domingo, 30 de abril de 2023

REI DA RUA

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

O título é tão criativo quanto a corrida. Não houve caos. Só De Vries que bateu no início da corrida e causou um Safety Car que mudou a trajetória da corrida. 

Era esperado que a Ferrari não fosse páreo para a Red Bull. A pole de Leclerc por si só já era um sinal de que as coisas melhoraram, ou ao menos encaixaram em Baku. Presa fácil para a Red Bull, tudo se encaminhava para um 1-2 de Verstappen e Pérez. 

Como escrevi, o Safety Car foi no timing da parada de Max e o mexicano teve sorte. Aproveitou a situação para ser líder. Max teria que passar Leclerc novamente e ficou assim até o final. Um campeonato de um time só, não faz sentido ter jogo de equipe, embora a tensão sempre vá existir.

Assim, Sérgio Pérez vence pela segunda vez no Azerbaijão, a quinta em corridas de rua. Não é candidato a título, é claro, mas tem aproveitado as oportunidades diante de uma equipe tão superior as demais, o que permite a Pérez brigar com mais frequência pelas vitórias. É raro Verstappen ter azar ou problemas, mas esse final de semana foi atribulado. Escreverei mais sobre durante a semana, especificamente.

Leclerc consegue o primeiro pódio da Ferrari no ano, o que pode ser um sinal de recuperação. Alonso manteve-se entre os 4 e a Aston Martin continua no bolo. A Mercedes, tímida, não teve o resultado que esperava, principalmente pelo que Toto Wolff alardeou no último mês. Hamilton em sexto e Russell em oitavo. Não são grandes notícias.

Quem realizou bom trabalho foi Lando Norris e Yuki Tsunoda, que conseguiram pontos importantes para suas equipes, principalmente considerando a situação da Alpha Tauri, que terá um novo chefe de equipe ano que vem com a já anunciada aposentadoria de Franz Tost. Parece um time jogado as traças, assim como a Alfa Romeo, futura Sauber e futura futura Audi, que apenas espera o momento da transição para agir de fato.

O campeonato mais longo da história vai ter o domínio de uma equipe só, de novo. Com certeza isso não é legal para a imagem do esporte, mas sabemos que a F1 é feita de dinastias. O problema é que agora elas parecem cada vez maiores, seja nas temporadas, seja no extenso e insuportável calendário.

Confira a classsificação final do GP do Azerbaijão:


Até!

sexta-feira, 28 de abril de 2023

MUITO CUIDADO

 

Foto: Giuseppe Cacace/AFP

A F1 estreou um formato nessa sexta-feira, em Baku. Em finais de semana com Sprint Race, a classificação que define o grid de domingo é realizado na sexta. No sábado, uma classificação para definir a largada da Sprint Race. Ou seja, o sábado não vale nada. Mais uma ideia horrível na F1, mas vou escrever sobre o que interessa.

Baku tem um ritmo próprio. Treino e corrida duram mais e o limite do evento é explorado pelo simples motivo que sempre vai ter bandeira vermelha. Se você levar em consideração que os pilotos tiveram apenas um treino para se ambientar ao traiçoeiro circuito de rua, até que não houve tantos incidentes. Um deles foi do novato Nyck De Vries e outro foi Gasly danificando a suspensão dianteira direita ao raspar o muro.

Esse mês sem corrida, aparentemente, pode nos confirmar através do treino que Ferrari e McLaren andaram algumas coisas. Os italianos, ao menos em volta rápida, avançaram tanto que Charles Leclerc conquistou a primeira pole do ano. Surpresa, surpresa. Não pelo monegasco, que sempre é muito rápido e até em 2020 conseguiu largar na primeira fila com uma Ferrari péssima, mas a questão é saber se a Ferrari tem ritmo para se sustentar no pódio domingo. Para a corrida, a Red Bull é notória favorita.

Com as primeiras filas tomadas por Ferrari e Red Bull, Hamilton e Alonso ficaram na terceira. Russell ficou pelo Q2. Tsunoda também surpreendeu, enquanto Piastri e Norris chegaram no Q3. Pode ser o começo da recuperação do time de Woking ou apenas o encaixe no tipo de pista. Saberemos no futuro.

A Alpine segue irregular e até mesmo uma decepção, enquanto o resto continuou no mesmo patamar. Baku é uma pista de difícil projeção. Muitas bandeiras vermelhas e acidentes mudam as estratégias e sempre embaralham o grid. Certamente haverá caos no domingo e até mesmo amanhã. Um acidente mais forte na tal da Sprint Race compromete o domingo. Os favoritos precisam tomar cuidado. É um alto risco para nenhuma recompensa.

Leclerc faz a terceira pole seguida em Baku. Aproveitamento impressionante. Por si só, isso já torna o domingo de manhã (bota cedo nisso) bem interessante. Juntando com as ruas da capital do Azerbaijão, então, tudo promete ser longo, tenso e emocionante.

Confira o grid de largada do GP do Azerbaijão:


Até!

quinta-feira, 27 de abril de 2023

GP DO AZERBAIJÃO: Programação

 O circuito de rua de Baku, capital do Azerbaijão, recebe a F1 desde 2016. Nesse ano, foi com a alcunha de GP da Europa. Desde 2017 que o autódromo recebe o Grande Prêmio do Azerbaijão. O circuito retorna ao calendário depois de estar ausente em 2020 em virtude do coronavírus.

Um circuito urbano tão estreito como o de Mônaco, com retas tão rápidas como em Montreal, no Canadá, e com quase tantas curvas quanto o de Singapura.

O traçado é de autoria do arquiteto Hermann Tilke, responsável pelos desenhos de diversas pistas do calendário. A prova passará por diversos pontos turísticos, mostrando a mescla entre a arquitetura medieval e os modernos arranha-céus da cidade.

O traçado tem 6km, apenas menor que uma volta ao circuito de Spa-Francorchamps. A pista terá 20 curvas, perdendo apenas para Singapura, com 23, e Abu Dhabi, com 21.

Mas a grande característica do circuito é sua largura. Ainda que o regulamento exija que as pistas devem ter no mínimo 12m de largura, em Baku isso será consideravelmente menor, com o máximo de 13m e, em determinados pontos apenas 7,6m. Os carros atualmente têm 1,8m de largura.

A partida e chegada terá lugar na praça Azadliq, um dos principais pontos turísticos de Baku. A velocidade máxima deverá rondar os 340 km/h no final da enorme reta do circuito.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Charles Leclerc - 1:43.009 (Ferrari, 2019)

Pole Position: Valtteri Bottas - 1:40.495 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Max Verstappen (Red Bull)

Maior vencedor: Daniel Ricciardo, Lewis Hamilton, Valtteri Bottas, Sérgio Pérez e Max Verstappen - 1x (2017), (2018), (2019), (2021) e (2022)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Max Verstappen (Red Bull) - 69 pontos

2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 54 pontos

3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 45 pontos

4 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 38 pontos

5 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 20 pontos

6 - Lance Stroll (Aston Martin) - 20 pontos

7 - George Russell (Mercedes) - 18 pontos

8 - Lando Norris (McLaren) - 8 pontos

9 - Nico Hulkenberg (Haas) - 6 pontos

10- Charles Leclerc (Ferrari) - 6 pontos

11- Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 4 pontos

12- Esteban Ocon (Alpine) - 4 pontos

13- Oscar Piastri (McLaren) - 4 pontos

14- Pierre Gasly (Alpine) - 4 pontos

15- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 2 pontos

16- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 1 pontos

17- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto

18- Alexander Albon (Williams) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Red Bull RBPT - 123 pontos

2 - Aston Martin Mercedes - 65 pontos

3 - Mercedes - 56 pontos

4 - Ferrari - 26 pontos

5 - McLaren Mercedes - 12 pontos

6 - Alpine Renault - 8 pontos

7 - Haas Ferrari - 7 pontos

8 - Alfa Romeo Ferrari - 6 pontos

9 - Alpha Tauri RBPT - 1 ponto

10- Williams Mercedes - 1 ponto


A CULPA É DAS CORRIDAS HISTÓRICAS

Foto: Getty Images

É o que pensa uma parte da Liberty Media, que vem inchando o calendário desde que assumiu a categoria. A reclamação de equipes e pilotos sobre a quantidade excessiva de provas tem um motivo, segundo o presidente Greg Maffei: as amarras causadas pelas corridas históricas.

“Temos um calendário que, por motivos históricos, chegou a 24 corridas. É verdade que desgasta pessoas e há muita viagem”, afirmou.

Stefano Domenicali reforçou que a meta é ter 24 provas no calendário e vai fazer o possível para manter o calendário equilibrado, embora já exista três corridas nos Estados Unidos e um possível revezamento de outros lugares nos próximos anos não é descartado.

“Somos um Campeonato Mundial: não corremos somente numa região, mas nos movemos pelo mundo todo. Então levamos isso muito a sério.

Vamos tentar ser o mais efetivos quanto possível para minimizar as idas e vindas de diferentes regiões e países. Claro que não podemos ter, por exemplo, quatro corridas seguidas no mesmo continente, porque seria um problema comercial e por outras razões, mas certamente dedicaremos muita atenção a esse assunto para desenvolver o calendário da melhor forma possível.

Não há segredo em dizer que o objetivo é ter 24 provas”, afirmou.

Vale ressaltar que só não teremos 24 corridas neste ano porque a etapa da China, que seria na semana passada, foi cancelada e sem substituta.

O problema não são as corridas históricas, e sim a inserção em lugares sem história e de traçado ruim, puramente pelo dinheiro. Claro, as contas precisam ser pagas, mas a própria Liberty contradiz o discurso empático e humanitário ao assinar por décadas para correr em lugares como Arábia Saudita e Catar, mas aí o problema é Spa Francorchamps e Interlagos? Faça-me o favor!

NOVA REGRA

Foto: Getty Images

Inventaram uma corrida sprint em Baku e a FIA, três dias antes do início dos eventos, resolve reformular os finais de semana com corrida sprint. Vamos lá:

Agora, teremos na sexta-feira um treino livre e a classificação para o grid de largada para a corrida de domingo. No meio disso tudo, no sábado, um evento independente: um treino curto de classificação para a corrida de classificação no mesmo dia. Será um treino de meia hora, com Q1 de 12, Q2 de 10 e Q3 de 8 minutos, respectivamente. Mais tarde, a tal da corrida de classificação. Isso vale para Baku e todas as outras etapas que vão ter esse evento da sprint race.

É a F1 inventando e tirando o caráter da competição, com forçada de barra. Basicamente, sábado é um dia completamente sem sentido e sem ligação com a corrida, apenas sexta. Um dia a menos, olhando de forma objetiva. Aliás, jogando na cara que sábado é só uma distração para o público, quem realmente vai levar a sério a tal da sprint, correndo o risco de comprometer o domingo com algo que não vale nada? Deveriam se preocupar com questões realmente mais pertinentes e urgentes na categoria.

TRANSMISSÃO:
28/04 - Treino Livre 1: 6h30 (Band Sports)
28/04 - Classificação: 10h (Band e Band Sports)
29/04 - Classsificação para Sprint Race: 6h30 (Band Sports)
29/04 - Sprint Race: 10h30 (Band e Band Sports)
30/04 - Corrida: 8h (Band)


terça-feira, 25 de abril de 2023

ONDE ESTAMOS?

 

Foto: Getty Images

Uma pausa incomum na F1. Graças ao cancelamento do GP da China, tivemos um mês sem corridas e poucas notícias. Férias de outono lá na Europa, a primeira antes da chegada do verão.

Só três corridas e faltam vinte. Parece que aconteceu muita coisa e ainda vai acontecer tanto... “Como estamos?”, perguntaria o poeta.

A sensação de que mal começou e já acabou é óbvia: a Red Bull não tem adversários. O trunfo pode ser, todavia, justamente a temporada longa e a punição sofrida por exceder o teto orçamentário. Vai que os taurinos não consigam ter tanta margem para crescimento e uma Mercedes da vida vai ganhando espaço? Pode ser que não tenha campeonato, mas alguma disputa já é algo, não? Sendo otimista...

Ferrari já afirma que não pensa nas três que estão acima. Está na própria rotação de incerteza. É um colibri. Faz força, move mundos e fundos, e no fim permanece no mesmo lugar.

A Aston Martin é a grande atração do ano. Doutor Lawrence quer mais: legal, três pódios com a Fênix, mas eu quero saber de vitória. De preferência do filho, claro. Dinheiro existe e margem para desenvolvimento também. Mesmo assim, a curiosidade é saber se Alonso e cia já possuem musculatura para competir a longo prazo com as flechas de prata ou até mesmo a Ferrari.

Do meio pra trás, há um equilíbrio por baixo. A tabela de pontos prova isso. Só os novatos Logan Sargeant e Nyck De Vries que ainda estão zerados. É briga de coice no escuro. A McLaren enfrenta sérios problemas no nascimento do carro e vai depender do talento de Lando Norris e do crescimento de Oscar Piastri. A Haas vai precisar do oportunismo de seus pilotos, cujos astros estão diferentemente alinhados.

A Alpha Tauri é um drama maior. Uma equipe já jogada as traças e cobaia da prima rica. Tsunoda está até mais regular, mas ele ser o líder do time a essa altura do campeonato já diz tudo.

A Alpine é um capítulo a parte. Esqueci deles, por um instante. Eles também estão numa categoria particular de quarta a quinta força. Tem dois bons pilotos e é questão de tempo para isso se traduzir nos resultados de pista. É só parar de ter problemas e Ocon e Gasly não se destruírem. Ok, duas coisas que não se resolvem somente como se fosse “só”.

A Alfa Romeo também já é outra em processo de sauberização e Audização. O futuro é o que importa. Que presente? É a motivação do grande salto que Bottas busca na última rotação da carreira, enquanto o chinês viável Zhou luta para continuar no circo, embora também esteja em franca evolução.

Enfim, um texto tipo guia porque a pausa forçada da F1 realmente causou um sentimento de recomeço, embora já tenhamos três corridas. Faltam só vinte. A caminhada é longa e, embora já saibamos o que vem por aí, a ansiedade pela ausência de algumas polêmicas e voltas rápidas são o suficiente para tornar tudo mais interessante do que realmente é. Saudade e carência definem.

Até!

segunda-feira, 3 de abril de 2023

FORÇA DE VONTADE

 

Foto: Getty Images

A FIA e a direção de prova, com Charlie Whiting, tinham preceitos, regras e situações muito bem definidas. Raramente existiam polêmicas. Só lembro de uma, quando Vettel mandou o finado diretor de prova ir “se foder”, mas mesmo assim, a regra era clara, parafraseando outro.

Apenas a morte de Charlie Whiting não justifica o deus dará e a falta de bom senso que tomou conta da F1. Interpretações dúbias, hipocrisias, pressões das equipes e influência, decisões que precisam ser tomadas rapidamente... Todos nós estamos vendo os efeitos disso.

Quando há um campeonato decidido, sem grandes variações, esses erros podem se tornar menores, quase imperceptíveis. O problema é o que vimos em 2021, quando uma interpretação de uma pessoa ajudou a mudar o rumo de um campeonato.

Os problemas continuam, mesmo com a Red Bull, hoje em dia, quase intocável, e também a saída de Michael Mais. Dois diretores de prova já foram conduzidos, hoje são só um, existe uma espécie de VAR fixa em Londres para analisar tudo nos mínimos detalhes e o resultado, até aqui, é muita confusão e falta de critério.

A F1 optou por um caminho que está ficando sem volta: a espetacularização de tudo e a artificialidade em prol de um engajamento enganoso e momentâneo. Se discutem apenas superficialidades, como bandeira vermelha e Safety Car pra qualquer cocô de passarinho na pista, pneus de chuva que nunca são usados porque a categoria não corre mais na chuva, dramas forçados de série enquanto a competitividade do novo regulamento não emplaca e por aí.

Pouco se vê as discussões acerca de 2026, a tão propagada nova era da F1, mas o intuito do texto também não é esse.

A espetacularização forçada de tudo e qualquer coisa, sobretudo nas regras, cria a falta de bom senso na aplicação das regras e punições. O resultado são essas confusões: punições anunciadas e canceladas, tempo de espera para resolver o que ser feito na pista e a incapacidade de fazer o público entender bulhufas, mesmo quando as vezes acontecem casos quase extraordinários.

Lembram do ano passado, quando a FIA teve que explicar bem depois da bandeirada que Max Verstappen tinha sido campeão no Japão? Nem o piloto sabia. O momento mais importante da temporada veio num anúncio frio, agridoce e confuso.

Tá faltando clareza e entendimento no tratamento e na criação das regras e normas. O bom senso ajudaria. É claro que a ausência de um novo número um incontestável após a morte de Whiting dificulta o processo. São formas diferentes de gerir e avaliar os casos. As pessoas são diferentes, mas as interpretações e aplicações não podem ser. Baumeister e Tierney escreveriam que a F1 precisa redescobrir a própria força de vontade.

Tudo bem, se eles não escrevessem isso, eu escrevo, então, azar.

A FIA poderia ser mais assertiva em situações de corrida ao invés de achar que o piercing do Hamilton e os mecânicos na grade na bandeirada são os verdadeiros problemas da categoria.

Até!


domingo, 2 de abril de 2023

VÁRZEA

 

Foto: Dan Istitene/Getty Images

O problema de um carro muito dominante sem algum adversário qualificado para desafiá-lo é que, como o Lucas Carrano sempre pontua no Sexto Round, a falta de possibilidade de derrota afasta o público porque os resultados são óbvios.

Imagine isso de madrugada. Pois bem, a Mercedes até tentou dramatizar as situações com as boas largadas de Russell e Hamilton, que assumiram as primeiras posições. Verstappen, inexplicavelmente comedido por frear cedo demais na curva 2, era o terceiro e tinha muito a perder. O longo prazo é sempre mais efetivo.

Aí na primeira volta já teve problema. Leclerc foi atropelado por Stroll e ficou fora. Primeiro Safety Car e mais azar para o monegasco que a cada prova que passa vira o Jean Alesi moderno. Relargada. As coisas não mudam muito, mas uma pancada começa a mudar algumas coisas.

Albon, que fazia bom final de semana, bateu forte e sujou bastante a pista, além de estar numa posição perigosa. A primeira bandeira vermelha, logo na volta 7. Quer dizer, antes era Safety Car. Russell parou, Hamilton não. Estratégias diferentes para tentar lutar contra a Red Bull. Bandeira vermelha. Russell se ferra injustamente. Poder mexer em tudo nessas circunstâncias é uma palhaçada, uma das várzeas do regulamento da FIA.

Russell teve mais o que lamentar porque o motor Mercedes de seu carro estourou, o que é um histórico raro na equipe. O problema é que dali em diante a corrida ficou insuportável. Com a bandeira vermelha, todo mundo ficou na mesma estratégia. Algumas disputas soltas e nada demais. Verstappen abria para Hamilton, que controlava Alonso, que controlava Gasly, que brigava com Sainz e Stroll, enquanto Pérez ficava preso atrás de Norris, com um pelotão com Ocon e o resto brigando de foice no escuro.

Tamanha chatice, na madrugada, juntando com meu cansaço vindo da viagem de Caxias me fizeram apagar no sofá. Acordei achando que a corrida já tinha terminado, mas, sem entender nada, vi uma bandeira vermelha faltando duas voltas. Bandeira vermelha faltando duas voltas é sacanagem. Encerra a corrida logo. Não há constrangimento em terminar uma prova com as amarelas, igual na Indy. Não estão copiando tudo dos americanos?

Tentaram remendar um erro usando um regulamento ridículo para evitar outro constrangimento. Aliás, como o Magnussen conseguiu ir reto no muro? Era para bandeira vermelha? Perguntas que podem ser e não ser respondidas. 

O final de semana já mostrava inúmeras barbeiragens na F2 e F3, estreantes no traçado australiano, e a F1 não poderia ficar de fora. Se na largada já acontece algo, imagina numa relargada que define a prova nas voltas finais? Dito e feito. Sainz atropela Alonso, que perderia o pódio. As Alpine se batem, melhorando o clima amistoso entre os compatriotas Ocon e Gasly. Sargeant esquece de fazer a curva, tal qual Salvino, e atropela De Vries. Um caos.

Aí, o tal regulamento que conseguiu ser minimamente coerente. Como aconteceram tantas coisas e o primeiro setor estava um caos, mais bandeira vermelha. Como o líder Verstappen (ele e Hamilton ilesos) não tinha completado a volta então, na prática, aquele caos todo não valeu. Uma pena que os abandonos e barbeiragens não poderiam ser desfeitos.

Ou seja: quem se ferrou nesse caso foram Sainz, punido com cinco segundos, e as Alpine. Com uma volta restante e impossível de relargar, a F1 optou pelo óbvio que deveria ter escolhido antes: terminar com as amarelas ou, no caso, o Safety Car.

Três pódios seguidos de Alonso, mais um com sustos e emoção, algo inédito desde 2013. O primeiro de Hamilton e da Mercedes no ano, mostrando que o carro não é tão ruim quanto as declarações querem induzir. Não há milagre, mas sim uma boa notícia. Primeiros pontos da difícil McLaren e do dono da casa Piastri na carreira. Hulkenberg nos pontos também, assim como Zhou e Tsunoda. Portanto, todas as equipes já pontuaram em três etapas. Pior para Alpine e Ferrari, que saíram zeradas, assim como a Williams.

A Red Bull está em outro patamar, Mercedes, Aston Martin e Ferrari vem para a briga de segundo posto e o resto é resto. O mais importante é mostrar como a FIA está espetacularizando decisões ridículas que ferem a competitividade do esporte, ao mesmo tempo que se importa com idiotices que matam a essência da categoria. Safety Car e bandeira vermelha em tudo é falta de bom senso, mas a preocupação dos caras é encaixar mais uma corrida dos EUA no calendário e proibir piercing de piloto e os mecânicos na grade na hora da bandeirada.

A F1 que conhecíamos está definhando. 

Confira a classificação final do GP da Austrália:


Até!