domingo, 31 de julho de 2022

ADULTOS CONTRA CRIANÇAS

 

Foto: Dan Mullan/Getty Images

O que constantemente é pedido, quase como uma torcida por aqui, aconteceu. A Red Bull teve problemas no sábado com Max Verstappen e ele e Pérez largaram atrás. Chance perfeita para a Ferrari ensaiar uma reação cobrada por Mattia Binotto durante a semana.

As coisas já começaram a ficar estranhas, como sempre. Com a chuva e uma temperatura mais amena, a vantagem da Ferrari diminuiu, mas ainda assim era o carro a ser batido. Acontece que Leclerc e Sainz já começaram a dar para trás no sábado, quando George Russell conquistou a primeira pole da carreira de forma surpreendente. Ainda assim, imediatamente atrás e com a Red Bull distante, a chance era evidente.

A largada teve Russell na frente, com os macios, e a Ferrari com os médios. Sainz não teve competência para passar o inglês e estava empatando Leclerc. Os italianos, como sempre, não tomaram uma atitude em prol da equipe e perderam tempo. Enquanto isso, as Red Bull escalavam o grid, naturalmente.

Na primeira janela de pit stops, Sainz, Russell e as Red Bull pararam. Leclerc e Hamilton alongaram o stint. Seriam necessárias duas paradas. O espanhol não teve ritmo para passar Russell e, mesmo parando antes, conseguiu ficar atrás de Leclerc, que estava com um ritmo muito bom. Sem o companheiro "atrapalhando", era caminho livre para Charles, da forma mais difícil, ultrapassasse o #63 e disparasse para a vitória. Enquanto isso, Max ganhou a posição de Hamilton (que demorou para parar) nos boxes e já era o quarto.

Leclerc disparava e Sainz tentava passar a Russell. A dobradinha era provável, mas Verstappen estava por perto, minimizando os danos. Muito natural. Chega o momento da segunda parada. A Alpine, no meio do pelotão, optou pelos pneus duros e perdeu rendimento. Havia um padrão a seguir.

A questão é que, talvez por não ter mais pneus disponíveis, a Ferrari para Leclerc para colocar os duros. Quando Max se aproxima de Sainz e Russell, a Red Bull para imediatamente para colocar os médios (largou com os macios), antecipando tudo e fazendo os outros reagir. Resultado? Sainz e Hamilton alongaram o stint para terminar com os macios, que era a estratégia mais correta para o final da prova.

Mais uma vez, a Ferrari faz uma estratégia bisonha para o piloto número um e privilegia o número dois, que não tem ritmo para maximizar o carro. O resultado? Leclerc virou presa fácil. Max passou, rodou e reultrapassou (essa palavra existe?) o monegasco. Largando em décimo e sem forçar, na base do talento, da estratégia e da consistência, Max partiu para uma vitória improvável e épica, mas ao mesmo tempo tão tranquila que isso não parece significar o feito que aconteceu.

A pista para a Ferrari fazer a dobradinha de Binotto e remontar o campeonato estava longe da frustração intermediária. O pior estava por vir. Mesmo com o pneu macio, Sainz foi ultrapassado por Hamilton e Leclerc, se arrastando, superado por Russell. A cereja do bolo? A parada para os macios no final para terminar em sexto, atrás mesmo de Pérez, que desde Mônaco se arrasta na pista.

Max Verstappen e a Red Bull são adultos competindo contra crianças na F1. A Mercedes de 2022 está se emancipando. Agora já é um adolescente prestes a virar calouro (bixo) na faculdade, pronto para as primeiras experiências da vida. Mais um pódio de Hamilton e Russell juntos. Ritmo de corrida melhor, volta lançada boa... 

Hamilton poderia ter brigado mais pela vitória se não tivesse problemas na asa no sábado e um erro de estratégia da Mercedes no primeiro stint. Ele e Russell não desperdiçam uma oportunidade e deixam no ar o que já está evidente: a pole foi inesperada, mas a vitória parece ser questão de tempo. Além disso, a briga pelo vice-campeonato de construtores está muito aberta. Vai duvidar?

Russell já passou Sainz no campeonato. A Ferrari é a Peter Pan da F1. Se recusa a crescer e, corrida após corrida, afunda. Binotto queria uma dobradinha e termina com um incrível P4 e P6. A Red Bull, sem forçar, tem em Max Verstappen 80 pontos de vantagem nas férias da F1. É uma vantagem que cada vez mais fica irreversível por três motivos: a solidez da Red Bull, o crescimento da Mercedes e a Ferrari cada vez mais afundada nos próprios erros e pressões.

Norris é o melhor do resto, em setimo. Enquanto isso, Ricciardo afunda em 15°. Até teve um brilhareco numa ultrapassagem dupla nas Alpine, mas o tempo dele na McLaren já foi, é desperdício de dinheiro. Por falar em Alpine, a estratégia deu certo, mas Ocon segue "atrapalhando" e fechando Alonso: menos mal que o espanhol conseguiu o oitavo lugar. Dessa vez com a intervenção da equipe, Vettel fechou no top 10 e, agora, cada ponto pode ser o último na categoria.

Na hierarquia da F1, a Red Bull é adulta, a Mercedes é adolescente e a Ferrari é Peter Pan. Max Verstappen tem 80 pontos de vantagem para desfrutar nas férias. No retorno, a Ferrari vai precisar ser perfeita, a Red Bull errar mais que acertar e a Mercedes não crescer tanto. Todo esse cuidado para não afirmar que Max já é bicampeão mundial.

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!

sexta-feira, 29 de julho de 2022

O QUE É O TIMING...

 

Foto: Getty Images

O que é o timing... Justo quando escrevi que a situação de Vettel era a mais tranquila, que só dependia dele, o alemão, dias depois, faz o anúncio que alguns já imaginavam.

O que é o timing... Sebastian Vettel criou redes sociais para anunciar a aposentadoria da F1 no final da temporada. Aposentadoria? Vettel é contemporâneo de Hamilton, que pra mim sempre vai estar na McLaren com um capacete amarelo. E Seb? Barbarizando na Toro Rosso, vencendo de ponta a ponta na chuva de Monza, a impressão era clara: esse cara vai ser alguém muito grande na categoria.

O que é o timing... com a Red Bull crescendo, faltava o piloto para ser o líder. Tão jovem e mesmo assim, no lugar certo, na hora certa, com o talento que precisava. Sebastian Vettel parecia estar sempre no lugar certo e na hora certa. A simbiose com o carro era impressionante. Era um clichê inevitável: o novo Schumacher. O legado do amigo. Já eram 4 títulos seguidos.

O que é o timing... o novo regulamento veio e Vettel, lentamente, foi perdendo o brilho. Dominado por Ricciardo, rumou para o novo desafio, tal qual o ídolo Schumacher: reerguer a Ferrari. O início foi animador, mas os erros foram ficando cada vez mais expostos e repetitivos, demais para alguém com tanto currículo.

A descendente de Vettel foi tão rápida quanto a ascensão. É brutal demais quando alguém acostumado a vencer se vê relegado a coadjuvante, sem rumo. A tentativa na Aston Martin não dá para chamar de fracasso. Vettel não teve carro e ainda assim conseguiu dois pódios, um deles anulado porque foi desclassificado graças a uma irregularidade da equipe.

O que é o timing... Vettel cada vez mais foi se distanciando da velocidade. Não perdeu a paixão, apenas descobriu outras, além de novos desafios e prioridades. A família. A vida reclusa e fechada, surpreendente para alguém do tamanho de Vettel. O envolvimento com as causas LGBT, ambientais, tornar a F1 e o automobilismo um ambiente mais inclusivo e menos tóxico e preconceituoso. Correr ficou pequeno demais para Seb.

O que é o timing... Vettel escolhe parar e não ser parado. Muitos grandes pilotos não vão ter a possibilidade que o tetracampeão terá: homenageado nas corridas finais, a última tour. 54 vitórias, 4 títulos, 57 poles... Top 5 da F1 em números, indiscutível. Uma carreira de muito sucesso. Ser campeão já é grandioso. Ser tetracampeão, meu amigo, não há muito o que pontuar.

Vettel parte para novos desafios pessoais e profissionais. Tomara que continue no paddock hora ou outra porque é um grande apaixonado pela velocidade. Se não fosse a luta ambiental, escreveria que ele é um “cabeça de gasolina”.

O que é o timing... Vettel certamente não está entre os melhores, mas sim entre os maiores. Esteve no lugar certo, na hora certa. Isso é um mérito tão raro quanto ser um grande piloto, que foi. Se 4 títulos foram demais para a carreira e a qualidade de Seb isso não importa hoje em dia. A história é contada pelos vencedores.

Não é todo dia que vemos um tetra ou um hepta surgir e desaparecer dos nossos olhos. 15 anos passam rápido. Estamos velhos, o mundo gira e a vida passa, todos os dias, numa velocidade implacável. Quando nos dermos conta, estamos aqui, repercutindo a futura aposentadoria de alguém que a gente viu jovem e era chamado de Justin Bieber da F1.

Sobre os treinos da Hungria: é nítido que temos a Ferrari a frente das rivais mais uma vez. A velha pergunta, chata e repetitiva, porém necessária, é: os italianos vão aproveitar a chance? A cada corrida que passa, isso não é o suficiente. Agora, além disso, a Red Bull precisa ter azares e problemas. A conferir. Max já começa a administrar a vantagem, mas não pode pensar em relaxar muito. O esporte é imprevisível.

Quem parece muito bem nesse final de semana, no casamento de estilos, é a McLaren. Discreta até aqui, os dois pilotos estiveram no top 5, o que pode ser um indício promissor. Alonso e até mesmo a Aston Martin de Vettel, agora na tour do adeus, aparecem bem.

Aparentemente, a Mercedes tem algumas dificuldades com o circuito mais travado, o que surpreende. Em tese, com menos dependência das velocidades altas de reta, era para os alemães talvez estarem mais próximos. Por enquanto, não é o caso. Também não acho que é um caso dramático, mas a McLaren pode encrespar essa disputa solitária pela terceira força da F1. 

A última corrida antes da parada começa com uma sensação de nostalgia causada por Vettel. Nostalgia e celebração. O campeonato, não muito emocionante nos pontos, contribui para o brilho do tetracampeão. No calor europeu, Hungaroring é um ponto de chegada e de partida ao mesmo. O fim da primeira parte da temporada; o início do adeus de uma lenda.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Hungria:



Até!

quinta-feira, 28 de julho de 2022

GP DA HUNGRIA: Programação

 O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:16.629 (Mercedes, 2020)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:13.447 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Esteban Ocon (Alpine)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 8x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 233 pontos
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 170 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 163 pontos
4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 144 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 143 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 127 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 70 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 56 pontos
9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos
10- Fernando Alonso (Alpine) - 37 pontos
11- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 19 pontos
13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 16 pontos
14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 15 pontos
15- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos
17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos
18- Lance Stroll (Aston Martin) - 4 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 396 pontos
2 - Ferrari - 314 pontos
3 - Mercedes - 270 pontos
4 - Alpine Renault - 93 pontos
5 - McLaren Mercedes - 89 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos
7 - Haas Ferrari - 34 pontos
8 - Alpha Tauri RBPT - 27 pontos
9 - Aston Martin Mercedes - 19 pontos
10- Williams Mercedes - 3 pontos

MUITA LENHA PARA QUEIMAR

Foto: Reprodução/Mercedes

Depois de completar 300 GPs, um número significativo, é natural já começar a pensar o futuro a curto-prazo de Lewis Hamilton. Apesar de ter contrato até o fim do ano que vem com a Mercedes, Lewis está sendo constantemente questionado sobre o futuro no esporte, principalmente diante de um 2022 sem grandes possibilidades de triunfo na pista, anormal para um hepta.

Analisando a jornada que está percorrendo, Hamilton afirma ainda se sentir jovem, faminto e confortável na F1:

“Primeiramente, quero agradecer por chegar até aqui. Mas ainda me sinto fresco, e ainda sinto que tenho combustível sobrando no tanque. Estou gostando do que estou fazendo e orgulhoso de trabalhar, todos os dias, com este grupo incrível de pessoas. Estou aproveitando para trabalhar com o esporte mais do que nunca", disse.

Apesar das dificuldades e da nítida evolução da Mercedes no ano, Hamilton admite que vencer em 2022 talvez seja difícil, mas que está determinado a seguir lutando para melhorar o carro, principalmente o do próximo ano.

“Quero voltar a vencer e isso vai levar tempo, mas tenho certeza que vamos sentar algum dia e falar sobre o futuro. Quero continuar construindo. Uma coisa é correr, mas outra é continuar a fazer mais fora do esporte – algo que nós e a Mercedes conseguimos, e vamos, fazer”, finalizou.

Como é bom sentir Hamilton assim. Aquela desilusão do início do ano foi embora. Com as coisas se ajeitando e a compulsão de um competidor tão voraz, é nítido que todas essas atribulações, talvez inéditas na carreira, só servem para motivar e tornar Hamilton, o hepta, cada vez mais forte. Com Russell do lado, a Mercedes tem todas as condições para voltar ao lugar de bicho-papão da F1.

EMPOLGOU

Foto: Getty Images

Mesmo com Leclerc 63 pontos atrás de Verstappen e a Ferrari 82 pontos distantes da Red Bull, o clima é de otimismo entre os italianos, ao menos da boca para fora.

O chefão Mattia Binotto está animado com o progresso e o desempenho da equipe nas últimas duas corridas. Apesar do erro de Leclerc, Binotto acredita que a Ferrari tem grandes chances de vencer todas as corridas restantes no calendário, começando por Hungaroring.

“No final da temporada veremos onde estamos, mas acho que o mais importante é ver que, mais uma vez, tivemos um bom pacote, não há razão para não ganharmos 10 corridas de agora até o final.

Acho que é a maneira de olhar para isso de forma positiva e gosto de ser positivo, mantendo-me otimista. Poderia acontecer algo com Max e Red Bull? Não estou contando com isso, precisamos nos concentrar em nós mesmos e fazer o nosso melhor”, falou.

Mesmo com o duro revés, o chefão saiu da França confiante para a sequência do campeonato:

“Saímos daqui com total confiança no nosso pacote, na capacidade dos nossos pilotos e na nossa velocidade”, encerrou, em entrevista para o De Telegraaf.

O discurso externo tem que ser assim mesmo. Mostrar força, autoconfiança, uma resposta rápida depois do desânimo de domingo. A Ferrari está certa, só precisa fazer mais do que falar e faz tempo que isso não acontece. Além do mais, Binotto precisa mostrar a firmeza que Leclerc não tem, por ser muito "sincericida", digamos assim. 

Se a Ferrari entregar os pontos publicamente, o que resta para fazer até o fim do ano? Como diz o poeta: "ânimo galera, as coisas vão melhorar depois da França". Ou não.

TRANSMISSÃO:
29/07 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
29/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
30/07 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
30/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
31/07 - Corrida: 10h (Band)

 




terça-feira, 26 de julho de 2022

LEÕES VELHOS E NOVOS

 

Foto: Getty Images

No MMA, Dana White sempre afirma que o esporte é para jovens. É natural. A quilometragem, as guerras travadas e a idade cobram um preço. Durante um tempo, a F1 foi o inverso disso.

Com os carros desafiadores, pesados e perigosos, era preciso, antes de tudo, ser um homem. Um rapaz experiente, responsável, capaz de domar aquilo que poderia lhe matar na curva seguinte. Não a toa, há vários exemplos de campeões quarentões ou perto disso naquela época, algo impensável hoje em dia.

Apesar da grande quantidade de vagas, equipes, garagistas, aventureiros e falcatruas, era preciso ter muita experiência e dinheiro, claro, para pilotar um carro. Evidentemente, com os carros cada vez mais tecnológicos, a média de idade foi, lentamente, baixando. Ainda assim Senna, por exemplo, estreou “velho” hoje em dia.

Décadas depois, a F1 foi definitivamente para o extremo oposto. Diferentemente do MMA, alguém certamente diria: a F1 é para jovens. Antigamente, “bastava” dirigir. Hoje, é preciso ser um atleta completo para aguentar uma temporada cada vez mais lotada, com o corpo exposto aos efeitos do carro, desidratação, desgaste, cansaço, entre outros.

Dois casos saltam os olhos: Kimi Raikkonen e Max Verstappen. Dois campeões mundiais. Um estreou na F1 aos 18, o outro nem maior de idade era. E é assim, seja no grid ou nas categorias de base. Passando dos 20, o piloto já é considerado “velho” para ser uma promessa. Aí, somente muito dinheiro para conseguir driblar essa questão, como Latifi fez, por exemplo.

E num esporte onde está cada vez mais jovem, é possível ser longevo também. Sempre foi assim, desde Patrese até Fernando Alonso. Claro, é preciso ter qualidade, estofo e talento, ainda mais hoje quando as vagas são escassas. O problema está no meio termo, e as vezes nem quem não deveria sequer ser questionado, é. É a natureza do esporte, cada vez mais predatória.

Nesse universo, existem três pilotos cujo talento são inquestionáveis mas que, por motivos distintos, não possuem futuro garantido na F1. Dois campeões mundiais e um que já foi apontado como candidato a um. Vocês sabem de quem estou escrevendo.

Fernando Alonso. A situação do espanhol é a perigosa, apesar de, dos três, o que menos sente a questão da idade, mesmo já passando dos quarenta. Alonso não parece sentir o tempo, a desaceleração, os reflexos, ao menos não de forma evidente. Ainda assim, guiando o fino dentro das possibilidades, existe o perigo de ser preterido por um jovem: Oscar Piastri, campeão da F2 e grande aposta da Alpine. Não há vagas e o time não tem parcerias. Não dá mais para esperar e Ocon está garantido. É um mano a mano que nem deveria existir, ou então os dois deveriam coexistir na F1. A resposta? Só nos próximos meses.

Basicamente, Alonso pode ser preterido pela própria idade e a juventude inquieta de um concorrente. Ele já esteve nessa posição, mas só sim é que percebemos o tempo passando de forma avalassadora.

Sebastian Vettel. A situação mais tranquila. Só depende dele. Uma crise existencial. Continuar correndo no meio do grid sem objetivos mesmo tetracampeão, rico e sucedido, ou curtir a família e os projetos ambientais que tanto fala e dá visibilidade ultimamente? Tudo isso junto faz o alemão se sentir um pouco contraditório, segundo alguns. Repito: só depende de Vettel, que também é acionista da Aston Martin. Foi contratado como o líder de um novo projeto supostamente ambicioso, mas que até aqui só andou para trás. Esperar o novo túnel de vento ficar pronto? Vettel é ainda jovem e bem sucedido, apesar do auge ter ido embora há tempos. Ainda assim, nesse caso, o que está em cheque é a motivação na jornada do herói. Só Vettel e a validade do amor pelo automobilismo em alto rendimento é que podem responder.

Aqui, a situação é mais desesperadora no longo prazo, porque Daniel Ricciardo é o mais jovem dos três, mas ainda assim em situação delicada. Ao perceber a preferência por Verstappen na Red Bull, optou pela carreira solo. Apostou na Renault e agora naufraga na McLaren, que tem no jovem Norris o líder quase formado, agora referendado pelos resultados de pista. É um massacre.

É repetitivo afirmar que Ricciardo não justifica o investimento que vale. Tem mais um ano de contrato, mas a permanência não é garantida e tampouco enfatizada pelo chefe Zak Brown. Especulações e soluções para o lugar do australiano não faltam. O problema principal é a perspectiva: Ricciardo não será campeão do mundo e a McLaren foi a última chance de liderar um projeto. Quem pagaria um salário alto para quem desligado do time de Woking, se isso acontecer?

Bem, por mais que o panorama desenhado aqui seja o mais alarmista e fatalista possível, ainda é permitido sonhar, olhar o copo meio cheio. Se Ricciardo não é um líder, ainda assim tem grife para ser um segundo piloto numa eventual mexida de mercado. Se reinventar em outra categoria não seria ruim.

E se Vettel sair? A Aston Martin vai precisar de um cara com bagagem para liderar o time. Ricciardo pode ser esse cara. Alonso, se for preterido por Piastri, também. Se Ricciardo permanecer na McLaren, Alonso pode ser o líder de Lawrence Stroll enquanto Vettel curte a aposentadoria.

Há muitas possibilidades nesse universo, inclusive dos três continuarem onde estão e tudo isso não passar de um sensacionalismo opinativo. Eu não contaria com isso. Como já escrevi, a F1 é um esporte para jovens e também gente de bagagem. As vezes, nem isso é suficiente para superar a irresistível jovialidade do tempo.

Até!


segunda-feira, 25 de julho de 2022

HAMILTON, 300

 

Foto: Reprodução/Mercedes

Diante de tantos recordes impressionantes, muitos deles os mais importantes da F1, Lewis Hamilton completou uma marca que não parece muito significativa, mas na verdade é o símbolo de seu legado e longevidade: 300 grandes prêmios na F1.

É uma lista seleta, que estão outros nomes como Michael Schumacher, Kimi Raikkonen, Fernando Alonso, Rubens Barrichello e Jenson Button. Em breve, terá Sebastian Vettel. Ela diz por si só. É claro que hoje é mais “fácil” chegar a esses números porque há mais corridas, mas ficar 15 anos na F1 não é pra qualquer um.

Ficar 15 anos no topo da F1 não é mesmo pra qualquer um. Hamilton chegou logo numa equipe de ponta, algo inédito no esporte. Do lado dele, um certo Alonso, que seria o sucessor natural de Schumacher. O novo rei. Bom, a história mostra o que aconteceu. Ser forjado na disputa interna e guerras mentais ajudou Lewis? Com certeza, mas voltar onde tudo começou é o que me fez escrever.

2007 já é uma década e meia atrás. Hamilton tinha sempre a definição: primeiro negro na F1. Isso não mudou muito com o passar do tempo, mas agora é: o maior ou um dos maiores da F1. Venceu em todos os anos que disputou, mesmo campeão, quase, carros inconfiáveis ou quando viveu o pior momento da carreira, apelidado como Nigelmilton, ou algo assim.

Hamilton sempre foi muito rápido, mas faltava temperar nas disputas de pista. É o amadurecimento. Assim como outros nomes, apesar de começar no topo, teve o entendimento para buscar novos desafios. Perceber que a McLaren não era mais o que ele conhecia e embarcar na construtora que sempre o apoiou desde a infância é o salto que separa Hamilton, piloto campeão do mundo e muito rápido para Hamilton, heptacampeão mundial e recordista de poles e vitórias.

300 corridas. 7 títulos. Mais de 100 poles e vitórias. Muitos números. Embora a história de Hamilton se confunda com a da Mercedes, a minha cabeça sempre vai associá-lo a McLaren e o capacete amarelo inspirado no Senna. Igual o Raikkonen: campeão e com muitas corridas na Ferrari mas a lembrança marcante também é dos tempos da McLaren.

2022 é um ano desafiador para Hamilton. Ainda não venceu no ano, algo inédito. Um hepta jamais fica acostumado a não ser protagonista. Dessa vez, culpa da Mercedes, mas acontece: eles têm muitos créditos, aparentemente. Mesmo assim, com a idade avançada, mostra porque é um dos maiores da história.

Agora, as coisas se inverteram. Hamilton é o veterano multicampeão dividindo ambiente com um novato prodígio do time. Claro, não há guerra interna, muito pelo contrário, mas é um desafio que Hamilton não enfrentava desde Button: o companheiro de equipe. George Russell é duríssimo. Ser campeão ou não depende de muitos fatores, mas há ali talento e consistência para acreditar nessa possibilidade. Basta a Mercedes entregar o carro para os dois.

A corrida da França mostra essa maturidade e a diferença nos níveis de competição. Se acostumando com um carro diferente dos títulos que brigou e conquistou, Hamilton se adaptou. A algum custo, é verdade. Na tabela, ainda está atrás de Russell, mas aquela diferença incômoda não existe mais.

É claro que Hamilton não precisa provar mais nada para ninguém nas pistas. É evidente que os resultados importam, mas para o Sir, isso hoje em dia é secundário. Lewis não apresenta sinais de desaceleração. Ele e Alonso, quem diria, são os velhinhos do grid, junto com Vettel. Diferentemente do alemão, o talento continua.

O grande legado e objetivo de Hamilton é voltar para as vitórias, é claro. Depois, voltar a brigar para ser o primeiro octa e, mais importante que isso: continuar sendo um exemplo, mostrando que não é somente um piloto histórico, mas sim um ser humano excepcional.

A grande conquista de Lewis Hamilton é ser reconhecido como Lewis Hamilton, que abre caminhos para os negros na F1 e luta, dentro de suas possibilidades, contra as injustiças do mundo.

Lewis Hamilton não é o piloto heptacampeão. Lewis Hamilton é Lewis Hamilton.

Até!


domingo, 24 de julho de 2022

SENTINDO ALGO NO CAMINHO

 

Foto: Getty Images

No que talvez (e tomara que) seja a última corrida da F1 em Paul Ricard, diante de tantas alternativas no calendário para os próximos anos, vimos um circuito não oferecer pontos de ultrapassagem. Não é crítica. Os carros estão andando juntos, mas nem mesmo a asa permite muitas emoções.

Elas só aconteceram porque Sainz, com motor zerado, saiu do fundo do grid. É até injusto com os demais. Fazendo corrida de recuperação, o espanhol, quem diria, foi o grande nome da Ferrari no domingo. Essa frase, obviamente, não é algo positivo para os ferraristas.

Mais uma pole para Leclerc. A parada seria duríssima contra a Red Bull, que parecia mais forte. Max pressionava na primeira parte da prova, mas não tinha espaço para ultrapassar. Nem precisava. Há um campeonato no horizonte. A Red Bull antecipou a parada para forçar a Ferrari a algum erro. E foi isso que aconteceu, basicamente.

Ao invés de parar imediatamente, a Ferrari optou por Leclerc ficar na pista para, mais tarde, apostar na diferença dos compostos para vencer. Uma estratégia questionável que tivemos apenas o benefício da dúvida, porque Leclerc saiu da pista sozinho, rodou e bateu. Fim de prova. Um erro bobo e inacreditável. Estilo Vettel em Hockenheim, mas pior, porque não tinha chuva. Abandonar no moderno circuito, cheio de áreas de escape, é um feito para poucos.

Há semanas, reclamei da Ferrari sobre Leclerc. Hoje, não há o que contestar. Em 2019, achava Charles um piloto mais temperado, que se tivesse um carro capaz, conseguiria disputar o título com mais maturidade. É um engano. Talvez seja a pressão da primeira vez, mas o monegasco também erra demais, e se pressiona. Parece sentir, ficar abalado. Mostrar essa fraqueza pode ser ótimo para a própria imagem, autoestima e relação com imprensa e fãs, mas a vulnerabilidade certamente será explorada pelos rivais. 

O campeonato depende de um problema da Red Bull ou algum surto infantil de Max Verstappen para ter alguma emoção. Enquanto isso não acontece, o holandês vence tranquilo pela sétima vez no ano e abre incríveis 63 pontos antes das férias de verão. Uma vantagem que pode até aumentar na semana que vem. Com o carro mais equilibrado e errando menos, Max sobra. Não tem rivais para esse ano. O título tem cara de, cheiro de, gosto de... cada vez mais fica a impressão de "quando será?".

Enquanto a F1 tenta alguma emoção na disputa para a metade final do ano, a Mercedes evolui em passos lentos. O pneu demora para esquentar. Não são competitivos nas voltas rápidas, mas o ritmo de corrida é bom, quando os pneus esquentam. O problema é que isso demora para acontecer, o que inviabiliza vitórias.

No entanto, vimos hoje uma aula de Lewis Hamilton. 300 corridas, 187 pódios, 15 anos de longevidade justificam as muitas camadas que existem entre os grandes pilotos e os bons. Colocou Sérgio Pérez no bolso. Em nenhum momento foi atacado pela Red Bull, o que parecia improvável até aqui. Quarto pódio seguido, segundo lugar, o melhor resultado do ano e um recado: se a Mercedes conseguir aquecer os pneus mais rapidamente, ela embola a briga depois do verão europeu, o que seria ainda pior para a Ferrari e a possibilidade de perder mais pontos na briga pelo título. Aliás, a diferença nos construtores não está pequena, hein?

A Mercedes tem a melhor dupla de pilotos. É um carro consistente, com pilotos consistentes, que tiram tudo e mais um pouco desse carro. O azar foi o W13 não ter dado certo. Tomara que o W14 seja mais competitivo. Russell não desistiu, caçou, cercou, atacou, fez dive bomb e conseguiu passar Pérez no final após o fim da bandeira amarela virtual. Manobra de quem é esperto. Pela primeira vez, os dois do time alemão no pódio. Russell, com um carro capaz, tem tudo para fazer maravilhas.

Checo teve uma das piores corridas desde, sei lá, a época da McLaren no começo da decadência do time de Woking. Sem ritmo, não merecia o pódio mesmo. O agravante foi ter perdido numa aparente desatenção do VSC. Inaceitável. O desempenho do mexicano caiu nas últimas corridas. Pérez está ali para acumular pontos, mas precisa voltar a andar mais próximo de Max. Talvez as novas atualizações não o tenham ajudado, mas o nível caiu em relação aos últimos meses.

Sainz brigou muito, se aproveitou do motor novo e foi o quinto. Teve uma punição porque a Ferrari o liberou de forma perigosa. Os italianos sempre atrapalhando... Todavia, o erro de Leclerc e a situação trágica do time no campeonato após repetidos erros deixa isso em segundo plano.

Finalmente, Alonso sem problemas! Sexto lugar e a Alpine consolidada como quarta força no Mundial. Depois Norris, o invisível Ocon em oitavo, Ricciardo fazendo dois pontinhos em nono e Stroll décimo, com direito a fechada em Vettel na última curva. Quem é filhinho do papai dono pode se dar ao luxo de fechar um tetracampeão mundial sem sofrer nenhuma consequência.

Haas e Alpha Tauri fora do ritmo, com Gasly melancólico e decepcionante. Albon brigador, mas parece sozinho na maré da Williams. Alfa Romeo com problemas de confiabilidade e Bottas sumiu do campeonato.

A Ferrari e seus pilotos revezam erros e comandam formas inéditas de entregar a paçoca. A Red Bull e Max Verstappen agradecem e sentem algo no caminho.

Como canta Stephanie Mills no sample de "Make Me Feel", do Joey Badass: tem alguma coisa nesse jeito que torna tudo muito, muito bom.

Confira a classificação final do GP da França:


Até!

sexta-feira, 22 de julho de 2022

CONFRONTO DIRETO

 

Foto: Getty Images

Queria eu escrever que, a partir dos tempos dos treinos livres do GP da França, que a Ferrari tinha uma grande possibilidade de dar um "pulo do cavalo". No TL2, com os pneus macios, os italianos mostraram a habitual superioridade em voltas rápidas. O problema é que Sainz foi punido em dez posições, consequência da troca do motor estourado na Áustria, e aparentemente é carta fora do baralho para a corrida.

Sérgio Pérez tem problemas de consistência e já começou a ficar bem para atrás. Com boa vontade, pode-se pressupor que o mexicano talvez tenha trabalhado em algum setup diferente na sexta, mas a julgar pelo histórico, as atualizações deixaram Max definitivamente mais confortável com o carro, devolvendo o também habitual abismo entre o holandês e os últimos companheiros de equipe que teve.

Com os escudeiros distantes da briga, Le Castellet tem tudo para ser mais um confronto mano a mano entre Verstappen e Leclerc. Muitas dúvidas: a Ferrari finalmente tem um ritmo de corrida superior, igual no início da temporada? Áustria foi um acidente para a Red Bull? Estamos ansiosos.

Para o bem do campeonato, digamos assim, seria ótimo ver mais uma vitória da Ferrari, com Leclerc tirando nem que seja uma desvantagem mínima. É do interesse de todos. Max parece estar mais comedido, não disposto a grandes brigas para manter a distância confortável que tem. Nunca se sabe quando um motor pode falhar... Leclerc vai arriscar tudo? A desvantagem já é grande, mas qualquer problema ou erro de cálculo pode significar as chances de título virarem mera estatística do imponderável.

Acho no mínimo divertido considerar Nyck De Vries, ex-McLaren, campeão da F2 e hoje na FE como piloto "novato". Agora na Mercedes, ele simplesmente substituiu Hamilton no TL1. O Sir, inclusive, chega na impressionante marca de 300 corridas na F1. Diante de recordes mais "relevantes", isso parece algo menor, mas significa o passar do tempo, a longevidade. Acho que é um bom assunto para escrever nas próximas semanas.

Assim como o "novato" Kubica, que traz um patrocínio para a Alfa Romeo que justifica qualquer presença que possa ser considerada aleatória demais por ali.

A Mercedes parece distante do bolo do topo outra vez, mas marca presença ali, como terceira força. A McLaren parece bem, assim como pontuais tempos de Gasly e Schumacher. Correndo em casa, a Alpine tenta surpreender, mas ainda é uma incógnita.

Le Castellet. A Ferrari pode vencer três seguidas pela primeira vez em muito tempo. A Red Bull quer retomar o controle. No forte calor europeu, certamente vai ser uma disputa de tirar o fôlego.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da França:



Até!

quinta-feira, 21 de julho de 2022

GP DA FRANÇA: Programação

 O Grande Prêmio da França foi o primeiro a ter justamente o nome "Grande Prêmio". A primeira edição aconteceu em 1906, nos arredores de Le Mans.

No calendário desde 1950, a corrida francesa passou por diversos circuitos, entre eles Reims (1950-1951, 1953-1956, 1958-1961, 1963 e 1966), Rouen-Les-Essarts (1952, 1957, 1962, 1964 e 1968), Charade (1965, 1969-1970), Dijon (1974, 1977, 1979, 1981 e 1984), Paul Ricard (1971, 1973, 1975-1976, 1978, 1980, 1982-1983, 1985-1990) e mais recentemente Magny Cours (1991-2008).

Dez anos depois de ter saído do calendário, a F1 retorna ao país no lendário circuito de Paul Ricard.  Em 2020, em virtude da pandemia do coronavírus, a corrida não foi disputada, retornando ao calendário em 2021.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:09.593 (Ferrari, 1990)

Pole Position: Nigel Mansell - 1:04.402 (Ferrari, 1990)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Michael Schumacher (1994, 1995, 1997, 1998, 2001, 2002, 2004 e 2006) - 8x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 208 pontos

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 170 pontos

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 151 pontos

4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 133 pontos

5 - George Russell (Mercedes) - 128 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 109 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 64 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 52 pontos

9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 29 pontos

11- Kevin Magnussen (Haas) - 22 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 17 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 16 pontos

14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 15 pontos

15- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

17- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos

18- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

19- Lance Stroll (Aston Martin) - 3 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 359 pontos

2 - Ferrari - 303 pontos

3 - Mercedes - 237 pontos

4 - McLaren Mercedes - 81 pontos

5 - Alpine Renault - 81 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos

7 - Haas Ferrari - 34 pontos

8 - Alpha Tauri RBPT - 27 pontos

9 - Aston Martin Mercedes - 18 pontos

10- Williams Mercedes - 3 pontos

CHEFÃO DA ALPINE PREFERE PIASTRI

Foto: Getty Images

Apesar de garantir que nada está decidido, Otmar Szafnauer, o chefão da Alpine que chegou na equipe esse ano, diz que o jovem Oscar Piastri está pronto para a F1.

De forma nada sutil, Szafnauer deixou explícita a preferência pelo jovem australiano pelo seguinte motivo: ele não estava lá quando a então Renault recontratou Alonso.

“Eu não estava na equipe quando contrataram Fernando. Aqui ele tem todo um ambiente, uma atmosfera, os empregados e o carro que ele necessita. Acho que teremos um dos três melhores carros em dois anos”, disse.

Por outro lado, o chefão rasgou elogios para Piastri. É desejo da equipe francesa colocar o australiano na categoria no ano que vem, seja na Alpine ou quem sabe um empréstimo para outra equipe. Há alguns meses, é ventilada a possibilidade da ida para a Williams.

"Oscar já tem potencial para a Fórmula 1. No entanto, ainda não tomamos a decisão em relação ao segundo piloto. Mas não tenho nenhuma dúvida de que Piastri está preparado”, encerrou.

Alonso, por sua vez, reafirmou o desejo de continuar no time onde foi bicampeão, mas sabe que não depende apenas dele:

“A Alpine é a minha prioridade, mas não posso colocar uma arma na cabeça deles para renovar. A Alpine é a minha família, me sinto fresco e motivado, pronto para mais alguns anos. A minha intenção é renovar”, afirmou.

Nada político o Szafnauer. Que clima que está na Alpine, hein? Claramente ele não quer o bicampeão por lá, mas não é uma decisão apenas dele. No entanto, isso dá um bom indício... Nessa queda de braço, Szafnauer chegou agora no time. Duvido que seja voto vencido. Caso Alonso permaneça, como seria a relação de continuidade? 

É uma declaração com timing ruim e infeliz, além da escolha. Um bicampeão como Alonso merece mais respeito. Dentro da pista, é mais vítima de azares e erros do time do que falta de velocidade. Se caprichar, a Alpine consegue deixar os dois no grid. Do contrário, mesmo com a juventude e potencial de Piastri, a equipe perderia e muito com a ausência de alguém que ainda não deu sinais de desaceleração.

METEU ESSA?

Foto: Getty Images

Toto Wolff não se mostra um grande entusiasta das corridas classificatórias, especialmente as de 2022. Diferentemente do ano passado, quando existia um confronto equilibrado entre Mercedes e Red Bull, agora os taurinos têm certa superioridade em relação a Ferrari, que é superior ao resto do grid.

Em uma corrida curta e com poucos benefícios, os pilotos não arriscam. Como resultado, a corrida classificatória não atinge a expectativa desejada na época que foi criada.

Empacado como a terceira força do grid, distante do resto, Wolff falou sobre o que pensa das corridas classificatórias:

“Acho que a razão pela qual as corridas têm gerado menos entretenimento é que há uma diferença de performance muito grande entre as equipes. Você tem o Verstappen disparando na frente, as duas Ferraris sendo o único entretenimento durante a corrida e nós no meio de uma terra de ninguém.

Aí os outros estão ainda mais atrás e você ainda tem os trens de DRS. Isso nunca vai gerar uma boa corrida sprint”, criticou.

Wolff tem razão, mas falar isso agora que a Mercedes não corre mais sozinha depois de sete anos beira a cara de pau. Nem arde. Ademais, essas sprint races já podem acabar no ano que vem, né? Não há nada muito interessante nesse formato, só para o videogame as categorias de base.

TRANSMISSÃO:
22/07 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
22/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
23/07 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
23/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
24/07 - Corrida: 10h (Band)


terça-feira, 19 de julho de 2022

CHEGA DE CLUBINHO

 

Foto: Getty Images

Já faz alguns anos que a F1 virou uma WEC com grife, dividida entre duas montadoras (Mercedes e Ferrari) e a Red Bull, uma empresa de energéticos. A única exceção é a Renault, que de tempos em tempos deixa a categoria. De resto, todas as outras têm alguma ligação com as três citadas.

Com o alto custo da F1, principalmente do novo regulamento, Jean Todt não se importou em agir contra o constrangimento de ter só 10 equipes e 20 carros no grid. A F1 sempre foi sinônimo de garagistas tentando a sorte, histórias dos “journeyman” e o lado B do glamour da F1. É óbvio que aquilo não existe mais porque os custos não permitem, mas o clubinho protegido já passou dos limites.

Com menos equipes, o fundo de prêmios da categoria fica maior para todos. Essa questão ganha mais importância a partir do momento que a F1 colocou em prática o teto orçamentário. Uma equipe a mais significa menos receitas coletivas, o que seria pior para os times mais pobres, apesar de todos terem alguma dificuldade, principalmente após o Covid.

Menos times, menos vagas. Seja para os pilotos talentosos, aqueles que só têm dinheiro ou aqueles das academias. Que sonho ter 11 ou 12 times, igual em 2010 e 2011.

Claro, se é para ter uma equipe que ande muito distante do resto do grid, melhor não ter. Por isso que a F1 e o clubinho colocaram uma alta taxa para qualquer sonhador entrar na categoria: 200 milhões de dólares. Um valor inviável, ainda mais no pós-Covid. Tudo para proteger o clubinho e as principais montadoras. O último aventureiro foi Gene Haas, em 2016.

Eis que existem algumas possibilidades para isso mudar. Tirando algumas equipes, o status quo não parece muito satisfeito com essa possibilidade e vai tentar barrar isso o quanto for possível.

Audi e Porsche só precisam da confirmação do novo regulamento de motores para 2026 para oficialmente anunciarem o plano de finalmente estarem na F1. Dizem que o grupo Volkswagen vai fazer parcerias com a Red Bull e outras equipes, mas não descarta a possibilidade de um time próprio. Se tudo for realmente confirmado, seriam quatro anos de preparação.

Há uma outra esperança americana: Michael Andretti. No ano passado, ele quase comprou a Sauber/Alfa Romeo, mas não deu certo. Agora, o ex-F1 e campeão da Indy quer, assim como a Haas, ter a própria equipe Andretti na F1. A ideia é entrar a partir de 2024.

Para isso, os americanos aguardam a resposta da FIA sobre o pedido de entrada do grid. Uma equipe a mais, como já escrevi, significa repartir em mais uma parte as receitas da F1, o que ninguém quer. Por outro lado, a Andretti pode ter um trunfo dentro da própria categoria: a também americana Liberty Media.

Depois de três circuitos americanos no calendário, falta a cereja do bolo: pilotos dos Estados Unidos. Apesar da Haas ser uma equipe do país, toda a sede e estrutura é da Europa, além das parcerias com a Ferrari. A Andretti já deixou claro que pretende apostar nos pilotos do país, o que seria comercialmente muito interessante para a F1, caso eles também consigam desenvolver bem o projeto nos anos posteriores para brigar por pódios ou vitórias.

Até lá, é tudo hipótese e especulação. Os Andretti, na figura de Michael e do pai, o campeão Mario, quase imploram de joelhos pela atenção dos europeus, que parecem céticos e querem proteger o clubinho de investimentos.

Que a F1 pare de ser uma WEC com grife e entenda que todos ganham com a entrada de mais equipes: mais vagas para todos, mais empregos, desde que tudo seja devidamente controlado financeiramente, com teto orçamentário e uma F1 menos intocável.

Por mais Andrettis, Porsches e Audis, de preferência em várias equipes. Que volte a pré-classificação, o caos e o romantismo de antigamente na era moderna da F1. Me deixem sonhar, porque esse grid esvaziado é um pesadelo de olhos abertos.

Até!

segunda-feira, 11 de julho de 2022

MEIO CHEIO, MEIO VAZIO

 

Foto: Getty Images

Faltam duas etapas para a pausa do verão europeu na F1. O imponderável sempre está por perto, mas a tendência é que Max Verstappen e a Red Bull estejam com uma relativa vantagem em relação a Charles Leclerc e a Ferrari. No entanto, a corrida da Áustria deixa muitas dúvidas, esperanças e temores para as duas equipes.

Começando pelo atual campeão do mundo e a Red Bull. A Áustria foi um ponto fora da curva. Será mesmo? Com ritmo inferior e desgaste acentuado de pneus, Max Verstappen foi presa fácil para Leclerc. Se no início do ano os problemas de confiabilidade eram um problema, isso foi solucionado, mas nunca se sabe. Em uma temporada com regulamento novo e calendário cheio, é preciso estar atento a tudo. A verdade é que a Red Bull evoluiu, chegou a superar a Ferrari, mas ainda tem um equilíbrio muito grande.

Não se sabe se a Áustria é uma exceção a regra, mas em termos de ritmo a Red Bull ainda é melhor. A dúvida ficou plantada para a sequência da temporada.

A Ferrari é um caso complexo porque, além dos erros da equipe, a confiabilidade é um problema que aumentou com o decorrer da temporada. Se no início os italianos sobraram, a Red Bull evoluiu e a Ferrari empacou, o que é característico dos últimos anos.

A Áustria foi um ponto fora da curva. Será? Com melhor ritmo e gestão de pneus, foi azar que a Ferrari não saiu de Spielberg com uma dobradinha. Será que foi azar mesmo? O motor de Sainz foi embora e o acelerador de Leclerc quase comprometeu a vitória do monegasco.

A impressão que ficou é que a Ferrari, na ânsia para reagir e demonstrar força, está forçando tudo para superar e intimidar a Red Bull. Ou é tudo uma grande coincidência. A Red Bull historicamente desenvolve melhor os carros no ano do que a Ferrari, que tem a tendência inversa. França e Hungria podem manter a situação do jeito que está, encaminhar o título para a Red Bull ou a Ferrari embolar tudo.

A verdade é que os dois têm como olhar o copo meio cheio e meio vazio. No final das contas, quem vai encher e esvaziar ele antes sem quebrá-lo ou derrubá-lo? Ainda temos um longo caminho pela frente.

Até!

domingo, 10 de julho de 2022

TRÊS EM UM

 

Foto: Getty Images

O que mudou entre a corrida classificatória e a corrida de hoje? No sábado, tudo parecia encaminhado para mais uma vitória de Max Verstappen na casa da Red Bull. Por ser uma corrida curta e com poucos atrativos, onde há muito a perder, os pilotos não forçam o equipamento. É o antigo warm-up com grife.

O que vimos hoje em Spielberg rende vários capítulos, que vou abordar também no texto de amanhã. Que a Ferrari é um carro mais veloz em volta rápida, não há dúvidas. No entanto, nesse final de semana, foi justamente o contrário: a Ferrari capitalizou no trunfo da Red Bull, o ritmo de corrida.

Era dois contra um porque Pérez forçou uma ultrapassagem na primeira volta, foi tocado por Russell ficou fora da disputa. Max estava contra dois rivais da mesma equipe, lembrando os tempos antes de ser campeão do mundo. Rapidamente, a Ferrari encostou e não teve dificuldades para ultrapassá-lo. Além do ritmo, os pneus da Ferrari estavam durando mais. Uma novidade.

A Red Bull resolveu fazer duas paradas. A Ferrari poderia ter feito uma só ou dividido as táticas entre os dois pilotos, mas a situação estava tão confortável que os italianos ganharam dos taurinos na tática deles. Leclerc ultrapassou Max três vezes para garantir a vitória. A Ferrari tinha a faca e o queijo na mão para uma dobradinha na casa dos rivais.

Quando Sainz se aproximava de ultrapassar Max, o motor explodiu. Quando não é a Ferrari, é a confiabilidade. O mais absurdo foi a demora dos fiscais em prestar o apoio para o espanhol, que teve que sair do carro em meio as chamas. Poderia ter acontecido algo mais grave, mas ainda bem que foi um susto da adrenalina. Um pequeno golpe nas pretensões ferraristas.

Pois o acelerador de Leclerc, momentos depois, começou a ter problemas. Coincidência. A Ferrari, com uma dobradinha encaminhada e sem maiores sustos, podia perder a corrida pela confiabilidade. Max, sem ritmo, cresceu e venceria se tivesse mais algumas voltas. Como o "se" não existe, Charles Leclerc foi o primeiro a receber a bandeira quadriculada pela terceira vez no ano. Foi o primeiro triunfo do monegasco sem largar da pole position.

Max Verstappen pode estar com a famosa "sorte de (bi) campeão"? Tanto em Silvestone quanto hoje, era para o holandês ter muito mais prejuízos na tabela do que realmente teve, mantendo a vantagem de 38 pontos para o novo vice-líder do campeonato, Leclerc.

A Red Bull não sabe porque teve o rendimento tão ruim hoje, no palco onde dominou os últimos anos mesmo sem ter o melhor carro. A ascensão da Ferrari foi circunstancial ou as atualizações da equipe surtiram efeito? Estariam os italianos forçando o motor para acompanhar a Red Bull e isso ter sido a causa do abandono de Sainz? Perguntas que vou tentar responder num texto apropriado, mas deixo a reflexão para vocês.

Hamilton voltou a ter sorte. Graças a Sainz fora e Russell punido e fazendo corrida de recuperação, o Sir teve o terceiro pódio seguido no ano, o quarto na temporada. A Mercedes ficou bem para trás no ritmo de corrida. Depende muito do encaixe do circuito, mas as coisas estão melhorando. Aos poucos, o bicho-papão está voltando... o consistente Russell, mesmo com todos os percalços, conseguiu o quarto lugar. A Mercedes não é a carroça que falam. Pouco a pouco, eles vão voltar a ter chances claras de vencer, a questão é quando.

A Alpine tem em Ocon a constância de Russell na Mercedes. Ele não aparece muito, mas sempre soma os pontos necessários. Sorte esta que falta para Alonso. Não largou na corrida classificatória e precisou lutar muito na corrida, inclusive quase foi jogado para fora da pista por Tsunoda e retrucou com um mítico sinal negativo com a mão esquerda, enquanto fazia a ultrapassagem. Com o Safety Car Virtual, a equipe ainda se atrapalhou na troca dos pneus, mas ainda assim a Fênix consegue um ponto sensacional para quem largou em último. Que a Alpine nem ouse pensar em não renovar o contrato de Don Alonso.

A Haas cresceu nesse final de semana e finalmente teve dois pilotos. Se foi apenas confiança eu não sei, mas Mick Schumacher começou a embalar nos mesmos moldes da F4 e da F2, onde disparou para os títulos. Brigando com Hamilton, agressivo e ultrapassando, Mick alcança o sexto lugar e o melhor resultado da carreira. Definitivamente a confiança está ali e certamente a desconfiança em relação ao futuro diminuiu bastante. Magnussen também ficou nos pontos e a consistência dos dois é fundamental para o futuro financeiro da equipe, abalado sem Mazepin.

A McLaren teve um treino muito ruim mas evoluiu na corrida, tanto é que os dois carros ficaram no top 10, com Norris a frente de Ricciardo, como sempre. A equipe regrediu em relação ao ano passado, mas o que Lando faz fora dos holofotes é notável. Com certeza merece um equipamento melhor.

Do meio para trás, a briga encarniçada de sempre. Albon lutou muito mas não conseguiu os pontos. Gasly envolvido em mais um acidente. Não está no nível do ano passado, embora a Alpha Tauri também esteja abaixo. Aston Martin e Alfa Romeo insuficientes.

O final de semana de Charles Leclerc teve três grandes fatos: as ultrapassagens em Max, o fim do jejum de vitórias (a primeira sem ser a pole) e diminui a diferença para Max Verstappen, Resta a Ferrari não continuar atrapalhando o caminho do monegasco que, com um pouco de sorte, talvez tenhamos uma disputa mais aberta e franca pelo título.

Confira a classificação final do GP da Áustria:


 

sexta-feira, 8 de julho de 2022

APERTADO

 

Foto: Adam Pretty/Getty Images via F1

A rápida e cheia de limites de pista Spielberg é uma pista muito dinâmica. A mais curta do calendário, não permite erros para as voltas rápidas, embora permita muitas disputas na pista. É um dos melhores circuitos da temporada, sem dúvidas. 

O que fica ainda melhor se considerarmos que teremos duas corridas, uma mais curta. Hoje, foi definido o grid da corrida classificatória de amanhã. Muito equilíbrio, mas prevaleceu o histórico positivo da Red Bull em casa nos últimos anos. No detalhe e apertado, Max Verstappen sai na frente, mas a disputa está acirrada.

A Ferrari está ali e no detalhe não levou novamente. A Mercedes definitivamente voltou, em termos de ritmo. No entanto, Hamilton e Russell bateram no Q3 e podem ter prejuízos. Ainda assim, George é o quarto. Hamilton não deve ter problemas para escalar o grid, basta escapar da primeira curva.

A sorte da concorrência é que Sérgio Pérez não foi bem no Q2. Não conseguiu encaixar uma volta rápida sem respeitar os limites da pista, mas incrivelmente só foi punido horas depois do treino. Pior para Gasly, que não teve a chance de disputar o Q3. Pior para Max também, que vai estar sozinho na disputa contra as Ferrari amanhã. Se for inteligente, é melhor administrar a vantagem e não correr riscos. Pérez precisa se aproximar dos líderes para fazer uma boa corrida no domingo, que é o que vale.

Na intermediária do grid, a Haas está muito bem, com os dois carros entre os 10. Alonso está sempre brigando, assim como Ocon. Albon fez um bom treino e quase foi para o Q3. Quem parece sem rumo, ao menos em voltas rápidas, é a Aston Martin, o carro mais lento do grid. A McLaren teve problemas e também larga no fim do grid. Surpresa por Norris, nem tanto para Ricciardo.

No curto, rápido e disputado circuito administrado pela Red Bull, qualquer detalhe faz a diferença. Com a Mercedes voltando, a tendência é que seja um final de semana formidável na Áustria.

Confira o grid de largada da corrida classificatória:


Até!

quinta-feira, 7 de julho de 2022

GP DA ÁUSTRIA: Programação

 O circo da Fórmula 1 voltou a Áustria em 2014, após a Red Bull comprar e reformular o complexo que abriga o circuito, rebatizando-o de Red Bull Ring. A prova não acontecia no país desde 2003. Assim como em 2020, em 2021 o Red Bull Ring recebeu duas etapas: Estíria e o GP da Áustria.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:06.200 (Red Bull, 2021)

Pole Position: Valtteri Bottas - 1:02.939 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Alain Prost (1983, 1985 e 1986) e Max Verstappen (2018, 2019 e 2021) - 3x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 181 pontos

2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 147 pontos

3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 138 pontos

4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 127 pontos

5 - George Russell (Mercedes) - 111 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 93 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 58 pontos

8 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos

9 - Esteban Ocon (Alpine) - 38 pontos

10- Fernando Alonso (Alpine) - 28 pontos

11- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 16 pontos

12- Kevin Magnussen (Haas) - 16 pontos

13- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 15 pontos

14- Daniel Ricciardo (McLaren) - 15 pontos

15- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 5 pontos

17- Mick Schumacher (Haas) - 4 pontos

18- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

19- Lance Stroll (Aston Martin) - 3 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 328 pontos

2 - Ferrari - 265 pontos

3 - Mercedes - 204 pontos

4 - McLaren Mercedes - 73 pontos

5 - Alpine Renault - 67 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 51 pontos

7 - Alpha Tauri RBPT - 27 pontos

8 - Haas Ferrari - 20 pontos

9 - Aston Martin Mercedes - 18 pontos

10- Williams Mercedes - 3 pontos


PROVÁVEL CONTINUIDADE

Foto: Divulgação/Alfa Romeo

Antes mesmo do grande susto sofrido com o forte acidente na largada do GP da Inglaterra, Guanyu Zhou já era muito bem quisto internamente pela Alfa Romeo. Os elogios a performance, maturidade e evolução do jovem também podem significar a manutenção do chinês no time para 2023.

Apesar do anúncio da contratação de Zhou falar em "acordo plurianual", além do dinheiro chinês investido, a Alfa Romeo tem planos de, em breve, colocar Theo Pourchaire, hoje vice-líder da F2, no time. Ao que parece, esse é um plano que deve ser adiado.

Beat Zehnder, diretor esportivo da Alfa Romeo, elogiou Zhou:

“Normalmente, com novatos, você sempre tem que contar com uma ou duas batidas. Mas Zhou praticamente não comete erros. As experiências nos dizem que deve haver uma colisão em algum ponto no futuro, mas isso também faz parte do processo de aprendizagem. Ele é, definitivamente, um dos melhores novatos que já tivemos em nosso time”, disse.

Segundo a revista alemã Auto Motor und Sport, o chefão Vasseur já considera a permanência de Zhou.

Confesso que a notícia de Pourchaire me surpreende. O piloto francês é muito jovem e promissor e já é protagonista na F2, mas ainda não via um caminho sólido para a F1. Zhou já mostrou credenciais na F2 e precisa de tempo. É um bom piloto, apesar dos preconceitos e má vontade por ser asiático. Tem uma margem de crescimento muito grande, ainda mais num carro onde Bottas parece extrair o máximo possível, o que é uma bênção e uma maldição: mostra que o carro é bom, mas ter um companheiro de equipe desse quilate certamente também é uma pressão a mais para Zhou. Tomara que continue.

SEM PRESSÃO

Foto: Divulgação/Haas

Após muitos erros e acidentes, finalmente Mick Schumacher marcou os primeiros pontos na F1. A cobrança por resultados era notória e a desconfiança sobre o futuro do alemão ainda é grande, sobretudo com Magnussen dominando o filho do heptacampeão mesmo retornando para a F1 de última hora.

Se o chefão Gunther Steiner está contente com a performance do alemão na última semana, agora ele tem outra preocupação: que a pressão de ter pontuado pela primeira vez se transforme em uma cobrança para Mick pontuar constantemente, mesmo que não tenha carro para isso.

“É um respiro, já que não parecia que conseguiríamos depois da classificação, mas hoje, o carro estava rápido. Também foi muito bom para Mick. Quase não acreditamos no que aconteceu, então é algo muito bom para todos. E para Mick, pelo menos parte da pressão sai e o deixa em paz para pilotar.

É uma questão de confiança. Mas temos de ter cuidado para que a pressão não aumente de novo, com as pessoas dizendo ‘você agora tem de pontuar todas as vezes’, e depois, passando uma ou duas corridas sem pontos, repetindo ‘oh, ele está indo mal'.

Ele precisa ficar calmo. Mas eu disse a ele: ‘Apenas mantenha a calma, vai acontecer. Fique calmo, continue e ignore o mundo lá fora'”, disse.

Carregar o sobrenome Schumacher já é pressão o suficiente, mas acredito que agora Mick vai poder se acalmar e não tentar andar mais que o carro. Claro que o desempenho ainda é deficitário em 2022, mas Silverstone pode simbolizar um novo momento. Com calma, maturidade e quem sabe uma Haas mais competitiva em relação ao grid, agora Mick não tem nada a perder. Mantendo a consistência, o resto é consequência.

TRANSMISSÃO:
08/07 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
08/07 - Classificação: 12h (Band Sports)
09/07 - Treino Livre 2: 7h30 (Band Sports)
09/07 - Corrida Classificatória: 11h (Band e Band Sports)
10/07 - Corrida: 10h (Band)



terça-feira, 5 de julho de 2022

GERADOR DE LERO-LERO

 

Foto: Divulgação

O automobilismo sempre foi e talvez sempre será um ambiente elitista, pelos altos custos que tem e como quem pertence a esse universo é privilegiado, em qualquer aspecto que você escolher. Como em tudo que nos rodeia, é um recorte da nossa sociedade, principalmente no aspecto social e econômico. A famosa bolha.

Como não poderia deixar de ser, o público alvo sempre foi selecionado para quem tem o poder aquisitivo de comprar os caros pertences e frequentar os lugares do automobilismo, até porque o circo precisa ser pago. Manter toda a estrutura e o glamour tem um preço que não é acessível para o cidadão médio. E isso sempre foi institucionalizado pela F1, principalmente na gestão Bernie Ecclestone. O aceno ao Oriente Médio não era somente político e a atual gestão, a moderna Liberty, mantém o mesmo caminho: em tempos de pós-Covid, a conta precisa ser paga.

Nos últimos anos, é perceptível uma mudança de público que “engaja” (termo da moda) e se interessa pela categoria. Se antes eram raros os malucos que gostavam de ver carros fazendo vrum num domingo onde o mais importante é o carro, agora vimos que é um fenômeno que vai muito além do alcance padrão institucionalizado do homem de alto poder aquisitivo.

Os motivos? São bem evidentes. A Liberty, americana, sabe atrair e tornar a F1 em um espetáculo, mesmo na era Mercedes sem graça. A série da Netflix trouxe a dramaticidade e interessou muitas pessoas que talvez olhassem pra categoria de forma torta, ou talvez nem conheciam o esporte mesmo. E o público da Netflix não abrange somente homens de alto poder aquisitivo, muito pelo contrário.

Outro motivo evidente é Lewis Hamilton. Sempre famoso por andar com as celebridades, o sucesso esportivo, o carisma, a representatividade e as atitudes extrapista trouxeram muitos admiradores, principalmente quem não acompanhava a categoria. Hamilton é o pacote completo: o piloto supercampeão e a pessoa supercampeã, exemplo, que entendeu o que é e o que representa graças a maturidade dos últimos anos. Pessoas que a F1 não fazia questão de ter como público alvo enxergam Hamilton como um exemplo óbvio: o primeiro piloto negro na categoria e, para muitos, o maior e melhor da história.

O universo da representatividade trouxe também as mulheres como protagonistas, cada vez mais exercendo funções importantes nas equipes, na parte mecânica, estratégica, engenharia, entre outros. E as fãs, claro. Quem acompanha as redes sociais se surpreende com o alto engajamento feminino e muito bem embasado na categoria, principalmente também na presença de público em Interlagos.

O automobilismo, assim como os esportes de combate, tem no público alvo consumidor talvez a mais evidente expressão caricata do “macho”. Ainda não há pilotas na F1, mas o desenvolvimento da W Series permite também que as mulheres possam estar nos monopostos como protagonistas, assim como algumas pioneiras conseguiram vaga no grid nas décadas anteriores. Recentemente, até chefe de equipe nós tivemos, através da Monisha e de Claire Williams.

As diferentes culturas e a imersão de públicos e estereótipos não pertencentes a F1 “raiz” é um choque para a zona de conforto e para uma geração mais antiga, é claro. Comportamentos que seriam normais no passado hoje não são mais toleráveis. São os tempos que vivemos. Quem não entender, respeitar e se adaptar, fica para trás.

Nelson Piquet sempre foi um anti-herói, um cara sincero que, através da pretensa sinceridade de falar o que quer e como quer, conquistou muitos fãs nas ditas declarações “politicamente incorretas”. Não é novidade. Os trechos expostos falando sobre Keke Rosberg e principalmente Lewis Hamilton têm um peso gravíssimo por se tratar de um tricampeão mundial, um dos maiores pilotos da categoria.

Nelson nunca teve papas na língua, mas isso nem sempre é sinônimo de ser algo positivo, como estamos observando. Bernie Ecclestone é outro que representa o passado. Sua importância na categoria e a mão de ferro que conduziu e transformou a F1 no que ela é hoje é inegável. Bernie é mais importante para a história da F1 que muitos pilotos, mas os fins sempre justificaram os meios e a F1 é produto dessa mentalidade outrora padrão do automobilismo.

Longe de querer tirar a importância e a arrogância de ignorar e esquecer quem tanto fez para o esporte, mas é evidente que comportamentos e frases que estamos lendo não são mais toleráveis. Se eram antes, já passou, devemos olhar para frente e mudar a mentalidade.

Juri Vips na semana passada e Kyle Larson na Nascar, onde inclusive é o atual campeão, foram outros exemplos de frases e brincadeiras racistas. Larson foi punido e voltou, caiu para cima e foi campeão. Vips saiu da Red Bull mas continua na F2, apesar dos protestos públicos da categoria. É um erro que custa uma carreira, obviamente.

A questão não é sobre segunda chance ou julgar de cima sobre os erros alheios. Não é o meu papel, mas o comportamento errático está presente até entre os profissionais de imprensa. Ninguém é santo. Mais importante do que mostrar descontentamento, indignação e textos falando sobre como é possível reverter isso são as práticas assertivas. Como fazer isso?

A cada caso, é sempre o discurso padrão de repúdio e “não passarão”! A verdade é que eles passam e repassem, a consequência é quase inexistente. Alguns caem para cima. O pior erro é ser definitivo, é preciso equilíbrio, tempero, mas ainda assim uma definição.

Esse texto é mais um gerador de lero-lero sobre os acontecimentos diários de racismo, machismo, homofobia, estupro e tantas outras coisas que estão ao nosso redor, nos indignamos, mas as coisas demoram para mudar, e quando mudam.

A esperança na mudança de mentalidade, escrevendo especificamente sobre o automobilismo, está justamente nos novos fãs e consumidores desse universo. Um toque de frescor e diversidade a um estigma. Não sei como escrever isso, mas os choques de geração, criação e até as diferenças socioeconômicas serão mais constantes agora, onde essa área de convívio ainda é inédita.

Com o passar do tempo, a minha torcida é que algumas situações se normalizem. Que a representatividade de Hamilton e outros profissionais “minoritários” no esporte sirvam de inspiração para qualquer pessoa apaixonada pelo automobilismo esteja ali sem aqueles olhares, falas e gestos que tiram a naturalidade de viver e seguir nesse universo.

Sou cético, mas nesse caso acredito que o gerador de lero-lero que tanto repetimos e torcemos para acontecer já está mudando, mesmo que a passos de tartaruga, a mentalidade das pessoas. É assim que o esporte educa e influencia a sociedade, onde a contribuição não está só no entretenimento em si, mas também através da cidadania de nos impactar e fazer com que esses exemplos positivos sejam espalhados pelas nossas comunidades locais.

De grão em grão, o exemplo do automobilismo pode melhorar o convívio e o respeito a todos nas diferentes manifestações, inclusive a ambiental, que parece ser tão contraditório a um esporte a motor. É evidente que tudo isso deveria ser uma obrigação das pessoas, mas até lá, é necessária uma construção passo a passo da cidadania e da sensibilidade para com o próximo.

Até!

 


segunda-feira, 4 de julho de 2022

TUDO CONTRA

 

Foto: Divulgação/Ferrari

Tentando fazer algumas adaptações de contexto, Charles Leclerc até agora é, de certa forma, um Jean Alesi da Ferrari no século XXI com um pouco mais de sorte, mas nem tanto. Piloto muito rápido e talentoso, ninguém duvida de suas capacidades, tal qual o francês despontou lá nos anos 1990. Além disso, o que também os une é o incrível azar e falta de timing em alguns aspectos.

Alesi pegou uma Ferrari em reestruturação e não tinha a menor chance de competir com McLaren, Williams e Benetton na época. Quando tinha a oportunidade, acontecia alguma coisa que o impedia de vencer. Até mesmo na única vitória na carreira, no Canadá em 1995, o carro teve pane seca logo depois. 

Leclerc chegou na Ferrari forte, desbancando Vettel e mostrando que era de verdade. Quando ia vencer no Bahrein, o motor teve problemas. Inúmeros erros de estratégia, batidas e ultrapassagens no fim evitaram que o monegasco, de inúmeras poles, tenha "só" quatro vitórias até aqui. Isso porque teve dois anos com uma Ferrari lamentável, que o alijou das grandes disputas. Ainda assim, fez poles e quase venceu em Silverstone no ano passado.

Não tem muito o que fazer contra o azar ou problemas no equipamento. Foge do controle de uma pessoa. No entanto, já vimos Leclerc sofrer repetidas vezes com vários erros de estratégia da Ferrari que só o prejudicaram, tiraram vitórias que poderiam ser cruciais na briga pelo título contra Max Verstappen. Ontem a situação atingiu um limite.

Qualquer equipe que se preze prioriza quem é o mais rápido. Na Ferrari, esse alguém é Charles. Mesmo com o carro danificado, ele estava encostado em Sainz. Quando a Ferrari finalmente se livrou do espanhol, não quis chamar o monegasco para os boxes na hora do Safety Car porque achou que os pneus macios iam se deteriorar rápido e os pneus duros dele estavam menos desgastados.

Ao priorizar o segundo piloto, Leclerc perdeu a vitória e pontos importantes para encostar em Max e tirar a grande desvantagem que tem, isso que o monegasco venceu duas das três primeiras corridas do ano. E parou por aí. Muito por azar, incompetência da Ferrari, o óbvio crescimento da Red Bull e alguns erros de Charles, como em Ímola, onde perdeu o pódio por bobagem. 

Ao final da corrida, ainda teve que ver o dedo de Mattia Binotto em riste. Ou seja: a equipe não ajuda, atrapalha e Leclerc ainda precisa ouvir calado as ordens da cadeia de comando. Um completo absurdo.

Essa é uma corrida que pode criar precedentes. Hamilton decidiu sair da McLaren após mais um abandono na temporada de 2012. Ao ser desrespeitado pela equipe está mais atrapalhando do que ajudando, Charles Leclerc precisa olhar para o futuro com cuidado. A Ferrari não ganha nada há quinze anos e não parece provável que estejam perto disso, apesar de retornarem ao protagonismo dos pódios.

É muita baderna e desorganização. A Ferrari só foi alguém de fato, nos últimos quarenta anos, quando Ross Brawn, Jean Todt e Michael Schumacher lideravam a organização. Sem um grande comandante e alguém que dê sustentação para Leclerc, o monegasco precisa no mínimo repensar e refletir as opções.

Hamilton em breve vai se aposentar e uma das vagas da Mercedes vai ficar aberta. Quem sabe, em uma aproximação com Toto Wolff, a ponte para o futuro no médio prazo? Os alemães já se mostraram mais competentes e, mesmo em desvantagem nessa temporada, já estão chegando na Ferrari. É questão de tempo até vencerem a primeira no ano.

O que não pode é Charles Leclerc ter tudo contra ele: Mercedes, Red Bull e até mesmo a própria equipe.

Até!

domingo, 3 de julho de 2022

MAIS SORTE QUE JUÍZO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

A corrida de hoje em Silverstone mostrou que nem sempre quem vence faz uma boa corrida ou apenas o suficiente para ganhar. Claro, é óbvio que fez o suficiente se recebeu a bandeirada primeiro, mas isso também está ligado a outras circunstâncias que só o contexto faz questão de lembrar. Para os livros de história, não, até porque ela é contada pelos vencedores.

Talvez isso soe chato ou ranzinza, mas tudo bem. O importante é que finalmente Carlos Sainz venceu a primeira na carreira, justamente no final de semana onde fez também a primeira pole. Depois de bater na trave com a McLaren e em algumas etapas desse ano, o espanhol fez o hino do país voltar a tocar na F1 depois de nove anos, novamente com a Ferrari, onde Alonso triunfou pela última vez. Finalmente Sainz entregou o resultado que se esperava, embora as circunstâncias tenham sido bem distintas.

Começando pela largada e o forte acidente que interrompeu a corrida em uma hora. Gasly foi prensado por Russell, tocou no inglês, que tocou no carro de Zhou que capotou, quicou na brita passou por cima da proteção de pneus. Se não fosse a grade, acertaria o público e poderíamos ter uma tragédia.

Claro que foi assustador, mas não achei que haveria algum perigo. O Halo pode ter feito (ou fez) sua parte, mas capotamento é algo que sempre existiu na F1 e nem sempre dá para colocar tudo na conta desse artefato. Do contrário, muita gente teria morrido nos anos 1990 e 2000. O santantônio sim é uma invenção mais importante, mas esse assunto de segurança é cansativo e já escrevi sobre, então deixa pra lá.

O acidente que poderia ter sido mais grave foi o do Albon. Com o incidente acontecendo na curva, todo mundo freou. Vettel bateu em Albon, que bateu no guard rail e foi para o meio da pista, batendo e sido batido de frente, em T. A sorte é que os carros haviam diminuído a velocidade, mas se fosse igual na F2, em 2019... Por sorte e pela tecnologia, Albon e Zhou estão bem e devem participar da corrida da semana que vem.

Com a largada anulada, que tinha Verstappen na frente e Hamilton em terceiro, veio aí a primeira sorte de Sainz. Com a segunda largada, foi agressivo e cresceu para cima de Max, fechando-o. Foi o único mérito do espanhol hoje. Pérez foi tocado por Leclerc enquanto tentava se aproveitar da briga na frente e teve o bico danificado, precisando parar e ir para o fim do pelotão. 

Como sempre, o ritmo da Red Bull era superior e Sainz sentiu a pressão. Errou sozinho e facilitou o trabalho de Max, que parecia caminhar para mais uma vitória no ano. No entanto, passou por uma zebra e danificou o carro e furou um dos pneus. Desde então, não teve mais ritmo e praticamente se arrastou na pista, nos padrões Red Bull, claro. Sem os taurinos na briga, isso era uma ótima notícia para o campeonato.

A Ferrari tinha a faca e o queijo na mão para finalmente fazer outra dobradinha e recolocar Charles Leclerc de volta a briga pelo campeonato. No entanto, a Ferrari resolveu não ser totalmente Ferrari. A bagunça e a burrice estiveram lá, mas em nenhum momento eles intercederam a favor de quem briga pelo título. Leclerc, também com o carro danificado, ainda assim era mais rápido que Sainz. Enquanto isso, Hamilton chegava de mansinho e sonhava com uma vitória apoteótica em casa outra vez. A Mercedes tem ritmo com os pneus usados e é o grande trunfo da segunda metade do campeonato. A vitória dos alemães está mais próxima do que imaginávamos.

Quando a Ferrari finalmente se livrou de Sainz e priorizou Leclerc, Hamilton tinha uma boa situação na corrida, mas a Mercedes também não ajudou. Foi muito conservadora na troca de pneus. Os duros não tiravam tanta diferença, apesar de Hamilton ter uma óbvia vantagem para as últimas vantagens. Tudo parecia dar certo em linhas tortas, até que um problema no carro de Ocon, sobrevivente da primeira largada, mudou a corrida.

O Safety Car trouxe Pérez de volta para a briga e poderia prejudicar ainda mais Max, que era o nono e estava brigando com a Haas pelos pontos. Faltando poucas voltas, o gabarito era colocar os pneus macios e virar sprint race. Loucura total. Mas a Ferrari, ah a Ferrari... o principal piloto do time permaneceu na pista com os pneus duros. Por quê? A McLaren de Norris demorou a parar e Vettel e Magnussen também não trocaram pneus. Os dois últimos foram presas fáceis.

Leclerc foi presa, mas deu trabalho. Mostrou talento e jogou duro até com Sainz, que se aproveitou e se livrou na ponta, ainda que com dificuldades. Com os pneus novos, Pérez foi espetacular na briga com Hamilton e passou os dois. No entanto, o tempo que perdeu na disputa o tirou da briga pela vitória. Leclerc também, graças a burrice da Ferrari, perdeu o lugar no pódio para Hamilton, que teve o terceiro no ano e o décimo terceiro em Silverstone, sendo dez seguidos. Foi feito para Silverstone. 

De novo, Sainz teve mais sorte que juízo. Parecia que a Ferrari queria dar a ele a primeira vitória de uma vez, independente do contexto, para não desmotivá-lo. Apenas não entendi acabarem com Leclerc. Com Max lá atrás, era a chance de encostar no campeonato, e a oportunidade foi desperdiçada de novo. Ainda no fim, Max brigou com unhas e dentes pelo sétimo lugar e finalmente Mick Schumacher marcou os primeiros pontos da carreira. Emocionalmente na questão da nostalgia. Tomara que isso dê a confiança necessária para o alemão continuar trabalhando na Haas, onde a batata dele já estava começando a queimar.

Don Alonso, sem problemas, consegue um grande quinto lugar. Se tivesse mais carro e/ou potência, poderia ter se beneficiado da briga que acompanhou na parte final da prova. Norris andou em quarto a corrida toda mas um erro da McLaren o fez perder duas posições, ainda assim está bem. E Daniel Ricciardo? Mesmo numa corrida maluca, conseguiu ser o 13° de 14 carros que completaram a prova. Infelizmente, parece não ter mais solução. É constrangedor.

Vettel consegue mais dois pontos para a Aston Martin e Magnussen fechou o top 10. Cruel para Latifi, que teve um final de semana mágico para seus padrões e ainda assim não pontuou. Fui inventar de elogiar Tsunoda e ele acabou com a corrida dele e de Gasly. Certamente deve ter aquela conversa bacana e instrutiva com Helmut Marko...

O que nós queríamos, de certa forma, aconteceu: mais emoção e imprevisibilidade. Com Max fora do caminho, era a chance da Ferrari voltar a briga pelo título com Leclerc. O que vimos, no entanto, não deixou de ser imprevisível: os italianos priorizaram o segundo piloto que, com mais sorte que juízo, venceu a primeira na carreira. Que isso também sirva para dar mais confiança ao pressionado espanhol, mas é uma sacanagem tremenda com Leclerc, que luta sozinho contra três equipes, aparentemente.

Confira a classificação final do GP da Inglaterra:


Até!