Mostrando postagens com marcador vettel. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador vettel. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

E AGORA, TOTO?

 

Foto: Reprodução/Internet

Um belo dia, um casamento repleto de amor e conquistas se encerra depois de 11 anos com uma breve conversa de 10 minutos. Foi assim que Toto Wolff e a Mercedes descobriram a intenção de Sir Lewis Hamilton em partir, definitivamente, para o sonho vermelho ferrarista.

Ok, Hamilton vai ter a última dança prateada e depois vai ser somente história para os alemães, a questão óbvia é: quem será o sucessor do heptacampeão na Mercedes?

Não é uma pergunta que se responde do dia para a noite. Será ao longo do ano. Num exercício com uma pitada de lógica e outra de delírio saziano, apresento aqui os candidatos plausíveis para ocupar o posto do Sir a partir do ano que vem. Não está em ordem de preferência, é o que vem da cabeça:

Valtteri Bottas – Foi ou é agenciado por Toto Wolff e é um nome experiente, bem quisto pela equipe pelos serviços prestados como escudeiro do próprio Hamilton. Sei lá, eu não duvidaria disso. Massa voltou pra Williams mesmo depois de se aposentar, o finlandês pode abortar o projeto com a Audi por uma segunda chance na Mercedes, não?

Sebastian Vettel – Ok, ele tá aposentado. Ok, ele não quer mais saber de automobilismo, apenas uma forma mais sustentável de viver no planeta. Mas é o Vettel, é tetracampeão, é alemão... Tentar, seduzir não custa nada, certo?

Carlos Sainz – Dizem que pode ir para a Audi, mas uma dança das cadeiras não seria tão surpreendente. Já lidou com Verstappen, Ricciardo, Leclerc... Russell não seria um desafio tão grande assim. Já mostrou do que é capaz

Daniel Ricciardo – Por falar nele... o 2024 vai ser um teste pra saber se pode voltar a ser o escudeiro de Max na Red Bull. Caso não dê certo, é um piloto experiente, disponível para ajudar e fazer de Russell o novo líder dos prateados.

Kimi Antonelli – Seria o substituto natural, está sendo preparado para isso. No entanto, a saída antecipada de Hamilton pode ter estragado os planos sucessórios da Mercedes. Talvez o prodígio passe por uma Williams ou uma equipe satélite até chegar na principal, repetindo o que Russell, mas não duvidem se, em caso de título na F2 esse ano, o italiano já suba direto. Afinal, estamos falando do maior talento de base desde Max Verstappen. E Hamilton também chegou na F1 assim, pulando etapas.

Fernando Alonso – O contrato com a Aston Martin termina no fim do ano e pode ser a última grande chance do Espanhol. Ele já deixou claro que no momento a principal questão é o projeto, pois fisicamente está muito bem, apesar de quarentão. Toto Wolff se reuniu com Flavio Briatore e já gerou burburinhos. Apenas coincidência? Imaginem, na rivalidade, Alonso substitui Hamilton e guia a Mercedes de volta para o topo. Cinema!

E aí, o que vocês acham? Algum nome é plausível ou esqueci de alguém? Quem você contrataria para a Mercedes no lugar de Hamilton? Comente!


segunda-feira, 3 de julho de 2023

NOVOS TEMPOS, NOVOS PARÂMETROS

 

Foto: Getty Images

É praticamente impossível comparar esporte tão longevo sob o mesmo critério. Os tempos mudam, as circunstâncias e contextos também, assim como a tecnologia.

Na F1, não dá para comparar os anos 1980 com os anos 1950 e 1960, assim como não são comparáveis os anos 1990 com os atuais. Tudo é subjetivo, a tecnologia muda, os regulamentos também, então depende muito do critério, de puxar a sardinha para cada brasa e também a dose de saudosismo. O meu tempo é sempre melhor que os dos outros, e por aí vai.

Os números absolutos também são relativos. Por exemplo, antigamente eram poucas corridas (quando o calendário teve 16, passou a ser muito!). Com um equilíbrio maior entre os carros e mais quebras em virtude do menor desenvolvimento tecnológico, era muito raro empilhar tantas vitórias no ano ou em campeonatos consecutivos.

As coisas começaram a mudar justamente no final dos anos 1980, quando as hegemonias começaram a ganhar força. Você sabe: McLaren Honda, depois a Williams, Ferrari de Schumacher, Red Bull de Vettel, Mercedes de Hamilton e agora a Red Bull de Verstappen.

Todo esse contexto explica porque, tão jovem, Verstappen já está entre os cinco maiores vencedores da história da categoria e provavelmente será top 3 em menos de um ano. Com 26 anos. Uma loucura. Os motivos, além do talento excepcional, são: precocidade (pilotos estreiam cada vez mais jovens; o próprio Max entrou na categoria sendo um menor de idade), maior tempo de hegemonia e mais corridas para ganhar numa mesma temporada quando tiver um carro dominante ou muito bom.

Os grandes da história se valeram de todos esses aspectos. Só ver a lista, os números e as hegemonias. A diferença é que uns tiveram mais tempo no topo do que outros.

Listas são relativas. Números são números. Eles não falam tudo. É por isso que existem as discussões sobre quem é o melhor piloto da história, se é Senna, Schumacher, Fangio, Clark, Hill ou Jackie Stewart. Como comparar eras diferentes? É possível?

A discussão não é essa, e sim que as pessoas não devem se impressionar ou achar um absurdo quando pilotos alcançam marcas tão impressionantes ainda tão jovens. É a F1. Os novos e atuais tempos. Um esporte cada vez mais precoce e para jovens. No entanto, engana-se que é qualquer um que pode acrescentar tais estatísticas. A lista mostra por si só. A história também.

Até!

terça-feira, 14 de março de 2023

2021, O DELÍRIO E A NOVA ERA

 

Foto: Getty Images

A temporada fantástica em termos de emoção, drama e polêmica, com contornos de filme hollywoodiano, fez com que a F1 estourasse fora da bolha em 2021. Ainda em um mundo no final da pandemia, a rivalidade entre o midiático Lewis Hamilton e o grande ídolo da bolha hardcore da F1, Max Verstappen, catapultou o sucesso da audiência da F1.

A série da Netflix e os movimentos da Liberty Media desde 2016 tiveram o grande ápice em dezembro de 2021. Ápice e decadência. A decisão do campeonato foi muito contestada, como vocês sabem. Basicamente, o então diretor de provas Michael Mais fez uma interpretação pessoal do regulamento e isso ajudou Max a ganhar o primeiro título. Mais do que isso, derrotar uma hegemonia.

Para quem não era muito afeito a categoria, poderia se pensar que a F1 deveria ser assim sempre. Emoção até a última volta da última corrida. Como vocês sabem, 2021 foi uma ilusão, um ponto fora da curva. A F1 é feita de hegemonias.

Pegando desde os anos 1980, tivemos os domínios absolutas da McLaren Honda, a Williams dos anos 1990, a Ferrari de Schumacher, a Red Bull de Vettel e a Mercedes de Hamilton. Se atentem a um detalhe.

Com os regulamentos e eras mudando esporadicamente, não é coincidência que tivemos três hegemonias consecutivas, praticamente. Schumacher, Vettel e Hamilton. Cinco, quatro e sete anos, respectivamente.

Carros dominantes sempre existiram em uma temporada, talvez duas ou três. Tivemos a Benetton de Schumacher, a McLaren do Hakkinen, a Renault de Alonso. O detalhe fundamental: naquela época, os testes eram livres e ilimitados. Equipes com estrutura podiam recuperar terreno no mesmo ano caso o início fosse complicado. Foi assim que a Ferrari garantiu o hexa para Schumacher em 2003, por exemplo.

A McLaren, na primeira corrida de 1998, deu volta em quase todo mundo. Se fosse com o regulamento atual, eles teriam vencido quase todas as corridas. No entanto, as equipes se desenvolveram e houve uma luta pelo campeonato, embora naquele ano Mika Hakkinen tenha garantido o primeiro título da carreira.

A troca de forças da F1 depende de novos regulamentos e desenvolvimentos de projetos a longo prazo. O primeiro caso é o famoso conto de fadas da Brawn. Uma leitura diferenciada do regulamento e a história foi feita.

Red Bull e Mercedes tiveram um carro bem nascido e, no caso dos alemães, uma grande vantagem inicial com o motor. Tanto é que a Williams, um dos piores carros do grid, passou a andar na frente justamente pela superioridade do motor alemão em relação aos demais.

Em regulamentos novos, é preciso tempo para que o equilíbrio seja alcançado. Vejam quanto tempo a Ferrari e a Honda demoraram para ser competitivas. A Renault ainda não chegou lá. 2021 foi o final de todo um processo.

Agora, com o novo regulamento iniciado no ano passado e que vai durar mais três ou quatro temporadas, a vantagem é da Red Bull. A Mercedes perde terreno ao fazer uma aposta equivocada. Sem testes ilimitados, vai demorar para que Ferrari, Mercedes ou qualquer outra cheguem no ápice do desenvolvimento. A Red Bull vai fazer isso primeiro. Talvez, no último ano do regulamento, possamos ter esse equilíbrio maior de forças.

Portanto, 2021 é uma ilusão. A F1 é feita de eras. A F1 moderna é construída por eras cada vez maiores. No momento, estamos no tempo de Max Verstappen e da Red Bull. Acostumem-se até, quem sabe, a chegada do novo regulamento.

Até!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ANÁLISE DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! Agora vem a parte final da análise da temporada 2022, com os pilotos da Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas.


Foto: Getty Images

Pierre Gasly – 6,5 = O grande fato do francês foi ter conseguido um up na carreira, indo para a Alpine. A Red Bull B é um tubo de ensaio. Não deu pra fazer nada marcante. Gasly apareceu mais nos noticiários do que propriamente na pista, e não é culpa do francês. É que realmente a Alpha Tauri não fez nada de minimamente notável para ser escrito aqui.

Yuki Tsunoda – 6,5 = A mesma coisa que Gasly. O japonês erra mais, é menos regular, é inferior a Gasly. Segunda temporada na F1 e vai ganhar a terceira porque a Red Bull não tem opções na base. O mais curioso é que, agora, Tsunoda vai ser o líder do time, teoricamente falando. Precisa mostrar mais, mesmo que o carro não permita grandes holofotes. Regularidade é o caminho.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel – 7,0 = A temporada de despedida do tetracampeão começou difícil. Ausente por covid, demorou a se adaptar ao carro ruim da Aston Martin. Com o tempo, o carro melhorou timidamente e Vettel conseguiu tirar um pouco mais do carro. Agora ex-piloto, não há muito mais o que dizer sobre Seb por aqui, ainda mais numa análise “técnica” diante desse contexto.

Lance Stroll – 6,5 = A mesma coisa de Vettel. Melhorou no fim, ainda se envolve em acidentes e vai ter outro campeão do mundo como parceiro de time. Em tese, corre sempre leve, porque é o filho do dono. Não há muito o que escrever sobre, também. Mantenho a mesma opinião dos anos anteriores.


Foto: Motorsport Images

Nicholas Latifi – 5,5 = O dinheiro não é mais útil e foi uma chicane ambulante. O pior piloto do grid, ainda assim teve dois destaques: Inglaterra e a corrida onde pontuou. Mesmo assim, conseguiu o feito constrangedor de ser o último do time a chegar nos pontos. Latifi cumpriu “bem” o papel dele e agora não serve mais para a F1. Que seja feliz em outro lugar.

Alexander Albon – 7,0 = Carregou o time, mesmo com um ano de ferrugem na categoria. Estratégias diferentes e bom ritmo. O carro é ruim e o companheiro não é um bom parâmetro, então o tailandês nascido e criado na Inglaterra se saiu muito bem, até fora desse universo. Ele e a Williams podem melhorar para que consigam pontuar mais vezes e sair do fim do grid.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 7,5 = Começou muito bem o ano, somando todos os pontos possíveis para a surpreendente Alfa Romeo. O desempenho caiu e o finlandês enfrentou muitos problemas, mas acabou mostrando toda a excelência de ter sido piloto de alto nível por tantos anos na Mercedes. Bottas vai ser fundamental nessa transição da Alfa Romeo/Sauber/Audi. Ele precisa se mostrar apto para ser uma peça chave no longo-prazo.

Guanyu Zhou – 6,5 = Ano de estreia é sempre difícil, ainda mais em um novo regulamento. Se não foram muitos pontos em comparação a Bottas, o chinês não comprometeu. Faltou ritmo ali e aqui, normal para quem é novo e inexperiente, mas teve uma certa regularidade. Precisa mostrar mais na segunda temporada. A pressão na F1 é brutal e a dose de paciência e encorajamento que teve agora certamente vai diminuir com o passar do tempo. Hora da afirmação.

Foto: Getty Images

Mick Schumacher – 6,5 = Alguns pontos, muitas batidas e muita irregularidade. Já escrevi sobre Mick por aqui, mas a chegada de Magnussen mudou o parâmetro de avaliação, onde o alemão não se mostrou pronto até aqui. Poderia até ter um último ano definitivo, mas a equipe não entendeu assim e, convenhamos, Mick não se ajudou.

Kevin Magnussen – 7,0 = Um retorno inesperado e um desempenho inesperado. Na fogueira, praticamente sem tempo para se readaptar, o dinamarquês foi na prática o líder do time. Fez o que Mick deveria ter feito. Somou a grande maioria dos pontos em uma equipe que começou surpreendentemente na zona de pontuação e depois fez o que pode quando a queda óbvia se concretizou. Cheio de dinheiro e de moral, principalmente após Interlagos, Magnussen retoma o status de líder da equipe de Gene Haas em um espaço cascudo, experiente. Vai ser fundamental para dar o próximo passo do time administrado por Gunther Steiner.

Gostou? Concorda? Discorda? Faça a sua análise também!

Até mais!




segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O REAL SIGNIFICADO

 

Foto: Getty Images

A despedida de Sebastian Vettel teve elementos muito interessantes. O post não é sobre a carreira e o legado do tetracampeão, que já foram exaustivamente destacados ao longo do ano, quando o alemão anunciou que estava se retirando.

O simbolismo do fim ficou evidenciado em duas ações da semana. O jantar organizado por Lewis Hamilton. Um grande gesto. Reuniu todos os pilotos, sem exceção. Ali não era lugar para as birras.

Vettel, mesmo campeão e muitas vezes impulsivo nas disputas, principalmente com Hamilton naquele incidente do Azerbaijão, conseguiu mudar a visão enquanto competidor com os adversários. Claro, não ser protagonista ajuda. A vilania é substituída pela empatia, o humor, o carisma e o cuidado que o alemão tinha com todos, da saúde até as condições de pista. Foi uma das vozes dos pilotos, conforme foi amadurecendo e virando o que virou na categoria.

O reconhecimento do heptacampeão não é somente pelo número ou pela promoção pessoal. Há algo genuíno porque Vettel foi praticamente a única figura relevante a defender o heptacampeão em suas empreitadas durante a F1 dos últimos anos, principalmente na pandemia.

Desde os gestos antirracistas, os protestos pelo mundo, a luta por um esporte e uma sociedade mais igualitária e sem se calar perante aos absurdos da FIA, como encher o saco sobre piercings, Vettel foi um importante aliado. Seb não precisa de holofotes. Só criou rede social para anunciar que estava saindo e colocando luz em outra paixão: a questão ambiental, a preservação do nosso mundo.

Sai o piloto, vem o “ativista”, o “militante”. Não quero usar de forma debochada ou negativa essas palavras, que fique evidente para todos. É o novo capítulo de Vettel. Hamilton percebeu a outra luta do alemão. Ele não precisa ser tão vocal ou midiático. Mesmo discreto é o suficiente porque é Sebastian Vettel. Por isso o respeito genuíno de Lewis Hamilton.

Outra questão mais surpreendente foi Alonso. A rivalidade visceral da década. Tudo bem, o espanhol levou a pior em todas, mas foi o cara que mais fez Vettel suar lá no ápice, desde a pista até os famosos “jogos mentais” do bicampeão, que enfrentava um jovem que, no fim da jornada, virou um homem tetracampeão.

Por isso se alguém voltasse com uma máquina do tempo para Interlagos, em 2012, e falasse que:

- Em dez anos, Vettel se aposenta e Alonso vai correr com um capacete em homenagem ao alemão!

A reação seria de risadas ou simplesmente achar o autor da frase um lunático. O gesto surpreendeu porque sim, a rivalidade diminuiu, os dois viraram coadjuvantes do grid, mas nunca houve essa “amizade”.

Não digo que foi um gesto falso. Alonso também sabe manipular o jogo da atenção. A questão é o seguinte:

Hamilton e Alonso são os mais experientes no grid. Os únicos contemporâneos. Por razões diferentes, o mesmo efeito: a saída de Vettel simboliza uma parte deles que se vai junto.

Tal qual Nadal e Djokovic sentindo que a aposentadoria de Roger Federer é um pedaço da rivalidade, dos bons e dos maus momentos indo embora, um tetracampeão dar adeus ao esporte é um recado não só para os campeões, mas sim para todos nós: o tempo é implacável.

Até!


domingo, 20 de novembro de 2022

1, 2, 3

 

Foto: Karim Sahib/AFP

O chatíssimo GP de Abu Dhabi só proporciona alguma relevância quando acontece uma disputa de título. Em mais de dez anos de corrida, isso só aconteceu quatro vezes. Quando não tem, vira uma corrida amistosa, marcada por incidentes e significados externos.

Hoje começo pelo principal. Quer dizer, a corrida em Abu Dhabi, num circuito horrível mesmo com algumas alterações, é uma chatice deprimente, onde todos nós só suportamos porque é a última do ano e tinha a abertura da Copa mais tarde.

Verstappen venceu de ponta a ponta. 15 vitórias no ano, um recorde absoluto que, no mínimo, vai demorar a ser batido. Na disputa do vice-campeonato, uma raridade: a Ferrari acertou na estratégia e a Red Bull não. Os taurinos fizeram Pérez parar duas vezes e esse foi o motivo do mexicano chegar em terceiro. Leclerc, contra a Ferrari e contra todos, foi o segundo na corrida e também no campeonato. Assim como no ano passado, o pódio da última corrida reflete o que foi a temporada.

Não tem muito o que escrever dentro da pista. Não houve grandes emoções. Sainz deu um chega pra lá em Hamilton na primeira volta, onde entendi ser um incidente de corrida. Não havia espaço para o Sir fazer muita coisa, mas a FIA entendeu que ele tirou vantagem da situação e deveria dar a posição para o espanhol, rapidamente recuperada voltas depois.

Hamilton e Abu Dhabi ultimamente não tem sido amigáveis. Com perda de potência, o inglês encerrou a temporada com um raro abandono. Não foi raro, mas Alonso abandonou também. Os dois poderiam ter feito zerinhos depois da corrida junto com Vettel, o protagonista do domingo. Graças ao abandono de Hamilton, Sainz foi o quinto colocado no campeonato e Lewis, pela primeira vez desde 2007, sai zerado em poles e vitórias no ano. Estranho, considerando que ele está na Mercedes. Acontece nas melhores equipes e com os melhores pilotos também.

Graças a isso que Sainz terminou em quinto no campeonato e em quarto na corrida. Antes dele no campeonato e depoi em Abu Dhabi, o sempre consistente Russell, que bate um heptacampeão no ano de estreia. Inapelável. Norris e Ocon foram o melhor do resto, assim como Stroll conseguiu bons pontos.

A corrida teve outras despedidas, menores é claro, além de Vettel. Ricciardo não sabe se volta e foi o nono. Mick Schumacher e Latifi fizeram o que pode se resumir de ambos: barbeiragem e punição ao alemão, que pode ser reserva da Mercedes. O canadense vai seguir caminho em outra categoria.

Sebastian Vettel. 122 pódios, 53 vitórias e quatro títulos. Os números são impressionantes e, claro, discutíveis, mas não é sobre isso. Escreverei mais sobre durante a semana. O fato de rivais como Hamilton organizar um jantar e o eterno adversário Alonso correr com um capacete em homenagem ao alemão mostra a importância de Seb para grid, não só como piloto mas principalmente pelo que passou a representar fora dele nos últimos anos, encorajando pelas iniciativas de Hamilton.

Seb merecia terminar bem a carreira. Dentro do possível, o bem era pontuar, e isso foi bem sucedido, mesmo com uma estratégia equivocada. A última disputa com Ricciardo finalizou uma carreira de excelência. Ainda não temos noção da importância e do furacão Sebastian Vettel na F1. Talvez nem ele tenha se dado conta também.

Os deuses ainda nos proporcionaram uma última disputa entre ele e Alonso na pista e o alemão, como quase sempre, se deu melhor e foi a grande pedra no sapato da Fênix, responsável por três vices do espanhol. Vettel é um gigante, muito pelo valor e as qualidades humanas que tem, assim como as qualidades técnicas que apresentou em quinze anos no grid. Não é sempre que um tetracampeão se despede do grid e, por ser conterrâneo, talvez tenha sido o motivo de Hamilton e Alonso se sensibilizarem.

Tal qual Djokovic e Nadal chorando pela aposentadoria de Federer, Alonso e Hamilton carregam o fardo de serem os mais experientes e sem mais contemporâneos além deles mesmo. O tempo está acabando e passa para todos nós, o que é muito triste.

Não vou encerrar isso com essa sensação ruim. Pelo contrário. É um alívio terminar a temporada. Ano que vem será pior. A mais longa e cansativa da história. Vou precisar descansar bastante, ainda que precise produzir alguns materiais por aqui antes de só querer saber sobre corridas lá em fevereiro do ano que vem. Missão cumprida.

1,2,3 chega ao fim a temporada 2022, com a ordem estabelecida no pódio. Campeonato inapelável que mostra, na ordem, quem mais venceu no ano. Tomara que as coisas sejam mais emocionantes, de forma natural, em 2023.

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

sexta-feira, 18 de novembro de 2022

É ASSIM

 

Foto: Getty Images

O bebê que nasce ao mesmo que um homem morre. O início e o fim. Enquanto a vida avança e precisamos tentar explicar o que tentamos entender e definir o que nos marca.

A F1 em Abu Dhabi não é muito diferente do início de "Nas Is Like", do Nas, um dos melhores raps da história.

A corrida final tem os primeiros encontros e as despedidas, traduzidas nos capacetes e cerimônias. O caso mais marcante é obviamente o de Sebastian Vettel. 

De forma rara e surpreendente, todos os 20 pilotos se reuniram num jantar na quinta feira para celebrar a carreira do tetracampeão, que faz a corrida derradeira nesse final de semana. Claro que há outras despedidas, como de Latifi, Ricciardo e também de Mick Schumacher. Sobre o filho de Schummi, escreverei na semana que vem, assim sobre o super trunfo Hulkenberg.

A coisa é tão inacreditável que talvez eu pudesse abrir outro post para falar sobre a surpreendente, bonita e sensível homenagem de Alonso para o grande rival, algo inimaginável há dez anos, quando os dois, no limite, disputaram o tricampeonato aqui no Brasil. A Fênix, que substitui o alemão na Aston Martin, vai correr com um capacete semelhante ao de Seb.

Só vou escrever o seguinte: para Alonso, os contemporâneos já foram. Só sobrou ele e Hamilton. Então, quando um rival se aposenta, é uma parte dele que vai embora junto. Tipo quando Federer saiu de cena e levou Djokovic e Nadal as lágrimas. Eles sabem que o momento deles também está próximo, assim como Don Alonso, que já foi e voltou. 

Mick, o protegido, também faz parte das homenagens. E assim a vida segue. 

Como o pessoal do Sexto Round gosta de falar, a F1, embora não tão rápida, também tem o processo de renovação, talvez com uma despedida mais humanizada. Os velhos são escadas para os novatos.

Abu Dhabi, que também recebe o teste dos novatos pós-temporada, teve diversos novos rostos no primeiro treino livre. Vamos lá: desde os brasileiros Felipe Drugovich e Pietro Fittipaldi (pela primeira vez desde 2016 que temos dois brasileiros numa mesma sessão), passando por Liam Lawson, Logan Sargeant (futuro titular da Williams), Robert Shwartzman, Pato O'Ward, Jack Doohan e não jovem Robert Kubica. 

A Mercedes foi a mais rápida com uma dobradinha. Hamilton na frente. Isso significa e não significa muita coisa ao mesmo tempo. É um indicativo da força dos alemães, mas Verstappen entrou no carro no TL2 e já reestabeleceu a ordem. Para a corrida é isso mesmo. Aos poucos, o retorno de 2021: Verstappen, sozinho, contra as Mercedes, embora a Red Bull tenha colocado panos quentes para que Max ajude no que for possível o vice-campeonato de Checo Pérez.

Abu Dhabi, tirando o ano passado, é isso aí: despedidas, encontros e desencontros. Uma corrida que tem mais cara de pelada de fim de ano do que algo tão competitivo assim, principalmente porque, nesse ano, está todo mundo pensando na Copa que vai começar ali perto, um pouco mais tarde.

A F1 é assim.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 17 de novembro de 2022

GP DE ABU DHABI: Programação

 O Grande Prêmio de Abu Dhabi acontece sobre o crepúsculo. Inicia-se de dia e encerra-se à noite. Mistura um traçado de rua com retas longas e curvas "em cotovelo", típicas do arquiteto da F1, Hermann Tilke. Foi disputado pela primeira vez em 2009 e vencido por Sebastian Vettel.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:26.103 (Red Bull, 2021)

Pole Position: Max Verstappen - 1:22.109 (Red Bull, 2021)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2011, 2014, 2016, 2018 e 2019) - 5x


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 429 pontos (CAMPEÃO)

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 290 pontos 

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 290 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 265 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 240 pontos

6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 234 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

8 - Esteban Ocon (Alpine) - 86 pontos

9 - Fernando Alonso (Alpine) - 81 pontos

10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 49 pontos

11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos

12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos

13- Kevin Magnussen (Haas) - 25 pontos

14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos

15- Lance Stroll (Aston Martin) - 14 pontos

16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos

19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos

20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos

21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 719 pontos (CAMPEÃ)

2 - Ferrari - 524 pontos

3 - Mercedes - 505 pontos

4 - Alpine Renault - 167 pontos

5 - McLaren Mercedes - 148 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 55 pontos

7 - Aston Martin Mercedes - 50 pontos

8 - Haas Ferrari - 37 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos

10- Williams Mercedes - 8 pontos


AVISO PRÉVIO

Foto: Getty Images

É assim que entende o jornal francês AutoHebdo sobre a ausência do chefão Mattia Binotto nas últimas etapas. Segundo a publicação, a Ferrari e Binotto estão costurando um acordo de demissão do profissional após um 2022 turbulento e muito abaixo do que se imaginava.

As decisões equivocadas nas pistas e a série de erros nas estratégias dos pilotos, além da relação um tanto quanto tensa com eles, sobretudo Leclerc, são alguns motivos para o desligamento de Binotto, chefão desde 2019 e na equipe desde 1995.

Alguns nomes circulam internamente, mas o desejo é por um profissional experiente. Frederic Vasseur, da Alfa Romeo, que teve parceria com a Ferrari, é um dos favoritos. Andreas Seidl, da McLaren, é outro, assim como não está descartado subir Laurent Mekies, atual diretor esportivo. Vale lembrar que Binotto era chefe de motores e foi alçado a líder pelo então presidente Sérgio Marchionne para substituir Maurizio Arrivabene.

Binotto como chefe de equipe foi um desastre, seja nos erros, nas estratégias e na incapacidade de definir prioridades e no controle dos pilotos. Leclerc já teve problemas com Vettel e algumas rusgas com Sainz, embora o problema maior seja o relacionamento com chefão, que inexplicavelmente preteriu o talentoso monegasco em prol do esforçado espanhol, mas sabidamente inferior a Charles. A Ferrari entrega menos do que pode e precisa de uma repaginada para voltar ao topo.

A história mostra que isso só será possível se a equipe se organizar em nomes que não sejam italianos. Nos últimos 30 anos, as coisas só funcionaram quando tudo foi centralizado por Jean Todt, Ross Brawn, Rory Bryne, entre outros.

NOVO RUMO

Foto: Reprodução/Instagaram

Depois da oficialização de Nico Hulkenberg na Haas no lugar de Mick Schumacher, o alemão precisa procurar outros caminhos para 2023, onde não será titular na F1.

Um dos caminhos pode ser numa certa equipe alemã. A Mercedes perdeu Nyck De Vries (Williams) e Stoffel Vandoorne (agora reserva da Aston Martin) como pilotos reservas e precisa de reposição.

Mick Schumacher pode ser justamente esse candidato, até porque, como o chefão Toto Wolff diz, "Schumacher sempre vai fazer parte da família Mercedes", uma óbvia referência ao passado de Michael com os alemães, desde os anos 1990.

“Não é segredo para ninguém: não escondo o fato de que a família Schumacher pertence a Mercedes. Gostamos muito de Mick”, disse.

Parece lógico. Um prêmio de consolação, mas que não diz muita coisa. Certamente Mick não teria grandes aspirações ou possibilidades de ascender para o time alemão, no máximo ser repassado para algum cliente dos alemães.

Confesso que fico triste com o iminente fim da jornada do filho do homem na categoria. O peso do sobrenome ajudou a criar a má vontade que alguns erros e inconsistências do alemão foram evidenciados no processo. Uma pena. Faz parte da vida.

TRANSMISSÃO:
18/11 - Treino Livre 1: 7h (Band Sports)
18/11 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)
19/11 - Treino Livre 3: 8h (Band Sports)
19/11 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
20/11 - Corrida: 10h (Band)





domingo, 13 de novembro de 2022

CONSISTÊNCIA DO INÍCIO AO FIM

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Interlagos é tão abençoada que não precisa somente da chuva para proporcionar uma corrida ótima, divertida e emocionante, com elementos quase naturais de competição.

A Mercedes apostava as fichas no desenvolvimento do fim do ano para vencer a primeira. O W13 é um carro problemático, mas é inegável que a evolução vem a passos largos nas últimas corridas. Tanto que Russell venceu a corrida classificatória e largou na pole pela segunda vez na carreira. Teve a questão dos problemas e erros de estratégia da Red Bull com Max, mas a sensação é que, depois de muito tempo, os alemães poderiam caminhar para a vitória de forma natural.

Com Hamilton na primeira fila, a corrida começou turbulenta. Ricciardo atropelou Magnussen e os dois ficaram fora da prova logo no miolo. Fim do conto de fadas do dinamarquês. A sexta feira jamais será esquecida, mas uma pena que o ex-piloto australiano tenha se precipitado de novo. Ricciardo pode até cair pra cima, pois as chances de ser o piloto reserva da Red Bull no ano que vem são grandes.

Na relargada, a velha rivalidade visceral. Hamilton cansou de ceder para Verstappen. Quase uma trocação franca. Sendo sincero, achei muito mais um incidente de corrida do que qualquer outra coisa. Não havia espaços para dois carros, o que poderia ser resolvido com bom senso, que não existe quando se trata dos dois. Pior para Verstappen, que teve o desempenho comprometido e o fim da série de vitórias consecutivas.

Hamilton teve que fazer uma rápida corrida de recuperação, o que serviu para ser ainda mais amado e festejado pelos agora compatriotas. No campo do "se", a batalha com Russell poderia ser mais franca, o que poderia ter só acontecido de fato no último Safety Car, duvidoso. O carro de Norris já estava quase fora da pista quando optaram por mais uma solução artificial, uma emoção forçada, o que não acho legal.

Nesse momento, o sentimento era muito de "tragam as crianças para casa, pelo amor de Deus" do que qualquer disputa. Hamilton parecia ter um ritmo superior, mas estava escrito: o consistente George Russell venceu pela primeira vez na carreira e em Interlagos, de ponta a ponta. Logo no primeiro ano de Mercedes, o britânico simplesmente supera na pontuação o heptacampeão. Coisa para poucos. A consistência foi premiada em um ano tão difícil e desafiador para a Mercedes.

Os alemães estão de volta. Com a melhor dupla do grid e cada vez mais afinados com o novo regulamento, resta torcer para que o W14 repita o padrão flecha de prata dos últimos anos. Com a punição para a Red Bull, tudo vira uma grande incerteza para o ano que vem.

Depois vieram as Ferrari. Sempre com azares e erros na estratégia, os italianos começaram o ano com favoritismo e já voltaram a ser a terceira força, embora as chances do vice-campeonato de construtores sejam altas. Leclerc prejudicado e Sainz insuficiente. A Ferrari não tem rumo enquanto Mattia Binotto continuar, mas hoje deu tudo "certo", diante das circunstâncias.

Pérez teve todo o combo de segundo piloto ativado. Parecia sortudo ao ter Max fora da disputa, mas a Red Bull foi dominada nos stints e na durabilidade dos pneus. A vitória nunca foi uma possibilidade real. O terceiro lugar sim. Com o Safety Car, Pérez continuou com os pneus médios, mais lentos, e virou passageiro da agonia para as Ferraris, Alonso e o próprio Max, com o carro danificado.

A ideia era Verstappen devolver a posição caso não passasse o espanhol, afinal Checo briga pelo vice. Nada feito e um clima constrangedor dentro da equipe. Segundo informações, seria um ato de vingança por Pérez ter supostamente batido de propósito no classificatório de Mônaco e ter levado vantagem, pois venceu no domingo.

Christian Horner teve que pedir desculpas para Checo. A questão é o seguinte: não existe narrativa onde o certo e o errado possa prevalecer na F1. Quando Pérez assinou o contrato, sabia que passaria por isso, do contrário não estaria mais na categoria.

Verstappen mostrou no final de semana o pacote do piloto ultracompetitivo e "vilão". Os campeões são feitos assim, e por isso também se sobressaem. No entanto, também foi mesquinho. Se até Schumacher já fez jogo de equipe em prol de Irvine e Barrichello, o holandês não deveria ser egoísta para ajudar quem tanto o fez nesses dois anos.

A coisa desandou e o clima está pesado. Evidentemente que a corda vai estourar para o lado mais fraco, o do mexicano. Max é maior que a Red Bull porque, se entender que precisa sair, sempre vai ter um assento competitivo pronto para o melhor piloto da atualidade, mas que ficou devendo enquanto líder e no coletivo. Max sai pequeno do Brasil diante de um ano tão dominante e até então maduro e consciente.

O clima do time e as punições ameaçam a hegemonia dos taurinos. Pérez não tem nada a perder, Disputas internas não costumam terminar bem num tudo. Exemplos não faltam, mas vou escrever mais sobre a questão nesta semana.

Don Alonso largou em 17°, se enroscou com Ocon, foi atrapalhado pelo francês e mesmo assim foi o quinto, dando um passão numa Red Bull. Mais de quarenta anos, senhoras e senhores. Ah, se o temperamento do espanhol fosse menos explosivo... que deleite acompanhar a saga desse cara. Ocon, Bottas e Stroll completaram o top 10.

Uma pena que Seb não conseguiu terminar os pontos. Foi combativo e ousado durante todo o final de semana, mostrando um pouco daquele espírito do tetracampeão avassalador da Red Bull e principalmente dos tempos de Toro Rosso, quando era um prodígio.

Consistência é a chave, seja para George Russell, seja para Interlagos, que sempre entrega corridas e momentos épicos, emocionantes. Mais um final de semana repleto de histórias maravilhosas, com protagonistas diferentes. Aqui é diferente e único. Um patrimônio histórico da velocidade.

Confira a classificação final do GP de São Paulo:


Até!

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

INTERLAGOS É DEMAIS

 

Foto: Getty Images

Não leve a mal. Confesso que não estou (ou estava) tão empolgado para a corrida desse final de semana, mesmo no Brasil, mesmo em Interlagos.

Estou com outras prioridades e trabalhos, a temporada está em ritmo de férias... não sentia a mesma vibração de sempre.

Bem, isso se dissipou quando comecei a assistir o treino livre. Muito equilíbrio e alguns testes para o treino classificatório de sexta.

Cara, estou de saco cheio dessas corridas classificatórias. É antinatural. Ninguém se arrisca pensando no domingo. O pior é que inventaram de dobrar o número para o ano que vem. Quem realmente acha legal isso?

E o Brasil foi escolhido pelo segundo ano consecutivo. A questão é que Interlagos tem uma aura que transforma tudo em coisa legal, que dá certo, dando um toque épico a qualquer situação.

Por exemplo, esse fim de temporada chato e sem graça. Interlagos simplesmente se recusa a ser chata e sem graça. Deve ser a energia caótica desse país, que dá brankito todos os dias e impede o marasmo e a normalidade que uma sociedade dita evoluída supostamente tem.

Eis que a chuva chega no autódromo logo depois do treino livre, que teve Pérez como o mais rápido. A partir daí, só reproduzo o que vi e ouvi depois. Diante de outros trabalhos, não consegui acompanhar o treino classificatório. O que mais aconteceria nesse fim de temporada tão sem graça?

É Interlagos, Leonardo. Pelo que li, a chuva e o tempo instável tornaram a sessão totalmente instável e aberta. A pista foi secando e os pilotos batalhando a cada segundo pela melhor situação da pista, que mudava a cada momento. No Q1, saíram Latifi, Zhou, Bottas, Tsunoda e Mick Schumacher. Atenção.

No Q2, ficaram de fora Albon, Gasly, Vettel, Riccardo e Stroll. Com a pista secando, ainda havia dúvida entre o pneu seco e o intermediário. O céu de São Paulo, aquela altura, já estava escuro.

Leclerc foi o único a ir de intermediários, o que foi um engano. Com o pneu macio, Magnussen aproveitou a pista e surpreendentemente fez a volta mais rápida. Vale frisar que o time americano foi competitivo no TL1.

Muita calma. Faltava muito tempo e a tendência natural era os tempos caírem, porque não existia mais chuva. Bom, Russell acabou errando e causou uma bandeira vermelha. A tensão estava no ar. Aquele cheiro de surpresa paulistana, da chuva vindo da represa e do caos ressignificando tudo deu o ar da graça.

Quando tudo parecia que seria resolvido da forma padrão, a chuva forte volta e nada mais poderia ser feito. Tudo bem, é um treino para a corrida classificatória, mas precisamos considerar que Kevin Magnussen e a Haas conquistaram a primeira pole position de suas carreiras.

Uma festa ensandecida nos boxes de Kevin e o carismático Gunther Steiner, o chefão. Diante de tanto caos desde a criação do time de Gene, finalmente uma recompensa. A Haas tem um quê de simpática pelo Drive To Survive, mas vejam como a vida é maluca. Até meados de fevereiro, Magnussen estava na Nascar, continuando a carreira nos EUA depois do fim da F1.

Até que Vladimir Putin resolve mudar a história, não só do Inter, mas também da própria. A guerra e as sanções permitiram ao time falido se livrar do psicopata Mazepin. Quem seria o ficha 1? Pietro Fittipaldi? Não, Kevin Magnussen, que conhece todos os atalhos do time que havia ficado só uma temporada ausente. Um retorno triunfal à la Felipe Massa.

E a pole do consistente Kevin chegou. Não é qualquer um que é alçado pela McLaren até a F1, fazendo o único pódio da carreira justamente na corrida de estreia e sem estar no pódio (Kevin herdou o terceiro lugar após a desclassificação de Ricciardo). Passou pela Renault e fez um trabalho honesto na primeira passagem. Nem todo mundo precisa ser um prodígio para merecer um lugar ao sol.

Escrevi, há anos, que Magnussen tinha virado um journeyman, à cata de aventuras, solitário e um tanto quanto diferente do novo padrão da categoria. Ele precisava de uma grande história para contar aos netos e ser lembrado pelos fãs mais hardcores. O momento chegou e justamente em Interlagos, a terra prometida que transformou Nico Hulkenberg (futuro companheiro de equipe) em prodígio, José Carlos Pace em nome de autódromo, Fisichella e a última alegria de Eddie Jordan e onde Lewis Hamilton virou, de fato, brasileiro.

Provavelmente Magnussen será esquecido no final de semana porque a tendência é perder as posições. Max é o favorito a vitória, larga em segundo. Podemos ter uma dobradinha brasileira, mas Hamilton larga um pouco mais atrás. Russell parece mais credenciado, assim como Leclerc. Bom, isso não é o mais importante.

Magnussen tem a própria história e o momento brilhante. Tem que aproveitá-lo porque, como Eminem bem sabe, eles valem ouro. Precisariam ser congelados, mas isso ainda não é possível.

Por falar em oportunidade, a contrastante situação de Mick Schumacher, que larga em último. Constrangedor para o filho do Michael, que vê a aventura da F1 terminando logo na segunda temporada. Uma pena, mas vocês sabem que sou suspeito para escrever sobre o Schumaquinho.

É lá que eu estou paz. Magnussen entra para o hall dos momentos marcantes, inesperados e contagiantes da F1. O sábado e o domingo nem precisariam existir, mas quem sabe Interlagos, a terra prometida, não presenteia outro felizardo improvável nesse final de semana? Não me leve a mal.

Confira o grid de largada da corrida classificatória do GP de São Paulo:


Até!

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

GP DE SÃO PAULO: Programação

 O Grande Prêmio do Brasil é disputado desde 1972 (1973 na F1), sendo realizado em Interlagos (1972-1977, 1979, 1980, 1990-atualmente) e já foi sediado em Jacarepaguá (1978, 1981-1989).

Após o cancelamento do Grande Prêmio do Brasil de 2020 em decorrência da Pandemia de COVID-19 e uma série de incertezas sobre a permanência do evento em Interlagos, o então governador do estado de São Paulo confirmou, em novembro de 2020, a renovação do contrato com a Fórmula 1 até 2025.

Entretanto, a corrida realizada em Interlagos passou a ser oficialmente designada de Grande Prêmio de São Paulo, em virtude do acordo mal-sucedido entre a Rio Motorsports e a F1 para a construção do Autódromo de Deodoro, que não vai mais acontecer, mas que a empresa adquiriu o direito do nome "Grande Prêmio do Brasil" pelos próximos anos.


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Valtteri Bottas - 1:10.540 (Mercedes, 2018)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:07.281 (Mercedes, 2018)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Alain Prost - 6x ( 1982, 1984, 1985, 1987, 1988 e 1990)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 416 pontos (CAMPEÃO)
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 280 pontos
3 - Charles Leclerc (Ferrari) - 275 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 231 pontos
5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 216 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 212 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 111 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 82 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 71 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 47 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 36 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 35 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 24 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 696 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 487 pontos
3 - Mercedes - 447 pontos
4 - Alpine Renault - 153 pontos
5 - McLaren Mercedes - 146 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 53 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 49 pontos
8 - Haas Ferrari - 36 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 35 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

LÁ VEM O ALEMÃO (DE NOVO)...

Foto: Divulgação/Aston Martin

Alguns indícios apontam para que Nico Hulkenberg ocupe a última vaga disponível para 2023, na Haas. Podem ser meras coincidências, mas são questões interessantes de se analisar.

Primeiro: a Aston Martin contratou outro piloto reserva para o time. Além de Felipe Drugovich, a equipe de Lawrence Stroll vai ter Stoffel Vandoorne, ex-Mercedes, campeão da Fórmula E. O cargo de piloto reserva era ocupado pelo alemão, que inclusive substituiu Vettel nas duas primeiras corridas do ano.

A outra é a Haas não garantir a permanência de Mick Schumacher. O tempo passa e, a essa altura, parece ser inimiga do filho de Michael. A percepção é sentida também pelo paddock. O consultor Helmut Marko aposta que a Haas vai trazer alguém experiente para ser o companheiro de Kevin Magnussen, e esse alguém disponível e compatível com a realidade financeira do time é justamente Nico.

O interessante é que ele e Magnussen são rivais, com direito a xingamentos e gestos obscenos. Bem, o alemão confirma que há conversas e está otimista.

“No final das contas, a decisão não é minha. Não sou eu quem vai decidir. Ainda há conversas. Estou relativamente otimista, mas teremos de ser um pouco mais pacientes”, disse para a Servus TV.

Gunther Steiner, o chefão, afirmou que a decisão será baseada em alguém que pode guiar no projeto a "médio e longo prazo".

“Para mim, não se trata de uma corrida, uma volta. Trata-se do que será melhor para a Haas a médio e longo prazo. Não é como se, marcando pontos agora, Mick tivesse o lugar ou não”, disse para a TV RTL.

Dois pilotos experientes, sem gastos e sem o apadrinhamento da Ferrari. A Haas vai ganhar uma boa grana com a colocação no Mundial, se comparar com os anos anteriores. Hulk é um cara barato e louco para voltar. A questão é o encaixe com Magnussen. 

Seria uma dupla curiosa, material garantido para quem gosta de assistir a série da Netflix. E muita experiência para uma equipe que precisa do mínimo de erros possíveis, o que não é o caso de Mick.

COPO MEIO CHEIO

Foto: Divulgação/McLaren

Sem vaga para 2023 e lutando para voltar ao grid em 2024, já veterano, a situação não parece boa para Daniel Ricciardo. No entanto, o australiano não perde o sorriso mesmo diante de tantas dificuldades nos últimos.

Ric acredita que a pausa vai ser boa para respirar um pouco, se recuperar dos abalos e continuar motivado para a sequência da carreira.

"Sem dúvidas, os últimos dois anos foram bem complicados. Especialmente quando você se esforça muito e não recebe nada de volta, isso pode abalar você", disse.

O australiano aposta no distanciamento da categoria para voltar a enxergar as coisas positivas que construiu em mais de dez anos de carreira.

Eu sei o valor até mesmo de uma pausa de verão. Eu sei que se afastar pode te dar uma perspectiva diferente. Do jeito que as temporadas são, tem sido implacável — você não tem realmente a oportunidade de se reconstruir. Todos são diferentes, mas eu realmente acredito que será uma bênção disfarçada", continuou. 

Ricciardo já pensa em 2024: as conversas com as equipes iniciaram. Não está descartado que o australiano seja piloto reserva em 2023, sendo apostado como possível destino a Red Bull ou a Mercedes.

"Eu estou conversando com as equipes, mas ainda quero manter um pé na porta para 2024. Tenho certeza que só de ver as luzes apagarem na primeira corrida [de 2023], já terei aquela coceira. Então, quero estar de volta em 2024”, finalizou, falando para a Sky Sports.

É preciso da positividade para sair um pouco do caos que nossa cabeça cria. No entanto, não me parece que o tempo vai ajudar Ricciardo. Pelo contrário. Novos talentos mais baratos surgem, protegidos pelas academias de pilotos ou grandes investimentos. "Você é a sua última corrida ou temporada". Ricciardo foi um desastre na McLaren. Vai receber para não correr. Não é um cartaz positivo. Estou falando em termos competitivos, claro. 

Uma equipe menor sempre vai ter o australiano como opções, até porque ninguém desaprende, ainda mais um cara que desbancou Vettel na Red Bull e deu trabalho para Verstappen. A questão é: não há vaga ou contexto para Ricciardo nos grandes times. O tempo, infelizmente, passou.

TRANSMISSÃO
11/11 - Treino Livre 1: 12h30 (Band Sports)
11/11 - Classificação: 16h (Band e Band Sports)
12/11 - Treino Livre 2: 12h30 (Band Sports)
12/11 - Corrida Classificatória: 16h30 (Band e Band Sports)
13/11 - Corrida: 15h (Band)

segunda-feira, 31 de outubro de 2022

MELHORES MOMENTOS

 

Foto: Divulgação/ Red Bull

Vai ser bem curto. Ainda não assisti a corrida e talvez não assista a reprise, algo que seria pessoalmente inédito em dez anos. Ainda não sei o porquê, mas vamos lá, que as últimas horas foram intensas, malucas e emocionantes.

Pelo que li, a Mercedes estava no páreo para brigar pela vitória. No primeiro stint, Hamilton estava próximo de Verstappen. A Red Bull é um carro tão avassalador que o ritmo, de macios, foi duradouro.

Os alemães reclamaram que os compostos eram duros demais, mas a verdade é que a Mercedes deve nas estratégias. Os taurinos sempre levam vantagem na leitura da corrida e no segundo stint, com os pneus duros, Hamilton não teve o que fazer. Foi mais um passeio de Max.

Quatorze vitórias no ano. Recorde em uma temporada. Max Verstappen já é histórico, assim como a Red Bull. 16 vitórias em 19 corridas. Um domínio impressionante e acachapante. Não deu para Pérez tentar vencer em casa, mas outro pódio foi o suficiente para fazer os mexicanos delirarem de alegria pelo herói local. No próximo ano, quem sabe?

A Ferrari virou terceira força, de fato. Que papel coadjuvante e deprimente nesse final de temporada. Deu a lógica: os italianos perdem a força durante o ano e a Mercedes naturalmente se recupera do prejuízo e ganha terreno. Será o suficiente para ganhar uma das duas provas que faltam para não saírem zerados em 2022?

Outro destaque pelos melhores momentos foi Daniel Ricciardo. Mesmo atropelando Tsunoda, por algum motivo o australiano conseguiu um bom sétimo lugar, o melhor do resto. Foi no México que Ric fez a última pole dele com a Red Bull, então é um palco que ele pode se dar bem. O estilo casa.

Alonso e seu azar habitual, além de Ocon e Norris, os regulares, nos pontos, e Bottas no top 10. Fazia tempo que o finlandês não pontuava.

O México mostra a força avassaladora da Red Bull, no ritmo, na estratégia e no talento de Max Verstappen.

Se no início nós imaginávamos outra guerra com a Mercedes, o 2022 mostrou um Max mais completo e maduro, sem o fantasma e a pressão do primeiro título. Sim, Verstappen já está na prateleira dos grandes pilotos da história. 2022 é um ano espetacular para o bicampeão.

Até!


sexta-feira, 28 de outubro de 2022

MOVIMENTOS

 

Foto: Jared C. Tilton/ Getty Images

Mais anúncios e reviravoltas nesse final de semana tão decisivo, onde a corrida vai ficar em segundo plano, menos para os mexicanos e Checo Pérez. A Red Bull vai trabalhar para que Checo vença em casa? Max vai cooperar? Tomara que sim, mas precisamos ver o que vai acontecer.

A falta de critério da FIA é assustadora. Os comissários aceitaram um protesto da Haas que foi feito depois do tempo. Com isso, Alonso recuperou o sétimo lugar que conquistou em Austin. Como os comissários fizeram uma presepada? Como eles consideraram perigoso o carro da Alpine permanecer na pista se nenhum aviso foi dado durante a corrida?

Pelo menos tiveram o bom senso de assumir o erro e seguir em frente, mas a impressão que dá é que a FIA está refém de tantas regras esdrúxulas que não consegue mais gerir com bom senso tudo o que compõe uma corrida de automóveis. Isso precisa ser urgentemente revisto, porque há muitos erros, interpretações confusas e polêmicas que sugam os fãs para as letras miúdas do regulamento ao invés das disputas de pista.

Nessa semana, tivemos o anúncio oficial da chegada da Audi para a F1 a partir de 2026, numa parceria com a Sauber. Ainda só confio e acredito vendo, daqui quatro anos. No entanto, a oportunidade sorriu para os suíços: depois da parceria e o nome da Alfa Romeo, o ex-time de Peter tem a grande chance de voltar a sonhar com algum destaque na F1, relembrando o sucesso com a BMW, que permitiu até hoje a única vitória da equipe na categoria.

Com o know how, estrutura e investimento dos alemães, pode ser que surja uma nova força formidável e interessante para o médio/longo-prazo da F1. Escreverei sobre isso em um post específico, mas a impressão é de ânimo e confiança com esse anúncio.

Na pista, no Hermanos Rodríguez, a mesma estrutura da semana passada, em Austin: o primeiro treino teve muitos novatos e substituições, como Pietro Fittipaldi, a estreia de Doohan na Alpine (e Piastri chupando dedo), Liam Lawson, Logan Sargeant e De Vries (agora na Mercedes!).

Zhou teve problemas, assim como Pietro Fittipaldi. O brasileiro, ao menos, conseguiu andar um pouco. No entanto, deve ser frustrante esperar tanto e, quando chega a hora, acontece alguma coisa com o carro. Liam Lawson, o outro novato da Red Bull/Alpha Tauri, também teve problemas no finalzinho do treino.

Sem ter o carro dominante, o motor da Red Bull domina o México há anos. Agora que são bicampeões, parece improvável que os adversários façam alguma concorrência, embora a diferença entre os tempos seja bem pequena e exista um equilíbrio, aparentemente.

Mesmo assim, a Ferrari fez dobradinha no TL1, com Sainz e Leclerc, seguidos pela Red Bull, Hamilton e Alonso. Com muitas retas e altitude considerável, o motor faz a diferença na corrida mexicana.

No TL2, mais testes de 1h30 com a Pirelli. E outra batida de Leclerc. Se pode servir de alento para Ferrari, é melhor bater na sexta do que no final de semana. Claro que a batida forte de traseira pode ser trabalhosa para os mecânicos, mas também pode encerrar a cota. A classificação pode estar em perigo, mas a temporada acabou mesmo. O que é mais um erro ou frustração para a Ferrari de 2022, mesmo?

Eu achava Leclerc mais completo que Verstappen, até escrevi sobre isso. No entanto, o tempo mostrou que um evoluiu e o outro não. Leclerc é até um piloto naturalmente mais veloz, mas é muito inconstante. Erra demais nos momentos decisivos, bate sozinho, se martiriza, faz um drama.

Na posição que está, precisa ser mais calmo, seguro e consistente, Já são cinco temporadas na F1. Não é mais nenhum garoto, embora seja jovem. É um ponto que o monegasco vai precisar mudar para romper a barreira entre bom piloto para alguém capaz de ser campeão.

No final do treino, Zhou teve um problema e o treino terminou em bandeira vermelha, assim como na primeira sessão.

Russell foi o mais rápido porque foi um dos poucos que pode usar os compostos atuais, mais velozes. No entanto, há equilíbrio no México: em voltas rápidas, Red Bull, Ferrari e Mercedes não estão tão distantes. A diferença vai ser o ritmo de corrida e aí os taurinos sobram.

A expectativa é grande para Checo Pérez fazer história em casa. O azar do México nesse ano, para nós brasileiros, é o timing. Final da Libertadores e Eleições. Certamente vai ser complicado para mim assistir ao vivo, mas vai ser aquela tensão saber dos pormenores enquanto o futuro do país está em jogo.

E que o México também exploda em felicidade com o herói local.

Confira a classificação dos treinos livres:





Até!



quinta-feira, 27 de outubro de 2022

GP DO MÉXICO: Programação

 O Grande Prêmio do México foi disputado entre 1962 e 1992, com exceção de 1971 à 1985, participou do campeonato da Fórmula 1. Em 2015, o circuito voltou a fazer parte do calendário do mundial da categoria. Em 2020, o circuito ficou ausente em virtude do Coronavírus, retornando ao calendário em 2021.

Foto: Wikipédia


ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Nigel Mansell - 1:16.788 (Williams, 1992)
Pole Position: Daniel Ricciardo - 1:14.759 (Red Bull, 2018)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Max Verstappen (2017, 2018 e 2021) - 3x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 391 pontos (CAMPEÃO)
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 267 pontos
3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 265 pontos
4 - George Russell (Mercedes) - 218 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 202 pontos
6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 198 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 109 pontos
8 - Esteban Ocon (Alpine) - 79 pontos
9 - Fernando Alonso (Alpine) - 65 pontos
10- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 46 pontos
11- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 38 pontos
12- Daniel Ricciardo (McLaren) - 29 pontos
13- Kevin Magnussen (Haas) - 26 pontos
14- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 23 pontos
15- Lance Stroll (Aston Martin) - 13 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 13 pontos
17- Mick Schumacher (Haas) - 12 pontos
18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 6 pontos
19- Alexander Albon (Williams) - 4 pontos
20- Nicholas Latifi (Williams) - 2 pontos
21- Nyck De Vries (Williams) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 656 pontos (CAMPEÃ)
2 - Ferrari - 469 pontos
3 - Mercedes - 416 pontos
4 - Alpine Renault - 144 pontos
5 - McLaren Mercedes - 138 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 52 pontos
7 - Aston Martin Mercedes - 51 pontos
8 - Haas Ferrari - 38 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 36 pontos
10- Williams Mercedes - 8 pontos

CULPADO

Foto: Divulgação/Aston Martin

A Aston Martin foi uma das equipes que ultrapassou o teto de gastos de 2021. Diferentemente da Red Bull, que nega as acusações, a equipe de Lawrence Stroll parece diposta a entrar em um acordo com a FIA.

Assumir a culpa é estar disposta a receber a punição devida. O chefão, Mike Krack, revelou conversas com a entidade durante o fim de semana do GP dos EUA, em Austin:

Acredito que é algo que vamos tentar concluir nas próximas semanas. Tivemos algumas conversas com eles no final de semana, mas estou bastante confiante de que vamos resolver isso em breve", disse.

Segundo informações de bastidores, a questão da Aston Martin é a seguinte: os ingleses teriam cometido "descumprimento processual relacionado a uma série de protocolos administrativos de contabilidade, resultado de variações na interpretação regulatória." 

A Williams, segundo a própria FIA, também teve uma quebra prévia no orçamento, devidamente acertada com a Administração do Teto de Gastos em maio, durante o GP da Espanha.

 "Isso nos mostra o que é preciso fazer para melhorar o trabalho no futuro, para não termos esses problemas. Mas ao final do dia, acredito que o mais importante é que estávamos dentro do teto. O resto é processual", completou Krack.

Segundo a Autosport, a equipe e a FIA estão próximas de formalizar um acordo. A Aston Martin aceitaria um Acordo de Violação pela Infração, que é admitir o erro e aceitar qualquer penalização que a Federação possa aplicar.

Muito juridiquês e interpretações. Numa regra nova, pormenores como esse podem ser comuns de haver um desacerto. No entanto, sete das outras dez equipes cumpriram corretamente o acordo, então não justifica. 

Mesmo sendo inocente num mundo competititivo tão desleal e agressivo, acredito que a Aston Martin não fez por mal, tanto é que essa violação não ficou traduzida nos desempenhos na pista, pelo contrário. O time de Stroll ainda está muito distante do investimento que faz e das condições que tem no atual grid da F1.

INOCENTE

Foto: Getty Images

Com os títulos definidos, a única pendência da Red Bull que sobrou em 2022 é a questão da possível quebra no teto de gastos em 2021.

Para o bicampeão Max Verstappen, a equipe não será punida.

“Nós sabíamos que estava vindo [o relatório de gastos]. Mas de nosso lado, realmente acreditamos que está tudo certo. Vamos ver no momento certo, se chegarmos a esse ponto”, comentou.

Para Sérgio Pérez, a verdade é que as outras equipes estão utilizando de todas as artimanhas possíveis para frear a superioridade dos taurinos, sobretudo a que está sendo vista nesse ano.

“Obviamente, vou deixar para minha equipe resolver isso junto à FIA. Mas no fim do dia, sempre existem equipes que querem tirar performance de você, especialmente quando você está ganhando. Então, é parte do esporte e sempre foi assim. Só acho que é uma situação normal, e no fim, os fatos vão surgir e as pessoas vão entender a situação”, disse.

Bom, quem decide é a FIA e a própria Red Bull admite o erro. A questão é o tamanho do prejuízo. Financeiro? Com certeza. Técnico? Talvez. E se todo o trabalho de superioridade dos taurinos foi construído através de uma irregularidade? Não sabemos. 

E se, igual a Ferrari e o acordo dos motores, a Red Bull surgir em 2023 igual a Mercedes desse ano, com muito menos rendimento? São as consequências de burlar um regulamento, mesmo que talvez não houvesse a intenção totalmente maldosa em ferir a situação, se é que isso existe em um ambiente altamente competitivo como a F1.

TRANSMISSÃO:
28/10 - Treino Livre 1: 15h (Band Sports)
28/10 - Treino Livre 2: 18h (Band Sports)
29/10 - Treino Livre 3: 14h (Band Sports)
29/10 - Classificação: 17h (Band Sports)
30/10 - Corrida: 17h (Band Sports)

terça-feira, 25 de outubro de 2022

O FACILITADOR

 

Foto: Getty Images

Uma notícia triste dominou a F1 no final de semana. De forma surpreendente, foi anunciada a morte de Dietrich Mateschitz, aos 78 anos, criador da Red Bull. Surpreendente porque o motivo da morte não foi anunciada, somente que ele estava doente havia algum tempo.

Mateschitz criou a Red Bull nos anos 1980 depois de conhecer, na Tailândia, o criador do energético. Desde então, a história fala por si.

A Red Bull sempre apostou no marketing dos esportes radicais e do público jovem. Desde os anos 1990, Mateschitz também começou a apostar no automobilismo, patrocinando equipes da F1 e também de base.

Até o início dos anos 2000, era possível observar o logo nos carros da Sauber e da Arrows. Todavia, um patrocínio não era suficiente. Era preciso arriscar ainda mais.

A oportunidade veio em 2004. A Jaguar era deficitária e não engrenou. Mateschitz comprou e transformou uma fábrica de energéticos em equipe da F1. No ano seguinte, comprou a Minardi e transformou na Toro Rosso, a equipe B. O conceito de “academia de pilotos” foi fortemente colocado em prática por eles: em tese, formar os próprios pilotos.

O resto é história. Mateschitz foi um cara importantíssimo na era moderna do automobilismo. O time de energéticos, desprezado por pilotos importantes na época do crescimento, conseguiu contratar Adrian Newey e tem seis títulos de pilotos e cinco de construtores em uma década. Só a Mercedes, graças ao novo regulamento, consegue ter maior sucesso no período de tempo.

As tradicionais McLaren e Ferrari ficaram para trás, isso que nem contei a Williams.

Mateschitz foi responsável direto e indireto por possibilitar a ascensão de diversos pilotos a F1, desde Sebastian Vettel, Daniel Ricciardo e Max Verstappen, até Carlos Sainz, Pierre Gasly, Brandon Hartley, Sebastien Buemi, Vitantonio Liuzzi e Christian Klein.

Há ainda o sucesso no futebol, através do Salzburg, o Leipzig e mais recentemente o Bragantino aqui no país, além do New York.

Curioso para saber como vai ser o futuro da empresa de energéticos e, obviamente, dos outros tentáculos. Diante dos gastos e também do sucesso nos empreendimentos, não é possível imaginar que a equipe Red Bull seja afetada no curto-prazo. Certamente o novo manda-chuva é alguém da linha de Mateschitz, o que significa manter a estratégia de marketing nos esportes.

Dietrich Mateschitz: um nome muito importante para a história do automobilismo.

Até!


domingo, 23 de outubro de 2022

MAIS SÍMBOLOS

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Mesmo com a temporada praticamente finalizada, Austin proporcionou o show americano que todos esperavam. Desde a maciça presença de celebridades no paddock, de Pharell até Brad Pitt, foi uma típica prova americana, marcada pelas amarelas, Safety Car e emoção até o final.

A Ferrari... mais uma pole. Leclerc, que seria punido, já tinha pipocado. Sobrou para Sainz. O roteiro foi o mesmo: o espanhol larga mal e, como desgraça pouca é bobagem, foi atropelado por Russell. O sonho da Ferrari despedaçado e Verstappen já era líder, seguido das Mercedes. Leclerc e Pérez, punidos, faziam a corrida de recuperação, assim como Alonso.

A Aston Martin teve um grande desempenho, o melhor do ano, sobretudo Vettel: parece que as últimas faíscas do tetracampeão estão sendo mostradas para o público mais jovem, que talvez não tenha visto a forma como ele dominou a categoria no início da década passada.

O primeiro Safety Car foi causado por uma rodada de Bottas, o que ajudou Leclerc a se aproximar do pelotão e brigar pelo pódio. O segundo foi logo após a relargada, quando a Fênix Don Alonso quase voou ao ser bloqueado por Stroll na hora da ultrapassagem.

Mais impressionante que o impacto foi o fato da nossa Fênix continuar na pista, trocar os pneus e a asa dianteira e ainda assim chegar em sétimo. O eterno rival Vettel foi combativo, chegou a liderar a corrida, teve uma parada horrível e mesmo assim, brigando e mostrando o talento que ainda tem, foi o oitavo.

Parecia mais uma corrida tranquila para Verstappen vencer e igualar o recorde de 13 vitórias numa temporada, algo impressionante mas nem tanto, considerando o número de corridas que temos por ano. Eis que a perfeita Red Bull, que vivia um final de semana difícil, resolve fazer um desafio digno daqueles modos da F1 da Codemasters.

Fazer uma parada ruim e, em menos de 20 voltas, ultrapassar os rivais e vencer. A Red Bull teve problemas na troca de pneus e Max caiu para terceiro. A chance de Hamilton vencer a primeira no ano e manter o impressionante recorde de ganhar em todos os anos da carreira era real. Max custou a se livrar de Leclerc e foi à caça de Lewis. A velha rivalidade reacendida.

Com os pneus médios, Max tirou a vantagem, degradando menos os compostos. Lewis lutou, mas não tinha jeito. Estava escrito. Era o destino e o outro símbolo. Vitória de Max Verstappen.

Se o holandês foi campeão na terra da Honda, a Red Bull, graças ao quarto lugar de Pérez e o abandono de Sainz, conquistou os construtores depois de nove anos justamente na semana onde morreu o dono da empresa, Dietrich Mateschitz, figura fundamental do automobilismo moderno e que será explorado pelo blog em um momento mais oportuno. Era o destino, inexorável.

Verstappen, cada vez mais avassalador, assim como a Red Bull. Mesmo errando, parece fácil. Uma humilhação contra os rivais. Um momento mágico que precisa ser aproveitado. Afinal, com essa violação no teto orçamentário, não sabemos as consequências para o futuro competitivo do time.

Com os títulos definidos, Verstappen pode ir atrás dos recordes e também ser altruísta: ajudar Pérez a vencer no México. Seria histórico e incrível e estarei torcendo para isso, à distância, porque não pretendo estar sóbrio daqui uma semana, nesse horário.

Leclerc fechou o pódio. Norris fez outra corrida brilhante de recuperação, chegando em sexto, atrás de Norris. Magnussen, com uma parada só, se arrastou, mas conseguiu os pontos. Tsunoda fechou o top 10.

Cheio de simbolismos e significados, a Red Bull hoje potencializou todo o trabalho iniciado por Mateschitz timidamente nos anos 1990, estabelecido nos anos 2000 e confirmado como força respeitável e da alta hierarquia nos anos 2010. Verstappen é, certamente, uma das consequências das ideias aplicadas desse bilionário austríaco. 

Mais símbolos para um ano espetacular da Red Bull em todos os aspectos.

Confira a classificação final do GP dos EUA:


Até!