terça-feira, 30 de maio de 2023

VÁ COMO VÁ

 

Foto: Getty Images

O universo parece dar mostras de quer corrigir as injustiças humanas dos últimos anos. É como se o talento falasse mais alto que a própria sabotagem, autodestruição e/ou burrice.

Fernando Alonso. A história vocês já sabem. A Aston Martin parecia mais um equívoco na gestão do fim de carreira da Fênix. O que não sabemos é como Lawrence Stroll é um cara realmente ambicioso e está mudando a estrutura da equipe em todos os vértices. A chegada do espanhol era a cereja do bolo.

Mas enfim, um sentimento de presente com saudosismo. A pré-temporada deu a todos a ilusão de que a Fênix poderia voltar a ser protagonista nos lugares onde nunca poderia ter saído. Claro, sabemos que não era bem assim, mas é um início de temporada arrasador, comparável ao auge.

Cinco pódios em seis corridas com um carro que é terceira ou quarta força. Muita regularidade, muito braço, muita experiência e muita sorte. O acontecido na Austrália é um sinal disso. O abandono de Leclerc na abertura da temporada, que propiciou o primeiro pódio, também.

Tudo bem, Mônaco pode ser considerado um azar, mas nem tanto. Perder a pole e colocar o pneu errado na hora errada é indiscutível. Mesmo assim, continuar em segundo não deixa de ser “sorte”, ou melhor, a competência de abrir uma vantagem tão confortável para o resto do pelotão a ponto de se dar ao luxo de errar, ou “dar azar”.

2023 parece ser o ano que o destino está se encarregando de corrigir os erros e injustiças cometidos pelo próprio Alonso. O além está cansado de ver tanto talento desperdiçado por gestão de carreira ruim, relacionamentos conflituosos e um talento reconhecido por todos sendo coadjuvante, sendo relembrado apenas pelo passado.

Os sinais estão aí. Tudo parece conspirar para o momento derradeiro, o inevitável, o que todos esperam. Mônaco foi um pequeno ensaio. A mentalidade do espanhol e da equipe são a mesma: tudo ou nada. Legal, já tivemos alguns pódios, mas vivemos de vitórias. A glória eterna e libertadora.

E o destino, aquele que parece ser imutável, nos prega um capítulo esperançoso. Sinais, fortes sinais. Esta semana tem corrida na Espanha, palco de duas vitórias em casa (sem contar Valência) e onde foi também o último triunfo de Don Fernando Alonso.

Lembro como se fosse hoje, assistindo ainda na casa do meu pai. Ainda era menor de idade. Dez anos depois, como uma fênix que deixa todo mundo boquiaberto, ele ressurge, mais forte do que nunca.

Vamos acreditar nos sinais, mesmo assim, o que importa é a jornada. A única coisa que não nos podem tirar, ainda, é o direito de sonhar e tentar perverter a realidade.

Até!

segunda-feira, 29 de maio de 2023

A ERA

 

Foto: Dan Mullan/Getty Images

Estar no lugar certo e na hora certa é um timing que cada vez está mais comum, com a tecnologia e os novos regulamentos da F1 que não permitem mais os testes ilimitados.

Claro, antes disso tivemos a dinastia Schumacher e os domínios da McLaren e Williams nos anos 1990, mas o que Vettel/Red Bull, Mercedes/Hamilton e agora Verstappen/Red Bull estão fazendo será cada vez mais corriqueiro.

Tirando Vettel, que é um talento indiscutível mas com menos títulos do que “deveria”, Hamilton e Verstappen caminham para a história. Não fizeram isso somente pela superioridade dos carros, mas pelos momentos que definem quem é ou não um gênio, alguém que pode estar com propriedade na mesa dos melhores de todos os tempos.

A pole de Verstappen em Mônaco mostra a mistura perfeita da maturidade com a natureza agressiva do piloto. Max sempre foi até as últimas consequências. Besta ou bestial. Na Arábia Saudita, enquanto disputava o título inédito, colocou tudo a perder na última curva de onde também seria pole.

Em Mônaco, bicampeão, com o melhor carro e o único adversário largando no fim da fila, Max poderia tranquilamente não arriscar e somar os pontos necessários para aumentar a distância. Pensar no campeonato longo. São 22 corridas, afinal, ainda mais em Mônaco. Qualquer deslize e tchau.

E mesmo assim, quando tinha mais a perder do que a ganhar, a eternidade entrou em ação. Uma volta perfeita, no limite, que valeu mais do que uma pole position e uma vitória histórica no palco histórico e mais glamourizado da F1.

É Max Verstappen mostrando que ele é muito além do carro da Red Bull. Isso a gente sabe, não há dúvida, mas as vezes é necessário relembrar, chocar, se fazer entender na marra. A ducha de água fria, pois todos torciam por outra história, o retorno da Fênix, é mais um daqueles momentos.

De certa forma, foi a mesma catarse de quando o quarentão Schumacher fez a mesma pole em Mônaco, há 11 anos. Tudo bem que ele estava punido e não largou na posição de honra, mas a volta de desaceleração com o número um em riste é o que entrou para a história.

O sábado da pole e o domingo do controle da situação, na chuva, no seco e na mistura de ambos, é que definem Max Verstappen, muito mais do que os números e estatísticas.

É puramente o talento geracional do novo momento, da atual era, não tão mais nova, não tão novidade, mas ainda assim impactante.

Até!


NEM ASSIM...

 

Foto: Getty Images

Mônaco é Mônaco. O sábado pode decidir o final de semana. Pérez bateu no Q1 e encerrou o papo de que pode brigar com Max. Tem gente que acreditava nisso inocentemente... Max Verstappen fez a volta voadora mais triste dos últimos tempos e impediu que Don Fernando, a Fênix, voltasse a posição de honra depois de mais de 10 anos.

Haveria uma esperança no domingo, mas estava ali acesa uma possibilidade pela vitória e o fim do jejum. Era preciso acreditar e esperar a oportunidade.

Em Monte Carlo, as oportunidades são escassas. Depende de erros, batidas ou de uma mudança climática. Até a volta 52, o marasmo já esperado. A chuva entra em ação e promete um final de corrida caótico. Só o clima para desafiar Max Verstappen.

Don Fernando tinha a grande chance. 2023 finalmente voltou a sorrir e agora era o ápice. Pódios são bacanas, mas o que as pessoas lembram são as vitórias. O timing era complicado, pois em 2/3 da pista ainda estava seco. Alguns apostaram nos intermediários, Max e Sainz, por exemplo.

Alonso tinha a grande chance. Escolha da equipe ou feeling do piloto. Por uma volta, a escolha. A Fênix manteve os pneus de pista seca. O circuito piorou. A sorte é que a vantagem diante dos demais era muito grande. 

Alonso perdeu a grande chance da vitória consagradora em Mônaco, onde já venceu e por anos preteriu pela Indy, que foi disputada horas depois. Por uma escolha, por uma volta. Pela reação pós-corrida, foi muito mais no feeling do que uma imposição da equipe. Acontece. Os gênios envelhecem e erram.

O mais impressionante é que, mesmo com o tempo virando drasticamente, não houve Safety Car, nem acidentes graves, apenas toques normais. Necessário elogiar a perícia de todo mundo. No fim das contas, nem a mãe natureza impediu mais um triunfo de Max Verstappen.

Sem Pérez, que enquanto tudo isso acontecia, foi apenas o 16°, outro que herdou um lugar no pódio foi Esteban Ocon, o primeiro francês desde Olivier Panis a conseguir tal feito. A Alpine precisava dar uma resposta depois de um início fraco e com direito a críticas públicas do presidente.

A "nova Mercedes" teve um bom resultado, mas um circuito de rua nunca é um parâmetro aceitável para definir qualquer coisa, seja boa ou ruim. Na Ferrari, Sainz segue mostrando que tem um limite na hora H e que Leclerc perdeu a chance de um pódio em casa por uma punição no sábado - outra vez a irregularidade dando as caras.

A McLaren conseguiu pontos humildes importantes com os dois pilotos. Lawrence precisa perceber que o filho é um atraso na Aston Martin. Sargeant ser passado por todo mundo nessa pista me assustou um pouco. O rapaz está pronto para a F1?

Enfim, vai ser difícil parar duas Red Bull. O erro humano e a mãe natureza estão aí, mas nada parece deter Max Verstappen.

Confira a classificação final do GP de Mônaco:


Até!

sexta-feira, 26 de maio de 2023

O ACERTO NO PRINCIPADO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

O cancelamento de Ímola mudou os planos de muitas equipes, que enxergaram a necessidade de trazer as atualizações dos carros em Monte Carlo. Ferrari, Mercedes e Aston Martin pensaram assim, por exemplo.

A Mercedes dá adeus ao "zeropod", que não deu certo, e adota os sidepods mais largos. É a tentativa de recuperar terreno, embora qualquer resultado em Mônaco não seja algo que possa ser amplamente levado em consideração.

Por exemplo, no TL1, Sainz foi o mais rápido e Aston Martin e Mercedes também se mostraram competitivas. Verstappen reclamou do acerto, mas foi o mais veloz no TL2 e Sainz bateu. 

Em uma corrida com características distintas, a torcida é para que a monotonia seja quebrada, embora a Red Bull siga muito forte e favorita. Alonso sonha com uma vitória e a Mercedes está ali, se fingindo de morta para depois... enfim.

Mônaco é um espaço onde muitos afirmam que o dia realmente decisivo é o sábado, quando se define o grid de largada. Pois bem, um pequeno adendo: a classificação será transmitida apenas no Band Sports. A Band, na TV aberta, optou por mostrar a última rodada da Bundesliga. Decisão acertada, aliás, mas isso é outro assunto.

Que Mônaco seja Mônaco em todas as nuances de Monte Carlo.

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!

quinta-feira, 25 de maio de 2023

GP DE MÔNACO: Programação

 O Grande Prêmio de Mônaco é um dos GPs mais conhecidos do automobilismo, juntamente com as 500 milhas de Indianopólis e as 24 horas de Le Mans. É um circuito de rua de Monte Carlo, com 3340 metros de extensão e que exige  muita precisão, devido a uma grande quantidade de curvas e a estreita largura das ruas que formam o percurso.

Passou a integrar o calendário da Fórmula 1 em 1955.

Em 2020, em virtude do coronavírus, a corrida de rua não foi realizada pela única vez na história, retornando ao calendário nesta temporada.


Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:12.909 (Mercedes, 2021)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:10.166 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Sérgio Pérez (Red Bull)

Maior vencedor: Ayrton Senna - 6x (1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 110 pontos

2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 104 pontos

3 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 85 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 74 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 65 pontos

6 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 46 pontos

7 - Lando Norris (McLaren) - 39 pontos

8 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 38 pontos

9 - Esteban Ocon (Alpine) - 30 pontos

10- Kevin Magnussen (Haas) - 15 pontos

11- Daniel Ricciardo (McLaren) - 11 pontos

12- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 11 pontos

13- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos

14- Sebastian Vettel (Aston Martin) - 4 pontos

15- Fernando Alonso (Alpine) - 4 pontos

16- Alexander Albon (Williams) - 3 pontos

17- Lance Stroll (Aston Martin) - 2 pontos

18- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 195 pontos

2 - Ferrari - 169 pontos

3 - Mercedes - 120 pontos

4 - McLaren Mercedes - 50 pontos

5 - Alfa Romeo Ferrari - 39 pontos

6 - Alpine Renault - 34 pontos

7 - Alpha Tauri RBPT - 17 pontos

8 - Haas Ferrari - 15 pontos

9 - Aston Martin Mercedes - 6 pontos

10- Williams Mercedes - 3 pontos


"FUTURO CAMPEÃO"

Foto: Getty Images

Apenas quatro corridas e quatro pontos no começo da jornada na F1, mas o otimismo com Oscar Piastri é grande na McLaren. E não é qualquer entusiasta: é simplesmente o CEO Zak Brown, que foi até a justiça para tirar o australiano da Alpine e substituir o compatriota Daniel Ricciardo.

Apesar das dificuldades que o carro encontra e também por ter alguém como Lando Norris como companheiro de equipe, Brown não poupa palavras elogiosas para o campeão da F3 e da F2:

“Estamos muito impressionados, ele é muito focado e não cometeu nenhum grande erro. Apenas a exploração típica dos limites, ou o travar de uma roda aqui e ali. Ele não esteve em todas essas pistas, então as primeiras indicações são de que temos um futuro campeão mundial em nossas mãos", disse.

Brown também se disse satisfeito com a adaptação de Piastri na categoria (o australiano ficou 2022 parado após conquistar F3 e F2 na sequência) e também se mostrou muito empolgado com a dupla de pilotos, ressaltando que agora a responsabilidade é da McLaren em oferecer um carro compatível com a qualidade dos pilotos.

“A combinação de Lando Norris e Oscar Piastri, não consegui pensar em uma dupla de pilotos melhor. Oscar fez um trabalho fantástico e está trocando tempos de volta com Lando agora, e é isso o que queremos.

O Oscar tem sido impressionante desde que o colocamos no carro. Ele é muito maduro. Ele é muito focado e muito técnico. Nós apenas temos que trabalhar para dar a ele um carro mais rápido agora”, finalizou.

É uma dupla promissora. É claro que Piastri ainda precisa mostrar mais, mesmo que o carro não permita tanto no momento. Um passo de cada vez. Um cara que venceu F3 e F2 no primeiro ano tem credenciais mais do que suficientes para ter esse tipo de tratamento. 

A questão conturbada com a Alpine aumenta a pressão no jovem, mas se ele e a McLaren desenvolverem aquilo que se espera de ambos, o futuro de Piastri e de Woking pode ser muito produtivo e esperançoso.

O CÃO ARREPENDIDO VOLTOU DE NOVO

Foto: Getty Images

A Gazzetta Dello Sport noticiou e as partes confirmaram, na quarta-feira (24), o anúncio da parceria entre a Honda e Aston Martin para que os japoneses sejam os fornecedores de motores do time a partir de 2026, quando o novo regulamento da F1 entra em vigor.

A Honda saiu da F1 oficialmente no final de 2021, quando, depois de anos de trabalho, conseguiu voltar a ser campeã juntamente com a Red Bull, após anos constrangedores na tentativa de reeditar o momento mágico da McLaren dos anos 1980 para o agora.

Com melhoras na parte elétrica e combustível 100% sustentável, os japoneses e a Aston Martin se encontram numa ocasião bem ambiciosa: a Red Bull já acertou com a Ford para o período e o time de Lawrence Stroll entende que, para ser protagonista, é preciso ter um fornecedor próprio: chega de pegar as sobras da Mercedes.

O acordo, inicialmente, é até 2030.

Tem tudo para isso aí dar bom, a princípio: Stroll pai é ambicioso e os japoneses metódicos. Eles demoram, mas entregam resultado. Claro, está tudo muito distante, então as outras variáveis são meramente especulativas hoje em dia: quem será o parceiro de Stroll nesse novo momento? O carro vai encaixar com o motor no novo regulamento? O bólido será bem nascido? O know-how japonês da última década ainda é útil para uma nova revolução tecnológica na F1? Espero responder isso daqui três anos.

TRANSMISSÃO:
26/05 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
26/05 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
27/05 - Treino Livre 3: 7h30 (Band Sports)
27/05 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
28/05 - Corrida: 10h (Band)


terça-feira, 23 de maio de 2023

A MESMA DANÇA

 

Foto: Getty Images

Quase três meses de temporada e a impressão é que a F1 não engrenou, de fato. Um motivo é óbvio: não há competição. Serão 22 corridas onde a Red Bull vai reinar sozinha e apenas questões pontuais que vão impedir um ano perfeito, até porque isso nunca existiu e nem vai existir.

As coisas parecem mornas não só pela falta de um antagonista a um inevitável tri de Max Verstappen, mas também porque a F1 só corre em circuito de rua. É uma coisa sem graça, que foge do histórico da categoria. Parece uma F-E. Não tem espaço, não tem emoção, só apostam em bandeiras amarelas ou vermelhas como se fosse a Indy para forçar alguma pseudo emoção.

A corrida cancelada de Ímola adiou as atualizações prometidas por quase todas as equipes. É evidente que um circuito de rua como Mônaco não é o palco ideal para nada, então tudo será novamente adiado para a outra semana, em Barcelona, tradicional palco da pré-temporada (menos nesse ano).

Então, novamente, teremos que confiar na mística de Mônaco ou na metereologia diferente, desde que não cancele as atividades igual semana passada.

E assim, parece que não será um ano que vai engrenar. Falta sal, faltam personagens, tramas, narrativas. Fica difícil até de tentar construir um texto durante a semana. Está difícil, talvez eu não consiga mais extrair algo de diferente ou enxergar relevância nos detalhes atuais.

Ou talvez esteja de saco cheio de escrever sobre F1, ou da F1 em si, ou do rumo que a categoria está levando, ou do marasmo provocado pelos acontecimentos que fogem de algum controle da categoria.

Ah, eu finalizo esse texto com o óbvio: Mônaco é um lugar histórico e tem que ter cadeira cativa na categoria, assim como Silverstone, Interlagos, Monza, Suzuka, entre outros circuitos antigos e históricos. O problema não é correr lá uma vez por ano, e sim dar um monte de volta em circuitos genéricos como Baku, Arábia Saudita, Miami ou Las Vegas.

Até!


quarta-feira, 17 de maio de 2023

OUTRA PAUSA FORÇADA

 

Foto: Reprodução/Twitter

As fortes chuvas e alagamentos no norte da Itália anteciparam uma tendência que começava a se desenhar ontem, quando o autódromo de Ímola foi evacuado: a pedido do vice primeiro-ministro, Matteo Salvini, o GP de Emília Romagna foi cancelado.

Em virtude do calendário inchado, certamente a prova só deverá voltar ao calendário no ano que vem. Com contrato expirando em 2025, a tendência é uma renovação automática de um ano como compensação ao que aconteceu, embora seja muito prematuro afirmar qualquer coisa.

Sendo bem sincero, eu só acredito nesse cancelamento justamente pela imposição do governo italiano. Mesmo com o autódromo alagado, ainda acho que a F1 tentaria correr até as últimas circunstâncias, tudo pelo contrato, mesmo que isso significasse mais constrangimento, como o que aconteceu na Bélgica em 2021.

A F1 não cancelava um evento nas vésperas desde a Austrália, em 2020, quando a pandemia começou. Talvez seja só coincidência, mas no tão falado "maior calendário da história", voltamos agora para o número padrão de 2022, que já é alto.

Sem China e Ímola, o início de temporada é ainda vagaroso, embora agora é que as coisas apertem de vez. Talvez seja um sinal para que o número de corridas diminua, pois o ritmo de trabalho e as viagens são desumanas para quem está na base da pirâmide.

Por outro lado, o número excessivo de corridas também pode ter sido um fator para que a F1/Liberty não tenha se desgastado, pois assim também ajuda na própria imagem, posando de sensata e mandando solidariedade e apoio para quem precisa nesse momento difícil lá no norte da Itália.

Afinal, antes seriam três corridas seguidas, agora são duas: a F1 volta na semana que vem, em Mônaco, e depois vai para Barcelona.

Até!

terça-feira, 16 de maio de 2023

O BICHO TÁ PEGANDO

 

Foto: Getty Images

Se a F1 nas pistas está bem amena, a situação fora dela já começou a esquentar.

Ainda estamos no início da temporada, mas reações imediatas já prometem abalar as estruturas.

Começando pela Alpine. Em tese, a quarta montadora deveria se aproximar ainda mais das outras três grandes. No entanto, não é esse o resultado que estamos vendo aqui.

Desde problemas nos carros até erros e batidas dos pilotos (incluindo um no outro na Austrália), o CEO da Alpine, Laurent Rossi, já colocou a boca no trombone.

Em entrevista para a imprensa francesa na semana passada, ele basicamente esbravejou que a equipe deveria estar muito melhor na tabela, no desempenho e na distância em relação as outras favoritas e jogou tudo nas costas do chefão da equipe, Otmar Szafnauer.

Ele também afirmou que, se as coisas não melhorarem, ele não vai ficar de braços cruzados. Mudanças vão acontecer, mesmo que sejam bruscas.

Bem, a Renault há tempos tem esse histórico conturbado internamente. Uma equipe que cresce a passos bem tímidos, digamos assim. Apenas uma vitória desde que retornou como equipe.

Bem, Otmar também não geriu bem a questão Piastri e Alonso, além do conhecido relacionamento conturbado entre Ocon e Gasly, mas a culpa não é só dele. A bagunça administrativa que fez o time perder uma de suas promessas também é culpa da alta cúpula.

Se tratando dos franceses, não duvido que tudo isso seja algum motivo para novamente sair da F1, visto que o Pacto de Concórdia precisa ser renovado e, é claro, tudo precisa estar minimamente conforme os interesses da companhia.

Outra notícia forte, mas não surpreendente, é que a batata tá assando para Nyck De Vries. O campeão da F2, estreante aos 27 anos, não pontuou na temporada, assim como o outro rookie Logan Sargeant. O desempenho bem inferior em relação a Tsunoda e as batidas podem estar rendendo um ultimato.

Helmut Marko teria decretado: se as coisas não melhorarem nas próximas etapas europeias, o holandês será sacado do time. E quem seria o favorito? Daniel Ricciardo, hoje reserva da Red Bull.

Liam Lawson, hoje na Super Fórmula japonesa, também corre por fora.

Vamos por partes. Marko destruir a carreira de alguém e queimá-la tão rápido não é surpresa, mas o holandês não se ajuda. No entanto, o tempo para adaptação na F1 hoje em dia é grande. É brutal a diferença de um F2 ou FE para os atuais F1. Nyck precisa de resultados e de tempo, mas no momento é improvável ter os dois a favor.

Sobre o substituto, a própria Red Bull poderia ter colocado Lawson ao invés de trazer alguém de fora para a equipe B, por isso descartaria Lawson. Ricciardo não quis ir para a Haas e ainda está recebendo da McLaren, uma ida tampão para a Alpha Tauri não faz sentido nenhum.

Quer dizer, pode ser um all-in. Vai que ele se imponha diante de Tsunoda e ande mais que o carro, onde a equipe está jogada as traças e já pensando no futuro, se é que ele pode existir.

No entanto, imagina se ele perde para o japonês? Não seria anormal, pois precisaria se acostumar ao carro e a equipe. Enfim, Ricciardo já velho voltando para a Alpha Tauri não faz sentido nenhum, assim como a própria chegada de De Vries.

Sem um grande talento pronto para subir, os taurinos assumiram o risco de bater cabeça nessa escolha. Tirar De Vries para queimar outro talento que certamente ainda não está pronto também não parece prudente e inteligente.

São os bastidores já pegando fogo, e as coisas prometem esquentar ainda mais com o passar do ano, seja pelas especulações de pilotos, seja o Pacto de Concórdia, 2026 ou qualquer outro tema... Afinal, são 23 corridas. É preciso ter assunto para gerar tanto conteúdo, ainda mais que teremos um massacre taurino durante o ano.

Até!

segunda-feira, 8 de maio de 2023

PARA LUTAR CONTRA O ESCORPIÃO

 

Foto: Getty Images

Cheguei a escrever, em 2019, que Leclerc parecia muito mais completo e maduro para disputar campeonatos que Max Verstappen. O recorte até aquele parâmetro me permitia fazer esse tipo de afirmação.

No entanto, quatro anos depois, se revisitarmos tudo isso, parece que sou um idiota. Realmente sou, mas a questão é: qual o motivo dos papéis terem se invertido nesse recorte de tempo? O que aconteceu com Charles Leclerc?

Há alguns motivos que podemos chutar ou conjecturar. Primeiro: pós 2019 e o escândalo dos motores, a Ferrari entrou em desgraça e continua nela, apesar de ter iludido a todos no início do ano passado. Com o pior campeonato em quarenta anos justo na pandemia, é normal que um piloto talentoso como Leclerc queira correr mais que o carro.

Mesmo nessas condições, ele sempre fez poles e pódios porque é bom e muito rápido. O que intriga é que nem na Sauber, quando novato, acontecia tais problemas e as repetições. Claro: a pressão da Ferrari não se compara e Charles ainda é jovem, apesar de ser a quinta temporada no cavalinho rampante.

Andar mais que o carro, juventude, ansiedade, pressão. Tudo isso afeta a confiança. Um atleta de alto rendimento e um cidadão comum duvidam de si mesmo a todo instante, principalmente com aquela velha máxima de que “você é a última corrida que fez” ou algo do tipo. Quando você erra ou vai mal, o fantasma de repetir isso afeta e você quer apenas se livrar da última impressão.

Inevitavelmente, as dúvidas aparecem: será que sou tão bom assim? E tudo é uma espiral... Quando Leclerc vai bem, a equipe o ferra e o chefe coloca o dedo em riste na frente de todo mundo. Quando a equipe não atrapalha, um erro bobo coloca tudo a perder.

O problema é que já são muitos erros bobos para alguém tão experiente. Leclerc está numa equipe que, hoje, precisa de eficiência para alcançar os melhores resultados possíveis. Ninguém discute a qualidade dele, mas a consistência é o caminho. Não adianta ser pole numa corrida e bater dois dias seguidos na semana seguinte. A tabela mostra, assim como 2020 que o menos talentoso Sainz está na frente, entregando mais pontos, mas sem o brilhantismo.

O que acontece com Leclerc? O que será necessário para ter um clique para adotar a consistência? São perguntas que só ele e a Ferrari podem saber.

Ao contrário da fábula do escorpião, é necessário que o monegasco lute contra a própria natureza até aqui na categoria para atingir todo o potencial que existe nele.

Até!

domingo, 7 de maio de 2023

SEM ESFORÇO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

O bom dessa F1 chata e imprevisível é que preciso cada vez escrever menos. Ainda bem. São muitas corridas, dá para basicamente fazer a mesma estrutura e mudar algumas coisas chave. 

23 corridas com o domínio da Red Bull vai ser uma tortura. Parabéns para a Liberty. O novo regulamento vai demorar para aproximar os times e o Pacto de Concórdia sequer está próximo de ser assinado. Bom, o mais importante para a Liberty é que agora as celebridades trazem engajamento para a categoria, circuitos genéricos de rua estão no calendário e as Sprint Race são um sucesso.

Sobre a corrida, a questão era saber em quanto tempo Verstappen chegaria em Pérez. 15 voltas, mesmo com pneus duros e uma suposta dificuldade em ultrapassar. Parece jogar no fácil. Mesmo de cara para o vento, Pérez só abriu 3,7 segundos para o holandês. A corrida acabou ali.

Estratégias diferentes e era só formalidade a vitória de Max ser confirmada, o que aconteceu no final, após a parada. A questão é que não existe disputa pelo título. Pérez não é adversário para Max. Isso não é uma crítica ao mexicano, é somente a realidade. A estrutura Red Bull foi montada, desde a adolescência de Max, para ele vencer e ser o protagonista. Hoje, igualou Vettel como o maior vencedor da Red Bull.

A diferença entre pilotos também é notória. Repito, os adversários de Max estão nas equipes inferiorizadas. Alonso, Hamilton, Russell... esses poderiam dar algum calor se tivessem equipamento competitivo. Como não há, a corrida é uma questão de saber quando Max vai vencer. Se larga na pole, a cobra foi morta no sábado. Quando algo diferente acontece, são 15 voltas até a formalidade acontecer.

Alonso completou o pódio e mostra que a consistência, mesmo no fim da carreira, é comovente. Khabib diz que não existe um segundo auge, mas a Fênix e Nas podem provar o contrário. A Mercedes vai depender do pacote da temporada européia. A Ferrari e seus pilotos não se ajudam, embora Sainz pelo menos não está batendo e trazendo pontos. Por falar nisso, a Alpine conseguiu um final de semana normal pela primeira vez no ano.

Magnussen trouxe um pontinho em uma das corridas da casa. A McLaren parece ser um caso perdido e a paciência de Norris talvez não exista mais. É isso que sobrou.

Em um campeonato particular, estamos vivendo a segunda era Red Bull, a primeira de Verstappen. Com calendário cada vez mais inchado, infelizmente isso será mais longo do que estamos acostumados. Bom, o esporte sempre foi assim. Para quem chegou depois de 2021, acostume-se.

Confira a classificação final do GP de Miami:


Até!


sexta-feira, 5 de maio de 2023

À ESPERA

 

Foto: Rudy Carezzevoli/Getty Images

Miami e suas excentricidades. No início é tudo novidade e inovador, afinal estamos apenas na segunda edição do Grande Prêmio. Os americanos sabem como fazer entretenimento, então certamente isso não é um problema. A questão é saber se o entretenimento será consumível, digamos.

Depois de ter escrito isso, vamos ao que interessa. Primeiro que aparentemente informaram errado os horários dos treinos: 15h e 18h30 ao invés de 15h30 e 19h. Perdi uns 20 minutos do TL1 nessa brincadeira e quando parei para assistir um pouco, Hulkenberg bateu e gerou uma bandeira vermelha.

O TL1 é mais para instalação e alguns testes, mas ainda assim não deixa de ser interessante que o top 3 da sessão foi Russell, Hamilton e Leclerc. Significa alguma coisa? Provavelmente não em termos do resultado final na corrida, mas fica a torcida para que essas equipes se aproximem da Red Bull e ao menos deem algum calor no time dos energéticos.

A questão é que a Ferrari repetiu o bom desempenho no TL2 e a Mercedes não. Difícil explicar o que isso significa, mas enquanto escrevia isso, Leclerc bateu sozinho. Pode ser um problema para a classificação até a equipe conseguir consertar o carro. Foi só eu escrever... Quando não é a Ferrari, são os pilotos que não se ajudam.

Na midiática Miami, pode ser que aconteça uma repetição de Baku: Ferrari competitiva nas voltas rápidas, mas soterrada pelo ritmo de corrida colossal da Red Bull. É torcer que o ar de Miami traga alguma surpresa, algum entretenimento digno de Hollywood.

Confira os tempos dos treinos livres:




Até!

quinta-feira, 4 de maio de 2023

GP DE MIAMI: Programação

 O Grande Prêmio de Miami aconteceu pela primeira vez na história em 2022, em um circuito de rua de 5,4 km. O contrato inicial com a categoria é de dez anos.

Foto: Wikipédia

STATÍSTICAS:
Pole Position: Charles Leclerc - 1:28.796 (Ferrari, 2022)
Volta mais rápida: Max Verstappen - 1:31.361 (Red Bull, 2022)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Max Verstappen - 1x (2022)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 93 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 87 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 60 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 48 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 34 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 28 pontos
7 - George Russell (Mercedes) - 28 pontos
8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 27 pontos
9 - Lando Norris (McLaren) - 10 pontos
10- Nico Hulkenberg (Haas) - 6 pontos
11- Oscar Piastri (McLaren) - 4 pontos
12- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 4 pontos
13- Esteban Ocon (Alpine) - 4 pontos
14- Pierre Gasly (Alpine) - 4 pontos
15- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 2 pontos
16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
17- Alexander Albon (Williams) - 1 ponto
18- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 180 pontos
2 - Aston Martin Mercedes - 87 pontos
3 - Mercedes - 76 pontos
4 - Ferrari - 62 pontos
5 - McLaren Mercedes - 14 pontos
6 - Alpine Renault - 8 pontos
7 - Haas Ferrari - 7 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 6 pontos
9 - Alpha Tauri RBPT - 2 pontos
10- Williams Mercedes - 1 ponto

ELE FICA

Foto: Getty Images

Fundamental para o projeto Red Bull desde quando chegou, em 2006, Adrian Newey vai continuar nos taurinos. Com contrato expirando no final da temporada, ainda não houve anúncio oficial, mas segundo o Autosport, as conversas estão praticamente fechadas. 

Christian Horner não cansou de elogiar o amigo durante toda a trajetória no time:

“Adrian tem sido uma parte muito fundamental desde o início, praticamente.

Ele cobre muitas áreas, e ter a fundo sua experiência e conhecimento, além da forma como ele trabalha com os jovens, é ótimo. Ele está tão motivado como sempre esteve. É claro que ele tem um grande interesse no que está acontecendo no Powertrains e no Red Bull Advanced Technology também.

Portanto, ele cobre os três pilares em Milton Keynes.

É possível ver que ele comprou totalmente o conceito e também o potencial que ele realmente traz a longo prazo”, disse para a Autosport.

Evidentemente é uma grande notícia. O mago da F1 levou a Red Bull a ter grande vantagem pela experiência com o efeito solo há 30 anos. Claro, há toda uma equipe competente em diversas áreas que auxiliam e contribuem em todo esse aparato, mas Newey já provou ser a diferença nessas três décadas e é um dos únicos lembrados nessa função. É o mago.

ELOGIOS DO DOUTOR

Foto: Getty Images

É raro, mas as vezes acontece. O exigente Helmut Marko teceu palavras positivas para Sérgio Pérez após o mexicano vencer pela segunda vez no ano no último domingo, em Baku.

“Verstappen não teve sorte com o safety car, mas Sergio tem mais pódios aqui e é um circuito de rua. Portanto, não subestime Sergio. Ele mudou muito desde que chegou até nós. Ele começou a trabalhar!
Antes, ele era um piloto mexicano que estava curtindo a vida. Ainda faz isso, mas agora faz o trabalho necessário", disse para o podcast F1 Nation.

Realmente, isso é raro, vindo de Helmut Marko, um destruidor e moedor de carreiras. Não deixa de ser um trunfo mental interessante para Pérez: ao menos conquistar um mínimo de admiração ou satisfação de Marko. É evidente que isso não significa que algo possa mudar na hierarquia do time, mas aparentemente o ambiente interno é ótimo, mesmo que os dois pilotos não se biquem tal qual em 2021.

TRANSMISSÃO:
05/05 - Treino Livre 1: 15h30 (Band Sports)
05/05 - Treino Livre 2: 19h (Band Sports)
06/05 - Treino Livre 3: 13h30 (Band Sports)
06/05 - Classificação: 17h (Band e Band Sports)
07/05 - Corrida: 16h30 (Band)


terça-feira, 2 de maio de 2023

O DESESPERO DA ARTIFICIALIDADE

 

Foto: F1

O texto é até repetitivo, mas a F1 não tem novos assuntos ou personagens para discussão. A temporada será longa e, consequentemente, a Red Bull vai ter outro domínio. Tudo que a categoria não queria está acontecendo: o tal do novo regulamento não surtiu efeito.

Aí, como tentativa de solução, a F1 está apelando para o artificial: pistas de rua repetitivas, trocentas corridas no mesmo país e corridas classificatórias que são um fiasco. Um falso espetáculo não se sustenta, e me parece que muitas pessoas estão percebendo isso.

Parece tudo uma cortina de fumaça até esperar o novo regulamento de motores em 2026 e a chegada de Audi, Ford e talvez Porsche e Honda. Sem testes, talvez essas gigantes demorem um tempo para serem competitivas, tal qual Renault e Honda quando retornaram a categoria.

O novo Pacto de Concórdia, a partir de 2024, ainda não foi assinado pelos times. Isso também será um grande motivo de discussão e notícias nos próximos tempos, até porque existe uma nítida rixa entre a Liberty, que organiza os direitos da categoria, e a FIA. Quem ganha essa queda de braço? A FIA quer novos times, as equipes querem proteger os investimentos. Mais equipes, mais pilotos, mais oportunidades, menos dinheiro. Contas a pagar.

No fim das contas, como também sempre escrevo, a F1 sempre foi e sempre será marcada por eras. A diferença é que antigamente, com os testes liberados, os mais endinheirados podiam se recuperar mais rapidamente. Agora, dependendo do nascimento do projeto no novo regulamento, é um processo que leva muito tempo.

Enquanto isso, o desespero da artificialidade pelo engajamento e manchetes fáceis, onde o clique que importa, nos leva a ter coisas que são contra o verdadeiro espírito da F1. É bom que alguns bem intencionados já estão caindo na real. O fiasco de Baku foi muito necessário.

Nesse desespero, só falta fazer o que todo mundo clama: grid invertido, para priorizar o entretenimento fácil e vazio, ou então proibir a Red Bull de ganhar, algo do tipo.

O desespero da artificialidade rende cliques vazios, mas torna a F1 mais desinteressante de forma cada vez mais rápida durante as eras e os domínios de uma equipe/piloto.

Até!

segunda-feira, 1 de maio de 2023

O DONO DO PEDAÇO

 

Foto: Byrn Lennon/F1

A imagem mais emblemática do final de semana foi, pasmem, graças a uma inútil Sprint Race. Tudo porque, na disputa, George Russell tocou em Verstappen. O holandês recuperou a posição e terminou em terceiro, mas teve um buraco no carro causado pelo incidente, o que não passou batido.

Verstappen foi prontamente discutir com Russell ao vivo, para o mundo todo, reclamando do incidente. Russell respondeu que os pneus estavam frios, mas Max não aceitou conversa. Disse que da próxima vez vai revidar e ainda chamou de otário. O dono do pedaço agindo como um valentão.

Não foi a primeira vez. Lembram dele empurrando Ocon em Interlagos depois de perder a vitória? Tudo bem, ali ele tinha razão, mas me chamou a atenção a passividade de Russell no negócio. Ao optar por dar de ombros e mostrar Max como um desequilibrado, a impressão que passa é justamente o contrário: parece que ninguém ali consegue peitá-lo.

Estamos na era Max Verstappen e não existe um antagonista definido para o holandês, fruto da discrepância dos carros no estágio atual. Leclerc e Russell são os naturais candidatos, talvez Norris se tiver um carro bom. Hamilton, hoje é o grande rival, mas o Sir está próximo de se aposentar, não é algo para o longo prazo.

Verstappen reclamar de incidentes ríspidos com os outros não faz sentido porque esse é (ou foi) o modus operandi do holandês até ser campeão: inconsequente, onde muitos acidentes não aconteceram porque os outros recolheram. Hamilton, disputando o título em 2021, cansou dessa política de boa vizinhança e mostrou que sabe fazer a mesma coisa. Não faz sentido. Verstappen reclamando que os outros foram “Verstappen” com ele.

Falta isso para a F1: alguém que peite Max. Ele está muito confortável. Na Red Bull isso jamais vai acontecer, mas se os próprios rivais forem tão passivos, aí fica complicado. A F1 precisa de uma rivalidade, disputa, alguém que se apresente a ser o antagonista do atual bicampeão, futuro tri. Do contrário, narrativas não se constroem, se perdem e o produto fica desinteressante, além de ser uma grande oportunidade de um piloto mostrar personalidade para os fãs.

Senna foi cobrar o jovem Schumacher e deu um soco em Eddie Irvine. Quem não lembra da discussão em Nurburgring onde Massa, em italiano, xingava Alonso, o bicampeão e o “cara” do momento, que retrucava em espanhol? Para Fernando, surgiram Hamilton e Vettel. Para Max, por enquanto, não há ninguém.

A F1 precisa, entre tantas coisas, urgentemente de uma rivalidade.

Até!