quarta-feira, 30 de outubro de 2019

NO TOPO

Foto: Sutton Images

No domingo, Hamilton irá ser coroado como hexacampeão, o quinto título pela Mercedes, sendo o outro com o motor alemão na McLaren. O texto desta semana relembra outra conquista dos alemães, dessa vez como motor da equipe inglesa, há vinte anos.

A história já foi contada brevemente por aqui, agora em todos os detalhes:

1999. Grande Prêmio do Japão. Mais uma vez, o circuito de Suzuka decidiria um título mundial. De um lado estava o atual campeão, Mika Hakkinen. Do outro, o irlandês e segundão da Ferrari, Eddie Irvine, que vinha de vitória na Malásia e era o líder do campeonato: 70 a 66. No entanto, bastava para Hakkinen a vitória para ser campeão sem depender de ninguém. No meio deles, um possível fiel da balança que já ajudou Eddie na etapa anterior: Michael Schumacher, recuperado da fratura na perna que o tirou de praticamente todo o ano de 1999 em Silverstone.

A polêmica tinha sido a desclassificação da Ferrari na etapa de Kuala Lumpur, o que daria o título antecipado para Hakkinen. No entanto, uma apelação bem-sucedida dos italianos manteve a disputa para a terra nipônica. Schumacher, prometendo ajudar Irvine, fez logo a pole, com Hakkinen logo atrás e Coulthard e Frentzen (Sauber) na segunda fila, com Irvine somente em quinto. Aí as coisas começavam a complicar...

Hakkinen fez uma largada fulminante e não tomou conhecimento de Schumacher para assumir a liderança. Olivier Panis, com a Prost, pulou para a terceira posição, seguido de Irvine, Coulthard e Frentzen. Mika foi abrindo loucamente para Schumacher e principalmente para Eddie, preso atrás da Prost. O finlandês chegava a ser dois segundos mais rápido por volta. Não se sabia se a Ferrari tinha preparado uma ou duas paradas. Enquanto isso, Hakkinen fazia a corrida de campeão, depois de tantos erros e atuações apagadas durante o ano.

Com a primeira parada dos pilotos, Coulthard superou Irvine e deixava o irlandês cada vez mais longe do título, com a estratégia de duas paradas. No entanto, o britânico rodou e bateu de frente, danificando o bico, e abrindo o caminho para Irvine.

Lá na frente, seguiu sentando a bota e conseguiu uma vantagem confortável de seis segundos. Coulthard, com o bico danificado, parou e voltou a frente de Schumacher, limitando sua corrida a apenas atrapalhar o alemão, matar qualquer chance de reação e sacramentar o bi de Mika.  E assim o fez. Mika Hakkinen venceu de ponta a ponta e garantiu o bicampeonato mundial, com Schumacher e Irvine completando o pódio. O jejum da Ferrari seguia, mas convenhamos, ninguém parecia triste com a derrota do irlandês, já acertado com a Jaguar para 2000.

Foto: Getty Images

Não chegou a ser uma hegemonia tal qual hoje, mas dois títulos seguidos, os primeiros da parceria McLaren Mercedes, mostravam a força do conjunto, que ainda era superior a Ferrari de Schumi que acertava e que, nos anos seguintes, fez história.

A Mercedes, enquanto equipe e motores, está desde os anos 1990 como protagonista da Fórmula 1. Domingo, veremos a história ser feita com Lewis Hamilton. Somos privilegiados. Até quando as flechas de prata vão seguir dando as cartas na F1?


Até!

terça-feira, 29 de outubro de 2019

MAX PRECISA MUDAR - PARTE 2

Foto: Getty Images

Parece que ter elogiado Max Verstappen durante as férias foi um grave erro. Será que sequei demais? Até então, era um dos principais (se não o melhor) pilotos da temporada. Perfeito e guiando o que era possível, ainda conseguiu duas belas vitórias, graças ao arrojo e habilidade que tem. No entanto, este mesmo arrojo é responsável por o trair diversas vezes.

Depois que voltou das férias, só fez bobagens. Recaídas. Começando pela Bélgica, teve outros incidentes lamentáveis no Japão, Itália e agora no México, onde a malandragem e a burrice andaram de mãos dadas e Max perdeu grande chance de vencer. Provavelmente não terá mais carro para isso até o final do ano. Lembrou a sequência de burradas do início do ano passado, que culminaram no "texto original".

A questão é entender: por que essa regressão, esse retorno “as raízes”? O que mudou em uma pausa? O fato de Leclerc, o jovem rival, ganhar mais atenção por ter mais vitórias, poles e também por ter mais possibilidades de brigar por estar na Ferrari, hoje superior a Red Bull?

Já foi escrito várias vezes que, num campeonato tão longo, não é possível ser gênio e basta. É preciso pensar no equilíbrio. Uma corrida não se decide em uma curva, um campeonato sim. Max, por correr sem a pretensão de ser campeão (ainda), parece que pode jogar o carro nos outros que ninguém irá recolher, que todos irão ficar de joelhos e deixá-lo passar. Leclerc não é mais assim, entendeu a jogada. Hamilton,no domingo, foi duro e mostrou quem manda. E quando realmente Max brigar por algo a não ser umas duas ou três vitórias, o que será?

A desculpa de ser jovem não pega. É a quinta temporada na F1, a quarta na Red Bull. Tempo suficiente para se desenvolver e não cometer erros infantis de iniciante.

Max  é um grande personagem da F1. Não se importa em ser o vilão, fala o que pensa e é o famoso “ame ou odeie”. A questão é a pilotagem. Para ser campeão, vai ter que dar uma segurada nisso, saber dosar, pensar no campeonato e não ser somente o Mad Max, ganhando ou batendo, win or wall.

Max precisa mudar. De novo. Não voltou das férias, e sim o “clone” que só faz atrapalhadas.Não é o que ele e a Red Bull querem, e talvez não seja esse o caminho para tentar seduzir Ferrari e Mercedes no futuro.

Até!

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

CONSEQUÊNCIAS

Foto: Getty Images
A FIA estragou mais uma corrida com decisões imbecis. Era só anular a volta de Verstappen e estava tudo certo. No entanto, me parece que não foi apenas uma questão técnica, mas sim disciplinar, de mostrar quem manda. Ao debochar do fato na coletiva, Max foi condenado e punido mais pela justiça de ter um ato burro e imbecil do que qualquer outra coisa. Da pole ao quarto lugar, já era uma corrida comprometida.

Alguém que já é inconsequente sente-se vítima de injustiça e vai para a largada com tudo. Vettel esbarra Hamilton, que divide e esbarra Max, que dá uma batida leve no inglês e perde posições. Ao fazer uma bela ultrapassagem diante de Bottas, o finlandês atinge o pneu traseiro esquerdo e um furo de pneu abrevia as chances de Max, obrigado a se contentar com um sexto lugar. Tudo isso em virtude das consequências de ações equivocadas. Não dá para falar mais em imaturidade. Tentou ser malandro e foi apenas burro. O holandês desperdiçou uma chance de vitória que dificilmente irá aparecer outra vez para a Red Bull neste ano.

Voltando para a corrida. Ninguém esperava que os pneus durassem tanto. Por isso a estratégia eram duas paradas. Leclerc, o líder, e Albon, o terceiro, fizeram isso. Vettel, buscando uma nova alternativa, seguiu na pista, assim como Bottas, que o marcou. Hamilton parou logo depois do monegasco e, diferentemente dele e do tailandês, colocou os pneus duros. O diferencial.

Com o passar do tempo, ficou nítido que os pneus não se degradaram tanto. Ricciardo andou quase 50 voltas com os duros até fazer a única parada. Vettel e Bottas botaram os duros até o final, enquanto Albon e Leclerc foram obrigados a parar por terem repetido o pneu da largada. Mais um grande erro da Ferrari com o jovem, além de terem perdido tempo nos pits.

Hamilton, mesmo desgastado, controlou a vantagem e Vettel, mais preocupado em segurar Bottas, se contentou com o segundo lugar. Vitória da estratégia da Mercedes. Xeque mate. Se em velocidade não eram os melhores, o ritmo de pneu e o melhor trato nos compostos mais uma vez os diferenciam da Ferrari, mais rápida e que come os pneus de forma mais veloz também.

Foto: Getty Images
Albon tem 4 a 2 diante de Verstappen desde que chegou a Red Bull. É mais lento? É, mas diferentemente de Gasly, aproveita as oportunidades e está sempre lá. Pérez foi o melhor do resto na corrida da casa. É um grande piloto e merece o reconhecimento de ídolo local. Ricciardo com uma boa corrida de recuperação mostra que falta carro. Na última curva, Kvyat fez uma trapalhada com Hulk e perdeu pontos importantes para a Toro Rosso. Uma pena perder o final de semana assim, mas é a vida.

A McLaren com os médios não funcionou e, além do mais, os mecânicos abreviaram a corrida de Norris com a trapalhada nos boxes. Haas segue no drama e Raikkonen não voltou das férias. Um endiabrado Kubica até passou Russell, mas no fim terminou atrás dele de novo.

A Liberty conseguiu o que queria: o título de Hamilton será "em casa", nos Estados Unidos, com toda a badalação e o marketing que os americanos sabem fazer, lá no Texas. É por isso que inverteram a corrida com o México. Bastam quatro pontos. É hexa, é hexa. E faltam, agora, oito vitórias para igualar Michael Schumacher. Sempre que vejo isso, parece ser inacreditável. Fruto das consequências ao sair das asas da McLaren e apostar numa Mercedes que só comia pneus...

Confira a classificação completa do GP do México:


Até!

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

EQUILÍBRIO

Foto: Reuters
A altitude e o asfalto traiçoeiro são, por si só, fatores que transformam o GP do México em algo diferente do que vimos durante a temporada. Neste ano, porém, pode ter um fator a mais: a ameaça de chuva. Durante a madrugada de quinta, choveu. A expectativa é que chova no sábado ou no domingo, embora alguns digam que isso seria apenas de noite e não durante as atividades de corrida.

Como nunca houve corrida na chuva nos Hermanos Rodríguez, e considerando todos os fatores citados acima, tudo se transforma em uma grande incógnita. Nos últimos anos, a Mercedes sofreu e a Red Bull sobrou. Neste ano tem a Ferrari que tem um motor imbatível. O que vai prevalecer em condições normais? E o que acontecer se chover?

No primeiro treino, com a pista ainda molhada da chuva da noite anterior, quase todo mundo escorregou. A curva 1, depois de rasgar o retão a 340 km/h, foi onde todo mundo travou e passou reto. Imagina com o pneu desgastado disputando uma posição? Stroll bateu e Hamilton liderou, o que não quer dizer muita coisa, a não ser que pode ser hexacampeão nesse finde (e pela terceira vez seguida em solo mexicano).

No segundo treino livre, com a pista seca, a Ferrari mostrou superioridade nas retas, mas na parte mista a Red Bull outra vez mostrou que está viva. A Mercedes é um mistério, mas parece ser a terceira força. Pior para Bottas, que ainda disputa (?) o campeonato. Albon bateu no início do treino e, como sempre, houveram muitas escapadas. No miolo, a McLaren, junto com a desclassificada Renault e a Toro Rosso com o bom (?) motor Honda parecem despontar como forças para pontuar, assim como o piloto da casa, Checo Pérez.

E assim as incertezas e as incógnitas podem tornar o GP do México um belo entretenimento no domingo à tarde que pode coroar Hamilton como hexa, isso sim uma questão que já é certa.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

GP DO MÉXICO - PROGRAMAÇÃO

O Grande Prêmio do México foi disputado entre 1962 e 1992, com exceção de 1971 à 1985, participou do campeonato da Fórmula 1. Em 2015, o circuito voltou a fazer parte do calendário do mundial da categoria.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:16.788 (Williams, 1992)
Pole Position: Daniel Ricciardo - 1:14.759 (Red Bull, 2018)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Nigel Mansell (1987 e 1992), Alain Prost (1988 e 1990), Jim Clark (1963 e 1967) e Max Verstappen (2017 e 2018) - 2x

O SUBSTITUTO?

Foto: Getty Images
Com a saída já confirmada de Robert Kubica, a Williams já dá indícios de que escolheu seu substituto. O canadense Nicholas Latifi, vice-líder da F2, vai substituir o polonês nos primeiros treinos livres do México, Estados Unidos e Brasil.

O canadense já tem bastante experiência na F2 e se beneficiou de um grid com menos qualidade para se sobressair. No entanto, outro trunfo é que é mais um daqueles de família endinheirada, que pode comprar uma vaga (ou até uma equipe) quando quiser. Diante do paradigma, junta a fome com a vontade de comer. A Williams vai precisar da grana que não vai mais ter com Kubica, e a entrada de Latifi ao menos garante um valor que lhe dê sobrevivência a curto prazo. 

A Williams não vive, apenas sobrevive até o próximo dia. É triste, mas é a realidade.


SENNA E PROST DE NOVO?

Foto: Getty Images
É o que diz Eric Silbermann, assessor da Honda, ao falar sobre a relação entre Vettel e Leclerc na Ferrari. O assessor fez um paralelo entre a relação dos pilotos e a forma como eles se comunicavam hoje e 30 anos atrás:

“Acredito que teria sido muito pior se acontecesse nos dias de hoje, com as redes sociais. Já sabíamos que não se davam bem. Prost havia dito que Senna recebia os melhores motores. Acredito que é justo dizer que Senna era o favorito da Honda e Prost era quem estava atrás, o piloto já estabelecido que teria de lidar com o novo talento”, seguiu.
 
“Não é diferente do que Prost fez com Niki Lauda ou o que vemos Charles Leclerc fazer com Sebastian Vettel. É apenas um fato da vida de um piloto, um dia é o maioral e, no outro, um jovem piloto chega mais rápido, veloz, mais entusiasmado. Para a mentalidade japonesa, foi um incidente vergonhoso”, continuou.

Silbermann também afirmou que o episódio serviu como um aprendizado para Ron Dennis, o então chefão da equipe:
“Para a McLaren, estou certo de que Ron Dennis aprendeu muito sobre gerir pilotos ali. Os pilotos influenciavam muito mais do que agora. Agora, os pilotos são ditos o que dizer, mas Ayrton e Prost diziam o que pensavam. Alguns anos depois, despediram Prost da Ferrari por dizer que pilotar seu carro era como dirigir um caminhão. Era como ter um rotweiller na coleira. Poderia estar preso, mas ainda poderia se virar e te morder”, concluiu.

Recentemente tivemos os casos de Alonso e Hamilton na própria McLaren e o inglês contra Rosberg na Mercedes. Vettel e Leclerc ainda não é algo tão pessoal quanto foi os casos citados, mas é aquela clara situação onde o novato está pedindo passagem e se impondo sem querer esperar ordens da Ferrari. Alguns afirmam que o monegasco mostra personalidade para ser campeão, outros dizem que precisa esperar. Bem, se é mais rápido, e Charles está sendo até aqui, não há sentido podá-lo para agradar Seb, afinal, quem perde com isso é a Ferrari, o que ficou claro durante a temporada.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 338 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 274 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 221 pontos
4 - Max Verstappen (Red Bull) - 212 pontos
5 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 212 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 76 pontos
7 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 75 pontos
8 - Alexander Albon (Red Bull) - 64 pontos
9 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 37 pontos
10- Lando Norris (McLaren) - 35 pontos
11- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 34 pontos
12- Daniel Ricciardo (Renault) - 34 pontos
13- Nico HUlkenberg (Renault) - 34 pontos
14- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 31 pontos
15- Lance Stroll (Racing Point) - 21 pontos
16- Kevin Magnussen (Haas) - 20 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 612 pontos
2 - Ferrari - 433 pontos
3 - Red Bull Honda - 323 pontos
4 - McLaren Renault - 111 pontos
5 - Renault - 77 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 59 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 54 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 35 pontos
9 - Haas Ferrari - 28 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto



quarta-feira, 23 de outubro de 2019

NOVAS E VELHAS RIXAS

Foto: Getty Images
Hoje faz 30 anos do histórico incidente entre Senna e Prost que culminou com o polêmico tricampeonato do francês após a desclassificação do brasileiro pela FIA, na figura do então presidente Jean Marie Balestre.

Longe de querer relembrar tudo isso porque todos já sabem a história, ou quase toda ela. Apenas um adendo: Senna precisava vencer as duas corridas para ser campeão. Ou seja, mesmo que vencesse no Japão, dependeria do triunfo em Adelaide para buscar o tri. O título não foi roubado, embora seja uma punição discutível e até equivocada dos comissários/bancada da FIA.

O texto é para basicamente relembrar outras rivalidades que vieram depois entre pilotos da mesma equipe. Antes, tivemos Prost e Lauda na própria McLaren, Piquet e Mansell na Williams e a efêmera Pironi-Villeneuve na Ferrari que vitimou a ambos.

Foto: Getty Images
A rivalidade visceral do bicampeão contra o novato que o chutou da equipe com o apoio do chefe é histórica. No entanto, todos saíram perdendo: Alonso perdeu moral, Hamilton e McLaren perderam um título ganho e uma multa altíssima. Acredito que em breve teremos no mínimo um filme ou um documentário sobre todos os podres que rondaram Woking em 2007.

Foto: Getty Images
Aqui, Rosberg percebeu que ser o bom menino não bastaria para enfrentar um competidor igual Lewis Hamilton. Passou a "jogar sujo" e foi premiado depois de muita dedicação, que resultou em tamanho desgaste mental que acabou saindo da Fórmula 1 logo depois. Além disso, deu a impressão que Hamilton menosprezou o alemão e quando reagiu foi tarde demais. Com péssimas largadas e o motor estourado na Malásia, já era para ser hexa. Mérito do alemão que, mesmo menos piloto, conseguiu capitalizar em uma oportunidade e entrou para a história.

Foto: Getty Images
Não vou citar Verstappen e Ricciardo porque quando a coisa começou a esquentar o australiano picou mula para a Renault, vendo que ali toda a prioridade seria dada ao prodígio holandês. Sendo assim, o novo foco de grande rivaliadde é na Ferrari, onde tradicionalmente não existe isso. Há hierarquias claras que, desde o início, Charles contestou. É verdade que ele só está lá pela imposição do falecido presidente Marchionne, mas os resultados de pista também comprovam: hoje, ele está melhor que o errante tetracampeão. No entanto, é difícil mudar esse status quo tão cedo e sem o principal apoio daquele que o apostou. Pelo fato de a Ferrari ainda não ser o principal carro, talvez isso fique em segundo plano, mas a equipe já desperdiçou bons pontos em erros de estratégia para poder brigar com a Mercedes e ter mais vitórias.

Para o ano que vem e os próximos, como será equalizada a situação? Leclerc é a nova estrela e será oficialmente o número um mais cedo ou mais tarde. Como será Vettel? Irá permanecer na F1? Vai aceitar ser um segundão igual Raikkonen ou vai se retirar da categoria antes disso?

Como é bom uma rivalidade interna entre dois pilotos, por mais destrutivo que isso possa ser. Como não estamos lá dentro, nós como fãs só queremos fogo no parquinho. Porque lembramos de Alonso e Hamilton, e não de Hamilton/Kovalainen.

Até!

terça-feira, 15 de outubro de 2019

MESTRES E APRENDIZES

Foto: Grand Prix
Aproveitando o gancho do dia do professor aqui no Brasil (rá!), o tema do post de hoje é a incerta Renault, comandada por Cyril Abiteboul.

Desde o retorno como equipe, em 2016, a proposta era clara: crescimento ao longo dos anos para, em 2019 ou 2020, brigar por vitórias ou campeonatos.

Como sabemos, nada disso aconteceu. A Renault patina. É claro que houve evolução, mas o motor continua com problemas de durabilidade e potência, o que causa incerteza para parcerias. Red Bull caiu fora e a McLaren vai voltar para a Mercedes em 2021. Sem parceiros para desenvolvimento e quilometragem, a situação fica cada vez mais incerta.

Não só isso. O chassi é deficitário. Por incrível que pareça, os melhores resultados da temporada vieram em circuitos rápidos (Canadá, Itália e Japão). Mesmo investindo um caminhão de dinheiro.

Cyril Abiteboul é o grande comandante. Alain Prost, que já teve uma equipe não muito bem-sucedida, de simples consultor virou dirigente dos franceses. Já tomou algumas providências: a saída de Hulkenberg e a chegada de Ocon, francês e mais jovem, para o ano que vem. Será que realmente Hulk era o maior dos problemas? Bom, o alemão parece não ter o "timing" e hoje é meio complicado de defendê-lo, mas...

E Daniel Ricciardo? Saído da Red Bull para tentar brilhar em uma equipe de fábrica, provavelmente vai usar a Renault para ganhar muito dinheiro. O que será do australiano em 2021? Vai ter vaga na Ferrari? Difícil. Mercedes? Impossível. Mais um que pode ter perdido o "timing" por não haver tantas vagas competitivas na Neo F1.

Com o professor Prost e o "aprendiz" Abiteboul, a Renault dá três passos e cai dois. Patina. Pelo investimento que faz, deveria estar mais próxima da Red Bull. Nesse ano, está sendo surrada pela então deficitária McLaren com os mesmos motores. Com o alto custo, as poucas melhoras e um regulamento incerto, os franceses impacientes irão permanecer na F1 ou irão pular fora igual no passado?

Uma equipe de fábrica dar certo não é fácil, ainda mais agora que não existem mais recursos ilimitados para testes e tudo mais. A Renault da década de 2010 se encaminha para repetir outras grandes montadoras que habitaram a F1 e fugiram para nunca mais voltar após a crise de 2009 e o fim dos patrocínios tabagistas: Jaguar, Toyota, Honda... não dá para dizer que foi um fracasso, mas poderiam ter feito mais.

O que a Renault precisa para voltar a ser de ponta? Mais dinheiro ou uma abordagem competente? Há investimento, equipe qualificada, infraestrutura, bons pilotos mas falta gestão, seja ela do Abiteboul, o cabeça da F1, seja de quem está por trás disso na grande fábrica. O brasileiro Carlos Ghosn, contrário a isso, até autorizou, mas hoje vive outros problemas bem mais graves com a justiça japonesa. Será Prost, de novo como "mestre dos magos", o professor que irá ensinar o aluno Cyril a fazer os franceses grandes de novo?

O tempo (e o dinheiro?) está acabando.

Até!

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

ESTRANHO

Foto: Getty Images
Um final de semana onde passa um tufão no país e tudo continua com quase naturalidade já é estranho. Isso fica pior quando no dia seguinte faz um sol de rachar como se nada tivesse acontecido. O passo seguinte é a Ferrari fazer 1-2 em uma pista que a Mercedes tinha dominado na quinta, sendo o pole Sebastian Vettel. Com tanta coisa intrigante, o resultado foi coisas estranhas numa corrida estranha, esquisita mas também bem chata.

As Ferrari largaram muito mal. Vettel até teria queimado a largada mas "não completamente", segundo a FIA. Por isso que não foi punido. Explicação bem estranha. Estranho também é o meu raciocínio: a largada sensacional de Bottas acontece porque ele reage a "queimada" de Vettel. Pra mim, ficou a sensação de que ele queimou, mas entre o meu olho cansado  às 2 da manhã e sensores modernos, fica difícil competir.

Bottas saiu feito um foguete. Leclerc também foi mal e Verstappen tentou se aproveitar. Os papéis se inverteram. O monegasco foi um maníaco irresponsável, jogou e bateu o holandês para fora da pista. Depois da Áustria, Leclerc tem sido muito agressivo na defesa de posições. Ao largar mal, fez de tudo para se segurar. Acabou com a corrida de Max e comprometeu a própria. A asa danificada ficou se arrastando pela pista até se soltar, arrebentar o próprio retrovisor e acertar o de Hamilton que vinha atrás. Imagina se acerta a cabeça...

A FIA, criticada por não deixar o pau quebrar, foi extremista. Chegou a não considerar nenhuma ação e só agiu após Max abandonar. Meteu uma punição de 15 segundos pro monegasco, o que ficou barato. O que acontece no início da corrida não pode ser punido no final. Qual o peso de uma punição de segundos para um carro que é um ou até mais segundos mais rápido que os demais por volta?

Foto: Getty Images
Bottas se encaminhava para uma vitória até inesperada - e estranha -, pois Vettel não tinha ritmo para ir atrás. O motor ferrarista conseguia deter as aproximações de Hamilton, confortável em terceiro. As flechas de prata marcaram Seb, que fez duas paradas, o mesmo com o finlandês. Hamilton então partiu para uma, pois alongou o stint. Estratégias diferentes, uma cortesia da largada atrapalhada da Ferrari. A Mercedes com a faca e o queijo na mão.

Com Bottas e Vettel fazendo duas paradas, Hamilton foi nadando tranquilo em primeiro. Era a estratégia prometida para o finlandês. No entanto, o inglês reclamou de ter voltado com os médios. Pediu os duros mas não levou. Alongando o novo stint, disse não entender a necessidade de uma nova parada. Estaria ele partindo para a vitória? Como seria a situação com a Bottas? Ele não precisava ter feito um novo pit stop também.

Entre prejudicar o finlandês e o inglês, os alemães optaram pela segunda opção. Em uma parada desnecessária, Hamilton não só perdeu a chance da vitória como também voltou atrás de Vettel. Apesar de mais rápido, não foi possível ultrapassar. Seria a compensação da Rússia 2018 sendo paga só agora? Em uma estratégia estranha, a Mercedes sagrou-se hexacampeã de construtores. Ninguém atingiu essa marca consecutivamente. Niki deve estar feliz lá do céu, mas convenhamos: ninguém aguenta mais. Que culpa eles têm?

Albon conseguiu a melhor posição na carreira fazendo o possível com a Red Bull. Nota crítica foi ter praticamente estragado a corrida de Lando Norris logo no início da prova, com a conivência da direção de prova. Sainz Jr mostra que é o melhor piloto com sobras da F1 B, evidenciando o grande momento que vive a McLaren. Seguro e oportunista, não dá chance para o azar. Ricciardo conseguiu uma ótima corrida de recuperação com boa estratégia após ter sido eliminado no Q1.

Para terminar com as estranhices, um problema no sistema virtual de bandeiras fez com que a corrida computasse o resultado até a penúltima volta. Ou seja: nada do que aconteceu na última valeu, incluindo a batida de Pérez ao tentar passar Gasly, que com o motor Honda, fez uma prova competente. Bater e mesmo assim chegar em nono, uma grande façanha de Checo. Estranho. Hulkenberg fechou o top 10.

Na rabeira, vemos uma Alfa Romeo em queda, a Haas na mesma de sempre e a Williams tão vergonhosa que infelizmente já nos acostumamos.

Em um final de semana estranho, basta Hamilton fazer 14 pontos a mais que Bottas para ser campeão no México mais uma vez. Do contrário, nem faz tanta diferença. Lewis já foi campeão nos outros próximos palcos mesmo. E assim caminha a F1. Mesmo estranha, parece tão normal...

Confira a classificação do GP do Japão:


Até!

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

GP DO JAPÃO: MUDOU TUDO

Foto:Tsunagan Japan
Geralmente, posto aqui antes dos treinos livres a programação com as notícias e tudo mais. No entanto, esqueci que tudo começaria nesta noite de quinta-feira. Pura sorte? Pois bem, durante a noite foi anunciado que, em virtude do tufão que vai chegar no país, a F1 vai cancelar os eventos no sábado, que incluem o treino livre e o treino classificatório. Portanto, nesse final de semana, não teremos apenas o terceiro treino livre, com a classificação sendo realizada na manhã de domingo (sábado à noite).

Pois bem, deixo aqui os textos que realizei para o post da programação para o GP do Japão e depois irei escrever algumas linhas sobre os treinos realizados nessa madrugada:

ALERTA DE SUPERTUFÃO

Foto: Getty Images
É o que diz Steffen Dietz, ex-meteorologista da F1. O supertufão Hagibis ganhou força e deve atingir Suzuka com força, especialmente no sábado. A previsão é de chuva forte e ventos nos três dias.

"Querido público da Fórmula 1, com o tufão Hagibis, existe uma possível ameaça na situação meteorológica em Suzuka. A fotografia mostra o pior cenário, segundo um modelo. É uma possibilidade, ainda falta uma semana, mas o modelo e a formação são impressionantes. Sigam atentos"

"Hagibis aumentou bastante e agora é um supertufão, de categoria 4. A previsão da pista no Japão e na F1 é bem consistente. A probabilidade de qualquer impacto é alta, mas os detalhes permanecem incertos. Geralmente, o sistema enfraquece bastante antes de chegar no Japão, mas seguirá forte. Os modelos de hoje mostram uma propagação um pouco mais rápida, então, o impacto na F1 pode aparecer já no sábado", alertou Dietz em sua conta no Twitter.

19º tufão do ano no Pacífico, o Hagibis veio das Filipinas e vem avançando em direção ao oeste do país, onde o autódromo de Suzuka é localizado. O último boletim divulgado pela Agência Meterológica aponta que ele se desloca a 25 km/h, com ventos sustentados de 180 km/h.

O Japão tem histórico de adiamento de treinos em virtude das chuvas e ventos fortes. Isso aconteceu em 2004 e 2010, quando os treinos foram realizados no domingo, dia da corrida. Em 2007, a corrida em Fuji foi realizada sob forte chuva.

Em 2013, na Austrália, apenas o Q1 foi realizado. Em 2015, nos Estados Unidos, o furacão Patrícia fez com que o treino também fosse na manhã de domingo.

Em 2014, o furacão Phanfone transformou a corrida do Japão num caos, com largadas atrás do Safety Car, bandeiras vermelhas e o trágico acidente fatal de Jules Bianchi.


Se chove, então provavelmente mal teremos treino e a corrida só quando os pilotos conseguirem colocar os intermediários. Não me animo muito. É muita frescura da FIA, que matou o francês graças a sua negligência e faz malabarismos técnicos para parecer que se preocupa com a segurança dos pilotos, como é o caso do Halo ou proibir corridas em chuvas fortes, o que é um absurdo.

TAPETÃO?

Foto: Getty Images
Eu tento, mas é impossível não escrever algo sobre a equipe mais simpática da F1. A nova notícia do momento é que a FIA pode punir a equipe em perda de pontos porque o chefão Gunther Steiner xingou o comissário Emanuelle Pirro (o mesmo que tirou a vitória de Vettel no Canadá) de idiota após a punição a Kevin Magnussen ao cortar uma curva e não voltar no traçado determinado lá no GP da Rússia.

Segundo o site alemão "Motorsport Total", Steiner foi até a sala dos comissários após a corrida e teve acalorada discussão com o ex-piloto, além de tê-lo xingado no rádio da equipe de "estúpido e idiota" e não ter se desculpado posteriormente.

Steiner pode ser punido por suspensão de uma corrida sem acessar o paddock, uma multa de R$ 1 milhão ou até mesmo perda de pontos de sua equipe.


É tipo o STJD afirmar que um jogador pode ser punido por 12 jogos mas no fim das contas basta pagar uma cesta básica. Se Steiner realmente xingou Pirro, ele merece um prêmio, isso sim. Mais uma punição imbecil desse cara que já avacalhou com o GP do Canadá. Por essas e outras que a Haas é a equipe mais simpática do grid, sem dúvida alguma.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 322 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 249 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 215 pontos
4 - Max Verstappen (Red Bull) - 212 pontos
5 - Sebastian Vettel (Mercedes) - 194 pontos
6 - Pierre Gasly (Toro Rosso) - 69 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 66 pontos
8 - Alexander Albon (Red Bull) - 52 pontos
9 - Lando Norris (McLaren) - 35 pontos
10- Daniel Ricciardo (Renault) - 34 pontos
11- Nico Hulkenberg (Renault) - 34 pontos
12- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 33 pontos
13- Sérgio Pérez (Racing Point) - 33 pontos
14- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 31 pontos
15- Kevin Magnussen (Haas) - 20 pontos
16- Lance Stroll (Racing Point) - 19 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 8 pontos
18- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
19- Robert Kubica (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 571 pontos
2 - Ferrari - 409 pontos
3 - Red Bull Honda - 311 pontos
4 - McLaren Renault - 101 pontos
5 - Renault - 68 pontos
6 - Toro Rosso Honda - 55 pontos
7 - Racing Point Mercedes - 52 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 35 pontos
9 - Haas Ferrari - 28 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

Os treinos: pois bem, depois de quatro poles consecutivas, a Mercedes resolveu reagir com novas atualizações apesar disso parecer inútil para esse ano, pois já são campeões. A questão é psicológica, de mostrar pra Ferrari e pro resto que são eles quem mandam ainda.

Bottas, apesar de rodar uma vez no TL2, foi o mais rápido nos dois treinos. As flechas de prata foram muito mais velozes que a Ferrari e a Red Bull com motor zerado para tentar andar bem na casa da Honda. Desse jeito, devem ser os grandes favoritos a vencer, por mais estranho que possa ser projetar uma corrida que ninguém sabe em quais condições vai acontecer. No domingo, dizem que o tempo vai estar seco.

Importante salientar que, segundo a FIA, caso não seja possível realizar o classificatório no domingo pela manhã (horário do Japão), o grid foi definido agora. Ou seja: podemos ter Bottas, Hamilton, Verstappen, Leclerc, Vettel e Albon, nesta ordem. No resto, a briga encarniçada de sempre, onde a Toro Rosso é a grande atração local junto com a Red Bull, mas me parece que a McLaren ainda leva certa vantagem na hierarquia da "quarta força" nesse instante.

Pois bem, veja bem as posições do TL2, porque pode ser a do grid de largada também. É o confuso e caótico GP do Japão, cheia de diversas lembranças...


Até!

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

LEMBRANÇAS QUE VOAM

Foto: Getty Images

Como o tempo passa. O blog foi criado para que eu pudesse desempenhar uma atividade de uma disciplina da faculdade de jornalismo que consistia no design das tipografias das letras e o porquê, além do uso das cores. Decidi, então, focar os meus esforços em escrever sobre algo que nos últimos tempos eu sempre tive vontade mas que me faltava a faísca: Fórmula 1.

A primeira corrida que cobri então foi o Grande Prêmio do Japão. Na primeira temporada com a era híbrida, a hegemonia da Red Bull foi substituída pela ascensão da Mercedes e o duelo entre Lewis Hamilton e Nico Rosberg, diante de um esdrúxulo regulamento de pontuação dobrada na última etapa do ano, em Abu Dhabi. Foi assim que escrevi os primeiros posts...



O que mais tinha me chamado atenção foi a confirmação da saída de Vettel da Red Bull. Na época, a Ferrari ainda não tinha oficializado a saída de Alonso. Portanto, era o fim de duas eras e o início de duas novas, sem saber ainda que existia a possibilidade de Alonso retornar a trabalhar com Ron Dennis.

Diante da possibilidade de um tufão, duas novidades do blog iniciante: escrevi um post no início da noite de sexta e outro na madrugada cobrindo o treino classificatório. Sinceramente, não me lembrava, mas deveria ser pelo horário e por estar acordado, no mínimo. Hoje, não tenho mais tempo para isso, infelizmente.


Me lembro de algumas partes da corrida: a saída com Safety Car em várias voltas e uma disputa até animada pela vitória, até surgir o novo carro de segurança após a batida de Adrian Sutil, na Sauber. Aí eu dormi, já estava muito tarde, se não me engano quase amanhecendo.

Quando acordei, vi Vettel e Hamilton com cara triste, o céu quase noite lá no Japão e um tom de voz quase fúnebre do narrador Luís Roberto, de muita preocupação. Comecei a pesquisar por notícias e depois não lembro o que fiz, se dormi ou fui direto votar. Precisava pesquisar, porque com o acidente do Schumacher eu fiquei o dia todo de boa achando que "era só mais uma peripécia do alemão" e quase chorei quando li a gravidade das notícias no fim do dia.

Era domingo de eleição. Não lembro se dormi e fui votar ou fiquei mais tempo pesquisando, mas aquilo acabou com o meu dia. Justo com Jules. Um acidente grave. Um piloto inconsciente. Como escrevi há meia década, a corrida estava em segundo plano. O foco era o estado de Jules.




A coisa era muito mais grave do que imaginávamos, talvez pelo otimismo de acreditar que depois de Senna ninguém mais morreria na pista. Ledo engano. Graças a incompetência da FIA em liberar a pista com um trator na área de escape e a atitude calhorda de esconder as imagens do acidente para fingir que tudo estivesse bem, além de terem colocado a culpa no francês que já estava morto, Jules morreu alguns meses depois. Inacreditável.

Logo na primeira corrida que “cobri”, um dos pilotos que eu mais torcia ficou inconsciente. Na primeira! E escrevia aos quatro cantos que Bianchi seria um piloto Ferrari nos anos seguintes. Me sinto “culpado” pelo acidente, porque parece que “ziquei” o cara. Muito triste.

Quis o destino, cinco anos depois, nos dar outra morte de um francês e colocar o tutor e amigo deles na Ferrari, local que supostamente seria de Jules por direito na sucessão natural da Ferrari. E cinco anos depois e mais de 700 posts até então, chegamos a mais um GP do Japão, comemorando cinco anos de vida. O tempo voa. Apesar do sentimento agridoce da primeira lembrança ser tão amarga, muita coisa mudou aqui no blog e na minha vida desde então, e esse espaço é quase um diário testemunha dessas transformações, embora não fale objetivamente delas por aqui, mas sim em outras redes que vocês podem acompanhar.


Até!

terça-feira, 1 de outubro de 2019

GUERRA (NEM TÃO) FRIA

Foto: Daily Express
Desde o início a briga pela hierarquia na Ferrari esteve aberta. Leclerc, imposto pelo finado Sergio Marchionne, aproveitou-se do fato de ser uma "joia" da academia da Ferrari, um sangue novo, para tentar capitalizar em cima do combalido Vettel, com o status de tetracampeão mas sendo muito mais um piloto errante do que verdadeiramente o líder que os italianos precisam.

Na Austrália, Leclerc já queria passar Vettel por ser o mais veloz. Binotto segurou a onda. No Bahrein, o motor ferrarista deixou na mão o que seria a primeira vitória do monegasco. Nas corridas seguintes, vimos Vettel mais veloz nos treinos e Leclerc respondendo nas corridas. No entanto, na maioria delas a Ferrari tinha como prioridade o alemão, sacrificando a corrida de Charles.

Da metade da primeira parte da temporada em diante, vimos Leclerc reagir nos treinos e dominar completamente Sebastian. No entanto, o jovem cometeu dois erros, um deles em Baku e o outro na Alemanha, capitalizados pelo alemão. Em Mônaco, novamente Charles foi sacrificado no Q1 para salvar Vettel. Na Hungria, o problema em administrar os pneus e as estratégias diferenciadas fizeram Vettel garantir o pódio.

No retorno das férias, o furacão Leclerc veio com tudo. Na Bélgica, teve auxílio de Vettel, que virou um "escudeiro" para segurar Hamilton. Na Itália, uma quebra de acordo em quem deveria dar o vácuo para quem já começou o problema da falta de hierarquia e de uma palavra contundente do chefe Mattia Binotto, também inexperiente nessas situações.

Na Cingapura, um erro de cálculo ou não fez Vettel pular para a liderança depois dos boxes. Leclerc tentou atacar mas não deixaram. Era a vitória que o alemão precisava para tentar retomar a liderança.

Na Rússia, um jogo de equipe na largada (!) fez Vettel pular a liderança, prometer devolver a posição e não cumprir, perdendo apenas nos boxes. O abandono fez o alemão potencialmente parar em um lugar fortuito para a entrada do Safety Car Virtual e prejudicar Leclerc, mas hoje a Ferrari disse que instruiu Seb a parar o carro imediatamente diante do risco em ser eletrocutado com os problemas enfrentados na unidade de potência.

A temporada já está perdida mas a Ferrari atualmente pode ocupar o status de melhor carro. Leclerc é o jovem em ascensão. Vettel é o tetracampeão que ainda tem, de certa forma, o protecionismo do chefe. A Ferrari sempre trabalhou com um primeiro piloto historicamente desde o traumático Villeneuve-Pironi, lá em 1982.

A pergunta que fica é: Vettel tem no mínimo mais um ano de contrato. Leclerc é o presente/futuro da equipe. O que será feito dos dois até o final da temporada e para 2020? É uma guerra que fica cada vez mais quente. O que será do alemão no final do ano que vem? Vai renovar? Vai perder o status de primeiro piloto?

E pensar que só colocaram Leclerc para cumprir o que o finado Marchionne mandou. Quem ganha com isso é o público, mas e a Ferrari? Já são 12 anos de jejum e contando...

Até!