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terça-feira, 22 de agosto de 2023

INÊS É MORTA

 

Foto: Getty Images

O campeonato de 2008 sempre vai gerar dúvidas e questionamentos. Esse ano, tudo aumentou com a ação de ingresso de Felipe Massa na justiça para ser corado campeão mundial daquela temporada.

Neste ano, Bernie Ecclestone admitiu em entrevista que sabia do escândalo de Cingapura ainda em 2008 e não fez nada para não manchar o esporte, o que seria não cumprir com o próprio regulamento da FIA da época, que era presidida por Max Mosley.

Esse inclusive é o argumento da defesa, além das perdas financeiras por não ser campeão, as oportunidades que se abririam para Massa e os brasileiros impactados por um compatriota no topo (lembrem que nós só gostamos de quem vence, certo?), contratos, exposição, etc. Felipe Massa poderia ter sido uma super estrela, ou simplesmente um “novo Senna”, um novo vencedor e exemplo para o Brasil.

Pelo que li e foi contextualizado, são argumentos convincentes, inclusive com a definitiva infração da própria FIA ao lavar as mãos para o caso. Já passando dos 90, Ecclestone ativou a carta do “não lembro de ter dito isso”, mas a verdade é que a boca grande dele é que está gerando esse burburinho.

Mas na prática, é correto mudar alguma coisa? É possível mudar alguma coisa? Massa foi prejudicado nesses termos, além de uma tramóia ter tirado uma vitória que ele tinha grandes chances de confirmar. Aí que está. Tinha grandes chances, não é algo certo. Quem não poderia imaginar que algo aconteceria tal qual em Hungaroring?

E outra: Hamilton não tem nada a ver com isso e é tão vítima de uma atitude suja quanto Massa. Os dois tiveram problemas e foram irregulares naquele ano, por isso a quase igualdade.

Também não é justo e correto usar apenas a lógica de dar os pontos para Cingapura ou “se o Massa tivesse vencido ele era campeão”. Se o brasileiro vencesse em Cingapura ou chegasse com uma vantagem mínima para decidir em Interlagos, certamente o comportamento da McLaren e de Hamilton seriam diferentes no decorrer do ano após a corrida noturna.

A situação só chegou na catarse porque justamente era Hamilton que tinha a vantagem e pilotava o suficiente para ser campeão. Mudando essa estrutura, ele correria com uma outra motivação e estratégia. Ninguém pode prever o que aconteceria.

Sim, Massa parece ter sido vítima de uma negligência da própria FIA. Isso é o suficiente para ser considerado campeão ou co-campeão? Hamilton tem que pagar o pato por algo que ele também foi no mínimo prejudicado? É possível reescrever a história, colocar um asterisco?

Penso que não, assim como, infelizmente, não será possível fazer “justiça” para o brasileiro até porque, mesmo assim, um título reconhecido tardiamente também não mudaria em nada para o destino de todos. Agora, Inês é morta.

Até!

terça-feira, 5 de julho de 2022

GERADOR DE LERO-LERO

 

Foto: Divulgação

O automobilismo sempre foi e talvez sempre será um ambiente elitista, pelos altos custos que tem e como quem pertence a esse universo é privilegiado, em qualquer aspecto que você escolher. Como em tudo que nos rodeia, é um recorte da nossa sociedade, principalmente no aspecto social e econômico. A famosa bolha.

Como não poderia deixar de ser, o público alvo sempre foi selecionado para quem tem o poder aquisitivo de comprar os caros pertences e frequentar os lugares do automobilismo, até porque o circo precisa ser pago. Manter toda a estrutura e o glamour tem um preço que não é acessível para o cidadão médio. E isso sempre foi institucionalizado pela F1, principalmente na gestão Bernie Ecclestone. O aceno ao Oriente Médio não era somente político e a atual gestão, a moderna Liberty, mantém o mesmo caminho: em tempos de pós-Covid, a conta precisa ser paga.

Nos últimos anos, é perceptível uma mudança de público que “engaja” (termo da moda) e se interessa pela categoria. Se antes eram raros os malucos que gostavam de ver carros fazendo vrum num domingo onde o mais importante é o carro, agora vimos que é um fenômeno que vai muito além do alcance padrão institucionalizado do homem de alto poder aquisitivo.

Os motivos? São bem evidentes. A Liberty, americana, sabe atrair e tornar a F1 em um espetáculo, mesmo na era Mercedes sem graça. A série da Netflix trouxe a dramaticidade e interessou muitas pessoas que talvez olhassem pra categoria de forma torta, ou talvez nem conheciam o esporte mesmo. E o público da Netflix não abrange somente homens de alto poder aquisitivo, muito pelo contrário.

Outro motivo evidente é Lewis Hamilton. Sempre famoso por andar com as celebridades, o sucesso esportivo, o carisma, a representatividade e as atitudes extrapista trouxeram muitos admiradores, principalmente quem não acompanhava a categoria. Hamilton é o pacote completo: o piloto supercampeão e a pessoa supercampeã, exemplo, que entendeu o que é e o que representa graças a maturidade dos últimos anos. Pessoas que a F1 não fazia questão de ter como público alvo enxergam Hamilton como um exemplo óbvio: o primeiro piloto negro na categoria e, para muitos, o maior e melhor da história.

O universo da representatividade trouxe também as mulheres como protagonistas, cada vez mais exercendo funções importantes nas equipes, na parte mecânica, estratégica, engenharia, entre outros. E as fãs, claro. Quem acompanha as redes sociais se surpreende com o alto engajamento feminino e muito bem embasado na categoria, principalmente também na presença de público em Interlagos.

O automobilismo, assim como os esportes de combate, tem no público alvo consumidor talvez a mais evidente expressão caricata do “macho”. Ainda não há pilotas na F1, mas o desenvolvimento da W Series permite também que as mulheres possam estar nos monopostos como protagonistas, assim como algumas pioneiras conseguiram vaga no grid nas décadas anteriores. Recentemente, até chefe de equipe nós tivemos, através da Monisha e de Claire Williams.

As diferentes culturas e a imersão de públicos e estereótipos não pertencentes a F1 “raiz” é um choque para a zona de conforto e para uma geração mais antiga, é claro. Comportamentos que seriam normais no passado hoje não são mais toleráveis. São os tempos que vivemos. Quem não entender, respeitar e se adaptar, fica para trás.

Nelson Piquet sempre foi um anti-herói, um cara sincero que, através da pretensa sinceridade de falar o que quer e como quer, conquistou muitos fãs nas ditas declarações “politicamente incorretas”. Não é novidade. Os trechos expostos falando sobre Keke Rosberg e principalmente Lewis Hamilton têm um peso gravíssimo por se tratar de um tricampeão mundial, um dos maiores pilotos da categoria.

Nelson nunca teve papas na língua, mas isso nem sempre é sinônimo de ser algo positivo, como estamos observando. Bernie Ecclestone é outro que representa o passado. Sua importância na categoria e a mão de ferro que conduziu e transformou a F1 no que ela é hoje é inegável. Bernie é mais importante para a história da F1 que muitos pilotos, mas os fins sempre justificaram os meios e a F1 é produto dessa mentalidade outrora padrão do automobilismo.

Longe de querer tirar a importância e a arrogância de ignorar e esquecer quem tanto fez para o esporte, mas é evidente que comportamentos e frases que estamos lendo não são mais toleráveis. Se eram antes, já passou, devemos olhar para frente e mudar a mentalidade.

Juri Vips na semana passada e Kyle Larson na Nascar, onde inclusive é o atual campeão, foram outros exemplos de frases e brincadeiras racistas. Larson foi punido e voltou, caiu para cima e foi campeão. Vips saiu da Red Bull mas continua na F2, apesar dos protestos públicos da categoria. É um erro que custa uma carreira, obviamente.

A questão não é sobre segunda chance ou julgar de cima sobre os erros alheios. Não é o meu papel, mas o comportamento errático está presente até entre os profissionais de imprensa. Ninguém é santo. Mais importante do que mostrar descontentamento, indignação e textos falando sobre como é possível reverter isso são as práticas assertivas. Como fazer isso?

A cada caso, é sempre o discurso padrão de repúdio e “não passarão”! A verdade é que eles passam e repassem, a consequência é quase inexistente. Alguns caem para cima. O pior erro é ser definitivo, é preciso equilíbrio, tempero, mas ainda assim uma definição.

Esse texto é mais um gerador de lero-lero sobre os acontecimentos diários de racismo, machismo, homofobia, estupro e tantas outras coisas que estão ao nosso redor, nos indignamos, mas as coisas demoram para mudar, e quando mudam.

A esperança na mudança de mentalidade, escrevendo especificamente sobre o automobilismo, está justamente nos novos fãs e consumidores desse universo. Um toque de frescor e diversidade a um estigma. Não sei como escrever isso, mas os choques de geração, criação e até as diferenças socioeconômicas serão mais constantes agora, onde essa área de convívio ainda é inédita.

Com o passar do tempo, a minha torcida é que algumas situações se normalizem. Que a representatividade de Hamilton e outros profissionais “minoritários” no esporte sirvam de inspiração para qualquer pessoa apaixonada pelo automobilismo esteja ali sem aqueles olhares, falas e gestos que tiram a naturalidade de viver e seguir nesse universo.

Sou cético, mas nesse caso acredito que o gerador de lero-lero que tanto repetimos e torcemos para acontecer já está mudando, mesmo que a passos de tartaruga, a mentalidade das pessoas. É assim que o esporte educa e influencia a sociedade, onde a contribuição não está só no entretenimento em si, mas também através da cidadania de nos impactar e fazer com que esses exemplos positivos sejam espalhados pelas nossas comunidades locais.

De grão em grão, o exemplo do automobilismo pode melhorar o convívio e o respeito a todos nas diferentes manifestações, inclusive a ambiental, que parece ser tão contraditório a um esporte a motor. É evidente que tudo isso deveria ser uma obrigação das pessoas, mas até lá, é necessária uma construção passo a passo da cidadania e da sensibilidade para com o próximo.

Até!

 


segunda-feira, 15 de novembro de 2021

O QUE BERNIE NÃO SABIA (A F1 FORA DA BOLHA)

 

Foto: Mercedes

Durante décadas de administração de Bernie Ecclestone, o eterno chefão transformou a categoria e é o grande responsável pelo que a F1 é hoje. Não é exagero afirmar que Bernie é tão ou mais importante que os grandes pilotos da história, como Michael Schumacher, Ayrton Senna, Alain Prost, Niki Lauda, Juan Manuel Fangio, Jim Clark, Emerson Fittipaldi, Nelson Piquet, Nigel Mansell, entre outros.

A mão de ferro era administrada com uma única perspectiva: o dinheiro acima de tudo. Bernie nunca escondeu o  que gostava: para ele, a F1 era pra homens ricos acima de 30 anos, de preferência entre 50 e 60, que pudessem comprar e usufruir do luxo que é um final de semana da F1. Um evento único.

Não a toa, Bernie nunca teve problemas em correr na África do Sul durante o Apartheid e o boicote que houve ao país africano. Dinheiro acima de tudo e maquiagem nas questões raciais. A F1 delimitava o público.

Claro que o carisma sempre contou. Antigamente, a F1 era um evento (e continua, claro) que mostra o que há de mais moderno no esporte a motor. Como os carros eram novidades, ver um bólido a 300 km/h era uma sensação de perigo e respeito, porque a qualquer momento um piloto poderia morrer. Arriscar a vida em curvas, retas e chuva fazia parte do cartaz do que era ser piloto e o público comprava esse fascínio pela velocidade, tecnologia, o ronco dos motores e o perigo à 300 km/h.

Mesmo com as mortes e, claro, a perícia dos pilotos, o desenvolvimento tecnológico da categoria e também nas relações brecou essa parte romântica, digamos. Menos carros quebrando, menos disputas pelas vitórias e campeonatos e pilotos cada vez mostrando menos a personalidade, a F1 virou um clube de ricos parado no tempo enquanto a vida, a tecnologia e a sociedade seguiam em frente.

E por isso Bernie ficou para trás, além da idade. A Liberty Media, com muita experiência no showbiz americano, onde cada evento é um espetáculo à la NBA, entendeu que precisava de mudanças. Algumas são superficiais, é claro, e ainda não teve um grande impacto na competitividade e no ecossistema da categoria, mas o texto de hoje não é sobre isso.

A Liberty Media focou no que hoje chamamos de engajamento, sobretudo do público marginalizado por décadas pela própria administração da categoria: mulheres, negros e jovens se sentiam cada vez mais conectados com a sisuda, rica e anticarismática Fórmula 1. Como?

A série da Netflix, que confesso nunca ter assistido, alavancou a popularidade da categoria entre os mais jovens que sequer conheciam a categoria, mostrando o outro lado dos pilotos, que também sabem trabalhar a imagem pessoal nas redes sociais. Exemplos não faltam: Ricciardo, Sainz, Leclerc, Norris, Russell, além de pilotos, viraram influencers para muita gente. 

Não a toa que, depois de décadas passando vergonha e sendo ignorada na terra do Tio Sam, a americana Liberty Media finalmente consegue popularizar a categoria nos Estados Unidos, colocando Miami no mapa da F1 e não descartando uma terceira etapa no país no futuro. Nesse ano, em Austin, 400 mil pessoas acompanharam a corrida.

Outra obviedade nesse quesito é Lewis Hamilton: não só o campeão, o mais carismático, desde sempre popstar e super talentoso. A imagem do primeiro negro na categoria e depois multicampeão, com mais vitórias e poles e podendo ser o maior campeão isolado também ajudaram, mas principalmente o que Hamilton significa fora da pista: a luta pelos direitos das minorias, a luta antirracista e essa postura de quem não é somente um piloto muito talentoso, mas sim um cidadão que dentro do que pode fazer, quer contribuir com a F1 e a sociedade, trazendo mais negros, mulheres e LGBTs para as equipes e arquibancadas.

A identificação com o Brasil é antiga, pelo menos para quem é fã mais hardcore, mas o fenômeno que percebo na minha "bolha" é que, em 2021, a F1 passou dos hardcores, mesmo sem a transmissão da Globo: Netflix, Hamilton e uma temporada emocionante até o fim justificam isso, é claro. Nada mal para um esporte que ninguém vê e perdeu a graça em 1994.

Claro, Hamilton é o único no grid que é mais do que um piloto, é um superstar e um ativista. Saindo da bolha da F1, pouquíssimos pilotos seriam reconhecidos pela massa. Chutaria Verstappen, por ser o "inimigo" da vez de Hamilton, e os campeões Alonso, Raikkonen e Vettel que, mesmo sem ter redes sociais, se mostra tão engajado quanto Hamilton nas lutas humanitárias.

Talvez a F1 fora da bolha termine quando Hamilton se aposentar, afinal carisma não se transfere. A pessoa tem ou não tem. Ser mais do que um piloto ajuda tudo isso. Reverenciar Senna, que até hoje emociona a todos nós, também ajuda. Não basta ser apenas brasileiro para despertar paixões e ódios. Mesmo quando Massa foi quase campeão, não lembro de tamanha comoção fora do público hardcore. Não tinha tanto burburinho nas redes sociais, mas nas ruas não ouvia nada além do "por que tu ainda assiste isso?"

Bernie foi superado pelo tempo e, com um novo toque na categoria, a F1 conquista os Estados Unidos e se aproxima de um público que ainda tem certa resistência, mas que alguns já se encontram apaixonados. Agora, o desafio da Liberty é não tornar isso artificial demais, o like pelo like, o engajamento vazio. Mas isso eu deixo para outros textos, até porque adoro repetir essas coisas, mas hoje não.

É isso mesmo ou as vozes da minha cabeça criaram uma realidade paralela?

Até!

segunda-feira, 24 de maio de 2021

E SE FOI A MARCH

 

Foto: Getty Images

Morreu hoje aos 81 anos Max Mosley, ex-presidente da FIA. Ele vivia em Londres. A informação foi primeiramente confirmada pelo grande amigo Bernie Ecclestone. 

Max era filho de Oswald Mosley, líder do partido "União Britânica de Fascistas". O casamento de Oswald e Diana, seus pais, teve a presença de Adolf Hitler e Joseph Goebbels, em 1936. 

Em virtude do sobrenome, Max e o irmão foram recusados em várias escolas. Foram educados em casa, se mudavam constantemente, chegando a morar na França e na Alemanha. Virou advogado e, claro, em virtude do sobrenome, sempre manteve-se afastado da política, embora tenha atuado no Partido Conservador nos anos 1980.

Se voltou para o automobilismo, onde fundou a equipe March nos anos 1970. Quando a Foca (associação das equipes) se consolidou, Max começou a ter grande relação de amizade com Bernie Ecclestone, então dono da Brabham. Os dois foram os responsáveis pelo primeiro Pacto de Concórdia, em 1982, que regia os aspectos comerciais da F1 junto a FIA.

Com o desgaste e as polêmicas de Jean Marie Balestre no comando da entidade, Max Mosley cresceu e, com o apoio de Bernie, virou o presidente da FIA em 1993. O começo foi complicado: em 1994, as mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna, além do grave acidente de Karl Wendlinger mostrava que a F1 precisava fazer carros mais seguros e com menos potência.

E assim Max o fez. Um de seus grandes legados enquanto presidente da FIA foi aumentar -e muito - a segurança dos carros e pilotos na categoria. No entanto, alguns circuitos ficaram totalmente descaracterizados e permitiu o surgimento de outros bem artificiais, o que piorou com o passar do tempo.

Max sempre foi contra as montadoras, que queriam mandar na F1. Nos anos 2000, várias se juntaram a categoria: Honda, Toyota, BMW, Jaguar. Max não queria dar o braço a torcer por um simples motivo: elas sairiam da F1 na primeira oportunidade. E assim o fizeram, durante a crise de 2008.

Mosley queria imprimir um teto orçamentário na F1, o que só foi possível agora, quase duas décadas depois. Isso fez com que sua relação com as equipes e montadoras se deteriorasse rapidamente no comando da FIA, com ameaças de criação de um campeonato paralelo.

A pá de cal na vida pública de Max Mosley foi o vazamento de um orgia sadomasoquista nazista com cinco prostitutas e gestos nazistas. Pelo passado da família, não foi algo surpreendente. É óbvio que isso liquidou com o restante da administração e acabou saindo de cena da FIA e da vida pública em 2009, passando o bastão para Jean Todt, que deixa o comando da FIA no fim do ano.

O grande legado de Max Mosley na administração da FIA foi justamente aumentar a segurança dos carros, pilotos e circuitos. Além disso, outra coisa que ficou ainda mais importante nos dias atuais: diferente de hoje, a FIA não se dobrava as montadoras.

Hoje, a categoria é uma grande DTM, com Red Bull, Mercedes e Ferrari dando as cartas. A F1 come na mão deles. Qualquer coisinha diferente e eles vão abandonar a categoria, igual a Renault já fez várias vezes; e nem estou mencionando as equipes da década de 2000...

Nesse âmbito, falta alguém com esse pulso de fazer com que as montadoras sejam subservientes da F1, e não o contrário.

Hoje é um dia importante para a F1. Max Mosley e Bernie Ecclestone, dois donos de equipe com visões de mundo altamente reprováveis e repugnantes, mesmo assim mudaram a história da F1 e são os responsáveis por fazer a categoria exatamente desse jeito que a gente conhece. E assim se despede o fundador da March.

Até!

quinta-feira, 2 de abril de 2020

REALIDADE PARALELA

Foto: Getty Images
Com a pandemia pegando, cada um ficou definitivamente na sua bolha. Me deu vontade de escrever, vamos lá:

Cancelaram/adiaram mais uma corrida. Equipes e promotores acreditam ser possível realizar 16/18 corridas em 6 meses. Eles estão no direito de tentar defender o negócio deles. Realidade paralela.

Helmut Marko: o homem teve a ideia de confinar todos os pilotos da academia Red Bull (titulares e reservas das duas equipes) com o objetivo de todo mundo pegar o coronavírus e fazer com que se curassem com os anticorpos agora, evitando de ficar doentes no decorrer da temporada. Óbvio que a ideia não foi pra frente.

Dias atrás (pensava em você) ele disse que teve coronavírus mas que se curou. Logo ele, que está no grupo de risco. Realidade paralela. Isso é uma coisa que eu imaginava que o Bernie Ecclestone diria, por exemplo.

Por falar no Bernie, o senhor de quase 90 anos disse que, por ele, nem teria F1 no ano. Sensato, mas eu achava o contrário. Se ele fosse o dono, certamente já teríamos algumas corridas por aí... Ou não, vai saber qual é o personagem da vez que o malvado favorito escolheu ser.

Além dos gastos e incertezas, ninguém está ansioso pra ver Hamilton ganhar 15 das 20 corridas no ano e ser campeão facilmente mais uma vez. Façam duas temporadas em uma e azar. O problema é que já existem conversas para que o regulamento novo só seja imposto em 2023. Aí não, meu patrão.

A Racing Point pode se despedir nesse ano sem fazer uma corrida, tudo isso porque Stroll pai ano que vem será o chefe da Aston Martin. Nome de grife, investimento de grife, dinheiro, mas o Baby Stroll em um dos carros é rasgar esse dinheiro. É o contraponto da realidade paralela.

Enquanto eu escrevo besteira, eu vivo numa minha realidade paralela por aqui. Atualizações a qualquer momento. Escrevo y escrevo. Saudades, Prior :(

Até!

quinta-feira, 23 de maio de 2019

GP DE MÔNACO - Programação

O Grande Prêmio de Mônaco é um dos GPs mais conhecidos do automobilismo, juntamente com as 500 milhas de Indianopólis e as 24 horas de Le Mans. É um circuito de rua de Monte Carlo, com 3340 metros de extensão e que exige  muita precisão, devido a uma grande quantidade de curvas e a estreita largura das ruas que formam o percurso.

Passou a integrar o calendário da Fórmula 1 em 1955.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Max Verstappen - 1:14.260 (Red Bull, 2018)
Pole Position: Daniel Ricciardo - 1:10.810 (Red Bull, 2018)
Último vencedor: Daniel Ricciardo (Red Bull)
Maior vencedor: Ayrton Senna - 6x (1987, 1989, 1990, 1991, 1992 e 1993)

VERSTAPPEN SE DIZ SURPRESO COM O 3° LUGAR NA TABELA ATÉ AQUI

Foto: BeIn Sports
Dois pódios e todas as corridas entre os quatro primeiros. Este é Max Verstappen, atual terceiro colocado no Mundial de F1, a frente das duas Ferrari, outrora consideradas favoritas ao título no início do ano. Tudo isso surpreende o jovem holandês.

“Estamos satisfeitos com nossos resultados até aqui, por completo”, disse Verstappen, questionado pelo site americano Motorsport.com duraante evento em Zandvoort. “É o máximo que podemos alcançar. Somamos o máximo de pontos que poderíamos somar em cada fim de semana e estamos em terceiro no Mundial [de Pilotos], na frente da dupla da Ferrari, onde nós não costumamos estar”, apontou.

Apesar da classificação inicial, Max acredita que a Red Bull ainda é a terceira força do campeonato e que deve ser naturalmente ultrapassada pela Ferrari nas próximas corridas.

“Resumindo todas as corridas, nós fomos a terceira melhor equipe. Espero que a gente consiga melhorar isso para virar a segunda. Como equipe, você sempre quer mais. Mesmo assim, se você puder falar para si mesmo que maximizou os resultados, você precisa ficar satisfeito”, encerrou.


É o melhor início de temporada de Max Verstappen na F1. Se não teve um desempenho brilhante, foi regular e aproveitou todas as oportunidades. O talento e o arrojo estão lá. O amadurecimento parece estar vindo. Aproveitando as oportunidades, Max está tirando tudo e mais um pouco da Red Bull e é exatamente o que se espera de um líder de equipe e potencial campeão mundial. Ainda é cedo para afirmar, mas é possível colocar o braço a torcer e dizer finalmente que Max amadureceu.

HOMENAGENS PARA LAUDA

Foto: Getty Images
Este espaço é para algumas repercussões do mundo do esporte a motor sobre o falecimento de Niki Lauda, na última segunda-feira (20). Vamos a algumas delas:

- Nico Rosberg: “Caro Niki. Obrigado por tudo que fez por mim. Aprendi muito com você. Sua paixão, seu espírito de luta, de nunca desistir, a sua crença que sempre terá uma segunda vez na vida, e a sua paciência com nós novatos. Eu e todos os seus 100 milhões de fãs ao redor do mundo, que também foram inspirados a nunca desistir nos momentos mais difíceis, estão pensando em você e sua família, e desejam que você descanse em paz”.

- Ferrari: “Hoje é um dia triste para a F1. A grande família Ferrari soube, com profunda tristeza, da morte do nosso amigo Niki Lauda, tricampeão mundial, duas vezes com a Scuderia. Você vai permanecer para sempre em nossos corações e nos dos tifosi”, escreveu a Ferrari nas redes sociais.

“Todos na Ferrari estão profundamente tristes com a notícia da morte do nosso querido amigo Niki Lauda. Nossas sinceras condolências vão todas para sua família e amigos”.

"Acho que graças a sua bravura e seu carisma indiscutível, ele ajudou esse esporte a ser conhecido e amado no mundo. Tenho lembranças dele dizendo que minha abordagem suíça era exatamente o necessário para trazer ordem para a italiana Ferrari. Isso era o Niki, direto, mesmo sem concordar com ele o tempo inteiro, você não poderia deixar de gostar dele" - Mattia Binotto, chefe da Ferrari

"É um dia muito triste pra mim. Fui sortudo de ver ele correr para os fãs da Ferrari e para a Fórmula 1. Niki nos deixa após sofrer muito, e isso é doloroso para mim. Ele ganhou muito com a Ferrari e também com outras equipes, sempre foi um amigo. Era um piloto fantástico, um homem de negócios de sucesso e uma pessoa incrível. Sentirei sua falta" - Piero Ferrari, vice-presidente.

-Bernie Ecclestone:  “Quando ele estava no hospital, uma coisa que ele queria fazer era voar novamente. E ele queria ir a algumas corridas.Niki foi uma pessoa excepcional. Depois daquele acidente, ele ter voltado, algo que ele não deveria ter feito, levando em conta o fato que ele não iria conseguir. E ele conseguiu e pilotou de novo, foi novamente campeão do mundo. Ele foi uma pessoa muito especial. Sinto muito a falta dele. Ele sabia o que falar e quando falar. Ele não se continha quando havia alguma coisa no seu caminho. Como piloto, ele foi um super piloto. Niki era daqueles caras que sempre sabiam quando estava no limite e sabia se dava para buscar um pouco mais. Ele voltava depois da classificação e dizia que havia um pouco mais a buscar. As pessoas o respeitavam e o ouviam. Mesmo na equipe, as pessoas o ouviam. Ele era uma influência constante. Ele passou por alguns momentos ruins, negócios, como qualquer um. Ele amava a F1.


-Toto Wolff: “Antes de tudo, em nome da equipe e de todos da Mercedes, quero enviar nossas sinceras condolências a Brigit, aos filhos, à sua família e aos amigos próximos. Niki sempre vai ser uma das maiores lendas do nosso esporte. Ele uniu heroísmo, humanidade e honestidade dentro e fora do cockpit. Sua morte deixa um vazio na F1. Nós perdemos não apenas um herói que encenou o retorno mais notável já visto, mas também um homem que trouxe clareza e franqueza preciosos para a F1 moderna. Ele vai fazer muita falta como nossa voz do senso comum. Como companheiro de equipe ao longo dos últimos seis anos e meio, Niki sempre foi brutalmente honesto e totalmente leal. Foi um privilégio contar com ele em nossa equipe e testemunhar o quanto significava para ele fazer parte do sucesso do time. Niki, você é simplesmente insubstituível, não haverá jamais outro alguém como você. Foi uma honra chamá-lo de nosso presidente, e foi meu privilégio chamá-lo de meu amigo."

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 112 pontos
2 - Valtteri Bottas (Mercedes) - 105 pontos
3 - Max Verstappen (Red Bull) - 66 pontos
4 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 64 pontos
5 - Charles Leclerc (Ferrari) - 57 pontos
6 - Pierre Gasly (Red Bull) - 21 pontos
7 - Kevin Magnussen (Haas) - 14 pontos
8 - Sérgio Pérez (Racing Point) - 13 pontos
9 - Kimi Raikkonen (Alfa Romeo) - 13 pontos
10- Lando Norris (McLaren) - 12 pontos
11- Carlos Sainz Jr (McLaren) - 10 pontos
12- Daniel Ricciardo (Renault) - 6 pontos
13- Nico Hulkenberg (Renault) - 6 pontos
14- Lance Stroll (Racing Point) - 4 pontos
15- Alexander Albon (Toro Rosso) - 3 pontos
16- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 3 pontos
17- Romain Grosjean (Haas) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 217 pontos
2 - Ferrari - 121 pontos
3 - Red Bull Honda - 87 pontos
4 - McLaren Renault - 22 pontos
5 - Racing Point Mercedes - 17 pontos
6 - Haas Ferrari - 15 pontos
7 - Alfa Romeo Ferrari - 13 pontos
8 - Renault - 12 pontos
9 - Toro Rosso Honda - 6 pontos

TRANSMISSÃO:







terça-feira, 14 de maio de 2019

EM CÍRCULOS

Foto: Getty Images
Cinco anos com as novas regras e tudo segue a mesma. Um amplo domínio da Mercedes. A Ferrari se aproximou, se distanciou, se aproximou, se aproximou e agora se distanciou mais. Com o regulamento congelado, a F1 não é Indy, mas anda em círculos.

Sem muitos testes, é impossível mudar a hierarquia das equipes. Enquanto uns tem muito dinheiro, outros têm quase nada. Como haver equilíbrio?

Com poucas montadoras, os motores ficam concentrados nelas. Alguém realmente acredita que as equipes satélites recebem o mesmo motor da matriz? Só aí já existe uma diferença clara de desempenho.

Outra coisa: a diferença entre Mercedes, Ferrari e Red Bull para os demais é constrangedora. Existe um abismo que só nos anos 1980/1990 existia. Nem com grid invertido teria alguma diversão, as coisas se resolveriam em 20 ou 30 voltas.

Diante de tantas reclamações, o que fazer? A Liberty não consegue nada porque a política interna das equipes a impede, além de não haver o jogo de cintura, hierarquia e autoridade que Bernie Ecclestone impunhava.

Nem na época de Schumacher a F1 era tão chata. Tirando 2002 e 2004, os outros anos foram bem decentes. Depois, tivemos temporadas boas e disputadas até 2012. Agora, depende de uma mudança no regulamento pra algo talvez acontecer.

Estamos em círculos há anos, mas parece que ninguém ali se importa.A F1 simplesmente atingiu seu limite com esse modelo. Como eu  escrevi, acho que eles não se importam. E os pouquíssimos fãs, o que farão? Muitos só assistem porque Hamilton é pop star. Os pilotos de hoje não têm carisma. Com as corridas iguais e nada de diferente acontecendo em absolutamente nada, é difícil ter o que escrever.

A F1 cansa pra escrever, assistir, acordar e tudo mais. Eu não tenho mais coelhos da cartola para tirar. É uma sensação de esgotamento, isso que estamos em maio. Eu cansei. Escrever algumas linhas inúteis aqui já está sendo bastante trabalhoso. Não vou abandonar nem nada, mas não existe algo além para continuar assim. Vou tentar explorar algumas histórias antigas que disse antes e ver o que acontece.

Até mais.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

BOM DIA, VIETNÃ

Foto: Reprodução
O Vietnã no inconsciente mundial significa a guerra onde eles derrotaram e humilharam o exército americano, que bateu em retirada nos anos 1970. As consequências resultaram em uma série de reflexões e mudanças acerca do comportamento e da contra-cultura estadunidense nas décadas seguintes.

Um efeito claro disso são os clássicos do cinema como Platoon, Apocalypse Now, o próprio título do post, Forrest Gump, entre outros. No Brasil, Vietnã é sinônimo de José Hamilton Ribeiro, jornalista que perdeu uma das pernas ao pisar em uma mina durante a coberta da guerra no país e que rendeu a todos nós "O Gosto da Guerra".

Pois bem, além desses fatores históricos-culturais, ao que tudo indica o amante da velocidade também vai se lembrar do Vietnã pelo fato do país estar prestes a sediar uma corrida de Fórmula 1 nas ruas da capital, Hanói.

Nada foi oficializado pelo lado da Liberty. Por outro lado, na semana passada, a prefeitura da cidade anunciou um acordo e oficializou a corrida, que aconteceria em abril de 2020. Não é de hoje que a FIA/FOM busca no mercado asiático dinheiro e fãs, especialmente o primeiro. No entanto, a notícia não deixa de ser surpreendente, principalmente pelo fato da atual gestão dos americanos Chase Carey e cia se voltarem para os Estados Unidos e a Europa, como foram os casos dos retornos de França e Alemanha e as sondagens em Holanda e Dinamarca.

Portanto, dá para afirmar que a Liberty "berniezou". A imagem do post mostra o suposto traçado nas ruas de Hanói, sempre desenhadas por Hermann Tilke e que tem certa semelhança com o Azerbaijão (e não estou falando do quê "exótico" em si). A corrida da China será a milésima da história da categoria e de certa forma o Vietnã chega para substituir a Malásia, um lugar que muitos só conheceram graças a F1 (quem normal sabe que a capital de lá é Kuala Lumpur?).

"Good morning, Vietnam! Hey, this is not a test. This is rock and roll. Time to rock it from the delta to the DMZ!"

Bom dia, Vietnã. Isso não é um teste. Isso é F1 e em breve eles estarão acelerando nas ruas de Hanói.



Até!

quarta-feira, 9 de maio de 2018

ESCÂNDALO À VISTA?

Foto: MotorSport
No início dessa semana, o jornal italiano La Reppublica publicou que a Fórmula 1 está envolvida em um esquema internacional de lavagem de dinheiro que já teria ocultado 80 milhões de euros. Atualmente, existem 24 frentes de investigação, iniciada em 2012 e que já possui 82 pessoas consideradas suspeitas na Alemanha, Suíça, Inglaterra e Mônaco, além da própria Itália.

E o que a F1 tem a ver com isso? Bom, segundo a investigação, a história começa a se relacionar através da negociação do direito de imagem dos pilotos, vendido a empresários italianos a preços acima do normal. Para isso, os pagamentos eram feitos em dinheiro vivo em pastas com 150 mil euros cada na sede da SIAS (empresa que administra o autódromo de Monza) e retirados por capangas de Bernie Ecclestone, o antigo chefão da FOM e que cuidava das negociações com os circuitos da F1.

O direito de imagem dos pilotos era vendido aos empresários através da criação de duas empresas-fantasma (Ara e Ad Evolution). O dinheiro das maletas era lavado em empresas offshore das Ilhas Marshall e no Panamá.

Pessoas importantes do automobilismo já foram interrogadas pela investigação. É o caso de Nicolas Todt, empresário de diversos pilotos e filho de Jean Todt, presidente da FIA. Ele admitiu que um contrato com empresários italianos para colocar um adesivo da marca italiana Gaudi Trade no capacete do falecido Jules Bianchi (da também falecida Marussia) custou 1,25 milhão de euros. Por Jules ser um jovem piloto em uma equipe pequena, o valor do adesivo teria um valor entre 50 a 100 mil euros. Ou seja: foi pago um valor dez vezes maior.

Foto: Rach F1


Que empresas utilizam o esporte (sobretudo o automobilismo) para lavar dinheiro não é novidade para ninguém. Os russos e xeques que compram times de futebol da Europa estão aí para provar. Entretanto, dessa vez não é apenas uma impressão popular. É uma investigação que dura seis anos. Seria a ponta do iceberg (mas bota ponta nisso). Só aguardando novos capítulos da investigação para entender mais sobre isso.

Será que isso vai ficar só na Itália ou vai ser vazado de outros países?

Até!

terça-feira, 14 de novembro de 2017

O FUTURO DO BRASIL NA F1

Foto: Globoesporte.com
Não vamos falar sobre o impacto da ausência de um representante do país na categoria. A questão é ampla. Uma série de acontecimentos lamentáveis desse final de semana permitem a reflexão sobre os próximos anos da corrida em Interlagos e no país.

Para começar: o contrato da F1 com a organização do autódromo vai até 2020. Teremos F1 em São Paulo no mínimo em mais três edições. Na semana passada, a Câmara de Vereadores de São Paulo aprovou o projeto de privatização do autódromo de Interlagos. Segundo João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo, os serviços vão melhorar e o autódromo receberá mais eventos (além do Lollapalooza) e melhorias. O que preocupa os fãs de velocidade é que a ideia é também construir um shopping, condomínios e um restaurante panorâmico. O temor é que Interlagos vire Jacarepaguá.

Todavia, os vereadores aprovaram com um adendo ao projeto: o autódromo tem que ser para uso do esporte a motor. Desse modo, teoricamente isso evita que Interlagos vire vários condomínios residenciais, restaurantes ou qualquer outra porcaria a partir de 2021, quando encerra-se o contrato com a FIA/FOM/Liberty Media.

Circuito de Jacarepaguá virou gramado de golfe dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Foto: Google Maps
O ponto preocupante é, sem dúvida nenhuma, a segurança. Nesse final de semana, assaltos à van da Mercedes na sexta e tentativas de roubo em um carro da FIA e uma van da Sauber no sábado. No domingo, depois da prova, ladrões tentaram abordar um carro da Pirelli, mas o veículo escapou sem ter nada roubado. Diante disso, tanto a fornecedora de pneus quanto a McLaren cancelaram os testes que seriam feitos no circuito terça e quarta. Três dias seguidos com casos de furtos e insegurança.

Nada de novo no Brasil. Isso é uma consequência de diversos erros que se repetem há séculos, mas esse não é o mote do texto. Muito se argumentou nos últimos dias que a segurança irá melhorar com a privatização do circuito. Será mesmo que seguranças particulares dão conta se os incidentes são no entorno de Interlagos? Essa medida é o suficiente? A imagem do Brasil indo por água abaixo por não proporcionar sequer o mínimo de segurança para a realização de um grande evento justamente depois de receber a Copa do Mundo e as Olímpiadas.

Também existem os problemas financeiros: sem uma patrocinadora principal, o GP do Brasil segue dando prejuízos. Apesar da Petrobras e da Heineken (em 2017) apoiarem, relatórios apontam que o prejuízo será de R$ 100 milhões. A prefeitura não pode arcar com esse custo, ainda mais com tantas prioridades a lidar de gastar dinheiro público em automobilismo, mas não pode ser 8 ou 80. Se a tal privatização acontecer, a prioridade é para uso do esporte a motor com a evidente melhorias dos serviços e infraestruturas.

Desde o ano passado existe um impasse em relação a São Paulo. A FOM entrou em contato com Florianopólis para possivelmente receber uma corrida de rua  a partir de 2021, caso São Paulo e Interlagos não consigam mais realizar o evento. O trajeto teria a Avenida Beira-Mar Norte e também iria utilizar a imagem da Ponte Hercílio Luz, grande cartão-postal da cidade. Os contatos foram telefônicos e até agora não passaram disso, segundo a Folha de S.Paulo.

Entretanto, um problema para a realização da corrida seria a mobilidade urbana na capital catarinense. Com dificuldades no trânsito por ser uma ilha e ter apenas uma ligação com o continente, Florianópolis tem dificuldade com filas e deslocamento dentro da cidade. Sexta-feira, dia de treino livre na F1, é um dos momentos mais complicados para locomover-se pelas ruas do município.

Florianopólis: plano B? Foto: Divulgação/David Sadowski
A Argentina também estaria disposta a voltar para a F1 (a última edição foi em 1998). A FIA e a FOM preferem aguardar os desdobramentos de São Paulo para se manifestar e tomar os próximos passos. Entretanto, a mensagem que fica dessa semana é bem clara: se as coisas não mudarem, o Brasil não só estará sem piloto como corre o risco de perder um dos circuitos mais tradicionais do automobilismo mundial. Uma perda esportiva e financeira para todas as partes.

Que o destino nos proteja.


quarta-feira, 1 de novembro de 2017

A NOVA F1

Foto: Divulgação
Essa é uma expressão clássica, utilizada de meses em meses, de anos em anos. Afinal, qual o seu significado? Bem, é aquela coisa: "tem que tornar a F1 mais humana, dificultar a vida dos pilotos, fazer eles ganharem no braço igual nos anos 1980 e 1990" e blá blá blá.

Desde então, a Fórmula 1 segue essa empreitada em busca de dificultar a vida dos pilotos, o que vai na contramão da essência da categoria, que é ser vanguarda tecnológica, onde muitas coisas desenvolvidas vão para os carros de rua.

Agora, só se fala em uma coisa: como será a F1 a partir de 2021? Por que esse ano? Bem, a Liberty Media ainda tem que honrar os compromissos firmados por Bernie Ecclestone até 2020, e isso inclui o Pacto de Concórdia (distribuição da quantia para as equipes) e o regulamento técnico das próximas três temporadas. A partir daí, os americanos poderão tentar alterar as estruturas da F1 que lhe acharem melhor.

A primeira delas já está sendo feita, e era necessário urgência. Uma categoria mais ativa com os fãs nas redes sociais, com vídeos, interatividade e tudo mais, uma obrigação para qualquer empresa bem sucedida na busca. A segunda parte do plano começa só daqui a três anos e ontem, em uma reunião em Paris, foi dado o primeiro passo. Em uma reunião com representantes das equipes e dos fabricantes de motores ficou definido que a unidade motriz será mais simples e barata, mas ainda manter a tecnologia híbrida para servir de desenvolvimento dos carros de rua e, como sempre, tentar aumentar o som emitido pelos carros (sdds, V12). As primeiras propostas, que precisam ser ratificadas, foram as seguintes:

- Motor de 1.6 litros V6 turbo com sistema de recuperação de energia
- Aumento de 3000 rpm (rotações por minuto) no motor para aumentar o som
- Parâmetros internos de projeto prescritos para restringir custos de desenvolvimento e desencorajar projetos mais agressivos
 - O fim do MGU-H (antigo KERS, que recuperava energia através do calor dispersado pelo turbo)
- MGU-K (que recupera energia das frenagens) mais potente e com possibilidade de ativação manual na corrida junto com a opção de economizar energia ao longo de várias voltas para dar ao piloto um elemento tático
- Turbo simples com restrições de dimensão de peso
- Armazenamento de energia e controle eletrônico padrões

O desenvolvimento desse projeto todo será feito durante o próximo ano. O ínicio do projeto e construção da unidade de potência só começará quando todas as informações a respeito da unidade de potência foram liberadas pela FIA ao fim de 2018. A intenção de não liberar logo as informações é para garantir que as atuais fabricantes envolvidas com a F1 (Mercedes, Ferrari, Renault e Honda) permaneçam focadas no desenvolvimento da especificação atual de motores.

Os novos mandachuvas da F1. Foto: Divulgação
Repitindo, essa parte é a mais simples de mudar. Quer dizer, não vai mudar muita coisa, a não ser atrair outras equipes e fornecedoras de motores como Porsche, Aston Martin e Lamborghini, que declararam interesse em participar da F1 nesses termos. Os próximos passos do grupo é que deverão ser mais complicados.

A filosofia americana não quer saber de tecnologia, e sim de emoção e competitividade. É melhor ter 7 ou 8 equipes teoricamente capazes de ganhar uma corrida do que ser símbolo de modernidade. E como fazer com que uma Haas, Force India ou Sauber tenha condições de brigar com Ferrari, Mercedes e Red Bull? "Simples": o famigerado teto orçamentário (tentado por Max Mosley e devidamente rejeitado, na época). Bom, as últimas três equipes citadas mandam na F1. Como qualquer empresa, ninguém seria louco de abrir mais de ganhar mais dinheiro e entregar para os times "pobrinhos" em prol da competitividade. Além do mais, muitas equipes recebem um bônus por estarem na categoria desde o início (Ferrari, McLaren e Williams). A Liberty também deseja cortar essas regalias.

Chase Carey e Sérgio Marchionne: guerra à vista? Foto: SoyMotor
O embate entre Liberty e equipes mais pobres versus o status quo promete muitas emoções e ameaças. O sempre corriqueiro "se fizerem isso eu vou abandonar a F1" e tudo mais. Sinceramente, a Liberty irá precisar de um bom tempo para mexer nessas estruturas definidas há décadas entre as equipes e Bernie Ecclestone. Melhor não ir com sede ao pote para não se frustrar. Outras medidas da Liberty para os próximos anos são aumentar o calendário de provas (de 21 para 25), com a entrada de outra corrida nos Estados Unidos (uma corrida de rua em Nova York, por exemplo) e o retorno de tradicionais corridas europeias no lugar dos insossos circuitos do Oriente Médio turbinados por quantias que somente eles são capazes de pagar em acordos prévios feitos com Bernie. Por exemplo, não duvido que em um futuro próximo a Holanda retorne a F1, pegando carona no sucesso de Verstapppen.

Enfim, essa coisa de projetar a F1 do futuro é sempre uma tarefa feita corriqueiramente e que na maioria das vezes não sai como nós imaginamos. No fundo, é aquele tipo de texto e de pauta ideais para períodos como esse: final de temporada, semana sem corrida, campeonato decidido...

Certamente iremos retomar esse assunto nessas condições já citadas e sem lembrar de quase nada escrito, dito e debatido até aqui.

Meus dois centavos? Acho legal a aproximação da F1 com a tentativa de uma categoria mais humana e competitiva, mas ela não pode perder sua essência, que é a tecnologia e a competência das equipes. Não gostaria de ver uma falsa emoção nas disputas. Ainda tenho um pé atrás com Chase Carey. Não posso confiar em alguém que ostenta um bigode desses e tem o poder que possui. São boas as chances das coisas ficarem piores. Nunca se sabe. Puro preconceito meu, mas é o que sinto.

Até mais.

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

O REI ESTÁ DEPOSTO

Foto: Sutton Images
A história de Bernie Ecclestone e da Fórmula 1 se confundem. Não existe um sem a presença do outro. Pelo menos até hoje, e em março começaremos a nos acostumar com isso. Presente desde os primórdios quando tentou ser piloto (sem sucesso), passando por dono da vencedora Brabham até virar o grande líder do esporte nos últimos 40 anos, a Era Bernie chegou ao fim.

Bernie foi demitido da empresa em que ele ajudou a construir um império tecnológico, moderno e bilionário. A F1 será eternamente grata a ele, exemplo de liderança, empreendedorismo, carisma (por que não?), administração, marketing, negócios e inovação. Tudo isso formou a F1 de hoje, sinônimo de modernidade e organização (você pode ver o perfil que eu escrevi sobre ele ainda em 2015). Mas...

A fórmula se desgastou. Se o estilo ditatorial e altamente concentrado em si mesmo permitiu o crescimento da categoria nas décadas anteriores, o mesmo não poderia ser dito agora. Com a audiência caindo cada vez mais, a falta de interação com o público jovem e a teimosia na utilização das redes sociais para interação com o público são alguns dos problemas que a F1 e agora a Liberty Media irão enfrentar pela frente. Todas as decisões passavam pelas mãos de Bernie, que com o passar do tempo não se atualizou aos novos tempos e suas ideias ficaram anacrônicas e atrasadas, refletindo no espetáculo da categoria dentro e fora das pistas.

Bernie permitiu a F1 sair do centro europeu para desbravar o "novo mundo" do Oriente Médio, atraindo mais dinheiro e, como consequência, a saída de circuitos tradicionais, diante de valores exorbitantes e fora da realidade, assim como as eternas ameaças de exclusão de outros centros tradicionais (e até de fato, como a Alemanha).

O automobilismo agradece uma vida inteira dedicado aos negócios na F1 e será eternamente grata pelo crescimento financeiro e midiático da categoria nas últimas décadas. Bernie, para o bem e para o mal, é o responsável por tudo positivo e negativo que vemos no circo, e essa impressão pode demorar décadas para ser desfeita, se é que vai ser.

OS NOVOS MANDA-CHUVAS

Foto: Divulgação/Twitter
Esses três homens terão a responsabilidade de tocar a F1 sem Bernie Ecclestone, algo praticamente inédito na história, se considerarmos que antigamente não havia a complexidade existente no mundo atual. 

Começando pela esquerda: Sean Bratches, de 56 anos, será o responsável por gerir os direitos comerciais da F1. Ele trabalhou durante quase três décadas (ou 27 anos) na ESPN americana, trabalhando como vice-presidente de vendas e marketing. Seu desafio será as negociações de transmissões da categoria para além da TV a cabo (em praticamente todo mundo, sendo o Brasil uma das exceções), como na internet, nem que seja gradual, como treinos livres, por exemplo.

O da direita vocês conhecem: Ross Brawn, icônico dirigente campeão por Benetton, Ferrari e pela sua própria equipe, com última passagem pela Mercedes. Irá comandar os direitos esportivos da F1. É um cara bastante experiente, que conhece os bastidores da F1 pela sua longa atuação como dirigente e, consequentemente, conhece a política ardilosa das equipes do circo. A sua grande missão é, assim como Bernie, percorrer os caminhos para não ser dobrado na guerra contra os times e seus chefões. Por ser mais jovem e estar trabalhando até recentemente na Mercedes, Brawn está mais ligado com as inovações tecnológicas, sendo assim uma peça importante para futuras mudanças de regulamento e composição dos carros.

Para finalizar, o bigodudo do meio. É o chefe da porra toda. Chase Carey, presidente e CEO da Liberty Media, grupo que comprou a F1. Ao que tudo indica, em breve eles irão adquirir 100% das ações (hoje possuem 65%), que pertencem a Delta Topco (empresa irmã da F1). A FIA já aprovou os planos da empresa, que foram mostrados aos acionistas na semana passada. O grupo de telecomunicações americano adquiriu a F1 em um acordo de US$ 8,5 bilhões (R$ 27 bilhões). Primeiro, foi comprado a Delta Topco e 18,7% das ações da CVC Capital Partners por US$ 747 milhões em dinheiro. No total, a Liberty Media investirá US$ 4,4 bilhões e assumirá débitos de US$ 4,1 bilhões.

A expectativa de todos é uma mudança de gestão. A mentalidade americana busca mais a competitividade e o equilíbrio entre as forças, ao contrário da visão europeia e da própria F1 desde os primórdios: o desenvolvimento tecnológico dos carros, onde quem não tem dinheiro não terá vez. No mundo de hoje, esses valores precisam ser revistos, pois a F1 não pode ficar refém das montadoras como está hoje. A categoria precisa dar suporte as garagistas. Como era bonito ter Jordan, Minardi, Tyrrell, entre outras no grid. Hoje, vimos apenas Force India, Sauber e Haas nesse conceito, nem tão exato assim. As três possuem dificuldades financeiras. O resto, tirando as tradicionais Williams e McLaren, que também capengam, são montadoras. Diminuir o excesso de regras, tornar as corridas mais interessantes e mais atrativas para a mídia e o público e uma linguagem que chame a atenção dos jovens são alguns dos desafios a serem superados pelo conglomerado americano.

Os americanos já sinalizam com uma proposta para cortar os benefícios da Ferrari, por exemplo. Os italianos recebem uma bonificação anual altíssima por estarem na F1 desde o início, em 1950. Deve existir uma tentativa de negociação. Os italianos, por sua vez, não gostaram e devem, mais uma vez, ameaçar abandonar a categoria. A queda de braço começa por aí... são apenas especulações, mas o novo grupo vai encarar encrencas como essa para manter a F1 como está para depois fazer as melhorias que todos desejam.

Isso me deixa cada vez mais ansioso para o começo da temporada, que sinalizará o início de uma nova era para a F1. Em tempos de de "pós-verdade", amplamente utilizado recentemente e eleita a palavra do ano de 2016, segundo o dicionário Oxford. o "pós-Bernie" irá demorar muito tempo para se ter uma análise conclusiva, onde serão necessárias décadas para definir se o impacto da "nova F1" pode ser comparada ao "mundo de Bernie" e se isso teve mais defeitos do que virtudes. O que resta, agora, é apenas esperar para ver.

Até!


terça-feira, 1 de novembro de 2016

VÍDEOS E CURTINHAS #26

Foto: Getty Images
Vettel foi o grande perdedor de ontem. Além de Verstappen não ter lhe dado passagem, o alemão perdeu o terceiro lugar e caiu para quinto, ficando atrás das duas Red Bull. Mais: tudo que está ruim pode piorar. De acordo com o regulamento da FIA, o tetracampeão pode ser multado e até mesmo suspenso do GP do Brasil depois da série de xingamentos a Charlie Whiting. Para isso, o diretor teria que apresentar uma denúncia ao Conselho Mundial, o que ainda não aconteceu. Vettel já pediu desculpas. A pressão de não conseguir vencer pela Ferrari deixou Vettel amargo. Ontem foi o ápice de todo seu mal humor durante o ano. Deu até para esquecer que ele chamou Massa de ridículo durante a disputa de posição dos dois na primeira parte da prova. Suspender seria mais uma atitude ditatorial da FIA, que não tem critérios nas punições há quase uma década. O xingamento de Vettel é um desabafo contra aqueles que estão matando a F1 e transformando esse esporte a motor em uma chatice sem fim. O alemão tem meu apoio.

* ROSS BRAWN - A informação do conceituado jornal alemão Auto Bild dá conta de que o ex-chefão da Ferrari, Benetton e Mercedes teria aceitado substituir o eterno Bernie Ecclestone no comando da categoria. Ele teria o apoio do grupo Liberty Media (novo acionista majoritário da F1) e do seu ex-colega de equipe italiana e presidente da FIA Jean Todt. O anúncio é questão de tempo. Em entrevistas recentes, Brawn estava reticente em retornar como chefe de equipe novamente, afirmando que "já tinha feito de tudo nessa função". A grande dúvida é saber qual seria a nova função de Bernie. A F1 deseja se tornar mais atrativa para os jovens, com a utilização das redes sociais como forma de interação e engajamento. Brawn no comando seria uma F1 cada vez mais a favor das gigantes e contra as pequenas, e isso não é bom. Enfim, o que resta é aguardar para ver se estou apenas chutando, baseado em seu histórico como dirigente ferrarista na metade dos anos 1990 e 2000.

* ESPECULAÇÕES - A Haas começou negociações com Magnussen. Gutiérrez não fica.
Queda de braço - O paddock tem certeza que Ocon será o parceiro de Pérez na Force India. A Globo insiste que detalhes separam o anúncio de Nasr no time de Vijay Mallya. É aguardar para ver quem tem razão. A vaga da Renault? Ninguém sabe, ninguém viu. O francês da Manor tem prioridade para assinar com o time também. Com isso, Wehrlein entraria na parada da Force India. Ilações confusas.
Stroll pode ser anunciado oficialmente ainda nessa semana. A Williams prepara um evento de apresentação, pois agora o canadense é maior de idade.

Foto: Tumblr
HAKKINEN - Ontem fez 17 anos (!!!) da conquista do bicampeonato, em Suzuka. Hoje, completam-se 18 anos do seu primeiro título, também em terras nipônicas. Confira!









Até!

terça-feira, 4 de outubro de 2016

NÃO HÁ DE SER NADA

Foto: Hares Pascoal/Autódromo de Interlagos
Semana passada, uma parte da imprensa brasileira repercutiu bastante assustada a informação da FIA de que o Grande Prêmio do Brasil esteja com um asterisco em relação a sua realização no ano que vem.

Pois bem, Bernie quase sempre fala que o Brasil precisa de reformas na pista de Interlagos e faz uma série de exigências (entre elas uma fatia gorda de dinheiro). Então, Interlagos é um canteiro constante de obras há alguns anos. O que parece, como sempre, é a eterna ganância de Bernie ganhar mais dinheiro dos organizadores. Ele está apertando das corridas tradicionais (Brasil, Canadá e Alemanha) porque eles pagam menos que os modernos circuitos do Oriente Médio. Bernie não está nem aí se o circuito está no calendário há décadas, ele quer o quê? Dinheiro! Sim, você acertou.

Esses boatos saem anualmente, até semestralmente, eu diria. A F1 possui contrato com o autódromo até 2020. Portanto, as corridas serão realizadas, a princípio, até esse ano, caso o acordo não seja renovado posteriormente. O que podemos concluir: Até 2020, terá Grande Prêmio do Brasil. Depois, não sabemos. Há uma série de fatores (atração de público, infraestrutura, pilotos brasileiros no grid, dinheiro, entre outros). Bernie pressiona para ganhar dinheiro. Não duvidaria que nos próximos meses surja uma notícia anunciando a renovação de contrato da FOM com Interlagos. É o modus operandi do chefão da F1.

Foto: Grande Prêmio
Mudando de assunto: A FIA anunciou algumas novidades para a próxima temporada. A mais triste e bizarra é a seguinte: "As largadas na chuva não serão mais realizadas atrás do Safety Car." Essa aberração nunca poderia ter existido. Entretanto, se houver a necessidade de tal ato, a corrida será adiada até que haja condições da prova ser disputada. Ou seja: Choveu um pouquinho mais forte, a F1 não corre mais na chuva. É ridículo e inacreditável. Como se os acontecimentos do Japão dois anos atrás fossem culpa da chuva... Se cair um temporal, a corrida será adiada para outro dia? E a logística? Vou torcer para isso, quero que o circo pegue fogo...

Outras mudanças: Os pilotos só poderão mudar a cor do capacete uma vez no ano ou se trocarem de equipe durante a temporada. Em um fim de semana de corrida, se o piloto precisar de mais de uma peça de unidade de motriz ele será punido, e só a última das peças adquiridas poderá ser usada nos eventos seguintes sem punição. Nas cinco primeiras corridas do ano que vem, a Pirelli já determinou a escolha dos pneus porque o prazo antecede aos testes da pré-temporada e a maioria das equipes sequer usou os novos compostos. Serão dois jogos dos pneus mais duros, quatro dos médios e sete dos mais macios.

Foto: Because Race Car
Uma das promessas de campanha de João Doria, futuro prefeito de São Paulo eleito no último domingo, seria de privatizar espaços como Interlagos e o estádio Pacaembu, que não recebe mais muitos jogos depois que Corinthians e Palmeiras construíram seus próprios estádios (no caso do Verdão, ele foi reformado). "A proposta é privatizar Interlagos, com a garantia de que continuará a ser utilizado como autódromo, kartódromo e parque com acesso público. Com a privatização, será também um grande centro de eventos musicais e culturais ao ar livre na cidade", explicou Doria ao portal Grande Prêmio.

Tamas Rohonyi, promotor da corrida de F1, vê com bons olhos a privatização do autódromo e garantiu que não há risco da corrida sair do calendário da Fórmula 1, pois, como explicamos antes, o contrato vai até 2020. Por outro lado, Rohonyi acrescentou que a utilização de um circuito particular custaria mais caro para as categorias nacionais empobrecidas, que poderiam encontrar problemas para realizar as provas tradicionais no autódromo.

Muita gente diz que o processo burocrático dificultaria muito o processo de compra e transformação do autódromo em algo privatizado. A única coisa que não pode acontecer é o local virar um condomínio. O país está sem pilotos para um futuro próximo (talvez Nasr e no máximo Sette Câmara). A corrida é um evento altamente rentável para a cidade, que atrai muitos turistas. Que isso não seja modificado. O Brasil sem a F1 seria praticamente sepultar o automobilismo nacional. Interlagos, sem a F1, talvez também estaria se sepultando.

Melbourne, a eterna abertura das temporadas da F1. Foto: F1Fanatic
Para finalizar, a FIA soltou o calendário provisório de 2017. Como já escrito, Brasil, Canadá e Alemanha ainda precisam de uma confirmação. Apenas o caso alemão é complicadíssimo. Em anos ímpares, a corrida seria em Nurburgring, mas o autódromo vive uma séria crise financeira (tanto é que em 2015 não houve corrida na Alemanha em virtude desse problema). A tendência é que a Alemanha fique realmente de fora e só retorne em 2018, quando o rodízio apontar a vez de Hockenheim. Confira o calendário provisório da F1 em 2017:

1ª etapa - 26 de março - Austrália
2ª etapa - 9 de abril - China
3ª etapa - 16 de abril - Bahrein
4ª etapa - 30 de abril - Rússia
5ª etapa - 14 de maio - Espanha
6ª etapa - 28 de maio - Mônaco
7ª etapa - 11 de junho - Canadá*
8ª etapa - 18 de junho - Azerbaijão
9ª etapa - 2 de julho - Áustria
10ª etapa - 9 de julho - Inglaterra
11ª etapa - 23 de julho - Hungria
12ª etapa - 30 de julho - Alemanha*
13ª etapa - 27 de agosto - Bélgica
14ª etapa - 3 de setembro - Itália
15ª etapa - 17 de setembro - Malásia
16ª etapa - 1 de outubro - Cingapura
17ª etapa - 8 de outubro - Japão
18ª etapa - 22 de outubro - EUA
19ª etapa - 5 de novembro - México
20ª etapa - 12 de novembro - Brasil*
21ª etapa - 26 de novembro - Abu Dhabi
* Sujeitos a confirmação

Até!

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

GP DE CINGAPURA - Programação

O Grande Prêmio de Cingapura é disputado desde 2008 e foi a 1a corrida noturna da história da Fórmula 1, que foi vencida de forma polêmica por Fernando Alonso, pilotando a Renault, após se beneficiar de um Safety Car oriundo de uma batida proposital de seu companheiro de equipe Nelsinho Piquet e o abandono do então líder da corrida Felipe Massa, da Ferrari, após a mangueira de reabastecimento ter ficado presa em seu carro. O caso ficou conhecido como Cingapuragate.

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Kimi Raikkonen - 1:45.599 (Ferrari, 2008)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:42.841 (RBR, 2013)
Último vencedor: Sebastian Vettel (Ferrari)
Maior vencedor: Sebastian Vettel - 4x (2011, 2012, 2013 e 2015)

A PRIMEIRA BRIGA

"Olha ele, olha ele!" Foto: Getty Images
Bastou uma semana para que a Liberty Group assumisse a F1 para que desse confusão. Ao menos é o que diz a revista alemã Auto Motor und Sport. Segundo a publicação, o novo presidente, John Malone, e Bernie Ecclestone pensam a categoria e o futuro de forma completamente distinta. Dizem que brigaram feio e Bernie inclusive não descarta deixar a F1 no fim do ano, depois do GP de Abu Dhabi.

Malone também não estaria inclinado a continuar pagando as bonificações por importância histórica para Ferrari, McLaren, Williams, Renault e Red Bull. O presidente da Ferrari, Sergio Marchionne, não gostou nada da ideia e pensa em processar o novo chefe da F1. Por outro lado, Diter Zetsche, presidente da Mercedes, pode investir em se tornar acionista minoritário da categoria. Menos de uma semana e já vimos um leve ruído por conflito de interesses. Óbvio que é tudo especulação ainda, mas se for verdade é um péssimo jeito de começar uma nova relação na F1. Os americanos pensam diferente. Vamos ver quem leva a melhor nessa queda de braço, eles ou as montadoras e o estilo europeu da F1.

"ELE É O FUTURO DA McLAREN"

Foto: Divulgação
É o que diz Fernando Alonso sobre o belga Stoffel Vandoorne, que será seu companheiro de equipe no ano que vem. A fênix ainda disse que Vandoorne será o líder e guia da equipe no futuro e prometeu ajudá-lo nessa empreitada.

"Eu e Jenson sabemos que temos que ajudar Stoffel nesse início na F1 porque sabemos que no futuro ele será o homem da McLaren", afirmou o espanhol, que completou: "Vou tentar fazer o meu próprio trabalho, mas Jenson e eu vamos ajudar Stoffel no máximo porque ele é o futuro, o cara da equipe".

Vandoorne fez sua única corrida na F1 no GP do Bahrein desse ano, quando substituiu Alonso, que ficou ausente em virtude do acidente com Gutiérrez na Austrália e foi o décimo colocado. As expectativas sobre essa dupla são muito boas. Há quase dez anos atrás, o espanhol também enfrentava um novato com moral na equipe e deu no que deu. Entretanto, hoje o contexto é outro. Experiente, Alonso vai fazer de tudo para tentar fazer a McLaren competitiva. Do contrário, vai se aposentar e Button pode retornar em 2018. Vandoorne tem capacidade para aprender, desenvolver e liderar a equipe de Woking no futuro. Ele já provou ter muito potencial. Estamos todos ansiosos para a estreia do belga em 2017.

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 250 pontos
2 - Nico Rosberg (Mercedes) - 248 pontos
3 - Daniel Ricciardo (Red Bull) - 161 pontos
4 - Sebastian Vettel (Ferrari) - 143 pontos
5 - Kimi Raikkonen (Ferrari) - 136 pontos
6 - Max Verstappen (Red Bull) - 121 pontos
7 - Valtteri Bottas (Williams) - 70 pontos
8 - Sergio Pérez (Force India) - 62 pontos
9 - Nico Hulkenberg (Force India) - 46 pontos
10- Felipe Massa (Williams) - 41 pontos
11- Fernando Alonso (McLaren) - 30 pontos
12- Carlos Sainz Jr (Toro Rosso) - 30 pontos
13- Romain Grosjean (Haas) - 28 pontos
14- Daniil Kvyat (Toro Rosso) - 23 pontos
15- Jenson Button (McLaren) - 17 pontos
16- Kevin Magnussen (Renault) - 6 pontos
17- Stoffel Vandoorne (McLaren) - 1 ponto
18- Pascal Wehrlein (Manor) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Mercedes - 498 pontos
2 - Red Bull TAG Heuer - 290 pontos
3 - Ferrari - 279 pontos
4 - Williams Mercedes - 111 pontos
5 - Force India Mercedes - 108 pontos
6 - McLaren Honda - 48 pontos
7 - Toro Rosso Ferrari - 45 pontos
8 - Haas Ferrari - 28 pontos
9 - Renault - 6 pontos
10- Manor Mercedes - 1 ponto

TRANSMISSÃO

Foto: Globoesporte.com


quinta-feira, 8 de setembro de 2016

RITO DE PASSAGEM - Parte 2

Foto: AutoWeek
Dando prosseguimento as despedidas que simbolizam um novo momento para a Fórmula 1, hoje foi confirmada uma das grandes notícias da categoria na última década. A Liberty Media Corporation, conglomerado de empresas americanas da área de comunicação comandada por John Malone (entre elas o Discovery Communication, DirecTV e Starz, a rádio SiriusXM, o time de beisebol Atlanta Braves e porções do Time Warner e Viacom), anunciou a compra da F1, vinda de um consórcio dos principais acionistas do grupo CVC Capital Partners.

O negócio será feito da seguinte forma: No primeiro momento, o conglomerado americano comprou 18,7% das ações da CVC por US$ 746 milhões (R$ 2,3 bilhões) em dinheiro. O restante, que representa 35%, passarão para os novos donos apenas no primeiro quadrisemestre do ano que vem. A Liberty Media investirá US$ 4,4 bilhões e assumirá débitos de US$ 4,1 bilhões no negócio, totalizando em US$ 8,7 bilhões (R$ 27 bilhões) o negócio. Chase Carey, atual vice-presidente do estúdio de cinema 21st Century Fox, foi nomeado como Chairman, chefe do conselho de diretores, substituindo Peter-Brabeck-Letmathe, que ficou na função por três anos.

Bernie Ecclestone sinalizou que irá permanecer no cargo (Diretor Executivo da F1 e responsável pelos Direitos Comerciais da categoria) por mais três anos, até se aposentar com 89 anos em 2019. Bernie fará a transição da nova gestão da F1. Os americanos não estão acostumados com esse tipo de negócio e certamente irão necessitar da ajuda e dos conselhos do eterno chefão, até porque o conceito americano de automobilismo é completamente diferente do Europeu: Lá, o showbiz e a emoção são prioridade ao invés da tecnologia, tanto é que nas franquias esportivas é difícil termos hegemonias e grandes times, mesmo com muito dinheiro, ficam para trás.

Chase Carey, o novo chairman da F1. Foto: Getty Images
Bernie sempre teve fetiche pelo mercado americano, onde a F1 é superada pela Indy e a Nascar. Todo ano saíam especulações de circuitos de rua em Nova York, Las Vegas, Los Angeles, entre outros. É a junção do útil com o agradável: O desejo de Bernie em expandir seu negócios para os yankees e também para os americanos, que certamente irão experimentar novos caminhos de interações com os fãs e divulgação de conteúdos nas redes sociais, que Bernie odeia e não faz questão de trabalhar nessa área. Esses anos de consultoria serão importantes para situar os americanos, que a partir daí farão suas modificações na categoria.

Quando tudo estiver concluído, a Liberty Group Media assume controle do Formula One Group, porção de empresas responsáveis pela promoção do campeonato de F1 e os direitos comerciais da categoria. O consórcio liderado pela CVC manterá os 65% do grupo, terá lugar no conselho dos diretores, mas não terão mais o controle do capital votante, perdendo influência nas decisões. Na nova organização, Carey e Bernie que irão mandar.

De resto, só poderemos esperar para ver no que a F1 irá tanto como esporte, negócio, mídia, marketing e interação com os fãs. Entretanto, é inegável que o esporte está entrando em uma nova era. É a evolução. Se foi boa ou ruim, só poderemos saber daqui a alguns (longos) anos.










sábado, 30 de julho de 2016

PADDOCK AGITADO

Foto: Divulgação
Os holofotes do mundo da F1 estavam ligados no paddock e nas reuniões do Grupo de Estratégia da F1. Para o bem da categoria, foram tomadas decisões sensatas: Primeiro, agora as equipes voltarão a falar no rádio quando quiserem com seus pilotos sem serem penalizados. A exceção é na volta de apresentação e largada, que continua proibido. Faz sentido. Se os pilotos dirigem "naves espaciais", eles precisam ser minimamente orientados em como proceder com determinados fatos e informações. Por exemplo, Rosberg foi punido por tal "conduta" em Silverstone e perdeu três pontos importantíssimos na disputa do campeonato. E se Hamilton for campeão for uma vantagem igual ou menor a essa, como que fica? O campeonato ficaria manchado e/ou sob suspeita por uma regra ridícula que nem deveria existir.

Outra grande notícia é o adiamento do uso do Halo. Inicialmente previsto para o ano que vem, a FIA, juntamente com as equipes e Bernie Ecclestone decidiram suspender a adesão do adereço. Estou sendo um pouco egoísta. Esteticamente, é horrível. Honestamente, não sei se esse "treco" seria o suficiente para salvar vidas, pelo contrário. Automobilismo é um esporte de risco. Agora, se forem seguir nesse caminho, o Aeroscreen parece ser muito mais agradável, tanto esteticamente quanto na "usabilidade".

Outra batalha entre FIA, FOM e equipes são o excesso de punições por qualquer coisa. A F1 tá mimizenta demais. Evidente que deve-se existir regras e elas devem ser cumpridas e respeitadas. Entretanto, não se pode transformar tudo em regra e passível de punição. Quantas disputas fantásticas existiram na categoria anteriormente e hoje seriam consideradas "ilegais" e os pilotos punidos? É ridículo.

Um exemplo são os tais "sensores" colocados nas zebras de determinadas curvas. Quem colocar as quatro rodas fora da linha branca "será investigado e punido". Pois bem, só no primeiro treino livre foram registradas 93 violações de pista, 14 delas de Max Verstappen, que não foi punido, a maioria delas na curva 1. Como escrito em outros posts, é mais fácil colocar a porra de uma brita ao invés de extensas e inúteis áreas de escape, que não oferecem desafio técnico algum para os pilotos, que se dão ao luxo de errar e "escapar" uma que outra vez.

Foto: Reprodução

Os treinos foram bem chatos e constaram o de sempre: Rosberg mais rápido nas duas sessões e favorito para vencer no fim de semana, seguido de Hamilton. Red Bull e Ferrari embolados brigando pelas quatro posições seguintes. McLaren estabelecida, até o momento, como quarta força da F1, brigando com a Force India. Decadência apavorante da Williams. Nasr muito atrás de Ericsson. Problemas? Enfim, pouco a comentar sobre 180 minutos de treinos livres.

Fica o registro dos capacetes "especiais" que Rosberg e Vettel, "donos da casa", utilizarão nesse final de semana:

Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
A sexta-feira também foi dia de festa no paddock, especificamente o da McLaren: Aniversário de Fernando Alonso. A Fênix completa 35 anos de idade e comemorou com sua equipe, colegas e amigos de outras escuderias com um bolo. O espanhol, bicampeão mundial e dono de 32 vitórias e 22 pole position é, sem dúvida nenhuma, uma das grandes figuras da F1, para o bem e para o mal.

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Confira os tempos dos treinos livres de sexta do Grande Prêmio da Alemanha: