e todos, apostando em uma parada para chegar em sétimo. Leclerc, que certamente teria esses pontos, sofreu com o motor e foi o único a abandonar. Vettel continuou muito inferior ao monegasco, não há chassi que resolva. Dessa vez, pelo menos, teve os pontos.

Albon, sempre sacrificado e cobaia para Max, podia fazer algo melhor, mas vendeu a alma para o capeta... não adianta reclamar. A impressão é que tanto ele quanto Gasly, o nono, rendem mais na Alpha Tauri do que na equipe matriz. Por que será? Parece que existem 3 Alpha Tauri (ou Toro Rosso, como queiram) e uma só Red Bull de tão discrepante a diferença de performance entre Max e o restante de seus colegas. Como diz Russell, não é possível que todos eles pareçam idiotas guiando nesse contexto. Norris fechou o top 10.

A Renault foi uma decepção e deu alguns passos atrás. O resto foi a mesma coisa de sempre. Em uma corrida com um deserto de ideias e sem competição, apenas os três primeiros não levaram uma volta de Lewis Hamilton.

É até bom que agora tenha uma pausa de uma semana no calendário depois dessa corrida horrível. Hamilton, para o alto e avante, é tipo metade homem, metade incrível, sem dúvida alguma. Seria bom se tivesse alguma competição, mas que culpa ele tem? Hamilton é tipo, em breve, o maior da história.

Confira a classificação final do GP da Espanha:


Até!



sexta-feira, 14 de agosto de 2020

BARCELONA 50 GRAUS

 

Foto: Getty Images

Essa foi a temperatura da pista na tarde de Barcelona durante os treinos livres no circuito catalão, atípica para os padrões da F1 porque sempre, nessa época, a categoria está de férias para se refrescar do caloroso verão europeu. Além disso, geralmente a corrida na Espanha é em maio e não estava no calendário "normal" da F1, entrando na jogada graças aos desdobramentos da pandemia.

Na pista, mais do mesmo. Mercedes na frente, Max atrás, Ferrari tentando se encontrar, McLaren com menos ritmo, Racing Point um pouco mais tímida e duas novidades: Ricciardo e Grosjean. Tempos de sexta são ilusórios, mas ambos andaram bem na sexta-feira. Pode ser um alento, principalmente pro australiano se despedir da equipe francesa com um pódio e forçando o mala Abiteboul a fazer uma tatuagem, perdendo a aposta.

A grande notícia dos últimos dias foi a FIA banindo o "modo festa" do motor da Mercedes a partir do treino do GP da Bélgica, daqui duas semanas. Em tese, é óbvio que as equipes com motor alemão serão prejudicadas mas, no caso da matriz, não muito. Se agora eles são muito mais rápidos, agora eles serão apenas rápidos. Mesmo com limitações, eles seguem melhores que a concorrência.

Sérgio Pérez está de volta, pressionado por resultados diante do crescente burburinho envolvendo Vettel e Racing Point. Hulkenberg sem ritmo já mostrou que Stroll continua fraco, então... 

No calor espanhol, a expectativa é que a temperatura quente, que dificulta no ritmo de corrida os pneus da Mercedes, possa gerar alguma emoção e imprevisibilidade tal qual na semana passada. É o que Max precisa para sonhar. 

Confira a classificação dos treinos livres para o GP da Espanha:




quinta-feira, 13 de agosto de 2020

GP DA ESPANHA: Programação

 O Grande Prêmio da Espanha entrou definitivamente no calendário da Fórmula 1 em 1968. Desde então, já foi disputada em 4 pistas: Jarama, Montjuic, Jerez e Montmeló (desde 1991).

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Daniel Ricciardo: 1:18.441 (Red Bull, 2018)
Pole Position: Valtteri Bottas - 1:15.406 (Mercedes, 2019)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1995, 1996, 2001, 2002, 2003 e 2004)

PENSANDO NA NORMALIDADE

Foto: Getty Images

Em um ano atípico, a F1 ainda pensa no hoje e no amanhã para cumprir a temporada. Oficialmente, só existem corridas datadas até 1° de novembro, no GP de Emília-Romagna, em Ímola. No entanto, isso não quer dizer que o futuro está em desleixo. É o que garante Chase Carey, presidente da Liberty Media.

Segundo o bigodudo, a ideia de 2021 é que a categoria tenha 22 etapas, o que seria o plano original de 2020. O anúncio, todavia, deve demorar a ser oficializado porque os acordos e negociações precisam ser colocados de forma definitiva no papel.

“Estamos planejando um 2021 que parece muito com o que esperávamos ter no começo do ano. E então, obviamente, qualificamos que não temos melhor visibilidade do que ninguém sobre como esse vírus vai se parecer à medida que avançamos.

“Eu acho que é importante perceber que estamos há cerca de cinco meses no vírus, e ainda faltam sete meses para nossa temporada em março. Portanto, há muito tempo, as conversas para vacinas, tratamentos, testes e coisas do gênero seguirão evoluindo. Vamos correr em 22 países, então lidamos com uma variedade de questões, mas estamos planejando 2021 com o que se parecia, provavelmente será um calendário de 22 corridas”, disse.

Dessas 22 etapas, 4 tem um futuro indefinido. Brasil, Espanha, China e Áustria ainda não tem contratos para 2021. Portanto, diante dessa lógica, seriam as prioridades para desatar os nós restantes.

22 corridas é um número muito elevado. Antigamente, achava o máximo de "quanto mais corrida melhor". É cansativo para quem trabalha no circo e também para os telespectadores. É quase meio ano destinado para a F1. Cansa. A lição involuntária que o covid deixou, portanto, é a diminuição do número de etapas para justamente valorizar o espetáculo, não banalizá-lo, e também correr em lugares diferentes mas com alguma tradição em automobilismo. Interlagos deveria ser a prioridade, mas a prática é outra.

É complicado imaginar o futuro. O vírus parece ter estabilizado as diminuições na Europa e Oceania, mas nas Américas ainda é um grande problema logístico. É melhor continuar assim: tratando um dia de cada vez, sem queimar etapas.

EMPOLGOU
Foto: Getty Images
Nada como uma vitória para animar o ambiente... se antes o temor era da Mercedes ganhar sem maiores dificuldades, uma corrida depois já há gente sonhando que sim, é possível desbancá-los.
E não é uma pessoa ou torcedor qualquer que disse isso e sim Helmut Marko, o consultor da Red Bull. Para o austríaco, as coisas estão indefinidas, mas algo é certo: os taurinos precisam melhorar nos sábados para terem mais chances de brilhar aos domingos.

“Ainda temos alguns problemas no carro, mas a diferença para a Mercedes está cada vez menor, e o título não está decidido. Devemos melhorar em classificação, que é nossa deficiência agora. Muita gente se esquece de que quase vencemos a primeira corrida do ano e quase vencemos na semana passada. Faltou ter furado o pneu de Hamilton um pouco antes. Agora, Max é o segundo no Mundial, de modo que tudo é possível. Isso só nos faz forte. Não vejo motivo para não termos sucesso”, disse para a Sky Sports.

Toto Wolff, da Mercedes, segue pelo mesmo caminho e aproveita para responder aqueles que acreditavam que os alemães não possuem concorrência em 2020.

"Eu meio que gostei da situação porque todos estavam falando: ‘Ah, vai ser um passeio no parque da Mercedes’. E não foi um passeio no parque. Certamente, não éramos o carro mais rápido, talvez nem mesmo o segundo carro mais rápido. Vimos no passado que o calor, de alguma maneira, não combina com o nosso carro, mas é muito mais complexo. Provavelmente, temos o pacote mais rápido, mas o pacote mais rápido também envolve mais downforce, e mais downforce significa exigir mais dos pneus. 

Neste aspecto, temos de aprender a ajustar o carro para ajudar os pneus a sobreviverem um pouco.
Estou curioso para ver como vamos nos sair em Barcelona. Temos alguns dias para entender, e nada melhor que um grande desafio. Abraçamos o desafio, amamos a briga e eles são concorrentes fortes. E Max é um piloto muito bom. Se você levar em consideração que eles abandonaram com seus dois pilotos no começo da temporada, essa diferença não é tão grande. Seria somente 5 pontos atrás e não 30. Talvez, tenhamos mais 10 corridas pela frente. Os abandonos podem rapidamente fazer os pontos oscilarem, e sim, pode ser muito mais interessante do que muita gente temia há duas semanas”, disse o alemão.

Christian Horner, chefão da Red Bull, é mais cauteloso. A vitória dá ânimo sim para a Red Bull, no entanto, segundo o dirigente, é necessário mais corridas para entender se há briga de fato ou foi apenas uma exceção em virtude dos pneus mais duros e calibrados.

É difícil dizer. Acho que a Mercedes teve um desempenho inferior [no domingo] na comparação com as últimas etapas, então acho que ainda vamos ter algumas corridas antes de termos uma imagem mais clara disso. Estamos tendo um desempenho ruim aos sábados, onde lutamos por décimos com Racing Point e a Renault neste fim de semana, e depois os superamos na corrida. Temos muito a entender, mas é bastante encorajador ter esse desempenho [na corrida]. É uma recompensa por todo o trabalho duro que estamos fazendo”, falou.

Muita calma nessa hora, já dizia o poeta. Agora, parece ter sido mais uma exceção do que uma regra. É a famosa diferença de percepção diante dos fatos mais recentes. São necessárias repetições e um pouco de distanciamento, sem emoção, para elaborar um panorama convincente. Aguardemos.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 107 pontos
2 - Max Verstappen (Red Bull) - 77 pontos
3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 73 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos
5 - Lando Norris (McLaren) - 38 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 36 pontos
7 - Lance Stroll (Racing Point) - 28 pontos
8 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 22 pontos
9 - Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
10- Esteban Ocon (Renault) - 16 pontos
11- Carlos Sainz Jr (McLaren) - 15 pontos
12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 12 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 10 pontos
14- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 6 pontos
15- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 180 pontos
2 - Red Bull Honda - 113 pontos
3 - Ferrari - 55 pontos
4 - McLaren Renault - 53 pontos
5 - Racing Point Mercedes - 41 pontos
6 - Renault - 36 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 14 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO:
















terça-feira, 11 de agosto de 2020

O NÚMERO 21

 

Foto: Motorsport Images

Em um ano atípico, surgem problemas e soluções também atípicas. Nesse caso, isso não quer dizer que são necessariamente inéditas e inovadoras, muito pelo contrário, ao menos na F1.

No futebol, existem os jogadores "polivalentes", que exercem mais de uma função tática e podem jogar em diferentes posições, ajudando os treinadores como uma espécie de "coringa". Isso não significa, é claro, que todos esses atletas sejam muito bons, pelo contrário, instiga ainda mais o debate e a desconfiança, principalmente dos torcedores.

Na Fórmula 1, existe um caso raro, quer dizer, nem tão raro assim. Ultimamente, muitos jovens pilotos que despontaram como promessas não conseguiram vingar. Stoffel Vandoorne é um exemplo. Outros, mais discretos, desabrocharam na hora certa e, com uma pitada de sorte, é claro, encontram-se em boas situações, como Carlos Sainz Jr e Alexander Albon.

Nico Hulkenberg está no meio do caminho. Campeão da GP2 em 2009, chegou com moral na Williams e fez até pole, mas não foi o bastante para permanecer na categoria em 2011. Reserva, foi efetivado pela Force India e voltou a brilhar com desempenhos consistentes e liderou boa parte daquele GP do Brasil que, num erro, colocou tudo a perder. O conceito do alemão era claro: em um carro melhor, daria trabalho. Desde então, sempre foi um nome ventilado para se transferir para uma equipe maior.

No entanto, mesmo com as especulações e a consistência, faltava algo para Nico: um resultado mais robusto. Infelizmente para ele, isso não aconteceu na F1, diferentemente de Le Mans, onde o destino lhe sorriu.  Com o passar do tempo, a novidade e o talento de um futuro pretendente a algo grande se esvaiu, mesmo na Renault, onde foi superado por Ricciardo. Sem patrocínio, "velho" e desgastado, Hulk deixou a F1 sem deixar saudades.

O Covid mudou tudo e Hulk voltou por duas corridas, a princípio. Mesmo sem ritmo e condições físicas ideais, mostrou que é capaz de andar bem num carro bom e que, portanto, merece uma vaga no grid. Inclusive diz que negocia e recebe algumas sondagens de outras equipes do grid. 

Tudo isso para dizer que, diante de uma nova, inesperada e até triste perspectiva, de pilotos que talvez possam se ausentar por motivos de covid maior, Hulkenberg é o coringa ideal para qualquer equipe em qualquer circunstância, principalmente o lítigio público entre Vettel e Ferrari. É difícil dizer que Nico poderia fazer algo melhor (lembrem-se de Fisichella na Ferrari em 2009), mas seria uma compensação do destino para o talentoso piloto que, mesmo com quase 200 GPs, parece ter ficado no meio do caminho.

Em 2020 e em tempos de crise, Nico Hulkenberg é o piloto número 21, pronto para aproveitar qualquer oportunidade que apareça. O faz tudo, o polivalente, o super trunfo. É o prêmio de consolação para quem, com talento, ainda merecia estar no circo, mesmo que agora não em alguma equipe tão competitiva.

Até!

segunda-feira, 10 de agosto de 2020

DOIS PASSOS DO FIM

 

Foto: Getty Images

Mais um capítulo da última temporada de Vettel na Ferrari. Uma coisa melancólica comparável a Game Of Thrones. Nunca assisti a série, mas são esses os comentários que eu li. Comparando a algo que tenha assistido ultimamente, poderia ser também a temporada final de House Of Cards, sem Kevin Spacey, mas enfim, vocês entenderam.

Se antes o tratamento era de primeiro piloto e o status de "a grande esperança", agora Vettel virou aquela figura indesejável no ambiente onde ninguém tem coragem de expulsá-lo mas estão todos torcendo para que saia de lá o mais rapidamente possível. Sequer foi procurado para discutir uma possível renovação. Um tetracampeão do mundo dispensado por telefone.

As coisas se deterioraram muito rapidamente, como a chegada e ascensão de Leclerc deixaram claros. A Ferrari tinha um novo queridinho, que entregava mais resultados, errava menos e ainda por cima era muito mais barato. Os problemas que se sucederam apenas adiaram o final inevitável, mas esse meio do caminho segue com nuances surpreendentes.

Ontem, o ápice. Vettel rodou e reclamou da estratégia da equipe ao ter parado nos boxes com apenas 10 voltas de pneu duro. A resposta: "se não tivesse rodado, não faríamos isso." Depois da corrida, Binotto disse que o alemão chegaria em 12° igual. Enquanto isso, Leclerc conseguia um ótimo quarto lugar.

Esses ataques públicos no rádio e na imprensa são a novidade. Chegou a um ponto insustentável. Como já foi dito e escrito, talvez seja melhor para os dois que as coisas acabem imediatamente. Qual a diferença de seguir até o final do ano? O carro é uma porcaria mesmo. Nesse caso, é claro, o problema maior seria da Ferrari para contratar um substituto que possa ser minimamente competitivo. Pior do que está não fica. 

E Vettel? Ir para a Racing Point/Aston Martin, que se mostra mais uma empresa familiar do que qualquer outra coisa, não parece ser uma boa. Pode servir apenas para engordar o cartel do filhote Stroll. Vale a pena um tetracampeão resolvido financeiramente se sujeitar a isso? Parece claro, olhando de fora, que Vettel precisa de um tempo. Quem sabe, se sentir falta da adrenalina, velocidade e competição, não consiga se reinventar em uma nova categoria a partir de 2022? É a aposta que precisa ser feita porque, nesse instante, Vettel está a dois passos do fim.

Até!

domingo, 9 de agosto de 2020

NO CONCEITO

 

Foto: Getty Images

A Mercedes é, nas CNTP, um segundo mais rápido que as demais. Para isso ser superado, é necessário que se crie alguma coisa diferente, seja um Safety Car, a chuva ou outra coisa. Na semana passada, os pneus em temperaturas quentes foram um pista que novamente se confirmou hoje.

Dessa vez não teve estouro, mas ficou claro que as Mercedes e sua cópia possuem maiores dificuldades de durabilidade com a temperatura da pista mais quente. Além disso, é claro, é preciso pensar diferente, ter uma estratégia. Foi isso que a Red Bull.

Com compostos mais duros depois da semana passada, os taurinos começaram a vencer a corrida no treino de sábado, quando escolheram a ousada tática de largar com os duros. Com os médios, as Mercedes rapidamente perderam terreno e Max passou a liderar, tomando as rédeas da prova.

A Mercedes tentou mudar de nível mas Max decidiu quando fez a segunda parada no mesmo instante que Bottas. Mesmo atrás, passou logo depois de sair dos pits e, com os pneus duros durando mais, venceu uma corrida calcada na estratégia.

Como desgraça pouca é bobagem, o pole Bottas ainda viu Hamilton esticar o stint, parar depois e com o pneus mais novo passou sem dificuldades o finlandês. Até quando não ganha Hamilton se dá bem, pois agora tem 33 pontos de vantagem no campeonato, começando a decidir o campeonato.

Se Max e a Red Bull merecem os louros pela estratégia e pilotagem, quem também precisa ser destacado é a “jovem fênix” Charles Leclerc. Também na estratégia, com um parada a menos, conseguiu um quarto lugar mágico para a realidade da Ferrari. Dizem que o carro é tão ruim que os pneus nem desgastam muito...

O capítulo Vettel x Ferrari ganhou mais um litígio evidente, um bate-boca público na transmissão. Vettel não se ajuda ao rodar na largada e ainda ter a sorte de sair ileso, mas o ritmo é muito fraco. Longe de pontuar, definitivamente foi relegado não só como um segundo piloto, mas também a uma figura incômoda na estrutura italiana. Como já escrevi, seria melhor um divórcio imediato do que esse constrangimento.

A opção que sobrou para o alemão hoje foi lastimável. Provando que é um carro veloz no treino e nem tanto na corrida, conseguiram hoje a proeza de parar Hulkenberg no final para que Stroll chegasse a frente. Repetindo: Hulk, que até semana passada tava sentado no sofá de casa, bastou duas semanas para ser mais rápido que o filho do pai. A simpatia e pobreza da Force India vira a antipatia da Racing Point/Aston Martin, uma empresa familiar. Não seria uma boa para Vettel servir apenas de escada para o garotão que é muito fraco. Trocaram o quinto e o sexto lugares por um sexto e sétimo pois Albon, em recuperação, conseguiu ainda dez pontos.

Largando de trás, Ocon também fez uma parada e conseguiu bons pontos, superando Ricciardo, que teve uma tarde infeliz. Norris e Kvyat completaram o top 10, com o russo também saindo de trás. Sainz também não foi bem.

Hamilton encaminha o título e mesmo sem a vitória sai com a sensação de lucro. Saiu atrás e superou Bottas. Na Fórmula Mercedes, o imponderável e as oportunidades precisam ser aproveitadas, e hoje Max Verstappen conseguiu, no conceito de estratégia, em inglês strategy...

Confira a classificação final do Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1:


sexta-feira, 7 de agosto de 2020

CRIME E CASTIGO?

 

Foto: Getty Images

A grande notícia do dia foi que a FIA aceitou as reclamações da Renault sobre a irregularidade dos dutos de freio da Racing Point e decidiu punir a equipe de Lawrence Stroll com a perda de 15 pontos no campeonato e uma multa de R$ 2,5 milhões. A decisão ainda cabe recurso.

No entanto, mesmo assim, o time rosa ainda vai poder utilizar os dutos de freio que adquiriu da Mercedes, segundo eles, antes da proibição. Ou seja: o crime compensa. Não há castigo. A punição é tirar os pontos que seriam equivalentes a um terceiro lugar numa corrida. Que precedente... mas se fizeram um acordo às escondidas com a Ferrari, isso não é nada inédito ou surpreendente.

A outra notícia é que Nico Hulkenberg está mantido para a corrida dessa semana. Pérez segue positivado com o covid. Tomara que dessa vez o rapaz consiga largar, já teve azar demais na carreira.

Na pista, tudo deve ser uma repetição da semana passada mas sem os pneus estourados. Disputas? Que disputas? Bom, vamos continuar aguardando o imponderável surgir. É o que restou.

Confira a classificação dos treinos livres para o GP dos 70 anos da Fórmula 1:



quinta-feira, 6 de agosto de 2020

GP DOS 70 ANOS: Programação

O Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1 é uma edição comemorativa dos 70 anos de existência da categoria. A corrida será realizada em Silverstone, palco onde tudo começou.

Foto: Getty Images

APENAS CHEFE

Foto: Getty Images
  
A Ferrari, em sua eterna reestruturação, continua com mudanças. Antes chefe e diretor técnico, Mattia Binotto deixou a segunda função, focando apenas na primeira.

Há duas semanas, a escuderia anunciou a criação do "Departamento de Performance", comandado por Enrico Cardile e com a presença de Rory Bryne, projetista nos tempos de Schumacher e que mais uma vez está de volta.

“Não sou mais diretor-técnico. Sou apenas o chefe da Ferrari”, disse Binotto à emissora alemã RTL.
Apesar das projeções pessimistas do presidente John Elkann de que a Ferrari só vai voltar a vencer em dois ou três anos, o agora apenas chefe garante que está todo mundo trabalhando duro para que esse mau momento seja superado o mais rápido possível.

A cada corrida, medidas são tomadas pelos passionais italianos. Mattia Binotto é apenas chefe agora, e por enquanto, mas não deveria. A parte técnica combina mais como a de alguém que toma decisões. Não parece ter o perfil para esse tipo de cargo.

CERCO FECHANDO?

Foto: Getty Images


As contínuas denúncias da Renault sobre a possível irregularidade dos dutos de freio da Racing Point podem ganhar um novo e importante capítulo.

Segundo Michael Schmidt, da Auto Motor und Sport, ex-funcionários da equipe rosa levaram informações para os franceses.

Obviamente, se isso for verdadeiro, essas pessoas certamente serão ouvidas no tribunal durante o julgamento. 

A Racing Point alega que adquiriu partes dos freios da Mercedes antes da FIA avisar que os dutos deveriam ser produzidos pelos próprios times.

“Durante uma visita a nossa fábrica, a FIA revisou toda a documentação sobre os nossos dutos de freio. No mesmo dia, compararam o desenho com o da Mercedes e fizeram seus comentários”, disse Andy Green, diretor-técnico da equipe.

No entanto, Nikolas Tombazis, diretor-técnico da entidade, negou a inspeção. Green respondeu que Tombazis não estava na inspeção e, depois do encontro, enviou para a FIA mais informações sobre os dutos de freio.

“Não se trata de esconder o desenho. Eles comentaram que a solução era igual à da Mercedes, e explicamos que isso é porque compramos dutos de ar de 2019, quando ainda era legal. Nossos advogados estão lidando com esse problema há algumas semanas e mandamos mais documentos para a FIA durante o fim de semana”, explicou.

Dependendo do que decidirem, talvez a dinâmica das forças no pelotão intermediário muda tudo. Além das punições, um carro enfraquecido com um piloto fraco, um com covid e outro fora de ritmo pode ser fatal para as pretensões esportivas e financeiras da Racing Point em 2020 além de, é claro, ser um aviso bem entendível para as demais equipes não tentarem tal "malandragem".

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 88 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 58 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 52 pontos
4 - Lando Norris (McLaren) - 36 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 33 pontos
6 - Alexander Albon (Red Bull) - 26 pontos
7 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 22 pontos
8 - Lance Stroll (Racing Point) - 20 pontos
9 - Daniel Ricciardo (Renault) - 20 pontos
10- Carlos Sainz Jr (McLaren) - 15 pontos
11- Esteban Ocon (Renault) - 12 pontos
12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 12 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 10 pontos
14- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
15- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 1 ponto
16- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 146 pontos
2 - Red Bull Honda - 78 pontos
3 - McLaren Renault - 51 pontos
4 - Ferrari - 43 pontos
5 - Racing Point Mercedes - 42 pontos
6 - Renault - 32 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 13 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO:







terça-feira, 4 de agosto de 2020

DESCARTADO


Foto: Getty Images

Todo mundo já esperava uma despedida melancólica de Vettel na Ferrari. Até aqui, não vem errando e/ou batendo, mas está bem atrás de Leclerc na classificação. O carro não ajuda mas mesmo assim o monegasco conseguiu dois pódios em quatro corridas. Com a Ferrari imersa no pelotão intermediário, o alemão não parece ter forças para lutar com McLaren, Renault e Racing Point.

No entanto, conhecendo o modus operandi da Ferrari e de qualquer organização envolvendo funcionários que já estão previamente de saída, a questão é maior: Vettel, outrora o homem que seria o responsável pelo ressurgimento da escuderia tal qual Schumacher, agora parece ser um elemento incomodante no ambiente ferrarista, um estranho no ninho, uma figura dispensável, típica de um fim de relacionamento.

O alemão percebeu isso, que está nítido. O silêncio no rádio após a linha de chegada quando a equipe comentou o pódio de Leclerc mostra bem isso. Rapidamente, somado aos erros, parece que ninguém lembra do que Vettel é capaz ou de sua biografia, provando que na F1, de fato, as vezes você é o que apresenta na última corrida.

Nos últimos dias, o alemão, sem compromisso com nada e analisando o futuro, falou sobre esse período incômodo e constrangedor que vai viver até dezembro. Ele reclama do carro, que é ruim, e tem dúvidas sobre sua capacidade, o que é normal. Entretanto, ele também revelou que, durante a passagem pela Ferrari, sentiu que não tinha o apoio necessário para realizar o trabalho no qual foi contratado.

Pois bem, aí eu discordo. A Ferrari renovou por várias temporadas com um Raikkonen visivelmente abaixo das capacidades e transformou o último campeão mundial pela equipe em um segundo piloto de luxo de Vettel. Apoio não faltou, ao menos até 2019, onde o alemão, mesmo em baixa, ainda tinha prioridade diante do novato Leclerc, mas aí os resultados foram indefensáveis.

A verdade é que sim, olhando de fora e talvez com base com o que próprio alemão diz, Vettel foi descartado e está sendo tratado como se fosse um, apenas esquentando o banco que Carlos Sainz irá sentar nos próximos meses. É muito pouco para um tetracampeão, até uma falta de respeito, mas é assim que as coisas são.

Talvez não seja uma má ideia seguir a dica de Irvine. Melhor do que o constrangimento e se arrastar no grid enquanto Leclerc tira coelhos da cartola, talvez seja melhor Vettel se livrar disso tudo imediatamente para o seu próprio bem, tanto no pessoal quanto no profissional. Talvez alguns meses de respiro possam ser suficientes para dar um sossego e descanso para que o competidor ressurja com mais força para a etapa final da vitoriosa carreira.

Até!


segunda-feira, 3 de agosto de 2020

A QUESTÃO RED BULL


Foto: Getty Images

Historicamente, já se mostrou inviável a presença de dois competidores de alto calibre na mesma equipe ou em pé de igualdade. Os efeitos são catastróficos, mesmo que o objetivo principal seja atingido. Exemplos não faltam e vocês já conhecem, assim como o contrário: a moda, agora, são os pilotos A e B. 

A última equipe grande que resistiu a esse modelo foi a Red Bull que, no passado, fez o mesmo com Vettel e Webber, até a surpreendente ascensão de Daniel Ricciardo e a chegada da promessa Max Verstappen. Em pouco tempo, o holandês já foi alçado para primeiro piloto, mas faltava combinar com o australiano. Embates na pista e declarações na imprensa deixavam claro que a preferência era por Max. Ricciardo entendeu e seguiu a vida. No entanto, no último ano com os taurinos, teve uma série de abandonos e finalmente foi superado por Max nos pontos.

Desde então, mesmo com uma academia de pilotos feita para isso, é difícil acomodar um outro piloto por lá. Mesmo seduzido em um carro que em tese briga por pódios, a realidade é dura: um segundo piloto. Max é melhor que todos que já enfrentou desde então: Sainz na Toro Rosso, Gasly e agora Albon. A questão é, como disse o "filósofo" George Russell duas semanas atrás: por que eles parecem idiotas quando vão para a Red Bull?

Kvyat conseguiu dois pódios e superou Ricciardo em pontos em 2015 mas já estava marcado justamente pela ascensão de Max. Gasly subiu porque não havia candidatos após a saída de Ricciardo e vimos o que aconteceu. No entanto, bastou voltar para a Toro Rosso para fazer um pódio. Correr "sem pressão" não é o suficiente. Até Kvyat conseguiu pódio ano passado e nesse ano está na bola sete outra vez.

Albon agora é o bola da vez. Sem nenhum pódio ainda na Red Bull, foi prejudicado por Hamilton nas oportunidades que surgiram. Ultimamente tem errado muito em batidas e treinos ruins, o que compromete o resultado nas corridas. A questão é: a academia de pilotos dos taurinos é tão ruim para que quase ninguém consiga se manter por lá muito tempo ou existe algo de errado? 

Se derrubar o tailandês nascido na Inglaterra, quem será o próximo? Gasly e Kvyat já tiveram a chance. Vão subir o Sette Câmara ou recontratar Vettel? O que esse segundo carro da Red Bull tem que ninguém consegue sequer acompanhar Verstappen?

Essa questão lembra muito a Benetton nos tempos áureos de Schumacher. Enquanto ele era bicampeão, o alemão chegou a ter três companheiros de equipe em 1994: J.J. Lehto, Jos Verstappen e Johnny Herbert, efetivado em 1995 e claramente muito abaixo de Schummi, tanto como piloto mas também nos resultados. Nos dois casos, parece que são carros diferentes com a mesma pintura de tão discrepante que chega a ser as performances.

A Red Bull aposta todas as fichas em Max para sair da fila. É o correto, mas também existe a outra questão: ele não vai ser capaz de ganhar sozinho. É necessário um piloto que também tente roubar ponto das grandes e isso não existe desde Ricciardo. Essa é a questão Red Bull a se pensar nesse modo de gestão: até que ponto vale a pena sacrificar quase tudo em prol de um piloto se ainda não há margem para enfrentar a Mercedes? Mas também, o que deve ser feito nesses casos? 

O que sabemos é que essa estratégia, pelo jeito, não funciona.

Até!

domingo, 2 de agosto de 2020

O QUE FICA PARA A ETERNIDADE


Foto: Getty Images

A Mercedes é um carro muito superior aos demais, que também pioraram, tirando a cópia rosa. A corrida depois dos Safety Car causados pela batida de Albon e Magnussen e o erro de Kvyat, em uma batida e tapa no câmera, estava um saco. Nada de interessante, tudo definido. Até que surge o imponderável, como quem não quer nada.

Não basta perder três corridas seguidas e se afastar do sonho do título. O pneu dianteiro esquerdo de Bottas estoura, e não basta estourar, tem que ser logo após ele ter cruzado os boxes, percorrendo uma volta inteira com três rodas. 18 pontos jogados no lixo. Na sequência, o sortudo da vez foi Carlos Sainz, que vinha herdando um ótimo quarto lugar. Parece que é uma espécie de ritual para se acostumar com a Ferrari a partir do ano que vem.

Depois, quem diria, a outra Mercedes também teve um estouro no dianteiro esquerdo, repetindo as corridas de 2013 e 2017, onde o tal pneu é bastante exigido pelas curvas. Dessa vez, isso se acentuou com a alta temperatura da pista, maior que o normal, realizada no verão na Inglaterra e também pelo fato de todos terem parado cedo após o Safety Car e seguido até o final.

O que fica para eternidade é que Hamilton, mesmo colocando um segundo por volta nos concorrentes e com uma vantagem de 40 segundos para Verstappen, venceu guiando por meia volta um carro com apenas três pneus funcionando. O requinte de crueldade para a Red Bull é que, após o problema em Bottas, Max parou. Do contrário, teria vencido. No entanto, é fácil cornetar a decisão só agora. Mesmo que Bottas tenha aberto um precedente, seria impensável imaginar acontecer a mesma coisa com Lewis segundos depois. Mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

Foto: Getty Images

No terceiro lugar, mais um aproveitamento especial de Charles Leclerc. Em uma Ferrari em crise e capengando, ele aproveita as chances que têm e consegue dois pódios em quatro corridas. Enquanto isso, Vettel sofreu para marcar um mísero pontinho... não sei até que ponto os italianos já largaram de vez a mão com o alemão para priorizar o monegasco, futuro e presente ferrarista.

Na melhor corrida do ano, a Renault consegue ótimos 20 pontos com Ricciardo e Ocon, quase um pódio. A corrida foi melhor que o imaginado para a McLaren, uma pena o azar com o espanhol. A batata de Albon começa a assar, igual Kvyat, o acidentado. A questão da Red Bull número 2 é um problema histórico. Gasly, por outro lado, conseguiu pontos importantes em uma boa atuação com a Alpha Tauri.

Com Haas e Alfa Romeo enfiados na rabeira, Raikkonen terminou em último. Parece uma turnê de despedida, e bem melancólica por sinal. Na Racing Point, falta piloto, e Hulkenberg é muito azarado, impressionante. Nem largar com um carro bom ele pôde.

Corrida chata, Mercedes inalcançáveis e vantagem absurda. Isso tudo é verdade mas, para sempre, essa vai ser a corrida onde Hamilton venceu se arrastando no final, mesmo que tudo da linha anterior seja corretamente citado. Afinal, é o diferente, o espetáculo e o heroico é que ficam para a eternidade e assim a história é desenhada para cunho popular. Os números? Esses sim são inquestionáveis: 91 poles e 87 vitórias. A caminho de ser o maior da história. Lewis Hamilton, aquele que já está na eternidade.

Ah, e convenhamos: duas corridas seguidas nessa Silverstone... só com uma chuva de leve na causa, do contrário... haja pneu estourado para dar emoção. Isso também fica para a eternidade.

Confira a classificação final do GP da Inglaterra:


Até!