domingo, 20 de novembro de 2022

1, 2, 3

 

Foto: Karim Sahib/AFP

O chatíssimo GP de Abu Dhabi só proporciona alguma relevância quando acontece uma disputa de título. Em mais de dez anos de corrida, isso só aconteceu quatro vezes. Quando não tem, vira uma corrida amistosa, marcada por incidentes e significados externos.

Hoje começo pelo principal. Quer dizer, a corrida em Abu Dhabi, num circuito horrível mesmo com algumas alterações, é uma chatice deprimente, onde todos nós só suportamos porque é a última do ano e tinha a abertura da Copa mais tarde.

Verstappen venceu de ponta a ponta. 15 vitórias no ano, um recorde absoluto que, no mínimo, vai demorar a ser batido. Na disputa do vice-campeonato, uma raridade: a Ferrari acertou na estratégia e a Red Bull não. Os taurinos fizeram Pérez parar duas vezes e esse foi o motivo do mexicano chegar em terceiro. Leclerc, contra a Ferrari e contra todos, foi o segundo na corrida e também no campeonato. Assim como no ano passado, o pódio da última corrida reflete o que foi a temporada.

Não tem muito o que escrever dentro da pista. Não houve grandes emoções. Sainz deu um chega pra lá em Hamilton na primeira volta, onde entendi ser um incidente de corrida. Não havia espaço para o Sir fazer muita coisa, mas a FIA entendeu que ele tirou vantagem da situação e deveria dar a posição para o espanhol, rapidamente recuperada voltas depois.

Hamilton e Abu Dhabi ultimamente não tem sido amigáveis. Com perda de potência, o inglês encerrou a temporada com um raro abandono. Não foi raro, mas Alonso abandonou também. Os dois poderiam ter feito zerinhos depois da corrida junto com Vettel, o protagonista do domingo. Graças ao abandono de Hamilton, Sainz foi o quinto colocado no campeonato e Lewis, pela primeira vez desde 2007, sai zerado em poles e vitórias no ano. Estranho, considerando que ele está na Mercedes. Acontece nas melhores equipes e com os melhores pilotos também.

Graças a isso que Sainz terminou em quinto no campeonato e em quarto na corrida. Antes dele no campeonato e depoi em Abu Dhabi, o sempre consistente Russell, que bate um heptacampeão no ano de estreia. Inapelável. Norris e Ocon foram o melhor do resto, assim como Stroll conseguiu bons pontos.

A corrida teve outras despedidas, menores é claro, além de Vettel. Ricciardo não sabe se volta e foi o nono. Mick Schumacher e Latifi fizeram o que pode se resumir de ambos: barbeiragem e punição ao alemão, que pode ser reserva da Mercedes. O canadense vai seguir caminho em outra categoria.

Sebastian Vettel. 122 pódios, 53 vitórias e quatro títulos. Os números são impressionantes e, claro, discutíveis, mas não é sobre isso. Escreverei mais sobre durante a semana. O fato de rivais como Hamilton organizar um jantar e o eterno adversário Alonso correr com um capacete em homenagem ao alemão mostra a importância de Seb para grid, não só como piloto mas principalmente pelo que passou a representar fora dele nos últimos anos, encorajando pelas iniciativas de Hamilton.

Seb merecia terminar bem a carreira. Dentro do possível, o bem era pontuar, e isso foi bem sucedido, mesmo com uma estratégia equivocada. A última disputa com Ricciardo finalizou uma carreira de excelência. Ainda não temos noção da importância e do furacão Sebastian Vettel na F1. Talvez nem ele tenha se dado conta também.

Os deuses ainda nos proporcionaram uma última disputa entre ele e Alonso na pista e o alemão, como quase sempre, se deu melhor e foi a grande pedra no sapato da Fênix, responsável por três vices do espanhol. Vettel é um gigante, muito pelo valor e as qualidades humanas que tem, assim como as qualidades técnicas que apresentou em quinze anos no grid. Não é sempre que um tetracampeão se despede do grid e, por ser conterrâneo, talvez tenha sido o motivo de Hamilton e Alonso se sensibilizarem.

Tal qual Djokovic e Nadal chorando pela aposentadoria de Federer, Alonso e Hamilton carregam o fardo de serem os mais experientes e sem mais contemporâneos além deles mesmo. O tempo está acabando e passa para todos nós, o que é muito triste.

Não vou encerrar isso com essa sensação ruim. Pelo contrário. É um alívio terminar a temporada. Ano que vem será pior. A mais longa e cansativa da história. Vou precisar descansar bastante, ainda que precise produzir alguns materiais por aqui antes de só querer saber sobre corridas lá em fevereiro do ano que vem. Missão cumprida.

1,2,3 chega ao fim a temporada 2022, com a ordem estabelecida no pódio. Campeonato inapelável que mostra, na ordem, quem mais venceu no ano. Tomara que as coisas sejam mais emocionantes, de forma natural, em 2023.

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

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