sexta-feira, 31 de julho de 2020

NOVO E VELHO NORMAL


Foto: Getty Images

Hoje foi o dia que o novo e o velho se juntaram na quente Silverstone para os treinos livres do GP da Inglaterra. Como todos sabem, Sérgio Pérez está ausente desta e da próxima etapa porque contraiu o Covid, provavelmente por ter embarcado para o México para visitar a mãe, que está hospitalizada. O novo normal.

Para o lugar do mexicano, uma "novidade": Nico Hulkenberg, que estava ausente desde dezembro e não é estranho a casa, pois pilotou pela Force India por quatro temporadas. Ou seja, conhece o pessoal. Não deixa de ser irônico que, em meio a guerra Renault-Racing Point, o time do Stroll pai tenha contratado o ex-piloto da Renault, que inclusive deu detalhes técnicos interessantes sobre as diferenças dos carros das duas equipes.

Foto: Getty Images

Complementando essa sensação de novo e velho, quem liderou o TL2 foi Lance Stroll. Os carros andaram pouco e muitos optaram pelos stints com pneus duros é verdade, mas isso mostra o quão incompetente é a Fórmula 1 em fazer o canadense ter reais chances de pódio, diria eu uma obrigação, ainda mais com o alemão fora de forma e avoado do lado ao invés do competente Pérez.

No primeiro treino, Verstappen foi o mais veloz. As Mercedes estão escondendo o jogo e Albon bateu forte. Errou de novo. Quando um piloto Red Bull começa a fazer isso, é sinal de que as coisas podem piorar muito em breve... pior do que bater, é encarar Helmut Marko na sequência. Vettel mal treinou, com problemas, mas aparentemente a Ferrari parece um pouco competitiva, ao contrário da McLaren, que responde as dúvidas da pré-temporada, distorcida por Lando Norris na Áustria.

Nesse final de semana, o que pode fazer a diferença para embaralhar tudo é o calor em Silverstone. Além disso, fica a novidade pelo "retorno" de Hulk a ex-Force India e a expectativa que os rosas consigam um pódio, embora não tenham pilotos para isso. Ah, sem contar com Hamilton se aproximando dos recordes de Schummi, mas isso deixou de ser novidade há muito tempo.

Confira os tempos dos treinos livres para o GP da Inglaterra:




Até!

quinta-feira, 30 de julho de 2020

GP DA INGLATERRA: Programação

O Grande Prêmio da Inglaterra foi disputado pela primeira vez em 1948. Atualmente é disputado em Silverstone, perto da cidade de mesmo nome, em Northamptonshire. Juntamente com o GP Italiano, são as duas únicas corridas que figuram no calendário de todas as temporadas da Fórmula 1, desde 1950.
Já foi disputado em Aintree (1955, 1957, 1959, 1961 e 1962), Brands Hatch (1964, 1966, 1968, 1970, 1972, 1974, 1976, 1978, 1980, 1982, 1984 e 1986) e Silverstone (1950 até 1954, 1956, 1958, 1960, 1963, 1965, 1967, 1969, 1971 1973, 1975, 1977, 1979, 1981, 1983, 1985, 1987 - presente), que teve seu traçado reformado em 2010.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Lewis Hamilton - 1:27.369 (Mercedes, 2019)
Pole Position: Valtteri Bottas - 1:25.093 (Mercedes, 2019)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton (2008, 2014, 2015, 2016, 2017 e 2019) - 6x

TOTO WOLFF QUER REAÇÃO... DOS RIVAIS

Foto: Getty Images

O sétimo campeonato consecutivo de pilotos parece encher a paciência dos fãs da Fórmula 1 e causam estranhamento até para a Mercedes. Toto Wolff, chefão da equipe, admite surpresa com um domínio avassalador há tanto tempo, mas diz que a culpa da "chatice" da F1 não é da Mercedes, superior as demais, e sim das rivais, incapazes de reagir:

"Não há uma única célula em nós que acredita que o campeonato já acabou. Isso é algo que realmente pode te surpreender. Por outro lado, o domínio de uma única equipe, seja nós, seja a Red Bull na década passada, seja a Ferrari nos anos 2000, sempre é estranho para o campeonato. Mas não cabe à equipe que deu esses passos adiante ser vista como responsável pelo campeonato ser previsível”, disse.

“Nós estamos ansiosos para correr contra nossos competidores. Queremos correr contra Ferrari e Red Bull, contra novos desafiantes como a Racing Point, enquanto McLaren e Renault precisam voltar à dianteira Eu adoraria ter uma concorrência forte, com resultados imprevisíveis desde o TL1, mas é muito difícil para nós mudar a divisão de forças. Temos um objetivo chave, que é terminar cada fim de semana fazer o melhor uso de nossa habilidade, somar muitos pontos e lutar pelo campeonato. Não há mais o que possamos fazer”, destacou.

Faz sentido. Um campeonato sem concorrência perde emoção e valor até mesmo para os vencedores. Basta notar como as Mercedes basicamente só aparecem na transmissão na largada e na linha de chegada. Viram coadjuvantes graças a ampla superioridade e a falta de oposição, por mais estranho que isso possa parecer. 

Por outro lado, isso também é da boca para fora. O sonho de qualquer organização é vencer sem correr riscos ou sustos, e já faz quase uma década que Hamilton e Mercedes estão conseguindo esse feito. O único que ameaçou Hamilton foi alguém que era da própria equipe (Rosberg), então isso mostra a diferença de nível entre as flechas de prata e o resto.

MAIS UM PRETENDENTE

Foto: Getty Images


A situação excepcional de 2020 está permitindo a vários países a oportunidade de voltar a calendário da F1, nem que seja apenas por essa vez, em virtude dos cancelamentos de diversas etapas espalhadas pelo globo.

Agora, depois das recentes adições de Portimão, Ímola e Nurburgring, a Turquia surge como interessada. O autódromo de Istambul, que ficou no circo de 2005 a 2011 e foi palco da primeira vitória de Felipe Massa na categoria e o acidente entre Vettel e Webber, conta com a ajuda do governo turco para essa empreitada.

“Com apoio do presidente da República da Turquia, esforços estão em andamento para incluir o país no calendário de corridas de 2020 e organizar uma etapa da Fórmula 1 no Istambul Park”, publicou uma página ligada à presidência.

O país saiu da F1 porque o circuito enfrentou problemas financeiros e chegou até a virar uma concessionária de carros usados. Nesse momento, vale tudo. Quanto mais, melhor. A FIA e a Liberty que se virem para encaixar em alguma data próxima a alguma localidade também próxima da Turquia. No entanto, agora passam a faltar datas em 2020, considerando que em breve teremos as confirmações da corrida dupla no Bahrein e uma em Abu Dhabi.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 63 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) -  58 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 33 pontos
4 - Lando Norris (McLaren) - 26 pontos
5 - Alexander Albon (Red Bull) - 22 pontos
6 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 22 pontos
7 - Charles Leclerc (Ferrari) - 18 pontos
8 - Lance Stroll (Racing Point) - 18 pontos
9 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 15 pontos
10- Sebastian Vettel (Ferrari) - 9 pontos
11- Daniel Ricciardo (Renault) - 8 pontos
12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos
13- Esteban Ocon (Renault) - 4 pontos
14- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
15- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 1 ponto
16- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 121 pontos
2 - Red Bull Honda - 55 pontos
3 - McLaren Renault - 41 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 40 pontos
5 - Ferrari - 27 pontos
6 - Renault - 12 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 7 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos
9 - Haas Ferrari - 1 ponto

TRANSMISSÃO

Foto: Globoesporte.com










terça-feira, 28 de julho de 2020

O PROBLEMA DA INOCÊNCIA

Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio
As circunstâncias do coronavírus anteciparam muitos problemas e pontos de interrogação sobre o futuro do Brasil na Fórmula 1 enquanto sede de um grande prêmio.

Sem contrato para o ano que vem e com Deodoro, a pista imaginária como favorita, o curto/médio-prazo do país receber o único grande evento esportivo mundial anual possível é um grande baque para setores da economia e, principalmente, para a cidade de São Paulo.

Tamas Rohonyi, promotor do GP do Brasil, soltou o verbo contra a FIA, FOM e a Liberty após a confirmação do cancelamento da corrida no país nos últimos dias. Em entrevista para o "Grande Prêmio". Para ele, a pandemia não é motivo suficiente para justificar a ausência. Para Tomas, não foi uma questão humanitária e preocupada com a situação do covid no país, e sim uma questão econômica: com a crise, tudo fica mais caro, principalmente transportar tantos equipamentos da Europa até a América do Sul por essas bandas. Foi basicamente por isso que o Canadá, mesmo em situação mais controlada da doença do que em relação aos vizinhos da América, também foi descartado.

Tamas até disse que cogita colocar todo mundo na justiça, mas certamente não sairá vitorioso. Em outra entrevista para o "Grande Prêmio", ele afirmou que a renovação de Interlagos com a F1 "está avançando", mas deixou uma pista sobre o que uma parte da cúpula da FIA/Liberty pensa: eles realmente acreditam que o tal circuito de Deodoro estará pronto para sediar corridas no ano que vem, ignorando toda a disputa judicial e as questões ambientais que cercam esse controverso projeto.

Ano passado, quando Chase Carey veio ao país para conversar com João Doria e Jair Bolsonaro, Tamas deixou ainda mais claro o raciocínio de o porquê a FIA/Liberty, no momento, pender para o projeto carioca:
“O que eu sei é que tivemos uma reunião com o governador (João) Doria quando Chase Carey esteve em São Paulo. O governador disse: ‘Chase, essa história de construção de um autódromo no Rio é uma fantasia. Eu conheço um pouquinho as condições deste país e do Rio, e não consigo entender como você acredita nisso. E aí Chase, curiosamente, deu uma justificativa que… não é totalmente sem fundamento: ‘Se o presidente da república me diz que tem 99% de certeza que vai acontecer no Rio, quem sou eu para duvidar?’ Mas por aí se vê que ele não tem o conhecimento nem discernimento suficientes para entender. E confesso a você que, a partir disso, eu que não entendo”

É o benefício da dúvida, principalmente de quem não acompanha por perto e não conhece as situações que vivenciamos. Acreditar na palavra e dar um voto de confiança é uma virtude mas, neste caso, esse é o problema da inocência: ao acreditar em conversas fiadas, Chase Carey está ajudando a tirar um autódromo e um mercado importantíssimo de circulação mundial, sem contar a estagnação das negociações de transmissão com a Rede Globo.

Sem Interlagos e talvez com um projeto que não saía do papel ou não seja o que realmente se mostra, quem perde é a categoria e muito mais o Brasil, é claro, mas isso Chase Carey não se importa nem um pouco, e talvez nem deveria. O problema da inocência vai cair no colo de várias pessoas que não têm a ver com o assunto.

Até!




sexta-feira, 24 de julho de 2020

IDAS E VINDAS

Foto: Getty Images
O que era uma obviedade agora tornou-se oficial: em 2020, a Fórmula 1 não vem para as Américas. Brasil, Estados Unidos, México e Canadá terão que esperar por 2021.

O caso dos três primeiros é óbvio: os casos e óbitos decorrentes do coronavírus não estão perto de diminuir, e uma longa viagem com o risco de exposição a doença assusta o circo. O Canadá, em situação diferente, não valeria a pena para as equipes viajar apenas para uma corrida no continente - o que inclui equipamentos, motorhomes, etc.

O futuro do Grande Prêmio do Brasil é uma incógnita. 2020 é o último ano de contrato com Interlagos e um acordo parece distante. O pior: o tal autódromo de Deodoro, que tomara que nem saía do papel, é o favorito, mas alguém realmente acha que esse monstrengo não vai levar no mínimo alguns bons anos para ficar pronto?

Perder Interlagos, um dos circuitos mais tradicionais da história, presente na categoria desde 1972, é um crime. Alguém precisa avisar isso para o bigodudo. Além disso, o traçado permitiu ao longo da história momentos inesquecíveis. Alguns milhões de dólares não podem ser suficientes para acabar com essa história em um dos mercados mais valiosos e com mais espectadores do esporte. O país não se resume ao Rio de Janeiro.

Bom, a FIA já definiu suas substitutas, e teremos retornos e novidades. Ímola e Nurburgring, ausentes desde 2006 e 2013 respectivamente, estão de volta para o GP da Emilia Romagna e GP do Eifel. Com isso, a Itália, que no início do ano era o epicentro do covid, vai terminar 2020 realizando três corridas. No circuito italiano, uma novidade: apenas dois dias de atividades (sábado e domingo, com um só treino livre).

Foto: Getty Images
A grande novidade é a estreia do Autódromo de Algarve em Portimão, Portugal. O país volta a receber a F1 depois de 24 anos, mas agora não em Estoril. Ele foi reformado em 2008 e chegou a receber, na época, testes privados de Toyota, Honda e a McLaren de Lewis Hamilton, na foto acima.

Como escrevi anteriormente, uma coisa boa disso tudo são esses circuitos "diferentes" retornando e/ou estreando na F1, dando lugar a outros lugares chatos e sem graça na mesma ordem que estamos acostumados. Infelizmente, dessa vez, Interlagos vai fazer falta e o Brasil, que não tem perspectivas de um piloto retornar a categoria, agora vive com a incerteza se vai sediar alguma corrida no curto/médio-prazo.

Nas próximas semanas, a FIA também deve anunciar duas corridas no Bahrein e a etapa final, em Abu Dhabi. E para 2020 está bom demais. Entre idas e vindas, o Brasil perde e a F1... bem, não sei se ganha. Ao menos serão paisagens e traçados diferentes para acompanharmos pela TV.

Até!

segunda-feira, 20 de julho de 2020

O ELO MAIS FRACO E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Foto: MotorSport
Em qualquer área no mundo, infelizmente, ser bom e talentoso apenas não é o suficiente. Existe variáveis de comportamento, poder e outras normas. A F1 é um símbolo disso. Certamente não são os 20 melhores pilotos do mundo ou os melhores nos principais carros. É tudo uma questão de conjuntura, política e oportunidade.

Como é algo histórico na categoria, sempre existem aqueles que estão lá para pagar a conta dessa brincadeira toda e, como investidores, exigem contrapartidas que justifiquem um alto investimento diante do nada.

Anos atrás, Lawrence Stroll comprou uma vaga na Williams. Depois, ao ver que aquele lugar era uma furada para o filho e que nem a grana poderia ajudar, viu na falida Force India uma oportunidade. Uma equipe competente mesmo na crise e na bagunça que o excêntrico Vijay Mallya tentou transformar aquilo, mas que nas pistas parecia a prova desses problemas.

Lawrence comprou as ações do time, que virou Racing Point e agora vai ser Aston Martin. Uma boa injeção financeira em uma equipe média com o investimento e o nome de uma grife importante do automobilismo. Para isso existem contrapartidas óbvias, não? O filho tem que estar lá. É o que justifica esse montante todo que, para ele, deve ser apenas um troco de pinga.

Nesse caso, o elo mais fraco da questão é Sérgio Pérez, piloto muito superior e mais competente que Lance, mas se for comparar, nos últimos dois anos, quem trouxe o melhor resultado foi o canadense (dois quarto lugares). E Pérez ainda tem o aporte de Carlos Slim e o apoio do ex-presidente do México, que fez questão de trazer o circo da F1 de volta para o renovado Hermanos Rodríguez.

É claro que se Vettel ir para a Aston Martin, quem dança na questão é o mexicano, e ele sabe disso. É o elo mais fraco e isso traz consequências interessantes para a Fórmula 1: um bom piloto, experiente e com grana vai estar disponível no mercado.

As opções são, no entanto, somente duas: a Haas, que não renovou ainda com a eterna dupla de trapalhões e a Alfa Romeo, um sustentáculo da Ferrari. As duas, principalmente a Haas, precisam de dinheiro (aliás, quem não precisa, durante essa crise da pandemia?). Seria o casamento perfeito: bom piloto + dinheiro.

Talvez quem saia perdendo é Pérez, indo para uma organização com menos dinheiro, um carro pior e lideranças complicadas. Caso a saída se confirme, são os ossos do ofício. A vida não é justa, não é mesmo? No entanto, é a chance de um novo começo, talvez o último do Checo na F1.

Até!

domingo, 19 de julho de 2020

SEM DÚVIDA

Foto: Getty Images
Sem dúvida que Hamilton será hepta e vai bater o recorde de vitórias de Schumacher. Agora, faltam seis. Hoje, ele igualou oito vitórias em um mesmo Grande Prêmio - a Hungria, onde as glórias começaram pela Mercedes.

Sem dúvida que Hamilton é muito melhor que os demais, mesmo que o carro da Mercedes ajude. É o mérito do campeão e de uma equipe competente há sete anos, ao contrário dos demais, que seguem errantes. Tirando Verstappen e Leclerc, o resto está em uma outra prateleira. Por isso, sem dúvida é que Bottas não se aproxima de Rosberg. O finlandês não incomoda Lewis e ainda desperdiça oportunidades. Em uma largada pavorosa, teve ali sua corrida comprometida e perdeu três pontos importantes na "briga" pelo campeonato.

Foto: Getty Images
Sem dúvida que Max Verstappen é um supertalento que divide opiniões e parece que precisa de extremos. Hoje, poderia ter sido patético, ao bater o carro na volta de instalação para o grid mas, graças ao trabalho árduo dos mecânicos, não só largou muito bem como fez uma corrida excepcional para que o contexto permitia: de sétimo para segundo, segurando Bottas no final. A Red Bull involuiu. Uma pena, pois Max merece faz tempo um carro veloz e confiável para tentar sonhar contra os alemães. Hoje, nem isso consegue e vive de comemorar segundo lugar. Não é desprezível, claro, mas é pouco para o talento do holandês.

Sem dúvida que a Racing Point é a Mercedes B, assim como os pilotos são de segunda categoria. Checo Pérez, o aproveitador, disse que se sentiu mal no final de semana. Isso pode explicar a inexplicável surra levada pelo menino Stroll. A F1 está muito errada e incompetente quando permitem ao canadense grandes chances de chegar ao pódio. Do jeito que é sortudo, será uma cena recorrente.

Sem dúvida a Ferrari foi ao menos decente com um e trapalhão com o outro. Ao colocar pneus supermacios em Leclerc, acabaram com a corrida do monegasco que, com uma bucha nas mãos, não conseguiu fazer muita coisa no tráfego. Essa Ferrari é muito lenta. Nem pontuou. Vettel, por sua vez, teve uma estratégia correta e somou bons pontos, num sexto lugar aceitável para o contexto. Os problemas dos italianos são tantos que a questão está muito além de um final de semana ruim. Pelo jeito, esse drama vai durar algum tempo considerável.

Albon em quinto fez o que se espera, mesmo em um ambiente pronto para lhe fritar. Depois, em sétimo, o combalido Pérez, seguido de Ricciardo, fazendo o que pode com a Renault, Sainz (nem sempre a McLaren vai ser beneficiada pelas circunstâncias) e o surpreendente Kevin Magnussen.

Sem dúvida que a Haas fez a grande jogada do dia, porém isso quase lhe custou todo o trabalho de domingo: na volta de apresentação, a dupla foi chamada para os boxes e largou de médios. Como todo mundo parou, chegaram a ficar em terceiro e quarto até despencarem normalmente. Além disso, a FIA os puniu com 10 segundos por terem recebido instruções proibidas no rádio. Com isso, o que seriam dois virou um pontinho do dinamarquês, que vale ouro, suado, no mérito. É um banquete para a Haas, afogada no fim do grid. E que regrinha da FIA, hein? Imagina perder todos os pontos por essa palhaçada...

Sem dúvida a Alfa Romeo está melancólica e, sem dúvida, foi uma corrida chata, esquecível. A pior desde Paul Ricard, que por sorte nos livramos em 2020.

É assim que Lewis Hamilton, a cada final de semana que passa, fica maior e mais imortal em todos os sentidos. Sem dúvida.

A Fórmula 1 volta em duas semanas com o Grande Prêmio da Inglaterra.

Até!

sexta-feira, 17 de julho de 2020

1-2-3-4-...5

Foto: Getty Images
Mercedes, Mercedes, Racing Point, Racing Point. Tão simples quanto contar até 4, foi assim que ficaram as primeiras quatro posições no único treino livre com pista seca nesta sexta-feira, na Hungria.

É pouco? É, mas a amostragem não deixa de ser relevante. Mercedes A e B mais velozes em um circuito travado. Em tese, a coisa melhora para a Ferrari e equilibra em relação a Red Bull e McLaren. Na chuva, Vettel foi o mais rápido, apenas como nota de rodapé, para constar.

A Hungria tem um traçado chato, travado, mas ultimamente tem sido palco de boas corridas, movimentadas. A previsão é de que talvez chova, o equilibra e torna tudo muito incerto, principalmente em um traçado travado, que proporciona muitas escapadas, acidentes e consequentemente Safety Car.

Vai ser uma batalha interessante se Hamilton vai conseguir a oitava vitória em Hungaroring, palco onde venceu pela primeira vez com a Mercedes ou se Bottas, líder, consegue abrir mais uns pontinhos de diferença.

Foto: Getty Images
Hoje faz cinco anos da morte de Jules Bianchi. Quis o destino que a promessa francesa falecesse no mesmo dia que o lendário Juan Manuel Fangio, com uma diferença de 20 anos. Tinha tanto para mostrar na categoria... ainda bem que seu legado tem nome e sobrenome: Charles Leclerc.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Hungria:



Até!

quinta-feira, 16 de julho de 2020

GP DA HUNGRIA: Programação

O Grande Prêmio da Hungria (Magyar Nagydíj, em húngaro) foi disputado pela primeira vez em 1936, no circuito urbano de Népliget, na cidade de Budapeste. Somente em 1986 voltou a ser disputado, quando entrou para o calendário da Fórmula 1, agora no sinuoso e travado circuito de Hungaroring.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:17.103 (Red Bull, 2019)
Pole Position: Max Verstappen - 1:14.572 (Red Bull, 2019)
Último vencedor: Lewis Hamilton (Mercedes)
Maior vencedor: Lewis Hamilton - 7x (2007, 2009, 2012, 2013, 2016, 2018 e 2019)

MAIS UM CAPÍTULO NOS BASTIDORES

Foto: Getty Images
Desde o início do ano, a Racing Point enfrenta a desconfiança das concorrentes devido a semelhança com a Mercedes do ano passado, afinal o chassi e o motor são os mesmos.

Agora, um novo capítulo dessa guerra de acusações: a Renault entrou com um protesto contra a equipe junto a FIA após o GP da Estíria, acusando a rival de copiar o desenho dos freios da Mercedes do ano passado, o que seria proibido. A Federação aceitou a denúncia e está investigando a questão.

A Racing Point, em comunicado, respondeu que " está extremamente decepcionada por ver seus resultados no GP da Estíria questionados por um protesto mal concebido e desinformado”, afirmou a Racing Point em comunicado. “Toda e qualquer insinuação de transgressão é firmemente rejeitada pela equipe, que vai tomar todas medidas necessárias para assegurar o uso correto do regulamento de acordo com os fatos”.

A equipe relembrou que o RP20 está apto para correr e que havia passado por uma "sabatina" na pré-temporada, onde a FIA assegurou que não havia nada de errado com o carro.

A força política dos franceses é grande. Parece choro, mas é uma questão que vale muito dinheiro envolvido, principalmente agora em tempos de crise. Não coloco a mão no fogo por nada, mas não duvidaria da força da Renault nesse caso, o que seria uma pena para a boa equipe Racing Point, futura Aston Martin.

SEM PORTA DOS FUNDOS

Foto: Getty Images
A fase que piora a cada corrida não parece intimidar Sebastian Vettel. Ainda sem rumo depois da corrida final, em Abu Dhabi, uma coisa é certa: ele vai continuar na Ferrari até o final, não vai pular da barca  porque está numa má fase ou porque o carro está cada vez menos competitivo. É o que o tetracampeão garantiu.

"Não, eu não vou fugir. Eu tenho algo para provar a mim mesmo e por isso que estou aqui. Muita gente se doou por mim dentro do time nos últimos anos. E por respeito, eu quero devolver esse apoio em um final que valha a pena. Então nem passa pela minha cabeça abandonar o desafio. Claro que, agora, meu futuro está aberto. Então tudo é possível", disse.

Vettel também reafirmou que só continua na F1 se houver alguma vaga interessante. Do contrário, sem perspectivas, volta para casa e curte a esposa e os filhos.

"Se surgir uma proposta de um carro bom, então ficarei interessado. Se não acontecer, certamente eu não sou o tipo de cara que vai ficar na F1 apenas para correr ou para ganhar dinheiro. Essas nunca foram minhas intenções", explicou.

A única vaga interessante no momento é a da Racing Point/futura Aston Martin, em tese. E Vettel está certo: já ganhou quase tudo em grana e esportivamente falando. A despedida pode ser amarga e um pouco triste? Talvez, mas a história é eterna.

CLASSIFICAÇÃO:

1 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 43 pontos
2 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 37 pontos
3 - Lando Norris (McLaren) - 26 pontos
4 - Max Verstappen (Red Bull) - 18 pontos
4 - Charles Leclerc (Ferrari) - 18 pontos
6 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 16 pontos
7 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 13 pontos
8 - Alexander Albon (Red Bull) - 12 pontos
9 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos
10- Lance Stroll (Racing Point) - 6 pontos
11- Daniel Ricciardo (Renault) - 4 pontos
11- Esteban Ocon (Renault) - 4 pontos
13- Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
14- Sebastian Vettel (Ferrari) - 1 ponto
14- Daniil Kvyat (Alpha Tauri) - 1 ponto

CONSTRUTORES:

1 - Mercedes - 80 pontos
2 - McLaren Renault - 39 pontos
3 - Red Bull Honda - 30 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 22 pontos
5 - Ferrari - 19 pontos
6 - Renault - 8 pontos
7 - Alpha Tauri Honda - 7 pontos
8 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos

TRANSMISSÃO:










terça-feira, 14 de julho de 2020

O FUTURO DE VETTEL

Foto: MotorSport
O cerco a Sebastian Vettel ficou cada vez mais fechado. Fora da Ferrari, com Ricciardo na McLaren, Alonso na Renault e a manutenção da dupla da Mercedes, haveria uma esperança de retornar onde tudo deu certo, na Red Bull. Esse é o desejo do dono, Dietrich Mateschitz, esbarrado em Christian Horner, doutor Helmut Marko e os tailandeses que detém quase metade das ações do time e que não desejam que Albon, o tailandês nascido na Inglaterra, perca o espaço no time.

Por isso essa foto onde Vettel, Christian Horner, Marko e Mateschitz foram flagrados conversando. Apenas isso.

Bom, se essa era a única alternativa, então o futuro de Vettel é usar pantufa em casa e pegar o jornal de manhã para cuidar dos filhos, certo? Talvez não.

É o que dizem a Bild e a Sky Sports. A porta aberta da vez é a da Racing Point, futura Aston Martin, que deseja um piloto de grife para encabeçar o projeto.

Mas como isso seria possível se tanto Pérez quanto Stroll renovaram por várias temporadas? Bem, no filho do dono ninguém mexe. Então, nesse caso, sobraria para o mexicano, que faz parte da equipe desde 2014.

De acordo com o jornal alemão, existe uma cláusula de compensação no contrato de Pérez que o time pode usar até o final do mês e pode ser rescindido, desde que o mexicano receba uma alta quantia, obviamente estipulada no contrato.

Vettel na Aston Martin seria interessante. Uma equipe centralizada nele, organizada, com bons recursos e agora administrada por uma montadora. Seria uma aventura diferente, sedutora de olhar. A presença de Vettel no grid, mesmo em decadência, ainda é muito importante. De quebra, ainda teria um efeito dominó intrigante: para onde iriam Pérez e a grana de Carlos Slim? Certamente que a Haas e a Alfa Romeo teriam no mínimo interesse em seduzir o mexicano.

A imprensa europeia agora garante que esse é o futuro de Vettel: a Aston Martin. Vejamos o que acontece, mas acharia uma combinação muito intrigante e que valeria a pena acompanhar.

Até!


segunda-feira, 13 de julho de 2020

MATURANDO

Foto: MotorSport
Os mais antigos no blog se lembram, mas Lando Norris já era apontado no radar da F1 há alguns anos, como esse texto do fim de 2017 pode provar. Portanto, sua ascensão e o começo da consolidação de grandes desempenhos e resultados nesse início de temporada não é surpreendente para este humilde escritor.

No entanto, de lá para cá algo ficou estranho: cercado de expectativas, todo mundo esperava que Lando estraçalhasse na F2, mas passou longe disso. Coube ao compatriota George Russell a façanha, com Alexander Albon, já assinado com a Nissan pela Fórmula E, como improvável vice. O hype caiu um pouco e o desempenho não correspondia para chegar imediatamente na F1, onde foi promovido pela McLaren também em virtude de ser apadrinhado pelo chefão Zak Brown.

Diante de um pouco menos de expectativa em um carro não tão bom assim, Norris não fez feio. É claro que o desempenho consistente e o pódio no final do ano fizeram com que quase todos os holofotes ficassem sob Carlos Sainz. E ela estava Lando de novo com uma relativa desconfiança. Perder para o experiente Sainz? Mas ele é jovem, está estreando na F1...

Em 2020, as coisas começaram pra valer. Lando é carismático e popular nas redes sociais por ser bem humorado e jogar várias corridas online. Ele gera engajamento. A questão é: com o tempo passando, a pressão por resultados vai aumentar e Lando precisa amadurecer. A resposta inicial está aí: terceiro num treino e um desempenho estelar na corrida e um quinto lugar depois de ultrapassar três carros na última volta, além de fazer a volta mais rápida na última corrida.

Projeções e previsões são sempre perigosas pela emoção e o imediatismo. O que quero dizer é que: talvez Lando apenas não se adaptou tão bem na F2 em relação as expectativas externas. É como aquele jovem talentoso craque no sub-17 e que salta para o sub-20, onde é apenas mais um por ainda não ter desenvolvido fisicamente e, mais tarde, brilha nos profissionais.

No automobilismo, não faltam histórias de pilotos que na base eram modestos mas que gradativamente ganharam espaço e viraram bons valores. Outro exemplo, também já publicado por aqui, é Alexander Albon. O contrário também não falta, como mais recentemente o caso de Stoffel Vandoorne.

Norris está crescendo. Ele está chamando a atenção mas não é nenhuma surpresa. E ano que vem terá uma provação maior ainda: o amigo Daniel Ricciardo. Mais um passo rumo ao estrelato.

Até!

domingo, 12 de julho de 2020

PASSEIO NO PARQUE

Foto: Getty Images
Lewis Hamilton fez o que se espera dele. Pole e vitória dominantes em um final de semana perfeito. Um passeio no parque, praticamente uma turista na pista, mal apareceu na transmissão porque disparou.

Mais do que nunca, o britânico não tem adversários: a Red Bull de Max Verstappen não tem ritmo e consistência o suficiente para fazer frente, nem Bottas. E assim, com a 85a vitória na categoria, Lewis se aproxima dos recordes históricos de Schumacher. Nada pode detê-lo.

Mesmo largando em quarto, a Mercedes sobra em ritmo. Apesar de Max ter dificultado as coisas com o talento que tem, nem isso foi o suficiente para evitar a dobradinha preta. Bottas ainda é líder. Ainda.

O grande barato da Fórmula 1 é o bloco intermediário. Ali a briga come solta e detalhes fazem a diferença. Detalhes e o talento, é claro. Sérgio Pérez, que largou lá atrás prejudicado pelo temporal de sábado, conduziu a Mercedes B para o lugar que devia. Ele tinha ritmo para atacar Albon, apagado e bem distante do trio inicial. O mexicano tentou, mas tocou no tailandês e danificou a asa dianteira. Não parecia ter grandes prejuízos. Pérez errou, mas ao menos tentou. É isso que espera de um piloto, principalmente quem não está compromissado com títulos ou contratos.

Foto: Getty Images

Foto: Getty Images

Enquanto isso, lá atrás, a boa corrida de Ricciardo em segurar Lance Stroll. Antes, Ocon fazia o mesmo com o australiano, mas acabou abandonando. Mais atrás, Sainz, prejudicado por um problema na roda traseira esquerda no pit stop e Lando Norris, sem ritmo e três posições atrás no grid por um incidente inútil na sexta. Aproveitando-se da ordem de equipe de Zak Brown, a incompetência do canadense e o problema de última hora no mexicano, o britânico conseguiu três ultrapassagens em uma volta para tirar da cartola um quinto lugar excepcional, dadas as condições da McLaren.

Sainz ainda fez a melhor volta. Lando Norris. Agora, um pouco mais maduro, consegue desabrochar, sendo oportunista com o que dispõe. Está fazendo muito mais do que o carro pode entregar. Depois de uma F2 decepcionante e uma temporada de estreia regular, parece que Lando está cada vez mais a vontade no carro. Talentoso e carismático, pode se tornar uma estrela mais adiante. É o melhor início da McLaren desde 2013.

Kvyat completou a zona de pontuação. Como desgraça pouca é bobagem, o episódio de hoje de Patati Patatá da Itália teve como protagonista Leclerc que, por fora, acabou com a corrida dele próprio e de Vettel, que nem parece se importar mais. Crescem os rumores de que o dono da Red Bull quer porque quer ele com Verstappen para 2021. Com Binotto perdido, já escrevemos tanto dessa bagunça da Ferrari que qualquer linha a mais é cansativa.

Faltam apenas seis vitórias para igualar o recorde e apenas seis pontos separam Valtteri de Lewis na tabela. Até quando? Assim segue o show, com o comandante de sempre e agora com novos aspirantes a bons coadjuvantes.

Confira a classificação final do GP da Estíria:



Até!




sexta-feira, 10 de julho de 2020

NOVA(S) VELHA(S) PISTA(S)

Foto: Getty Images
Em mais uma corrida na Áustria, agora sob o nome de GP da Estíria, um treino livre que pode ter sido interessante. A previsão é que amanhã talvez tenha chuva forte, o que impossibilite o treino classificatório de acontecer. Sendo assim, os tempos da segunda sessão de hoje é que definiriam o grid de largada.

Se terminar assim, a pole seria de Max Verstappen. Ele conseguiu desbancar Bottas no final, seguido pela dupla rosa da Racing Point, Sainz e Hamilton em sexto, que usou pneus macios velhos. Lando Norris foi punido com três posições por ultrapassar em bandeira amarela no TL1. Que punição ridícula.

Apesar dos resultados modestos mais uma vez, Vettel diz que o carro está melhor do que na semana passada. Se ele está assim, imagina Leclerc... a Ferrari é uma caixinha de surpresas.

Quem roubou a cena foi Daniel Ricciardo. No início do segundo treino livre, o australiano perdeu a traseira e bateu forte na proteção de pneus. Ele batou o joelho na coluna de direção e saiu mancando, preocupando a todos. No entanto, ele garante que não terá problemas para a corrida, apenas o carro... Seria já um "efeito Alonso" na Renault?

Foto: Reprodução/Scuderia Ferrari
A grande notícia do dia foi o anúncio da FIA de mais duas corridas no calendário, totalizando dez por enquanto. Já está certo que nas próximas semanas teremos mais anúncios. Apesar dos números do coronavírus nas Américas continuarem altos, ainda existe otimismo reiterado pela prefeitura e o governo do Estado de São Paulo para a realização do GP do Brasil. no final do ano.

Pela primeira vez na história, Mugello vai sediar uma corrida de Fórmula 1. A pista da Ferrari, que só serviu para testes coletivos algumas vezes e sempre para a Ferrari (é óbvio), vai ter a alcunha de GP da Toscana Ferrari 1000, em alusão a milésima corrida da escuderia na F1, que será após o GP da Itália. Algarve/Portimão está muito perto de um desfecho semelhante e pode significar para Portugal um retorno após mais de duas décadas.

A outra corrida confirmada é Sochi, que será duas semanas depois de Mugello, no dia 27 de setembro. A China cancelou todos os compromissos internacionais do ano, então é fora do baralho. Resta aguardar os truques da FIA para em breve.

Se é que dá para escrever assim, o lado bom desse momento de exceção na F1 é a entrada de circuitos simples e tradicionais europeus no lugar de bugigangas e tilkódromos modernos e sem vida. Isso dá um ar da F1 antiga, que predominava Europa, Japão, EUA e Brasil, Oportunidade rara para uma corrida em Mugello e tomara que coloquem mais circuitos alternativos nesse calendário diferentão.

Para o final de semana, a previsão é a mesma: a Mercedes é favorita mas segue com esses papos de "carro com problemas de confiabilidade". Como escrito na semana passada, as rivais precisam aproveitar as particularidades dessa temporada, especialmente a anfitriã Red Bull, ainda zerada. Como o circuito de Spielberg é bom, torçamos para que seja uma boa corrida, principalmente se tiver chuva na parada.

Ah, as novas velhas pistas da F1...

Confira a classificação dos treinos livres de sexta:




quinta-feira, 9 de julho de 2020

GP DA ESTÍRIA: Programação

A segunda edição do GP da Áustria deste ano foi nomeada como Grande Prêmio da Estíria, que o estado onde fica localizado o Red Bull Ring, em Spielberg.

Foto: Wikipédia

OS JOELHOS DA DISCÓRDIA

Foto: Getty Images
Capitaneados por Lewis Hamilton, a F1 realizou a manifestação antirracista que apoia o movimento Black Lives Matter, que voltou a tona mais forte ainda após o caso de assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos. No entanto, seis dos 20 pilotos resolveram não se ajoelhar e optaram por apenas vestir a camisa com os dizeres de "fim do racismo".

São eles Kimi Raikkonen, Max Verstappen, Charles Leclerc, Carlos Sainz, Daniil Kvyat e Antonio Giovinazzi. Um campeão mundial, duas estrelas e um futuro piloto da Ferrari. É claro que a questão gerou controvérsia e os seis pilotos foram duramente criticados por não aderirem ao movimento e não se posicionarem, embora Leclerc e Verstappen tenham se explicado nas redes sociais o motivo de não terem se ajoelhado.

Hamilton, um dos articuladores, disse estar feliz com o movimento e optou por não tecer comentários acerca dos "seis rebeldes", em declaração para a Autosport:

"Sinceramente, eu não sei os motivos e as opiniões de cada um. Eu sei que há opiniões diferentes entre alguns pilotos, mas isso é algo mais privado e não quero comentar. Acho que ninguém deveria ser forçado a se ajoelhar. Sou muito grato por aqueles que se ajoelharam comigo. É uma mensagem muito poderosa. Só que, decidir se ajoelhar ou não, não é isso que vai mudar o mundo”, destacou.

O inglês, ao invés de se preocupar com essa situação, ele alerta para que a F1 não pare apenas nesse gesto, priorizando ações e atitudes que realmente apresente resultados concretos a médio/longo-prazo.

“Se a gente vai seguir se ajoelhando, eu não sei se teremos outras oportunidades para isso. Certamente não durante os hinos. Acho ótimo que a F1, a Mercedes em particular, percebeu o problema que temos no mundo e resolveu fazer algo a respeito disso. No fim das contas, tudo que fizermos não será suficiente. Precisamos sempre fazer mais. Acho que tivemos maior conscientização nessas últimas semanas. O que nós realmente não precisamos é que isso morra por completo, desapareça e fiquemos sem mudanças”, encerrou.

Sinceramente? Polêmica vazia. Posicionamento não é se ajoelhar, e sim realmente fazer algo concreto, seja público ou não. Essa "histeria do posicionamento de acordo com o que eu penso" só serve para afastar possíveis pessoas que poderiam se interessar a contribuir mas ficam acuadas diante da agressividade e radicalismo dos ditos democráticos e empáticos. Que esse tipo de ato não se limite apenas a tentar agradar a bolha que pouco se importa e quer destruir a categoria. Para quem as pessoas devem se posicionar: para si ou para os outros porque "são pessoas públicas"?

ELES FICAM

Foto: MotorSport
É o que diz Ola Kallenus, CEO da Daimler, empresa-mãe da Mercedes. A revelação foi feita para a Sky Sports antes da largada para o GP da Áustria. 

Apesar da fala assertiva, Toto Wolff desconversa, apenas afirmando que essa sim é uma opção altamente provável. Nada foi assinado oficialmente com os dois pilotos até então
.
"Estou muito feliz com a dupla, em termos de velocidade, performance, mente e colaboração entre ambos, mas nenhuma decisão foi tomada ainda. Em teoria, ambas as vagas ainda estão livres. Mas é claro que Lewis vai ficar se ele quiser. E, depois de ontem, o mesmo vale para Valtteri", resumiu.

Time que está ganhando não se mexe. Bottas não incomoda Hamilton e pode ganhar algumas corridas lá e cá. Hamilton bate recordes e continua em evidência, assim como Toto Wolff e cia, mesmo que o grupo alemão apresente déficit ano após ano mesmo sendo campeões. E trocar Bottas por Russell é seis por meia dúzia, convenhamos.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 25 pontos
2 - Charles Leclerc (Ferrari) - 18 pontos
3 - Lando Norris (McLaren) - 16 pontos
4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 12 pontos
5 - Carlos Sainz Jr (McLaren) - 10 pontos
6 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 8 pontos
7 - Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 6 pontos
8 - Esteban Ocon (Renault) - 4 pontos
9 - Antonio Giovinazzi (Alfa Romeo) - 2 pontos
10- Sebastian Vettel (Ferrari) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 37 pontos
2 - McLaren Renault - 26 pontos
3 - Ferrari - 19 pontos
4 - Racing Point Mercedes - 8 pontos
5 - Alpha Tauri Honda - 6 pontos
6 - Renault - 4 pontos
7 - Alfa Romeo Ferrari - 2 pontos

TRANSMISSÃO:







quarta-feira, 8 de julho de 2020

A ÚLTIMA DANÇA

Foto: Getty Images

Fernando Alonso está de volta. Ele não poderia sair da F1 simplesmente por ter as portas fechadas para tentar conquistar o tricampeonato. Aquilo estava na cara que era um até breve.

Isso permitiu para o espanhol olhar para o mundo além da principal categoria do automobilismo. Continuou tentando a Indy, onde fracassou ano pasasdo e tenta de novo nos próximos meses, foi bicampeão de Le Mans e campeão do WEC, vencedor de Daytona e se arriscou no Rali Dakar, no início do ano. É um currículo invejável. Ele precisava voltar. O espírito compulsivo e competitivo sempre fala mais alto. Ele não conseguiria dormir sem tentar de novo.

E tinha que ser na Renault, onde fez mais sucesso e vai para a terceira passagem, algo raro na F1. De cabeça, só me lembro dos casos de Clay Regazzoni na Ferrari, Nigel Mansell na Williams e o recente Daniil Kvyat na Toro Rosso/Alpha Tauri, mas todos esses são circunstâncias diferentes. Tinha que ser no palco onde foi bicampeão, agora sem o banido Briatore, que ainda é seu empresário.

Alonso é um cara competitivo. É óbvio que ele assinou pensando em disputar algo e não apenas brincar de F1 aos 40 anos. Certamente Ocon não vai ter vida fácil e as cobranças para que a Renault, pressionada por tantos resultados ruins nos últimos anos, finalmente acerte a mão. Alonso, Prost e Cyril Abiteboul no mesmo ambiente. Ou isso vai dar muito certo ou vai dar muito errado, mas quem se importa?

Alonso de volta à F1 e na Renault é um sopro de nostalgia gostosa em nossas cabeças. Como a série documental de Jordan e dos Bulls, agora seremos testemunhas da Última Dança de Fernando Alonso, no mínimo com dois anos de duração, igual quando sentimos o retorno de Schumacher para pilotar a Mercedes por três anos. Os resultados esportivos importam? Sim, é claro, mas a questão é maior: a nostalgia, as lembranças.

Se Raikkonen se aposentar no final do ano, Alonso será o único remanescente da geração da F1 2001, duas décadas depois. De lá pra cá, tanta coisa mudou nas nossas vidas... escrevi mais ou menos sobre isso lá em 2016 (como o tempo passa!). Os anos passaram, Alonso virou bicampeão, se envolveu em diversos escândalos, quase foi tri e depois foi perdendo força até o divórcio, em 2018. De lá pra cá, mudei de cidade, terminei a escola, a faculdade, comecei a narrar e um projeto de web rádio, sem falar no que o futuro reserva...

Igual Schumacher na Mercedes, Alonso nesse estágio final vai ser igual a terceira passagem de Jordan no basquete, quando foi para o Wizards: os resultados talvez fiquem em segundo plano. O importante é contemplar os últimos rastros de genialidades desses gênios que nos encantaram e participaram da nossa vida sem que eles sequer saibam. Tomara que Alonso consiga uma última pole ou um pódio pela Renault, talvez uma vitória, mas se não conseguir não tem problema, ninguém se importa.

O que vale é a nostalgia e apreciar o momento, a última dança de um dos maiores da história não só da F1, mas também do automobilismo.

Até!

terça-feira, 7 de julho de 2020

F1, LIBERTY, GLOBO E O GOVERNO

Foto: Reprodução
Semana passada, a Folha de São Paulo publicou que existem negociações adiantadas entre a Rio Motorsports e a Liberty Media para que o autódromo de Deodoro, que nem existe ainda (se é que vai existir), seja a sede do GP do Brasil a partir do ano que vem.

2020 é o último ano de contrato de Interlagos com a categoria. No entanto, diante da impossibilidade de correr nessa temporada em virtude do Coronavírus, pode existir a possibilidade de uma renovação automática por mais um ano, igual a Liberty fez com os outros circuitos que não puderam realizar corridas nesse ano.

A diferença monetária é gritante: a tal Rio Motorsports ofereceu 65 milhões de dólares para a FIA, enquanto que o governo de São Paulo/Interlagos mantiveram os 20 milhões anuais acordados há tempos, desde a Era Bernie Ecclestone, que tem um carinho especial pelo circuito. Não só ele, mas quem realmente gosta de automobilismo. A maioria dos pilotos discordou dessa mudança quando questionados no passado.

O suposto autódromo de Deodoro, cujo nome seria Autódromo Ayrton Senna (originalidade nota 10) é administrado pela Rio Motorsports, cujo CEO é JR Pereira. Na semana passada, ele e Carol Sponza, Diretora de Assuntos Institucionais da Rio Motorsports, se reuniram com o presidente Jair Bolsonaro para falar sobre as pendências que restam para que a obra no circuito seja realizada. O presidente é favorável ao circuito carioca desde quando foi anunciado o projeto, antes mesmo de ser eleito Presidente da República. Agora, então, certamente deve estar ainda mais comprometido com isso após a rixa com o então "aliado" João Doria, governador de São Paulo, mesmo que a situação com Wilson Witzel, governador carioca, seja até pior.

A Prefeitura do Rio já deu o ok, mas o contrato ainda não foi assinado porque ainda não existe aprovado um plano de estudo de impacto ambiental no local onde pode ser construído o autódromo. É um espaço ambiental, onde fica a Floresta do Camboatá, e certamente o ecossistema na região seria impactado, por isso o questionamento de grupos ambientais e políticos.

Floresta do Camboatá, local onde pode ser construído o Autódromo de Deodoro. Foto: O Globo
A questão de um novo autódromo no Rio é antiga, desde quando Jacarepaguá foi demolido para as Olímpiadas de 2016. Em 2012, o exército cedeu um terreno para a construção de um autódromo. No entanto, foram descobertos artefatos bélicos não detonados no local, como armas e munições, e começou um lento processo de retirada dos materiais pelo Exército.

A Floresta do Camboatá é uma de área de 201 hectares, sendo 169 deles compostos por vegetação árborea, segundo relatório realizado pela Diretoria de Pesquisas Científicas do Jardim Botânico do Rio de Janeiro a pedido do Ministério Público Federal e, claro, uma boa parte da floresta seria afetada com a construção do autódromo. Segundo pesquisas, a área destinada para o circuito de Deodoro ocuparia 150 hectares. Se cada hectare tem 1.053 árvores, teriam que ser derrubadas no mínimo quase 160 mil árvores para a construção do circuito, o que liquidaria de vez com a floresta e todo o ecossistema da região.

O contrato só pode ser assinado quando for realizada uma audiência pública sobre o estudo, que foi suspensa em virtude do coronavírus e também por uma decisão judicial.

Projeto de Deodoro, com o traçado assinado por Hermann Tilke. Foto: Divulgação

Bom, se considerarmos que tudo seja assinado e confirmado, mesmo assim parece improvável que façam uma obra dessa em 18 meses, ainda mais no Brasil, certo? Então por que a insistência e o apoio do governo federal a um projeto que tem mais prós do que contras? Isso que nem vou entrar muito na questão financeira...

A questão é simples: na mesma reunião, também foi discutida a participação da Rio Motorsports em comprar os direitos de transmissão da F1, com o apoio do governo, é claro (e imagino que vocês saibam o porquê). Esse é o último ano de contrato da Globo com a agora Liberty, que ainda não foi renovado. Bernie já deu várias concessões para a emissora em virtude da longevidade e de, na época, a cobertura massiva da dupla Galvão Bueno e Reginaldo Leme.

Agora, sob nova direção, a Liberty exige contrapartidas: 22 milhões de dólares anuais e a entrada da F1 TV, streaming da categoria, no país. No contrato atual, a Globo ainda detém os direitos de TV e internet, mas certamente vai perder isso no próximo ciclo, se aceitar. A Globo aceita pagar apenas 20 milhões.

Dizem, que se a Rio Motorsports pagar o que a Liberty deseja, a transmissão seria repassada para o Grupo Disney, que agora são os canais Fox Sports e ESPN em âmbito esportivo. Seria o fim definitivo da categoria sendo transmitida em TV aberta, ao menos por agora. Tudo isso seria uma jogada do governo para atingir dois inimigos de uma vez: a Rede Globo e João Doria.

Bom, nem é preciso falar sobre as consequências terríveis que a construção de um circuito caríssimo em uma área de preservação ambiental vai acarretar para o estado, seja criminal ou financeiramente. Me surpreende a Liberty cair nesse papo, mas o bigodudo não é flor que se cheire. Interlagos é uma estrutura pronta e um dos circuitos preferidos e tradicionais da F1. Tirá-lo de lá é tirar uma história da categoria, mas sabemos que o Brasil não se importa muito com isso. É uma terra de ignorantes.

Pra finalizar, sobre as transmissões: duvido muito que a Globo não renove com a Liberty. Ela ganha uma grana altíssima dos patrocinadores, exibidos no horário nobre da TV brasileira (intervalo do Jornal Nacional) e ainda tem o apoio de figuras influentes na emissora, como Galvão Bueno.

É evidente que a F1 é um elefante na sala da atual Globo: o que um esporte de ricos e "poluente" tem a ver com o editorial da emissora, liberal na economia e progressista nos costumes por que isso dá dinheiro? A transmissão é porca. Os treinos não passam desde 2014, nem o pódio é mais transmitido... mas ainda assim é melhor que permaneça por lá do que entrar em uma aventura apenas por birra. Os clubes que romperam com a Globo para assinar com a Turner entendem do que estou falando...

Além do que, um dos canais da Disney vai ser extinto em breve. Considerando que o futebol internacional é o carro-chefe, alguém realmente acredita que o produto seria tão melhor valorizado assim? Vai ter repórteres e uma equipe nos autódromos? As corridas não irão ficar em segundo plano para que seja transmitido Brighton x Watford pela Premier League?

Nada disso faz sentido. O atual não é nada bom, mas o futuro pode ser muito pior.

Até!

segunda-feira, 6 de julho de 2020

E ASSIM O MUNDO SEGUE...

Foto: MotorSport

Como diz aquele meme: "as expectativas eram baixas mas puta merda". Os testes de pré-temporada e as próprias declarações contundentes de todos já denunciavam que algo estava errado e não era blefe. A Ferrari, ao tentar tirar um pouco de velocidade de reta e melhorar nas curvas, conseguiu piorar as duas coisas. Perdeu a mão.

Isso, ligado ao polêmico acordo com a FIA acerca dos motores do ano passado levantam suspeitas sobre o quão no regulamento estava essa situação toda. Coincidência ou não, Haas e Alfa Romeo hoje só superam a Williams e a própria Ferrari começa a brigar de foice no escuro com Racing Point e McLaren.

A partir do momento que Vettel foi o 11° no Q2, me caiu a ficha e entendi a contratação de Sainz. Em virtude dos acontecimentos e consequências do covid, a Ferrari não tinha perdido apenas o ano de 2020, o que era esperado, mas também 2021. Mesmo sendo a Ferrari, a perda de dinheiro seria grande. Isso, aliado com os rendimentos do piloto alemão que já não são mais condizentes com sua atual capacidade, fizeram com que os italianos optassem por não renovar o vinculo e optar pela escolha do barato Carlos Sainz, um acumulador de pontos mais do que necessário nesse curto-prazo.

Isso tudo, é claro, capitaneado pelo talentoso Leclerc. Em uma corrida de exceção, onde era necessário oportunismo, o monegasco aproveitou a chance e tirou um segundo lugar da cartola que parece improvável para o resto da temporada, mais do que nunca justificando as escolhas da Ferrari.

Para as corridas seguintes, Binotto e cia já avisaram: não vai ter atualizações. O jeito é correr com isso aí e tirar o que pode do carro, principalmente Leclerc, até porque Vettel já está em tom de despedida da categoria. Assim como o alemão, a Ferrari está ladeira abaixo.

Quem deve ser cobrado por uma organização, a mais rica, popular e influente politicamente não ganhar nada há 13 ou 14 anos, já contando com o ano que vem? A verdade é que a Ferrari sempre foi uma bagunça, tirando a era Schumacher, Ross Brawn e Jean Todt e talvez mais tarde lá com Niki Lauda.

E o assim o mundo (da Ferrari) segue: ladeira abaixo, clamando por um líder que resolva todos os males do mundo (da Ferrari).

domingo, 5 de julho de 2020

PARTICULARIDADES

Foto: Getty Images
Como todos sabem, esse é um ano diferente. No entanto, apesar das particularidades, o resultado final não será o mesmo.

Toto Wolff fez o drama habitual de destacar que os dois carros poderiam ter abandonado e que foi tudo no sacrifício. Mesmo assim, no limite, as flechas de prata definitivamente não tem um adversário a não ser o imponderável.

Quem poderia ameaçar algo era Verstappen, traído por um problema no motor Honda. A partir dali, Hamilton pressionava e ficava aquele clima de que era questão de tempo para Lewis, punido por ter passado as quatro rodas fora do limite da pista no treino (qual a dificuldade de colocar brita/grama nesses lugares?) no sábado, assumir a ponta e vencer. 

É até raro o imponderável aparecer de forma tão contundente numa era de carros que dificilmente quebram. Seria um fator ficar oito meses sem corrida e desde fevereiro sem mexer nos carros? Os dois carros da Haas que o digam, e assim a corrida ganhou outros contornos.

Enquanto a Mercedes nada de braçada, existe uma briga encarniçada pelas outras posições, tirando Verstappen. Albon, Racing Point, McLaren, Leclerc e talvez Ricciardo, tudo no mesmo ritmo. Vai depender do dia, da pista e das especificidades. 

Hoje, a Mercedes apostou em uma parada, assim como Pérez. Albon, por outro lado, colocou os macios e foi pra cima. Com o Safety Car e faltando poucas voltas, era a chance não só do primeiro pódio mas também da primeira vitória só que, outra vez, havia um Lewis Hamilton no caminho.

Foto: Getty Images
A punição é justa, mas ficou barato para Hamilton. Sou contra essa punição de acrescer tempo no final. Isso beneficia o infrator. Basta fazer uma bobagem qualquer, meter uma vantagem gigantesca que esses segundos acrescidos não significam nada. Apenas um bom Drive Through resolve essa equação de maneira justa. Pior para a Albon, que caiu para o final do grid e depois abandonou. Outra chance de brilhar desperdiçada. Ele não é totalmente inocente. Poderia muito ter esperado mais um pouco e pagou pela inexperiência mas faz parte do processo. É fácil ser engenheiro de obra pronta.

Essa aberração fez, por exemplo, Hamilton quase garantir o pódio. Só não foi porque Norris conseguiu voar no final para o primeiro pódio na carreira. Tudo conspirava mais uma vez para Pérez, mas a Racing Point falhou na estratégia e o mexicano perdeu espaço. Ainda por cima, foi punido por acelerar demais nos boxes. Com o abandono de Stroll, o time do pai Lawrence fez menos pontos do que se esperava.

Voltando para Norris: depois de uma estreia precoce ano passado, onde foi razoavelmente bem, o britânico badalado já começa com tudo em 2020. Importante destacar que a McLaren, com problemas na pré-temporada e problemas financeiros consegue um resultado enorme, importantíssimo nessa disputa encarniçada no bloco intermediário durante todo o ano. Norris também teve coragem e talento para ultrapassar na hora certa e não se contentar com um quarto lugar, brecando Sainz além, claro, de tirar um enorme peso das costas, o do primeiro pódio.

Em segundo ficou a surpreendente Ferrari. Vou tentar escrever mais sobre eles amanhã, mas a situação já é pública: os próximos dois anos serão perdidos. O pódio caiu do céu graças ao oportunismo e talento do monegasco. A incompetência e falta de comando características dos italianos. Vettel, por sua vez, começa a turnê de despedida rodando como sempre e com um constrangedor décimo lugar em uma corrida onde apenas onze completaram. 

Tirando Latifi, que quase estreia com um pontinho, os sobreviventes foram Gasly, Ocon e Giovinazzi. Haas e Alfa Romeo parecem coladas com a Williams na lanterna e a Alpha Tauri parece descolada do grande pelotão intermediário. Vou dar um desconto para o francês porque ele é talentoso e está sem ritmo de corrida. Com a saída de Ricciardo, é natural que cresça e volte a boa forma. Pelo menos é isso que a Renault espera.

Foto: Getty Images
O novo pódio. Interessante que mesmo todo mundo respeitando o distanciamento, o momento de emoção é incomparável. Que o protocolo vá para o inferno. Foi assim que pensou Norris ao abraçar uma eufórica equipe de engenheiros e do chefe/empresário Zak Brown.

Em uma temporada que ninguém sabe o quão próxima do fim ela está, Bottas abre uma vantagem interessante, mas isso não é um drama para Hamilton, favoritaço e pronto para fazer história mais uma vez. No entanto, o desempenho dele na Áustria não é dos mais empolgantes. Para a semana que vem, não pode dar sopa para o azar. Bem que poderiam fazer um traçado invertido para tentar tornar tudo mais interessante, não?

Afinal, só o imponderável pode ameaçar a Mercedes. As particularidades, claro.

Confira o resultado do Grande Prêmio da Áustria:


Até!



sexta-feira, 3 de julho de 2020

AQUECENDO

Foto: Getty Images
Nunca ficamos tanto tempo sem a Fórmula 1: 7 meses. Quis o destino que por aqui estivesse com as temperaturas mais baixas do ano justo agora, o que não foi convidativo para acordar às 6 da manhã. Às 10, na base do sacrifício, foi possível.

Num primeiro momento, parece que pouco importa a ordem dos carros, a questão das forças e os prognósticos. Só queremos carros acelerando, onboards e rodadas. Depois que nos reambientamos, aí sim o senso crítico começa a funcionar de novo.

Nada vai parar a Mercedes, com ou sem o DAS. Parece que a vantagem aumentou ainda mais. A Red Bull vem com um novo motor Honda mas ainda esconde o jogo. Parece ser a segunda força. A Racing Point, aka Mercedes B, começa muito bem, pronta para incomodar a Ferrari e estar a frente de Renault e McLaren. A questão é quanto tempo isso vai durar porque certamente a equipe não vai ter como manter essa condição diante da atualização dos times mais ricos.

A Ferrari entendeu que será a terceira força em 2020. Uma despedida melancólica para Vettel e uma freada em Leclerc. Estão mais próximos do pelotão intermediário do que do topo. Alpha Tauri, Alfa Romeo e Haas parece um pouco atrás. A Williams já parece um carro de F2.

Resumindo: aguardamos tanto tempo mas nada vai mudar. É frustrante, mas todo mundo sabia, apesar da pausa ter esquecido. E assim seguimos, ao menos aquecendo. Se o domínio for tão grande, ninguém se importaria que a temporada se resumisse a oito corridas, não é mesmo? Ainda mais porque Toto Wolff já deixou escapar que dificilmente a F1 vai ir para as Américas em 2020, mas isso é assunto para outro post.

Confira a classificação dos treinos livres do GP da Áustria:



Até!