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domingo, 3 de setembro de 2023

10

 

Foto: ANP

Pela primeira vez na história, um piloto vence dez corridas consecutivas. Max Verstappen já está na história. Poucas vezes se viu um conjunto piloto e carro tão imbatíveis. O resto é chover no molhado. A vitória veio depois de 15 voltas de muita pressão em cima de Carlos Sainz. Com pneus desgastados, o espanhol fritou eles na primeira curva e o resto é história.

A corrida teve duas voltas a menos porque o motor de Tsunoda falhou na volta de apresentação. Muitos protocolos e enrolações, até quando o dia estava lindo e ensolarado em Monza. As burocracias da FIA irritam demais.

Mesmo largando na pole e terminando em terceiro, pressionado por três pilotos a corrida inteira e ultrapassado por dois, Carlos Sainz fez a melhor corrida da carreira, justamente num palco especial como Monza é para os tifosi. Foi combativo, vendeu caro a ultrapassagem para Max, não resistiu ao carro de Checo Pérez e segurou Leclerc. A Ferrari liberou a briga e por pouco não teve acidente dos dois.

Tudo porque Sainz foi muito aguerrido. Se as vezes falta velocidade e ritmo, o espanhol sabe ler muito bem as situações da corrida. O que sobra em velocidade falta em constância e equilíbrio para Leclerc. Grande final de semana dentro do possível para a Ferrari e especialmente para Sainz, que sai muito fortalecido para a sequência da temporada.

A Mercedes foi terceira força. Um adendo a essas punições que não punem: Hamilton tirou Piastri dos pontos e teve só cinco segundos de acréscimo, que foram facilmente revertidos com o ritmo da corrida. Ou seja: alguém que comete uma infração não paga por ela porque a pena chega a ser risível. Voltem com o drive through!

Alexander Albon e a Williams de meio de tabela. Que trabalho impecável de recuperação da equipe que até ontem era a pior do grid. Méritos para a Dorilton Capital e a chegada do ex-Mercedes James Vowles. Muito rápida de reta, Monza casou certinho com o carro de Grove e dessa vez não teve apendicite para impedir os pontos do tailandês nascido e criado na Inglaterra. Com uma temporada de afirmação, Albon pode se permitir a novos voos na carreira.

A McLaren também chegou a ter problemas entre os pilotos. Norris tenta usar a influência para se afirmar como um primeiro piloto intocável, mas Piastri está evoluindo e vai fazer frente com o passar do tempo no time. O australiano foi vítima de Hamilton hoje, mas vai ser interessante esses dois jovens pilotos se encontrando na pista com frequência.

Alonso fez o possível e Bottas voltou para os pontos. Liam Lawson fez um trabalho correto, embora aí mesmo em Monza De Vries pontuou com a Williams e deu o "golpe" na Red Bull. 

Sem muito o que comentar, a grande pergunta é: quando a Red Bull (15 vitórias seguidas) e Max Verstappen vão deixar de ganhar? Russell e a Mercedes em Interlagos foram os últimos que se atreveram a vencer nesse meio tempo. 

Confira a classificação final do GP da Itália:


Até!

domingo, 27 de agosto de 2023

RECORDE EM CASA

 

Foto: Dan Istiene/Getty Images

Nove vitórias seguidas. A consagração em casa. Max Verstappen se igualou, hoje, a Alberto Ascari e Sebastian Vettel. A busca pela décima, já semana que vem, é mais do que possível: é provável. Não há nada que possa impedir Max, nem a mãe natureza.

A corrida começou como se fosse aqueles modos de videogame ou a tal da "chuva artificial", uma das célebres declarações de Bernie Ecclestone. Durante a primeira volta, a chuva veio e começou a mudar tudo. Pérez e Zhou, que fizeram isso no primeiro giro, se deram bem. O mexicano tinha aberto 13 segundos de vantagem em pouquíssimas voltas. Parecia ter a faca e o queijo na mão para reagir.

A pista foi secando. Enquanto isso, Alonso pulou de quinto para segundo no início da corrida, na chuva, para mostrar porque é a Fênix. Estava no páreo. Norris e Russell, candidatos a pódio, sucumbiram aos azares e erros de estratégia das equipes. Muitos optaram por não parar, pois seria uma chuva fraca. Mesmo assim, fez estrago.

Com a pista seca, novas trocas. Antes, o Safety Car causado por Logan Sargeant juntou o grid, o que propiciava táticas diferentes, como Russell indo de duros até o final. Nesse meio tempo, Gasly saiu do meio do grid para as primeiras posições, seguido de Sainz e Albon, em grande fase. Norris, Hamilton e Russell tentavam se recuperar, mas a verdade é que a corrida depois dos quatro primeiros era loteria pura.

Quando as coisas pareciam se acalmar, um temporal nas últimas voltas. Carros aquaplanando. Zhou batendo. É proibido correr na chuva, então mais uma vez tivemos bandeira vermelha no final. O suspense da relargada. Pra quê fazer pneu de chuva se é proibido correr nessas condições? É fazer a gente de palhaço. Podiam ter encerrado a corrida que nada mudaria.

Digo, Russell teve um incidente com Norris e perdeu pontos. Pérez rodou e perdeu a segunda posição para Alonso. Desgraça pouca é bobagem: foi parar para colocar pneu de chuva forte e acelerou demais no pit. Punido. Para quem tinha todas as condições de finalmente reagir, terminar fora do pódio em virtude da punição enquanto Max faz história é de desanimar. A "sorte" do mexicano é que a pressão, por ora, está adiada: Ricciardo teve uma lesão no pulso e pode ser ausência também para as próximas corridas. Oportunidade para Liam Lawson ser um pouco competitivo contra Tsunoda.

Don Alonso voltou ao pódio e parece mais feliz agora do que quando disputava o título. Está desfrutando. Parece aquele de 2005 que fazia os gestos com a mão no carro depois de vencer e gritava "Toma!" quando saía do bólido.

Gasly, com uma ótima estratégia e pulo do gato, conquista o primeiro pódio com a Alpine, que busca se reestruturar depois das mudanças realizadas na pausa do verão europeu. O destaque dos pontos não é mais uma novidade: Alexander Albon é demais para a Williams no momento, mas o que estaria sendo reservado para o tailandês nascido e criado na Inglaterra?

Max Verstappen vai em busca da décima. Chove, seca, tudo vira de cabeça para baixo na corrida, menos a posição dele. É um trabalho invejável. Constante, não erra, é de outra categoria, capitaliza tudo o que tem. Adjetivos e elogios já são repetitivos e chatos. A questão é olhar além: o que será Max Verstappen na história da F1, para delírio dos animados holandeses?

Confira a classificação final do GP da Holanda:


Até!


terça-feira, 15 de agosto de 2023

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2023: Parte 2

 

Foto: Motorsport

Voltamos com a segunda parte da análise parcial da temporada 2023. Agora, com as equipes restantes: Alfa Romeo, Aston Martin, Haas, Alpha Tauri e Williams.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 6,5 – Praticamente um figurante na temporada, mal aparece nas corridas e nos treinos. Bottas faz o que pode, mas a futura Sauber/Audi só pensa no futuro. Está jogada às traças. Não há muito o que escrever.

Guanyu Zhou – 6,5 – Parece mais adaptado e melhor que no ano de estreia, mas o problema é o mesmo de Bottas: a equipe simplesmente não está lá. Alguns brilharecos no sábado e olhe lá. Maior definição de coadjuvante melancólico não há para uma equipe que só pensa em um futuro diferente, incluindo os nomes.

Foto: Motorsport

Fernando Alonso – 9,0 – Parecia que seria outro erro, o agora fatal, de gerenciamento de carreira da Fênix. No entanto, a evolução da Aston Martin é notável, e ter um dos melhores pilotos da história do time na hora certa faz a diferença. Muitos pódios, algumas possibilidades de vitória e consistência. Alonso também é um dos únicos que pontuou em todas as corridas. A Aston perdeu o terreno e vai precisar remar muito para voltar ao topo, mas talvez 2024 seja o outro grande pulo do gato. É uma temporada que já foi paga, independentemente do retorno das férias.

Lance Stroll – 6,5 – Colocar alguém como Alonso no mesmo bólido é evidenciar as limitações do filho do dono. Isso todos sabemos. Então, Stroll não faz o suficiente pelo carro que tem, mas quem se importa? É o piloto menos pressionado do grid hoje em dia, então não faz diferença alguma fazer qualquer ponderação além do que já foi escrito até aqui.

Foto: Getty Images

Kevin Magnussen – 6,5 – Está sendo o Mick Schumacher da vez. Se ano passado o retorno foi impressionante pelo domínio interno e a pole mágica na sprint race em Interlagos, o 2023 é um choque de realidade. Batido pelo rival Hulkenberg, a Haas também não permite fazer muita coisa, mas ser constantemente superado pelo companheiro de equipe que ficou fora da categoria por alguns anos não é bom sinal.

Nico Hulkenberg – 7,0 – Parece que o tempo ausente não fez diferença. Hulk continua com os mesmos vícios e virtudes. Muito rápido no sábado, mas sucumbe no domingo. Claro que o carro também tem uma dose de responsabilidade, mas parece que o alemão não tem sorte na F1. Pelo menos ele relembra a competência na consistência interna e está tirando Magnussen para pouco caso.

Foto: Motorsport

Yuki Tsunoda – 7,0 – Está melhor que o ano passado, mas isso não quer dizer muita coisa. A Alpha Tauri está à deriva e o japonês causa mais dúvidas que respostas. Ele está bem porque De Vries é que é fraco ou o carro pode mais a partir da chegada de Ricciardo?

Nyck De Vries – 5,0 – Desde sempre foi um boi de piranha na equipe, sem alternativas viáveis para subir alguém. No desespero e estreando na F1 num matadouro, também pouco se ajudou. Não teve ritmo e nenhum momento e fez parecer Tsunoda um piloto promissor e evoluído. É uma pena, mas parece que o holandês entrou num jogo de cartas marcadas.

Daniel Ricciardo – Sem nota. Desempenho será avaliado apenas a partir de agora.

Foto: Getty Images

Alexander Albon – 8,0 – Corre mais que o carro. Está evoluindo e merece uma equipe melhor, nem que seja meio de tabela. Espreme os resultados, tem ritmo, velocidade e briga de igual para igual com o resto do grid. Parece que finalmente desabrochou o talento do tailandês nascido e criado na Inglaterra. Estar longe da Red Bull parece ser bom negócio até aqui.

Logan Sargeant – 5,5 – Subiu para a F1 sem estar pronto, pela necessidade de ter um americano no grid. Não é ruim mas repito, ainda não está preparado. A comparação com Albon só torna as coisas piores. O ritmo é inexistente. Ainda há margem para evolução para minimamente ser competitivo e combativo. A melhora da Williams nas últimas atualizações é um alento para isso, principalmente no médio prazo. Não vou ser tão taxativo assim, ainda acredito no potencial, nem que seja mínimo, do Sargeant.

Concorda? Discorda? Escreva nos comentários e digite também as suas notas!

Até!




segunda-feira, 10 de julho de 2023

FÓRMULA VERSTAPPEN

 

Foto: Getty Images

Tirando Max, até que a F1 está bem interessante, com grandes disputas e alternâncias, menos pelo primeiro lugar. Um universo paralelo.

Começando que, novamente, aquele que deveria fazer alguma frente sequer finge. Outra vez Checo Pérez ficou pelo caminho e conseguiu ser eliminado no Q1 no sábado. Nem mesmo a corrida de recuperação tímida, com o Safety Car, o defende. Só o patrocínio de Carlos Slim e o sucesso estrondoso de Max que colocam essas questões para segundo plano.

A grande novidade do final de semana. Será que o desempenho da McLaren é fruto do acaso do finde ou podemos ver o time de Woking consistente nas próximas semanas? Piastri recebeu as atualizações e também brilhou. O azar do Safety Car tirou o que seria o primeiro pódio do jovem australiano.

Norris é realidade. Só precisa de um carro para fazer o que faz. Assumiu a ponta largando melhor e depois fez o que era possível. No fim, o que poderia ser um erro de conservadorismo da McLaren ao escolher os pneus duros para a parte final se mostrou um acerto graças a garra e qualidade dos pilotos, que resistiram com maestria aos ataques da dupla da Mercedes.

Norris e Piastri, cada vez mais ambientado com a categoria, com o equipamento certo, podem fazer muitas coisas na F1. Depende da McLaren agora transformar isso em algo raro ou recorrente. Como é bom ver o talento prosperando.

A Mercedes segue no mesmo ritmo, mas em corrida ainda está bem. Hoje, teve sorte e competência para ganhar posições no Safety Car e conseguir mais um pódio para Hamilton - o 195° da carreira - azar de Russell, uma tônica no ano. Ainda falta algo a mais para as ex-flechas de prata. O caminho é longo e surgem muitos adversários. Uma hora é Aston, outra McLaren, depois Ferrari... só falta a Alpine chegar.

A Ferrari foi a de sempre: azar e incompetência na estratégia. Tiraram Leclerc e Sainz de bons pontos para ficarem em nono e décimo. Só três. É impressionante a falta de leitura, timing e consequentemente sorte para esses caras. Não tem como não enlouquecer sendo torcedor ou algum membro do cavalinho rampante.

A Aston Martin parou e as adversárias cresceram. Sozinha com Alonso, alguns bons pontos também graças a estratégia e a sorte do Safety Car e só. Talvez uma nova atualização para depois das férias seja necessária para voltar a sonhar com pódios. Muitos já falam em projeto 2024...

Albon é uma realidade. A veloz Williams foi consistente o final de semana inteiro, então não foi surpresa mais pontos para o tailandês nascido e criado na Inglaterra. Quase que ele passa Alonso e ainda deixou as Ferrari para trás. No mínimo, está cavando um retorno para alguma equipe melhor estruturada.

Alpine longe do potencial e a bagunça de sempre, Haas com problemas e as Alf(ph)as jogadas às traças: Tauri e Romeo. 

A Fórmula 1 sem Verstappen seria algo muito bacana. As forças mudam conforme as corridas e as atualizações fazem com que todos consigam brigar, ou ao menos sonhar e surpreender. Menos para vencer, é claro. Aí, Max continua na viagem solitária rumo ao tri campeonato.

Confira a classificação do GP da Inglaterra:


Até!

domingo, 18 de junho de 2023

NÚMEROS E MAIS NÚMEROS

 

Foto: Getty Images

Faça chuva, nublado ou sol, nada vai impedir que Max Verstappen continue vencendo e dominando na F1. Ele consegue superar até a mãe natureza, em um final de semana repleto de desafios logísticos, respondidos com números que impressionam pela precocidade.

No sábado, Max já superou o número de poles de pares como Niki Lauda e Nelson Piquet - observem o que o futuro tricampeão está fazendo. No domingo, Verstappen chegou a vitória número 41, igualando Ayrton Senna e o centésimo triunfo da Red Bull. O primeiro veio em 2009, quatro anos depois da estreia na categoria, quando comprou a Jaguar.

Mesmo com a Red Bull longe do domínio acachapante das outras corridas, Max ainda assim controlou com relativa tranquilidade Alonso e Hamilton. Os dois foram beneficiados pela punição ao então segundo colocado no grid de largada, Nico Hulkenberg, provando que até no sábado o alemão virgem de pódios na F1 não tem mais sorte.

Hamilton passou Alonso na largada, mas o ritmo da Aston Martin fez a Fênix recuperar a posição. Lewis até tentou uma pressão no final, prontamente neutralizada pelo bicampeão. E os três primeiros terminaram assim, em uma corrida longe de grandes emoções.

Um dos pódios mais épicos da história. Assim vai ser quando os três estiverem no topo. Já são 12 títulos (contando o inevitável tri de Max), centenas de poles, vitórias e pódios. Que coisa maravilhosa. Só falta que os alemães e o time do bilionário Lawrence consigam se aproximar um pouquinho em ritmo e velocidade, porque Max está numa fase tão esplendorosa que nem mesmo quebras ou eventuais erros podem ser admitidos, mesmo sabendo que, no final do dia, Verstappen é humano.

A Ferrari acertou na estratégia. O Safety Car causado pela batida de Russell no muro (hoje foi o famoso "dia de crescimento" de George) fez com que os italianos apostassem na durabilidade dos pneus e o trenzinho no grid para ganhar posições importantes, perdidas por inúmeros fatores no sábado (a Ferrari, como sempre e o desastrado Sainz, atrapalhando todo mundo).

Pérez foi outra decepção e precisa lutar bravamente para, dessa vez, ser vice-campeão. A queda de rendimento e ausência de reação não chega a surpreender quem acompanha o mexicano, mas frustra desperdiçar tantas oportunidades no carro mais dominante que dirigiu. Essa pressão de achar que seria páreo para Max claramente pode ser um fator a mais nas causas dessa decadência, olhando por uma particularidade oportunista, obviamente.

Alexander Albon foi o cara do dia. Já tinha brilhado no sábado ao levar a Williams ao Q3. Dessa vez, graças a estratégia, defendeu bravamente os ataques de Ocon e garante pontos fundamentais para a equipe. Uma volta para o time satélite cairia bem no futuro, não? Considerando que De Vries talvez nem termine o ano...

Russell, além de perder pontos importantes para os construtores, ainda teve azar de, mesmo depois de escalar o grid novamente, ter um problema e abandonar. Mesmo assim, a Mercedes parece ser a segunda força porque é a única que possui carro e dupla de pilotos confiáveis (apesar de hoje). A Ferrari é a Ferrari e a outra é Alonso Martin.

Ocon, Stroll e Bottas pontuaram. O filho do dono também constrange por estar tão distante de Alonso, mesmo envelhecido. Também não surpreende. Norris teve uma punição sobre "atitude antidesportiva" e perdeu pontinhos preciosos para a McLaren, que saiu zerada.

No chato GP do Canadá, que teve de quase tudo e mesmo assim não teve como deter Max Verstappen, o que fica é a imagem do pódio. Os três melhores pilotos do grid onde devem estar. E o holandês segue colecionando números, números e mais números.

Confira a classificação final do GP do Canadá:


Até!

sexta-feira, 17 de março de 2023

TEM JEITO DE...

 

Foto: Giuseppe Cacace/AFP

Arábia Saudita. A Ferrari já troca pela terceira vez um componente eletrônico de Charles Leclerc e o monegasco perde 10 posições no grid. Segunda corrida do ano. A temporada promete...

A Ferrari parece estar brigando para ser uma segunda ou quem sabe terceira força. Os resultados hoje foram tímidos, mas todos sabemos que o mais importante é a classificação de amanhã. A mesma situação vive a Mercedes. É possível esconder o jogo estando tão distantes da Red Bull? Não sabemos, mas o começo de ano para as duas equipes é bem tortuoso.

Por outro lado, a Aston Martin tem cara e jeito de que vai ser uma força realmente séria durante o ano. Ainda precisamos de confirmações, mas ver Alonso tão próximo dos tempos de Max Verstappen faz bem para a alma. Imagina que sonho seria se os dois melhores pilotos da atualidade brigassem pelo título? Uma pena é que a Red Bull destoa e destrói o restante no ritmo de corrida.

Quem parece que está bem e vem, quietinha e sem alarde, é a Alpine. Gasly esteve nos pontos e Ocon numa jornada atípica no Bahrein. Os tempos são competitivos. No mínimo entre os dez para ambos. Quem parece tirar muito mais que o carro oferece é Alexander Albon, com tempos consistentes. Uma pitada de sorte e o tailandês nascido e criado na Inglaterra pode guiar a Williams para caminhos incríveis enquanto Sargeant se ambienta na categoria.

A notícia do dia, portanto, é notar que a Aston Martin pode estar nas forças do topo de forma definitiva, ou ao menos mais consistentes do que imaginávamos. Uma corrida de cada vez, muita calma, mas por outro lado, é impossível não se empolgar com a nova Alonsomania da Geração Z.

Confira os tempos dos treinos livres do GP da Arábia Saudita:




Até!

segunda-feira, 6 de março de 2023

TEM CARA DE...

 

Foto: Red Bull Content Pool

Meus amigos e minhas amigas, tentando ser sucinto porque cheguei do GreNal e ainda estou trabalhando: de ponta a ponta, a Red Bull e Max Verstappen tem tudo para dominar mais um campeonato. Não foram tocados. Nem Pérez pode ameaçar, apesar de ter perdido a posição para Leclerc na largada e demorado a recuperar o segundo lugar.

Os motivos são simples: é uma equipe quase perfeita. Boas voltas rápidas, stints impecáveis e estratégias quase perfeitas, além da confiabilidade. Não tem onde tirar e nem onde por. Russell já declarou que teremos um monólogo. Exageros a parte, não é impossível enxergar, em condições normais, um desafiante para os taurinos no momento.

A Ferrari já sofre com confiabilidade. Mesmo Leclerc fazendo máximo esforço, a Ferrari já começou com uma quebra. Sainz, muito abaixo, não foi páreo para brigar, mas ao menos conseguiu se defender das Mercedes.

Os ex-prateados, então... o W14 é uma continuação do erro de projeto do W13. Os alemães continuam distantes do grid, mesmo com a melhor dupla fazendo de tudo para capitalizar. A largada foi ótima, mas o ritmo não. Russell e Hamilton estão em sérios problemas e o tom pesaroso público de todas as partes, embora levemente dramático, também signifique as flechas pretas não sabem o que fazer. Pode ser outro ano perdido.

O começo positivo nos pontos foram de Bottas, eficiente com a Alfa Romeo, a estreia nos pontos de Gasly na Alpine depois de um sábado ruim e Alexander Albon já tirando a Williams do zero de cara. Os estreantes tiveram uma noite difícil. É natural, pois mal há testes para adaptações: o melhor foi Logan Sargeant, 12°. De Vries e Piastri sofreram. O australiano abandonou e a McLaren assusta no início de temporada. Tal qual ano passado, o pessoal de Woking está distante, muito abaixo. Imagina o que não passa na cabeça de Lando Norris...

A Haas segue brigando, mas vai precisar de sorte para Hulkenberg e mais consistência para Magnussen. Uma missão complicada para ambos. A Alpha Tauri também parece sem rumo e sem líder.

Deixei o melhor para o final porque será esmiuçado amanhã: a Aston Martin é o grande sopro desse início de ano. Stroll, com os punhos machucados e enfrentando notórias dificuldades, ainda assim foi o sexto, ultrapassou Russell e segurou uma Mercedes. Quer sinal de projeto bem nascido do que isso?

Fernando Alonso Díaz. Don Alonso. A Fênix. O plano. A fera voltou. 20 anos nesse jogo parecem nenhum. Será? Duas décadas depois da estreia e do primeiro pódio, o espanhol brilhou no final de semana. Lutou, passou ex-rivais e teve uma rara sorte nos últimos anos: graças ao abandono de Leclerc, o primeiro pódio com a equipe logo na estreia, o segundo da história do time de Lawrence Stroll.

A distância para a Red Bull é enorme e para Leclerc também, mas a Aston Martin pode se permitir, nesse primeiro momento enquanto a temporada europeia não começa, que sim, é possível brigar por pódios. Verstappen encoraja e afirma que são capazes até de vencer. Alonso, eufórico mas também comedido: um dia de cada vez.

A Fênix fez uma daquelas corridas que nos acostumamos a assistir. Sempre valente, brigando e fazendo o carro alcançar possibilidades maiores, mesmo com os reflexos já não sendo os mesmos da plena juventude. Lembrem-se: a Aston Martin tem bastante tempo de túnel de vento e, com dinheiro, tem um desenvolvimento agressivo do carro na temporada, além da adição de novos profissionais, principalmente Dan Fallows, ex-Red Bull. 

Não é fogo de palha. A disputa será intensa e difícil, mas finalmente, graças também a chegada de um quarentão motivado e pilhado como se fosse um garoto, pode ser que a Aston Martin comece a justificar os investimentos feitos até aqui pelo projeto audacioso de Lawrence Stroll.

Tal qual o campeonato italiano, a disputa parece ser apenas pelo segundo lugar. A Red Bull napolitana, com Max Verstappen imparável igual Kvara e Osimhen, sob a tutela de Christian Horner e Adrian Newey como se fossem um Luciano Spaletti, está alguns degraus acima. Bem acima. As asas do energético só podem ser observadas com uma lupa. 

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

quinta-feira, 2 de março de 2023

GUIA TEMPORADA 2023: Parte 2

 

Foto: Motorsport

Chegamos com a parte dois da tradicional análise antes do início da temporada 2023. Irei escrever sobre Alfa Romeo, Aston Martin, Haas, Alpha Tauri e Williams!

ALFA ROMEO F1 TEAM STAKE


Foto: Reprodução/Alfa Romeo

Pilotos: Valtteri Bottas (#77) e Guanyu Zhou (#24)

Chefe de Equipe: Alessandro Alunni Bravi

Títulos de Pilotos: 2 (1950 e 1951)

Vitórias: 10

Pódios: 26

Pole Positions: 12

Voltas Mais Rápidas: 15

A futura Sauber/Audi vive um momento de transição. Com um novo e desconhecido chefe de equipe, os suíços querem mais pontos do chinês Zhou aliados com a consistência de Bottas para navegar no pelotão intermediário. O time perdeu o fôlego na metade final da temporada, então o objetivo é ter mais consistência durante o ano. Resta saber como está o foco do time em meio a tantas e futuras mudanças no corpo diretivo e, porque não, técnico da equipe.

ASTON MARTIN ARAMCO COGNIZANT F1 TEAM


Foto: Reprodução/Aston Martin

Pilotos: Fernando Alonso (#14) e Lance Stroll (#18)

Chefe de Equipe: Mike Krack

Pódios: 1

A grande atração é ver Fernando Alonso no time de Lawrence Stroll. Um projeto ambicioso, mas o tempo (ou a falta dele) pode ser o principal empecilho. Até aqui, a Aston Martin deu passos bem tímidos. A promessa é que as coisas melhorem com a finalização do novo túnel de vento na fábrica. De novo: Alonso terá tempo para tentar mais uma última tentativa de voltar ao topo da F1?

MONEYGRAM HAAS F1 TEAM

Foto: Reprodução/Haas

Pilotos: Kevin Magnussen (#20) e Nico Hulkenberg (#27)

Chefe de Equipe: Gunther Steiner

Pole Positions: 1

Voltas Mais Rápidas: 2

Estabilidade é o que procura a Haas. Depois de contratar Magnussen as vésperas do início do ano passado, os americanos conseguiram mais pontos do que a expectativa e K-Mag ressurgiu das cinzas com uma pole em Interlagos. A surpresa é um desafeto ser o novo companheiro de equipe: o retorno de Nico Hulkenberg, o piloto número 21 do grid. Dois anos ausentes e mais velho pode ser um fato de desequilíbrio no início do enfrentamento, mas o que Gunther e companhia esperam é que os dois briguem com os outros na pista e não entre si para que a Haas consiga pontuar o máximo possível na temporada.

SCUDERIA ALPHA TAURI

Foto: Reprodução/Alpha Tauri

Pilotos: Yuki Tsunoda (#22) e Nyck De Vries (#21)

Chefe de Equipe: Franz Tost

Vitórias: 1

Pódios: 2

Voltas Mais Rápidas: 1

A dupla mais intrigante do grid: o jovem, mas experiente Tsunoda e o novato de quase 30 anos De Vries, que impressionou ao pontuar com a Williams num rabo de foguete. O holandês vai usar a experiência dos títulos da F2 e FE e a experiência na McLaren e Mercedes como reserva. O japonês está na Alpha Tauri por falta de opção, visto que De Vries já é a própria admissão de que ainda não há um prodígio taurino pronto para ser alçado. Cobaia da equipe principal, certamente o time de Faenza precisa fazer muito mais do que a penúltima posição de 2022. Vão conseguir com uma dupla inexperiente?

WILLIAMS RACING

Foto: Reprodução/Williams

Pilotos: Alexander Albon (#23) e Logan Sargeant (#2)

Chefe de Equipe: James Vowles

Títulos de Pilotos: 7 (1980, 1982, 1987, 1992, 1993, 1996 e 1997)

Títulos de Construtores: 9 (1980, 1981, 1987, 1992, 1993, 1994, 1996 e 1997)

Vitórias: 114

Pódios: 313

Pole Positions: 128

Voltas Mais Rápidas: 133

Mudam o chefe de equipe e o parceiro de Albon: ex-Mercedes James Vowles e o retorno de um americano no grid, o cria da casa Logan Sargeant. O tailandês nascido e criado na Inglaterra mostrou-se apto a ser consistente e liderar uma equipe tão frágil. Apesar de três pilotos terem pontuado no ano, a Williams não conseguiu sair da lanterna. Mesmo sem dinheiro, reformulada e com um jovem no time, a expectativa é fazer o que pode, até porque a esperança é um futuro que talvez nunca chegue.

E essas foram as análises antes do início da temporada. O que você está esperando? Comente!

Até!



segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

ANÁLISE DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 

Foto: Getty Images

Olá, pessoal! Agora vem a parte final da análise da temporada 2022, com os pilotos da Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas.


Foto: Getty Images

Pierre Gasly – 6,5 = O grande fato do francês foi ter conseguido um up na carreira, indo para a Alpine. A Red Bull B é um tubo de ensaio. Não deu pra fazer nada marcante. Gasly apareceu mais nos noticiários do que propriamente na pista, e não é culpa do francês. É que realmente a Alpha Tauri não fez nada de minimamente notável para ser escrito aqui.

Yuki Tsunoda – 6,5 = A mesma coisa que Gasly. O japonês erra mais, é menos regular, é inferior a Gasly. Segunda temporada na F1 e vai ganhar a terceira porque a Red Bull não tem opções na base. O mais curioso é que, agora, Tsunoda vai ser o líder do time, teoricamente falando. Precisa mostrar mais, mesmo que o carro não permita grandes holofotes. Regularidade é o caminho.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel – 7,0 = A temporada de despedida do tetracampeão começou difícil. Ausente por covid, demorou a se adaptar ao carro ruim da Aston Martin. Com o tempo, o carro melhorou timidamente e Vettel conseguiu tirar um pouco mais do carro. Agora ex-piloto, não há muito mais o que dizer sobre Seb por aqui, ainda mais numa análise “técnica” diante desse contexto.

Lance Stroll – 6,5 = A mesma coisa de Vettel. Melhorou no fim, ainda se envolve em acidentes e vai ter outro campeão do mundo como parceiro de time. Em tese, corre sempre leve, porque é o filho do dono. Não há muito o que escrever sobre, também. Mantenho a mesma opinião dos anos anteriores.


Foto: Motorsport Images

Nicholas Latifi – 5,5 = O dinheiro não é mais útil e foi uma chicane ambulante. O pior piloto do grid, ainda assim teve dois destaques: Inglaterra e a corrida onde pontuou. Mesmo assim, conseguiu o feito constrangedor de ser o último do time a chegar nos pontos. Latifi cumpriu “bem” o papel dele e agora não serve mais para a F1. Que seja feliz em outro lugar.

Alexander Albon – 7,0 = Carregou o time, mesmo com um ano de ferrugem na categoria. Estratégias diferentes e bom ritmo. O carro é ruim e o companheiro não é um bom parâmetro, então o tailandês nascido e criado na Inglaterra se saiu muito bem, até fora desse universo. Ele e a Williams podem melhorar para que consigam pontuar mais vezes e sair do fim do grid.

Foto: Getty Images

Valtteri Bottas – 7,5 = Começou muito bem o ano, somando todos os pontos possíveis para a surpreendente Alfa Romeo. O desempenho caiu e o finlandês enfrentou muitos problemas, mas acabou mostrando toda a excelência de ter sido piloto de alto nível por tantos anos na Mercedes. Bottas vai ser fundamental nessa transição da Alfa Romeo/Sauber/Audi. Ele precisa se mostrar apto para ser uma peça chave no longo-prazo.

Guanyu Zhou – 6,5 = Ano de estreia é sempre difícil, ainda mais em um novo regulamento. Se não foram muitos pontos em comparação a Bottas, o chinês não comprometeu. Faltou ritmo ali e aqui, normal para quem é novo e inexperiente, mas teve uma certa regularidade. Precisa mostrar mais na segunda temporada. A pressão na F1 é brutal e a dose de paciência e encorajamento que teve agora certamente vai diminuir com o passar do tempo. Hora da afirmação.

Foto: Getty Images

Mick Schumacher – 6,5 = Alguns pontos, muitas batidas e muita irregularidade. Já escrevi sobre Mick por aqui, mas a chegada de Magnussen mudou o parâmetro de avaliação, onde o alemão não se mostrou pronto até aqui. Poderia até ter um último ano definitivo, mas a equipe não entendeu assim e, convenhamos, Mick não se ajudou.

Kevin Magnussen – 7,0 = Um retorno inesperado e um desempenho inesperado. Na fogueira, praticamente sem tempo para se readaptar, o dinamarquês foi na prática o líder do time. Fez o que Mick deveria ter feito. Somou a grande maioria dos pontos em uma equipe que começou surpreendentemente na zona de pontuação e depois fez o que pode quando a queda óbvia se concretizou. Cheio de dinheiro e de moral, principalmente após Interlagos, Magnussen retoma o status de líder da equipe de Gene Haas em um espaço cascudo, experiente. Vai ser fundamental para dar o próximo passo do time administrado por Gunther Steiner.

Gostou? Concorda? Discorda? Faça a sua análise também!

Até mais!




segunda-feira, 5 de setembro de 2022

MUITAS HIPÓTESES

 

Foto: MotorSport

Com a temporada cada vez mais desinteressante pela falta de concorrência a Max Verstappen, é inegável que os principais assuntos nos próximos meses sejam o mercado de transferências sobre as vagas restantes no grid para 2023.

A aposentadoria de Vettel desencadeou um verdadeiro efeito dominó na situação. É claro que já sabemos de Alonso na Aston Martin e a confirmação de Piastri na McLaren. O resto, aos poucos, começa a tentar se definir. Vou tentar ir por partes.

Começando pela Alpine, é claro. O candidato é Pierre Gasly. O próprio Helmut Marko afirma que a saída dele, de contrato com os taurinos até 2023, depende de uma indenização financeira. É a única exigência para a equipe francesa ter dois compatriotas no time.

Se a Alpine tirar um piloto da Alpha Tauri, quem seria o substituto? Bom, para começar, podem ser dois: Tsunoda ainda não está oficialmente garantido para o ano que vem. O desempenho irregular, atrelado a falta de paciência tradicional dos taurinos com os jovens pilotos, é sempre um motivo para dispensa.

O que pode salvar o japonês é o fato da academia da Red Bull não ter um nome pronto para subir. Vips foi desligado, Daruvala, Hauger e Lawson não empolgam. Como Pérez já foi contratado em virtude disso, não seria surpresa pensar fora da caixinha?

Helmut Marko admitiu, após a corrida na Holanda, que há um acordo com o americano Colton Herta. Faltam duas condições: a ida de Gasly para a Alpine e a FIA liberar a superlicença para o piloto da Indy, que não tem os pontos necessários para isso.

Considerando que a categoria e a Liberty estão desesperadas por um piloto americano para alavancar o engajamento, assim como dar maior visibilidade para Alpha Tauri (empresa de moda), não seria difícil que isso acontecesse. Afinal, Herta tem 34 dos 40 pontos necessários.

Se Tsunoda não ficar, quem poderia ser um candidato? Sim, ele mesmo: Felipe Drugovich. Segundo a imprensa, o brasileiro foi visto conversando com Marko no motorhome no último final de semana. Com o cartaz de provável campeão da F2, Drugo precisa ter o alinhamento das estrelas para poder brilhar (saída de Gasly, não renovação com Tsunoda, negativa para Herta).

Enfim, este é um assunto que pretendo abordar no texto de amanhã. Continuarei lá.

A Haas também tem dúvidas. Dizem que Mick Schumacher vai deixar a academia da Ferrari no final do ano, o que torna a permanência do alemão um ponto de interrogação. Com a parceria técnica dos americanos com os italianos, geralmente uma das vagas pode ter influência da Ferrari, assim como foi Mick na própria equipe e anteriormente Gutierrez e Giovinazzi, este na Alfa Romeo.

Aliás, o italiano é apontado como um candidato em potencial justamente por esse motivo. Sem o apadrinhamento da Ferrari, apenas o sobrenome pode não ser o suficiente para manter Mick, que também já foi ligado a especulações a Alpine e a própria Alpha Tauri (lembram quando Marko elogiou o alemão lá no início do ano?)

Na futura ex-Alfa Romeo, Zhou tem apelo até de Bottas para a permanência. É um ano de adaptação e o chinês não se envolve em acidentes. Precisaria de mais tempo e paciência para se desenvolver, além do fato de levar muito dinheiro para os suíços. No caso da Alfa Romeo, uma das alternativas poderia ser o reserva Theo Pourchaire, membro da academia. No entanto, o francês ainda é muito jovem e poderia esperar mais. Outro ano maturando na F2 é um caminho mais adequado.

A própria Williams tem incertezas. Latifi fica? Só pelo dinheiro. A recuperação financeira do time é suficiente para dispensá-lo? Não sabemos. Interessados não faltariam, mesmo sendo a pior equipe do grid. A prioridade, claro, é alguém com dinheiro, mas já vimos que alguns acordos podem ser costurados. Albon, da Red Bull, foi parar lá, mesmo com a Williams sendo parceira de motores da Mercedes.

Aliás, e se a Alpha Tauri resolver chamar Albon (que tem contrato) de volta, caso não tenha alternativas? Ela já fez isso algumas vezes com Kvyat... e é uma solução que faz sentido, pois o tailandês nascido e criado na Inglaterra está tirando leite de pedra. E se a Williams precisa, então, de mais de uma vaga? Candidatos não faltariam, de todos os nichos.

Dúvidas e questões que devem ser resolvidas até o final do ano, no mais tardar ano que vem. Afinal, quanto mais cedo esses acertos, melhor para o desenvolvimento do carro de acordo com a característica dos pilotos.

Esse mercado tem tudo para ser mais emocionante que o atual Mundial de F1. Fofoca sempre rende, não é mesmo?

Até!


segunda-feira, 29 de agosto de 2022

TIRANDO PRA COMÉDIA

 

Foto: ANP via Getty Images

A incerteza ficou só na sexta feira mesmo. No treino, com o motor novinho, Max Verstappen tinha grandes possibilidades de no mínimo ficar no pódio. Ele mesmo havia declarado no sábado que seria uma vergonha isso não acontecer.

O que se viu em Spa Francorchamps foi um passeio. A expectativa era que Leclerc também pudesse se recuperar, mas aí depois voltamos para esse assunto. Coincidência ou não, os trabalhos de Max e Charles ficaram um pouco mais fáceis porque as Alpha Tauri largaram dos boxes. Caminho livre e pedido da equipe principal?

Sainz e Pérez dependeriam de um bom ritmo e sorte para tentar sonhar com uma vitória. Com a Red Bull melhor, a impressão é que o time de Adrian Newey progrediu com as novas regulamentações técnicas, além do fato de ter evoluído muito nos circuitos de alta velocidade, com muitas retas.

As primeiras voltas também facilitaram o trabalho que já não seria tão hercúleo para Max. Escalando o grid, teve o Safety Car provocado por mais uma barbeiragem de Latifi e que vitimou Bottas.

Antes disso, 15 anos de ressentimento: Hamilton foi otimista demais, tentou passar por fora, deixou Alonso sem espaço e voou. Com danos, teve que abandonar. Os melhores também erram. Hamilton desperdiçou uma boa chance de pódio. A Mercedes tem um ótimo ritmo, mas falta velocidade. A Red Bull se distanciou. Os alemães dão alguns passos atrás.

Alonso, fulo da vida com a manobra, destilou os anos de ressentimento no rádio. Na raiva, foi genuíno. Uma pena que escolhas da carreira não permitiram que os dois se encontrassem mais nas pistas. É natural que Alonso sinta isso, pois tem o ego e a competição envolvidos. É natural. Quem tenta dominar sempre vai ter dificuldade com os semelhantes.

Um Safety Car facilitou o trabalho de Max porque não permitiu que Sainz disparasse. Era para ele e Leclerc chegarem nos ponteiros, mas o azar falou mais alto na Ferrari. Uma sobreviseira que Max tirou foi parar no duto de freios do ferrarista, superaquecendo-o. Parada prematura e desgaste de pneus fizeram com que Charles se descolasse do principal pelotão. Mais uma vez, fora da disputa. Mas o pior estava por vir.

Max está sobrando. É como se jogasse no muito fácil. Na Hungria, largou em nono. Agora, em décimo terceiro. Mesmo assim, em 12 voltas, era o líder, mesmo com pneus macios. Os médios de Sainz e Pérez se desgastaram muito mais rápido. Fácil, extremamente fácil. E meteu 20 segundos de vantagem. O carro está melhor e mais adaptado para Max. Os rivais ficam cada vez mais distantes e não evoluem, pelo contrário.

Leclerc parou para colocar pneus novos e fazer a volta mais rápida, só que no meio do caminho tinha Alonso. O ponto não foi possível, mas veio o pior: acelerar demais no pit lane rendeu cinco segundos de punição. Leclerc, que teria 11 pontos, saiu com 8. São quase 100 pontos de desvantagem. O campeonato acabou, sejamos francos.

O psicológico também conta. Ou Leclerc erra ou a Ferrari o prejudica. São tantos erros repetidos que culminaram muito precocemente numa suposta disputa, justamente quando a Ferrari estava mais competitiva. Agora, com a Red Bull cada vez melhor e o crônico problema dos italianos em evoluir durante o ano, agora é questão de tempo. Nem o discurso externo existe mais.

Pérez e Sainz no pódio. Os dois segundões. A diferença é que, de forma bizarra, a Ferrari coloca as melhores estratégias no espanhol. Daqui a pouco, mesmo com um ritmo inferior, é capaz de ultrapassar o monegasco no campeonato. O Senhor Consistência Russell teve uma boa possibilidade de pódio, mas é inegável que o retorno das férias foi um soco no estômago da Mercedes, como Hamilton disse no sábado.

Apesar dos danos causados no incidente com o Sir, Alonso segue somando pontos e mostrando porque deve continuar na F1 por muito tempo. Nele, a idade não parece agir. Ainda por cima, mostrou um lado vintage que está disfarçado de humor e carisma em virtude de não andar mais no topo da categoria. Alonso é um patrimônio da F1 porque é único. Hoje, ele lembrou os antigos e respondeu aos novos porque é não há meio termo: ame ou odeie.

Ocon é tão regular que quase esqueci de mencioná-lo, mesmo repetindo a épica ultrapassagem que o Hakkinen fez na reta oposta. Tão consistente quanto Russell e ainda menos inserido no radar do que quando surgiu da base para a categoria.

Vettel, Gasly e Albon conseguem pontos importantes. Uma boa atuação do alemão, num circuito onde a Aston Martin foi competitiva. O tailandês consegue o quarto pontinho com a Williams e isso precisa ser sempre muito bem comemorado. Mesmo em uma temporada decepcionante, Gasly tenta encontrar um rumo também para a carreira.

Quem ficou abaixo foi a McLaren, que saiu zerada. Parece que a Alpine está melhor nas pistas de alta. Vai ser uma disputa interessantíssima nos construtores, ainda mais com a questão Piastri no meio.

Max Verstappen e a Red Bull tiram a concorrência pra comédia. É fácil e até humilhante: não interessa de onde sai, nada parece ser capaz de deter o bicampeonato do holandês, que corre em casa na semana que vem. Imagina a euforia?


Até!

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

ANÁLISE PARCIAL DA TEMPORADA 2022: Parte 2

 Olá, amigos e amigas! Vem aí a parte final da análise parcial da temporada 2022, agora com Alpha Tauri, Aston Martin, Williams, Alfa Romeo e Haas:

Foto: Autosport

Pierre Gasly = 6,5 – O carro derrubou Gasly. Também não há grande motivação. No limbo, o francês cumpre tabela. O desempenho não é o mesmo dos últimos anos. São poucos pontos e muitos problemas e falta de ritmo. Também não penso ser apenas coincidência esse marasmo diante da falta de perspectiva na carreira no médio prazo. Pierre é um grande ponto de interrogação.

Yuki Tsunoda = 6,5 – O japonês comete alguns erros, bate, roda, mas está mais competitivo e adaptado a categoria. O desempenho melhorou e chegou a superar Gasly. Só está atrás nos pontos por problemas no carro. Por isso é necessário ter calma com os jovens. Sem os inúmeros testes como antigamente, demora para haver uma evolução notável. Leva tempo. O japonês está em bom caminho, beneficiado pelo fato da Red Bull hoje não ter nenhum prodígio viável para acelerar o processo de uns e queimar outros. Sorte para Yuki, que assim pode se desenvolver no tempo possível diante da fogueira que é a Alpha Tauri/Toro Rosso.


Foto: Getty Images

Sebastian Vettel = 6,5 – A tour de despedida começou com um forte sinal. Batidas na Austrália e ausências nas primeiras etapas por Covid. Já parecia, desde o início, que Vettel se despedia, o que foi confirmado depois. Não tem muito o que escrever. Não é mais aquele mesmo piloto, mas, mesmo assim, faz o possível em um carro que não é bom. Que tenha um final de carreira compatível com as conquistas que teve.

Lance Stroll = 6,0 – Está lá pelo pai. É o que sempre escrevo. Com o carro ruim, fica até difícil falar algo. Sem muitas condições de brilhar, conquista poucos pontos e ainda assim é superado por um futuro aposentado, embora tetracampeão. Stroll cumpre um papel, um sacrifício para a continuidade de uma equipe e dos investimentos do pai, Tio Patinhas.


Foto: Motorsport

Nicholas Latifi = 5,0 – Outro que está de contagem regressiva na F1. Evoluiu ano passado, involuiu nesse ano, com o novo regulamento. Uma chicane ambulante e sem velocidade. Pela experiência que tem, não deveria ser batido tão facilmente por Albon, mas aí lembrei que é um pagante gente boa. Com a Williams mais estruturada, o dinheiro do canadense não faz tanta diferença, então é desfrutar das corridas que restam na categoria e não dar muito prejuízo para o time com batidas.

Alexander Albon = 7,0 – No retorno para a categoria, faz o que pode com a Williams. Aliás, pontuar com esse carro já é um grande feito. Albon tem consistência e briga com o que pode. A Red Bull tentou queimar a reputação do rapaz, mas o tailandês nascido e criado na Inglaterra é um bom valor. Nem oito e nem oitenta. Na Williams, vai ser o líder e, se tiver oportunidade, certamente vai conquistar alguns pontinhos épicos.


Foto: Getty Images

Valtteri Bottas = 7,5 – Começou muito bem na nova equipe, marcando pontos e levando o lastro e a experiência de tantos anos numa estrutura ambiciosa e vencedora. No entanto, está sendo vítima dos problemas da Alfa Romeo nas últimas etapas, marcando menos pontos e abandonando mais. No limbo, Bottas é líder de um projeto que precisa de tempo para dar certo. Ainda assim, a ex-Sauber está um nível acima do ano passado, o que é um sinal positivo para continuar avançando.

Guanyu Zhou = 6,5 – Estrear no ano que muda o regulamento é um desafio duplo. Com a má vontade de quem apenas vê em Zhou um chinês com dinheiro, o viável está fazendo um bom trabalho diante de todo o contexto. Se adaptando e enfrentando muitos problemas, teve poucas boas atuações, mas marcou pontos logo na estreia. Assim como Tsunoda, a tendência é que cresça com o passar do tempo na categoria. Os caminhos são favoráveis: dinheiro e talento existem. Assim, Zhou pode continuar a caminhada sem maiores percalços.


Foto: Getty Images

Mick Schumacher = 6,5 – Um início de ano que certamente destruiria reputações de quem não tem Schumacher no sobrenome. A benção e a maldição disfarçada. Mick bateu muito e foi facilmente vencido por Magnussen, que chegou no time às pressas. No primeiro desafio mais competitivo na F1, está sucumbindo. É preocupante. No entanto, com duas corridas nos pontos e a habitual ascensão demorada, Mick pode deslanchar de agora em diante, com menos pressão. Ainda assim, está devendo, por ser um Schumacher e alguém promissor, mas ainda dá tempo de terminar o ano com mais impressões positivas que negativas.

Kevin Magnussen = 7,5 – Retornando de paraquedas numa equipe à deriva, Kevin conseguiu ser um protagonista que nem antes havia conseguido. Quase todos os pontos foram feitos por ele enquanto as rivais patinavam e a Haas surpreendentemente ocupava as primeiras posições. Com a falta de dinheiro do time e os rivais crescendo com as atualizações, os pontos ficaram mais raros. Mick cresceu, mas Kevin ainda é mais regular. Um retorno para F1 acima das expectativas. De mero tapa buraco de luxo, Kevin pode voltar a ser o manda-chuva da Haas, o que seria uma reviravolta aleatória demais para a carreira.

Essa foi a análise parcial da temporada. Concorda? Discorda? Agora, toda a ansiedade e expectativa para o retorno das últimas etapas do ano!

Até mais!


domingo, 3 de julho de 2022

MAIS SORTE QUE JUÍZO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

A corrida de hoje em Silverstone mostrou que nem sempre quem vence faz uma boa corrida ou apenas o suficiente para ganhar. Claro, é óbvio que fez o suficiente se recebeu a bandeirada primeiro, mas isso também está ligado a outras circunstâncias que só o contexto faz questão de lembrar. Para os livros de história, não, até porque ela é contada pelos vencedores.

Talvez isso soe chato ou ranzinza, mas tudo bem. O importante é que finalmente Carlos Sainz venceu a primeira na carreira, justamente no final de semana onde fez também a primeira pole. Depois de bater na trave com a McLaren e em algumas etapas desse ano, o espanhol fez o hino do país voltar a tocar na F1 depois de nove anos, novamente com a Ferrari, onde Alonso triunfou pela última vez. Finalmente Sainz entregou o resultado que se esperava, embora as circunstâncias tenham sido bem distintas.

Começando pela largada e o forte acidente que interrompeu a corrida em uma hora. Gasly foi prensado por Russell, tocou no inglês, que tocou no carro de Zhou que capotou, quicou na brita passou por cima da proteção de pneus. Se não fosse a grade, acertaria o público e poderíamos ter uma tragédia.

Claro que foi assustador, mas não achei que haveria algum perigo. O Halo pode ter feito (ou fez) sua parte, mas capotamento é algo que sempre existiu na F1 e nem sempre dá para colocar tudo na conta desse artefato. Do contrário, muita gente teria morrido nos anos 1990 e 2000. O santantônio sim é uma invenção mais importante, mas esse assunto de segurança é cansativo e já escrevi sobre, então deixa pra lá.

O acidente que poderia ter sido mais grave foi o do Albon. Com o incidente acontecendo na curva, todo mundo freou. Vettel bateu em Albon, que bateu no guard rail e foi para o meio da pista, batendo e sido batido de frente, em T. A sorte é que os carros haviam diminuído a velocidade, mas se fosse igual na F2, em 2019... Por sorte e pela tecnologia, Albon e Zhou estão bem e devem participar da corrida da semana que vem.

Com a largada anulada, que tinha Verstappen na frente e Hamilton em terceiro, veio aí a primeira sorte de Sainz. Com a segunda largada, foi agressivo e cresceu para cima de Max, fechando-o. Foi o único mérito do espanhol hoje. Pérez foi tocado por Leclerc enquanto tentava se aproveitar da briga na frente e teve o bico danificado, precisando parar e ir para o fim do pelotão. 

Como sempre, o ritmo da Red Bull era superior e Sainz sentiu a pressão. Errou sozinho e facilitou o trabalho de Max, que parecia caminhar para mais uma vitória no ano. No entanto, passou por uma zebra e danificou o carro e furou um dos pneus. Desde então, não teve mais ritmo e praticamente se arrastou na pista, nos padrões Red Bull, claro. Sem os taurinos na briga, isso era uma ótima notícia para o campeonato.

A Ferrari tinha a faca e o queijo na mão para finalmente fazer outra dobradinha e recolocar Charles Leclerc de volta a briga pelo campeonato. No entanto, a Ferrari resolveu não ser totalmente Ferrari. A bagunça e a burrice estiveram lá, mas em nenhum momento eles intercederam a favor de quem briga pelo título. Leclerc, também com o carro danificado, ainda assim era mais rápido que Sainz. Enquanto isso, Hamilton chegava de mansinho e sonhava com uma vitória apoteótica em casa outra vez. A Mercedes tem ritmo com os pneus usados e é o grande trunfo da segunda metade do campeonato. A vitória dos alemães está mais próxima do que imaginávamos.

Quando a Ferrari finalmente se livrou de Sainz e priorizou Leclerc, Hamilton tinha uma boa situação na corrida, mas a Mercedes também não ajudou. Foi muito conservadora na troca de pneus. Os duros não tiravam tanta diferença, apesar de Hamilton ter uma óbvia vantagem para as últimas vantagens. Tudo parecia dar certo em linhas tortas, até que um problema no carro de Ocon, sobrevivente da primeira largada, mudou a corrida.

O Safety Car trouxe Pérez de volta para a briga e poderia prejudicar ainda mais Max, que era o nono e estava brigando com a Haas pelos pontos. Faltando poucas voltas, o gabarito era colocar os pneus macios e virar sprint race. Loucura total. Mas a Ferrari, ah a Ferrari... o principal piloto do time permaneceu na pista com os pneus duros. Por quê? A McLaren de Norris demorou a parar e Vettel e Magnussen também não trocaram pneus. Os dois últimos foram presas fáceis.

Leclerc foi presa, mas deu trabalho. Mostrou talento e jogou duro até com Sainz, que se aproveitou e se livrou na ponta, ainda que com dificuldades. Com os pneus novos, Pérez foi espetacular na briga com Hamilton e passou os dois. No entanto, o tempo que perdeu na disputa o tirou da briga pela vitória. Leclerc também, graças a burrice da Ferrari, perdeu o lugar no pódio para Hamilton, que teve o terceiro no ano e o décimo terceiro em Silverstone, sendo dez seguidos. Foi feito para Silverstone. 

De novo, Sainz teve mais sorte que juízo. Parecia que a Ferrari queria dar a ele a primeira vitória de uma vez, independente do contexto, para não desmotivá-lo. Apenas não entendi acabarem com Leclerc. Com Max lá atrás, era a chance de encostar no campeonato, e a oportunidade foi desperdiçada de novo. Ainda no fim, Max brigou com unhas e dentes pelo sétimo lugar e finalmente Mick Schumacher marcou os primeiros pontos da carreira. Emocionalmente na questão da nostalgia. Tomara que isso dê a confiança necessária para o alemão continuar trabalhando na Haas, onde a batata dele já estava começando a queimar.

Don Alonso, sem problemas, consegue um grande quinto lugar. Se tivesse mais carro e/ou potência, poderia ter se beneficiado da briga que acompanhou na parte final da prova. Norris andou em quarto a corrida toda mas um erro da McLaren o fez perder duas posições, ainda assim está bem. E Daniel Ricciardo? Mesmo numa corrida maluca, conseguiu ser o 13° de 14 carros que completaram a prova. Infelizmente, parece não ter mais solução. É constrangedor.

Vettel consegue mais dois pontos para a Aston Martin e Magnussen fechou o top 10. Cruel para Latifi, que teve um final de semana mágico para seus padrões e ainda assim não pontuou. Fui inventar de elogiar Tsunoda e ele acabou com a corrida dele e de Gasly. Certamente deve ter aquela conversa bacana e instrutiva com Helmut Marko...

O que nós queríamos, de certa forma, aconteceu: mais emoção e imprevisibilidade. Com Max fora do caminho, era a chance da Ferrari voltar a briga pelo título com Leclerc. O que vimos, no entanto, não deixou de ser imprevisível: os italianos priorizaram o segundo piloto que, com mais sorte que juízo, venceu a primeira na carreira. Que isso também sirva para dar mais confiança ao pressionado espanhol, mas é uma sacanagem tremenda com Leclerc, que luta sozinho contra três equipes, aparentemente.

Confira a classificação final do GP da Inglaterra:


Até!

domingo, 8 de maio de 2022

GANHANDO TERRENO

 

Foto: Mark Thompson/Getty Images

No artifical circuito de Miami, lotado de celebridades, uma corrida morna mas que esquentou apenas no fim, graças ao Safety Car causado pela batida de Gasly em Norris. O francês não conseguia guiar o carro porque foi atropelado por Alonso voltas antes. Aos 40 anos, parece que os reflexos da Fênix não são mais os mesmos.

A expectativa de chuva e caos diante das armadilhas no circuito não se confirmou. O que vimos foi uma corrida chata, porém disputada, com um final mais emocionante. Pela primeira vez largando na primeira fila desde 2019, Max passou Sainz na primeira curva para seguir à caça de Leclerc. Nove voltas depois, virou líder e venceu a terceira na temporada. 

A Ferrari com os pneus macios perde ritmo muito fácil. A Red Bull sobrou e só não conseguiu um resultado melhor porque o motor de Pérez apresentava problemas. Mesmo assim, o mexicano se precipitou no final da prova e gastou um ataque contra Sainz, mergulhando e travando tudo. O espanhol pelo menos se recuperou das últimas corridas e trouxe pontos importantes nos construtores. A Red Bull está chegando.

Com os pneus duros, a Ferrari teve bom ritmo, mas Max me parece um degrau acima na disputa individual com Leclerc. O monegasco, dessa vez, não se emocionou e garantiu bons pontos para manter uma vantagem relativamente boa no campeonato. A Ferrari certamente vai ter atualizações a partir de Barcelona, assim como os demais. É necessário, pois a vantagem da Austrália já evaporou. Hoje, o maior inimigo da Red Bull é a própria confiabilidade.

Que piloto é George Russell. Parecia que seria um domingo difícil. Largando mal e lá atrás, optou pela estratégia de começar com os pneus duros e avisou a equipe: vamos assim enquanto for possível, até aparecer um VSC ou um Safety Car. Dito e feito. Teve sorte, mas também mérito em fazer a leitura da situação, provavelmente influenciado por Albon na Austrália. Na reta final, com pneus novos, passou Hamilton com facilidade e chegou na frente do heptacampeão de novo. Dessa vez, o #44 não foi mal, apenas traído pelo acaso e a equipe, que deixou nas mãos do piloto a decisão estratégica. Hamilton obviamente ficou insatisfeito com isso porque quem decide é o estrategista. 

Bom, mais uma vez ficou evidente que o carro dos alemães é a terceira força do Mundial, mesmo muito atrás de Ferrari e Red Bull. Dali para trás, é briga de foice no escuro. Bottas fez uma corrida correta mas escorregou no fim. Ainda assim, teve um ótimo sétimo lugar. Ocon também teve boa corrida de recuperação e, mais uma vez, Alexander Albon consegue um pontinho improvável na Williams. Um espetáculo de corrida.

Vettel e Mick Schumacher estavam brigando pelos pontos, mas aí o problema de não saber ultrapassar... Mick simplesmente atropelou o mentor e os dois zeraram. Aliás, o filho do Schummi segue zerado no grid. A cada corrida que passa, a pressão aumenta. É complicado. Deve ter levado algum puxão de orelha do Gunther Steiner. Magnussen colocou Mick em uma situação difícil. 

Pouco a pouco, Verstappen e a Red Bull avançam algumas jardas e vão diminuindo a desvantagem em relação a Ferrari. O campeonato é longo e agora chegamos em uma fase interessante: as corridas europeias, onde as primeiras atualizações são colocadas em prática nos carros. Aí, saberemos se a Red Bull consegue a virada, a Ferrari mantém ou dispara ou se a Mercedes começa a incomodar a ponto de voltar a sonhar com algumas vitórias.

Confira a classificação final do GP de Miami:


Até!

domingo, 10 de abril de 2022

AVASSALADOR

 

Foto: Peter J. Fox/Getty Images

Fazia tempo que não via a Ferrari dominar uma corrida do início ao fim sem ser incomodada, sem correr riscos. Desde os tempos de Schumacher e também os dois anos que Massa e Raikkonen brigaram pelos campeonatos, em 2007 e 2008. Nem mesmo o Safety Car e a rápida ameaça de Max foram algo digno de algum drama.

Charles Leclerc vence a quarta corrida na carreira e a segunda no ano, liderando de ponta a ponta e fazendo a volta mais rápida, além da pole. É um início avassalador. Ele não dá chances a ninguém. Como Galvão Bueno sempre fala: o piloto bom é aquele que na hora decisiva mostra o que sabe. Leclerc, desde o surgimento, sempre foi um prodígio. Agora, maturando, parece mais próximo do que imagina para encontrar a glória eterna (além da Libertadores, é também a F1).

O contrário é Carlos Sainz. Fui um dos que bradou aos quatro cantos que o espanhol seria páreo duro por ter temporadas consecutivas de excelência. De novo, como diz Galvão: "fazer graça no meio do grid é fácil, difícil é ter consistência na pressão de disputar um campeonato". Sainz teve um péssimo final de semana. Teve azar no sábado e no domingo errou, ficou fora. O espanhol vai sentir ainda mais a pressão de ser Ferrari porque agora menos que a dobradinha será considerado um fracasso. 

Sainz antecipa um drama que a Ferrari "viveria": no fim das contas, o espanhol será o escudeiro de Leclerc. Não aproveitou a chance e, mesmo em três corridas, pode-se escrever que é tarde para alcançar um talento como o monegasco.

A dificuldade também está no carro número um. Max Verstappen. Brigando com o bólido, tentou de tudo para pressionar Leclerc mas não há carro suficiente para a briga. E nem motor ou combustível. Com dois abandonos em três corridas, a Red Bull sofre com a confiabilidade e pode ficar fora da briga mais cedo que imaginava. Numa F1 que quebrar é raro, 36 pontos a menos é um pecado. Dá tempo de recuperar? Com a Ferrari nesse nível, começa a parecer improvável, mesmo que falte vinte corridas. Aposto que Adrian Newey lembra desse carro da mesma forma que lembra a McLaren de 2005: velozes e inconfiáveis.

Por outro lado, Pérez parece mais competitivo e conseguiu o primeiro pódio no ano. Está mais perto de Verstappen e parece ser mais importante para o time nesse ano, além de mais ajustado ao novo carro. Um piloto muito útil. 

A Mercedes parece muito distante nas voltas lançadas pelo motor deficitário de potência e a dificuldade em aquecer os pneus, mas o ritmo de corrida é consistente. Os pneus duram mais, ao contrário da Red Bull, o que permitiu disputas com Pérez. A Mercedes não está no meio do pelotão e sim estabelecida como terceira força. Se a Red Bull e Sainz bobearem, eles estarão lá. Foi o caso. Russell teve sorte de um Safety Car surgir e conseguiu o primeiro pódio em uma corrida, superando Hamilton que tinha ritmo superior. O caminho é longo, mas os alemães estão na briga, hein? Não descartem eles!

A McLaren evoluiu desde a segunda etapa e retomou o padrão do ano passado. Norris foi perfeito e Ricciardo fez os primeiros pontos no ano diante da massa australiana. Entra de vez no bolo do pelotão intermediário, buscando os ajustes no decorrer da temporada. É uma parada dura, mas hoje foi um sinal positivo de reação.

Esteban Ocon foi regular e mesmo assim é o cara que traz pontos para a casa na Alpine. Dessa vez a culpa é da ex-Renault e a crueldade que fizeram com Don Alonso, o injustiçado do final de semana. Brigaria pela pole até o carro apagar. Uma estratégia equivocada de demorar a parar fez o espanhol desperdiçar uma grande oportunidade. Carro tinha, faltou visão e confiabilidade, menos para o francês.

Bottas conseguiu dois pontos importantes para a Alfa Romeo mas o nome da corrida foi Alexander Albon. Em uma estratégia quase suicida, conseguiu render 57 voltas com o pneu duro, parando na última e garantindo o décimo lugar, largando de último! Soube se beneficiar das circunstâncias da corrida, no agitado e remodelado Albert Park (viva as britas! mesmo mais rápida, ainda é difícil ultrapassar por lá, mas é um circuito belíssimo!) e traz um ponto importante para a Williams.

Fica cada vez mais claro que Latifi não consegue domar os carros da nova F1, assim como Stroll. Duas chicanes ambulantes. Não é surpresa, mas são os dois que bancam as equipes que guiam, então reclamar não vai adiantar nada.

Definitivamente a pior equipe do grid é a Aston Martin. Não adianta investimento maciço se não for nas áreas certas. Vettel estreou na temporada e parecia ainda com sequelas do covid, brincadeiras à parte: bateu o final de semana todo. Faz tempo, mas nem parece que o alemão é um tetracampeão mundial. Inacreditável o processo de decadência estabelecido pelo alemão. Virou uma chicane ambulante, quando Galvão falava sobre Villeneuve e Coulthard no final da carreira. Assim como Stroll, só sai quando quer, porque é acionista, mas vou dar um desconto: estreando e se recuperando da covid, Vettel precisa de tempo.

A Ferrari e Charles Leclerc começam o ano num ritmo avassalador, sem brechas para a concorrência. Com a Red Bull inconfiável e a Mercedes ainda distante de uma briga igualitária, pode parecer precoce mas a sensação é que os italianos talvez estejam mais próximo do ouro do que eles imaginavam...

Confira a classificação final do GP da Austrália:


Até!