segunda-feira, 31 de julho de 2023

(NÃO) VALE A PENA VER DE NOVO

 

Foto: Divulgação/Alpine

Na sexta, a Alpine anunciou mudanças significativas no staff da equipe para a sequência da temporada, a partir da Holanda, quando a F1 retorna das férias de verão.

Conforme escrevi no post de sexta, feira:

“Otmar Szafnauer, Alan Permane e Pat Fry estão de saída. Os dois primeiros demitidos, incluindo Permane que tem mais de 30 anos na empresa. Fry está indo para a Williams ser o diretor técnico.

Interinamente, assumem Bruno Famin, vice-presidente da Alpine Motorsports, Julian Rouse o diretor esportivo interino e Matt Herman lidera a parte técnica. A passagem de Szafnauer foi um desastre. Depois de anos de serviço bem prestados na Force India/Racing Point, a estadia nos franceses foi um fracasso.”

Bom, não pretendo me alongar muito, apenas vou expandir um pouco da narrativa que embarquei nos últimos meses.

A venda de uma parte do time para os americanos pode ser um sinal muito grande de que mudanças profundas surjam no curto prazo.

Desde 2016, a Renault conseguiu resultados tímidos. Em nenhum momento, a equipe de fábrica foi sequer protagonista no retorno à categoria. Uma vitória e pódios esporádicos. Claro que, hoje em dia, é mais difícil começar do zero, mesmo tendo a estrutura e o dinheiro que os franceses têm.

Acontece que a Aston Martin, em contexto semelhante, já entregou uma consistência muito maior nesse semestre de pódios do Alonso do que a Renault. Muita coisa está errada. Os investimentos estão insuficientes. Até quando uma empresa vai aguentar o negativo e sem a conquista esportiva?

As coisas se ligam de maneira muito significativa. Primeiro, a cobrança pública do presidente da Alpine no agora ex chefe. Depois, a venda de parte do time. Agora, as mudanças como consequência de um 2023 terrível. Me parece ser a última cartada.

A paciência e o dinheiro da Renault tem limite. Considerando o histórico da companhia e os últimos movimentos, algo pode estar sendo preparado, planejado ou antecipado. Tudo ou nada.

Ou, simplesmente, tentar conter os danos.

Até!

domingo, 30 de julho de 2023

PULVERIZADOR

 

Foto: ANP

Não há competição. Não importa o contexto, a Red Bull e Max Verstappen vão estar lá. Seja na chuva durante a ridícula e sem sentido sprint race, seja na corrida de fato. Desta vez, Pérez até que fez o papel de escudeiro e segundo piloto por 17 voltas.

O que impressiona é como Max some após a ultrapassagem, que por si só já é muito fácil. Parece que são carros diferentes e que são apenas pintados iguais. É para esmagar e desmoralizar todo mundo, mesmo.

Na verdade, o único momento de tensão e conflito foi de Max com o próprio engenheiro de corrida, Gianpiero Lambiase. Os dois trabalham juntos na Red Bull desde que o holandês chegou na equipe mãe. Max não gostou da estratégia do Q2 de sexta e reclamou, Lambiase retrucou; na corrida, Max reclamou da estratégia durante a corrida; Lambiase respondeu sobre gastar demais os pneus macios; Max queria outra parada para fazer a volta mais rápida, o que foi retrucado.

Hamilton também reclamava do carro vencedor que não tinha competição. Parece que a natureza competitiva desses caras é sempre buscar briga e conflito com algo para se sobressair. É o que resta, porque na pista isso não existe no momento para Max.

Tivemos uma demonstração de força de Leclerc, que herdou a pole após a punição de Verstappen. Foi uma questão pontual e de talento do monegasco, porque os italianos seguem deficitários. Sainz espremeu Piastri na largada e os dois se prejudicaram. Norris teve que fazer corrida de recuperação, assim como Russell. Hamilton não teve ritmo para brigar pelo pódio, mas a Mercedes segue constante como segunda força.

Diante das circunstâncias, a Aston Martin aproveitou os vacilos alheios para somar bons pontos. Hoje, a Fênix e sua trupe sabem qual o lugar do time na hierarquia da F1. Ocon recoloca a Alpine nos pontos e Tsunoda leva a melhor sobre Ricciardo, ainda assim é pouco para a Alpha Tauri.

Do miolo para trás, há disputa e caos, pena que não vale nada. As forças ficam cada vez mais evidentes e estabelecidas. O que não muda, vocês já sabem: Max Verstappen é um pulverizador. Vai bater o recorde de nove vitórias seguidas do Vettel e estabelecer a maior dominância de uma temporada na história.

É torcer para que no novo regulamento a Red Bull erre ou alguém tire um coelho da cartola. Se não, vai ficar cada vez mais sufocante para os rivais e desinteressante para nós, fãs. As férias de verão na Europa chegam em ótima hora.

Confira a classificação final do GP da Bélgica:


Até!

sexta-feira, 28 de julho de 2023

ONDE HÁ ÁGUA...

 

Foto: Getty Images

Spa Francorchamps e chuva. Nem mesmo antecipando a corrida, que geralmente é a primeira do retorno das férias de verão europeu, é possível escapar das condições climáticas adversas. O circuito já é perseguido por hereges, que o culpam por acidentes, mortes, negligências e barbeiragens dos pilotos. Caça às bruxas contra tudo o que não for corrida de rua e asfalto para todos os lados.

Ainda teremos a porcaria da Sprint Race. Ou seja, o primeiro treino, que deveria dar um indício, não serviu para nada porque choveu e poucos foram para a pista. Basicamente todo mundo foi para o qualify no escuro.

A grande notícia do dia vem da Alpine e a série de mudanças que os franceses vão realizar a partir de agosto, no retorno das férias. Otmar Szafnauer, Alan Permane e Pat Fry estão de saída. Os dois primeiros demitidos, incluindo Permane que tem mais de 30 anos na empresa. Fry está indo para a Williams ser o diretor técnico.

Interinamente, assumem Bruno Famin, vice-presidente da Alpine Motorsports, Julian Rouse o diretor esportivo interino e Matt Herman lidera a parte técnica. A passagem de Szafnauer foi um desastre. Depois de anos de serviço bem prestados na Force India/Racing Point, a estadia nos franceses foi um fracasso.

O desempenho nunca esteve lá e o chefão vai ficar mais marcado por ter perdido Alonso e Piastri do que qualquer outra coisa. O presidente da Alpine já estava insatisfeito há alguns meses, chamando até o então chefe de amador. Acabou a paciência. É muito dinheiro investido para resultados tão tímidos. O 2023 da Alpine tem sido muito ruim. As mudanças, mais a venda de uma parte do time para os americanos são indícios que eu também já escrevi sobre. Onde há água...

Bom, voltando para o treino, um circuito longo deixa evidente a diferença da Red Bull para as demais. Teremos briga do segundo lugar em diante, mesmo que Max Verstappen tenha sido punido por trocar o câmbio e largue em sexto. Com isso, Leclerc consegue a segunda pole do ano. Nem assim Pérez se sobressai...

Vai ser aquela briga bonita pelo pódio entre Ferrari, Mercedes e McLaren. A Aston Martin definitivamente ficou para trás. Ricciardo teve azar no Q1 ao passar os limites da pista e ter a volta excluída, eliminando-o da sessão. 

O final de semana promete mais chuvas e incertezas. Vão continuar culpando Spa ou vão atacar o verdadeiro culpado, que é Max Verstappen a FIA e a Liberty?

Confira o grid de largada do GP da Bélgica:


Até!

quinta-feira, 27 de julho de 2023

GP DA BÉLGICA: Programação

 O Grande Prêmio da Bélgica foi disputado pela primeira vez em 1925, e faz parte do calendário da Fórmula 1 desde a 1a temporada da categoria, em 1950. Em apenas seis ocasiões o Grande Prêmio não foi disputado: 1957, 1959, 1969, 1971, 2003 e 2006.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Ayrton Senna - 1:41.523 (McLaren, 1991)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:41.252 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 6x (1992, 1995, 1996, 1997, 2001 e 2002)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 281 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 171 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 139 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 133 pontos
5 - George Russell (Mercedes) - 90 pontos
6 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 87 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 80 pontos
8 - Lando Norris (McLaren) - 60 pontos
9 - Lance Stroll (Aston Martin) - 45 pontos
10- Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos
11- Oscar Piastri (McLaren) - 27 pontos
12- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos
13- Alexander Albon (Williams) - 11 pontos
14- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos
15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos
16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 452 pontos
2 - Mercedes - 223 pontos
3 - Aston Martin Mercedes - 184 pontos
4 - Ferrari - 167 pontos
5 - McLaren Mercedes - 87 pontos
6 - Alpine Renault - 47 pontos
7 - Williams Mercedes - 11 pontos
8 - Haas Ferrari - 11 pontos
9 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos
10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos

"LONGE DO AUGE"
Foto: Divulgação/Mercedes

Mesmo voltando a largar na pole depois de quase dois anos, a largada no domingo desanimou tanto Lewis Hamilton a ponto do Sir declarar que, hoje, ele não está mais no auge da carreira, e que isso começou ano passado, coincidentemente quando a Mercedes também deixou de ter a hegemonia na categoria.

“Acho que ontem depois da classificação parecia que eu estava de volta ao meu melhor. Mas na verdade não estou no auge há mais de um ano", disse, em entrevista, após a corrida da Hungria.

É uma declaração forte, mas que faz sentido por outros motivos. A idade, por exemplo. É evidente que Hamilton não está mais no auge, mas isso não significa que ele virou um piloto desprezível. A questão é que difícil alguém que sempre venceu desde que começou a carreira repentinamente ficar fora do topo e ver as chances de pole e vitória, outrora sempre palpável, agora ser cada vez mais difícil. 

Por isso a emoção na pole 104, porque a ausência de protagonismo afeta o psicológico, a confiança desses grandes competidores, e Hamilton é um deles. Nem tanto ao céu, nem tanto ao céu. "Longe" do auge, Hamilton só precisa de um carro melhor e mais competitivo para mostrar porque detém os recordes que possui.

DESFECHO PRÓXIMO

Foto: Getty Images

Em um mês e maio, talvez em agosto, a FIA vai dar uma resposta sobre a questão da entrada de uma nova equipe na Fórmula 1 a partir de 2026. Foi o que garantiu Mohammed Ben Sulayem, presidente da Federação, durante entrevistas na Hungria, semana passada.

"Espero que consigamos fazer o anúncio no mês que vem. Estamos conversando com gente séria e não queremos excluir ninguém sem uma avaliação detalhada dos pedidos que recebemos.

Estamos falando de grandes nomes e muito dinheiro. A declaração de intenção foi a coisa certa a fazer e, além disso, o contrato diz que o grid da F1 pode ter até 12 equipes", disse para um portal húngaro.

Mais do que somente uma equipe, o desejo da FIA e de Ben Sulayem é de uma fábrica, alguém com estofo e estrutura para somar na categoria. De acordo com essa descrição, a candidatura que mais se aproxima é a da Andretti, que chegaria em parceria com a General Motors, no caso a Cadillac.

"Claro que não queremos qualquer equipe, mas equipes ‘classe A’ e precisamos de novas fábricas. Prefiro fábricas porque seria bom para o esporte. Já tomamos o tempo que precisávamos, a equipe da FIA trabalhou muito duro nisso, já nos encontramos com as equipes para revisar as propostas e aho que chegaremos a uma decisão final dentre de quatro a seis semanas", continuou.

Apesar da Liberty e das equipes serem contra a adesão de outra equipe por questões financeiras, a FIA pretende ir com a questão até o fim.

“É obviamente uma questão política e financeira, mas está claro para mim que a FIA tem de respeitar os tratados que existem. Somos regulamentados pela União Europeia. Não podemos manipular nada. Se uma equipe está interessada e as regras dizeram que podemos ter uma quantidade definida de times, como podemos dizer não?

Entendo as preocupações das outras equipes, especialmente na parte financeira, da distribuição, mas não estou aqui para chatear ninguém. Estou aqui para fazer a coisa certa para o esporte. Ficarei feliz de me reunir com alguém e dar conselhos, mas como podemos negar uma grande equipe que queira entrar na F1 dizendo para comprar uma equipe ou não vir? Acho isso errado”, finalizou.

Uma decisão tão rápida e declarações que aparentemente vão contra o outro lado da questão são indicativos interessantes, se não for meramente um despiste. É uma queda de braço política e financeira e, para o bem da categoria, é melhor que a FIA mostre quem manda: ela, não as montadoras.

TRANSMISSÃO:
28/07 - Treino Livre: 8h30 (Band Sports)
28/07 - Classificação: 12h (Band e Band Sports)
29/07 - Classificação Sprint: 7h30 (Band Sports)
29/07 - Corrida Sprint: 11h30 (Band e Band Sports)
30/07 - Corrida: 10h (Band)


terça-feira, 25 de julho de 2023

PROCURA-SE UM DESAFIANTE

 

Foto: LAT Images

Para algo ter graça, é necessária a possibilidade de alguém perder ou ser desafiado. Por que a F1 voltou a ter uma razoável relevância fora da bolha? Porque surgiu alguém capaz de desafiar Lewis Hamilton e a Mercedes.

E agora, por que tudo voltou ao marasmo? O motivo é simples: não existe, no momento, algo ou alguém em condições de ameaçar Red Bull ou Max Verstappen.

O resultado é óbvio: desinteresse do público e queda de audiência, engajamento, etc. São intermináveis 22 ou 23 corridas por ano e a chance de Red Bull/Verstappen ganharem elas são de quase 100%. Portanto, de novo: vale a pena alguém fora da bolha se dispor a assistir algo que todos sabem o final?

Mas Verstappen não está sozinho nessa por falta de qualidade, mas sim de incompetência das equipes, ou o excesso de competência da Red Bull que no momento dizima a concorrência. Desde Hamilton, no final da carreira, passando por Alonso tentando o último protagonismo e agora passamos para os contemporâneos de Max.

Lando Norris, distante da grande mesa de jantar, se aproxima um pouco mais dessa posição de futuro antagonista. Claro, a culpa era da McLaren e a inferioridade em relação a Mercedes e Ferrari, então era natural que os holofotes ficassem em cima de George Russell e Charles Leclerc.

Em 2023, ambos estão abaixo do padrão, por diferentes motivos. Erros, problemas, azares, tudo isso junto. Norris, outrora resignado a brigar de coice no escuro, ressurge entre os ponteiros para relembrar que ele praticamente fez Ricciardo ser demitido, tamanha a diferença de rendimento. Tanto que nem a vitória do australiano em Monza mascarou esse desequilíbrio.

Relembre o que esse querido blog escreveu sobre Lando: sempre foi uma promessa e um fenômeno na base, tanto que na F2 os holofotes estavam nele, não no depois campeão Russell ou no vice Albon.

A diferença é que Norris pegou o caminho mais difícil para se destacar tão imediatamente. Mesmo assim, consegui resultados importantes e, se não fosse pela teimosia da juventude, teria uma vitória na carreira, aquela desperdiçada na Rússia.

Tudo depende do timing e do carro, é claro. Hoje, a McLaren briga com a Mercedes pelo segundo posto. O que não significa muita coisa, em termos práticos. E amanhã? E o futuro das equipes? E quando Hamilton aposentar? E a vaga na Red Bull? E se nem Ricciardo nem Pérez convencerem os taurinos? E se a Ferrari trocar Sainz e Leclerc se cansar de lá? E a Aston Martin, vira protagonista?

E a McLaren, volta para os anos dourados? Muitas perguntas que os fãs e Verstappen estão, de certa forma, muito ansiosos em ter alguma resposta no médio prazo.

Procura-se desafiante para um piloto holandês e o carro dos energéticos. Tratar com a FIA e a Liberty.

Até!

segunda-feira, 24 de julho de 2023

OLHANDO PARA O FUTURO

 

Foto: Getty Images

A temporada 2023 já acabou. Fruto da competência da Red Bull e menos competência das demais no novo regulamento. E ainda teremos mais dois anos assim até a “nova F1” que vai entrar em vigor a partir de 2026, ainda que a renovação do Pacto de Concórdia não tenha sido assinada.

Uma das disputas relevantes na queda de braço entre FIA e Liberty/equipes é a entrada de uma 11ª equipe. Andretti, Hitech e outros projetos estão interessados. A Liberty e os times não querem porque isso significa menos dinheiro para eles. A FIA, rompida com o showbiz da F1 a partir do novo presidente pós-Jean Todt, pensa com carinho.

O que falta para que isso se materialize? Quais os interesses? Recentemente, tivemos os retornos da Renault e a entrada da Haas. Antes disso, Caterham, Marussia e HRT naufragaram. Lembram quando tinha 24 carros no grid de 2010 e 2011? Era fantástico, mas os times novatos ficaram muito para trás em termos de competitividade.

Isso pode ser um risco, aquilo que o Galvão chamava de “carro de F2 na F1”, mas considerando o tempo que falta para o novo regulamento e a competência de nomes experientes no automobilismo como a Andretti (a compatriota Haas não deixa mentir), a má vontade financeira poderia ficar para trás em prol do bom senso.

Mais carros, mais pilotos, mais funcionários. Claro, a F1 assinou um compromisso de ser mais sustentável, em diversas práticas. Ter mais pessoas e, consequentemente, mais gastos não é algo que ajude, mas pensem: a Red Bull tem 20% do grid, a Alpine/Renault sempre está de vai e vem da categoria (e já vendeu uma parte das ações para os americanos), a Audi está chegando e o restante tem déficit, incluindo as equipes grandes.

A conta não fecha para eles, certo, imagina para os novatos. Claro, é preciso que o projeto escolhido seja sério e coeso, mas a partir daí é impossível prever qualquer coisa. Esse corporativismo dos times e a burocracia da Liberty é um contrassenso na história da categoria: garagistas que tinham o sonho de colocar os próprios carros na pista e fazer a coisa acontecer.

O amor e romantismo não existem mais, o importante são os likes e o engajamento na série da Netflix. A preocupação é não correr na chuva ou enfiar um monte de sprint race como se alguém gostasse disso ou achasse o suprassumo do entretenimento. Pra quê mais carros, afinal?

Nesse lado da situação, torço para que a FIA encontre o bom senso e faça o que Max Mosley transformou a categoria antigamente: as montadoras comendo na mão da F1, e não contrário como estamos vendo hoje.

Até!

domingo, 23 de julho de 2023

INQUEBRÁVEL

 

Foto: Getty Images

Não dá para ser feliz na F1. E a culpa é de Max Verstappen e da Red Bull. O sábado foi até fantástico. O novo formato de classificação (duros no Q1, médios no Q2 e macios no Q3), aliado a chuva de sexta, trouxe uma imprevisibilidade muito bacana, que culminou com a 104a pole de Sir Lewis Hamilton. Ele comemorou como se fosse a prova e todos nós também, afinal a fera poderia ser combatida no domingo, ou ao menos era essa a expectativa.

Ledo engano. Durou menos de uma curva. Três milésimos mais lento, Max já partiu para a ponta ao largar melhor. A McLaren mostra que não é apenas Silverstone e agora disputa com a Mercedes o posto de segundo carro da vez. Belas manobras de Piastri e Norris e um Hamilton que desperdiçou o sábado em poucos metros no domingo. Acontece até com os heptacampeões, mas muito mais méritos para Woking.

Ao marcar o pit de Hamilton, a McLaren "beneficiou" Norris, que no undercut ultrapassou Piastri para ser o segundo colocado. O australiano teve danos no assoalho, o que explica ter batido na trave novamente e ainda não ter subido no pódio. O mais importante é que a evolução da McLaren é sólida. Dois pódios consecutivos assim são raros de acompanhar na história recente da histórica equipe vencedora.

Ao menos no pódio, Pérez segue devendo nas classificações. Difícil escrever que ele fez a parte dele porque sequer chegou em segundo. Nunca a discrepância ficou tão evidente em uma organização vencedora. Ainda errático, uma sombra sorridente e australiana surgiu para tirar ainda mais a paz do mexicano inseguro. Checo em apuros.

A Ferrari segue estagnada, hoje uma quarta força, tímida. Não consegue transformar as voltas rápidas em stints consistentes. Quem perdeu o protagonismo de vez foi a Aston Martin. Ainda faz parte do processo de se tornar uma equipe grande, mas Alonso quase tomou uma volta de Verstappen. O importante foram os pódios do início da temporada, mas aparentemente o limite do time de Stroll foi atingido.

Ricciardo teve a reestreia na F1 prejudicada pela largada ruim de Zhou, que o atropelou e ainda tirou as Alpine da corrida. Alfa Romeo é outra surpresa do sábado, assim como Hulkenberg é o rei das classificações, mas sofre nos domingos. Mesmo com todos esses problemas, o australiano ainda assim terminou a frente de Tsunoda. Será que a Alpha Tauri é tão ruim assim ou estava faltando braço?

Diferentemente do troféu, culpa de Lando Norris, a Red Bull e Verstappen são inquebráveis. 11 vitórias no ano e 12 consecutivas. O livro dos recordes são os únicos adversários à altura. O quão longa será a dominância dos taurinos?

Confira a classificação final do GP da Hungria:


Até!

sexta-feira, 21 de julho de 2023

CUIDADO COM AS ARMADILHAS

 

Foto: Francois Nel/Getty Images

Imagina você, pressionado por uma equipe, vê um antigo piloto da companhia retornando para a F1 numa equipe satélite e os chefes falando abertamente sobre uma possibilidade de ascensão às suas custas no médio prazo. É hora de começar a dar uma resposta, certo?

Sexta feira é um bom início para isso. Você vai para a pista, pista seca, livre e quer dar a primeira volta rápida com as novas atualizações de seu carro dominante. Eis que a roda encosta na grama e, zás, lá está você no muro em menos de cinco minutos. Constrangedor.

Pois bem, esse foi Checo Pérez na Hungria. Ele não está se ajudando e, nitidamente, sente a pressão. Bom, sabemos que o importante é sábado e domingo, mas faz tempo que ele não rende nem nos sábados. E a Red Bull estreia as primeiras atualizações do ano. As chances do carro estar mais afeito a Max Verstappen são enormes, tanto pelo talento quanto pela hierarquia. O fantasma Ricciardo ameaça o mexicano cada vez mais.

Foto: Getty Images

Depois, a chuva veio e mal deu para andar. Na parte da tarde, a Red Bull e Mercedes optaram por testes de corrida. Leclerc foi o mais rápido, mas os carros estão a menos de um segundo de distância. A vantagem de Tsunoda, quarto colocado, para o reestreante Ricciardo, décimo quarto, não é muita. Assim volta o sorridente australiano para a missão Red Bull 2025 (ou 2024, vai que...)

Hoje não deu muito para saber se Ferrari e Alpine conseguem ser fortes, se Aston Martin reage ou a McLaren vira uma força constante na briga pelo pódio ou Silverstone foi apenas uma exceção. Com isso, certamente, teremos uma classificação e, consequentemente, corrida interessantes, do segundo lugar para trás, é claro.

Hungaroring é o lugar onde surpresas acontecem. Alonso, Button, Kovalainen e mais recentemente Ocon venceram a primeira por lá. Alguns aproveitam as armadilhas que os outros caem, outros não.

Hoje foi Pérez quem escorregou na casca de banana. Quem sabe amanhã ou domingo seja a vez dele armar para os demais?

Confira os tempos dos treinos livres:


Até!

quinta-feira, 20 de julho de 2023

GP DA HUNGRIA: Programação

 O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia

Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:16.629 (Mercedes, 2020)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:13.447 (Mercedes, 2020)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Lewis Hamilton - 8x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018, 2019 e 2020)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 255 pontos

2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 156 pontos

3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 137 pontos

4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 121 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 83 pontos

6 - George Russell (Mercedes) - 82 pontos

7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 74 pontos

8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 44 pontos

9 - Lando Norris (McLaren) - 42 pontos

10- Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos

11- Oscar Piastri (McLaren) - 17 pontos

12- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos

13- Alexander Albon (Williams) - 11 pontos

14- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos

15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos

16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos

17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos

18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 411 pontos

2 - Mercedes - 203 pontos

3 - Aston Martin Mercedes - 181 pontos

4 - Ferrari - 157 pontos

5 - McLaren Mercedes - 59 pontos

6 - Alpine Renault - 47 pontos

7 - Williams Mercedes - 11 pontos

8 - Haas Ferrari - 11 pontos

9 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos

10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos


O VELHO RICCIARDO

Foto: Wikipédia

Obviamente que o grande assunto do final de semana é o recomeço da carreira de Daniel Ricciardo, reestreando na F1 na antiga Toro Rosso, hoje Alpha Tauri. Os meses de ausência também serviram para o australiano reavaliar toda a trajetória. Fora da competição e apenas assistindo as corridas como piloto reserva da Red Bull, esse período serviu para que a chama voltasse a acender. Outro fator importante foi voltar para onde tudo começou: a empresa de energéticos.

"Me desapaixonar pela F1 foi também pelo impacto na minha confiança. Claro, se você está competindo em um esporte ou tentando ser o melhor em alguma coisa, o melhor do mundo em alguma coisa, você realmente precisa de confiança total, crença total, e quando isso começa a diminuir um pouco, a curtição também começa a cair. Foram muitos fatores e, voltar para a Red Bull, a recepção que tive ao voltar para aquela equipe, foi, de uma maneira positiva, um pouco esmagadora.

Quando voltei ao simulador, ainda estava um pouco em dúvida de como seria, se ainda sentiria o carro como costumava sentir, se ainda seria, por falta de palavras melhores, o velho eu. Quando fiz algumas sessões no simulador e voltei a me sentir como eu mesmo, isso me trouxe de volta ao Daniel normal, me apaixonando e pronto para começar de novo.

Quando você está mirando o topo, nem todo mundo consegue, então isso parece muito… São muitas histórias tristes, nem todo mundo tem a trajetória do herói, então acho que foi importante manter a perspectiva e também aprender com tudo isso. Entendi que, se eu ainda quisesse, se ainda tivesse aquele desejo, poderia aprender com alguns dos meus erros ou fraquezas. Não sei, só tentei… Mesmo que não quisesse estar naquela posição, ainda tentei encontrar o lado bom nisso para que pudesse seguir adiante e ser uma versão mais completa de mim mesmo.

É isso que, certamente, estou começando a sentir neste ano. Voltar para a Red Bull e tudo mais me faz sentir como se tudo isso tivesse acontecido por uma razão se usado da maneira certa", disse em entrevista para o site da F1.

É uma jornada espiritual, acima de tudo. Todo mundo está curioso para saber se aquele Ricciardo que tinha pinta de futuro campeão do mundo na Red Bull ainda existe ou o efeito McLaren foi realmente defastador. Talvez a verdade esteja no meio desses extremos, mas começaremos a saber agora, na Hungria. Bem vindo de volta, Ricciardo!

APOSENTADORIA?

Foto: Red Bull Content Pool

Não é a primeira vez que Max Verstappen fala em deixar a F1 no médio prazo. Os motivos? A insatisfação com as sprint race e o aumento do número de corridas no calendário, o que prejudica e desgasta a logística de todos os envolvidos no circo da F1. Nesta semana, ele fez novas declarações, onde acrescentou o desafio da parceria com a Ford a partir de 2026 como outro fator de motivação ou não para seguir na categoria:

"Penso que é um projeto muito interessante para nós. E para mim, é muito importante saber o que está rolando, também para meu futuro com o time. Tudo parece promissor. É claro, vamos disputar contra todas essas montadoras e será difícil, mas os sinais são bons. Agora, precisamos tentar e entregar.

Para a revista alemã Auto Motor und Sport, Max novamente se mostrou descontente com o calendário de 24 corridas que vai entrar em vigor ano que vem, se não tiver imprevistos iguais aos desse ano, como os cancelamentos de China e Ímola.

“É muito para mim, mas temos de lidar com isso. Penso que é ao menos mais lógico do jeito que foi planejado. É o melhor para todo mundo. São mais coisas que precisam acontecer para eu dar certeza se quero ficar muito tempo ou não, mas isto não está ajudando, é uma certeza”, concluiu.

A verdade é que tudo depende de como a Red Bull vai estar daqui três anos. Já ouvimos e lemos essas coisas muitas vezes. No entanto, basta perder a hegemonia que subitamente aquela chama competitiva volta com tudo. Esportistas são competidores viscerais. Raros são aqueles que "param por cima" ou conseguem abrir mão de uma posição de domínio que foi batalhado a vida inteira. Não me parece que Max tenha esse perfil e não sei se, mesmo multicampeão, ele teria esse peso de mudar determinadas situações internas da F1. 

TRANSMISSÃO:
21/07 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
21/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
22/07 - Treino Livre 3: 7h30 (Band Sports)
22/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
23/07 - Corrida: 10h (Band)







terça-feira, 18 de julho de 2023

MONTANHA RUSSA

 

Foto: Red Bull Content Pool

Ricciardo é um dos pilotos que eu mais escrevi por aqui em quase dez anos, por diferentes motivos. Ele estava em alta quando comecei o projeto por aqui, desbancando Sebastian Vettel na Red Bull e depois teve toda a trajetória até surgir Max e o “expulsar” para a Renault.

A aposta foi em vão e a McLaren seria uma última chance. Mesmo que tenha vencido, Ric nunca entregou o que se esperava e pelo que ainda recebe de Woking. Escrevi que a trajetória na F1 como piloto de elite tinha acabado e que um retorno não faria sentido, em termos competitivos, para projetos menores ou coadjuvantes.

Acontece que o tempo é imprevisível e as circunstâncias mudam. Lembro de, anos atrás, Ricciardo estar frustrado com o fato de que o tempo passava e ele já estava ficando “velho” para ser campeão. Tinha poucas vitórias para alguém do gabarito dele. É um pensamento compreensível. Todo mundo quer chegar na F1 para dominar e fazer história.

Acontece que nem todo mundo vai ser um Fangio, Schumacher ou Hamilton nos números absolutos. É um elemento raro, depende claro da qualidade mas também do timing. Aí, cria-se pensamentos duvidosos. Como que a carreira de Ricciardo deu errado se um menino saído da Austrália subiu para a Red Bull, desbancou um tetracampeão e venceu oito vezes na categoria e por duas equipes diferentes?

A expectativa é mãe da decepção. Se olhar pela frieza dos números e da análise, Ricciardo nunca brigou pelo título. Culpa dele, do carro, do timing, de ter Verstappen no momento errado e na hora errada? E quando teve Kvyat e o carro não era o suficiente (inclusive perdeu em pontos para o russo)?

Bom, a jornada do herói Ricciardo parece que agora tem um propósito mais evidente: voltar a ser feliz. Sete meses ausente para alguém que vive isso desde adolescente lhe permitiu repensar prioridades e conceitos. Claro, todos estão ali para ser o melhor, mas o objetivo principal do australiano parece ter sido atingido: voltar a ser feliz em um ambiente onde ele fica feliz.

O segundo passo é retomar a confiança nessas corridas que restam em 2023. Não é falta de pretensão, mas está entre a diversão de correr e o que será possível fazer com a Alpha Tauri, a nova Toro Rosso. Caso as respostas sejam positivas, será inegável para todos a comparação com Sérgio Pérez: o Ricciardo 2.0. seria páreo para Verstappen em uma Red Bull que tem alguns anos de domínio pela presente?

É possível pensar em várias óticas e critérios. Não há um lado ou um pensamento totalmente certo ou completamente equivocado. São visões, narrativas. O que é inegável, no entanto, é que a vida e a carreira de Daniel Ricciardo estão numa verdadeira montanha russa de emoções recentemente. O blog é testemunha dessa repercussão.

Até!

terça-feira, 11 de julho de 2023

DE VOLTA ÀS ORIGENS

 

Foto: Reprodução/Red Bull Content Pool

Conforme antecipado em maio e até mesmo na semana passada, Nyck De Vries era alguém marcado para dançar. A experiência na F1 durou apenas 11 corridas, 10 na Alpha Tauri e 1 na Williams. Monza parece ter "enganado" Helmut Marko diante de uma Red Bull sem opções para substituir a saída de Gasly. Não apostar em Mick Schumacher ou nos outros talentos mostra o problema atual da academia de pilotos da Red Bull: não há novos talentos.

A prova é que, com a demissão de Nyck De Vries, o escolhido é um velho conhecido, longe de ser uma surpresa: sete meses depois, Daniel Ricciardo está de volta ao grid e a Faenza. A única diferença é idade e o fato da equipe ter mudado de nome.

Oficialmente, contrato até o fim do ano. Os testes de pneu da Pirelli realizados em Silverstone nessa semana foram preponderantes para a mudança no curso na temporada. O australiano impressionou Horner e Marko. Como resultado, De Vries se junta a uma extensa lista de pilotos incinerados na Alpha Tauri/Toro Rosso, que tem Brandon Hartley, Alguersuari, Buemi, Vergne, Speed, entre outros.

De fato, a passagem do holandês foi apagada. Estrear na categoria "velho", aos 28 anos, mesmo vencido a F2 e a FE não foi o suficiente para mantê-lo ao menos até o fim do ano. O holandês teve dificuldades para se adaptar a F1, o que é normal, mas está fazendo parecer com que Yuki Tsunoda tenha dado um salto de qualidade.

A academia de pilotos da Red Bull vive uma entressafra. A escolha de De Vries foi um exemplo disso. Apesar de seis pilotos da academia estarem na F2 e Liam Lawson, teoricamente o mais próximo da vaga, estar na Super Fórmula lá no Japão, a escolha foi pelo mais experiente, o que prova que a filosofia da equipe mudou, além do nome.

Há boatos que a Red Bull quer vender a Alpha Tauri, uma equipe que hoje está jogada às traças. Franz Tost se aposenta no fim do ano, a Honda vai sair em breve e não há um projeto sólido de crescimento. A equipe é lanterna nos construtores. O retorno de Ricciardo é um teste para Tsunoda. Agora, veremos se o japonês realmente evoluiu ou apenas se aproveitou de um baixo nível de competição. É tipo a situação do Mick Schumacher na Haas com Mazepin e depois com Magnussen.

Ricciardo vai ter que se adaptar a equipe, é óbvio, mas sete meses fora da categoria não enferruja ninguém, ainda mais quem acabou de fazer um teste e está constantemente nos simuladores dos taurinos em Milton Keynes. Muito além de voltar às origens, Ricciardo tem um objetivo flagrante.

 Mostrar desempenho, mostrar a todos que está de volta e ainda é um piloto de ponta para que, no futuro, volte para os grandes assentos, seja em 2024 ou até mesmo 2025, afinal Pérez tem mais um ano de contrato, mas está cada vez entregando menos resultados. Sabemos que a natureza de Horner e Marko são de rupturas intempestivas, então a chance de Ricciardo pode aparecer mais cedo do que tarde.

O sorridente australiano retorna para onde tudo praticamente começou, se fomos fingir que ele não fez as primeiras corridas da carreira na finada Hispania. É como aquela promessa do seu time que vai para a Europa muito cedo e volta para jogar já mais experiente, quase veterano. 

Agora, é tudo com Ricciardo. A última parte da carreira tem uma grande chance de retorno ao protagonismo e a redenção. Será que ele desaprendeu? Será que na Red Bull/Alpha Tauri a confiança voltou? Na dúvida, sorria.

Até!

segunda-feira, 10 de julho de 2023

PICOS E ARMADILHAS

 

Foto: Getty Images

Escrevo isso sentado numa cadeira no meu quarto. No momento, não tenho como estar num avião como Oscar Piastri ou Lando Norris. A conta bancária deles vai muito além de 30 reais e algum sonho.

Uma dupla extremamente talentosa na McLaren. De Norris já sabemos o que esperar, e ele continua mostrando cada vez mais resultado. Não a toa ele fez Daniel Ricciardo ser pago para não trabalhar mais em Woking.

Do outro lado, Oscar Piastri. Uma das estreias com maior pressão na categoria nos últimos tempos. Não pela desconfiança do talento, afinal ninguém vence F3 e F2 de forma consecutiva sem ter o algo a mais, mas sim por chegar na McLaren após uma briga judicial com a Alpine e enfrentar Norris, o dono do time e pupilo de Zak Brown, com um ano inativo, só em simuladores franceses.

Uma nova rota para obter novas coisas. Embora a situação na Alpine fosse terrível e as consequências pudessem ser bem ruins, Piastri recusou a oferta. Manteve a postura e foi para a McLaren para prosperar.

O carro da McLaren não começou bem, igual ano passado. Inexperiente na categoria, é natural que Piastri levasse desvantagem nos treinos, no ritmo de corrida e nas atualizações atrasadas do carro. Ficou evidente que a verdadeira diferença de ambos não estava reproduzida nos pontos, qualyfings ou corridas. Norris ainda não atingiu o auge, é verdade, mas Piastri tem uma margem de crescimento muito maior. Silverstone mostrou isso para ambos.

O final de semana quase propiciou um pódio duplo, o que seria o primeiro do australiano. Um Safety Car e talvez uma estratégia equivocada de pneus não permitiram isso. A questão é: qual é o potencial da McLaren? É possível continuar melhorando o carro a partir das atualizações para mostrar que esse ritmo não foi apenas abençoado pela corrida da casa?

É possível ter essa consistência de se defender de Mercedes com pneus macios e ainda assim dar um certo incômodo no intocável Max Verstappen? Se a McLaren fizer o trabalho dela, os pilotos também vão.

Milhares de segundos e milésimos. Os problemas, perdas e erros são lições aprendidas, como Norris ter perdido a vitória inédita na Rússia por não colocar pneu de chuva. Ele também lida com a própria saúde mental até hoje e está prosperando.

Piastri está no caminho do crescimento. Vai maturando e melhorando o desempenho. No futuro, talvez, possa estar no mesmo nível ou além de Norris, afinal tem credenciais para isso. Vai depender do contexto e do time moldado (ou não) para Lando e os projetos futuros que envolvem a equipe de Zak Brown e outros movimentos de mercado, principalmente para 2026.

Há picos e armadilhas. Desistir não é o caminho, pessoal, diria o autor do ep STILL (Five and a F*** You) em um passado não muito distante.

Até!

FÓRMULA VERSTAPPEN

 

Foto: Getty Images

Tirando Max, até que a F1 está bem interessante, com grandes disputas e alternâncias, menos pelo primeiro lugar. Um universo paralelo.

Começando que, novamente, aquele que deveria fazer alguma frente sequer finge. Outra vez Checo Pérez ficou pelo caminho e conseguiu ser eliminado no Q1 no sábado. Nem mesmo a corrida de recuperação tímida, com o Safety Car, o defende. Só o patrocínio de Carlos Slim e o sucesso estrondoso de Max que colocam essas questões para segundo plano.

A grande novidade do final de semana. Será que o desempenho da McLaren é fruto do acaso do finde ou podemos ver o time de Woking consistente nas próximas semanas? Piastri recebeu as atualizações e também brilhou. O azar do Safety Car tirou o que seria o primeiro pódio do jovem australiano.

Norris é realidade. Só precisa de um carro para fazer o que faz. Assumiu a ponta largando melhor e depois fez o que era possível. No fim, o que poderia ser um erro de conservadorismo da McLaren ao escolher os pneus duros para a parte final se mostrou um acerto graças a garra e qualidade dos pilotos, que resistiram com maestria aos ataques da dupla da Mercedes.

Norris e Piastri, cada vez mais ambientado com a categoria, com o equipamento certo, podem fazer muitas coisas na F1. Depende da McLaren agora transformar isso em algo raro ou recorrente. Como é bom ver o talento prosperando.

A Mercedes segue no mesmo ritmo, mas em corrida ainda está bem. Hoje, teve sorte e competência para ganhar posições no Safety Car e conseguir mais um pódio para Hamilton - o 195° da carreira - azar de Russell, uma tônica no ano. Ainda falta algo a mais para as ex-flechas de prata. O caminho é longo e surgem muitos adversários. Uma hora é Aston, outra McLaren, depois Ferrari... só falta a Alpine chegar.

A Ferrari foi a de sempre: azar e incompetência na estratégia. Tiraram Leclerc e Sainz de bons pontos para ficarem em nono e décimo. Só três. É impressionante a falta de leitura, timing e consequentemente sorte para esses caras. Não tem como não enlouquecer sendo torcedor ou algum membro do cavalinho rampante.

A Aston Martin parou e as adversárias cresceram. Sozinha com Alonso, alguns bons pontos também graças a estratégia e a sorte do Safety Car e só. Talvez uma nova atualização para depois das férias seja necessária para voltar a sonhar com pódios. Muitos já falam em projeto 2024...

Albon é uma realidade. A veloz Williams foi consistente o final de semana inteiro, então não foi surpresa mais pontos para o tailandês nascido e criado na Inglaterra. Quase que ele passa Alonso e ainda deixou as Ferrari para trás. No mínimo, está cavando um retorno para alguma equipe melhor estruturada.

Alpine longe do potencial e a bagunça de sempre, Haas com problemas e as Alf(ph)as jogadas às traças: Tauri e Romeo. 

A Fórmula 1 sem Verstappen seria algo muito bacana. As forças mudam conforme as corridas e as atualizações fazem com que todos consigam brigar, ou ao menos sonhar e surpreender. Menos para vencer, é claro. Aí, Max continua na viagem solitária rumo ao tri campeonato.

Confira a classificação do GP da Inglaterra:


Até!

sexta-feira, 7 de julho de 2023

NINGUÉM

 

Foto: Andrej Isakovic/AFP

E segue a jornada solitária de Max Verstappen rumo ao tricampeonato. Sem adversários, o máximo que o holandês é ameaçado são nos treinos. Aparentemente, a Ferrari vem forte como a segunda força, mas sabemos que na corrida a história é outra.

A Aston Martin parece estar um pouco mais atrás, enquanto a Mercedes é uma incógnita. O velho truque de esconder o jogo na sexta para brilhar no domingo. Ou será que as novas atualizações não estão rendendo o esperado? Mistério...

Quem surpreende, ao menos nos tempos, é a Williams. Claro, sexta-feira e tudo mais, mas o time de Alexander Albon está em ascensão desde o Canadá. Quem sabe o efeito GP 800 da equipe de Grove não seja um impulso importante?

Ademais, até aqui o grande fato do final de semana é que Silverstone está sendo palco também da gravação de cenas de um filme de Fórmula 1 que será estrelado por Brad Pitt e tem a supervisão de Lewis Hamilton.

O personagem de Pitt é um piloto aposentado que volta para a categoria para ser tutor de um jovem talento. Um carro desenvolvido pela Mercedes e Carlin e com dublês está correndo pela pista no final de semana e em outras localidades para desenvolver o filme, sem título e tampouco com data de lançamento definida.

E assim a F1 segue. Quem sabe, com o perdão do clichê, não possamos ter uma corrida de cinema? Ou ao menos uma equipe diferente vencendo?

Confira os tempos dos treinos livres:



Até!


quinta-feira, 6 de julho de 2023

GP DA INGLATERRA: Programação

 O Grande Prêmio da Inglaterra foi disputado pela primeira vez em 1948. Atualmente é disputado em Silverstone, perto da cidade de mesmo nome, em Northamptonshire. Juntamente com o GP Italiano, são as duas únicas corridas que figuram no calendário de todas as temporadas da Fórmula 1, desde 1950.

Já foi disputado em Aintree (1955, 1957, 1959, 1961 e 1962), Brands Hatch (1964, 1966, 1968, 1970, 1972, 1974, 1976, 1978, 1980, 1982, 1984 e 1986) e Silverstone (1950 até 1954, 1956, 1958, 1960, 1963, 1965, 1967, 1969, 1971 1973, 1975, 1977, 1979, 1981, 1983, 1985, 1987 - presente), que teve seu traçado reformado em 2010.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:27.097 (Red Bull, 2020)
Pole Position: Lewis Hamilton - 1:24.303 (Mercedes, 2020)
Último vencedor: Carlos Sainz Jr (Ferrari)
Maior vencedor: Lewis Hamilton (2008, 2014, 2015, 2016, 2017, 2019, 2020 e 2021) - 8x

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 229 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 148 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 131 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 106 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 82 pontos
6 - Charles Leclerc (Ferrari) - 72 pontos
7 - George Russell (Mercedes) - 72 pontos
8 - Lance Stroll (Aston Martin) - 44 pontos
9 - Esteban Ocon (Alpine) - 31 pontos
10- Lando Norris (McLaren) - 24 pontos
11- Pierre Gasly (Alpine) - 16 pontos
12- Nico Hulkenberg (Haas) - 9 pontos
13- Alexander Albon (Williams) - 7 pontos
14- Oscar Piastri (McLaren) - 5 pontos
15- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 5 pontos
16- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 4 pontos
17- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 2 pontos
18- Kevin Magnussen (Haas) - 2 pontos

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 377 pontos
2 - Mercedes - 178 pontos
3 - Aston Martin Mercedes - 175 pontos
4 - Ferrari - 154 pontos
5 - Alpine Renault - 47 pontos
6 - McLaren Mercedes - 29 pontos
7 - Haas Ferrari - 11 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos
9 - Williams Mercedes - 7 pontos
10- Alpha Tauri RBPT - 2 pontos

JÁ PREOCUPADOS PARA 2026

Foto: Getty Images

Embora a Red Bull esteja no topo da cadeia alimentar da F1 e provavelmente vá manter esse status ao menos até 2025, os taurinos já estão preocupados com 2026, quando o novo regulamento de motores e o novo Pacto de Concórdia (ainda não assinado pelas equipes) entrarão em vigor.

A avaliação é feita a partir dos dados do simulador. De acordo com trecho da reportagem do Grande Prêmio, "de 2026 em diante, as unidades de potência terão a parte elétrica ampliada, na mesma proporção que o motor a combustão interna (ICE). Além disso, serão PUs preparadas para funcionarem com combustível 100% sustentável — uma evolução natural no setor automobilístico frente às questões ambientais". 

O que preocupa Max Verstappen e Christian Horner, no entanto, é o excesso de potência nos novos motores em detrimento da aerodinâmica.

“Talvez seja preciso prestar atenção com urgência antes que seja tarde demais. Analisar a relação entre poder de combustão e energia elétrica para ter certeza de que não estamos criando um Frankenstein técnico que vai exigir que o chassi compense com aerodinâmica móvel para reduzir o arrasto em tal nível que afete a corrida”, disse Horner.

Max Verstappen foi além:

“Também tenho conversado sobre isso com a equipe e vi dados no simulador. Para mim, parece bem terrível. Se você estiver de pé embaixo na reta em Monza, não sei, uns 400, 500m antes do final da reta, terá de reduzir a velocidade porque é mais rápido. Eu não acho que esse é o caminho a seguir. Mas, claro, essa é provavelmente uma das piores pistas.

Para mim, o problema é que parece que vai ser uma competição de motores a combustão, então quem tiver o motor mais forte terá grandes benefícios. Essa não deveria ser a intenção da Fórmula 1, pois aí vai começar uma guerra massiva de desenvolvimento de novo e será muito caro encontrar alguns cavalos de potência aqui e ali.

Além disso, os carros provavelmente terão muito menos arrasto, então será ainda mais difícil ultrapassar na reta. Você tem a aerodinâmica ativa, que não pode controlar, e o sistema vai controlar isso para você — o que acho que vai atrapalhar muito a pilotagem, pois prefiro controlar sozinho.

Além disso, o peso do carro está aumentando novamente. Então, sim, temos de olhar seriamente para isso, porque 2026 não está tão longe. No momento, para mim, parece bem ruim com os números que já noto pelos dados. Portanto, não é algo que me deixe muito animado no momento”, afirmou.

Bom, pode ser algum elemento de pressão diante de algumas tentativas, ainda embrionárias, que supostamente não deram certo para o lado da Red Bull, mas aí é muita especulação e ainda falta muito tempo para isso. O que eu gostaria de destacar, no entanto, é os caras já estarem tão focados no médio longo-prazo. Tudo para não perder uma hegemonia que foi reconquistada depois de muitos anos de erros e acertos. Interessante.

LONGE DOS 100%

Foto: Getty Images

A fase não é boa para Sérgio Pérez, dentro e fora das pistas. As eliminações recorrentes no Q2 nas últimas corridas deixam o piloto e a equipe em alerta para o futuro. Embora tenha contrato até 2024, há a sombra de Daniel Ricciardo caso Checo não se recupere imediatamente.

Na Áustria, no caso, parece que uma coisa levou a outra. O mexicano declarou não estar se sentindo bem clinicamente e está preocupado com isso, pois acredita que não vai se recuperar a tempo para o GP da Inglaterra.

Checo foi liberado das atividades de imprensa da quinta-feira passada (29), com mal-estar. Os problemas físicos, clínicos e a pressão deixam Pérez numa situação de muito sacrifício e desgaste.

“Tem sido um fim de semana muito difícil para mim pessoalmente, fisicamente. Tenho estado muito, muito fraco. Eu estava doente na quinta-feira. Portanto, não foi um fim de semana fácil. Não dormia direito durante o fim de semana.

É um esporte muito exigente, dentro e fora do carro. Tenho estado muito doente e, por isso, espero poder recuperar dentro de alguns dias, porque Silverstone é outra corrida muito dura, muito exigente. Realmente preciso de tempo. Estou muito longe de 100% no momento", afirmou.

Se 100% e no ápice físico, técnico e clínico já é difícil suportar as responsabilidades da Red Bull, imagina debilitado e pressionado. Ao que parece, o calvário de Checo não vai terminar tão cedo, a não ser que surja um ato de heroísmo em Silverstone. Ou que os remédios e repouso façam feito. Melhoras, Checo.

TRANSMISSÃO:
07/07 - Treino Livre 1: 8h30 (Band Sports)
07/07 - Treino Livre 2: 12h (Band Sports)
08/07 - Treino Livre 3: 7h30 (Band Sports)
08/07 - Classificação: 11h (Band e Band Sports)
09/07 - Corrida: 11h (Band)




terça-feira, 4 de julho de 2023

TUDO DEPENDE DA REFERÊNCIA

 

Foto: Getty Images

A discussão mais quente do momento envolve a queda repentina de desempenho de Sérgio Pérez. Outrora a menos de quatro pontos atrás de Max Verstappen no campeonato, alguns inocentes acreditaram que o mexicano brigaria pelo título de igual para igual com o futuro tricampeão.

Vocês sabem, aqui está o maior fã do Checo que se tem notícia, desde quando vi aquele capacete em homenagem a Roberto Gomes Bolaños em Mônaco, mais de uma década atrás (como voa o tempo!). Não sei Checo também acreditou nisso, mas não pode ser coincidência simplesmente não conseguir mais fazer o mínimo.

Claro, os ajustes da equipe durante o ano vão naturalmente beneficiar o melhor piloto e o dono do projeto. Só aí uma diferença de performance seria natural. A outra é a confiança. Depois de tantos insucessos e desempenhos aquém, principalmente sendo eliminado no Q2 com o melhor carro, é natural que o piloto comece a duvidar de si mesmo.

Com um adversário implacável, vindo de uma rixa pública e que praticamente não erra mais, tudo fica mais complicado. Porque, como escrevi ontem, não basta apenas perder. Nos últimos tempos, Pérez tem sido trucidado, tal qual era Gasly e Albon, que foram moídos e torrados da Red Bull pelo mesmo motivo.

O implacável Helmut Marko e até mesmo Christian Horner não ficam confortáveis com isso. Agora, há uma sombra de peso, grife e história dentro da organização: o hoje reserva Daniel Ricciardo. Em breve, vai testar os pneus Pirelli pela equipe, na semana que vem, após o GP da Inglaterra. Se o panorama do mexicano não melhorar e o australiano provar que é um cara diferente dos anos da McLaren, pode acontecer de tudo, mesmo que Pérez tenha mais um ano de contrato.

As discussões sobre os segundões prosseguem. Muitos afirmam, provavelmente com razão (até porque não me expandi muito a respeito), que Pérez é inferior a outros escudeiros históricos, talvez apenas superior a Fisichella e Irvine. Talvez. A discussão, na verdade, depende da referência.

Eu enxergo o caminho inverso. Pérez sempre foi um piloto de muito potencial e irregular, vítima da própria personalidade forte e dos carros que guiou. Mesmo assim, conseguiu o que outros caras mais badalados do grid e seus colegas não fizeram. Venceu com uma equipe indo para a falência, embora tenha evitado o fim na primeira vez. Assim, só de chegar na Red Bull e vencer mais algumas vezes por um carro dominante já é uma carreira extraordinária.

Para outros, mais haters ou até mesmo inocentes, repetindo o termo do primeiro parágrafo, frustrados por alguma disputa, emoção ou alguém que possa peitar Verstappen nesse momento, não ser vice campeão com esse foguete é um fracasso. Não deixa de ser verdade, afinal Webber não conseguiu isso em nenhum momento na outra Red Bull dominante. Até Bottas, veja, conseguiu isso na mesma circunstância, onde só corria contra Hamilton.

Bem, nesse caso, então não há como defender Pérez, mas esses estão querendo demais de alguém que em nenhum momento teve condições de entregar o esperado. O máximo que aconteceu foi sonhar, e isso não tem problema e nem custa nada.

Tudo depende da referência.

Até!

segunda-feira, 3 de julho de 2023

NOVOS TEMPOS, NOVOS PARÂMETROS

 

Foto: Getty Images

É praticamente impossível comparar esporte tão longevo sob o mesmo critério. Os tempos mudam, as circunstâncias e contextos também, assim como a tecnologia.

Na F1, não dá para comparar os anos 1980 com os anos 1950 e 1960, assim como não são comparáveis os anos 1990 com os atuais. Tudo é subjetivo, a tecnologia muda, os regulamentos também, então depende muito do critério, de puxar a sardinha para cada brasa e também a dose de saudosismo. O meu tempo é sempre melhor que os dos outros, e por aí vai.

Os números absolutos também são relativos. Por exemplo, antigamente eram poucas corridas (quando o calendário teve 16, passou a ser muito!). Com um equilíbrio maior entre os carros e mais quebras em virtude do menor desenvolvimento tecnológico, era muito raro empilhar tantas vitórias no ano ou em campeonatos consecutivos.

As coisas começaram a mudar justamente no final dos anos 1980, quando as hegemonias começaram a ganhar força. Você sabe: McLaren Honda, depois a Williams, Ferrari de Schumacher, Red Bull de Vettel, Mercedes de Hamilton e agora a Red Bull de Verstappen.

Todo esse contexto explica porque, tão jovem, Verstappen já está entre os cinco maiores vencedores da história da categoria e provavelmente será top 3 em menos de um ano. Com 26 anos. Uma loucura. Os motivos, além do talento excepcional, são: precocidade (pilotos estreiam cada vez mais jovens; o próprio Max entrou na categoria sendo um menor de idade), maior tempo de hegemonia e mais corridas para ganhar numa mesma temporada quando tiver um carro dominante ou muito bom.

Os grandes da história se valeram de todos esses aspectos. Só ver a lista, os números e as hegemonias. A diferença é que uns tiveram mais tempo no topo do que outros.

Listas são relativas. Números são números. Eles não falam tudo. É por isso que existem as discussões sobre quem é o melhor piloto da história, se é Senna, Schumacher, Fangio, Clark, Hill ou Jackie Stewart. Como comparar eras diferentes? É possível?

A discussão não é essa, e sim que as pessoas não devem se impressionar ou achar um absurdo quando pilotos alcançam marcas tão impressionantes ainda tão jovens. É a F1. Os novos e atuais tempos. Um esporte cada vez mais precoce e para jovens. No entanto, engana-se que é qualquer um que pode acrescentar tais estatísticas. A lista mostra por si só. A história também.

Até!

domingo, 2 de julho de 2023

NÃO BASTA VENCER

 

Foto: Peter Fox/Getty Images

Não tem muito o que falar sobre o final de semana da Áustria. Um domínio absoluto de Max Verstappen, na casa da Red Bull. Perfeito. Dos sonhos. Se Pérez fosse mais consistente, o 1-2 tornaria tudo basicamente 100%. Como Pérez é irregular, apesar de largar em 15°, o carro é tão superior aos demais que ainda assim conseguiu o pódio.

A Ferrari teve o melhor desempenho no ano. Não se atrapalharam, embora Sainz estivesse mais rápido que Leclerc no início. Os papéis até se inverteram. Sainz merecia sorte melhor, foi prejudicado, perdeu ritmo e ficou para trás. Leclerc, mais comedido e até burocrático, voltou ao pódio. Precisa ser menos errático e cumpriu o papel que lhe cabe.

De resto, vimos um colossal Lando Norris tirando muito mais que a McLaren pode extrair. Quer dizer, aí pode existir um caminho, pois o inglês guiou o carro atualizado, enquanto Piastri ainda estava com o antigo. Ainda assim, ser o quarto com essa McLaren mostra o talento e a qualidade do inglês.

Mercedes abaixo do ritmo, assim como Aston Martin. Corridas burocráticas. Um raro Toto Wolff precisando falar de forma mais brusca com Hamilton. O heptacampeão não aguenta mais não conseguir lutar como sempre fez em toda a carreira. Ninguém se acostuma a apenas somar pontos. A Áustria foi um choque de realidade até para o novo W14, embalado pelos pódios anteriores.

Alonso foi o quinto, em corrida correta e nada mais. Para quem ainda sonha em vencer, existem alguns circuitos que a característica do carro não encaixa, como por exemplo esses mais velozes.

Brigas encarniçadas do pelotão pra trás, mas alguns pontos óbvios: Albon está pronto para voltar para a Alpha Tauri e De Vries está de aviso prévio na equipe. Uma coisa não tem nada a ver com a outra, necessariamente, mas é a realidade que grita nos ouvidos.

Como escrevi sexta-feira, essa palhaçada de limites de pista precisa acabar. É ridículo. Coloca brita e deu. Os comissários analisaram 1.200 voltas "sob investigação". A cada quatro voltas "irregulares", o piloto foi punido com mais 5 segundos no tempo final. O resultado: horas depois da corrida, o resultado final não existia e algumas posições da zona de pontuação foram alteradas. Ocon, por exemplo, levou 30 segundos. 

A F1 passa vergonha a cada corrida por critérios (e a falta deles) descabíveis, como por exemplo colocar Safety Car na pista porque um piloto deu uma escapada na primeira volta. Eu nunca tinha visto isso. Daqui a pouco vai ter bandeira vermelha quando um pássaro cagar na pista.

Para Max Verstappen, não basta vencer. É preciso humilhar e trucidar a concorrência. 81 pontos de vantagem no campeonato, domínio absoluto, vantagem gigante. Tudo perfeito? Não, para Max não basta. Ele queria fazer a volta mais rápida, podia fazer o pit stop e tentar (outra regra ridícula essa de ponto para volta mais rápida; confesso que torci por algum problema para o taurino). E tirou o que seria a melhor volta de Pérez.

Por isso Max Verstappen já é top 5 vencedores da história com apenas 25 anos. E vai chegar em Hamilton e Schumacher rapidinho, num piscar de olhos. O motivo é simples: não está nem no auge e a Red Bull, mantendo essa competência, vai fazer um carro capaz de Max vencer no mínimo em média umas 6 ou 7 corridas por temporada, mesmo se os taurinos não forem o melhor carro ou tiverem ampla concorrência.

Não basta vencer. Max esmaga e humilha os adversários, como se jogasse no fácil no modo carreira.

Confira a classificação final do GP da Áustria: