segunda-feira, 25 de outubro de 2021

VOLTANDO AOS POUCOS?

 

Foto: Soy Motor

Uma briga que fica em segundo plano mas é interessante de se destacar nessa reta final é McLaren e Ferrari, tentando retomar o protagonismo, disputando o terceiro lugar nos construtores.

O retorno da parceria com a Mercedes fez os ingleses continuarem em franca evolução, com cada vez mais pódios e o grande salto esse ano: pole e vitória. Norris faz uma temporada excelente, mas quem cruzou em primeiro lugar foi Ricciardo. O australiano faz uma temporada muito abaixo da expectativa, mesmo vencendo, e sua inconstância ameaça a posição da equipe de Woking, apesar da evolução nas últimas etapas.

A Ferrari, por sua vez, entendeu que virou um carro de meio de tabela mas tem como grande trunfo o talento de Leclerc e a constância de Sainz. Conseguiram poles e pódios, mas no geral os italianos são inferiores, ou eram. Nesse final de temporada, a Ferrari atualizou o motor do ano e encostou na McLaren. Com maior equilíbrio na pista e no desempenho dos pilotos, o terceiro lugar nos construtores vira um grande alento para o futuro das duas maiores escuderias da F1.

É claro que é impossível fazer qualquer prognóstico para o ano que vem, quando uma nova F1 surge. No entanto, mais dinheiro com a implementação do teto orçamentário é sempre bem vindo. Como os pilotos serão os mesmos, Ferrari e McLaren brigam juntas entre si e lutam para voltar a incomodar Red Bull e Mercedes, como era no início da década.

A F1 clama pelas duas equipes mais populares retornarem para o lugar de grandeza. A Williams aos poucos se reestrutura também, então é um momento de ascensão e esperança para o trio de ferro da categoria.

Será o prenúncio de um retorno?

Até!

domingo, 24 de outubro de 2021

OS PEQUENOS DETALHES

 

Foto: Getty Images

Austin é um circuito previsível, sem grandes mudanças ou surpresas em ritmo de corrida. O que acontece no sábado, geralmente se repete no domingo. A surpresa foi justamente na véspera. A Mercedes, que parecia melhor acertada na sexta, sofreu mais um duro baque. Numa pista que teria a vantagem, Max foi pole e Hamilton estaria sozinho contra ele e Pérez, pois Bottas largaria atrás diante de mais uma punição.

Nada disso desanimou Hamilton, que precisava ser agressivo na largada e foi, assumindo a liderança. A Mercedes, com os pneus médios, tinha um ritmo melhor, mas Max não desgarrou. Em dois contra um, a Mercedes cometeu mais um erro de avaliação. Na F1 atual, é preciso se antecipar ao adversário e ao desgaste. A Red Bull fez isso. Max parou e os taurinos se deram ao luxo de fazer uma estratégia diferente com Pérez. A Mercedes alongou os stints de Hamilton imaginando no desgaste para dar o bote final.

Quase deu certo, mas não deu. Favorita, os alemães perdem pontos chaves no território dos Estados Unidos, lotado com 400 mil pessoas no final de semana e a presença de Shaquille O'Neal num carro típico texano caipira conversível. Max, ao ceder a tentação de não perder a posição a qualquer custo na primeira curva, teve a frieza e o ritmo necessário para abrir 12 pontos na tabela.

Pérez teve o melhor final de semana na equipe desde Baku. Sempre próximo de Max nos treinos, sucumbiu na corrida pela desidratação de não ter o sistema de hidratação funcionando. Ainda assim, sua presença por perto foi importante para a Red Bull estar confortável na estratégia e, além disso, alegrou os latinos presentes no autódromo. Se o mexicano crescer na reta final, Max ganha um aliado importantíssimo para a conquista do título.

Bottas, sem ritmo, foi o sexto. A briga de McLaren e Ferrari pelo terceiro lugar dos construtores está interessante. Leclerc em um soberbo quarto lugar. Ricciardo reagindo em quinto. Sainz na frente de Norris. Vale dinheiro e uma nostalgia desses dois tipos que outrora foram os protagonistas do Mundial. 

A briga da corrida foi de Alonso com as Alfa Romeo. Primeiro com Raikkonen, sem sucesso, e depois com Giovinazzi. Teve rádio, toque pra lá e pra cá, pedaço de carro saindo, tudo o que gostamos. E fica aquele clima de despedida, né? Pode ter sido a última grande disputa de Kimi Raikkonen com Fernando Alonso, duas entidades da F1. 

Quem foi bem e evoluiu foi Tsunoda. Sendo arrojado nas disputas, hoje foi o responsável pelos pontos da equipe, em virtude do abandono de Gasly. Vettel, largando lá atrás por ter trocado tudo, teve o esforço recompensado com um pontinho.

A Red Bull, novamente, vence onde "não deveria", seguindo a lógica dos últimos anos. A lógica de 2021 está bem diferente até aqui, portanto é bom que eu pare de contar com o ovo antes da galinha. 

São nos pequenos detalhes que o título vai se decidir. No momento, eles estão pendendo para a Red Bull.

Confira a classificação final do GP dos EUA:


Até!

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

O FIEL DA BALANÇA

 

Foto:Reprodução/F1

Depois de dois anos, a F1 desembarca nas Américas. Começando por Austin, no Texas. Uma pista que favorece a Mercedes e o primeiro treino livre provou isso, com dobradinha dos carros pretos, liderado por Bottas. Soube-se, após a sessão, que o finlandês vai trocar o motor a combustão e tem cinco posições de punição no grid. É carta fora do baralho, mas pode incomodar. O finlandês, com o futuro definido, está mais leve e pode ser muito útil na reta final.

No segundo treino, quem se deu melhor foi Sérgio Pérez. A Mercedes está com mais potência no motor e tem o favoritismo para retomar a liderança do mundial de pilotos. O mexicano parece bem, com mais possibilidades de ajudar Max do que em toda a temporada, ainda mais agora que Bottas larga mais atrás. Será o impulso da torcida latina um diferencial?

Ainda na segunda sessão, Hamilton e Verstappen brigaram por espaço. Espremido, o holandês não gostou. Ele, que reclama das rivalidades forjadas da série da Netflix e que não vai participar para o ano que vem. Justo Max, que pode ser o cara a quebrar a hegemonia de Hamilton e da Mercedes. Bom, como nunca vi a série da Netflix, não posso opinar, mas que a rivalidade de Max e Lewis é real, é. Aliás, mais do que real.

Dizem que Hamilton pode ser punido por mais uma troca de componentes, o que seria mais um vacilo da Mercedes na temporada. A conferir.

A Ferrari parece bem, assim como Gasly e as McLaren. Os cinco vão brigar pelo resto das posições, como sempre. O destaque do treino foi o inferno astral de Alonso. Na primeira sessão, mal foi pra pista e parou. Na segunda, rodou feio e quase bateu forte com a traseira. Mick e Pérez se estranharam no TL1 e Mazepin quase atropelou uma Aston Martin no TL2.

Apesar da Mercedes estar aparentemente melhor novamente em Austin e ter o favoritismo, o fiel da balança do campeonato pode estar nos escudeiros, Bottas e Pérez. Como sempre escrevo: em um campeonato tão disputado, tudo pode fazer a diferença, e sempre a próxima corrida vai ser mais decisiva, porque são menos pontos em jogo com o passar do tempo.

Confira os tempos dos treinos livres:




Até!

quinta-feira, 21 de outubro de 2021

GP DOS EUA: Programação

 O Grande Prêmio dos EUA entrou no calendário da Fórmula em 1950. Até 1960, as 500 Milhas de Indianapólis faziam parte do circo da Fórmula 1. Desde então, o GP foi disputado nos circuitos de Riverside (1960), Watkins Glen (1961-1980), Sebring (1959), Phoenix (1989-1991), Indianapólis (2000-2007) e Austin (2012-).

No ano passado, em virtude do coronavírus, a etapa foi cancelada, retornando este ano para o calendário.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Charles Leclerc - 1:36.069 (Ferrari, 2019)

Pole Position: Valtteri Bottas - 1:32.029 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Valtteri Bottas (Mercedes)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2007, 2012, 2014, 2015, 2016 e 2017) - 6x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 262,5 pontos

2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 256,5 pontos

3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 177 pontos

4 - Lando Norris (McLaren) - 145 pontos

5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 135 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 116,5 pontos

7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 116 pontos

8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 95 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 74 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 58 pontos

11- Esteban Ocon (Alpine) - 46 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 35 pontos

13- Lance Stroll (Aston Martin) - 26 pontos

14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos

15- George Russell (Williams) - 16 pontos

16- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos

17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 6 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 433,5 pontos

2 - Red Bull Honda - 397,5 pontos

3 - McLaren Mercedes - 240 pontos

4 - Ferrari - 232,5 pontos

5 - Alpine Renault - 104 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 92 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 61 pontos

8 - Williams Mercedes - 23 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 7 pontos


HÁ FALHAS

Foto: Getty Images


Depois de atingir certa supremacia na temporada, a Red Bull acendeu um grande alerta vermelho na Turquia. Mesmo com os 2° e 3° lugares, os austríacos em nenhum momento brigaram com a Mercedes de Bottas pela vitória. Por isso, são necessários correções e reparos.

Para isso, a ajuda do "mago" Adrian Newey é fundamental. No entanto, o projetista esteve ausente do circo por um motivo: um acidente de bicicleta. Após realizar cirurgias, Newey ao trabalho aos poucos mesmo sem estar 100% para ajudar a identificar os problemas do carro taurino.

Segundo o consultor Helmut Marko, Newey já identificou problemas no acerto do carro na última etapa e pretende se reunir com Max Verstappen nas próximas semanas para discutir soluções para o time.

“Ele ainda não está completamente recuperado, mas está pronto para trabalhar e imediatamente reconheceu as dificuldades que tivemos em termos de set-up. Teremos uma reunião com o Verstappen nas próximas semanas em Milton Keynes para que possamos voltar ao topo em termos de chassi”, disse.

O retorno de Newey é importantíssimo para as pretensões da Red Bull. A Mercedes retoma como o melhor carro até a final, então qualquer mudança de acerto pode definir o campeonato. Os taurinos precisam ser certeiros porque não há mais tempo. Newey vai ter que ser mais Adrian Newey do que nunca para a Red Bull voltar a conquistar títulos na Fórmula 1.


"DOIS ANOS DE TORTURA"

Foto: Getty Images

Assim descreve Lawrence Stroll sobre o período em que ele e o filho estiveram na Williams, onde começaram na Fórmula 1.

No primeiro ano, a equipe britânica conseguiu resultados razoáveis, ficando em quinto lugar, onde Stroll fez pódio no Azerbaijão e largou na primeira fila na Itália, quando Felipe Massa era o companheiro de equipe.

No ano seguinte, a decadência: último lugar nos construtores e a presença do russo Sergey Sirotkin no lugar do brasileiro. Foi nesse ano que o bilionário canadense sentiu as dificuldades e aproveitou para comprar primeiro a Force India, que virou Racing Point, e agora é a Aston Martin.

“Começamos com a Williams, sabe, dois anos de tortura. Especialmente quando você está acostumado a vencer, quando treina de duas a três horas por dia, toma cuidado com o que come e sabe que o melhor que você vai fazer é 18º em um bom fim de semana", disse para o podcast Beyond The Grid.

Por ser o pai de Lance, Lawrence sabe que o filho tem a desconfiança dos fãs e da imprensa, mas acredita que o canadense está fazendo um bom trabalho, agora que está numa equipe melhor. E também ressaltou que qualquer piloto na situação de Stroll na Williams não faria muito diferente.

“É desafiador, então dar um carro a ele no ano passado foi muito, muito importante. Muito importante por tudo que ele trabalhou. Todos nós sabemos que você só é tão bom quanto o carro. Você pode colocar qualquer campeão em um carro que é 18º no grid e ele será 18º ou 17º. Ele, certamente, não será primeiro", concluiu.

Alguns azares e o Covid, realmente a Williams em 2018 já vivia um processo de quase falência. Tortura é um termo forte, diria mais a frustração mesmo. Stroll, bilionário, não rasgaria dinheiro para ficar em último. Agora, com uma marca mundialmente conhecida sendo construída na F1, certamente Stroll, com mais experiência e sem pressão de resultados, vai desenvolver o trabalho e eventualmente conquistar alguns resultados, onde muitos vão ressaltar o talento e esquecer todo o lastro financeiro e o caminho seguido por Lance desde a infância.


TRANSMISSÃO:

22/10 - Treino Livre 1: 13h30 (Band Sports)

22/10 - Treino Livre 2: 17h (Band Sports)

23/10 - Treino Livre 3: 15h (Band Sports)

23/10 - Classificação: 18h (Band e Band Sports)

24/10 - Corrida: 16h (Band)



terça-feira, 19 de outubro de 2021

AUTOMOBILISMO OU ENTRETENIMENTO?

 

Foto: Getty Images

A resposta óbvia seria o meio termo e encerraria um post que nem precisaria ser escrita, mas a questão é mais complexa do que isso.

Como esperado, o anunciado calendário da F1 em 2022 vai ter o recorde de 23 etapas e várias semanas seguidas de trabalho, o que desagrada pilotos e equipes. Como já foi escrito, é a F1 perdendo importância tendo corrida semana sim semana também. 

Mas o que vou escrever agora é sobre o complemento da notícia: segundo Stefano Domenicali, chefão da F1, a tendência é que 8 ou 9 etapas tenham a corrida classificatória. Os locais não foram divulgados e nem sinalizaram se haverá ou não repetição das três provas que serão feitas em 2021.

A justificativa é que foi um sucesso de crítica, para os jovens e o faturamento das pistas. Ok, argumentos válidos: corridas menores são mais fáceis de se concentrar, a sexta feira ganha um atrativo e tudo mais. Mas isso é automobilismo?

As corridas classificatórias foram chatíssimas. Tirando a largada, um ponto de muita tensão sobre e até ali, todo mundo evita ir forte para não prejudicar a corrida que vale, que é o domingo. Acidentes comprometem todo o final de semana e podem até decidir um título, nos casos mais dramáticos.

Ou seja: são corridas enfadonhas, mesmo curtas, o contrário do que esperavam (e como esperavam isso, afinal de contas?). Pode se justificar por questões financeiras e até um barulho maior, mas as corridas classificatórias não são um espetáculo para o público, na acepção da palavra.

A F1 precisa ser atrativa, mas não por questões pequenas ou artificiais. Se inverter o grid, como acontece nas categorias de base, a corrida certamente fica emocionante, mas é uma emoção falsa. Na base é válido, na principal competição do automobilismo, não.

No futuro, com a chegada do teto orçamentário, pode ser que as equipes se aproximem diante da incerteza do novo regulamento. Com a impossibilidade de novas equipes, temos que torcer para que as temporadas sejam semelhantes a esta, mas sem as artificialidades.

A F1 precisa ser emocionante por si só, como o automobilismo. É claro que a diferença dos investimentos criam camadas, mas a categoria não pode ser elitista, fazer poucas mudanças e apostar em corridas classificatórias e engajamento para ganhar novos fãs e patrocinadores.

Respondendo novamente a pergunta do título do texto, queremos automobilismo e não entretenimento. O segundo é consequência do primeiro e não o inverso.

Até!

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

O NOVO BOATO (OU O NOVO SONHO AMERICANO)

 

Foto: MotorSport

Quer dizer, vou contrariar o título do texto, mas é porque não encontrei termo melhor para encaixar.

Há alguns meses, surgiu uma pequena boataria de que a Andretti estava interessada em entrar na F1. No entanto, como atualmente é praticamente impossível colocar uma nova equipe, teria que comprar uma, no caso. A notícia da parceria com a Alfa Romeo ficou no ar e surgiu uma informação quente nessa semana, antes do GP da Turquia.

É o seguinte: segundo o RaceFans, a Andretti quer comprar 80% das ações da Sauber, que pertencem a Islero Investments. Essa empresa é o braço direito da Longbow Finance, que em 2016 comprou a equipe de Peter Sauber. A oferta seria de 350 milhões de euros, ou 2,2 bilhões de reais.

Desde 2019, um acordo entre o Grupo Fiat Chrysler e a Alfa Romeo deu o novo nome do time. O Grupo Fiat não comprou a Sauber, então não se sabe como ficaria o nome do time ou essa parceria caso realmente a Andretti confirme os boatos e adquira o controle do time.

E já existem especulações para a única vaga indefinida do grid para 2022. É de interesse para a americana Liberty ter mais corridas nos Estados Unidos, como a adição do GP de Miami e agora um time. Só faltaria um piloto, o que não acontece desde Alexander Rossi, hoje astro da Indy e que correu algumas provas pela Manor em 2016.

O nome seria Colton Herta, um dos expoentes da nova geração da Indy. Com 21 anos, é filho do ex-piloto Bryan Herta. O último piloto da Indy que migrou para a F1 foi Bourdais, que durou um ano e meio na Toro Rosso. Antes tivemos o brasileiro Cristiano da Matta e Montoya e Jacques Villeneuve, casos que deram mais certo, sem contar em Alex Zanardi, que foi e voltou da categoria.

Seria intrigante, no mínimo. É claro que existe o preconceito e má vontade com quem vem da Indy especialmente quando o próprio Michael Andretti fracassou na McLaren em 1993. A ideia de que a Indy é mais fácil e a F1 é muito mais difícil ajuda nesse tipo de julgamento. São categorias completamente diferentes.

Caso se confirme, Herta precisa de muito tempo de adaptação, e isso ele não vai ter. Poucos testes. A coisa seria durante a temporada, nas corridas. Sendo companheiro de Bottas, seria uma comparação quase desonesta, dada a diferença de experiência dos dois. A teoria é uma coisa, a prática seria outra.

Para os olhos da F1, seria ótimo que tudo isso acontecesse. Aos meus também. Imagina se Pato O'Ward ou Alex Palou, até mesmo o próprio Rossi tivessem mais espaço, se existissem mais equipes na F1? Precisamos de mais talento e mais vagas, todos sabem disso.

Até!

domingo, 10 de outubro de 2021

SOBE E DESCE

 

Foto: Getty Images

Discordo de quem achou a corrida chata. O clima permanentemente molhado deu uma tensão duradoura para a prova, o que deixa tudo imprevisível e, portanto, prende a atenção até o fim. Com o DRS indisponível, valia da perícia e de atacar no momento certo, no molhado, sem a covardia da asa aberta em condições normais. Menos ultrapassagens, mais brigas. A caça, o "pega" também é bem bonito de se ver.

 A Mercedes parece ter encontrado a melhor forma. Se no México e no Brasil a vantagem aparente é da Red Bull, Austin e Abu Dhabi são dos alemães. Catar e Arábia Saudita tão totais incógnitas. Dito isso, claro que agora é fácil de falar, trocar parte do motor de Hamilton não foi a melhor decisão. Evidente que a Mercedes não contava com a chuva, mas a possibilidade sempre existiu durante a semana. Largando na frente, venceria de qualquer forma. Com a chuva dificultando tudo, o aquecimento de pneus também foi preponderante.

Aí entra outra equação. Se na Rússia Hamilton e Verstappen foram certeiros na tomada de decisão final, dessa vez a Mercedes falhou. A ideia de ser ousado e terminar a corrida sem trocar o pneu foi abortada faltando oito voltas, aparentemente com a Mercedes tendo maior voz ativa. Hamilton não ficou satisfeito. No meio do caminho e com dificuldades de aquecer os pneus, Hamilton ainda teve que se preocupar em fechar em quinto, quando poderia ser o terceiro e diminuir o prejuízo na tabela.

Dessa vez, a Mercedes errou e perdeu pontos que sempre serão importantes nesse contexto. Se Hamilton parasse ao mesmo tempo que Pérez, certamente a história seria outra. Para a sorte da Red Bull, isso não aconteceu.

Verstappen fez o que podia. Sem carro e sem aquecimento nos pneus para fazer algo além, foi premiado com o segundo lugar. Capitalizando o máximo que pode, retomou a liderança. Seis pontos de vantagem faltando seis corridas. Um empate técnico. Sempre bom repetir: dois circuitos inéditos. É um final de temporada fantástico, agoniante e imprevisível, mas ouso escrever que a Mercedes se encontrou. Só precisa errar menos e ter menos "azar".

Valtteri Bottas pode ter vencido pela última vez na Mercedes e na carreira também. O finlandês precisa que tudo dê certo desde o início para conseguir a vitória e hoje foi um desses dias. Os pontos estão sendo importantes para os construtores e pode ser o trunfo de Hamilton para tentar segurar Max.

A mesma coisa Sérgio Pérez. A segurada em Hamilton foi o momento mais lindo da corrida e com certeza da temporada do mexicano. Sempre vivendo entre altos e baixos, precisa ser menos instável para cumprir mais vezes o papel de escudeiro de Max. Hoje foi um desses dias e foi premiado com o pódio. Importante para a confiança de Checo.

No resto do pelotão, Leclerc arriscou e quase foi para o pódio. Saindo do fim do grid, Sainz poderia ter sorte melhor se estivesse em condições plenas. A Ferrari se adaptou melhor a Istambul do que a McLaren, com o apagadíssimo Ricciardo (a tônica voltou?) e o regular Norris. Alonso teve a corrida prejudicada na primeira curva pelo ensaduíchado Gasly. Ocon foi o primeiro a completar uma prova sem realizar pit stops, o que não acontecia desde Mika Salo com o GP de Mônaco de 1997. Valeu o ponto e a teimosia de arriscar até o fim.

Vettel tentou ir com os pneus médios e mal se manteve na pista. Certamente isso desencorajou o restante e foi uma opção a menos para o final de prova. Stroll na chuva é um piloto correto. E é isso.

Nesse sobe e desce, Hamilton e Mercedes desperdiçam mais uma chance. Verstappen de novo maximiza e Bottas brilha naquela que pode ter sido a última vitória na Mercedes. E vem muito mais por aí.

Confira a classificação final do GP da Turquia: 


Até!

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

INGREDIENTE A MAIS

 

Foto: Getty Images

A temporada 2021 da Fórmula 1 guarda ingredientes meticulosos a cada corrida. Alguns podem se repetir, mas os protagonistas não.

Depois de muita conversa nas últimas semanas, a Mercedes decidiu trocar o motor a combustão de Lewis Hamilton. Leia: motor a combustão e não toda a unidade de potência. É por isso que Hamilton vai perder 10 posições no grid ao invés de largar nos boxes. Sainz, por exemplo, vai largar dos boxes.

O interessante nisso tudo é que geralmente as equipes trocam os motores em circuitos onde buscam minimizar os danos, quando não há favoritismo. Na Turquia, com asfalto recapeado e clima seco, vimos o contrário. Hamilton sobrou e, em condições normais, seria favoritíssimo a vencer. 

Lembrando sempre que existe a possibilidade de chuva no sábado e no domingo, o que novamente embaralha tudo e transforma em loteria, o que beneficia Hamilton, saindo de trás.

Leclerc mostra que a Ferrari pode brigar pelo pódio se Mercedes e Red Bull, com a linda pintura homenageando a Honda, vacilarem. Verstappen pareceu um pouco mais comedido, sendo até superado por Pérez. Coisas de Ferrari: trocar motor quando a equipe tem chance de pontuar, mas é o planejamento, né? Seria muito oportunismo da minha parte cornetar isso...

Com possibiidade de chuva, Hamilton largando mais atrás e a responsabilidade nas mãos de Verstappen: roteiros parecidos que se repetem, dando um ingrediente a mais para Istambul nesse final de semana onde, como sempre escrevo, cada ponto vai decidir o campeão da temporada.

Confira os tempos dos treinos livres:




Até!


quinta-feira, 7 de outubro de 2021

GP DA TURQUIA: Programação

 O Grande Prêmio da Turquia fica localizado no autódromo de Istanbul Park e foi inaugurado em 2005, permanecendo na F1 até 2011. Em 2020, com a pandemia do coronavírus, a pista volta para o calendário da Fórmula 1, mantida em 2021 pelo mesmo motivo.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Juan Pablo Montoya - 1:24.770 (McLaren, 2005)

Pole Position: Sebastian Vettel - 1:25.049 (Red Bull, 2011)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Felipe Massa - 3x (2006, 2007 e 2008)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 246,5 pontos

2 - Max Verstappen (Red Bull) - 244,5 pontos

3 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 151 pontos

4 - Lando Norris (McLaren) - 139 pontos

5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 120 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 112,5 pontos

7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 104 pontos

8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 95 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 66 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 58 pontos

11- Esteban Ocon (Alpine) - 45 pontos

12- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 35 pontos

13- Lance Stroll (Aston Martin) - 24 pontos

14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 18 pontos

15- George Russell (Williams) - 16 pontos

16- Nicholas Latifi (Williams) - 7 pontos

17- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 6 pontos

18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 397,5 pontos

2 - Red Bull Honda - 364,5 pontos

3 - McLaren Mercedes - 234 pontos

4 - Ferrari - 216,5 pontos

5 - Alpine Renault - 103 pontos

6 - Alpha Tauri Honda - 84 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 59 pontos

8 - Williams Mercedes - 23 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 7 pontos

MAIS CORRIDAS CLASSIFICATÓRIAS EM 2022

Foto: Getty Images

Se em 2021 tivemos a introdução desse novo formato em três etapas, a tendência é que em 2022 isso seja colocado em prática em um terço do campeonato.

Quem diz isso é Stefano Domenicali, chefão da F1. O calendário da temporada 2022 sai no dia 15 de outubro, com 23 corridas confirmadas. Se seguir a lógica de um terço, certamente teremos as corridas classificatórias no mínimo em sete ou oito etapas.

“Dissemos, no começo do ano, que haveria três testes neste ano para assegurar que tínhamos o plano certo para o futuro. Diria que a grande maioria dos comentários que recebemos foram totalmente positivos, super positivos. Os promotores estão super felizes porque há algo novo e muito importante na sexta, no sábado e no domingo.

Estamos recebendo esse retorno positivo e, portanto, precisamos saber no ano que vem que teremos um ótimo plano que também vai levar em consideração os pontos destacados por pessoas que não gostaram muito desse formato. Contudo, de forma geral, tem sido um sucesso incrível", disse para a Sky Sports.

Domenicali frisou, no entanto, que ainda não foi decidido em quais corridas serão implementadas as corridas classificatórias, nem se haverá repetição em relação as desse ano (Silverstone, Monza e Interlagos).

"O que posso dizer é que não vamos a todos os lugares com o formato das corridas sprint porque isso é algo que queremos manter por um terço das corridas, mais ou menos, e nos conectar com uma certa forma diferente de dar recompensas, pontos, ou conectar com circuitos específicos que, como se sabe, vão fazer a diferença.

“Portanto, há muito o que pensar. Vamos envolver também todos os acionistas, emissoras, pilotos, equipes, promotores e os fãs. Não devemos esquecer que nosso papel é tomar a decisão estratégica e levar em consideração todos os pontos de vista de todo mundo”, concluiu.

Bem, só o impacto financeiro pode justificar, porque o que vimos foi a chatice usual, tanto que até pilotos e chefes de equipes reclamaram. Como sempre, a F1, a FIA e a Liberty andam na contramão do esporte.

CORRIDA DEMAIS
Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio

Com a previsão de ter 23 corridas em 8 meses em 2022, no calendário mais extenso da história, a tendência de reclamações é só aumentar. Equipes e pilotos não gostam da sequência de três corridas consecutivas, o que é um fardo não só para eles, mas principalmente para os funcionários das equipes que não estão nos holofotes. Muito trabalho, pouco descanso e muito tempo distante da família.

Bernie Ecclestone, o eterno chefão da F1, diz ser contra esse excesso de corridas.

"18 corridas são o bastante. Mas agora isso está destruindo muitas famílias com esse estresse desnecessário e atropela a saúde", disse para o site GrandPrix.com.

Para Bernie, o excesso de corridas também é prejudicial para os fãs e para a televisão, banalizando os grandes prêmios, fazendo com que eles percam a importância.

"É assim que você irrita até os maiores fãs e destrói o interesse da TV também”, completou.

Faz sentido. Com um calendário cheio, as corridas perdem importância para assistir. Ah, não vou acordar de madrugada ou cedo pra ver corrida X, tem outras 20 durante o ano. É a mesma lógica do futebol. Um calendário mais enxuto valoriza a categoria e cria a expectativa necessária para cada corrida, valorizando cada país pertencente ao calendário. 

Curioso pra saber o impacto disso a médio/longo-prazo, mas não acredito que seja benéfico para as equipes. Se não for benéfico para eles, aí sim pode haver alguma tentativa de mudança.

TRANSMISSÃO:
08/10 - Treino Livre 1: 5h30 (Band Sports)
08/10 - Treino Livre 2: 9h (Band Sports)
09/10 - Treino Livre 3: 6h (Band Sports)
09/10 - Classificação: 9h (Band e Band Sports)
10/10 - Corrida: 9h (Band)


terça-feira, 5 de outubro de 2021

POR TRÁS DO CATAR

 

Foto: Fórmula 1

A notícia da semana passada confirmou que a F1 vai para o Catar no dia 21 de novembro e, a partir de 2023, assina um contrato de dez anos com a categoria. Finalmente o país entra na F1, depois de anos de experiência na Moto GP. Mas por quê, o que isso significa além de mais um país do Oriente Médio no calendário injetando grana para a F1?

Depois da Copa, o GP do Catar vai ser o grande evento esportivo do país, por isso a entrada definitiva somente em 2023. Neste final de ano, surgiu a oportunidade, como um teste. É importante frisar que o circuito de Losail é adaptado para as motos, então não duvido que tenha alguma obra depois da corrida desse ano.

No entanto, o que deve ser destacado é o seguinte: desde julho a F1 negocia com Audi e Porsche, que são do grupo Volkswagen, para que as montadoras forneçam motores para a F1 a partir de 2026. A negociação é conduzida por Stefano Domenicali, presidente da F1 que já administrou outra empresa do grupo Volks, a Lamborghini. Há uma boa relação aí.

Uma das novidades seria a retirada do MGU-H, componente da unidade de potência que converte gases de escape quentes em energia elétrica, sendo uma peça de alto custo. A ideia é manter os motores V6 com combustíveis totalmente sustentáveis, buscando também reduzir os custos, já que seria inviável alcançar a neutralidade do consumo de carbono com o conceito atual de unidade de potência.

O que precisa ser definido é o teto orçamentário. Audi e Porsche, novatas, querem o mais alto possível, enquanto a Mercedes é contra porque fabrica as próprias peças, sem precisar pagar. A Red Bull vai herdar o material da Honda e isso é um assunto que vai ser debatido. Tudo pode acontecer. Motores verdes e com tecnologias limpas são tudo que o grupo Volkswagen precisa pra limpar a imagem do escândalo do dieselgate dos últimos anos.

Tá, mas o que a Audi, Porsche, Volkswagen e motores têm a ver com a entrada do Catar na categoria? Pois bem, o fundo soberano do país é o terceiro com mais ações no Grupo Volkswagen e tem direito a 17% dos votos no conselho. 

Um acordo com o país para sediar corridas na próxima década é um bom indício de que a F1 está próxima de finalmente realizar o sonho de ter mais montadoras, principalmente Audi e Porsche, na categoria.

Até!