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segunda-feira, 27 de maio de 2024

SUSPIRO ANTES DO METEORO

 

Foto: Getty Images

A F1 ultimamente não tem dado boas notícias. Não apenas a dinastia de Verstappen, pois sempre estamos acostumados com isso, mas porque simplesmente não há renovação do grid, mais equipes, mais pilotos talentosos ou circuitos de verdade.

A obsessão por corridas de rua e a “americanização” da categoria tornou tudo um espetáculo, banalizando a importância dos eventos. Autódromos lotados, mas quase tudo superficial, incluindo a série da Netflix que trouxe para a F1 um público que talvez não entenda o que é o automobilismo, apenas esse simulacro do pós-pandemia em diante.

Estes são problemas que repetidamente escrevi ao longo dos anos em que mantinha o blog diário. É inútil repetir, mas hoje vou abordar uma notícia já antiga e que a grande maioria não concordou, mas faço questão de nadar contra a maré, como quase sempre.

O processo da F1 ficou cada vez mais simplificado. Um clubinho de 10 equipes, onde por exemplo temos a Red Bull com duas, enquanto Ferrari e Mercedes possuem tentáculos nas outras em virtude do fornecimento de motor e outras coisas. No meio disso tudo, Renault e Honda. Para 2026, Audi e Ford, fornecedoras.

10 equipes é muito pouco. Apenas 20 vagas. É possível renovar o grid sem testes ilimitados e paciência com os jovens que certamente sentem uma grande diferença entre um carro da categoria de base e um F1? Óbvio que não, tanto que pela primeira vez na história tivemos um grid idêntico.

Quais as formas de chegar na categoria? Obviamente, tendo muito dinheiro, isso desde que o mundo é mundo. Temos simples exemplos de Stroll, Zhou e Pérez, que são bancados e trazem patrocinadores.

A forma menos cara, por assim escrever, são as famigeradas academias de pilotos. Lá atrás, com a Mercedes e a Red Bull nos anos 1990, muitos pilotos se aproveitavam disso, na época em que tínhamos fartura de 22, 24 ou 26 carros.

Mais recentemente, o próximo começou por Hamilton (McLaren) e a Red Bull se popularizou, com sucessos e fracassos. Você sabe: Vettel, Ricciardo, Verstappen, Gasly, Albon, entre outros que se perderam no caminho.

Mais recentemente, Ferrari e McLaren também entraram nesse universo. Se for parar para pensar, Massa era da academia dos italianos. Depois de Hamilton, a McLaren apostou em Vandoorne e só agora em Norris. A Williams inventou Sargeant. A Renault tinha Ocon e perdeu Piastri.

Alguns possuem bons empresários, que facilitaram o processo lá no início. Alonso era da Renault e de Flavio Briatore. Bottas era de Toto Wolff, que ainda tinha a Williams. Russell e Wehrlein vieram da Mercedes, assim como Ocon, metade-metade com a Renault.

Anos atrás, escrevi que Grosjean era um dos últimos que se mantinham sem esse grande apoio ou de patrocínios, embora o início tenha sido empurrado pela Renault. Sobra justamente um nome: Nico Hulkenber, o Roberto Pupo Moreno da nossa geração.

A história de Hulk já foi escrita por aqui: campeão da GP2, chegou na Williams, fez pole em Interlagos, perdeu a vaga, foi pra Force India, aí teve o ápice na Sauber, voltou pra Force India e não deu certo na Renault. Com a pandemia, virou o 21° piloto de quase todo mundo até voltar definitivamente para a Haas. Tudo isso na base da experiência e do talento, claro.

Hulk sofreu por não conseguir ter o equipamento certo na hora certa. As piadas de nunca ter pódio atestam isso. Azar e erros na hora decisiva também, mas é um acertador de carros. Nas CNTP, faz o que é pedido, desde sempre.

Sim, no início do texto, reclamei da falta de renovação do grid. Apesar disso, não é um contrassenso comemorar que Nico vai para a Audi, a antiga Sauber, o que seria um retorno.

Sim, precisamos de novos talentos no grid. Alguns perdem o timing e não chegam nunca. A maioria precisa estar numa academia de pilotos, o que permite os melhores carros na base e consequentemente chances de destaque, títulos, mídia, cartaz. Kimi Antonelli, se não errar muito, já está com um pé e meio na categoria justamente por ser um prodígio acelerado da Mercedes.

Nesse universo de poucas vagas, muita grana e academia de pilotos, Hulkenberg se encaixa na experiência. Como escrevi também: poucos testes não permitem grandes riscos, a menos que se trate de um caminhão de dinheiro ou exista um novo Raikkonen ou Verstappen já aptos antes dos 18 (ok, o tal do Antonelli pode estar nessa lógica também, mas é apadrinhado).

Por isso que Hulkenberg continuar no grid é uma vitória para o automobilismo do jeito que eu cresci e conheci. Em um universo já tomado pelos mesmos caminhos e procedimentos, é um sopro de alegria e pertencimento ver um cara experiente, que perdeu o valor de mercado e é chacota ainda resistir no crème de la crème do automobilismo.

Não me engano: sei que isso é somente um suspiro em meio a um processo já irreversível do automobilismo como conheci, como ele é hoje e como a nova geração enxerga tudo isso. Num mundo de Liberty Media, Drive To Survive, corridas de rua, áreas de escape asfaltadas e proibição de correr no molhado, a permanência de um journeyman em meio a um período nebuloso e sem emoção da F1 precisa ser comemorado, mais do que realmente deveria. Aproveitemos então, enquanto o meteoro não chega em nós, dinossauros.

Até!

terça-feira, 29 de agosto de 2023

UMA NOVA ROTA

 

Foto: Getty Images

Mudanças no percurso de uma estratégia podem significar algumas coisas. Uma delas é que o objetivo inicial estava equivocado e foi necessária uma mudança de rumo, uma correção no caminho para que os objetivos consigam ser alcançados em um determinado tempo pré-estabelecido.

É o caso da Haas. Quando surgiu o novo regulamento, a ideia de Gunther Steiner e Gene Haas, com a equipe tendo cada vez menos recursos, era apostar nos jovens e desenvolvê-los. Um projeto de longo-prazo. Trazer Schumacher Filho e Mazepin (pelo dinheiro, óbvio) se encaixava mais ou menos nesse processo.

A guerra mudou tudo. Mazepin saiu, a Haas sem dinheiro e sem resultados se viu obrigada a fazer um retorno ao passado. Perderam muitos anos de desempenho com Grosjean e Magnussen, mas o dinamarquês voltou, endinheirado. E a equipe percebeu que talvez Schumaquinho não fosse o futuro tão dourado, afinal Kevin, destreinado, era mais veloz e entregava mais pontos.

O sinal foi compreendido. Hora de ir para o outro extremo. Chega de jovens, queremos resultados agora. É difícil se ambientar na F1. Olhem para o que aconteceu com De Vries. Então, quem mais se encaixaria melhor nisso do que Nico Hulkenberg, o Super Trunfo do século XXI?

A Haas tem dificuldades financeiras e briga do meio do pelotão para trás. É óbvio. Então, cada ponto ou oportunidade precisam ser aproveitadas. Mais do que o brilhantismo, é necessária a regularidade, um acumulador de pontos. Hulkenberg até consegue brilhar no sábado, mas o domingo não permite muitas jornadas positivas (uma tônica da carreira do alemão, aliás). Magnussen até pole fez no Brasil, ano passado!

A receita para a sobrevivência foi mais simples do que se imaginava: juntar dois pilotos muito experientes, a grana de um deles e tentar aproveitar toda e qualquer oportunidade de pontos para capitalizar e buscar melhorias futuras, seja na temporada seguinte ou no novo regulamento.

Qual o futuro da Haas? Eu não sei, mas a equipe definiu a sequência do caminho: Hulkenberg e Magnussen permanecem por mais uma temporada. Sem as amarras da Ferrari e o risco de apostar em um jovem inexperiente que pode comprometer a colocação da equipe nos construtores, onde cada centavo é essencial para a sobrevivência, essa é a melhor receita que existe até aqui, ao menos enquanto não for possível adquirir melhores ingredientes e chefs de cozinha (ou de equipe mesmo).

Até!

terça-feira, 15 de agosto de 2023

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2023: Parte 2

 

Foto: Motorsport

Voltamos com a segunda parte da análise parcial da temporada 2023. Agora, com as equipes restantes: Alfa Romeo, Aston Martin, Haas, Alpha Tauri e Williams.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 6,5 – Praticamente um figurante na temporada, mal aparece nas corridas e nos treinos. Bottas faz o que pode, mas a futura Sauber/Audi só pensa no futuro. Está jogada às traças. Não há muito o que escrever.

Guanyu Zhou – 6,5 – Parece mais adaptado e melhor que no ano de estreia, mas o problema é o mesmo de Bottas: a equipe simplesmente não está lá. Alguns brilharecos no sábado e olhe lá. Maior definição de coadjuvante melancólico não há para uma equipe que só pensa em um futuro diferente, incluindo os nomes.

Foto: Motorsport

Fernando Alonso – 9,0 – Parecia que seria outro erro, o agora fatal, de gerenciamento de carreira da Fênix. No entanto, a evolução da Aston Martin é notável, e ter um dos melhores pilotos da história do time na hora certa faz a diferença. Muitos pódios, algumas possibilidades de vitória e consistência. Alonso também é um dos únicos que pontuou em todas as corridas. A Aston perdeu o terreno e vai precisar remar muito para voltar ao topo, mas talvez 2024 seja o outro grande pulo do gato. É uma temporada que já foi paga, independentemente do retorno das férias.

Lance Stroll – 6,5 – Colocar alguém como Alonso no mesmo bólido é evidenciar as limitações do filho do dono. Isso todos sabemos. Então, Stroll não faz o suficiente pelo carro que tem, mas quem se importa? É o piloto menos pressionado do grid hoje em dia, então não faz diferença alguma fazer qualquer ponderação além do que já foi escrito até aqui.

Foto: Getty Images

Kevin Magnussen – 6,5 – Está sendo o Mick Schumacher da vez. Se ano passado o retorno foi impressionante pelo domínio interno e a pole mágica na sprint race em Interlagos, o 2023 é um choque de realidade. Batido pelo rival Hulkenberg, a Haas também não permite fazer muita coisa, mas ser constantemente superado pelo companheiro de equipe que ficou fora da categoria por alguns anos não é bom sinal.

Nico Hulkenberg – 7,0 – Parece que o tempo ausente não fez diferença. Hulk continua com os mesmos vícios e virtudes. Muito rápido no sábado, mas sucumbe no domingo. Claro que o carro também tem uma dose de responsabilidade, mas parece que o alemão não tem sorte na F1. Pelo menos ele relembra a competência na consistência interna e está tirando Magnussen para pouco caso.

Foto: Motorsport

Yuki Tsunoda – 7,0 – Está melhor que o ano passado, mas isso não quer dizer muita coisa. A Alpha Tauri está à deriva e o japonês causa mais dúvidas que respostas. Ele está bem porque De Vries é que é fraco ou o carro pode mais a partir da chegada de Ricciardo?

Nyck De Vries – 5,0 – Desde sempre foi um boi de piranha na equipe, sem alternativas viáveis para subir alguém. No desespero e estreando na F1 num matadouro, também pouco se ajudou. Não teve ritmo e nenhum momento e fez parecer Tsunoda um piloto promissor e evoluído. É uma pena, mas parece que o holandês entrou num jogo de cartas marcadas.

Daniel Ricciardo – Sem nota. Desempenho será avaliado apenas a partir de agora.

Foto: Getty Images

Alexander Albon – 8,0 – Corre mais que o carro. Está evoluindo e merece uma equipe melhor, nem que seja meio de tabela. Espreme os resultados, tem ritmo, velocidade e briga de igual para igual com o resto do grid. Parece que finalmente desabrochou o talento do tailandês nascido e criado na Inglaterra. Estar longe da Red Bull parece ser bom negócio até aqui.

Logan Sargeant – 5,5 – Subiu para a F1 sem estar pronto, pela necessidade de ter um americano no grid. Não é ruim mas repito, ainda não está preparado. A comparação com Albon só torna as coisas piores. O ritmo é inexistente. Ainda há margem para evolução para minimamente ser competitivo e combativo. A melhora da Williams nas últimas atualizações é um alento para isso, principalmente no médio prazo. Não vou ser tão taxativo assim, ainda acredito no potencial, nem que seja mínimo, do Sargeant.

Concorda? Discorda? Escreva nos comentários e digite também as suas notas!

Até!




domingo, 2 de abril de 2023

VÁRZEA

 

Foto: Dan Istitene/Getty Images

O problema de um carro muito dominante sem algum adversário qualificado para desafiá-lo é que, como o Lucas Carrano sempre pontua no Sexto Round, a falta de possibilidade de derrota afasta o público porque os resultados são óbvios.

Imagine isso de madrugada. Pois bem, a Mercedes até tentou dramatizar as situações com as boas largadas de Russell e Hamilton, que assumiram as primeiras posições. Verstappen, inexplicavelmente comedido por frear cedo demais na curva 2, era o terceiro e tinha muito a perder. O longo prazo é sempre mais efetivo.

Aí na primeira volta já teve problema. Leclerc foi atropelado por Stroll e ficou fora. Primeiro Safety Car e mais azar para o monegasco que a cada prova que passa vira o Jean Alesi moderno. Relargada. As coisas não mudam muito, mas uma pancada começa a mudar algumas coisas.

Albon, que fazia bom final de semana, bateu forte e sujou bastante a pista, além de estar numa posição perigosa. A primeira bandeira vermelha, logo na volta 7. Quer dizer, antes era Safety Car. Russell parou, Hamilton não. Estratégias diferentes para tentar lutar contra a Red Bull. Bandeira vermelha. Russell se ferra injustamente. Poder mexer em tudo nessas circunstâncias é uma palhaçada, uma das várzeas do regulamento da FIA.

Russell teve mais o que lamentar porque o motor Mercedes de seu carro estourou, o que é um histórico raro na equipe. O problema é que dali em diante a corrida ficou insuportável. Com a bandeira vermelha, todo mundo ficou na mesma estratégia. Algumas disputas soltas e nada demais. Verstappen abria para Hamilton, que controlava Alonso, que controlava Gasly, que brigava com Sainz e Stroll, enquanto Pérez ficava preso atrás de Norris, com um pelotão com Ocon e o resto brigando de foice no escuro.

Tamanha chatice, na madrugada, juntando com meu cansaço vindo da viagem de Caxias me fizeram apagar no sofá. Acordei achando que a corrida já tinha terminado, mas, sem entender nada, vi uma bandeira vermelha faltando duas voltas. Bandeira vermelha faltando duas voltas é sacanagem. Encerra a corrida logo. Não há constrangimento em terminar uma prova com as amarelas, igual na Indy. Não estão copiando tudo dos americanos?

Tentaram remendar um erro usando um regulamento ridículo para evitar outro constrangimento. Aliás, como o Magnussen conseguiu ir reto no muro? Era para bandeira vermelha? Perguntas que podem ser e não ser respondidas. 

O final de semana já mostrava inúmeras barbeiragens na F2 e F3, estreantes no traçado australiano, e a F1 não poderia ficar de fora. Se na largada já acontece algo, imagina numa relargada que define a prova nas voltas finais? Dito e feito. Sainz atropela Alonso, que perderia o pódio. As Alpine se batem, melhorando o clima amistoso entre os compatriotas Ocon e Gasly. Sargeant esquece de fazer a curva, tal qual Salvino, e atropela De Vries. Um caos.

Aí, o tal regulamento que conseguiu ser minimamente coerente. Como aconteceram tantas coisas e o primeiro setor estava um caos, mais bandeira vermelha. Como o líder Verstappen (ele e Hamilton ilesos) não tinha completado a volta então, na prática, aquele caos todo não valeu. Uma pena que os abandonos e barbeiragens não poderiam ser desfeitos.

Ou seja: quem se ferrou nesse caso foram Sainz, punido com cinco segundos, e as Alpine. Com uma volta restante e impossível de relargar, a F1 optou pelo óbvio que deveria ter escolhido antes: terminar com as amarelas ou, no caso, o Safety Car.

Três pódios seguidos de Alonso, mais um com sustos e emoção, algo inédito desde 2013. O primeiro de Hamilton e da Mercedes no ano, mostrando que o carro não é tão ruim quanto as declarações querem induzir. Não há milagre, mas sim uma boa notícia. Primeiros pontos da difícil McLaren e do dono da casa Piastri na carreira. Hulkenberg nos pontos também, assim como Zhou e Tsunoda. Portanto, todas as equipes já pontuaram em três etapas. Pior para Alpine e Ferrari, que saíram zeradas, assim como a Williams.

A Red Bull está em outro patamar, Mercedes, Aston Martin e Ferrari vem para a briga de segundo posto e o resto é resto. O mais importante é mostrar como a FIA está espetacularizando decisões ridículas que ferem a competitividade do esporte, ao mesmo tempo que se importa com idiotices que matam a essência da categoria. Safety Car e bandeira vermelha em tudo é falta de bom senso, mas a preocupação dos caras é encaixar mais uma corrida dos EUA no calendário e proibir piercing de piloto e os mecânicos na grade na hora da bandeirada.

A F1 que conhecíamos está definhando. 

Confira a classificação final do GP da Austrália:


Até!

quinta-feira, 2 de março de 2023

GUIA TEMPORADA 2023: Parte 2

 

Foto: Motorsport

Chegamos com a parte dois da tradicional análise antes do início da temporada 2023. Irei escrever sobre Alfa Romeo, Aston Martin, Haas, Alpha Tauri e Williams!

ALFA ROMEO F1 TEAM STAKE


Foto: Reprodução/Alfa Romeo

Pilotos: Valtteri Bottas (#77) e Guanyu Zhou (#24)

Chefe de Equipe: Alessandro Alunni Bravi

Títulos de Pilotos: 2 (1950 e 1951)

Vitórias: 10

Pódios: 26

Pole Positions: 12

Voltas Mais Rápidas: 15

A futura Sauber/Audi vive um momento de transição. Com um novo e desconhecido chefe de equipe, os suíços querem mais pontos do chinês Zhou aliados com a consistência de Bottas para navegar no pelotão intermediário. O time perdeu o fôlego na metade final da temporada, então o objetivo é ter mais consistência durante o ano. Resta saber como está o foco do time em meio a tantas e futuras mudanças no corpo diretivo e, porque não, técnico da equipe.

ASTON MARTIN ARAMCO COGNIZANT F1 TEAM


Foto: Reprodução/Aston Martin

Pilotos: Fernando Alonso (#14) e Lance Stroll (#18)

Chefe de Equipe: Mike Krack

Pódios: 1

A grande atração é ver Fernando Alonso no time de Lawrence Stroll. Um projeto ambicioso, mas o tempo (ou a falta dele) pode ser o principal empecilho. Até aqui, a Aston Martin deu passos bem tímidos. A promessa é que as coisas melhorem com a finalização do novo túnel de vento na fábrica. De novo: Alonso terá tempo para tentar mais uma última tentativa de voltar ao topo da F1?

MONEYGRAM HAAS F1 TEAM

Foto: Reprodução/Haas

Pilotos: Kevin Magnussen (#20) e Nico Hulkenberg (#27)

Chefe de Equipe: Gunther Steiner

Pole Positions: 1

Voltas Mais Rápidas: 2

Estabilidade é o que procura a Haas. Depois de contratar Magnussen as vésperas do início do ano passado, os americanos conseguiram mais pontos do que a expectativa e K-Mag ressurgiu das cinzas com uma pole em Interlagos. A surpresa é um desafeto ser o novo companheiro de equipe: o retorno de Nico Hulkenberg, o piloto número 21 do grid. Dois anos ausentes e mais velho pode ser um fato de desequilíbrio no início do enfrentamento, mas o que Gunther e companhia esperam é que os dois briguem com os outros na pista e não entre si para que a Haas consiga pontuar o máximo possível na temporada.

SCUDERIA ALPHA TAURI

Foto: Reprodução/Alpha Tauri

Pilotos: Yuki Tsunoda (#22) e Nyck De Vries (#21)

Chefe de Equipe: Franz Tost

Vitórias: 1

Pódios: 2

Voltas Mais Rápidas: 1

A dupla mais intrigante do grid: o jovem, mas experiente Tsunoda e o novato de quase 30 anos De Vries, que impressionou ao pontuar com a Williams num rabo de foguete. O holandês vai usar a experiência dos títulos da F2 e FE e a experiência na McLaren e Mercedes como reserva. O japonês está na Alpha Tauri por falta de opção, visto que De Vries já é a própria admissão de que ainda não há um prodígio taurino pronto para ser alçado. Cobaia da equipe principal, certamente o time de Faenza precisa fazer muito mais do que a penúltima posição de 2022. Vão conseguir com uma dupla inexperiente?

WILLIAMS RACING

Foto: Reprodução/Williams

Pilotos: Alexander Albon (#23) e Logan Sargeant (#2)

Chefe de Equipe: James Vowles

Títulos de Pilotos: 7 (1980, 1982, 1987, 1992, 1993, 1996 e 1997)

Títulos de Construtores: 9 (1980, 1981, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997)

Vitórias: 114

Pódios: 313

Pole Positions: 128

Voltas Mais Rápidas: 133

Mudam o chefe de equipe e o parceiro de Albon: ex-Mercedes James Vowles e o retorno de um americano no grid, o cria da casa Logan Sargeant. O tailandês nascido e criado na Inglaterra mostrou-se apto a ser consistente e liderar uma equipe tão frágil. Apesar de três pilotos terem pontuado no ano, a Williams não conseguiu sair da lanterna. Mesmo sem dinheiro, reformulada e com um jovem no time, a expectativa é fazer o que pode, até porque a esperança é um futuro que talvez nunca chegue.

E essas foram as análises antes do início da temporada. O que você está esperando? Comente!

Até!



segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O BONDE PASSOU, MAS...

Foto: Getty Images

A vida é mesmo imprevisível, então porque a F1 não seria? Em 2022, tivemos o surpreendente retorno de Kevin Magnussen para a categoria, agora marcado por uma pole de uma corrida classificatória em Interlagos. O dinamarquês já está na história.

Para 2023, teremos novas e inéditas histórias. Algumas serão continuações que não pedimos, mas a vida é assim. Uma delas é o retorno de Nico Hulkenberg para o grid, confirmado na quinta-feira.

Escrevi, em 2019, quando Hulk saiu da Renault e da categoria, que o bonde havia passado. O alemão era um piloto promissor e que sempre andou mais que o equipamento. As circunstâncias não o ajudaram e ficou no alemão esse estigma, esse sentimento. A passagem dele pela equipe francesa, derrotado por Ricciardo, diminuiu um pouco aquela impressão.

O que é a vida, né? Quatro anos depois, Hulk volta para a categoria e as cortinas podem estar definitivamente fechadas para o sorridente australiano. Hulk sempre quis um lugar competitivo e só conseguiu um time de fábrica no final. Os franceses ainda não estavam prontos (e ainda não estão).

O que mudou? Basicamente, é isso ou nada para o alemão, que não se arriscou em outras categorias e sempre permaneceu no radar da F1. Pela experiência e regularidade, Hulk foi o ficha um diante das enfermidades de covid. Substituiu Pérez em 2020 e Vettel nesse ano ainda, na Racing Point e hoje Aston Martin.

O nome dele sempre foi ventilado e, no papel, Hulk aceita voltar para a categoria na pior equipe que ele pode trabalhar em toda a carreira. Ele conseguiu quase fazer chover naquela Sauber de 2013 e a pole em Interlagos 2010, a Haas só podia dar ao alemão algumas chances de pontos.

E é isso que Gunther busca. Magnussen aproveitou as oportunidades. Mick não. É preciso regularidade e não gastar os poucos recursos do time para consertar o carro em batidas, tal qual o compatriota teve nesse ano.

Magnussen e Hulkenberg vai ser uma dupla curiosa. Eles se odeiam. Quero ver como vai ser a condução disso tudo pelo Gunther Steiner.

Muita gente argumenta que a Haas deveria ter apostado em algum jovem (aka o campeão da F2), mas Steiner vai para o extremo oposto: se antes ele queria o dinheiro de Mazepin e podia desenvolver Mick, a ausência do dinheiro russo apressou os processos. Magnussen traz essa segurança financeira e de rendimento, assim como Hulkenberg também pode oferecer.

Sei lá, acho que ninguém está errado. A questão é que não há ninguém no grid pronto para tal tarefa, principalmente num time tão limitado financeiramente. Com o desenvolvimento do novo regulamento, pode ser que a dupla experiente seja um capítulo mais seguro para o time de Gene Haas. Só saberemos na pista.

Igual aquele filme ou série que teve a continuação que não pediu, vamos ter um novo capítulo de Hulk na F1, o injustiçado, o melhor piloto que nunca pegou um pódio na história. Quem sabe o destino não está guardando algo para ele, tal qual fez com Baltazar e surpreendeu K-Mag em São Paulo?

O bonde passou, mas voltou. Hulk está a bordo.

Até.

 

sexta-feira, 25 de março de 2022

ARMADILHAS

 

Foto: Hamed I Mohammad/Getty Images

Circuito longo, rápido, com muitas retas e curvas de alta velocidade num espaço reduzido. Qualquer erro será fatal para a corrida e pode implicar em muitos Safety Car e até paralisar uma sessão. Vimos isso na F1 e principalmente na F2, onde Felipe Drugovich vai ser o pole.

No entanto, no momento esse é o menor dos problemas da F1. A cerca de 10 km do circuito, no aeroporto internacional de Jidá, deu para ouvir bombardeios e fumaça nas proximidades. Desde o início da semana que a Aramco, petrolífera que patrocina a F1, vem sido atacada. A reinvidicação é do grupo houthi, do Iêmen, em consequência do conflito que existe entre os dois países e o Irã desde 2014.

Os pilotos fizeram uma reunião de emergência e o TL2 atrasou o início em 15 minutos. Mais essa agora. Se o final de semana pode ser cancelado? Tomara que não, mas creio que a Liberty pensou em todas as possibilidades além do dinheiro, certo?

Na pista, Leclerc foi o mais veloz e tivemos poucas mudanças em relação ao Bahrein, o que é normal. A Mercedes segue em dificuldades, a Red Bull está por perto mas a confiabilidade pode atrapalhar, Alfa Romeo, Alpine e Alpha Tauri bem (agora o problema foi com Tsunoda) e as equipes com motor Mercedes ainda lá atrás.

Vettel segue positivo para a Covid e teremos novamente Nico Hulkenberg em seu lugar. A Haas de Magnussen teve problemas e o momento dos sonhos pode ser interrompido rapidamente já nesse final de semana.

Uma pista de rua veloz e agora bombardeios. A F1 vai ter que lidar com muitas armadilhas nos próximos dias. Que não seja surpreendida.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 29 de julho de 2021

GP DA HUNGRIA: Programação

 O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.


Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:16.629 (Mercedes, 2020)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:13.447 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Lewis Hamilton - 8x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 185 pontos

2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 177 pontos

3 - Lando Norris (McLaren) - 113 pontos

4 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 108 pontos

5 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 104 pontos

6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 80 pontos

7 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 68 pontos

8 - Daniel Ricciardo (McLaren) - 50 pontos

9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 39 pontos

10- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 30 pontos

11- Fernando Alonso (Alpine) - 26 pontos

12- Lance Stroll (Aston Martin) - 18 pontos

13- Esteban Ocon (Alpine) - 14 pontos

14- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 10 pontos

15- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 1 ponto

16- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull Honda - 289 pontos

2 - Mercedes - 285 pontos

3 - McLaren Mercedes - 163 pontos

4 - Ferrari - 148 pontos

5 - Alpha Tauri Honda - 49 pontos

6 - Aston Martin Mercedes - 48 pontos

7 - Alpine Renault - 40 pontos

8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos

O DIA DEPOIS DE AMANHÃ

Foto: Getty Images

Não é oficial, mas Valtteri Bottas, George Russell e a Williams já falam com clareza sobre 2022. O finlandês fala sobre "mudar a mentalidade", pois provavelmente vai estar em uma equipe muito distante de brigar por posições relevantes na temporada.

Enquanto a Mercedes espera o momento adequado para a decisão, a Williams já pensa no sucessor de Russell. Jost Capito, o agora chefão de Grove, admite que há uma lista de pilotos que vai brigar pela missão de substituir o inglês. Nicholas Latifi está mantido pois, como sabem, o pai comprou uma parte da equipe, salvando-a da falência em 2019.

Um dos nomes especulados é de Nico Hulkenberg, o Super Trunfo. O alemão, que estreou na F1 na própria equipe onde fez a pole em Interlagos (2010), está interessado em retornar à F1. Bottas, outro ex-piloto da equipe, também não pode ser descartado.

Apesar de viver uma recuperação financeira, a Williams ainda está distante das equipes mais competitivas. No entanto, para Capito, Grove aos poucos está recuperando a credibilidade e sendo foco de interesse de muitos pilotos, não apenas os jovens ou endinheirados.

“Acho que no momento não excluímos nenhum piloto que estaria disponível no próximo ano.

"O principal é que queremos os melhores pilotos que estão disponíveis e interessados ​​em guiar pela Williams e interessados ​​em fazer o trabalho pela Williams. Não é definitivamente o piloto que quer ser campeão mundial no ano que vem. Para nós, ele estaria na equipe errada.

“Precisamos de pilotos que estejam dispostos a apoiar a equipe, para trazer a equipe de volta, para liderar e melhorar o desempenho. No momento, podemos ver que o interesse dos pilotos em chegar à Williams está aumentando.

“Eu diria que é por causa dos passos positivos que demos recentemente. Acho que estamos bem financeiramente e isso é reconhecido, e estamos dando os passos na direção certa, esperamos continuar assim. Estamos trabalhando duro para a Williams se tornar uma equipe interessante para um piloto no futuro”, disse.

Vai ser no mínimo curioso saber a escolha da Williams pelo seu novo líder. Qual critério que vai ser preponderante? Experiência ou futuro? Como unir as duas coisas diante da nova era da categoria? Veremos.

CATAR NO AQUECIMENTO

Foto: Getty Images

O GP da Austrália, que seria realizado em novembro, foi definitivamente cancelado da temporada. Com isso, há uma data em aberto para que o plano ambicioso da Liberty Media em realizar 23 etapas no ano.

Alguns candidatos são óbvios, como mais uma corrida no anel externo do Bahrein ou outra prova nos Estados Unidos. No entanto, um enlaçe curioso pode fazer com que a F1 desembarque no Catar pela primeira vez na história ainda nesse ano.

Vamos começar por Stephen Ross. O bilionário dono do Miami Dolphins vai ser o responsável pela realização do GP de Miami, que entra no calendário em 2022. Antes da Liberty, Ross se uniu com empresários do Catar para comprar as ações da F1, mas foram vencidos pelos americanos. Essa aproximação e o bom relacionamento que culminou na confirmação da corrida em Miami pode fazer com que a Liberty "retribua o favor" abrindo as portas para o Catar.

Passo 2. A corrida seria no autódromo de Losail, onde já acontecem corridas da MotoGP há alguns anos. Acionistas do Catar tem uma parte das ações do Grupo Volkswagen. Tá, mas o que isso tem a ver?

Bom, Stefano Domenicali era CEO da Lamborghini, uma das marcas do grupo, antes de virar o novo chefão da F1, nesse ano. Um dos objetivos da FIA é finalmente atrair uma ou mais marcas do grupo, como a Audi e a Porsche, para serem fornecedoras de motor a partir do próximo ciclo, em 2025. A partir do ano que vem, a F1 terá apenas Mercedes, Ferrari e Renault como fornecedoras e, dependendo de mudanças no regulamento, pode finalmente ter as marcas alemãs na categoria. Uma corrida no Catar pode ser entendido como um gesto de boa vontade.

A verdade é que, apresentando esses fatos/teorias, fico convencido que não seria aleatório isso acontecer. Afinal, depois de Arábia Saudita, Vietnã, Índia e Coreia do Sul, pensar em critérios talvez seja um pouco demais.

TRANSMISSÃO:

30/07 - Treino Livre 1: 6h30 (Band Sports)

30/07 - Treino Livre 2: 10h (Band Sports)

31/07 - Treino Livre 3: 7h (Band Sports)

31/07 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)

01/08 - Corrida: 10h (Band)

terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O BAFO DO DESERTO

 

Foto: Getty Images

Com o perdão do trocadilho, mas as coisas estão quentes lá no Bahrein. Além do deserto e do acidente de Grosjean, as notícias não param. Depois de Pietro Fittipaldi substituir o francês na Haas, agora o trono da Mercedes está vago possivelmente até o fim do ano.

Lewis Hamilton foi diagnosticado com covid-19 e está fora do GP do Sakhir, possivelmente pode também se ausentar do GP de Abu Dhabi e, assim, ter encerrada sua participação na temporada 2020.

Seu substituto? Ainda é um mistério. Os candidatos naturais: George Russell, piloto da Williams que está na Mercedes; Stoffel Vandoorne, o belga piloto reserva da Mercedes que está na Espanha fazendo testes pela Fórmula E e, como sempre, Nico Hulkenberg, o coringa alemão.

É bom que fique claro que o substituto de Lewis dificilmente vai fazer frente a Valtteri Bottas. Por mais que os três estejam em atividade, a adaptação em um carro, sobretudo de ponta, é complicada. Mesmo que o finlandês não esteja nada bem, o tempo lhe ajuda, por mais que o GP de Sakhir tenha a particularidade de ser praticamente um oval e, portanto, talvez menos desgastante para os pilotos.

Além do mais, ninguém realmente conhece o traçado e como serão os comportamentos dos carros. Está todo mundo na mesma nesse oval. Pietro e o outro substituto podem capitalizar diante disso.

Se Russell for realocado para a Mercedes, a Williams teria que encontrar outro piloto. Me parece improvável. Hulkenberg, se estiver em negociação com a Red Bull, também é carta fora do baralho. Sobra o belga Vandoorne, outrora promessa do automobilismo que naufragou com a McLaren Honda e não teve segunda chance. Seria redentor para a carreira ter a possibilidade de fazer um bom resultado com o melhor carro do grid. Vai que não surja algo para o futuro talvez?

Sem Hamilton e num oval, o GP de Sakhir promete ser o mais equilibrado e emocionante da temporada, típico de ovais e suas incertezas. Quem ganha é o fã que, além do mais, vai ter um horário super agradável para assistir por aqui, apesar do título estar definido.

Foto: Getty Images

E o que era esperado aconteceu. Com o aporte bilionário do pai, que vai despejar 40 milhões de dólares por ano, a Haas anunciou Nikita Mazepin como um dos pilotos da equipe para 2021. O outro será Mick Schumacher, que será oficialmente anunciado assim que se sagrar campeão da F2.

Nas próximas semanas eu prometo fazer um post mais detalhado da carreira do bilionário russo, mas a ascensão desse psicopata só mostra como o automobilismo perde e como esse não se importa em ter virado um espaço para lavagem de dinheiro e hobby de bilionários, onde todo o resto não importa. O dinheiro pode fabricar até resultados razoáveis, mas não dá para julgar a Haas. Eles fizeram a escolha deles, como diria Galvão.

Com a pandemia, os gastos e a falta de resultado, é necessária uma alternativa para sobreviver a não ser a venda do time. Esse foi o caminho escolhido. Se vai dar certo eu não sei, mas Nikita (não o da música de Elton John) será o quarto russo da categoria, provavelmente substituindo Daniil Kvyat nessa empreitada em 2021.

E seguimos no aguardo de mais abafamento no Bahrein. A semana por lá está quente!

terça-feira, 11 de agosto de 2020

O NÚMERO 21

 

Foto: Motorsport Images

Em um ano atípico, surgem problemas e soluções também atípicas. Nesse caso, isso não quer dizer que são necessariamente inéditas e inovadoras, muito pelo contrário, ao menos na F1.

No futebol, existem os jogadores "polivalentes", que exercem mais de uma função tática e podem jogar em diferentes posições, ajudando os treinadores como uma espécie de "coringa". Isso não significa, é claro, que todos esses atletas sejam muito bons, pelo contrário, instiga ainda mais o debate e a desconfiança, principalmente dos torcedores.

Na Fórmula 1, existe um caso raro, quer dizer, nem tão raro assim. Ultimamente, muitos jovens pilotos que despontaram como promessas não conseguiram vingar. Stoffel Vandoorne é um exemplo. Outros, mais discretos, desabrocharam na hora certa e, com uma pitada de sorte, é claro, encontram-se em boas situações, como Carlos Sainz Jr e Alexander Albon.

Nico Hulkenberg está no meio do caminho. Campeão da GP2 em 2009, chegou com moral na Williams e fez até pole, mas não foi o bastante para permanecer na categoria em 2011. Reserva, foi efetivado pela Force India e voltou a brilhar com desempenhos consistentes e liderou boa parte daquele GP do Brasil que, num erro, colocou tudo a perder. O conceito do alemão era claro: em um carro melhor, daria trabalho. Desde então, sempre foi um nome ventilado para se transferir para uma equipe maior.

No entanto, mesmo com as especulações e a consistência, faltava algo para Nico: um resultado mais robusto. Infelizmente para ele, isso não aconteceu na F1, diferentemente de Le Mans, onde o destino lhe sorriu.  Com o passar do tempo, a novidade e o talento de um futuro pretendente a algo grande se esvaiu, mesmo na Renault, onde foi superado por Ricciardo. Sem patrocínio, "velho" e desgastado, Hulk deixou a F1 sem deixar saudades.

O Covid mudou tudo e Hulk voltou por duas corridas, a princípio. Mesmo sem ritmo e condições físicas ideais, mostrou que é capaz de andar bem num carro bom e que, portanto, merece uma vaga no grid. Inclusive diz que negocia e recebe algumas sondagens de outras equipes do grid. 

Tudo isso para dizer que, diante de uma nova, inesperada e até triste perspectiva, de pilotos que talvez possam se ausentar por motivos de covid maior, Hulkenberg é o coringa ideal para qualquer equipe em qualquer circunstância, principalmente o lítigio público entre Vettel e Ferrari. É difícil dizer que Nico poderia fazer algo melhor (lembrem-se de Fisichella na Ferrari em 2009), mas seria uma compensação do destino para o talentoso piloto que, mesmo com quase 200 GPs, parece ter ficado no meio do caminho.

Em 2020 e em tempos de crise, Nico Hulkenberg é o piloto número 21, pronto para aproveitar qualquer oportunidade que apareça. O faz tudo, o polivalente, o super trunfo. É o prêmio de consolação para quem, com talento, ainda merecia estar no circo, mesmo que agora não em alguma equipe tão competitiva.

Até!

domingo, 9 de agosto de 2020

NO CONCEITO

 

Foto: Getty Images

A Mercedes é, nas CNTP, um segundo mais rápido que as demais. Para isso ser superado, é necessário que se crie alguma coisa diferente, seja um Safety Car, a chuva ou outra coisa. Na semana passada, os pneus em temperaturas quentes foram um pista que novamente se confirmou hoje.

Dessa vez não teve estouro, mas ficou claro que as Mercedes e sua cópia possuem maiores dificuldades de durabilidade com a temperatura da pista mais quente. Além disso, é claro, é preciso pensar diferente, ter uma estratégia. Foi isso que a Red Bull.

Com compostos mais duros depois da semana passada, os taurinos começaram a vencer a corrida no treino de sábado, quando escolheram a ousada tática de largar com os duros. Com os médios, as Mercedes rapidamente perderam terreno e Max passou a liderar, tomando as rédeas da prova.

A Mercedes tentou mudar de nível mas Max decidiu quando fez a segunda parada no mesmo instante que Bottas. Mesmo atrás, passou logo depois de sair dos pits e, com os pneus duros durando mais, venceu uma corrida calcada na estratégia.

Como desgraça pouca é bobagem, o pole Bottas ainda viu Hamilton esticar o stint, parar depois e com o pneus mais novo passou sem dificuldades o finlandês. Até quando não ganha Hamilton se dá bem, pois agora tem 33 pontos de vantagem no campeonato, começando a decidir o campeonato.

Se Max e a Red Bull merecem os louros pela estratégia e pilotagem, quem também precisa ser destacado é a “jovem fênix” Charles Leclerc. Também na estratégia, com um parada a menos, conseguiu um quarto lugar mágico para a realidade da Ferrari. Dizem que o carro é tão ruim que os pneus nem desgastam muito...

O capítulo Vettel x Ferrari ganhou mais um litígio evidente, um bate-boca público na transmissão. Vettel não se ajuda ao rodar na largada e ainda ter a sorte de sair ileso, mas o ritmo é muito fraco. Longe de pontuar, definitivamente foi relegado não só como um segundo piloto, mas também a uma figura incômoda na estrutura italiana. Como já escrevi, seria melhor um divórcio imediato do que esse constrangimento.

A opção que sobrou para o alemão hoje foi lastimável. Provando que é um carro veloz no treino e nem tanto na corrida, conseguiram hoje a proeza de parar Hulkenberg no final para que Stroll chegasse a frente. Repetindo: Hulk, que até semana passada tava sentado no sofá de casa, bastou duas semanas para ser mais rápido que o filho do pai. A simpatia e pobreza da Force India vira a antipatia da Racing Point/Aston Martin, uma empresa familiar. Não seria uma boa para Vettel servir apenas de escada para o garotão que é muito fraco. Trocaram o quinto e o sexto lugares por um sexto e sétimo pois Albon, em recuperação, conseguiu ainda dez pontos.

Largando de trás, Ocon também fez uma parada e conseguiu bons pontos, superando Ricciardo, que teve uma tarde infeliz. Norris e Kvyat completaram o top 10, com o russo também saindo de trás. Sainz também não foi bem.

Hamilton encaminha o título e mesmo sem a vitória sai com a sensação de lucro. Saiu atrás e superou Bottas. Na Fórmula Mercedes, o imponderável e as oportunidades precisam ser aproveitadas, e hoje Max Verstappen conseguiu, no conceito de estratégia, em inglês strategy...

Confira a classificação final do Grande Prêmio dos 70 anos da Fórmula 1:


sexta-feira, 31 de julho de 2020

NOVO E VELHO NORMAL


Foto: Getty Images

Hoje foi o dia que o novo e o velho se juntaram na quente Silverstone para os treinos livres do GP da Inglaterra. Como todos sabem, Sérgio Pérez está ausente desta e da próxima etapa porque contraiu o Covid, provavelmente por ter embarcado para o México para visitar a mãe, que está hospitalizada. O novo normal.

Para o lugar do mexicano, uma "novidade": Nico Hulkenberg, que estava ausente desde dezembro e não é estranho a casa, pois pilotou pela Force India por quatro temporadas. Ou seja, conhece o pessoal. Não deixa de ser irônico que, em meio a guerra Renault-Racing Point, o time do Stroll pai tenha contratado o ex-piloto da Renault, que inclusive deu detalhes técnicos interessantes sobre as diferenças dos carros das duas equipes.

Foto: Getty Images

Complementando essa sensação de novo e velho, quem liderou o TL2 foi Lance Stroll. Os carros andaram pouco e muitos optaram pelos stints com pneus duros é verdade, mas isso mostra o quão incompetente é a Fórmula 1 em fazer o canadense ter reais chances de pódio, diria eu uma obrigação, ainda mais com o alemão fora de forma e avoado do lado ao invés do competente Pérez.

No primeiro treino, Verstappen foi o mais veloz. As Mercedes estão escondendo o jogo e Albon bateu forte. Errou de novo. Quando um piloto Red Bull começa a fazer isso, é sinal de que as coisas podem piorar muito em breve... pior do que bater, é encarar Helmut Marko na sequência. Vettel mal treinou, com problemas, mas aparentemente a Ferrari parece um pouco competitiva, ao contrário da McLaren, que responde as dúvidas da pré-temporada, distorcida por Lando Norris na Áustria.

Nesse final de semana, o que pode fazer a diferença para embaralhar tudo é o calor em Silverstone. Além disso, fica a novidade pelo "retorno" de Hulk a ex-Force India e a expectativa que os rosas consigam um pódio, embora não tenham pilotos para isso. Ah, sem contar com Hamilton se aproximando dos recordes de Schummi, mas isso deixou de ser novidade há muito tempo.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Inglaterra:




Até!

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

ANÁLISE FINAL DE 2019 - PARTE 1

Foto: Getty Images

Fala, galera! Com o término da temporada, teremos o tradicional post analisando o desempenho dos 20 pilotos durante o ano. Nesta primeira parte, vou começar com Mercedes, Ferrari, Red Bull, Renault e Haas:

MERCEDES

Foto: RaceFans

Lewis Hamilton – 9,5: No auge da forma. Mesmo com “apenas” cinco poles, teve muito mais vitórias, mostrando que o ritmo de corrida, consistência e senso de oportunidade estão lá. Tirando Alemanha e Brasil, onde cometeu erros, no resto sobrou, não a toa conquistou mais um título sem fazer grande esforço, seja pela incapacidade de Bottas e os inúmeros erros da Ferrari. No último ano de regulamento, 2020 pode ser histórico para ele e para a F1.

Valtteri Bottas – 8,5: Tirando poucas corridas onde rendeu bem, não está no nível de Hamilton. Isso se torna um problema quando o finlandês passa a ser talvez o único adversário para o campeonato. Bottas não deixou de tentar, mas a falta de ritmo e outros erros, além de várias corridas apagadas o transformaram em um vice sem brilho. Ao menos venceu várias corridas e largou na pole mais vezes que Hamilton até, o que é uma grande evolução em relação ao ano passado, onde terminou zerado. Talvez tenha a última chance de brigar por algo grandioso nessa abençoada Mercedes.



FERRARI

Foto: Getty Images
Sebastian Vettel – 7,5: Um tetracampeão com mais baixos do que altos. A vitória vinda dos céus em Cingapura o livrou de um ano zerado. Muitos erros injustificáveis e infantis de alguém com mais de 50 poles e vitórias, principalmente os incidentes patéticos na Itália e em Interlagos. Vettel está pressionado e sabe disso, parece não conseguir lidar bem com a competição interna. Prefere ver outro brilhar do que Leclerc, por exemplo. Ao perder no confronto direto, já começa 2020 enfraquecido. Mesmo com toda a aura que tem, 2020 também pode ser um ano derradeiro nas pretensões competitivas de Seb.


Charles Leclerc – 8,5: Entregou mais que o esperado, mesmo com todos destacando o imenso talento que tem. A velocidade está lá, derrotou o tetracampeão, mas é normal que ainda falte equilíbrio e experiência. Além disso, também teve azar em algumas chances. Charles poderia ter vencido muito mais que apenas duas corridas, mas essas duas foram talvez nos dois palcos mais icônicos do automobilismo. A mudança de postura na defesa de posições após o caso Verstappen na Áustria o transformou em um piloto mais “sujo”. Precisa de mais experiência e se fazer menos de vítima. Charles está no caminho certo e é, mais do que nunca, o queridinho da Ferrari.

Foto: Getty Images
Max Verstappen – 9,0: Tirando o retorno das férias e a lamentável “malandragem” do México, Max conseguiu, com um carro inferior, superar as duas Ferrari. Isso é um feito e tanto e diz quase tudo. Muito mais cerebral e regular, ainda tem aquela fagulha que pelo jeito é intrínseca a sua personalidade. Ao colocar tudo a perder em uma curva, oportunidades são desperdiçadas. Os taurinos ainda não têm carro para título, então isso não é tão cobrado. Por outro lado, com outro jovem de destaque na mesma posição, os holofotes podem ser divididos e perdidos. Encarar um personagem sincero de vilão talvez não seja o suficiente. Max, mais do que nunca, precisa amadurecer ainda mais.

Alexander Albon – 8,0: Coisas do destino: foi o único piloto Red Bull da temporada ao não chegar no pódio, mas por incrível que pareça foi o mais consistente deles. Um início razoável na Toro Rosso o “credenciou” (na verdade foi Gasly quem se desprestigiou) a vaga de cima. Lá, quase sempre fez o que era necessário: ficar em quinto ou sexto, aproveitando as quebras e acidentes. A grande corrida do Brasil teve um final catártico para o jovem tailandês, mas é questão de tempo para que brilhe de fato. Não será competição para Max pela questão técnica e organizacional da Red Bull, então é imprescindível estar no lugar certo e na hora certa, sem erros, para brilhar.

RENAULT

Foto: Getty Images
Daniel Ricciardo – 7,5: Uma temporada decepcionante onde é difícil fazer qualquer avaliação. Se não fosse pelo dinheiro, escreveria que Ricciardo está bastante arrependido da troca. Os franceses não oferecem uma perspectiva animadora. Na pista, o aussie fez o que pode, como grande destaque o quarto lugar na Itália. No meio do pelotão, suas ultrapassagens não foram mais tão cirúrgicas e estar lá também significa mais incidentes. Aguarda ansiosamente um novo regulamento e novas oportunidades. Não há o que fazer.

Nico Hulkenberg – 7,0: temporada melancólica de despedida. Na hora H, fraquejou. A corrida na Alemanha foi simbólica e definitiva. Apesar de bons resultados na base da regularidade, faltou aquela corrida de encher os olhos, além de ter sido derrotado por Ricciardo na maioria das vezes. Um fim triste de categoria para quem foi promessa há tanto tempo e sai de mãos vazios, sem um pódio sequer.

HAAS

Foto: RaceFans
Kevin Magnussen – 6,5: o carro e a gestão tenebrosa da Haas respingaram no carro. Os pilotos podem não ser uma Brastemp mas também são reféns e vítimas disso tudo. Um carro veloz em classificação e com um ritmo de corrida péssimo com pneus que degradam rapidamente só poderiam resultar em algo catastrófico. O resultado foi esse. Magnussen foi o menos pior deles.

Romain Grosjean – 5,5: “Inacreditável terem renovado com ele, apenas isso. Uma série incrível de erros e cagadas. Talvez nem o próprio Grosjean tenha contado com a renovação através do duro Gunther Steiner. Com um grid extremamente jovem e dominado pelas “academias de pilotos”, talvez a única coisa positiva da Haas é ainda manter essa independência no que tange a escolha dos pilotos. Que venha mais um ano de trapalhadas do francês, talvez pode ser a última, pense nisso.” Escrevi exatamente isso ano passado e nada mudou. Nenhuma palavra a mais ou a menos.

E essa foi a primeira parte da minha análise. Concorda? Discorda? Comente aí! Até mais, com o resto dos resumos!

terça-feira, 3 de dezembro de 2019

O BONDE PASSOU

Foto: Divulgação/Renault
Na vida, existem janelas de oportunidades muito curtas para nós aproveitarmos. Do contrário, fica a eterna sensação do "e se". Uma escolha e um alinhamento das estrelas pode determinar muitas coisas. Estar no lugar certo e na hora certa. No lado contrário, está a maioria que não teve ou não aproveitou essa pequena janela de oportunidades que mudam uma vida.

Nico Hulkenberg ficou dez temporadas quase ininterruptas na F1 (de 2009 até agora; ausente apenas em 2011). Isso não é um fracasso. Pelo contrário. Passou por duas equipes de grife (Williams e Renault), uma tradicional (Sauber) e uma que estava em ascensão e hoje pode-se considerar relativamente tradicional (Force India, atual Racing Point).

Tirando a Renault, em todas as outras Nico teve um desempenho acima da média, "andando além do carro", sendo aquele piloto que todos cravavam que "com um carro melhor, mostraria todo o potencial". O prenúncio disso foi a pole inesperada com a Williams logo na primeira temporada, há quase dez anos.

O jovem Nico. Foto: Getty Images
Mas parecia que desde os primórdios o destino avisava que iria pregar peças no jovem, pois ele não tinha contrato para a próxima temporada. E assim ficou, como piloto de testes da Force India. Que azar. Pois bem, de volta em 2012, outra vez no Brasil a sorte parecia sorrir para Nico. Uma segunda chance.

Decisão de campeonato, tensão no ar, tempo maluco. Uma combinação de fatores que fez Nico liderar com 40 segundos de vantagem em relação ao resto, até que um Safety Car embolou todo mundo. Tudo bem, ao menos ele está em primeiro. A pista seca e Nico roda. Cai para segundo. Sem problema, a Force India está bem na prova, mais veloz. É só passar Hamilton e retomar o controle. No S do Senna, o carro escorrega, o retardatário atrapalha e Hulk bate. Punido com um drive through, chega em quinto. É a sorte e o azar juntos, onde o segundo parece ser mais forte. Justo na hora H, Hulk exita, de novo.

Foto: Getty Images
Foi a grande chance da consagração, mas tudo bem. Hulk é um bom piloto, regular, sempre marca pontos e é o "melhor do resto". O pódio ou algo assim vai acontecer. Na Sauber, em 2013, viveu o melhor momento da carreira. A briga com Alonso e etc na Coreia é o ponto alto de sua trajetória na F1. Ali, muita gente quase que implorava um carro melhor para Nico. Mas o destino...

Hulk deve ter sido a grande vítima da entresafra e da contínua insistência da Ferrari em Massa e Raikkonen. Hulk sempre foi o ficha um para ser o próximo da lista, mas a chance nunca chegava. Com o passar do tempo, a regularidade continuava ali, mas sempre que o imponderável acontecia, não era Nico quem se destacava. Esse cara foi Sérgio Pérez.

O destino sempre foi e vem. Se na F1 não dava, a WEC veio e o salvou. Título nas 24 horas de Le Mans. A sorte sorriu, como bem escrevi em 2015. Poderia ser um indício dos dados virando para seu favor.

Mas, como sempre, o destino... a regularidade já não era mais a mesma. Pérez além de ser mais rápido, ainda aproveitava as chances de pódio. Nesse eterno vai e vem, a ida para a Renault foi até surpreendente. Hulkenberg, experiente e bom piloto, sendo líder de uma equipe de fábrica que buscava a reestruturação? Era bastante, talvez até demais. E foi a sua última chance, como "profetizada" aqui em 2016.

A toada seguia a mesma. Hulk despachou Palmer e Sainz. O carro não ajudava, mas a velha sina seguia. Nas raras chances de pódio, como em Baku ano passado e na Alemanha esse ano, Hulk errou e fraquejou, tal qual em Interlagos 2012. Foi definitivo. A chegada de Ricciardo para ser o líder dos franceses também foi um sinal. O tempo passa. Em uma F1 cada vez mais jovem, precoce e dependente das montadoras e magnatas obscuros, Hulk era um dos poucos que não trazia patrocínio, apenas talento. A falta de estrela, a idade e o desgaste fizeram perder o lugar para Esteban Ocon, que retorna.

A batida na Alemanha: o fim de Hulk na F1. Foto: Getty Images
Como Eminem disse em 'Sing For The Moment':

"É por isso que aproveitamos o momento, tentamos congelá-lo e possuí-lo; Apertar e segurar, porque consideramos esses minutos dourados".

A pole em Interlagos foi esse momento dourado, congelado na eternidade. No entanto, Nico não conseguiu aproveitar os outros momentos que lhe surgiram na F1.

O bonde passou e Hulkenberg não conseguiu entrar por inúmeros fatores, dele próprio e externos do destino, dos negócios e da política da F1. Com a idade chegando e o grid sem mais carros, talvez seja improvável que retorne. O que lhe resta? WEC, para ser campeão ou mais títulos de Le Mans? Fórmula E? Indy? Como todos sabemos, ser piloto é muito mais que ganhar e bater recordes na Fórmula 1, mas Hulk poderia ter sido mais do que foi. Ficaremos sempre com aquele "e se ele vencesse em Interlagos?" ou algo do tipo.

Talvez não fizesse tanta diferença, mas seria um sentimento muito melhor e eterno do que ver pilotos inferiores a ele como Sainz, Stroll, Magnussen, Gasly e Grosjean com pódios e ele não. É a vida. É o bonde.

Até.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

PROTOCOLAR

Foto: Getty Images
Abu Dhabi, juntamente com Paul Ricard e outras, são pistas extremamente descartáveis. Não deveriam estar no calendário. Quando que teve corrida boa por lá? No máximo, com boa vontade, as tensões das disputas de título de 2010, 2012 e 2016. De resto, é uma porcaria. Como foi o post da semana, é um clima de férias e fim de festa total, desinteresse e corridas chatíssimas, sem emoção alguma.

Hoje, Hamilton liderou do início ao fim e venceu fácil, com o sexto Grand Chelem da carreira. Verstappen e Leclerc tiveram um enfrentamento interessante. O monegasco passou Max na largada, mas depois, na estratégia, o holandês parou depois e com o pneu menos desgastado retomou a segunda posição.

O destaque foi Bottas, largando em último em virtude da troca da unidade de potência e que quase conseguiu passar Leclerc. Vettel e Albon vieram depois. Pérez fez mais uma grande corrida e foi o sétimo, seguido por Norris, Kvyat (outra boa recuperação) e Carlos Sainz, definitivamente o "melhor do resto".

Hulkenberg se despediu da F1 e essa prova foi a síntese da carreira. Vinha bem, numa estratégia interessante, parando depois de todo mundo para no final tentar engolir todo mundo. Acabou colocando o pneu médio e perdeu ritmo. Passou a ser atacado e na última volta saiu da zona de pontuação. Uma despedida realmente melancólica e triste, o que de fato virou a carreira do alemão nos últimos anos.

Kubica também foi outro que se despediu com algum lampejo, disputando posição com Giovinazzi. Motivos diferentes, sentimentos semelhantes. Serão os personagens dos textos dessa semana no blog.

Ademais, a temporada 2019 encerra-se com boas corridas, algumas esquecíveis e o desejo desesperado por alguém que consiga enfrentar Hamilton. A Ferrari é errante e uma Red Bull sozinha não faz verão. No entanto, é difícil imaginar isso em um período onde todas já estão pensando em 2021. Talvez 2020 seja um spin-off de agora. Melhor para Hamilton, agora só sete vitórias atrás de Michael Schumacher na história.

Confira a classificação final do GP de Abu Dhabi:


Até!

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

CONSEQUÊNCIAS

Foto: Getty Images
A FIA estragou mais uma corrida com decisões imbecis. Era só anular a volta de Verstappen e estava tudo certo. No entanto, me parece que não foi apenas uma questão técnica, mas sim disciplinar, de mostrar quem manda. Ao debochar do fato na coletiva, Max foi condenado e punido mais pela justiça de ter um ato burro e imbecil do que qualquer outra coisa. Da pole ao quarto lugar, já era uma corrida comprometida.

Alguém que já é inconsequente sente-se vítima de injustiça e vai para a largada com tudo. Vettel esbarra Hamilton, que divide e esbarra Max, que dá uma batida leve no inglês e perde posições. Ao fazer uma bela ultrapassagem diante de Bottas, o finlandês atinge o pneu traseiro esquerdo e um furo de pneu abrevia as chances de Max, obrigado a se contentar com um sexto lugar. Tudo isso em virtude das consequências de ações equivocadas. Não dá para falar mais em imaturidade. Tentou ser malandro e foi apenas burro. O holandês desperdiçou uma chance de vitória que dificilmente irá aparecer outra vez para a Red Bull neste ano.

Voltando para a corrida. Ninguém esperava que os pneus durassem tanto. Por isso a estratégia eram duas paradas. Leclerc, o líder, e Albon, o terceiro, fizeram isso. Vettel, buscando uma nova alternativa, seguiu na pista, assim como Bottas, que o marcou. Hamilton parou logo depois do monegasco e, diferentemente dele e do tailandês, colocou os pneus duros. O diferencial.

Com o passar do tempo, ficou nítido que os pneus não se degradaram tanto. Ricciardo andou quase 50 voltas com os duros até fazer a única parada. Vettel e Bottas botaram os duros até o final, enquanto Albon e Leclerc foram obrigados a parar por terem repetido o pneu da largada. Mais um grande erro da Ferrari com o jovem, além de terem perdido tempo nos pits.

Hamilton, mesmo desgastado, controlou a vantagem e Vettel, mais preocupado em segurar Bottas, se contentou com o segundo lugar. Vitória da estratégia da Mercedes. Xeque mate. Se em velocidade não eram os melhores, o ritmo de pneu e o melhor trato nos compostos mais uma vez os diferenciam da Ferrari, mais rápida e que come os pneus de forma mais veloz também.

Foto: Getty Images
Albon tem 4 a 2 diante de Verstappen desde que chegou a Red Bull. É mais lento? É, mas diferentemente de Gasly, aproveita as oportunidades e está sempre lá. Pérez foi o melhor do resto na corrida da casa. É um grande piloto e merece o reconhecimento de ídolo local. Ricciardo com uma boa corrida de recuperação mostra que falta carro. Na última curva, Kvyat fez uma trapalhada com Hulk e perdeu pontos importantes para a Toro Rosso. Uma pena perder o final de semana assim, mas é a vida.

A McLaren com os médios não funcionou e, além do mais, os mecânicos abreviaram a corrida de Norris com a trapalhada nos boxes. Haas segue no drama e Raikkonen não voltou das férias. Um endiabrado Kubica até passou Russell, mas no fim terminou atrás dele de novo.

A Liberty conseguiu o que queria: o título de Hamilton será "em casa", nos Estados Unidos, com toda a badalação e o marketing que os americanos sabem fazer, lá no Texas. É por isso que inverteram a corrida com o México. Bastam quatro pontos. É hexa, é hexa. E faltam, agora, oito vitórias para igualar Michael Schumacher. Sempre que vejo isso, parece ser inacreditável. Fruto das consequências ao sair das asas da McLaren e apostar numa Mercedes que só comia pneus...

Confira a classificação completa do GP do México:


Até!