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segunda-feira, 23 de outubro de 2023

O SONHO DO PAI

 

Foto: Getty Images

De tanto escrever sobre Stroll e os perigos que a jurisprudência do caso de ascensão dele poderiam proporcionar para o esporte, ainda olhei para o outro lado.

O óbvio está aí: Stroll está apanhando de Alonso (o que não é novidade), mas sequer consegue ir para o Q3 depois das férias. No Catar, estava nervoso, tratou mal a equipe e mal respondia as perguntas da imprensa. Estava irritado e de saco cheio, aparentemente. Faz parte, ele não deve estar satisfeito com o próprio rendimento.

No entanto, há meses que surgem notícias de que Stroll vai abandonar a carreira. Dizem que vai jogar tênis, dizem que cansou da F1. Dizem que é um pedido da mãe. Dizem que ele pediu para o pai, que não deixou.

Chegamos na figura do texto: o responsável, Lawrence Stroll. O homem que primeiro comprou uma vaga (Williams) e depois comprou um time para alocar o filho nem tão talentoso. Um pai que faz de tudo, inegavelmente. Está investindo pesado na estrutura da Aston Martin para a equipe ser protagonista no médio prazo. Do contrário, não teria trazido Vettel e depois Alonso. 6 títulos, somente.

Bom, se Lance não quer mais a F1, então é óbvio que Lawrence pularia fora, certo? Ele é um cara de negócios e bem sucedido, não rasgaria dinheiro por algo que não fosse a própria família.

Então, diante de todas essas informações e a postura do filho Lance, fiquei pensando: será que Lawrence e Lance não pode ser o caso do pai que vive o sonho do filho? Tipo mãe de miss ou pai de jogador, que jogam as frustrações da juventude na esperança através dos filhos para realizar o que eles não puderam ou conseguiram?

Bom, a diferença aí é que não se trata de dinheiro, e sim ambição, projeto de vida. Há negócios, claro, afinal Lawrence é acionista da Aston Martin e Mercedes e fez o maior investimento por um piloto na história, desde a base. Não falo somente de comprar vagas e equipes, mas tudo: equipamentos, estruturas, simuladores, profissionais gabaritados para extrair alguma coisa de Lance.

Não há talento que justifique a presença no grid. Todos sabem. Claro, com dinheiro e profissionais infinitos na preparação, é possível fazer um papel decente ou quase isso. Acontece que Stroll bateu no teto. Não tem mais a desculpa da inexperiência. Acreditou quem quis.

Quando que o sonho dele ou o do pai vão acabar? Estamos próximos do fim da jornada ou são apenas devaneios produzidos pela falta de relevância numa temporada chatíssima? Os dois? O meio do caminho?

Até!

domingo, 22 de outubro de 2023

ASSOALHOS

 

Foto: Chris Grayten/Getty Images

Da série "corridas que não vi": campeonato decidido, trabalhando no jogo do Inter (histórico, aliás...). Bom, li que Verstappen venceu, mesmo largando em sexto. Foi melhor na estratégia dos pit stops e mais agressivo nas ultrapassagens, enquanto Norris e Leclerc abriram alas para ele.

Só Hamilton que tentou lutar e se aproximou de Max, mas sem ser o suficiente para vencer. 15 vitórias no ano e 50 na carreira. Impressionante. 

Bom, estou assistindo o VT da corrida agora. Está na largada. Antes de começar a escrever, li que Hamilton e Leclerc foram desclassificados por irregularidades no assoalho dos carros. 

Segundo o GE, "Hamilton e Leclerc infringiram o artigo 3.5.9.e do regulamento técnico da F1. O texto faz referência à espessura da prancha de madeira no assoalho, que deve ser de pelo menos 10 mm, com tolerância a partir de 9 mm." 

Assim, Norris e Sainz completaram o pódio e, entre outras coisas, permitiu que Logan Sargeant pontuasse pela primeira vez na F1. Logo em casa. Que reviravolta.

Enfim, li que McLaren e Mercedes poderiam ter feito estratégias mais ousadas para ganhar e que Hamilton foi prejudicado na estratégia e também em um pit stop. Piastri abandonou, assim Ocon. Destaque também para os bons pontos de Tsunoda e Stroll e o abandono de Alonso. É um fim de ano difícil para a Fênix, que flertou com as vitórias, mas a Aston Martin termina 2023 bem melancólica.

Bom, assistindo ou não, com estratégias, ritmos diferentes e até menos brilhantismo, ainda assim ninguém quer competir com Max Verstappen. E Norris segue flertando com as vitórias, mas sem vencer de fato. Ainda acho que Piastri vai romper o lacre antes dele.

Confira a classificação atualizada do GP dos EUA:

1 - Max Verstappen (RBR)

2 - Lando Norris (McLaren) +10s730

3 - Carlos Sainz (Ferrari) +15s134

4 - Sergio Pérez (RBR) +18s460

5 - George Russell (Mercedes) +24s999

6 - Pierre Gasly (Alpine) +47s996

7 - Lance Stroll (Aston Martin) +48s696

8 - Yuki Tsunoda (AlphaTauri) +1m14s385*

9 - Alexander Albon (Williams) +1m26s714

10- Logan Sargeant (Williams) +1m27s998

11- Nico Hulkenberg (Haas) +1m29s904

12- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) +1m38s904

13- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) +1 volta

14- Kevin Magnussen (Haas) +1 volta

15- Daniel Ricciardo (AlphaTauri) +1 volta

Fernando Alonso (Aston Martin) - ABANDONOU

Oscar Piastri (McLaren) - ABANDONOU

Esteban Ocon (Alpine) - ABANDONOU

Lewis Hamilton (Mercedes) - DESCLASSIFICADO

Charles Leclerc (Ferrari) - DESCLASSIFICADO

Até!

terça-feira, 15 de agosto de 2023

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2023: Parte 2

 

Foto: Motorsport

Voltamos com a segunda parte da análise parcial da temporada 2023. Agora, com as equipes restantes: Alfa Romeo, Aston Martin, Haas, Alpha Tauri e Williams.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 6,5 – Praticamente um figurante na temporada, mal aparece nas corridas e nos treinos. Bottas faz o que pode, mas a futura Sauber/Audi só pensa no futuro. Está jogada às traças. Não há muito o que escrever.

Guanyu Zhou – 6,5 – Parece mais adaptado e melhor que no ano de estreia, mas o problema é o mesmo de Bottas: a equipe simplesmente não está lá. Alguns brilharecos no sábado e olhe lá. Maior definição de coadjuvante melancólico não há para uma equipe que só pensa em um futuro diferente, incluindo os nomes.

Foto: Motorsport

Fernando Alonso – 9,0 – Parecia que seria outro erro, o agora fatal, de gerenciamento de carreira da Fênix. No entanto, a evolução da Aston Martin é notável, e ter um dos melhores pilotos da história do time na hora certa faz a diferença. Muitos pódios, algumas possibilidades de vitória e consistência. Alonso também é um dos únicos que pontuou em todas as corridas. A Aston perdeu o terreno e vai precisar remar muito para voltar ao topo, mas talvez 2024 seja o outro grande pulo do gato. É uma temporada que já foi paga, independentemente do retorno das férias.

Lance Stroll – 6,5 – Colocar alguém como Alonso no mesmo bólido é evidenciar as limitações do filho do dono. Isso todos sabemos. Então, Stroll não faz o suficiente pelo carro que tem, mas quem se importa? É o piloto menos pressionado do grid hoje em dia, então não faz diferença alguma fazer qualquer ponderação além do que já foi escrito até aqui.

Foto: Getty Images

Kevin Magnussen – 6,5 – Está sendo o Mick Schumacher da vez. Se ano passado o retorno foi impressionante pelo domínio interno e a pole mágica na sprint race em Interlagos, o 2023 é um choque de realidade. Batido pelo rival Hulkenberg, a Haas também não permite fazer muita coisa, mas ser constantemente superado pelo companheiro de equipe que ficou fora da categoria por alguns anos não é bom sinal.

Nico Hulkenberg – 7,0 – Parece que o tempo ausente não fez diferença. Hulk continua com os mesmos vícios e virtudes. Muito rápido no sábado, mas sucumbe no domingo. Claro que o carro também tem uma dose de responsabilidade, mas parece que o alemão não tem sorte na F1. Pelo menos ele relembra a competência na consistência interna e está tirando Magnussen para pouco caso.

Foto: Motorsport

Yuki Tsunoda – 7,0 – Está melhor que o ano passado, mas isso não quer dizer muita coisa. A Alpha Tauri está à deriva e o japonês causa mais dúvidas que respostas. Ele está bem porque De Vries é que é fraco ou o carro pode mais a partir da chegada de Ricciardo?

Nyck De Vries – 5,0 – Desde sempre foi um boi de piranha na equipe, sem alternativas viáveis para subir alguém. No desespero e estreando na F1 num matadouro, também pouco se ajudou. Não teve ritmo e nenhum momento e fez parecer Tsunoda um piloto promissor e evoluído. É uma pena, mas parece que o holandês entrou num jogo de cartas marcadas.

Daniel Ricciardo – Sem nota. Desempenho será avaliado apenas a partir de agora.

Foto: Getty Images

Alexander Albon – 8,0 – Corre mais que o carro. Está evoluindo e merece uma equipe melhor, nem que seja meio de tabela. Espreme os resultados, tem ritmo, velocidade e briga de igual para igual com o resto do grid. Parece que finalmente desabrochou o talento do tailandês nascido e criado na Inglaterra. Estar longe da Red Bull parece ser bom negócio até aqui.

Logan Sargeant – 5,5 – Subiu para a F1 sem estar pronto, pela necessidade de ter um americano no grid. Não é ruim mas repito, ainda não está preparado. A comparação com Albon só torna as coisas piores. O ritmo é inexistente. Ainda há margem para evolução para minimamente ser competitivo e combativo. A melhora da Williams nas últimas atualizações é um alento para isso, principalmente no médio prazo. Não vou ser tão taxativo assim, ainda acredito no potencial, nem que seja mínimo, do Sargeant.

Concorda? Discorda? Escreva nos comentários e digite também as suas notas!

Até!




domingo, 30 de julho de 2023

PULVERIZADOR

 

Foto: ANP

Não há competição. Não importa o contexto, a Red Bull e Max Verstappen vão estar lá. Seja na chuva durante a ridícula e sem sentido sprint race, seja na corrida de fato. Desta vez, Pérez até que fez o papel de escudeiro e segundo piloto por 17 voltas.

O que impressiona é como Max some após a ultrapassagem, que por si só já é muito fácil. Parece que são carros diferentes e que são apenas pintados iguais. É para esmagar e desmoralizar todo mundo, mesmo.

Na verdade, o único momento de tensão e conflito foi de Max com o próprio engenheiro de corrida, Gianpiero Lambiase. Os dois trabalham juntos na Red Bull desde que o holandês chegou na equipe mãe. Max não gostou da estratégia do Q2 de sexta e reclamou, Lambiase retrucou; na corrida, Max reclamou da estratégia durante a corrida; Lambiase respondeu sobre gastar demais os pneus macios; Max queria outra parada para fazer a volta mais rápida, o que foi retrucado.

Hamilton também reclamava do carro vencedor que não tinha competição. Parece que a natureza competitiva desses caras é sempre buscar briga e conflito com algo para se sobressair. É o que resta, porque na pista isso não existe no momento para Max.

Tivemos uma demonstração de força de Leclerc, que herdou a pole após a punição de Verstappen. Foi uma questão pontual e de talento do monegasco, porque os italianos seguem deficitários. Sainz espremeu Piastri na largada e os dois se prejudicaram. Norris teve que fazer corrida de recuperação, assim como Russell. Hamilton não teve ritmo para brigar pelo pódio, mas a Mercedes segue constante como segunda força.

Diante das circunstâncias, a Aston Martin aproveitou os vacilos alheios para somar bons pontos. Hoje, a Fênix e sua trupe sabem qual o lugar do time na hierarquia da F1. Ocon recoloca a Alpine nos pontos e Tsunoda leva a melhor sobre Ricciardo, ainda assim é pouco para a Alpha Tauri.

Do miolo para trás, há disputa e caos, pena que não vale nada. As forças ficam cada vez mais evidentes e estabelecidas. O que não muda, vocês já sabem: Max Verstappen é um pulverizador. Vai bater o recorde de nove vitórias seguidas do Vettel e estabelecer a maior dominância de uma temporada na história.

É torcer para que no novo regulamento a Red Bull erre ou alguém tire um coelho da cartola. Se não, vai ficar cada vez mais sufocante para os rivais e desinteressante para nós, fãs. As férias de verão na Europa chegam em ótima hora.

Confira a classificação final do GP da Bélgica:


Até!

domingo, 23 de julho de 2023

INQUEBRÁVEL

 

Foto: Getty Images

Não dá para ser feliz na F1. E a culpa é de Max Verstappen e da Red Bull. O sábado foi até fantástico. O novo formato de classificação (duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3), aliado a chuva de sexta, trouxe uma imprevisibilidade muito bacana, que culminou com a 104a pole de Sir Lewis Hamilton. Ele comemorou como se fosse a prova e todos nós também, afinal a fera poderia ser combatida no domingo, ou ao menos era essa a expectativa.

Ledo engano. Durou menos de uma curva. Três milésimos mais lento, Max já partiu para a ponta ao largar melhor. A McLaren mostra que não é apenas Silverstone e agora disputa com a Mercedes o posto de segundo carro da vez. Belas manobras de Piastri e Norris e um Hamilton que desperdiçou o sábado em poucos metros no domingo. Acontece até com os heptacampeões, mas muito mais méritos para Woking.

Ao marcar o pit de Hamilton, a McLaren "beneficiou" Norris, que no undercut ultrapassou Piastri para ser o segundo colocado. O australiano teve danos no assoalho, o que explica ter batido na trave novamente e ainda não ter subido no pódio. O mais importante é que a evolução da McLaren é sólida. Dois pódios consecutivos assim são raros de acompanhar na história recente da histórica equipe vencedora.

Ao menos no pódio, Pérez segue devendo nas classificações. Difícil escrever que ele fez a parte dele porque sequer chegou em segundo. Nunca a discrepância ficou tão evidente em uma organização vencedora. Ainda errático, uma sombra sorridente e australiana surgiu para tirar ainda mais a paz do mexicano inseguro. Checo em apuros.

A Ferrari segue estagnada, hoje uma quarta força, tímida. Não consegue transformar as voltas rápidas em stints consistentes. Quem perdeu o protagonismo de vez foi a Aston Martin. Ainda faz parte do processo de se tornar uma equipe grande, mas Alonso quase tomou uma volta de Verstappen. O importante foram os pódios do início da temporada, mas aparentemente o limite do time de Stroll foi atingido.

Ricciardo teve a reestreia na F1 prejudicada pela largada ruim de Zhou, que o atropelou e ainda tirou as Alpine da corrida. Alfa Romeo é outra surpresa do sábado, assim como Hulkenberg é o rei das classificações, mas sofre nos domingos. Mesmo com todos esses problemas, o australiano ainda assim terminou a frente de Tsunoda. Será que a Alpha Tauri é tão ruim assim ou estava faltando braço?

Diferentemente do troféu, culpa de Lando Norris, a Red Bull e Verstappen são inquebráveis. 11 vitórias no ano e 12 consecutivas. O livro dos recordes são os únicos adversários à altura. O quão longa será a dominância dos taurinos?

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!

domingo, 2 de julho de 2023

NÃO BASTA VENCER

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Não tem muito o que falar sobre o final de semana da Áustria. Um domínio absoluto de Max Verstappen, na casa da Red Bull. Perfeito. Dos sonhos. Se Pérez fosse mais consistente, o 1-2 tornaria tudo basicamente 100%. Como Pérez é irregular, apesar de largar em 15°, o carro é tão superior aos demais que ainda assim conseguiu o pódio.

A Ferrari teve o melhor desempenho no ano. Não se atrapalharam, embora Sainz estivesse mais rápido que Leclerc no início. Os papéis até se inverteram. Sainz merecia sorte melhor, foi prejudicado, perdeu ritmo e ficou para trás. Leclerc, mais comedido e até burocrático, voltou ao pódio. Precisa ser menos errático e cumpriu o papel que lhe cabe.

De resto, vimos um colossal Lando Norris tirando muito mais que a McLaren pode extrair. Quer dizer, aí pode existir um caminho, pois o inglês guiou o carro atualizado, enquanto Piastri ainda estava com o antigo. Ainda assim, ser o quarto com essa McLaren mostra o talento e a qualidade do inglês.

Mercedes abaixo do ritmo, assim como Aston Martin. Corridas burocráticas. Um raro Toto Wolff precisando falar de forma mais brusca com Hamilton. O heptacampeão não aguenta mais não conseguir lutar como sempre fez em toda a carreira. Ninguém se acostuma a apenas somar pontos. A Áustria foi um choque de realidade até para o novo W14, embalado pelos pódios anteriores.

Alonso foi o quinto, em corrida correta e nada mais. Para quem ainda sonha em vencer, existem alguns circuitos que a característica do carro não encaixa, como por exemplo esses mais velozes.

Brigas encarniçadas do pelotão pra trás, mas alguns pontos óbvios: Albon está pronto para voltar para a Alpha Tauri e De Vries está de aviso prévio na equipe. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, necessariamente, mas é a realidade que grita nos ouvidos.

Como escrevi sexta-feira, essa palhaçada de limites de pista precisa acabar. É ridículo. Coloca brita e deu. Os comissários analisaram 1.200 voltas "sob investigação". A cada quatro voltas "irregulares", o piloto foi punido com mais 5 segundos no tempo final. O resultado: horas depois da corrida, o resultado final não existia e algumas posições da zona de pontuação foram alteradas. Ocon, por exemplo, levou 30 segundos. 

A F1 passa vergonha a cada corrida por critérios (e a falta deles) descabíveis, como por exemplo colocar Safety Car na pista porque um piloto deu uma escapada na primeira volta. Eu nunca tinha visto isso. Daqui a pouco vai ter bandeira vermelha quando um pássaro cagar na pista.

Para Max Verstappen, não basta vencer. É preciso humilhar e trucidar a concorrência. 81 pontos de vantagem no campeonato, domínio absoluto, vantagem gigante. Tudo perfeito? Não, para Max não basta. Ele queria fazer a volta mais rápida, podia fazer o pit stop e tentar (outra regra ridícula essa de ponto para volta mais rápida; confesso que torci por algum problema para o taurino). E tirou o que seria a melhor volta de Pérez.

Por isso Max Verstappen já é top 5 vencedores da história com apenas 25 anos. E vai chegar em Hamilton e Schumacher rapidinho, num piscar de olhos. O motivo é simples: não está nem no auge e a Red Bull, mantendo essa competência, vai fazer um carro capaz de Max vencer no mínimo em média umas 6 ou 7 corridas por temporada, mesmo se os taurinos não forem o melhor carro ou tiverem ampla concorrência.

Não basta vencer. Max esmaga e humilha os adversários, como se jogasse no fácil no modo carreira.

Confira a classificação final do GP da Áustria:



domingo, 4 de junho de 2023

JORNADA QUASE SOLITÁRIA

 

Foto: Reuters

Apesar de algumas surpresas na classificação, Barcelona costuma ser muito transparente para as equipes no que diz respeito aos estágios que elas se encontram na temporada.

Sem a chicane, houve mais ultrapassagens, sem possibilidade de defesa para os carros. A corrida até foi animada e com mudanças em virtude do treino de sábado, mas Max Verstappen vive a jornada quase solitária e venceu sem sustos, de ponta a ponta. Basicamente só apareceu na largada, nas paradas e na última volta. A corrida perfeita (e entediante também).

A Mercedes sai muito fortalecida. Embora ainda possa ter problemas para aquecer rapidamente os pneus, o ritmo de corrida é muito forte, tanto que Russell, mesmo saindo em 12°, chegou no pódio. Na frente dele, Hamilton, que não teve maiores transtornos para superar na estratégia a Ferrari de Sainz. Norris, que tinha a grande chance de pontuar, danificou o carro em incidente com o compatriota logo na largada e desperdiçou a oportunidade.

A Ferrari ainda parece perdida. Sainz foi bem, mas perdeu ritmo. Leclerc, eliminado no Q1, não se encontrou em nenhum momento e sequer pontuou. É o calvário da involução. A impressão que passa é que os italianos não sabem onde estão os erros e, como consequência, consertá-los.

A Aston Martin teve uma queda de desempenho e parece que foi finalmente superada pela Mercedes. Stroll foi bem, o que mostra que Alonso deveria ter feito mais. A questão é que o espanhol danificou o assoalho no sábado e isso comprometeu o final de semana. Alerta amarelo porque as coisas, certamente, vão ficar mais difíceis durante o ano.

A Alpine fecha o G5 das equipes. Tsunoda está fazendo de tudo para tentar carregar a Alpha Tauri, mas uma fechada em Zhou custou caro: a punição de cinco segundos o tirou dos pontos. Melhor para o chinês viável, melhor que Bottas no ano, e Gasly, problemático e atrapalhando todos no sábado, mas ainda assim capaz de conquistar um ponto.

Do meio pra trás, só a Williams parece de fato como a força mais fraca, mas Haas, Alfa Romeo e Alpha Tauri precisam de mais para se sobressair.

Num final de semana sem abandonos, o meio do pelotão teve mudanças importantes. Ah, Pérez teve outra atuação irregular, desperdiçando mais pontos na suposta briga pelo título, que não existe, pois Max é muito mais piloto, tem a equipe na mão e está no auge da carreira. Raramente erra.

A jornada quase solitária rumo ao tri.

Confira a classificação final do GP da Espanha:


Até!

domingo, 30 de abril de 2023

REI DA RUA

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

O título é tão criativo quanto a corrida. Não houve caos. Só De Vries que bateu no início da corrida e causou um Safety Car que mudou a trajetória da corrida. 

Era esperado que a Ferrari não fosse páreo para a Red Bull. A pole de Leclerc por si só já era um sinal de que as coisas melhoraram, ou ao menos encaixaram em Baku. Presa fácil para a Red Bull, tudo se encaminhava para um 1-2 de Verstappen e Pérez. 

Como escrevi, o Safety Car foi no timing da parada de Max e o mexicano teve sorte. Aproveitou a situação para ser líder. Max teria que passar Leclerc novamente e ficou assim até o final. Um campeonato de um time só, não faz sentido ter jogo de equipe, embora a tensão sempre vá existir.

Assim, Sérgio Pérez vence pela segunda vez no Azerbaijão, a quinta em corridas de rua. Não é candidato a título, é claro, mas tem aproveitado as oportunidades diante de uma equipe tão superior as demais, o que permite a Pérez brigar com mais frequência pelas vitórias. É raro Verstappen ter azar ou problemas, mas esse final de semana foi atribulado. Escreverei mais sobre durante a semana, especificamente.

Leclerc consegue o primeiro pódio da Ferrari no ano, o que pode ser um sinal de recuperação. Alonso manteve-se entre os 4 e a Aston Martin continua no bolo. A Mercedes, tímida, não teve o resultado que esperava, principalmente pelo que Toto Wolff alardeou no último mês. Hamilton em sexto e Russell em oitavo. Não são grandes notícias.

Quem realizou bom trabalho foi Lando Norris e Yuki Tsunoda, que conseguiram pontos importantes para suas equipes, principalmente considerando a situação da Alpha Tauri, que terá um novo chefe de equipe ano que vem com a já anunciada aposentadoria de Franz Tost. Parece um time jogado as traças, assim como a Alfa Romeo, futura Sauber e futura futura Audi, que apenas espera o momento da transição para agir de fato.

O campeonato mais longo da história vai ter o domínio de uma equipe só, de novo. Com certeza isso não é legal para a imagem do esporte, mas sabemos que a F1 é feita de dinastias. O problema é que agora elas parecem cada vez maiores, seja nas temporadas, seja no extenso e insuportável calendário.

Confira a classsificação final do GP do Azerbaijão:


Até!

segunda-feira, 6 de março de 2023

TEM CARA DE...

 

Foto: Red Bull Content Pool

Meus amigos e minhas amigas, tentando ser sucinto porque cheguei do GreNal e ainda estou trabalhando: de ponta a ponta, a Red Bull e Max Verstappen tem tudo para dominar mais um campeonato. Não foram tocados. Nem Pérez pode ameaçar, apesar de ter perdido a posição para Leclerc na largada e demorado a recuperar o segundo lugar.

Os motivos são simples: é uma equipe quase perfeita. Boas voltas rápidas, stints impecáveis e estratégias quase perfeitas, além da confiabilidade. Não tem onde tirar e nem onde por. Russell já declarou que teremos um monólogo. Exageros a parte, não é impossível enxergar, em condições normais, um desafiante para os taurinos no momento.

A Ferrari já sofre com confiabilidade. Mesmo Leclerc fazendo máximo esforço, a Ferrari já começou com uma quebra. Sainz, muito abaixo, não foi páreo para brigar, mas ao menos conseguiu se defender das Mercedes.

Os ex-prateados, então... o W14 é uma continuação do erro de projeto do W13. Os alemães continuam distantes do grid, mesmo com a melhor dupla fazendo de tudo para capitalizar. A largada foi ótima, mas o ritmo não. Russell e Hamilton estão em sérios problemas e o tom pesaroso público de todas as partes, embora levemente dramático, também signifique as flechas pretas não sabem o que fazer. Pode ser outro ano perdido.

O começo positivo nos pontos foram de Bottas, eficiente com a Alfa Romeo, a estreia nos pontos de Gasly na Alpine depois de um sábado ruim e Alexander Albon já tirando a Williams do zero de cara. Os estreantes tiveram uma noite difícil. É natural, pois mal há testes para adaptações: o melhor foi Logan Sargeant, 12°. De Vries e Piastri sofreram. O australiano abandonou e a McLaren assusta no início de temporada. Tal qual ano passado, o pessoal de Woking está distante, muito abaixo. Imagina o que não passa na cabeça de Lando Norris...

A Haas segue brigando, mas vai precisar de sorte para Hulkenberg e mais consistência para Magnussen. Uma missão complicada para ambos. A Alpha Tauri também parece sem rumo e sem líder.

Deixei o melhor para o final porque será esmiuçado amanhã: a Aston Martin é o grande sopro desse início de ano. Stroll, com os punhos machucados e enfrentando notórias dificuldades, ainda assim foi o sexto, ultrapassou Russell e segurou uma Mercedes. Quer sinal de projeto bem nascido do que isso?

Fernando Alonso Díaz. Don Alonso. A Fênix. O plano. A fera voltou. 20 anos nesse jogo parecem nenhum. Será? Duas décadas depois da estreia e do primeiro pódio, o espanhol brilhou no final de semana. Lutou, passou ex-rivais e teve uma rara sorte nos últimos anos: graças ao abandono de Leclerc, o primeiro pódio com a equipe logo na estreia, o segundo da história do time de Lawrence Stroll.

A distância para a Red Bull é enorme e para Leclerc também, mas a Aston Martin pode se permitir, nesse primeiro momento enquanto a temporada europeia não começa, que sim, é possível brigar por pódios. Verstappen encoraja e afirma que são capazes até de vencer. Alonso, eufórico mas também comedido: um dia de cada vez.

A Fênix fez uma daquelas corridas que nos acostumamos a assistir. Sempre valente, brigando e fazendo o carro alcançar possibilidades maiores, mesmo com os reflexos já não sendo os mesmos da plena juventude. Lembrem-se: a Aston Martin tem bastante tempo de túnel de vento e, com dinheiro, tem um desenvolvimento agressivo do carro na temporada, além da adição de novos profissionais, principalmente Dan Fallows, ex-Red Bull. 

Não é fogo de palha. A disputa será intensa e difícil, mas finalmente, graças também a chegada de um quarentão motivado e pilhado como se fosse um garoto, pode ser que a Aston Martin comece a justificar os investimentos feitos até aqui pelo projeto audacioso de Lawrence Stroll.

Tal qual o campeonato italiano, a disputa parece ser apenas pelo segundo lugar. A Red Bull napolitana, com Max Verstappen imparável igual Kvara e Osimhen, sob a tutela de Christian Horner e Adrian Newey como se fossem um Luciano Spaletti, está alguns degraus acima. Bem acima. As asas do energético só podem ser observadas com uma lupa. 

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

sexta-feira, 3 de março de 2023

SONHAR NÃO CUSTA NADA

 

Foto: Clive Mason/Getty Images

Nós, patriotas, tivemos a esperança de que Felipe Drugovich fosse confirmado no assento da Aston Martin, mas Lance Stroll acabou se recuperando das lesões que sofreu nos punhos. Visivelmente ainda longe da condição, mas ele está lá. Soa até como ingenuidade nós termos acreditado que o filho do dono não correria.

Enfim, por falar em Stroll, Lawrence e Fernando começam, aparentemente, a temporada com muitas expectativas. Com Mercedes e Ferrari tímidas e escondendo o jogo, coube a Fênix ser o mais rápido do dia no TL2. Ele já havia sido o segundo no TL1, perdendo apenas para a Pérez. A Red Bull, sabe-se, está em outro patamar.

A não ser que Ferrari e Mercedes estejam blefando muito bem, os taurinos não têm concorrência para a abertura da temporada. Por isso que, para a Aston Martin, verde como a Mocidade, sonhar não custa nada. Vencer não está em cogitação, mas incomodar o top 3 é perfeitamente possível, até porque dinheiro e estrutura é o que não faltam. Aliás, dizem que o desenvolvimento para essa temporada será agressivo.

Parece que Don Alonso, a Fênix, acertou numa mudança de equipe pela primeira vez na carreira, depois dos 40 anos. A idade é só um número? Bem, podemos também destacar:

McLaren abaixo, Alpine respondendo em relação aos testes e muito equilíbrio no meio do pelotão.

As grandes dúvidas são Ferrari e Mercedes, que pouco ou nada mostraram. A questão é saber o quão longe ou próximo elas estão da Red Bull? E a Aston Martin? É fogo de palha ou vai incomodar pelas primeiras posições?

Sonhar não custa nada, esse é o lema da Aston Martin, verde como a Mocidade e também a Imperatriz, que encerrou um jejum de 22 anos sem conquistas no carnaval carioca.

P.S.: abertura da temporada sem ser na Austrália não é abertura da temporada, certo?

Confira os tempos dos treinos livres do GP do Bahrein:




Até!


quinta-feira, 2 de março de 2023

GUIA TEMPORADA 2023: Parte 2

 

Foto: Motorsport

Chegamos com a parte dois da tradicional análise antes do início da temporada 2023. Irei escrever sobre Alfa Romeo, Aston Martin, Haas, Alpha Tauri e Williams!

ALFA ROMEO F1 TEAM STAKE


Foto: Reprodução/Alfa Romeo

Pilotos: Valtteri Bottas (#77) e Guanyu Zhou (#24)

Chefe de Equipe: Alessandro Alunni Bravi

Títulos de Pilotos: 2 (1950 e 1951)

Vitórias: 10

Pódios: 26

Pole Positions: 12

Voltas Mais Rápidas: 15

A futura Sauber/Audi vive um momento de transição. Com um novo e desconhecido chefe de equipe, os suíços querem mais pontos do chinês Zhou aliados com a consistência de Bottas para navegar no pelotão intermediário. O time perdeu o fôlego na metade final da temporada, então o objetivo é ter mais consistência durante o ano. Resta saber como está o foco do time em meio a tantas e futuras mudanças no corpo diretivo e, porque não, técnico da equipe.

ASTON MARTIN ARAMCO COGNIZANT F1 TEAM


Foto: Reprodução/Aston Martin

Pilotos: Fernando Alonso (#14) e Lance Stroll (#18)

Chefe de Equipe: Mike Krack

Pódios: 1

A grande atração é ver Fernando Alonso no time de Lawrence Stroll. Um projeto ambicioso, mas o tempo (ou a falta dele) pode ser o principal empecilho. Até aqui, a Aston Martin deu passos bem tímidos. A promessa é que as coisas melhorem com a finalização do novo túnel de vento na fábrica. De novo: Alonso terá tempo para tentar mais uma última tentativa de voltar ao topo da F1?

MONEYGRAM HAAS F1 TEAM

Foto: Reprodução/Haas

Pilotos: Kevin Magnussen (#20) e Nico Hulkenberg (#27)

Chefe de Equipe: Gunther Steiner

Pole Positions: 1

Voltas Mais Rápidas: 2

Estabilidade é o que procura a Haas. Depois de contratar Magnussen as vésperas do início do ano passado, os americanos conseguiram mais pontos do que a expectativa e K-Mag ressurgiu das cinzas com uma pole em Interlagos. A surpresa é um desafeto ser o novo companheiro de equipe: o retorno de Nico Hulkenberg, o piloto número 21 do grid. Dois anos ausentes e mais velho pode ser um fato de desequilíbrio no início do enfrentamento, mas o que Gunther e companhia esperam é que os dois briguem com os outros na pista e não entre si para que a Haas consiga pontuar o máximo possível na temporada.

SCUDERIA ALPHA TAURI

Foto: Reprodução/Alpha Tauri

Pilotos: Yuki Tsunoda (#22) e Nyck De Vries (#21)

Chefe de Equipe: Franz Tost

Vitórias: 1

Pódios: 2

Voltas Mais Rápidas: 1

A dupla mais intrigante do grid: o jovem, mas experiente Tsunoda e o novato de quase 30 anos De Vries, que impressionou ao pontuar com a Williams num rabo de foguete. O holandês vai usar a experiência dos títulos da F2 e FE e a experiência na McLaren e Mercedes como reserva. O japonês está na Alpha Tauri por falta de opção, visto que De Vries já é a própria admissão de que ainda não há um prodígio taurino pronto para ser alçado. Cobaia da equipe principal, certamente o time de Faenza precisa fazer muito mais do que a penúltima posição de 2022. Vão conseguir com uma dupla inexperiente?

WILLIAMS RACING

Foto: Reprodução/Williams

Pilotos: Alexander Albon (#23) e Logan Sargeant (#2)

Chefe de Equipe: James Vowles

Títulos de Pilotos: 7 (1980, 1982, 1987, 1992, 1993, 1996 e 1997)

Títulos de Construtores: 9 (1980, 1981, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997)

Vitórias: 114

Pódios: 313

Pole Positions: 128

Voltas Mais Rápidas: 133

Mudam o chefe de equipe e o parceiro de Albon: ex-Mercedes James Vowles e o retorno de um americano no grid, o cria da casa Logan Sargeant. O tailandês nascido e criado na Inglaterra mostrou-se apto a ser consistente e liderar uma equipe tão frágil. Apesar de três pilotos terem pontuado no ano, a Williams não conseguiu sair da lanterna. Mesmo sem dinheiro, reformulada e com um jovem no time, a expectativa é fazer o que pode, até porque a esperança é um futuro que talvez nunca chegue.

E essas foram as análises antes do início da temporada. O que você está esperando? Comente!

Até!



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

MAIS UM PASSO NA JORNADA

 

Foto: Aston Martin

Quem poderia imaginar, durante a pandemia (que por si só já era inimaginável), que Alonso retornaria a categoria e ainda teria uma transferência para a Aston Martin, que ainda não existia na época? E mais: quem poderia imaginar que o brasileiro então desconhecido Felipe Drugovich, que estreava na F2, conquistaria o título e teria oportunidade de correr numa montadora gigante ao lado do espanhol numa pré-temporada?

Pois bem, o destino está aí: Felipe Drugovich, recém contratado pela equipe, vai participar dos três dias de pré-temporada, que começa daqui a pouco, no Bahrein. A diferença é que neste ano serão apenas essas datas para testes, diferentemente dos seis ou oito dias dos anos anteriores. Ou seja: o tempo de adaptação para quem chega na F1, que já é escasso, vira quase um matadouro nesse primeiro momento.

O brasileiro teve algumas experiências já, mas a maior parte é no simulador. Claro que ele ainda está fresco com as disputas da F2, mas o post vai por outro caminho. Honestamente, recebi como uma surpresa positiva a oficialização do Drugo. Pensei, pelas circunstâncias, que o escolhido seria o outro piloto reserva recentemente contratado: Stoffel Vandoorne, ex-prodígio da McLaren, que estava na Mercedes e conquistou a Fórmula E.

Os patrocínios e as negociações penderam para o brasileiro. É interessante notar que Drugo foi o primeiro escolhido pelo Lawrence Stroll e staff para integrar a academia da escuderia. Isso diz muita coisa e a escolha é outro indicativo. 

Por último, mas não menos importante, é que esqueci de mencionar o motivo da ausência do Stroll: um acidente de bicicleta. O canadense é um ponto de interrogação até mesmo para a abertura da temporada, na semana que vem. Ó a estrela do Drugo aí. Quem sabe?

O desempenho vai ser difícil de mencionar. Drugovich vai estar tapando buraco e enfrentando Don Fernando Alonso. Claro que a equipe vai exigir parâmetros, mas só três sessões (se o brasileiro participar de todos os dias) não há muito o que melhorar em relação a uma possível estreia, caso Stroll realmente continue ausente.

O que quero escrever, para finalizar o texto, é que nós, pachecos, precisamos valorizar esses momentos. Drugovich teve que vencer uma F2 numa equipe média depois de três temporadas para ter uma chance numa equipe como piloto reserva e agora tem possibilidade de fazer testes e possivelmente substituir um piloto em alguma corrida.

Para quem não tem sobrenome ou academia de pilotos por trás, é um feito e tanto, independente do que aconteça após esses dias no Bahrein. Felipe Drugovich dá mais um passo enorme na jornada da carreira.

Até!

segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ANÁLISE DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! Agora vem a parte final da análise da temporada 2022, com os pilotos da Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas.


Foto: Getty Images

Pierre Gasly – 6,5 = O grande fato do francês foi ter conseguido um up na carreira, indo para a Alpine. A Red Bull B é um tubo de ensaio. Não deu pra fazer nada marcante. Gasly apareceu mais nos noticiários do que propriamente na pista, e não é culpa do francês. É que realmente a Alpha Tauri não fez nada de minimamente notável para ser escrito aqui.

Yuki Tsunoda – 6,5 = A mesma coisa que Gasly. O japonês erra mais, é menos regular, é inferior a Gasly. Segunda temporada na F1 e vai ganhar a terceira porque a Red Bull não tem opções na base. O mais curioso é que, agora, Tsunoda vai ser o líder do time, teoricamente falando. Precisa mostrar mais, mesmo que o carro não permita grandes holofotes. Regularidade é o caminho.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel – 7,0 = A temporada de despedida do tetracampeão começou difícil. Ausente por covid, demorou a se adaptar ao carro ruim da Aston Martin. Com o tempo, o carro melhorou timidamente e Vettel conseguiu tirar um pouco mais do carro. Agora ex-piloto, não há muito mais o que dizer sobre Seb por aqui, ainda mais numa análise “técnica” diante desse contexto.

Lance Stroll – 6,5 = A mesma coisa de Vettel. Melhorou no fim, ainda se envolve em acidentes e vai ter outro campeão do mundo como parceiro de time. Em tese, corre sempre leve, porque é o filho do dono. Não há muito o que escrever sobre, também. Mantenho a mesma opinião dos anos anteriores.


Foto: Motorsport Images

Nicholas Latifi – 5,5 = O dinheiro não é mais útil e foi uma chicane ambulante. O pior piloto do grid, ainda assim teve dois destaques: Inglaterra e a corrida onde pontuou. Mesmo assim, conseguiu o feito constrangedor de ser o último do time a chegar nos pontos. Latifi cumpriu “bem” o papel dele e agora não serve mais para a F1. Que seja feliz em outro lugar.

Alexander Albon – 7,0 = Carregou o time, mesmo com um ano de ferrugem na categoria. Estratégias diferentes e bom ritmo. O carro é ruim e o companheiro não é um bom parâmetro, então o tailandês nascido e criado na Inglaterra se saiu muito bem, até fora desse universo. Ele e a Williams podem melhorar para que consigam pontuar mais vezes e sair do fim do grid.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 7,5 = Começou muito bem o ano, somando todos os pontos possíveis para a surpreendente Alfa Romeo. O desempenho caiu e o finlandês enfrentou muitos problemas, mas acabou mostrando toda a excelência de ter sido piloto de alto nível por tantos anos na Mercedes. Bottas vai ser fundamental nessa transição da Alfa Romeo/Sauber/Audi. Ele precisa se mostrar apto para ser uma peça chave no longo-prazo.

Guanyu Zhou – 6,5 = Ano de estreia é sempre difícil, ainda mais em um novo regulamento. Se não foram muitos pontos em comparação a Bottas, o chinês não comprometeu. Faltou ritmo ali e aqui, normal para quem é novo e inexperiente, mas teve uma certa regularidade. Precisa mostrar mais na segunda temporada. A pressão na F1 é brutal e a dose de paciência e encorajamento que teve agora certamente vai diminuir com o passar do tempo. Hora da afirmação.

Foto: Getty Images

Mick Schumacher – 6,5 = Alguns pontos, muitas batidas e muita irregularidade. Já escrevi sobre Mick por aqui, mas a chegada de Magnussen mudou o parâmetro de avaliação, onde o alemão não se mostrou pronto até aqui. Poderia até ter um último ano definitivo, mas a equipe não entendeu assim e, convenhamos, Mick não se ajudou.

Kevin Magnussen – 7,0 = Um retorno inesperado e um desempenho inesperado. Na fogueira, praticamente sem tempo para se readaptar, o dinamarquês foi na prática o líder do time. Fez o que Mick deveria ter feito. Somou a grande maioria dos pontos em uma equipe que começou surpreendentemente na zona de pontuação e depois fez o que pode quando a queda óbvia se concretizou. Cheio de dinheiro e de moral, principalmente após Interlagos, Magnussen retoma o status de líder da equipe de Gene Haas em um espaço cascudo, experiente. Vai ser fundamental para dar o próximo passo do time administrado por Gunther Steiner.

Gostou? Concorda? Discorda? Faça a sua análise também!

Até mais!




segunda-feira, 3 de outubro de 2022

INTERMINÁVEL

 

Foto: Getty Images

A F1 não corre na chuva, basicamente. Imagina num circuito de rua que naturalmente é longo e arrastado. A largada foi adiada para que as condições melhorassem, em tese. Aproveitei para ir votar e me atualizei depois.

Singapura poderia marcar o título mais do que antecipado para Max Verstappen. No entanto, parece que deu tudo errado para ele e quase para Red Bull. Erros de ambos no sábado comprometeram o domingo: Verstappen errou e abortou a volta que lhe deixaria na pole. Depois, por erro de cálculo da equipe, não pode completar a volta que lhe daria a pole porque não teria combustível suficiente para voltar aos boxes. Largou em oitavo.

Enquanto isso, Charles "Montoya" Leclerc fez mais uma pole e poderia ao menos sonhar em diminuir a vantagem no campeonato, ou simplesmente quebrar a sequência da Red Bull. O problema é que Pérez, segundo no grid, o ultrapassou na largada e disparou.

O mexicano em circuitos de rua segue muito competitivo, apesar da queda de rendimento durante a temporada, também fruto do carro estar naturalmente mais a feição de Max. Pérez teve uma liderança quase tranquila, ameaçada por Safety Car. Se é normal ter uma corrida acidentada num circuito de rua, imagina na chuva.

Latifi atropelou Zhou e causou a primeira infração. Depois, alguns Safety Car Virtual e, por último, Tsunoda. No final da prova, a pista foi secando. Russell, que largou lá atrás, tentou o caminho sozinho, mas só depois a pista melhorou. Com os pneus slicks e todo mundo realinhado, Leclerc tentou caçar Pérez. O mexicano teve muita calma para resistir aos ataques, mesmo travando pneu, e conseguiu rumar para a quarta vitória na carreira, a segunda no ano e a terceira em circuitos de rua. 

Pérez foi advertido duas vezes por estar muito distante do Safety Car no momento do alinhamento, nas duas ocasiões. Na primeira, o mexicano levou apenas uma repreensão, mas depois foi punido com cinco segundos. Como Checo chegou sete e meio, bastou a vitória. Ficaria muito feio para a FIA tirar a vitória na canetada depois de toda a cerimônia. Seria constrangedor. Essas decisões poderiam ser tomadas mais rapidamente para não fazer o público como palhaço, igual não correr na chuva.

Singapura já é uma corrida longa e cansativa. Com a chuva e Safety Car, estourou o limite de duas horas: 69 das 71 previstas. Uma verdadeira epopeia para quem assistiu, ainda mais pelo horário. Imagina essa situação com mais circuitos de rua insuportáveis? Pelo menos Singapura tem o charme de ser a primeira corrida noturna.

Max Verstappen e Lewis Hamilton tiveram uma noite ruim. Os dois erraram muito. Verstappen passou reto ao tentar ultrapassar Norris e perdeu a chance de somar mais pontos, até mesmo brigar pelo pódio. Hamilton chegou a bater e danificar o bico e também desperdiçou uma boa oportunidade de pódio porque pressionou Sainz, mas não tinha a possibilidade de abrir a asa para fazer a ultrapassagem em virtude da chuva.

Leclerc teve se contentar com o segundo lugar e Sainz, muito abaixo no ritmo de corrida, em terceiro. Graças a sorte e a estratégia, Norris e Ricciardo conseguiram um quarto e quinto lugares, com o australiano muito atrás do inglês. Isso, graças ao duplo abandono da Alpine, fez a McLaren retomar a quarta posição nos construtores.

A Aston Martin conseguiu bons pontos com Stroll e Vettel. Mick Schumacher lutou com Russell, em corrida desastrosa, mas não foi o suficiente. Gasly fechou o top 10.

Verstappen e Red Bull erraram e mesmo assim Pérez voltou ao protagonismo. A diferença é que eles tiveram um final de semana ruim com 100 pontos de vantagem perante a Ferrari.

Para Max, a temporada, apesar de longa, pode acabar mais cedo do que o imaginado: basta vencer no Japão que o holandês será bicampeão, diferentemente da arrastada corrida em Singapora.

Tanto nas eleições quanto na Fórmula 1, o grande prêmio teve a definição adiada. A F1 pode acabar na semana que vem, mas ainda assim é um Outubro tenso e decisivo em todas as partes.

Confira a classificação final do GP de Singapura:


Até!

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 Olá, amigos e amigas! Vem aí a parte final da análise parcial da temporada 2022, agora com Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas:

Foto: Autosport

Pierre Gasly = 6,5 – O carro derrubou Gasly. Também não há grande motivação. No limbo, o francês cumpre tabela. O desempenho não é o mesmo dos últimos anos. São poucos pontos e muitos problemas e falta de ritmo. Também não penso ser apenas coincidência esse marasmo diante da falta de perspectiva na carreira no médio prazo. Pierre é um grande ponto de interrogação.

Yuki Tsunoda = 6,5 – O japonês comete alguns erros, bate, roda, mas está mais competitivo e adaptado a categoria. O desempenho melhorou e chegou a superar Gasly. Só está atrás nos pontos por problemas no carro. Por isso é necessário ter calma com os jovens. Sem os inúmeros testes como antigamente, demora para haver uma evolução notável. Leva tempo. O japonês está em bom caminho, beneficiado pelo fato da Red Bull hoje não ter nenhum prodígio viável para acelerar o processo de uns e queimar outros. Sorte para Yuki, que assim pode se desenvolver no tempo possível diante da fogueira que é a Alpha Tauri/Toro Rosso.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel = 6,5 – A tour de despedida começou com um forte sinal. Batidas na Austrália e ausências nas primeiras etapas por Covid. Já parecia, desde o início, que Vettel se despedia, o que foi confirmado depois. Não tem muito o que escrever. Não é mais aquele mesmo piloto, mas, mesmo assim, faz o possível em um carro que não é bom. Que tenha um final de carreira compatível com as conquistas que teve.

Lance Stroll = 6,0 – Está lá pelo pai. É o que sempre escrevo. Com o carro ruim, fica até difícil falar algo. Sem muitas condições de brilhar, conquista poucos pontos e ainda assim é superado por um futuro aposentado, embora tetracampeão. Stroll cumpre um papel, um sacrifício para a continuidade de uma equipe e dos investimentos do pai, Tio Patinhas.


Foto: Motorsport

Nicholas Latifi = 5,0 – Outro que está de contagem regressiva na F1. Evoluiu ano passado, involuiu nesse ano, com o novo regulamento. Uma chicane ambulante e sem velocidade. Pela experiência que tem, não deveria ser batido tão facilmente por Albon, mas aí lembrei que é um pagante gente boa. Com a Williams mais estruturada, o dinheiro do canadense não faz tanta diferença, então é desfrutar das corridas que restam na categoria e não dar muito prejuízo para o time com batidas.

Alexander Albon = 7,0 – No retorno para a categoria, faz o que pode com a Williams. Aliás, pontuar com esse carro já é um grande feito. Albon tem consistência e briga com o que pode. A Red Bull tentou queimar a reputação do rapaz, mas o tailandês nascido e criado na Inglaterra é um bom valor. Nem oito e nem oitenta. Na Williams, vai ser o líder e, se tiver oportunidade, certamente vai conquistar alguns pontinhos épicos.


Foto: Getty Images

Valtteri Bottas = 7,5 – Começou muito bem na nova equipe, marcando pontos e levando o lastro e a experiência de tantos anos numa estrutura ambiciosa e vencedora. No entanto, está sendo vítima dos problemas da Alfa Romeo nas últimas etapas, marcando menos pontos e abandonando mais. No limbo, Bottas é líder de um projeto que precisa de tempo para dar certo. Ainda assim, a ex-Sauber está um nível acima do ano passado, o que é um sinal positivo para continuar avançando.

Guanyu Zhou = 6,5 – Estrear no ano que muda o regulamento é um desafio duplo. Com a má vontade de quem apenas vê em Zhou um chinês com dinheiro, o viável está fazendo um bom trabalho diante de todo o contexto. Se adaptando e enfrentando muitos problemas, teve poucas boas atuações, mas marcou pontos logo na estreia. Assim como Tsunoda, a tendência é que cresça com o passar do tempo na categoria. Os caminhos são favoráveis: dinheiro e talento existem. Assim, Zhou pode continuar a caminhada sem maiores percalços.


Foto: Getty Images

Mick Schumacher = 6,5 – Um início de ano que certamente destruiria reputações de quem não tem Schumacher no sobrenome. A benção e a maldição disfarçada. Mick bateu muito e foi facilmente vencido por Magnussen, que chegou no time às pressas. No primeiro desafio mais competitivo na F1, está sucumbindo. É preocupante. No entanto, com duas corridas nos pontos e a habitual ascensão demorada, Mick pode deslanchar de agora em diante, com menos pressão. Ainda assim, está devendo, por ser um Schumacher e alguém promissor, mas ainda dá tempo de terminar o ano com mais impressões positivas que negativas.

Kevin Magnussen = 7,5 – Retornando de paraquedas numa equipe à deriva, Kevin conseguiu ser um protagonista que nem antes havia conseguido. Quase todos os pontos foram feitos por ele enquanto as rivais patinavam e a Haas surpreendentemente ocupava as primeiras posições. Com a falta de dinheiro do time e os rivais crescendo com as atualizações, os pontos ficaram mais raros. Mick cresceu, mas Kevin ainda é mais regular. Um retorno para F1 acima das expectativas. De mero tapa buraco de luxo, Kevin pode voltar a ser o manda-chuva da Haas, o que seria uma reviravolta aleatória demais para a carreira.

Essa foi a análise parcial da temporada. Concorda? Discorda? Agora, toda a ansiedade e expectativa para o retorno das últimas etapas do ano!

Até mais!


domingo, 24 de julho de 2022

SENTINDO ALGO NO CAMINHO

 

Foto: Getty Images

No que talvez (e tomara que) seja a última corrida da F1 em Paul Ricard, diante de tantas alternativas no calendário para os próximos anos, vimos um circuito não oferecer pontos de ultrapassagem. Não é crítica. Os carros estão andando juntos, mas nem mesmo a asa permite muitas emoções.

Elas só aconteceram porque Sainz, com motor zerado, saiu do fundo do grid. É até injusto com os demais. Fazendo corrida de recuperação, o espanhol, quem diria, foi o grande nome da Ferrari no domingo. Essa frase, obviamente, não é algo positivo para os ferraristas.

Mais uma pole para Leclerc. A parada seria duríssima contra a Red Bull, que parecia mais forte. Max pressionava na primeira parte da prova, mas não tinha espaço para ultrapassar. Nem precisava. Há um campeonato no horizonte. A Red Bull antecipou a parada para forçar a Ferrari a algum erro. E foi isso que aconteceu, basicamente.

Ao invés de parar imediatamente, a Ferrari optou por Leclerc ficar na pista para, mais tarde, apostar na diferença dos compostos para vencer. Uma estratégia questionável que tivemos apenas o benefício da dúvida, porque Leclerc saiu da pista sozinho, rodou e bateu. Fim de prova. Um erro bobo e inacreditável. Estilo Vettel em Hockenheim, mas pior, porque não tinha chuva. Abandonar no moderno circuito, cheio de áreas de escape, é um feito para poucos.

Há semanas, reclamei da Ferrari sobre Leclerc. Hoje, não há o que contestar. Em 2019, achava Charles um piloto mais temperado, que se tivesse um carro capaz, conseguiria disputar o título com mais maturidade. É um engano. Talvez seja a pressão da primeira vez, mas o monegasco também erra demais, e se pressiona. Parece sentir, ficar abalado. Mostrar essa fraqueza pode ser ótimo para a própria imagem, autoestima e relação com imprensa e fãs, mas a vulnerabilidade certamente será explorada pelos rivais. 

O campeonato depende de um problema da Red Bull ou algum surto infantil de Max Verstappen para ter alguma emoção. Enquanto isso não acontece, o holandês vence tranquilo pela sétima vez no ano e abre incríveis 63 pontos antes das férias de verão. Uma vantagem que pode até aumentar na semana que vem. Com o carro mais equilibrado e errando menos, Max sobra. Não tem rivais para esse ano. O título tem cara de, cheiro de, gosto de... cada vez mais fica a impressão de "quando será?".

Enquanto a F1 tenta alguma emoção na disputa para a metade final do ano, a Mercedes evolui em passos lentos. O pneu demora para esquentar. Não são competitivos nas voltas rápidas, mas o ritmo de corrida é bom, quando os pneus esquentam. O problema é que isso demora para acontecer, o que inviabiliza vitórias.

No entanto, vimos hoje uma aula de Lewis Hamilton. 300 corridas, 187 pódios, 15 anos de longevidade justificam as muitas camadas que existem entre os grandes pilotos e os bons. Colocou Sérgio Pérez no bolso. Em nenhum momento foi atacado pela Red Bull, o que parecia improvável até aqui. Quarto pódio seguido, segundo lugar, o melhor resultado do ano e um recado: se a Mercedes conseguir aquecer os pneus mais rapidamente, ela embola a briga depois do verão europeu, o que seria ainda pior para a Ferrari e a possibilidade de perder mais pontos na briga pelo título. Aliás, a diferença nos construtores não está pequena, hein?

A Mercedes tem a melhor dupla de pilotos. É um carro consistente, com pilotos consistentes, que tiram tudo e mais um pouco desse carro. O azar foi o W13 não ter dado certo. Tomara que o W14 seja mais competitivo. Russell não desistiu, caçou, cercou, atacou, fez dive bomb e conseguiu passar Pérez no final após o fim da bandeira amarela virtual. Manobra de quem é esperto. Pela primeira vez, os dois do time alemão no pódio. Russell, com um carro capaz, tem tudo para fazer maravilhas.

Checo teve uma das piores corridas desde, sei lá, a época da McLaren no começo da decadência do time de Woking. Sem ritmo, não merecia o pódio mesmo. O agravante foi ter perdido numa aparente desatenção do VSC. Inaceitável. O desempenho do mexicano caiu nas últimas corridas. Pérez está ali para acumular pontos, mas precisa voltar a andar mais próximo de Max. Talvez as novas atualizações não o tenham ajudado, mas o nível caiu em relação aos últimos meses.

Sainz brigou muito, se aproveitou do motor novo e foi o quinto. Teve uma punição porque a Ferrari o liberou de forma perigosa. Os italianos sempre atrapalhando... Todavia, o erro de Leclerc e a situação trágica do time no campeonato após repetidos erros deixa isso em segundo plano.

Finalmente, Alonso sem problemas! Sexto lugar e a Alpine consolidada como quarta força no Mundial. Depois Norris, o invisível Ocon em oitavo, Ricciardo fazendo dois pontinhos em nono e Stroll décimo, com direito a fechada em Vettel na última curva. Quem é filhinho do papai dono pode se dar ao luxo de fechar um tetracampeão mundial sem sofrer nenhuma consequência.

Haas e Alpha Tauri fora do ritmo, com Gasly melancólico e decepcionante. Albon brigador, mas parece sozinho na maré da Williams. Alfa Romeo com problemas de confiabilidade e Bottas sumiu do campeonato.

A Ferrari e seus pilotos revezam erros e comandam formas inéditas de entregar a paçoca. A Red Bull e Max Verstappen agradecem e sentem algo no caminho.

Como canta Stephanie Mills no sample de "Make Me Feel", do Joey Badass: tem alguma coisa nesse jeito que torna tudo muito, muito bom.

Confira a classificação final do GP da França:


Até!

domingo, 19 de junho de 2022

NÃO TEM PRA NINGUÉM

 

Foto: Clive Rose/Getty Images

Montreal vai entrando naquele hall de pistas que nós temos boa memória afetiva mas a verdade é que só há realmente corridas inesquecíveis quando chove, igual Interlagos. Estava tudo muito bem encaminhado, embora a chuva de sábado tenha embaralhado tudo.

Na primeira fila depois de dez anos, Alonso mostra porque ainda tem lenha pra queimar. Hoje, no entanto, foi traído por uma estratégia simplesmente patética da Alpine, que escreverei sobre nas linhas seguintes. 

Sem Leclerc, punido pelas trocas, Verstappen estava sozinho na frente, e assim o fez. Embora o Safety Car patético provocado por Tsunoda (foi só eu elogiar...) tenha colocado Sainz de volta para a briga, na hora H é que vemos que falta algo para o espanhol. Não esboçou tentativas e segue sem vencer na categoria. Pelo carro que tem, é questão de tempo para isso acontecer, mas a temporada deixa claro que não é nele que a Ferrari precisa apostar as fichas para algo além.

Max chega a mais uma vitória na temporada e se consolida como o favoritaço para o bi. Não há concorrência. Hoje, Pérez teve problemas no motor e nem pontuou, ainda que a batida de sábado não tenha pegado bem.

Parece que quando quer desistir de fato, Hamilton consegue alguma resposta. Desiludido na sexta, Lewis teve a melhor performance da temporada para voltar ao pódio, o segundo em 2022. Superar Russell é complicado e o inglês, que só não largou mais na frente porque quis arriscar de slick no sábado, segue um reloginho: quarto lugar e mais um top 5. Leclerc, lá de trás, ao menos pontuou.

Saindo de trás, Ocon foi o sexto, seguido da dupla da Alfa Romeo: Bottas e Zhou, que pontua pela segunda vez no ano. Conseguiu prosperar diante do caos da classificação. O chinês é bom, está em temporada de adaptação.

Alonso e Alpine. Superaram a Ferrari na estratégia mais burra e sem sentido do ano. Não pararam o espanhol nos VSCs, alongando o stint. Ok, o pódio já estava fora de cogitação. No entanto, no Safety Car, pararam o espanhol de novo. Ou seja: fez duas paradas com um stint curtíssimo. Jogaram a corrida fora. Para piorar, sem ritmo com os pneus médios, fez o possível, o impossível e o não-permitido para evitar a passagem de Bottas. Conseguiu na pista, mas levou cinco segundos de punição por zig zaguear na frente do finlandês e Alonso foi apenas o nono. Um crime o que fizeram com a fênix!

A Haas parecia ter um GP promissor, largando na terceira fila. De novo, Magnussen tocou com Hamilton e ficou para trás. Mick, já caindo no grid, teve problemas e segue zerado. Não aproveitar essas situações com um orçamento tão curto é quase um crime.

Stroll conseguiu um pontinho e fechou o top 10 graças a acertada estratégia de uma parada só. Albon lutou, mas não foi o suficiente. McLaren sai zerada com uma corrida ruim de Ricciardo e problemas com Norris.

Max Verstappen mostra que não tem pra ninguém. Sem competição graças a um ritmo de corrida quase perfeito, os taurinos já podem começar a pensar que é questão de tempo para conquistar o bicampeonato, embora falte mais da metade da temporada. A Ferrari vai reagir? A Red Bull vai decair? Para voltarmos a ter um campeonato, essas duas coisas precisam acontecer, sem exceções. Me parece difícil.

Confira a classificação final do GP do Canadá:


Até!

terça-feira, 19 de abril de 2022

O DINHEIRO COMO MALDIÇÃO

 

Foto: Divulgação/Aston Martin

Lawrence Stroll é um das pessoas mais ricas do mundo. Não a toa, conseguiu fabricar a carreira do filho Lance no automobilismo. Desde sempre ele teve a disposição os melhores equipamentos e pessoas que o desenvolvessem enquanto piloto. O talento natural não existe, mas o dinheiro faz repetir algumas situações e permite um desenvolvimento tranquilo até atingir a plenitude.

Com a falida Racing Point, Lawrence viu que a Williams não seria o melhor cenário para desenvolvimento do filho e comprou uma estrutura muito competente, mesmo sem dinheiro. Com a grana, atraiu o retorno de uma montadora de peso. Uma montadora de peso precisa de um piloto de cacife para comandar o projeto e ser até mesmo uma peça chave de publicidade.

Vettel e Stroll. O veterano tetracampeão em baixa sendo líder e acionista de um projeto seria um bom cartel para o filho. Se Lance vence o alemão, não há o que questionar no talento até então baseado no nepotismo. A expectativa é animadora. Montadora, investimento e um tetracampeão = longo-prazo esperançoso.

O primeiro ano foi tímido. Sem ter como copiar o carro da Mercedes, que foi a base do sucesso de 2020 do então time rosa, o jeito é começar do zero. Um ano de transição pensando no novo regulamento. A esperança era agora, mesmo sabendo que os frutos podem ser colhidos somente mais para frente, quando a nova fábrica e o novo túnel de vento ficarem prontos.

2022 está começando de forma preocupante para a Aston Martin. Começando pelo fato de Vettel ter perdido duas corridas com o novo regulamento em virtude da Covid. É nítido que não está ambientado com o carro e o tempo fora fez a diferença na corrida da Austrália. Stroll vem batendo e fazendo o que pode, mas o erro é achar que ele vai guiar o time. É apenas o filho do dono.

Investimento, dinheiro, estrutura... o que está dando errado? É necessário ter paciência? Sem dúvida, desde que as apostas e escolhas sejam corretas. A saída do Otmar Szanafauer não parece um bom indício. É uma equipe que ainda está em adaptação em meio a um novo regulamento e covid no piloto tetracampeão acionista cada vez mais decadente. Não me parece a receita correta.

Que a Aston Martin vai crescer, não há dúvidas. Para isso, precisa acertar no carro, nos chefes e também nos pilotos. Essa é a função para o longo prazo. Stroll é uma benção e uma maldição. Sem ele, não há dinheiro e nem Aston Martin. O que fazer? Aposentar Vettel e trazer quem para liderar um processo tão centralizado no filho do dono?

Até aqui, a Aston Martin me lembra muito a Jaguar, não só pelas cores, mas por todo o contexto: pompa, grife, dinheiro, investimento e resultados aquém do esperado. É cedo e oportunista, mas ser a pior equipe do grid nesse momento não deixa de ser constrangedor para uma organização que chegou na F1 prometendo tanto.

Até!