quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

ANO NOVO, VELHOS PROBLEMAS

 

Foto: McLaren

A virada do ano não fez desaparecer os problemas do passado. Pelo contrário. A F1 já muda o calendário que, a princípio, será o mais extenso da história.

E vai começar uma semana mais tarde que o normal. Em virtude da Austrália exigir uma quarentena de duas semanas e uma biosfera para quem vai ao país, isso fez com que fosse inviável nesse momento a ida da F1 para lá. A corrida foi adiada para o final da temporada, mais precisamente para o dia 21 de novembro. Desde Adelaide que a corrida australiana não ia para o fim do ano.

A abertura da temporada será, portanto, no Bahrein, mas a data foi mantida: 28 de março. Será a terceira que a corrida de Sakhir começa o ano. Como efeito dominó, toda a logística foi modificada.

A pré-temporada, que seria na Espanha no início de março, será também no Bahrein, entre os dias 11 e 14 de março. A única vez que o país sediu esses treinos havia sido em 2014.

O coronavírus também provocou outras mudanças no calendário. A China pediu adiamento da corrida mas, a princípio, vai ficar fora da temporada de novo. Para o seu lugar, no dia 18 de abril, a F1 confirmou mais uma edição do GP de Emília Romagna, em Ímola, a segunda corrida do ano.

A terceira corrida, no dia 9 de maio, ainda não foi oficialmente anunciada. Como o espaço é de uma semana, parece ser improvável que seja em outro continente. Portanto, Vietnã está fora sem sequer existir. Provavelmente teremos o retorno do GP de Portugal, em Portimão.

Com o GP da Austrália sendo remanejado para 21 de novembro, isso provocou efeito-dominó em outras duas etapas: O GP de São Paulo, em Interlagos, foi antecipado para 7 de novembro, uma semana antes do original. 

As corridas finais foram empurradas: Arábia Saudita (que sequer tem um layout do circuito ainda) será dia 5 de dezembro e Abu Dhabi encerra os trabalhos no dia 12/12. A temporada mais longa da história começa e termina uma semana depois do previsto.

Sinceramente? Já disse que esse tanto de corrida é demais e desvaloriza a importância do espetáculo de um evento de Fórmula 1. Sobre os circuitos, podiam tirar Paul Ricard, Barcelona, Sochi, Arábia Saudita e Abu Dhabi de uma vez. Como isso não vai acontecer, poderiam ter colocado Mugello e Istambul ao invés de Ímola e Portimão, mas é o que tem pra hoje.

De resto, aguardamos os lançamentos dos carros e uma última informação: agora todos os treinos livres vão ter uma hora de duração. Menos tempo para treinar, mas convenhamos: o pessoal mal vai para a pista. Acho que todos ganham.

Ano novo, velhos problemas e soluções nem tão inéditas assim.

Até mais!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2021

ARREGAÇANDO AS MANGAS

 

Foto: Getty Images

Nesse ano, por decisão do CEO Luca Di Meo, a Renault será substituída pelo nome Alpine, da mesma marca, responsável pela produção dos carros esportivos dos franceses. Além de alavancar a marca, o CEO do grupo Renault não para por aí nas mudanças.

Fernando Alonso vai ter um novo chefe. Cyril Abiteboul, chefão da Renault desde o retorno do grupo como equipe em 2016, foi desligado do cargo. Marcin Budkowski, atual diretor esportivo, será o novo chefe.

Com uma evolução lenta e aquém do investimento de uma montadora, a Renault engrenou minimamente na última temporada, quando conseguiu três pódios. Ainda assim, é muito pouco, mesmo que o regulamento congelado e a ausência de testes também prejudique.

Ainda que a Alpine/Renault comece, aos poucos, a pensar alto, o trabalho de Abiteboul não foi bom. Muito bélico na relação com a Red Bull, não foi o líder necessário para que o desenvolvimento dos franceses fosse mais rápido. Talvez ser chefe de equipe não seja sua aptidão, tal qual a situação de Mattia Binotto na Ferrari.

Com Alonso e Alpine, o CEO Luca Di Meo dá um recado claro: não há mais tempo a perder. A Alpine/Renault precisa de uma evolução maior nas próximas temporadas. Do contrário, o futuro pode ser voltar a ser apenas uma fornecedora de motores, até porque a pandemia está causando estragos gigantescos para todos, inclusive as grandes corporações.

Até!

terça-feira, 5 de janeiro de 2021

NIKITA, CAUSA E CONSEQUÊNCIA

 

Foto: Divulgação/Haas

O grande nome do final da temporada foi o do russo Nikita Mazepin, em virtude de suas polêmicas e comportamentos dentro e fora das pistas.

Com um histórico de condutas anti-desportivas que continuaram durante a temporada F2 e inclusive depois que foi anunciado piloto da Haas para 2021, muita gente já naturalmente antipatiza o russo, que só vai para a F1 porque o Nikita pai vai despejar 40 milhões de dólares anuais no grupo de Gene Haas.

Até aí tudo bem, mas um filhinho de papai ocupando uma vaga que não merecia. Já temos os canadenses Stroll e Latifi para cumprir esse papel também. O problema é que Mazepin foi acusado de assédio e outras opiniões controversas, como atos de homofobia e preconceitos nas redes sociais.

A motivação era simples: foi criado uma campanha de hashtags nas redes para exigir da Haas que o russo fosse demitido antes mesmo de chegar na equipe. Uma campanha principalmente exercida pelas mulheres, incomodadas com o episódio de assédio que o russo pareceu se desculpar mais para que não enchessem o saco do que realmente um sentimento verdadeiro.

A Haas prometeu investigar o caso e criou-se a esperança de que "a pressão das redes" iria tirar o russo da equipe, igual eliminar um participante de um reality show. Basta hashtags e votos de bots, certo?

Na vida real não. A Haas comunicou que a vida seguia em frente. Não havia nenhum sentido em acreditar que Mazepin seria demitido por pressão das redes. No mundo ideal, talvez, até porque houve uma campanha que fez muitos se iludirem com uma possível contratação do Pietro Fittipaldi para o seu lugar.

A questão é: o pai agora é quem banca o negócio. Como tirá-lo, por mais absurdo que seja? 

Mazepin, assim como Stroll e outros filhos de bilionários que brincam de automobilismo, no fundo são o produto ideal que a FIA deseja para o automobilismo, tão caro e distante dos reles mortais que apenas sendo bilionário ou membro de uma academia de pilotos para entrar na categoria.

Se tiver dinheiro, tanto faz como tanto fez os comportamentos dentro e fora da pista. Ao mesmo tempo que a FIA se diz aberta a igualdade e diversidade no automobilismo e apoiando a W Fórmula, a competição só para mulheres, o recado na prática é outro.

Nikita Mazepin é causa e consequência de um pensamento cada vez mais elitista e exclusivo do automobilismo, sobretudo na F1.

Lá, o mundo e as coisas giram de outra forma. Não há hashtags, bom senso ou análise esportiva, ética ou moral que se adapte. Tudo é dinheiro, interesse e/ou as duas coisas. A hierarquia é de acordo com a conta bancária.

Acostumem-se com a causa e consequência que já atingem a F1 e é cada vez mais frequente no automobilismo de base.

Ah, feliz 2021.

Até!