segunda-feira, 3 de abril de 2023

FORÇA DE VONTADE

 

Foto: Getty Images

A FIA e a direção de prova, com Charlie Whiting, tinham preceitos, regras e situações muito bem definidas. Raramente existiam polêmicas. Só lembro de uma, quando Vettel mandou o finado diretor de prova ir “se foder”, mas mesmo assim, a regra era clara, parafraseando outro.

Apenas a morte de Charlie Whiting não justifica o deus dará e a falta de bom senso que tomou conta da F1. Interpretações dúbias, hipocrisias, pressões das equipes e influência, decisões que precisam ser tomadas rapidamente... Todos nós estamos vendo os efeitos disso.

Quando há um campeonato decidido, sem grandes variações, esses erros podem se tornar menores, quase imperceptíveis. O problema é o que vimos em 2021, quando uma interpretação de uma pessoa ajudou a mudar o rumo de um campeonato.

Os problemas continuam, mesmo com a Red Bull, hoje em dia, quase intocável, e também a saída de Michael Mais. Dois diretores de prova já foram conduzidos, hoje são só um, existe uma espécie de VAR fixa em Londres para analisar tudo nos mínimos detalhes e o resultado, até aqui, é muita confusão e falta de critério.

A F1 optou por um caminho que está ficando sem volta: a espetacularização de tudo e a artificialidade em prol de um engajamento enganoso e momentâneo. Se discutem apenas superficialidades, como bandeira vermelha e Safety Car pra qualquer cocô de passarinho na pista, pneus de chuva que nunca são usados porque a categoria não corre mais na chuva, dramas forçados de série enquanto a competitividade do novo regulamento não emplaca e por aí.

Pouco se vê as discussões acerca de 2026, a tão propagada nova era da F1, mas o intuito do texto também não é esse.

A espetacularização forçada de tudo e qualquer coisa, sobretudo nas regras, cria a falta de bom senso na aplicação das regras e punições. O resultado são essas confusões: punições anunciadas e canceladas, tempo de espera para resolver o que ser feito na pista e a incapacidade de fazer o público entender bulhufas, mesmo quando as vezes acontecem casos quase extraordinários.

Lembram do ano passado, quando a FIA teve que explicar bem depois da bandeirada que Max Verstappen tinha sido campeão no Japão? Nem o piloto sabia. O momento mais importante da temporada veio num anúncio frio, agridoce e confuso.

Tá faltando clareza e entendimento no tratamento e na criação das regras e normas. O bom senso ajudaria. É claro que a ausência de um novo número um incontestável após a morte de Whiting dificulta o processo. São formas diferentes de gerir e avaliar os casos. As pessoas são diferentes, mas as interpretações e aplicações não podem ser. Baumeister e Tierney escreveriam que a F1 precisa redescobrir a própria força de vontade.

Tudo bem, se eles não escrevessem isso, eu escrevo, então, azar.

A FIA poderia ser mais assertiva em situações de corrida ao invés de achar que o piercing do Hamilton e os mecânicos na grade na bandeirada são os verdadeiros problemas da categoria.

Até!


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