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segunda-feira, 6 de março de 2023

TEM CARA DE...

 

Foto: Red Bull Content Pool

Meus amigos e minhas amigas, tentando ser sucinto porque cheguei do GreNal e ainda estou trabalhando: de ponta a ponta, a Red Bull e Max Verstappen tem tudo para dominar mais um campeonato. Não foram tocados. Nem Pérez pode ameaçar, apesar de ter perdido a posição para Leclerc na largada e demorado a recuperar o segundo lugar.

Os motivos são simples: é uma equipe quase perfeita. Boas voltas rápidas, stints impecáveis e estratégias quase perfeitas, além da confiabilidade. Não tem onde tirar e nem onde por. Russell já declarou que teremos um monólogo. Exageros a parte, não é impossível enxergar, em condições normais, um desafiante para os taurinos no momento.

A Ferrari já sofre com confiabilidade. Mesmo Leclerc fazendo máximo esforço, a Ferrari já começou com uma quebra. Sainz, muito abaixo, não foi páreo para brigar, mas ao menos conseguiu se defender das Mercedes.

Os ex-prateados, então... o W14 é uma continuação do erro de projeto do W13. Os alemães continuam distantes do grid, mesmo com a melhor dupla fazendo de tudo para capitalizar. A largada foi ótima, mas o ritmo não. Russell e Hamilton estão em sérios problemas e o tom pesaroso público de todas as partes, embora levemente dramático, também signifique as flechas pretas não sabem o que fazer. Pode ser outro ano perdido.

O começo positivo nos pontos foram de Bottas, eficiente com a Alfa Romeo, a estreia nos pontos de Gasly na Alpine depois de um sábado ruim e Alexander Albon já tirando a Williams do zero de cara. Os estreantes tiveram uma noite difícil. É natural, pois mal há testes para adaptações: o melhor foi Logan Sargeant, 12°. De Vries e Piastri sofreram. O australiano abandonou e a McLaren assusta no início de temporada. Tal qual ano passado, o pessoal de Woking está distante, muito abaixo. Imagina o que não passa na cabeça de Lando Norris...

A Haas segue brigando, mas vai precisar de sorte para Hulkenberg e mais consistência para Magnussen. Uma missão complicada para ambos. A Alpha Tauri também parece sem rumo e sem líder.

Deixei o melhor para o final porque será esmiuçado amanhã: a Aston Martin é o grande sopro desse início de ano. Stroll, com os punhos machucados e enfrentando notórias dificuldades, ainda assim foi o sexto, ultrapassou Russell e segurou uma Mercedes. Quer sinal de projeto bem nascido do que isso?

Fernando Alonso Díaz. Don Alonso. A Fênix. O plano. A fera voltou. 20 anos nesse jogo parecem nenhum. Será? Duas décadas depois da estreia e do primeiro pódio, o espanhol brilhou no final de semana. Lutou, passou ex-rivais e teve uma rara sorte nos últimos anos: graças ao abandono de Leclerc, o primeiro pódio com a equipe logo na estreia, o segundo da história do time de Lawrence Stroll.

A distância para a Red Bull é enorme e para Leclerc também, mas a Aston Martin pode se permitir, nesse primeiro momento enquanto a temporada europeia não começa, que sim, é possível brigar por pódios. Verstappen encoraja e afirma que são capazes até de vencer. Alonso, eufórico mas também comedido: um dia de cada vez.

A Fênix fez uma daquelas corridas que nos acostumamos a assistir. Sempre valente, brigando e fazendo o carro alcançar possibilidades maiores, mesmo com os reflexos já não sendo os mesmos da plena juventude. Lembrem-se: a Aston Martin tem bastante tempo de túnel de vento e, com dinheiro, tem um desenvolvimento agressivo do carro na temporada, além da adição de novos profissionais, principalmente Dan Fallows, ex-Red Bull. 

Não é fogo de palha. A disputa será intensa e difícil, mas finalmente, graças também a chegada de um quarentão motivado e pilhado como se fosse um garoto, pode ser que a Aston Martin comece a justificar os investimentos feitos até aqui pelo projeto audacioso de Lawrence Stroll.

Tal qual o campeonato italiano, a disputa parece ser apenas pelo segundo lugar. A Red Bull napolitana, com Max Verstappen imparável igual Kvara e Osimhen, sob a tutela de Christian Horner e Adrian Newey como se fossem um Luciano Spaletti, está alguns degraus acima. Bem acima. As asas do energético só podem ser observadas com uma lupa. 

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

sexta-feira, 3 de março de 2023

SONHAR NÃO CUSTA NADA

 

Foto: Clive Mason/Getty Images

Nós, patriotas, tivemos a esperança de que Felipe Drugovich fosse confirmado no assento da Aston Martin, mas Lance Stroll acabou se recuperando das lesões que sofreu nos punhos. Visivelmente ainda longe da condição, mas ele está lá. Soa até como ingenuidade nós termos acreditado que o filho do dono não correria.

Enfim, por falar em Stroll, Lawrence e Fernando começam, aparentemente, a temporada com muitas expectativas. Com Mercedes e Ferrari tímidas e escondendo o jogo, coube a Fênix ser o mais rápido do dia no TL2. Ele já havia sido o segundo no TL1, perdendo apenas para a Pérez. A Red Bull, sabe-se, está em outro patamar.

A não ser que Ferrari e Mercedes estejam blefando muito bem, os taurinos não têm concorrência para a abertura da temporada. Por isso que, para a Aston Martin, verde como a Mocidade, sonhar não custa nada. Vencer não está em cogitação, mas incomodar o top 3 é perfeitamente possível, até porque dinheiro e estrutura é o que não faltam. Aliás, dizem que o desenvolvimento para essa temporada será agressivo.

Parece que Don Alonso, a Fênix, acertou numa mudança de equipe pela primeira vez na carreira, depois dos 40 anos. A idade é só um número? Bem, podemos também destacar:

McLaren abaixo, Alpine respondendo em relação aos testes e muito equilíbrio no meio do pelotão.

As grandes dúvidas são Ferrari e Mercedes, que pouco ou nada mostraram. A questão é saber o quão longe ou próximo elas estão da Red Bull? E a Aston Martin? É fogo de palha ou vai incomodar pelas primeiras posições?

Sonhar não custa nada, esse é o lema da Aston Martin, verde como a Mocidade e também a Imperatriz, que encerrou um jejum de 22 anos sem conquistas no carnaval carioca.

P.S.: abertura da temporada sem ser na Austrália não é abertura da temporada, certo?

Confira os tempos dos treinos livres do GP do Bahrein:




Até!


quinta-feira, 2 de março de 2023

GP DO BAHREIN: Programação

 Um dos mais recentes GPs da Fórmula 1 (começou a ser construído em 2002) o Grande Prêmio do Bahrein começou ser disputado em 2004. Desde 2014, a corrida é realizada de noite, "imitando" Cingapura.

Em 2023, pela quinta vez na história, o circuito barenita será palco da abertura da temporada.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:27.264 (Mercedes, 2020)

Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:30.252 (Ferrari, 2004)

Último vencedor: Charles Leclerc (Ferrari)

Maior vencedor: Lewis Hamilton (2014, 2015, 2019, 2020 e 2021) - 5x


AINDA FORA DE RITMO

Foto: Getty Images

Um dos personagens da temporada 2023 será Oscar Piastri. O australiano, campeão da F3 em 2020 e da F2 em 2021, chegou na McLaren após uma disputa judicial com a Alpine. Esses elementos já são o suficiente para que o jovem australiano estreie bastante pressionado na F1, além de dividir a equipe com Lando Norris, que triturou Daniel Ricciardo nas temporadas anteriores.

Com apenas três dias de testes e um ano inativo num bólido, pois ficou apenas como reserva da Alpine em 2022, Piastri revelou que ainda não se sente totalmente confiante na nova equipe:

“Acho que cumpri a maioria dos objetivos, sinto que estou em um lugar muito bom antes da próxima semana. Acho que ainda posso melhorar muito. Não estou 100% feliz com minha pilotagem, mas acho que nunca ficaria confortável com apenas um dia e meio no carro”, disse.

Além disso, soma-se os problemas de confiabilidade na McLaren, o que fez com que tanto ele quanto Norris andassem bem menos que os adversários na pista.

“Então, ainda estou chegando lá, fazendo progresso ao longo dos três dias, eu acho. Meu entendimento é bom, mas é uma pena que não tenhamos mais voltas para tentar melhorar isso na pista”, concluiu.

Talento o australiano tem de sobra. O problema são todas essas junções de contextos: inatividade, polêmica extra-pista, estrear numa equipe grande contra um piloto muito talentoso, poucos dias de testes e o carro apresentando problemas... a jornada de Oscar Piastri com certeza vai ser uma das mais observadas de perto e com mais pitadas de drama nessa temporada.

SEIS CORRIDAS

Foto: Getty Images

Esse é o tempo que George Russell acredita que a Mercedes tem para encontrar o ritmo e evoluir na temporada. O número exato tem explicação lógica: depois disso, começa a temporada europeia em Ímola, onde tradicionalmente as equipes apresentam os primeiros pacotes de atualizações do carro na temporada.

Se o W14 não tem o problema dos quiques igual o antecessor, a verdade é que o novo carro ainda parece distante de Red Bull e Ferrari, ao que parece. Nada que desanime Russell, confiante na capacidade da equipe para crescer durante o ano, tal qual em 2022.

“Não quero sentar aqui e dizer que a Mercedes está de volta, pois isso seria completamente injusto. E, pelo que vimos, a Red Bull é muito, muito forte. O que posso dizer é que tenho a melhor equipe do mercado, e todos estão trabalhando duro para colocar a Mercedes de volta no topo”, disse.

“Quando você olha para o calendário, acho que só temos cinco corridas nos primeiros dois meses e meio, três meses, enquanto que, no final da temporada, serão dez ou 11 no mesmo período”, completou.

Russell resume que o período mais livre de três semanas no calendário, entre Austrália e Azerbaijão em virtude do cancelamento do GP da China, é onde a Mercedes precisa estar pronta, de fato:

“Esta temporada será vencida ou perdida da metade em diante, não nas primeiras cinco corridas. Por mais que queiramos vencer no Bahrein, sabemos que é mais importante termos o carro certo na janela certa na sexta corrida, quando os grandes pontos serão conquistados”, concluiu.

É aquela máxima do "Calma, não criemos pânico". A Mercedes e Russell tentam olhar o copo cheio: "somos tão bons que podemos evoluir e crescer com o passar do ano". O copo meio vazio: era para estar no mesmo nível da Red Bull e talvez não dê tempo de brigar pelo título, considerando que os taurinos certamente também vão avançar casas durante a temporada.

TRANSMISSÃO:
03/03 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
03/03 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
04/03 - Treino Livre 3: 8h3o (Band Sports)
04/03 - Classificação: 12h (Band e Band Sports)
05/03 - Corrida: 12h (Band)


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

MAIS UM PASSO NA JORNADA

 

Foto: Aston Martin

Quem poderia imaginar, durante a pandemia (que por si só já era inimaginável), que Alonso retornaria a categoria e ainda teria uma transferência para a Aston Martin, que ainda não existia na época? E mais: quem poderia imaginar que o brasileiro então desconhecido Felipe Drugovich, que estreava na F2, conquistaria o título e teria oportunidade de correr numa montadora gigante ao lado do espanhol numa pré-temporada?

Pois bem, o destino está aí: Felipe Drugovich, recém contratado pela equipe, vai participar dos três dias de pré-temporada, que começa daqui a pouco, no Bahrein. A diferença é que neste ano serão apenas essas datas para testes, diferentemente dos seis ou oito dias dos anos anteriores. Ou seja: o tempo de adaptação para quem chega na F1, que já é escasso, vira quase um matadouro nesse primeiro momento.

O brasileiro teve algumas experiências já, mas a maior parte é no simulador. Claro que ele ainda está fresco com as disputas da F2, mas o post vai por outro caminho. Honestamente, recebi como uma surpresa positiva a oficialização do Drugo. Pensei, pelas circunstâncias, que o escolhido seria o outro piloto reserva recentemente contratado: Stoffel Vandoorne, ex-prodígio da McLaren, que estava na Mercedes e conquistou a Fórmula E.

Os patrocínios e as negociações penderam para o brasileiro. É interessante notar que Drugo foi o primeiro escolhido pelo Lawrence Stroll e staff para integrar a academia da escuderia. Isso diz muita coisa e a escolha é outro indicativo. 

Por último, mas não menos importante, é que esqueci de mencionar o motivo da ausência do Stroll: um acidente de bicicleta. O canadense é um ponto de interrogação até mesmo para a abertura da temporada, na semana que vem. Ó a estrela do Drugo aí. Quem sabe?

O desempenho vai ser difícil de mencionar. Drugovich vai estar tapando buraco e enfrentando Don Fernando Alonso. Claro que a equipe vai exigir parâmetros, mas só três sessões (se o brasileiro participar de todos os dias) não há muito o que melhorar em relação a uma possível estreia, caso Stroll realmente continue ausente.

O que quero escrever, para finalizar o texto, é que nós, pachecos, precisamos valorizar esses momentos. Drugovich teve que vencer uma F2 numa equipe média depois de três temporadas para ter uma chance numa equipe como piloto reserva e agora tem possibilidade de fazer testes e possivelmente substituir um piloto em alguma corrida.

Para quem não tem sobrenome ou academia de pilotos por trás, é um feito e tanto, independente do que aconteça após esses dias no Bahrein. Felipe Drugovich dá mais um passo enorme na jornada da carreira.

Até!

domingo, 20 de março de 2022

VOLTANDO AOS NEGÓCIOS

 

Foto: Peter J Fox/ Getty Images

Considerando as equipes que já venceram na Fórmula 1, o time que detém os maiores recordes da categoria e está presente desde 1950 detinha um recorde incômodo: era o que estava a mais tempo sem vencer.

A Ferrari não ganhava desde o último triunfo de Sebastian Vettel em Cingapura, em 2019. Dois anos e meio depois, os italianos estão de volta com uma vitória categórica em outro circuito noturno, agora em Sakhir. E também com dobradinha.

Entre esconder o jogo e delegar responsabilidades, a Ferrari está há 15 anos sem conquistar um título de pilotos. Desde então, passou perto e passou longe, em duas temporadas onde foi do inferno ao purgatório e, nesse final de semana, foi perfeita. Uma raridade. De forma até inesperada, Leclerc foi o pole. Hoje, também de certa forma inesperada, o monegasco liderou de ponta a ponta. Com dificuldades, Sainz fez o papel de acumulador de pontos e foi agraciado com um segundo lugar e a dobradinha ferrarista.

Verstappen, defendendo o título, tentou do jeito que podia. As vezes poderia ter a impressão que a qualquer momento iria impor o ritmo e passar Leclerc. Só pareceu. Enfrentando problemas de freio e combustível, que não chegou no motor, o carro apagou na penúltima volta. O mesmo aconteceu com Pérez e o time taurino começa zerado. 

Pontos importantíssimos no campeonato e nos construtores que são desperdiçados. Antes, o Safety Car que embolou tudo foi originado por um problema no motor de Gasly. Agora, a Red Bull não tem quem culpar, até porque agora são eles mesmo que desenvolvem o motor herdado da Honda. Falta de confiabilidade é preocupante.

De tanto blefar, a Mercedes realmente confirmou o drama. O novo carro, pela primeira vez em oito anos, não começa dominante ou no topo. Os alemães são a terceira força, mas uma dupla com Hamilton e Russell é capaz de capitalizar tudo. O pódio do hepta e o quarto lugar de George são pontos fundamentais para o desenvolvimento da mais longa temporada da história, até porque os alemães têm dinheiro e estrutura para recuperar o terreno. 

Dizem que os motores Mercedes não estão correndo na potência máxima pela questão da confiabilidade e de precisar render as oito corridas antes da troca, talvez isso possa explicar alguma coisa, assim como supostamente a Honda está na potência máxima. A verdade é que o motor Ferrari, até aqui, se mostrou superior.

O grande nome do final de semana é Kevin Magnussen. Chegando de última hora numa história que remete ao automobilismo romântico, a Haas simplesmente mostrou ritmo o final de semana inteiro. O quinto lugar não foi por acaso para alguém que retornou ao time após dez dias. Sensacional. Pela questão financeira, cada ponto vai ser fundamental para o futuro do time, até porque é difícil ter alguma perspectiva de desenvolver o carro atual. 

Sinal amarelo para Mick: mesmo que o forte seja o ritmo de corrida, ser dominado por alguém que chegou agora pode ser um problema. Vai precisar mostrar mais, mas finalmente está sendo testado.

Outra equipe que brilhou depois de frequentar o fundão foi a Alfa Romeo. A experiência de Bottas já mostrou efeito ao chegar em sexto e trazer pontos importantes, mas o grande holofote fica para o estreante Guanyu Zhou. A adaptação para a F1 num novo regulamento é brutal, mas o chinês viável foi muito combativo, ultrapassou, disputou posições e foi coroado com um pontinho na estreia, o primeiro da China. Mostrou personalidade e hoje provou que não está lá só pelo dinheiro ou pela importância comercial da nacionalidade, calando os eurocentristas preconceituosos.

A Alpine segue no meio do grid e conseguiu pontinhos suados com Ocon e Alonso. O problema é que o time está na mesma em relação ao ano passado, mas pelo menos não piorou. E aí vem a conversa com testas franzidas...

Williams, McLaren e Aston Martin. Equipes tradicionais e batendo roda nas últimas posições. Muito preocupante e até vergonhoso, considerando a capacidade de investimento do Stroll e a recuperação do time de Woking. Pós-corrida, o tom da McLaren é pesaroso, como se fosse muito complicado resolver esses problemas a longo prazo. A Williams é até previsível, visto que não há recursos e nem pilotos para fazer algo diferente. Para a Aston Martin, vale o aguardo da estreia de Vettel quando se recuperar do covid mas é pouco, muito pouco.

O final de semana do Bahrein ainda não traz um recorte, mas pode mostrar alguns indícios. O mais seguro deles, e óbvio, é: a Ferrari está de volta aos negócios.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

sexta-feira, 18 de março de 2022

PONTO DE INTERROGAÇÃO

 

Foto: Getty Images

A F1 está de volta! Com um novo regulamento, é muito difícil ainda tentar identificar as forças de cada equipe. Está tudo muito embaralhado.

Como sempre falam, essas definições mais exatas começam a ser a feitas a partir da temporada europeia. Até lá, tudo sempre depende da característica de cada pista e como os carros foram desenvolvidos até aqui, pensando depois na sequência do ano.

Tanto é que Gasly foi o mais rápido na primeira sessão e Verstappen o mais rápido na segunda. Interesse destacar o ritmo bom da Ferrari, que parece forte. Mercedes e McLaren parecem tímidas, um misto de esconder o jogo + dificuldades naturais. A Red Bull parece bem adaptada.

A Haas talvez esteja já andando o que pode, por isso no meio da temporada. Williams e Aston Martin (com Hulk no lugar do covidado Vettel) um pouco mais atrás, Alfa Romeo no mesmo caso dos americanos e a Alpha Tauri no meio do caminho.

Muita imaginação, muita expectativa, poucas ou quase nenhuma respostas. Mais do que nunca, com o novo regulamento, o início dessa temporada e esse final de semana no Bahrein vai ser um grande ponto de interrogação.

Confira a classificação dos treinos livres:



Até!

GP DO BAHREIN: Programação

 Um dos mais recentes GPs da Fórmula 1 (começou a ser construído em 2002) o Grande Prêmio do Bahrein começou ser disputado em 2004. Desde 2014, a corrida é realizada de noite, "imitando" Cingapura.

Em 2022, pela quarta vez na história, o circuito barenita será palco da abertura da temporada.


Foto: Wikipédia


ESTATÍSTICAS:
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:27.264 (Mercedes, 2020)
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:30.252 (Ferrari, 2004)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton (2014, 2015, 2019, 2020 e 2021) - 5x

"SEM ESPAÇO PARA DOIS PAPAS"
Foto: Divulgação/Alpine

Uma das movimentações no mercado fora das pistas foi a chegada de Otmar Snazfauer como novo chefe de equipe da Alpine, depois de 12 anos na Force India/Racing Point/Aston Martin.

Em entrevista para a Sky Sports, o novo contratado da Alpine falou sobre a relação na equipe e o que levou a saída da Aston Martin: a incompatibilidade crescente com o dono, Lawrence Stroll.

“Um amigo meu me disse: a Igreja Católica só tem um papa. E quando você tem dois papas, não dá certo. Então acho que era hora de sair e deixar a Aston Martin para seu único papa, e vou tentar ajudar a Alpine da melhor maneira possível”, disse.

Nesses 12 anos, Szafnauer foi um dos grandes resposnáveis em recrutar e contratar funcionários para o então time de Vijay Mallya, que mesmo com dificuldades financeiras crescia e conquistava melhores resultados nos últimos anos, até a chegada do aporte de Stroll.

"Tenho um ótimo relacionamento com os homens e mulheres de Silverstone. Nos 12 anos em que estive por lá, mais que dobrei o tamanho daquele time. Muitas das pessoas que foram contratadas quando eu estava lá não foram escolhidas a dedo, mas eu ajudei a contratá-las e recrutá-las de outras equipes, com o objetivo de montar o grupo. Funcionou e deu certo”, completou.

Além disso, Szafnauer complementou, afirmando que está otimista com essa estadia na Alpine:

“Há um grande potencial, pessoas com a mesma opinião, seguindo a mesma direção e querendo se sair bem. Eles têm uma ótima história aqui. Eles venceram antes, têm uma boa infraestrutura, então estou realmente ansioso para trabalhar com eles”, destacou.

A Alpine acerta e a Aston Martin erra. Aí mexe com briga de egos. Szafnauer foi um dos responsáveis pelo crescimento da Force India, principalmente quando a equipe começou a ter problemas financeiros no final da gestão Vijay Mallya. Agora, com maior liberdade e a mesma capacidade de investimento e organização, a Alpine tem tudo para continuar evoluindo na categoria.

FERRARI PROMETE "CHANCES IGUAIS" PARA OS DOIS PILOTOS

Foto: Motorsport Images

Historicamente, a Ferrari é uma equipe que sempre teve bem nítido quem é o primeiro e quem é o segundo piloto. 

No entanto, como no ano passado o carro estava longe do topo, Mattia Binotto deixou a competição acontecer e, inesperadamente, Carlos Sainz venceu o em tese "primeiro piloto" Charles Leclerc.
Se for necessário tomar esse tipo de estratégia em 2022, o que Binotto escolheria: Leclerc, o piloto Ferrari; ou Carlos Sainz, o vencedor de 2021?

A resposta do chefão: nenhuma das opções. Segundo ele, a Ferrari vai dar "oportunidades iguais" para os dois pilotos.

"Não nomeamos nenhum número 1 e número 2 no ano passado. Vamos manter isso neste ano. Daremos a ambos oportunidades iguais e espero que possam ter um bom campeonato”, ratificou.

Bom, eu prefiro não acreditar muito nisso, até porque há notícias de que a renovação com Sainz está próxima de acontecer. É uma dupla que se completa. Leclerc é mais arisco e talentoso, enquanto Sainz é um acumulador de pontos, um "novo Hulkenberg" melhorado e com sorte dessa geração. 

No entanto, é óbvio que saberemos que, se precisar, a prioridade será Leclerc, o protegido e o escolhido para o ser o líder do projeto de resurreição ferrarista.

TRANSMISSÃO:
18/03 - Treino Livre 1: 9h (Band Sports)
18/03 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
19/03 - Treino Livre 3: 9h (Band Sports)
19/03 - Classificação: 12h (Band e Band Sports)
20/03 - Corrida: 12h (Band)


domingo, 28 de março de 2021

COMO NUNCA, COMO SEMPRE

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

Nunca estive tão indiferente a um início de temporada. Por mais que houvessem algumas mudanças, a proximidade entre as corridas do Bahrein (lá foram disputadas 3 das últimas 4 corridas, algo inédito) e a sensação de que tudo só será modificado no ano que vem me fizeram pensar assim.

Apesar da grande mudança no grid, seja com pilotos, nomenclaturas de equipes ou até mesmo a transmissão aqui no Brasil. Muitos elogios para a Band, que tratou o produto com respeito que os fãs merecem. Do início até o fim. Houve sorte que a emissora paulista esteve indisponível para transmitir as ligas europeias que passa no final de semana, então fica a curiosidade para saber como será o desenvolvimento dessa relação. Com uma equipe composta de ex-profissionais do grupo Globo, tudo parecia diferente como nunca, mas igual como sempre.

Isso é o que eu ouvi falar porque não consegui acompanhar. A idade está me cobrando um preço da boêmia caseira da madrugada e já acordei com a corrida em andamento. Depois de algumas voltas, ainda perdido, faltou luz aqui em casa e só voltou depois da prova. Por sorte, assisti agora a íntegra na internet e a Band Sports reprisa enquanto escrevo esse texto.

Nikita Mazepin mostra a cada instante o óbvio: o mau-caráter não tem condição alguma de estar lá, mas ser bilionário (ou filho de um) facilita as coisas. Vão transformar o Stroll em alguém mediano graças a irresponsabilidade do clube dos bilionários. Enquanto não matar alguém ou a si próprio, não vão sossegar. Aí culpam o circuito, como sempre fazem.

Sérgio Pérez e a maldição da Red Bull: ao ficar apenas no Q2, volta todo o filme que Gasly e Albon sofreram. Na volta de apresentação, um problema elétrico que quase o fez não largar. Do fim do pelotão, fez o que se espera de agora um piloto taurino: o quinto lugar. Precisa ser mais competitivo, mas tem tudo para fazer o que os outros dois jovens não fizeram (ou não deixaram que fizessem).

Lando Norris mais uma vez começa muito bem a temporada. Foi o melhor do resto hoje, com um merecido quarto lugar, mostrando que a McLaren, de volta com o motor Mercedes, está veloz mais ainda precisa de um melhor ritmo de corrida, mesmo com essa boa colocação. Apesar de todos estarem em fase de adaptação, é importante que o britânico comece o ano batendo no amigo Daniel Ricciardo, um discreto sétimo lugar.

Na Ferrari, Leclerc cresceu na hora certa e mostra porque é o líder que a Ferrari precisa e merece. O motor é menos pior que o do ano anterior, o que basta para que os italianos voltem a sonhar com colocações menos vexatórias que a do ano passado. Sainz é um bom pontuador e vai cumprir bem seu papel. Não é brilhante mas é eficiente e infinitamente mais valia que o atual Vettel.

O alemão, por sua vez... vai manchando seu legado de tetra. Largando em último, bateu em Ocon, rodou e foi dominado pelo filho do chefe. O também acionista da equipe, se não tiver uma rápida melhora, precisa considerar deixar a F1, para seu próprio bem. Superar um tetracampeão é tudo que Stroll e seus "defensores" precisam para validar o argumento de que não é um piloto de todo ruim.

Alonso, quarentão, ausente dois anos e com uma mandíbula recentemente machucada, fez o de sempre: andou mais que o carro. O problema é esse: a Alpine parece ter involuído ou ficado mais para trás, o que é uma tragédia para o espanhol. Nada que ele não esteja acostumado. O grande salto precisa ser ano que vem mas, como escrevi ainda no ano passado, nesse instante é mais importante celebrar o retorno do bicampeão do que imaginar qualquer perspectiva futura.

Yuki Tsunoda ultrapassou três campeões mundiais na estreia e pontuou, chegando em nono. Uma pena o bico de Gasly ter quebrado no contato com a McLaren. A Alpha Tauri está se mostrando muito forte nesse pelotão intermediário. Com o talentoso e ousado japonês, a dupla fica mais fortalecida ainda. Pinta de grande promessa para o futuro da Red Bull, esse é Yuki Tsunoda, o primeiro piloto nascido nos anos 2001 a correr na F1. Nesse ano, aliás, Alonso e Raikkonen estavam estreando na categoria.

Mick Schumacher na Haas tem uma missão: ficar na frente do Mazepin. Não parece ser difícil. A única coisa incompreensível é porque ele não foi para a Alfa Romeo. A Haas se arrasta no grid.

Deixei o melhor para o final. A Red Bull jogou fora uma chance concreta de vitória. Aparentemente melhor equilibrada no Bahrein, os taurinos levaram um nó tático da Mercedes. Talvez a Red Bull não esteja mais tão acostumada com essas situações. O importante é que tivemos uma disputa realmente emocionante. Max passou Hamilton por fora mas teve que devolver a posição. Ele insiste que conseguiria abrir os cinco segundos de punição que receberia mas a equipe não entendeu assim.

Hamilton, em um raro momento de ligeira inferioridade, segurou com unhas e dentes a vitória número 96 da carreira e importantíssima para o Mundial. Considerando que a Mercedes precisa de tempo para corrigir suas falhas, acumular o maior número possível de pontos e roubar da Red Bull é ouro. Max, Horner e companhia perderam uma grande chance.

A Mercedes parece mais tocável do que nunca, mas vencedora como sempre. A Red Bull parece próxima de ameaçar a hegemonia, mas ficou no quase como sempre.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

sexta-feira, 26 de março de 2021

PRIMEIRAS IMPRESSÕES

 

Foto: Getty Images

Mais de três meses depois, a F1 está de volta. Confesso estar bem indiferente a tudo isso e um pouco desanimado com o domínio da Mercedes, mas ao menos é algo para se fazer em meio a pandemia eterna. 

Em Sakhir, tentando entender o que já aconteceu até agora, ficam evidentes algumas situações:

Mercedes e Red Bull seguem muito acima das demais em ritmo de classificação e de corrida. Max, o mais rápido dos dois treinos, tem uma chance relevante se Pérez conseguir incomodar minimamente as flechas de prata. Depois deles, temos uma disputa interessante.

A Ferrari, com motor melhorado, volta ao segundo pelotão. A McLaren, de volta com o motor Mercedes, também está na parada. Apesar de a Aston Martin não ser mais uma cópia da Mercedes, o resultado dos treinos foi positivo para quem mal andou na pré-temporada. A Alpha Tauri pode surpreender e a Alpine preocupa por enquanto, justo na vez do ainda não 100% Fernando Alonso.

O motor Ferrari melhorado fez a Alfa Romeo se desgrudar de Williams e Haas, as âncoras do grid, principalmente a equipe americana com dinheiro russo. O que mais me chamou a atenção é que Mazepin usa o capacete vermelho de Michael e Mick usa o capacete amarelo do tio Ralf num carro que também lembra a Williams do tio.

Sakhir promete ter uma disputa bem equilibrada e impassível neste final de semana para começarmos a matar a saudade da F1. 

Confira a classificação dos treinos livres do GP do Bahrein:




Até!


quinta-feira, 25 de março de 2021

GP DO BAHREIN: Programação

Um dos mais recentes GPs da Fórmula 1 (começou a ser construído em 2002) o Grande Prêmio do Bahrein começou ser disputado em 2004. Desde 2014, a corrida é realizada de noite, "imitando" Cingapura.

Em 2021, pela terceira vez na história, o circuito barenita será palco da abertura da temporada.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:27.264 (Mercedes, 2020)

Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:30.252 (Ferrari, 2004)

Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)

Maior vencedor: Sebastian Vettel (2012, 2013, 2017 e 2018) e Lewis Hamilton (2014, 2015, 2019 e 2020) - 4x

EMPURRANDO A RESPONSA

Foto: Getty Images
É isso que Max Verstappen acredita que a Mercedes está fazendo antes do início da temporada. Andando bem menos do que se imaginava e com alguns problemas de traseira e no assoalho, os alemães chegaram a falar que a Red Bull começa o ano mais forte do que eles.

O holandês nascido na Bélgica discorda e afirmou, para a emissora holandesa Ziggo Sport, que tudo isso faz parte e que as flechas de prata estarão brigando pela vitória no final de semana como eles sempre fazem.

"Eles fizeram as voltas mais rápidas com menos potência, aí duas voltas em que pegaram leve, aí a volta seguinte com meio segundo mais de potência. Então eles são rápidos, não há dúvidas disso.
Se você é tão dominante quanto eles foram os últimos sete anos, você ainda será bom mesmo se tiver o pior assoalho.

A Mercedes também não fez um dia de filmagens ou um shakedown antes do teste, então talvez estivessem um pouco fora em termos de acerto. No último dia, eles pareceram muito melhores, aí fizeram a filmagem, então estarão prontos para o início da temporada", disse.

Esse lenga-lenga é insuportável. No fim das contas, veremos a Mercedes praticamente dominando mais um final de semana, se nada der errado. A grande questão é: a Red Bull e a Honda estão prontos para assumir a responsabilidade de brigar pelo campeonato em todas as corridas?

VAI TER SURPRESA

Foto: Getty Images
É o que sente Fernando Alonso, de volta à Fórmula 1 depois de duas temporadas ausentes. Enquanto Mercedes e Red Bull continuam no pelotão da frente, o espanhol acredita que depois disso está tudo embolado e que situações não especuladas podem se concretizar no grid e na corrida deste final de semana.
Alonso acredita que todo mundo escondeu o jogo, seja em voltas rápidas ou em ritmo de corrida.

"Em termos de performance, ainda é cedo para dizer e acho que só vamos conhecer a verdadeira divisão de forças na classificação de sábado, com todo mundo andando com tanque vazio, pneus mais rápidos e potência completa. Eu acho que teremos algumas surpresas”, disse.

Sem grandes percalços até aqui, a agora Alpine pretende manter a evolução alcançada em 2020, e Alonso acredita que tudo vai correr bem, sendo apenas necessário estar atento com as condições climáticas do Bahrein.

“É uma boa pista, com um misto de curvas de alta e retas longas. Ultrapassar é possível aqui e isso geralmente rende corridas boas no domingo. Já conseguimos muita quilometragem nos testes e nos sentimos adaptados. Só que, como vimos nos testes, as condições climáticas podem ter um grande impacto sobre o carro. Precisamos ficar de olho nisso”, encerrou.

Difícil responder. O circuito da Austrália, por ser de rua e sem testes, tinha esse potencial maior. Bahrein foi uma corrida recente e palco dos testes de pré-temporada. Claro que algumas coisas podem mudar, mas surpresa é uma palavra forte. Veremos o que acontece.

TRANSMISSÃO:










quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

ANO NOVO, VELHOS PROBLEMAS

 

Foto: McLaren

A virada do ano não fez desaparecer os problemas do passado. Pelo contrário. A F1 já muda o calendário que, a princípio, será o mais extenso da história.

E vai começar uma semana mais tarde que o normal. Em virtude da Austrália exigir uma quarentena de duas semanas e uma biosfera para quem vai ao país, isso fez com que fosse inviável nesse momento a ida da F1 para lá. A corrida foi adiada para o final da temporada, mais precisamente para o dia 21 de novembro. Desde Adelaide que a corrida australiana não ia para o fim do ano.

A abertura da temporada será, portanto, no Bahrein, mas a data foi mantida: 28 de março. Será a terceira que a corrida de Sakhir começa o ano. Como efeito dominó, toda a logística foi modificada.

A pré-temporada, que seria na Espanha no início de março, será também no Bahrein, entre os dias 11 e 14 de março. A única vez que o país sediu esses treinos havia sido em 2014.

O coronavírus também provocou outras mudanças no calendário. A China pediu adiamento da corrida mas, a princípio, vai ficar fora da temporada de novo. Para o seu lugar, no dia 18 de abril, a F1 confirmou mais uma edição do GP de Emília Romagna, em Ímola, a segunda corrida do ano.

A terceira corrida, no dia 9 de maio, ainda não foi oficialmente anunciada. Como o espaço é de uma semana, parece ser improvável que seja em outro continente. Portanto, Vietnã está fora sem sequer existir. Provavelmente teremos o retorno do GP de Portugal, em Portimão.

Com o GP da Austrália sendo remanejado para 21 de novembro, isso provocou efeito-dominó em outras duas etapas: O GP de São Paulo, em Interlagos, foi antecipado para 7 de novembro, uma semana antes do original. 

As corridas finais foram empurradas: Arábia Saudita (que sequer tem um layout do circuito ainda) será dia 5 de dezembro e Abu Dhabi encerra os trabalhos no dia 12/12. A temporada mais longa da história começa e termina uma semana depois do previsto.

Sinceramente? Já disse que esse tanto de corrida é demais e desvaloriza a importância do espetáculo de um evento de Fórmula 1. Sobre os circuitos, podiam tirar Paul Ricard, Barcelona, Sochi, Arábia Saudita e Abu Dhabi de uma vez. Como isso não vai acontecer, poderiam ter colocado Mugello e Istambul ao invés de Ímola e Portimão, mas é o que tem pra hoje.

De resto, aguardamos os lançamentos dos carros e uma última informação: agora todos os treinos livres vão ter uma hora de duração. Menos tempo para treinar, mas convenhamos: o pessoal mal vai para a pista. Acho que todos ganham.

Ano novo, velhos problemas e soluções nem tão inéditas assim.

Até mais!

domingo, 6 de dezembro de 2020

UM SUJEITO COM QUALIDADES

 

Foto: Getty Images

Eu nunca pensei que esse dia chegaria. Ele esteve perto algumas vezes, como na longínqua Malásia em 2012 ou mais recentemente agora, na Turquia. Bateu na trave. O importante era os pódios e bater o adversário, isso foi feito. Para o Bahrein, havia uma pequena chance. A largada foi boa e Sérgio Pérez pulava para segundo, atrás de Russell. Apesar do favoritismo de Verstappen e Bottas, que mais uma vez largou mal, havia a esperança de um bom resultado.

Eis que surge o inesperado inconsequente Charles Leclerc. Tentando ser mais rápido que o carro, foi otimista demais na manobra da curva 4 e bateu em Pérez, que rodou. Verstappen, tentando desviar dos dois, também bateu, juntamente com o monegasco. Na contra-mão, o mexicano cai para último e precisaria de uma corrida de recuperação para pontuar. A sorte após o azar começava aí. 

O primeiro porém: Leclerc foi inconsequente como a gente não via há tempos e faz parte do crescimento pois é jovem. Max, por outro lado, não está conseguindo capitalizar as oportunidades e mais uma vez se envolveu em um enrosco na primeira volta. Apesar de não ter como concorrer pelo título, penso que o holandês está devendo.

Voltando: graças ao Safety Car, Pérez conseguiu colocar os pneus médios e partir para uma nova estratégia, que era basicamente aguentar o quanto pudesse na pistacom o jogo de pneus e ver o que acontecia. Escalando posições, facilmente chegou na zona de pontuação. Com os carros de pneu macio parando cedo, o mexicano conseguiu se livrar de Albon e Ocon, que tinham estratégias semelhantes.

Ao contrário de Sainz e Ricciardo, que iriam para duas paradas, Pérez e as Mercedes foram para uma só. Ou duas, no caso do mexicano, contando com a primeira volta. O pneu duro seria até o final. Voltando para o nono lugar e com pneus novos e mais duráveis, parecia possível ao menos chegar em quinto, onde largou. Até que chegou o momento.

O estreante Jake Aitken, que vinha fazendo um bom papel até então, escapou na última curva e conseguiu evitar que a batida fosse fatal. Perdeu apenas a asa dianteira, que ficou no meio da pista. No entanto, em um circuito oval, não havia muito tempo para que os fiscais pudessem retirar o artefato com segurança e limpar a pista com a areia que entrou no traçado. E o que era para ser um Safety Car Virtual virou um Safety Car normal.

Absolutos, George Russell constrangia Bottas ao largar muito melhor e mostrar que estar na Williams é um desperdício. Bottas num carro de ponta é um desperdício e só mostra o quanto Hamilton não tem adversários nessa F1, mas a culpa não é dele, claro. De última hora, a Mercedes resolve trocar para os pneus médios para os dois. Uma falha no rádio faz com que os alemães peguem os pneus médios de Bottas e coloquem em Russell, percebendo o erro apenas na sequência pois o finlandês estava sem compostos para trocar e perdeu muito tempo no grid. No fim, teve que colocar os mesmos e não pode trocar para não ser desclassificado. Quando a fase não é boa...

O erro amador da Mercedes ainda fez com que Russell andasse com dois compostos diferentes e precisasse parar de novo, voltando atrás de Bottas. Enquanto o Virtual Safety Car tinha virado bandeira verde, antes do Safety Car, Sainz e Ricciardo também pararam nos boxes e abriram caminho para Pérez, que já havia superado Ocon e Stroll. O mexicano, que na primeira volta era último, estava na liderança.

Claro que seria momentânea. Russell, com pneus macios, estava ultrapassando todo mundo e já era o segundo. Estava tudo pronto para fazer história e estrear pontuando com o valor máximo (vitória e volta mais rápida) na estreia na Mercedes e substituindo Lewis Hamilton. Parecia. Quando já estava próximo do mexicano, o pneu furou, provavelmente por passar pelas zebras ou detritos da pista na hora de ultrapassar e o inglês mais uma vez teve um grande azar. Parece que Deus odeia o rapaz. Russell voltou para o pelotão intermediário e conseguiu os primeiros três pontos da carreira mas com sabor amargo, de choro. 

O inglês mostra que está pronto para o desafio de guiar um carro de ponta. Foi muito superior a Bottas e pode sim dar um pouco mais de desafio para o compatriota, talvez motivado por um novo desafio depois do hepta. No entanto, realmente, a Mercedes lhe tirou a vitória com erros inacreditáveis e uma pitada de azar. Lewis pode voltar semana que vem, o que seria ainda mais trágico: uma única chance em vão. Bottas deveria ter o contrato rescindido mas entra em 2021 como alguém já praticamente entregue, técnica e psicologicamente.

E o conto de fadas no deserto terminou com um final incrível: Sérgio Pérez, finalmente, venceu na Fórmula 1. A tensão foi até o final porque abandonou nas voltas finais na semana passada, mas agora isso não será mais lembrado. Uma corrida épica, saindo de último e superando todos os obstáculos que teve na temporada: Covid, um início ruim superado por Stroll, alguns pódios desperdiçados e o desempregado, preterido pelo filho do chefe que teve que engolir seco a vitória do mexicano. 2020 é um ano de reviravoltas e a trajetória de Checo esteve representada nesse contexto.

Os mecânicos o recebendo aos gritos de "Sérgio" e "Checo" é emblemático. No primeiro momento, foi o mexicano que salvou o emprego de todos quando Vijay Mallya foi definitivamente afastado, antes do Stroll pai fazer a compra. Mesmo que seja um absurdo (e é) sua provável ausência, ao menos para 2021, Checo sai por cima. Tem como último ato uma vitória e tem um ano inteiro sabático para atrair um projeto interessante para 2022, na última arrancada da carreira. Sabemos que é lamentável que Strolls, Mazepins e Latifis sejam escolhidos, mas Checo Pérez pode bater no peito e dizer que venceu e fez pódios apenas em equipes médias (Sauber e Force India/Racing Point - a primeira e última antes de se transformar em Aston Martin). Uma carreira linda no lado B da Fórmula 1.

Foto: Getty Images

Outro pódio histórico e surpreendente é de Esteban Ocon. Quem disse que não teve um piloto Mercedes lá no alto? Também contando com a sorte das paradas de Sainz e Ricciardo, o francês segurou a pressão do pelotão de trás e conquista o melhor resultado da Renault desde o retorno à F1, em 2016. Era um resultado necessário para ver se, agora, Ocon consegue se soltar mais. O desafio será ainda maior, contra o bicampeão Fernando Alonso que já estava de olho...

Stroll, com o mesmo carro, foi ultrapassado por Pérez e achou um terceiro lugar. Voltou a ter sorte e pontuar desde o outro pódio, em Monza. Sainz e Ricciardo bateram na trave. Sobre os estreantes: Aitken deu emoção a prova e fez seu papel, assim como Pietro, confirmado para o GP de Abu Dhabi. O ritmo de corrida não está nada bom, mas o que vale é a experiência de guiar em um grande prêmio, representando uma nação de 8 títulos e o avô, deve ser muito gratificante e prazerosa no final das contas.

A vitória de Sérgio Pérez mostra que a Fórmula 1, quando quer, é algo apaixonante e emocionante. O grande legado de 2020 foram as pistas e traçados diferentes. Fica uma pontinha para o futuro. Alguém sentiu falta de Hamilton? Infelizmente, a F1 quase não quer ser legal, emocionante e competitiva. Hoje, todavia, tivemos o conto de fadas rosa mexicano que teve drama, monomito e a reviravolta que todos esperavam.

Sérgio Pérez, ao contrário de Arnaldo, é um sujeito com qualidades. 

Confira a classificação final do GP de Sakhir:


Até!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

O QUE ESTÁ EM JOGO

 

Foto: Getty Images

Na quarta-feira, após o anúncio da Mercedes, escrevi que os alemães foram cautelosos e conservadores ao escolherem George Russell, o mais óbvio e fácil, para o lugar de Lewis Hamilton. Alguns dias depois e pensando mais sobre o tema, mudei de opinião. Não se trata de uma questão conservadora, muito pelo contrário: a Mercedes tomou uma decisão ousada e que pode impactar o curto-prazo.

Se fosse colocado alguém que não tivesse perspectivas de assumir o cockpit, seria um ambiente de tranqulidade para Bottas e a tentativa de uma redenção para Hulkenberg ou Vandoorne, dois dos especulados. Agora com Russell, piloto da Mercedes e candidato a piloto da equipe no futuro, está feita a prova, mesmo que o inglês não esteja adaptado ao carro de Hamilton: um bom desempenho pode lhe credenciar para a equipe principal mais rápido do que o imaginado.

Além disso, joga toda a pressão para Bottas em um contexto que é alto risco, baixa recompensa: ele é obrigado a vencer no Bahrein. Se fizer isso, será apenas uma obrigação. Do contrário, caso Russell consiga se sobressair com um bom desempenho, isso pode acarretar um futuro cada vez mais próximo do fim para o finlandês e um grande porém, mais do que já existe, sobre o nível de competição que Lewis Hamilton enfrentou desde 2017.

Em um circuito oval e curto, é difícil encontrar espaço. Bottas pareceu pressionado e não conseguiu encaixar uma volta limpa, embora tenha um stint superior, o que é normal e obrigatório. Russell, estrela do dia ao ser o mais rápido nos dois treinos, ainda pode evoluir com mais um treino e a classificação, mas o ritmo de corrida é inferior. Normal, afinal não está acostumado com esse carro.

Os outros estreantes foram bem decentes e tranquilos. Pietro Fittipaldi e Jake Aitken não comprometeram e, com quilometragem, têm tudo para fazer um final de semana seguro. No meio disso tudo, uma grande briga por espaço e posições na largada, onde um erro, uma distância ou um vácuo podem definir várias posições.

O Grande Prêmio de Sakhir é a grande corrida do ano: oval, sem Hamilton, pilotos estreantes e sem Grosjean para matar os outros ou a si, há muita coisa em jogo na noite quente do deserto de Sakhir.

Confira a classificação dos treinos livres do GP de Sakhir:



Até!


quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

GP DE SAKHIR: Programação

 O Grande Prêmio de Sakhir, em virtude da pandemia, foi uma adição da F1 no calendário utilizando o anel externo do circuito. Pela primeira vez, a F1 terá um circuito parecido com algo oval, com tempos de volta inferiores a um minuto.

Foto: Wikipédia


TUDO OU NADA

Foto: Motorsport



Após convocar uma coletiva de imprensa para falar sobre o futuro, Sérgio Pérez foi claro: ou ele vai para a Red Bull ou vai tirar um ano sabático do automobilismo em 2021.

É tudo ou nada. Ou vou para a Red Bull, ou me vou da Fórmula 1. Mas a Red Bull disse que vai tomar a decisão quando acabar a temporada. Meu plano B é tirar um ano sabático para considerar o que quero fazer da minha vida, da minha carreira e se posso retornar a outro projeto para 2022, talvez até parando definitivamente. Não quero tomar uma decisão apressada e, por isso, tiraria esse ano sabático”, afirmou.

O mexicano também disse que está negociando para ser piloto reserva de uma grande equipe e que inclusive já recebeu ofertas de equipes para a temporada 2022, quando um novo regulamento entra em vigor na F1.

“Está em discussão ser piloto reserva de uma grande equipe. Mas ainda estamos conversando porque não quero viajar a todas as corridas.

Já tenho opções para retornar à Fórmula 1 em 2022, por isso não quero me precipitar para tomar uma decisão ou falar de outras categorias. Não me afetaria ficar um ano fora da F1. Em 100 ou 200 voltas, com certeza estaria adaptado. E mais, tendo em conta que haverá um novo regulamento, todos nós começaríamos do zero”, completou.

Do jeito que está falando, Pérez está bem confiante e tranquilo quanto ao futuro. É um bom piloto. Quem sabe, em outro contexto, possa esperar por 2022 ou ainda batalhar para convencer Helmut Marko e Christian Horner. Além de bom piloto, tem o aporte de Carlos Slim, o que ninguém pode jogar fora em um período de pandemia. 

Pérez merece essa vaga ou um carro competitivo. Sozinho, está guiando a Racing Point entre os primeiros nos construtores, mesmo com covid e tudo. Como diz o auditório aquele: "ele merece, ele merece!".

A ÚLTIMA DANÇA?

Foto: Divulgação


Apesar de ainda hospitalizado e se recuperando das queimaduras na mão causadas pelo acidente de domingo, Romain Grosjean não quer que a explosão e a luta pela sobrevivência sejam sua última imagem na categoria.

Em entrevista para a TV francesa onde também falou sobre a batida, o francês deixou claro que vai fazer o possível para se recuperar e disputar a última corrida pela Haas na semana que vem, em Abu Dhabi.

“Eu diria que existe uma sensação de felicidade por estar vivo, de ver as coisas diferente. Mas também tem a necessidade de voltar ao carro, se possível em Abu Dhabi, para terminar a minha história na F1 de uma maneira diferente”, disse.

A Haas confirmou Pietro Fittipaldi apenas para o GP do Sakhir do final de semana, por enquanto. Tecnicamente, ainda há possibilidade. Sinceramente, não sei. Ter como última imagem sobreviver a um acidente incrível pode ser bom para assimilar os traumas que isso causa, ao mesmo tempo que todo esportista ainda quer tentar de novo e ao menos encerrar o ciclo.

Seja lá o que for, Grosjean sairia por cima com qualquer uma das decisões. O importante é que sobreviveu.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 332 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 201 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 189 pontos
4 - Daniel Ricciardo (Renault) - 102 pontos
5 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 100 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 98 pontos
7 - Lando Norris (McLaren) - 86 pontos
8 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 85 pontos
9 - Alexander Albon (Red Bull) - 85 pontos
10- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 71 pontos
11- Lance Stroll (Racing Point) - 59 pontos
12- Esteban Ocon (Renault) - 42 pontos
13- Sebastian Vettel (Ferrari) - 33 pontos
14- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 26 pontos
15- Nico Hulkenberg (Racing Point) - 10 pontos
16- Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 4 pontos
18- Romain Grosjean (Haas) - 2 pontos
19- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 533 pontos
2 - Red Bull Honda - 274 pontos
3 - McLaren Renault - 171 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 154 pontos
5 - Renault - 144 pontos
6 - Ferrari - 131 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 97 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 8 pontos
9 - Haas Ferrari - 3 pontos

TRANSMISSÃO:







quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

CAUTELA E OUSADIA

 

Foto: Getty Images


A Mercedes optou pelo caminho mais conservador. Talvez esse seja o segredo dos vencedores: o pragmatismo quando necessário. Os alemães escolheram George Russell, da academia da equipe, como o substituto de Lewis Hamilton para o GP de Sakhir e talvez até na semana que vem, em Abu Dhabi.

Gostaria de ver Hulk ou até mesmo o renascimento de Vandoorne em uma corrida, mas a F1 deixa claro: tirando a Haas, o piloto reserva não serve para nada. No entanto, finalmente a Mercedes vai utilizar alguém de sua academia na equipe principal depois de escantear Wehrlein e Ocon.

Para o inglês, é uma grande oportunidade de finalmente pontuar e acabar com esse trauma psicológico que tanto lhe incomoda. Com o melhor carro do grid, certamente não vai ser apto, em tese, a desafiar Bottas, pelo pouco tempo de adaptação apesar de já ter feito alguns testes como piloto Mercedes.

Não entanto, não deixa de ser uma observação para o futuro: se Russell for bem, certamente estará dando um passo ou para substituir Hamilton ou até mesmo para pegar o lugar de Bottas. A pressão está toda com o finlandês e 2021 pode ser a chance final.

Foto: Divulgação/Williams

No efeito dominó, a Williams anunciou pouco depois que Jake Aitken será o substituto de Russell e, junto de Pietro Fitipaldi, vai fazer a estreia na F1. O inglês de 25 anos disputou a F2 pela Campos e se juntou a equipe de Grove no início do ano. Na sorte, ganha uma chance, tal qual Roberto Merhi e o outro inglês da Marussia que esqueci o nome (lembrei: Will Stevens). Certamente é a pior dupla da história da Williams, que busca uma reestruturação. É o velho papo: se não bater tá bom.

Foto: Getty Images

Mais um dia agitado na Haas. No mesmo instante onde Romain Grosjean dava alta do hospital, a Haas anunciou que Mick Schumacher, o filho do homem, será o parceiro de Nikita Mazepin em 2021. Foi mais rápido que imaginei. Esperava que isso fosse oficializado após a decisão da F2, mas isso enterra definitivamente as chances do inglês Callium Ilott.

Depois de uma primeira temporada abaixo do que se esperava, Mick evoluiu ao ponto de ser virtual campeão da F2. Não é para qualquer um, mesmo com o hype do sobrenome. Não deixa de ser um momento histórico mais um familiar de um grande nome da F1 entrar no automobilismo. Depois de Fittipaldi, o terceiro Schumacher. Como fã do Michael, fico muito feliz com o anúncio e a simbologia.

Olhando para a pista, a Haas aposta em dois novatos pensando no novo regulamento de 2022. Ou seja: 2021 será para aclimatação dos jovens. O carro é um dos piores, portanto não há o que esperar. Se ambos não baterem ou cometerem muitos erros, já vão estar dentro da margem. A Haas, que desperdiçou anos com uma dupla experiente, agora vai para o outro extremo: arrisca com dois jovens; o bilionário aporte do Nikita pai e o apoio da Ferrari com o sobrenome Schumacher.

Enquanto a Mercedes optou pela cautela, entendendo sua posição como dona do campinho, a Haas vai para o tudo ou nada no médio prazo. Não há o que perder (pelo contrário: vai receber 40 milhões de dólares anuais dos russos). Extremos que explicam a diferença de camada de cada um dos dois. E a Williams? Bem, ela faz o que pode, não?

Até!




terça-feira, 1 de dezembro de 2020

O BAFO DO DESERTO

 

Foto: Getty Images

Com o perdão do trocadilho, mas as coisas estão quentes lá no Bahrein. Além do deserto e do acidente de Grosjean, as notícias não param. Depois de Pietro Fittipaldi substituir o francês na Haas, agora o trono da Mercedes está vago possivelmente até o fim do ano.

Lewis Hamilton foi diagnosticado com covid-19 e está fora do GP do Sakhir, possivelmente pode também se ausentar do GP de Abu Dhabi e, assim, ter encerrada sua participação na temporada 2020.

Seu substituto? Ainda é um mistério. Os candidatos naturais: George Russell, piloto da Williams que está na Mercedes; Stoffel Vandoorne, o belga piloto reserva da Mercedes que está na Espanha fazendo testes pela Fórmula E e, como sempre, Nico Hulkenberg, o coringa alemão.

É bom que fique claro que o substituto de Lewis dificilmente vai fazer frente a Valtteri Bottas. Por mais que os três estejam em atividade, a adaptação em um carro, sobretudo de ponta, é complicada. Mesmo que o finlandês não esteja nada bem, o tempo lhe ajuda, por mais que o GP de Sakhir tenha a particularidade de ser praticamente um oval e, portanto, talvez menos desgastante para os pilotos.

Além do mais, ninguém realmente conhece o traçado e como serão os comportamentos dos carros. Está todo mundo na mesma nesse oval. Pietro e o outro substituto podem capitalizar diante disso.

Se Russell for realocado para a Mercedes, a Williams teria que encontrar outro piloto. Me parece improvável. Hulkenberg, se estiver em negociação com a Red Bull, também é carta fora do baralho. Sobra o belga Vandoorne, outrora promessa do automobilismo que naufragou com a McLaren Honda e não teve segunda chance. Seria redentor para a carreira ter a possibilidade de fazer um bom resultado com o melhor carro do grid. Vai que não surja algo para o futuro talvez?

Sem Hamilton e num oval, o GP de Sakhir promete ser o mais equilibrado e emocionante da temporada, típico de ovais e suas incertezas. Quem ganha é o fã que, além do mais, vai ter um horário super agradável para assistir por aqui, apesar do título estar definido.

Foto: Getty Images

E o que era esperado aconteceu. Com o aporte bilionário do pai, que vai despejar 40 milhões de dólares por ano, a Haas anunciou Nikita Mazepin como um dos pilotos da equipe para 2021. O outro será Mick Schumacher, que será oficialmente anunciado assim que se sagrar campeão da F2.

Nas próximas semanas eu prometo fazer um post mais detalhado da carreira do bilionário russo, mas a ascensão desse psicopata só mostra como o automobilismo perde e como esse não se importa em ter virado um espaço para lavagem de dinheiro e hobby de bilionários, onde todo o resto não importa. O dinheiro pode fabricar até resultados razoáveis, mas não dá para julgar a Haas. Eles fizeram a escolha deles, como diria Galvão.

Com a pandemia, os gastos e a falta de resultado, é necessária uma alternativa para sobreviver a não ser a venda do time. Esse foi o caminho escolhido. Se vai dar certo eu não sei, mas Nikita (não o da música de Elton John) será o quarto russo da categoria, provavelmente substituindo Daniil Kvyat nessa empreitada em 2021.

E seguimos no aguardo de mais abafamento no Bahrein. A semana por lá está quente!

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A CHANCE DE PIETRO

 

Foto: Divulgação/Haas


Como consequência do acidente das mãos queimadas de Romain Grosjean, a Haas rapidamente tomou uma atitude e anunciou que o brasileiro Pietro Fittipaldi será seu substituto, a princípio, apenas para a etapa do GP do Sakhir do próximo final de semana.

Chama a atenção essa cautela otimista de se pensar em uma rápida recuperação do francês para Abu Dhabi, considerando que Grosjean não permanece na F1 no ano que vem e provavelmente teve sua última imagem no esporte saindo de um carro em chamas e pulando em um guard rail. Sem muito o que pensar, a Haas toma uma decisão coerente: se tem o brasileiro e Déletraz como pilotos reservas e surge a oportunidade, não faria sentido contratar Hulkenberg, até porque o carro americano não permite grandes voos.

É um prêmio aos serviços do brasileiro na equipe. Reserva há muitos anos, Pietro parece fora da disputa dos dois carros da equipe para o ano que vem, cujo favoritismo é do bilionário Mazepin e de Mick Schumacher. Convenhamos que o brasileiro também não fez por merecer estar nessa posição, muito em virtude do sobrenome que carrega e a baixa competição que teve na já decadente World Series onde foi campeão, em 2017, e lhe deu boa parte dos pontos necessários da superlicença.

É a grande chance de Pietro. O brasileiro deu sorte também que a próxima etapa será em um oval e não terá tantas exigências de curva para alguém que não guia um carro em competição desde fevereiro e um F1 desde 2019. Vai ser algo mais semelhante a Nascar e a Indy que ele iniciou a carreira e fez algumas participações nos anos anteriores.

Tudo joga contra: o carro, o tempo de inatividade, mas a sorte de Pietro é que nessa pista todo mundo vai ser um estreante, o que pode nivelar a competição. Se não bater e não fazer muito feio, já será um grande resultado. E assim o Brasil volta ao grid da F1, mesmo que por duas corridas talvez, depois de três anos.

Até!

domingo, 29 de novembro de 2020

QUASE TUDO IGUAL

 

Foto: Reprodução/F1

Pela primeira vez (ou talvez segunda), uma geração de telespectadores teve a sensação de estar testemunhando a morte de um piloto ao vivo durante uma corrida, justamente quando a F1 parece mais segura a esse tipo de fatalidade.

O acidente de Jules Bianchi não foi televisionado e, a primeira vista, não parecia grave. Me referi a grave batida de Robert Kubica em 2007, em Montreal, quando capotou várias vezes e desmaiou no carro. Eu pensei que tinha morrido, mas no final das contas teve apenas um tornozelo quebrado.

Hoje, Grosjean fez mais uma das suas trapalhadas que, de novo, quase causaram sua morte. Ninguém esquece de suas batidas, a largada na Bélgica em 2012 e o cavalo de pau que ele deu na largada de Barcelona e quando tentou dar a volta com metade do grid atrás. Hoje, talvez por não enxergar no ponto cego ou simplesmente não ver os retrovisores, foi no meio de Kvyat e bateu reto no guard-rail.

Uma explosão. Fazia tempo que um carro não explodia assim. Parecia filme de ação. A TV não mostrou os detalhes no primeiro momento e sempre faz isso quando algo parece ser gravíssimo. A impressão era de morte, ou no mínimo o francês estava bem passado. 

Foto: Getty Images

Depois, com a recuperação das imagens, deu para entender a sequência dos acontecimentos. O mais impressionante é que a Haas atravessou o guard-rail, teve vazamento da gasolina e o carro ficou partido em dois. Como Grosjean não ficou dividido também? Tudo bem que a célula de sobrevivência é feita para maximizar o impacto, mas como um carro desses passa no crash test? E como um guard rail desses permite que um carro a 200 o atravesse?

A explosão à la Berger em 1989 e o carro no guard rail à la François Cevert e Koinigg juntaram e parecia um acidente que deformaria o corpo do francês que milagrosamente sobreviveu graças aos aparatos de segurança, o macacão anti-chamas, a rápida ação das pessoas que fazem parte do carro médico, a destreza do francês, na adrenalina, além do próprio Halo. Hoje sim ele evitou que a cabeça de Grosjean virasse uma almôndega.

Os fiscais estavam visivelmente despreparados, mas alguns conseguiram identificar que Grosjean, saindo pela lateral, pulava o guard rail enquanto pegava fogo num último espasmo para depois ser levado ao hospital. O francês misturou diversos acidentes fatais da história do automobilismo e só não teve o mesmo fim por pura e simplesmente sorte, além da tecnologia.

Foto: Reuters

Grosjean está no hospital em observação e teve queimaduras nas mãos. Suas chances de terminar a temporada são pequenas, visto as lesões e até o próprio trauma psicológico que isso deve demandar. O francês sempre mostrou ter medo dos ovais da Indy e tem filhos pequenos. Talvez isso tenha sido um sinal de que o automobilismo acabou para ele. Dito isso, a culpa do acidente foi do francês e ele quase foi vítima de sua própria inconsequência.

Até os próprios pilotos voltaram a se dar conta que sim, o automobilismo é perigoso e pode te tirar daqui em um instante. A sensação de segurança e a falta de limites que isso implica serão abordados em outro texto, mas é nítido que processar tudo isso teve um abalo emocional em todos. De repente, estar vivo e saudável era a grande vitória de cada um.

Na relargada, a bruxa parecia solta e Kvyat, envolvido indiretamente na quase morte de Grosjean, fez Stroll capotar. O canadense anda numa zica que eu fiquei triste por uns dois segundos e passou, mas eu seria castigado no fim, para variar. 

Sobre a corrida? A péssima largada de Bottas e seu azar ficaram em segundo plano, mas mais uma vez é inclassificável esse cara ser o grande adversário de Hamilton, que venceu sem fazer muita força com Max Verstappen em segundo. Sérgio Pérez vinha para mais um pódio tranquilo quando o motor Mercedes explodiu no final. O mexicano é uma das pessoas mais injustiçadas do mundo e deve anunciar amanhã que não estará na F1 em 2021. O pódio caiu de paraquedas para Albon. Sua situação não muda muito mas ao menos ganhou mais um troféu para a coleção.

Os destaques ficaram com a dupla da McLaren, que soube capitalizar as oportunidades recebidas, Pierre Gasly, a combativa dupla da Renault e Charles Leclerc, que fez o possível.

Hoje, o resultado foi o que menos importou. Onde tudo foi quase igual, o banal de viver precisou ser celebrado pelas circunstâncias, e é isso que realmente importa.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:



Até!