quinta-feira, 31 de março de 2022

MEDO E DELÍRIO

 

Foto: Reprodução/F1

A Liberty Media conseguiu em meia década o que Bernie Ecclestone falhou a vida inteira: fazer o público dos Estados Unidos se interessar pela F1. Com Miami estreando esse ano e Austin renovando até 2026, a F1 anunciou uma corrida noturna em Las Vegas a partir do ano que vem. A ideia é realizar no final do ano, no feriado de ação de graças nos EUA, no horário nobre americano (22h horário local, domingo de madrugada aqui no Brasil).

O circuito, obviamente, será de rua, o que está sendo uma tendência mundial, diante da inviabilidade de manter autódromos. Infelizmente. Com 25 corridas sob contrato, a F1 vai implantar o sistema de rodízio e uma corrida europeia ficará de fora. É impossível avançar no número de provas. 

A prova será realizada perto dos cassinos e pontos turísticos icônicos de Las Vegas, aquela coisa de filme, livro e para quem teve a sorte de visitar lá. A diferença é que é uma iniciativa própria da F1 em bancar os custos e organizar tudo. A expectativa é que tudo se pague com os ingressos, contratos de publicidade, entre outros.

A F1 sempre tentou diversos circuitos de rua nas cidades americanas mas nenhuma pegou. O próprio estacionamento do Caesar's Palace fechou algumas temporadas, incluindo um dos títulos de Nelson Piquet. Como escrevi anteriormente, o que mudou nos últimos 30 anos?

O grande trunfo foi a mudança na gestão e a F1 entrando nos tempos atuais. Com a série na Netflix firme e forte na audiência e as publicações voltadas para o mundo virtual, o engajamento e o interesse de jovens aumentou bastante, principalmente também com a identificação destes com os pilotos, sobretudo a nova geração que tem Russell, Leclerc, Norris, entre outros. Tornar a F1 algo popular nunca foi o interesse de Bernie mas, graças a esses mecanismos do engajamento e do jogo digital, a F1 teve uma guinada na marca, e os Estados Unidos é um resultado evidente disso.

Austin teve 400 mil pessoas na última corrida, recorde absoluto de público em um final de semana da F1. A audiência da F1 nos EUA também está aumentando exponencialmente: na abertura da temporada, superou a abertura da Indy, por exemplo. Um mercado consumidor desse interessado e ativo é o sonho para qualquer empresa, ainda mais uma que também é americana.

É justo um país ter três corridas? Evidente que não. Duas pistas de rua mais as outras milhares de pistas noturnas e de rua fazem com que tudo seja a mesma coisa, quase uma Fórmula E com grife. Não é questão de purismo, mas sim de velocidade, risco, etc. No entanto, é também um discurso utópico. A propriedade é ganhar dinheiro e fechar as contas, sobretudo num mundo pós pandemia e com consequências ainda devastadoras em todos os âmbitos.

Que os enviados a Las Vegas consigam realizar o trabalho sem se deixar envolver com as armadilhas da cidade do pecado.

Até!


segunda-feira, 28 de março de 2022

UM ADVERSÁRIO A ALTURA

 

Foto: Motorsport

Em 2019, logo após o GP da Inglaterra, escrevi aqui no blog sobre a futura rivalidade entre Charles Leclerc e Max Verstappen, que estavam protagonizando batalhas interessantíssimas naquela época, especialmente na Áustria e logo em seguida em Silverstone.

Quase três anos depois, muita coisa mudou e esse parece ser o momento certo para a tensão dos dois jovens pilotos. Além do covid, a Ferrari entrou em decadência, Leclerc precisou ser o líder de uma reestruturação e Max Verstappen foi campeão do mundo.

O que vemos nesse início de temporada é um confronto particular entre Red Bull e Ferrari e já vimos alguns pegas entre Max e Leclerc. Cada um levou a melhor uma vez em uma disputa limpa. É evidente que, com o passar da temporada, as coisas fiquem mais quentes.

O título é da ótica de Max e não é demérito a Lewis Hamilton. Não sou maluco. É apenas uma simples constatação: Max é um piloto excessivamente arrojado e, se tiver que ir pro tudo ou nada, vai. Hamilton nunca procurou o combate, apenas quando necessário, por ser mais experiente e, até o ano passado, ocupar a posição do cara dominante na categoria. Hoje, por enquanto, não é mais.

A questão é que Leclerc é da mesma geração e os dois podem duelar por até uma década na F1, se os carros assim permitirem. Diferentemente de Hamilton, Leclerc aprendeu a lição ainda em 2019 e sempre joga duro com a Max, retribui na mesma moeda. É talvez o único que não respeite o atual campeão e o holandês sente isso, reclama, amplia o arsenal. Leclerc e Max tem talentos muito parecidos e é por isso que, se os equipamentos permitirem, será uma rivalidade fascinante.

George Russell é outro que tem tudo para estar nesse mesmo patamar, mas no momento não tem carro para isso. Seriam três pilotos contemporâneos de, no mínimo, mesmo nível. Mais para trás, temos Lando Norris e o resto depende de toda uma conjuntura. Estou falando do pessoal da F2, que até merece um post a parte em breve: Oscar Piastri, Dennis Hauger, Juri Vips, Theo Pourchaire, Daruvala... a máquina de talentos nesse esporte imprevisível é sempre surpreendente, até porque o novo regulamento não vai demorar tanto para chegar, diferentemente do atual.

Senhoras e senhores: apertem os cintos! O texto de 2019 virou realidade e, nessa pegada, Max Verstappen e Charles Leclerc vão ser os grandes protagonistas de 2022, brigando ponto a ponto pelo título. Espero que sejam protagonistas de uma década inteira.

Até!

domingo, 27 de março de 2022

FOI LIMPO

 

Foto: Eric Alonso/Getty Images

Talvez seja efeito do início da temporada ou das polêmicas decorrentes do final do ano passado, mas o GP da Arábia Saudita foi uma tentativa de retorno as “raízes” da F1. Mesmo em uma corrida atribulada, a direção de prova não chamou pra si o espetáculo, apesar de uma decisão que achei particularmente questionável.

Sérgio Pérez fez a primeira pole da carreira em 216 corridas e vinha num bom ritmo, controlando Leclerc, que controlava Max. Nesses termos, o mexicano se encaminharia para uma vitória consagradora, pelo menos é o que se permitia sonhar.

Mais uma vez Latifi mudou o rumo de um resultado. Bateu outra vez no final de semana e, pela cara do Capito, talvez não tenha muito mais tempo na Williams. Com Mick ainda se recuperando do acidente de ontem e o carro de Tsunoda apresentando problemas antes de alinhar no grid, a corrida teve apenas 18 carros. A princípio, apenas um Safety Car Virtual, logo após Pérez parar. Assim, foi todo mundo para os boxes e Leclerc assumiu a liderança, com o mexicano em quarto. Uma injustiça. Só depois que foi acionado o Safety Car. Por quê não antes?

Nos tempos de Michael Masi, era capaz de ter uma bandeira vermelha e relargada. Tudo pelo espetáculo. Com a nova direção de prova, vimos o velho procedimento do Safety Car ir o máximo que pode, ainda mais que os comissários árabes são muito lentos. Em certo momento, a corrida foi secundária, mas no fim das contas houve etapa mesmo com as bombas sendo jogadas nas proximidades de Jidá.

O que se viu no final de semana foi a Red Bull superior com os pneus duros nos long runs. Mesmo mais veloz na reta, Leclerc controlava Max e Sainz controlava Checo. O final da corrida mudou tudo, novamente, quando parecia definido.

Uma sequência rara de três abandonos em uma volta. Alonso, que brigava com Ocon e vinha num bom sexto lugar (briga incomum diga-se, que jamais aconteceria com o espanhol no auge...), Bottas que fazia um bom trabalho na Alfa Romeo e Ricciardo, ainda brigando com a McLaren. Como os três se arrastaram pela pista e pararam perto dos boxes, apenas o Virtual Safety Car foi acionado e o pitlane fechado. Informação importante.

Isso fez Max se aproximar e, com melhor ritmo, ir para cima decidir. Zerado, o atual campeão precisava reagir. Leclerc, pensando nos pontos, estava mais tranquilo, mas com o histórico de perder corridas no final. Surpreendentemente, considerando o histórico das batalhas dos dois, foi uma disputa limpa e bonita na pista.

A única coisa patética, e aí não é culpa deles, é a asa móvel. Foi patético os dois fritarem pneus pra ver quem ficaria atrás para poder utilizar na reta principal. No final das contas, Verstappen passou e venceu a primeira no ano, mostrando que nos circuitos de alta a Red Bull tem vantagem, embora não tenha confiabilidade. 

A Ferrari foi competitiva e acumulou pontos com os dois pilotos, sendo mais forte nas pistas de baixa. Charles e Max, como já foi escrito em 2019, tem tudo para ser a grande rivalidade da década na F1. Dois pilotos jovens, arrojados e destemidos. É claro que a temperatura vai subir com o passar da temporada, mas ver uma disputa dessas até o final é lindo de se ver.

O pior final de semana de Lewis Hamilton em muito tempo. Eliminado no Q1, os acertos diferenciados da Mercedes pioraram o carro. Hoje, voltando ao normal, Lewis fez o que pode, mas foi traído pela incompetência da equipe ao não conseguir chamar para os boxes antes do VSC. No fim, deu pra salvar um pontinho. 

Enquanto isso, George Russell foi perfeito e vai mostrando consistência, mostrando que a Mercedes é uma terceira força muito distante de Red Bull e Ferrari. Problema no motor e na aerodinâmica. Pode ser uma temporada de transição, mas por ser longa, não é aconselhável fazer muitos prognósticos. Será Hamilton de 2022 o Schumacher de 2005?

Esteban Ocon foi um dos destaques da corrida e peitou até Alonso, garantindo um sexto lugar. Apresentando evolução, Lando Norris levou a McLaren para o sétimo lugar, com Pierre Gasly em oitavo e Kevin Magnussen conseguindo mais dois pontos importantes para a Haas. A Aston Martin aguarda se Vettel pode ser um diferencial porque o carro é fraco, enquanto a Williams precisa priorizar a questão financeira e quem sabe ter um piloto mais capaz para o ano que vem.

Numa disputa limpa, Max vence a primeira como um campeão do mundo. A última vez que um #1 havia vencido foi Sebastian Vettel no GP do Brasil de 2013. Em duas corridas, podemos dizer que Red Bull e Ferrari podem protagonizar o campeonato corrida a corrida, dependendo da confiabilidade, das evoluções e das características de cada pista. Pode ser mais uma temporada inesquecível na F1.

Confira a classificação final do GP da Arábia Saudita:


Até!


sexta-feira, 25 de março de 2022

ARMADILHAS

 

Foto: Hamed I Mohammad/Getty Images

Circuito longo, rápido, com muitas retas e curvas de alta velocidade num espaço reduzido. Qualquer erro será fatal para a corrida e pode implicar em muitos Safety Car e até paralisar uma sessão. Vimos isso na F1 e principalmente na F2, onde Felipe Drugovich vai ser o pole.

No entanto, no momento esse é o menor dos problemas da F1. A cerca de 10 km do circuito, no aeroporto internacional de Jidá, deu para ouvir bombardeios e fumaça nas proximidades. Desde o início da semana que a Aramco, petrolífera que patrocina a F1, vem sido atacada. A reinvidicação é do grupo houthi, do Iêmen, em consequência do conflito que existe entre os dois países e o Irã desde 2014.

Os pilotos fizeram uma reunião de emergência e o TL2 atrasou o início em 15 minutos. Mais essa agora. Se o final de semana pode ser cancelado? Tomara que não, mas creio que a Liberty pensou em todas as possibilidades além do dinheiro, certo?

Na pista, Leclerc foi o mais veloz e tivemos poucas mudanças em relação ao Bahrein, o que é normal. A Mercedes segue em dificuldades, a Red Bull está por perto mas a confiabilidade pode atrapalhar, Alfa Romeo, Alpine e Alpha Tauri bem (agora o problema foi com Tsunoda) e as equipes com motor Mercedes ainda lá atrás.

Vettel segue positivo para a Covid e teremos novamente Nico Hulkenberg em seu lugar. A Haas de Magnussen teve problemas e o momento dos sonhos pode ser interrompido rapidamente já nesse final de semana.

Uma pista de rua veloz e agora bombardeios. A F1 vai ter que lidar com muitas armadilhas nos próximos dias. Que não seja surpreendida.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 24 de março de 2022

GP DA ARÁBIA SAUDITA: Programação

 O Grande Prêmio da Arábia Saudita aconteceu pela primeira vez na história em 2021, em um circuito de rua da capital Jidá, com 27 curvas e 6.175 km de extensão, o segundo maior da temporada.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:27.511 (Mercedes, 2021)

Volta Mais Rápida: Lewis Hamilton - 1:30.734 (Mercedes, 2021)

Último Vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior Vencedor: Lewis Hamilton (2021) - 1x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Charles Leclerc (Ferrari) - 26 pontos

2 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 18 pontos

3 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 15 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 12 pontos

5 - Kevin Magnussen (Haas) - 10 pontos

6 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 8 pontos

7 - Esteban Ocon (Alpine) - 6 pontos

8 - Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 4 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 2 pontos

10- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Ferrari - 44 pontos

2 - Mercedes - 27 pontos

3 - Haas Ferrari - 10 pontos

4 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos

5 - Alpine Renault - 8 pontos

6 - Alpha Tauri RBPT - 4 pontos


FALTA POUCO

Foto: Getty Images

Além do início dos sonhos no GP do Bahrein, a Ferrari já trabalha para o futuro. A renovação com Carlos Sainz, cujo vínculo se encerra no final da temporada, está encaminhada, quase pronta. Só falta colocar no papel.

Foi isso o que falou tanto o piloto quanto o chefe, Mattia Binotto.

“Acho que estamos próximos. Muito perto. Muito, muito perto. Extremamente perto. Quase lá”, afirmou Sainz em entrevista coletiva depois da corrida.

“Acho que encontramos um acordo. É apenas uma questão de colocar no papel”, disse Binotto.

É um grande acerto. A dupla da Ferrari, embora não tenha grife, se completa. Dois pilotos talentosos e Sainz é um acumulador de pontos, regular. Vai ser fundamental na campanha dos construtores e já deixou evidente: se Leclerc bobear, o espanhol vai estar lá, pronto para aproveitar a oportunidade.

PROBLEMA NÃO É O MOTOR

Foto: Getty Images


A abertura da temporada mostra que, nesse momento, a Mercedes não está no topo da cadeia alimentar da F1. Um dos motivos, segundo os especialistas, pode ser o fato do motor alemão ser menos potente que os da Ferrari e da Red Bull. Há uma outra corrente que afirma que o mais provável é o problema de arrasto e o fato de o W13 quicar muito na pista.

A primeira hipóetese é negada pela equipe, embora Williams, Aston Martin e McLaren (todas usando o motor alemão) tenham ficado no fim do grid e reclamado publicamente durante a semana. Para Toto Wolff, a segunda hipótese pode ser a mais precisa.

“Precisamos analisar os níveis de arrasto primeiro, antes de fazermos um julgamento sobre estarmos ou não estarmos devendo potência. Acho que não existe uma grande diferença entre as unidades de potência”, disse Wolff.

Em Jidá, onde as retas são maiores, provavelmente deverão ser um problema maior para os alemães e seus clientes. Ainda é cedo e não há tempo para grandes ajustes. Só o futuro pode dizer se é problema de motor, arrasto ou ambos. Cedo ou tarde veremos quem é o profeta.

TRANSMISSÃO:
25/03 - Treino Livre 1: 11h (Band Sports)
25/03 - Treino Livre 2: 14h (Band Sports)
26/03 - Treino Livre 3: 11h (Band Sports)
26/03 - Classificação: 14h (Band e Band Sports)
27/03 - Corrida: 14h (Band)

terça-feira, 22 de março de 2022

UNS PODEM, OUTROS NÃO

 


A segunda corrida na Arábia Saudita em três meses, fruto do realocamento do circuito noturno e urbano de Jidá para o início de temporada faz com que seja, nesse ponto, impossível não levantar e repetir certas questões.

Em meio a incredualidade e indignação mundial com o conflito envolvendo Rússia e Ucrânia, os russos viraram a Geni da vez. Não, não vou fazer juízo de valor ou escrever sobre isso, mas sim todas as consequências político-esportivas que isso gerou. Na F1, vocês sabem, culminou com a saída da Rússia e de Nikita Mazepin. Esportivamente não foi ruim nenhuma das duas situações, o que deixa mais confortável a decisão para a FIA e a Liberty.

A questão é que a Arábia Saudita, Catar (que retorna em definitivo em 2023) e outros países assinaram com a Liberty mesmo com problemas de falta de liberdade e perseguição a jornalistas e minorias. Fatos comprovados. 

Logo a Liberty, que entrou no negócio para colocar a F1 no século XXI e tirar aquela aura do Bernie Ecclestone de que o que vale é o dinheiro. Além disso, ao tornaram o esporte mais atrativo para os jovens e o grande engajamento nas redes sociais, além das campanhas de maior inclusão e diversidade no automobilismo. Tudo isso é um discurso muito bonito na prática, colocar arcoíris no Safety Car, banir as grid girls, mas o que adianta se depois assinam contrato plurianual com países controversos em questões tão sensíveis, justamente o que a F1, na figura da Liberty, diz combater?

Como venho escrevendo há anos, o problema é o discurso e a prática. O problema do discurso é você virar refém dele e não ter jogo de cintura. Ao falar sobre diversas e se posicionar do jeito que se posiciona, não faz sentido a Liberty tirar a Rússia pela pressão política e manter Hungria, Arábia Saudita, Catar, entre outros.

A história mostra: uns podem e outros não. Mesmo com o verniz da modernidade, empatia e contra o preconceito, a F1 se mostra conivente e, pior, hipócrita, ao lidar com essas contradições. Pelo menos antigamente o discurso era único e coerente: dane-se o resto, o que vale é o dinheiro. Agora, é "somos contra x ou y, mas pagando bem que mal tem?"

Até!

segunda-feira, 21 de março de 2022

AINDA É CEDO, MAS...

 

Foto: RaceFans

Depois de oito anos, o surgimento de um novo regulamento técnico fez algumas pequenas mudanças na tradicional hierarquia da categoria na última década. Para efeitos de novidade isso é ótimo, embaralhando as forças e fazendo surgir novos e surpreendentes protagonistas.

No entanto, sabemos que precisamos ter calma e que, com paciência, tudo se desenvolve durante a temporada e nos próximos anos. O teto orçamentário é uma questão interessante, mas é inegável que, obviamente, quem tem mais recursos possui maiores possibilidades de domínio e recuperação.

O que vimos no Bahrein foi finalmente a Ferrari com um projeto aparentemente bem nascido e consistente. É claro que o desafio é manter isso até dezembro, mas só o fato de algo já começar promissor em Maranello já é bom. Outro passo importante é manter tudo isso sem empolgação exagerada.

A Red Bull mantém a consistência e se caracteriza pelo amplo desenvolvimento no ano. Outro calcanhar de aquiles, porém, é a confiabilidade. Abandonar do jeito que abandonou (além do problema do Gasly) pode ser um indício preocupante, até porque vai faltar tempo nesse curto prazo enquanto a categoria não volta para a Europa. Antes o problema era o motor fraco e instável, agora a questão é, aparentemente, a confiabilidade. Nunca duvidem de Adrian Newey, mas a bola está com o pessoal do motor da Red Bull.

A Mercedes se diz na terceira força mas, para esse e todos os casos e equipes, tudo também pode da característica de cada pista, a temperatura, etc. Não sei se na Arábia Saudita pode haver tempo para alguma melhora a não ser um encaixe com as características. Como estão falando que a Mercedes ainda não liberou toda a potência do motor para fins de confiabilidade, pode ser um final de semana difícil, mas que com a capacidade de investimento e resolução de problemas faça os octacampeões crescerem na hora certa.

O meio do pelotão tem o crescimento surpreendente da Alfa Romeo e principalmente da Haas, na figura de Kevin Magnussen, além da manutenção de Alpine e Alpha Tauri. Os franceses tiveram problemas com a degradação dos pneus mas o motor não fez grandes avanços, enquanto a Alpha Tauri tem o problema de confiabilidade. Considerando que Alfa Romeo e Haas ainda tem menos recursos mas dois pilotos experientes envolvidos, aproveitar essas corridas para pontuar e gerar dinheiro pra 2023 é de suma importância, visando a sobrevivência na categoria.

McLaren, Aston Martin e Williams. Em comum o motor Mercedes ainda com o freio de mão puxado, mas vai ser difícil sair do buraco no curto prazo. A Williams ainda não tem estofo pra isso, McLaren e Aston Martin (principalmente essa) tem mais dinheiro mas o buraco pode estar mais embaixo. Preocupante.

Esse é o panorama que dá para fazer nesse início de ano. Ainda é cedo para qualquer coisa além, mas é interessante observar o que um novo regulamento faz com as hierarquias da F1. Com tudo misturado e em posição de desenvolvimento, é óbvio que nós, fãs, é quem ganharemos com isso.

Até!

domingo, 20 de março de 2022

VOLTANDO AOS NEGÓCIOS

 

Foto: Peter J Fox/ Getty Images

Considerando as equipes que já venceram na Fórmula 1, o time que detém os maiores recordes da categoria e está presente desde 1950 detinha um recorde incômodo: era o que estava a mais tempo sem vencer.

A Ferrari não ganhava desde o último triunfo de Sebastian Vettel em Cingapura, em 2019. Dois anos e meio depois, os italianos estão de volta com uma vitória categórica em outro circuito noturno, agora em Sakhir. E também com dobradinha.

Entre esconder o jogo e delegar responsabilidades, a Ferrari está há 15 anos sem conquistar um título de pilotos. Desde então, passou perto e passou longe, em duas temporadas onde foi do inferno ao purgatório e, nesse final de semana, foi perfeita. Uma raridade. De forma até inesperada, Leclerc foi o pole. Hoje, também de certa forma inesperada, o monegasco liderou de ponta a ponta. Com dificuldades, Sainz fez o papel de acumulador de pontos e foi agraciado com um segundo lugar e a dobradinha ferrarista.

Verstappen, defendendo o título, tentou do jeito que podia. As vezes poderia ter a impressão que a qualquer momento iria impor o ritmo e passar Leclerc. Só pareceu. Enfrentando problemas de freio e combustível, que não chegou no motor, o carro apagou na penúltima volta. O mesmo aconteceu com Pérez e o time taurino começa zerado. 

Pontos importantíssimos no campeonato e nos construtores que são desperdiçados. Antes, o Safety Car que embolou tudo foi originado por um problema no motor de Gasly. Agora, a Red Bull não tem quem culpar, até porque agora são eles mesmo que desenvolvem o motor herdado da Honda. Falta de confiabilidade é preocupante.

De tanto blefar, a Mercedes realmente confirmou o drama. O novo carro, pela primeira vez em oito anos, não começa dominante ou no topo. Os alemães são a terceira força, mas uma dupla com Hamilton e Russell é capaz de capitalizar tudo. O pódio do hepta e o quarto lugar de George são pontos fundamentais para o desenvolvimento da mais longa temporada da história, até porque os alemães têm dinheiro e estrutura para recuperar o terreno. 

Dizem que os motores Mercedes não estão correndo na potência máxima pela questão da confiabilidade e de precisar render as oito corridas antes da troca, talvez isso possa explicar alguma coisa, assim como supostamente a Honda está na potência máxima. A verdade é que o motor Ferrari, até aqui, se mostrou superior.

O grande nome do final de semana é Kevin Magnussen. Chegando de última hora numa história que remete ao automobilismo romântico, a Haas simplesmente mostrou ritmo o final de semana inteiro. O quinto lugar não foi por acaso para alguém que retornou ao time após dez dias. Sensacional. Pela questão financeira, cada ponto vai ser fundamental para o futuro do time, até porque é difícil ter alguma perspectiva de desenvolver o carro atual. 

Sinal amarelo para Mick: mesmo que o forte seja o ritmo de corrida, ser dominado por alguém que chegou agora pode ser um problema. Vai precisar mostrar mais, mas finalmente está sendo testado.

Outra equipe que brilhou depois de frequentar o fundão foi a Alfa Romeo. A experiência de Bottas já mostrou efeito ao chegar em sexto e trazer pontos importantes, mas o grande holofote fica para o estreante Guanyu Zhou. A adaptação para a F1 num novo regulamento é brutal, mas o chinês viável foi muito combativo, ultrapassou, disputou posições e foi coroado com um pontinho na estreia, o primeiro da China. Mostrou personalidade e hoje provou que não está lá só pelo dinheiro ou pela importância comercial da nacionalidade, calando os eurocentristas preconceituosos.

A Alpine segue no meio do grid e conseguiu pontinhos suados com Ocon e Alonso. O problema é que o time está na mesma em relação ao ano passado, mas pelo menos não piorou. E aí vem a conversa com testas franzidas...

Williams, McLaren e Aston Martin. Equipes tradicionais e batendo roda nas últimas posições. Muito preocupante e até vergonhoso, considerando a capacidade de investimento do Stroll e a recuperação do time de Woking. Pós-corrida, o tom da McLaren é pesaroso, como se fosse muito complicado resolver esses problemas a longo prazo. A Williams é até previsível, visto que não há recursos e nem pilotos para fazer algo diferente. Para a Aston Martin, vale o aguardo da estreia de Vettel quando se recuperar do covid mas é pouco, muito pouco.

O final de semana do Bahrein ainda não traz um recorte, mas pode mostrar alguns indícios. O mais seguro deles, e óbvio, é: a Ferrari está de volta aos negócios.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

sexta-feira, 18 de março de 2022

PONTO DE INTERROGAÇÃO

 

Foto: Getty Images

A F1 está de volta! Com um novo regulamento, é muito difícil ainda tentar identificar as forças de cada equipe. Está tudo muito embaralhado.

Como sempre falam, essas definições mais exatas começam a ser a feitas a partir da temporada europeia. Até lá, tudo sempre depende da característica de cada pista e como os carros foram desenvolvidos até aqui, pensando depois na sequência do ano.

Tanto é que Gasly foi o mais rápido na primeira sessão e Verstappen o mais rápido na segunda. Interesse destacar o ritmo bom da Ferrari, que parece forte. Mercedes e McLaren parecem tímidas, um misto de esconder o jogo + dificuldades naturais. A Red Bull parece bem adaptada.

A Haas talvez esteja já andando o que pode, por isso no meio da temporada. Williams e Aston Martin (com Hulk no lugar do covidado Vettel) um pouco mais atrás, Alfa Romeo no mesmo caso dos americanos e a Alpha Tauri no meio do caminho.

Muita imaginação, muita expectativa, poucas ou quase nenhuma respostas. Mais do que nunca, com o novo regulamento, o início dessa temporada e esse final de semana no Bahrein vai ser um grande ponto de interrogação.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

GP DO BAHREIN: Programação

 Um dos mais recentes GPs da Fórmula 1 (começou a ser construído em 2002) o Grande Prêmio do Bahrein começou ser disputado em 2004. Desde 2014, a corrida é realizada de noite, "imitando" Cingapura.

Em 2022, pela quarta vez na história, o circuito barenita será palco da abertura da temporada.


Foto: Wikipédia


ESTATÍSTICAS:
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:27.264 (Mercedes, 2020)
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:30.252 (Ferrari, 2004)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton (2014, 2015, 2019, 2020 e 2021) - 5x

"SEM ESPAÇO PARA DOIS PAPAS"
Foto: Divulgação/Alpine

Uma das movimentações no mercado fora das pistas foi a chegada de Otmar Snazfauer como novo chefe de equipe da Alpine, depois de 12 anos na Force India/Racing Point/Aston Martin.

Em entrevista para a Sky Sports, o novo contratado da Alpine falou sobre a relação na equipe e o que levou a saída da Aston Martin: a incompatibilidade crescente com o dono, Lawrence Stroll.

“Um amigo meu me disse: a Igreja Católica só tem um papa. E quando você tem dois papas, não dá certo. Então acho que era hora de sair e deixar a Aston Martin para seu único papa, e vou tentar ajudar a Alpine da melhor maneira possível”, disse.

Nesses 12 anos, Szafnauer foi um dos grandes resposnáveis em recrutar e contratar funcionários para o então time de Vijay Mallya, que mesmo com dificuldades financeiras crescia e conquistava melhores resultados nos últimos anos, até a chegada do aporte de Stroll.

"Tenho um ótimo relacionamento com os homens e mulheres de Silverstone. Nos 12 anos em que estive por lá, mais que dobrei o tamanho daquele time. Muitas das pessoas que foram contratadas quando eu estava lá não foram escolhidas a dedo, mas eu ajudei a contratá-las e recrutá-las de outras equipes, com o objetivo de montar o grupo. Funcionou e deu certo”, completou.

Além disso, Szafnauer complementou, afirmando que está otimista com essa estadia na Alpine:

“Há um grande potencial, pessoas com a mesma opinião, seguindo a mesma direção e querendo se sair bem. Eles têm uma ótima história aqui. Eles venceram antes, têm uma boa infraestrutura, então estou realmente ansioso para trabalhar com eles”, destacou.

A Alpine acerta e a Aston Martin erra. Aí mexe com briga de egos. Szafnauer foi um dos responsáveis pelo crescimento da Force India, principalmente quando a equipe começou a ter problemas financeiros no final da gestão Vijay Mallya. Agora, com maior liberdade e a mesma capacidade de investimento e organização, a Alpine tem tudo para continuar evoluindo na categoria.

FERRARI PROMETE "CHANCES IGUAIS" PARA OS DOIS PILOTOS

Foto: Motorsport Images

Historicamente, a Ferrari é uma equipe que sempre teve bem nítido quem é o primeiro e quem é o segundo piloto. 

No entanto, como no ano passado o carro estava longe do topo, Mattia Binotto deixou a competição acontecer e, inesperadamente, Carlos Sainz venceu o em tese "primeiro piloto" Charles Leclerc.
Se for necessário tomar esse tipo de estratégia em 2022, o que Binotto escolheria: Leclerc, o piloto Ferrari; ou Carlos Sainz, o vencedor de 2021?

A resposta do chefão: nenhuma das opções. Segundo ele, a Ferrari vai dar "oportunidades iguais" para os dois pilotos.

"Não nomeamos nenhum número 1 e número 2 no ano passado. Vamos manter isso neste ano. Daremos a ambos oportunidades iguais e espero que possam ter um bom campeonato”, ratificou.

Bom, eu prefiro não acreditar muito nisso, até porque há notícias de que a renovação com Sainz está próxima de acontecer. É uma dupla que se completa. Leclerc é mais arisco e talentoso, enquanto Sainz é um acumulador de pontos, um "novo Hulkenberg" melhorado e com sorte dessa geração. 

No entanto, é óbvio que saberemos que, se precisar, a prioridade será Leclerc, o protegido e o escolhido para o ser o líder do projeto de resurreição ferrarista.

TRANSMISSÃO:
18/03 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
18/03 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
19/03 - Treino Livre 3: 9h (Band Sports)
19/03 - Classificação: 12h (Band e Band Sports)
20/03 - Corrida: 12h (Band)


quarta-feira, 16 de março de 2022

GUIA F1 2022: PARTE 2

 Olá! Vamos para a parte 2 da apresentação da temporada 2022 da F1! Agora, Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas!

SCUDERIA ALPHA TAURI

Foto: Divulgação/Alpha Tauri

PILOTOS: PIERRE GASLY (#10) E YUKI TSUNODA (#22)

Vitórias: 1          

Pódios: 2

Voltas Rápidas: 1

A dupla de pilotos está mantida por motivos diferentes, mas uma coisa em comum: falta de opção. Gasly anda mais que o carro mas não tem para onde ir, apenas esperar uma oportunidade em outra equipe. Enquanto isso, pode continuar brilhando e levando a equipe B da Red Bull adiante. O japonês Tsunoda permaneceu por falta de opções com superlicença na prestigiada academia Red Bull. Yuki cometeu muitos erros e foi irregular, mas o pessoal esquece que o rapaz tem apenas 20 anos e nem todo mundo é Max Verstappen. O problema é convencer Helmut Marko sobre isso... E assim segue a equipe matriz dos taurinos, buscando surpreender quando possível.

ASTON MARTIN ARAMCO COGNIZANT FORMULA ONE TEAM

Foto: Reprodução/Aston Martin

PILOTOS: SEBASTIAN VETTEL (#5) E LANCE STROLL (#18)

Pódios: 1

 O retorno da montadora foi decepcionante, considerando o investimento. Agora que não é mais uma Mercedes B, a ex-Racing Point e Force India teve dificuldades. Vettel conseguiu um pódio e teve bons momentos, apesar de grande irregularidade. O filho do papai não compromete tanto mas também raramente vai tirar coelho da cartola. Será que o investimento de Lawrence está sendo feito nos pilotos certos? Que Vettel consiga ressurgir na categoria com esse novo regulamento, afinal ninguém é tetra apenas por sorte.

WILLIAMS RACING

Foto: Reprodução/Williams

PILOTOS: NICHOLAS LATIFI (#6) E ALEXANDER ALBON (#23)

Título de Pilotos: 7 (1980, 1982, 1987, 1992, 1993, 1996 e 1997)

Título de Construtores: 9 (1980, 1981, 1986, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997)

Vitórias: 114

Pódios: 313

Pole Positions: 128

Voltas Rápidas: 133

Carregados por Russell, agora ausente, a Williams cresceu na tabela e também financeiramente. O próximo passo é duvidoso. Latifi evoluiu e não comprometeu, mas agora é o “líder” do time, que tem o tailandês nascido na Inglaterra Alexander Albon de volta na F1. O ex-Red Bull quer limpar a reputação depois de ter sido mais um incinerado por Helmut Marko, mas a tarefa não é a das mais fáceis. A aposta em um amigo de Russell e também jovem promessa que foi muito bem na F2 pode dar resultado apenas no futuro num ano que parece ser de mais uma transição esportiva para o time do agora finado Frank. 

ALFA ROMEO F1 TEAM ORLEN

Foto: Reprodução/Alfa Romeo

PILOTOS: VALTTERI BOTTAS (#77) E GUANYU ZHOU (#24)

Título de Pilotos: 2 (1950 e 1951)

Vitórias: 10

Pódios: 26

Pole Positions: 12

Voltas Rápidas: 14

Muitas mudanças na Alfa Romeo. Independente da Ferrari, a equipe mudou a dupla e fez um investimento ousado, visando o longo prazo: o ex-Mercedes Bottas foi parar na segunda pior equipe do grid de 2021. Ao seu lado, terá a presença do primeiro chinês viável na história da F1, o talentoso Zhou, que muita gente acha que é somente um asiático barbeiro pagante. A Alfa Romeo pretende evoluir com o passar do tempo, então se espera um ano complicado, mas que a capacidade e experiência de Bottas e a grana de Zhou consigam ajustar o projeto para os próximos anos.

HAAS F1 TEAM

Foto: Getty Images

PILOTOS: MICK SCHUMACHER (#47) E KEVIN MAGNUSSEN (#20)

Voltas Rápidas: 2

Um grande ponto de interrogação. Nas manchetes pelo imbróglio político envolvendo o conflito Rússia e Ucrânia que culminou com a saída da Ural Kali e Mazepin, o time de Gene se apóia somente na parceria técnica com a Ferrari. Sem grana para o médio e longo prazo, precisa desesperadamente de um piloto minimamente credenciado no meio do caos. Dentro da pista, a expectativa é nenhuma, assim como o futuro da equipe é uma grande incógnita, embora Gene transpareça tranqüilidade nas conferências de imprensa. Com o retorno surpreendente de Magnussen, a expectativa é que a experiência do dinamarquês possa ajudar no desenvolvimento do time e estabelecer um parâmetro razoável de competição para Mick Schumacher.

Agora é só esperar o ronco dos motores a partir de sexta-feira! Até!


terça-feira, 15 de março de 2022

GUIA F1 2022: PARTE 1

 

Foto: Mark Sutton/Sutton Images

Olá, amigos! Finalmente a F1 está de volta a partir desta semana, iniciando a temporada de 2022. O ano promete muitas mudanças no regulamento, o que talvez possa proporcionar novas hierarquias dentro do grid. Vamos conferir o que muda na F1 e como chegam as 10 equipes para a abertura da temporada, no Bahrein?

O novo regulamento técnico era para ter entrado na categoria no ano passado, mas foi adiado para 2022 em virtude do coronavírus. O novo carro vai ter “uma asa dianteira maior e integrada com os pratos laterais, calotas nas rodas e aletas cobrindo os pneus, além de refazer completamente o design da asa traseira.” (GE, 2022).

Outro retorno importante é do efeito solo, ausente da F1 há 40 anos. O efeito solo consiste quando “a maior parte da pressão aerodinâmica é gerada pelo assoalho do carro e não pelas asas e demais apêndices”. A expectativa é que, assim, os carros possam andar mais próximos e com menos turbulência, proporcionando mais disputas na pista. Os carros também aumentaram o peso mínimo, o que deixa o bólido de 2022 mais lento em comparação com os carros das últimas temporadas.

Os carros também vão ter pneus maiores, com aro 18, que já estão sendo testados de forma tímida na F1 há um bom tempo mas que só agora foram totalmente implementados na categoria.

Agora, a primeira parte do post  com as informações de Red Bull, Mercedes, Ferrari, McLaren e Alpine!

ORACLE RED BULL RACING


Foto: Divulgação/Red Bull

ORACLE RED BULL RACING

PILOTOS: MAX VERSTAPPEN (#1) E SÉRGIO PÉREZ (#11)

Título de Pilotos: 5 (2010, 2011, 2012, 2013 e 2021)

Título de Construtores: 4 (2010, 2011, 2012 e 2013)

Vitórias: 75

Pódios: 206

Pole Positions: 73

Voltas Rápidas: 76

Finalmente voltando a defender o título, ao menos de pilotos, a Red Bull agora quer a dobradinha e conquistar também os construtores, usando o motor Honda mas agora com desenvolvimento próprio. Com contrato renovado até 2028, Max Verstappen quer iniciar a nova era junto com o novo regulamento. Qualidade ele tem de sobra e mostrou força no jogo mental, embora ainda falte um pouco de tempero no ímpeto do agora campeão. Pérez, o fiel escudeiro, precisa ser mais regular para ajudar Max, tanto para manter o emprego quanto para ajudar a Red Bull, pois a disputa com a Mercedes tende a ser ainda mais difícil agora que os alemães estão com sangue novo inglês na equipe.

MERCEDES-AMG PETRONAS F1 TEAM

Foto: Divulgação/Mercedes

PILOTOS: LEWIS HAMILTON (#44) E GEORGE RUSSELL (#63)

Título de Pilotos: 9 (1954, 1955, 2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019 e 2020)

Título de Construtores: 8 (2014, 2015, 2016, 2017, 2018, 2019, 2020 e 2021)

Vitórias: 124

Pódios: 264

Pole Positions: 135

Voltas Rápidas: 94

Com Hamilton e Toto Wolff mordidos pelo fim da última temporada, a Mercedes promete “vingança” para reconquistar o título de pilotos e buscar o eneacampeonato consecutivo de construtores, recorde absoluto. Dessa vez, o time finalmente subiu George Russell para a equipe principal, depois de uma temporada de destaque na Williams. O jovem inglês pode ser o “novo Hamilton”, o prodígio que chegou na equipe grande e incomodou o veterano multicampeão, a exemplo do que Lewis fez quando chegou na F1, em 2007. Será?

SCUDERIA FERRARI

Foto: Divulgação/Ferrari

PILOTOS: CARLOS SAINZ JR (#55) E CHARLES LECLERC (#16)

Título de Pilotos: 15 (1952, 1953, 1956, 1958, 1961, 1964, 1975, 1977, 1979, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004 e 2007)

Título de Construtores: 16 (1961, 1964, 1975, 1976, 1977, 1979, 1982, 1983, 1999, 2000, 2001, 2002, 2003, 2004, 2007 e 2008)

Vitórias: 238

Pódios: 778

Pole Positions: 230

Voltas Rápidas: 254

A maior campeã da F1 aos poucos tenta retomar o protagonismo. O incomodo de 15 temporadas sem título já é grande. Com a dupla de pilotos mantida, o muito regular Carlos Sainz superou o talentoso Leclerc ano passado. Aliás, consistência foi o forte dos dois em 2021 e esse pode ser o grande trunfo para 2022. Com o novo regulamento, a chance de um pulo do gato para brigar com Red Bull e Mercedes outra vez é a grande esperança dos tifosi, pois há pilotos bons, mas falta uma boa gestão, e Mattia Binotto precisa colocar a Ferrari no lugar que ela deveria estar.

 

McLAREN F1 TEAM

Foto: RaceFans

PILOTOS: LANDO NORRIS (#4) E DANIEL RICCIARDO (#3)

Título de Pilotos: 12 (1974, 1976, 1984, 1985, 1986, 1988, 1989, 1990, 1991, 1998, 1999 e 2008)

Título de Construtores: 8 (1974, 1984, 1985, 1988, 1989, 1990, 1991 e 1998)

Vitórias: 183

Pódios: 493

Pole Positions: 156

Voltas Rápidas: 160

Ano passado a McLaren quebrou o jejum de vitórias que durava quase uma década, então o compromisso é por mais. Se houve uma queda na regularidade no final da temporada, o time de Woking aposta no crescimento de Lando Norris para seguir evoluindo. Ricciardo, contratado a peso de ouro, teve uma temporada decepcionante, apesar de ter sido o único a vencer no ano na única dobradinha de uma equipe em 2021. Entra pressionado para que a McLaren também, aos poucos, tente exercer o velho protagonismo na F1.

BWT ALPINE F1 TEAM

Foto: Divulgação/Alpine

PILOTOS: FERNANDO ALONSO (#14) E ESTEBAN OCON (#31)

Vitórias: 1

Pódios: 2

A agora Alpine teve uma temporada de afirmação. Ocon foi o responsável pela “primeira vitória” da nova nomenclatura e a primeira da Renault desde 2008. No retorno a categoria, Alonso manteve a forma e conquistou um pódio. É no novo regulamento que o bicampeão aposta em  um improvável conto de fadas para buscar o tão sonhado tri. Ocon precisa manter a regularidade para ajudar os franceses a figurar na zona de pontos durante o ano.

Nos próximos dias publico a segunda parte! Até mais!

quinta-feira, 10 de março de 2022

CAIU PRA CIMA

 

Foto: Motorsport Images

Juro que fiquei pensando nuns dias na possibilidade do Magnussen voltar pra Haas, mas só de sacanagem. Afinal, ele saiu da equipe justamente porque não tinha mais grana para competir com a chegada do Mazepin, no final de 2020.

E não é que isso realmente aconteceu? Graças ao apoio do homem mais rico da Dinamarca, K-Mag deixa os compromissos na Endurance e até na Indy para retornar a F1 em um contrato plurianual por 20 milhões de euros, uma quantia generosa para a Haas, que vai precisar de muitas verdinhas no médio e longo prazo, agora que não tem mais o dinheiro russo sustentando tudo isso.

Pode ser broxante o retorno de Magnussen por ser um velho conhecido e brecar o sonho patriótico de ter um brasileiro na figura de Pietro Fittipaldi, mas o que no primeiro momento foi surpreendente pra mim faz todo o sentido.

Com as calças na mão, sem tempo e sem dinheiro, a Haas não poderia se dar ao luxo de ficar sem dinheiro e sem um piloto experiente. É claro que quem pagasse mais levaria a vaga, e dizem que até a véspera Nico Hulkenberg, rival de K-Mag, é quem levaria a melhor. 

Por mais que eu queira a entrada imediata do Oscar Piastri no grid, sem dinheiro, seria uma calamidade dois jovens na equipe. Com Magnussen ou Giovinazzi, além da grana, a experiência na própria equipe vai contar bastante para o desenvolvimento do carro durante o ano. Além disso, o dinamarquês vai ser o primeiro parâmetro de competição para Mick Schumacher. Precisamos ver o nível dele. Será interessante.

Com 20 milhões anuais e sem Mazepin, a Haas caiu pra cima, considerando a gravidade da situação onde se encontra. Conseguiu repor a grana com um piloto melhor e ambientado na "aldeia" norte-americana. Todos os envolvidos ganham, menos, claro, os brasileiros, que já acham Pietro Fittipaldi um injustiçado nesse mundo cruel da F1.

Pietro nunca esteve perto da vaga, isso ficou nítido há vários dias. O que credenciaria ele a vaga, além do patriotismo e do sobrenome? Não canso de repetir: o grande feito do brasileiro foi vencer uma World Series decadente! Seja por dinheiro ou pela qualidade, Pietro certamente era a pior opção para a Haas, e o óbvio foi feito.

A perspectiva do time não é boa, todos sabem. Se arrastar no fim do grid e sem perspectiva futura, agora que o dinheiro russo não existe mais, é papo pra se preocupar com a longevidade da operação. Coincidência ou não, estão cada vez mais fortes os rumores do Michael Andretti comprar a equipe ou simplesmente ser a décima primeira do grid, o que seria melhor ainda.

Para quem lamenta a ausência de um brasileiro ou de um piloto bom sem depender de dinheiro, academia ou sobrenome, o problema está muito além: o alto custo do automobilismo e como a F1 virou um clubinho comandado por Mercedes, Ferrari e Red Bull. Se existisse interesse em ter mais equipe, certamente teria espaço para todos: Pietro, Piastri, qualquer pagante aleatório e quem sabe aventureiros garagistas, igual antigamente. Como isso não existe, precisamos nos adequar a realidade.

Até!

terça-feira, 8 de março de 2022

SOBRE PIETRO NO GRID

 

Foto: Divulgação/Haas

A guerra da Rússia contra a Ucrânia pode ter acelerado e antecipado um processo que parecia (e ainda parece, apesar de tudo) bem vagaroso: quando teremos um brasileiro novamente na F1?

Claro, Pietro correu duas etapas em 2020 quando substituiu Grosjean, mas foi justamente uma substituição. Lá atrás, Felipe Massa, nosso último titular, foi enfático: a aposta dele é em Caio Collet, jovem, ligado a Renault e também empresariado por Nicholas Todt, o que sempre é um bom sinal.

O frenesi se justifica: o brasileiro adora F1 e o boom dos últimos anos nas redes sociais aproximou os jovens da categoria. Além disso, existem diversos conteúdos, lives e campeonatos virtuais, canais no YouTube e no Twitch que aproximam os pilotos dos fãs. Os Fitti Brothers, Pietro e Enzo (que está na F2 desse ano), sabem usar essa plataforma com maestria.

O resultado é essa grande expectativa e campanha pela efetivação de Pietro na Haas: é brasileiro, carismático e carrega o sobrenome Fittipaldi. Seria mais uma geração da família na F1. Tirando o patriotismo e o carisma de lado, essa euforia em torno do Pietro se justifica?

Pietro, como piloto reserva, está confirmado nos testes do Bahrein que começam amanhã, quarta-feira, e vão até sexta. A Haas corre contra o tempo, porque precisa fazer o ajuste do banco e o escolhido já vai estrear direto no treino livre. Vai precisar de adaptação.

Pietro, por estar na equipe há anos, não precisaria tanto desses esforços. É claro que vai precisar de ritmo de corrida, caso seja confirmado. Aí uma situação intrigante: se Pietro é naturalmente o ficha um, por que Gene e Gunther ainda não fizeram esse anúncio quase que instantaneamente a saída de Mazepin?

Porque os americanos estão correndo contra o tempo e buscam opções melhores, sejam técnicas ou que tragam mais dinheiro. Giovinazzi é piloto Ferrari, que tem parceria com os americanos. No negócio, poderiam baratear o custo dos equipamentos. Sem a grana russa, qualquer corte seria crucial para a Haas.

Outras alternativas ventiladas pela imprensa me parecem improváveis, a não ser que o dinheiro esteja na parada. Oscar Piastri, campeão da F2 e sem vaga em lugar algum, poderia ser emprestado pela Alpine para pegar experiência. O australiano está sendo preparado para substituir Alonso, que pode se aposentar nesse ano. Falaram até no indiano Daruvala da Academia da Red Bull, mas Piastri tem credenciais técnicas superiores aos nomes citados. Giovinazzi, outra promessa da GP2, não confirmou até aqui e tem a Ferrari e a experiência como trunfos.

Pietro precisa de mais dinheiro. A falta de tempo pode ser um fator que o beneficie, pois já é da casa. Sem a grana russa, a Haas está em apuros para o médio e longo prazo. Em termos técnicos, qualquer um é melhor que Mazepin. A principal conquista de Pietro na base foi na decadente World Series de 2017, que acompanhei com relativa atenção. O grid já estava bem esvaziado de talentos, mas o que valia eram os pontos na superlicença.

Como brasileiro, será (ou seria) ótimo o retorno de um compatriota no grid, mas Pietro não é a melhor opção disponível. Tem um pouco de dinheiro e o sobrenome de bicampeão, não podemos negar. Eu gostaria de ver Piastri ou até mesmo o Giovinazzi no assento, mas não sabemos a complexidade das negociações.

Caso Pietro seja confirmado, seria uma redenção brasileira quase uma década depois. Explico: em 2013, estava tudo certo pro Luiz Razia, vice-campeão da GP2 2012, ser piloto da Marussia. Já havia sido anunciado e tudo. No entanto, as vésperas do início da temporada, um dos patrocinadores do brasileiro deu pra trás e o acordo foi desfeito. Um certo (e finado) Jules Bianchi foi o substituto. 

Agora, quem sabe é a vez de um brasileiro entrar na grid na última chamada, correndo pelo portão todo esbaforido para chegar no local de prova sem se atrasar.

Até!

sexta-feira, 4 de março de 2022

POR QUEM OS SINOS DOBRAM

 

Foto: Motorsport Images

Um movimento de Vladimir Putin, entre milhares de consequências importantes para a humanidade e que todos vocês já sabem, também pode ter contribuído para a falência de uma equipe de Fórmula 1 em breve.

A consequência da invasão a Ucrânia não poderia deixar de ser política, até em agremiações que normalmente repudiam isso ou fazem vista grossa. Estou falando da FIFA e da FIA, é claro. Com toda a comunidade internacional isolando a Rússia por um motivo e ignorando outras nações que fizeram o mesmo ao longo da história (e continuam fazendo), isso só prova que alguns países têm licença para matar, de fato.

Fugi um pouco do assunto, mas nem tanto. A F1, assim como o futebol, excluiu a Rússia permanentemente do calendário da categoria. Ano que vem entraria o circuito de São Petersburgo no lugar de Sochi, não mais. A pressão nos oligarcas russos fizeram Roman Abramovich anunciar a venda do Chelsea e o pai de Mazepin deixar de patrocinar a Haas e uma equipe da F2. A Uralkali e a bandeira da Rússia foram retirados do carro da equipe americana.

Sim, a equipe de Gene Haas desde o ano passado é (ou foi) sustentada pelo dinheiro russo. Ou era isso ou a equipe acabava. E aqui entra o ponto principal do texto: como a Haas vai sobreviver no curto prazo? Pode parecer irrelevante para os elitistas esportivos da categoria, mas uma falência iminente caso não aconteça a venda do time seria péssimo para a imagem da F1.

A categoria é elitista e caríssima e foi fechado um clubinho. Dificilmente haverá uma décima primeira equipe. Se a Haas não conseguir um novo dono ou algum dinheiro e sair, teremos 18 carros e nove equipes, o que seria inédito para o esporte. Dentro da política, acomodar os interesses de Red Bull (que possui duas equipes), Ferrari e Mercedes será cada vez mais difícil.

Mas a Liberty se importa? A prioridade pra eles é conseguir correr mais cinqüenta vezes por ano nos Estados Unidos e forçar enredo na série forçada da Netflix. Ao mesmo tempo que uma punição severa foi feita, a mesma FIA/Liberty assinou um acordo de múltiplos anos com Catar e Arábia Saudita. Mas o importante é pintar o Safety Car com as cores do arco-íris e gerar engajamento na semana da corrida, certo?

A Inglaterra também já vetou qualquer russo de disputar corridas por lá. Sem o dinheiro russo, Mazepin perde influência e, sem influência, provavelmente vai perder a vaga na equipe, prevendo que outras sanções feitas por outros países podem interferir na ida e vinda dos cidadãos russos.

Não é o ponto do texto, mas é claro que as chances de Pietro Fittipaldi aumentaram. Muitos dizem que ele é o ficha um por já ter experiência de corrida e de testes com a equipe há anos, além dos pontos na superlicença graças ao título da World Series em 2017, num grid enxuto e fraco. Evidente que seria legal um brasileiro de volta como titular no grid e seria uma redenção, pois em 2013 o Luiz Razia perdeu a a vaga na Marussia porque um patrocinador deu pra trás. O brasileiro foi substituído por um certo Jules Bianchi.

No entanto, é claro que a presença de Pietro seria muito mais pelo sobrenome e por algum aporte financeiro que poderia ter. O irmão Enzo vai ser abastecido para disputar a F2 e certamente Pietro também estaria na jogada. Seria o melhor dos dois mundos: dinheiro e sobrenome, formando dupla com um Schumacher. A imprensa europeia também especula um nome mais experiente e vinculado a Ferrari, que ainda tem parceria com a Haas: Antonio Giovinazzi, que já assinou com a Fórmula E mas certamente voltaria correndo pra F1, mesmo na pior equipe do grid.

Giovinazzi é um nome mais seguro e tem credenciais superiores a de Pietro, embora não tenha confirmado na F1. Eu escolheria o italiano, ou tentaria colocar ali Oscar Piastri, mas sendo um piloto Alpine/Renault seria difícil.

É raro, mas dessa vez o dinheiro e a força de composição política saíram derrotados no esporte.

Assim escreveu John Donne em 1624, na Devoção XVII do livro “Devotions upon emergent occasions” (Devoções Numa Ocasião de Emergência, em tradução livre), obra que escreveu enquanto esteve doente na cama por dias sem saber se iria sobreviver, em 23 “devoções” sobre a doença, a cura e outras questões humanas:

“Nenhum homem é uma ilha, todo em si; todo homem é uma parte do continente, uma parte da terra; se um torrão de terra é levado pelo mar, a Europa é diminuída, tanto se fosse um promontório, como também se fosse uma casa de teus amigos ou a tua própria; a morte de todo homem me diminui, porque sou parte na humanidade; e então nunca pergunte por quem os sinos dobram; eles dobram por ti.”

No quarto de Donne, ele ouvia os sinos tocando. Isso significava que alguém tinha morrido. Os vizinhos se perguntavam: “por quem os sinos dobram?”, como quem pergunta “quem morreu?”

Essa expressão virou o título da obra de Ernest Hemingway, que relata a história de um americano professor de espanhol que se tornou conhecedor do uso de explosivos e tem a missão de explodir uma ponte em virtude de um ataque simultâneo a cidade de Segóvia. A referência é a própria experiência de Hemingway na Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

Os sinos continuam dobrando todos os dias, seja em guerras, chacinas, pobreza, fome, ganância, etc. No entanto, nesse caso específico e político, é claro, o sino dobrou para o dinheiro e a política (ou uma parte dela) no automobilismo.

Até!