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segunda-feira, 24 de maio de 2021

E SE FOI A MARCH

 

Foto: Getty Images

Morreu hoje aos 81 anos Max Mosley, ex-presidente da FIA. Ele vivia em Londres. A informação foi primeiramente confirmada pelo grande amigo Bernie Ecclestone. 

Max era filho de Oswald Mosley, líder do partido "União Britânica de Fascistas". O casamento de Oswald e Diana, seus pais, teve a presença de Adolf Hitler e Joseph Goebbels, em 1936. 

Em virtude do sobrenome, Max e o irmão foram recusados em várias escolas. Foram educados em casa, se mudavam constantemente, chegando a morar na França e na Alemanha. Virou advogado e, claro, em virtude do sobrenome, sempre manteve-se afastado da política, embora tenha atuado no Partido Conservador nos anos 1980.

Se voltou para o automobilismo, onde fundou a equipe March nos anos 1970. Quando a Foca (associação das equipes) se consolidou, Max começou a ter grande relação de amizade com Bernie Ecclestone, então dono da Brabham. Os dois foram os responsáveis pelo primeiro Pacto de Concórdia, em 1982, que regia os aspectos comerciais da F1 junto a FIA.

Com o desgaste e as polêmicas de Jean Marie Balestre no comando da entidade, Max Mosley cresceu e, com o apoio de Bernie, virou o presidente da FIA em 1993. O começo foi complicado: em 1994, as mortes de Roland Ratzenberger e Ayrton Senna, além do grave acidente de Karl Wendlinger mostrava que a F1 precisava fazer carros mais seguros e com menos potência.

E assim Max o fez. Um de seus grandes legados enquanto presidente da FIA foi aumentar -e muito - a segurança dos carros e pilotos na categoria. No entanto, alguns circuitos ficaram totalmente descaracterizados e permitiu o surgimento de outros bem artificiais, o que piorou com o passar do tempo.

Max sempre foi contra as montadoras, que queriam mandar na F1. Nos anos 2000, várias se juntaram a categoria: Honda, Toyota, BMW, Jaguar. Max não queria dar o braço a torcer por um simples motivo: elas sairiam da F1 na primeira oportunidade. E assim o fizeram, durante a crise de 2008.

Mosley queria imprimir um teto orçamentário na F1, o que só foi possível agora, quase duas décadas depois. Isso fez com que sua relação com as equipes e montadoras se deteriorasse rapidamente no comando da FIA, com ameaças de criação de um campeonato paralelo.

A pá de cal na vida pública de Max Mosley foi o vazamento de um orgia sadomasoquista nazista com cinco prostitutas e gestos nazistas. Pelo passado da família, não foi algo surpreendente. É óbvio que isso liquidou com o restante da administração e acabou saindo de cena da FIA e da vida pública em 2009, passando o bastão para Jean Todt, que deixa o comando da FIA no fim do ano.

O grande legado de Max Mosley na administração da FIA foi justamente aumentar a segurança dos carros, pilotos e circuitos. Além disso, outra coisa que ficou ainda mais importante nos dias atuais: diferente de hoje, a FIA não se dobrava as montadoras.

Hoje, a categoria é uma grande DTM, com Red Bull, Mercedes e Ferrari dando as cartas. A F1 come na mão deles. Qualquer coisinha diferente e eles vão abandonar a categoria, igual a Renault já fez várias vezes; e nem estou mencionando as equipes da década de 2000...

Nesse âmbito, falta alguém com esse pulso de fazer com que as montadoras sejam subservientes da F1, e não o contrário.

Hoje é um dia importante para a F1. Max Mosley e Bernie Ecclestone, dois donos de equipe com visões de mundo altamente reprováveis e repugnantes, mesmo assim mudaram a história da F1 e são os responsáveis por fazer a categoria exatamente desse jeito que a gente conhece. E assim se despede o fundador da March.

Até!

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

O CLUBE DOS 10

 

Foto: Getty Images

Aos poucos, os detalhes do novo Pacto de Concórdia, que será valido a partir do ano que vem até 2025, começam a aparecer. E uma delas é bem preocupante.

Ficou acordado que, se uma nova equipe quiser adentrar na F1, ela terá que simplesmente pagar 200 milhões de dólares para as outras equipes, onde cada uma ficaria com 20 milhões. É isso mesmo: 200 milhões. 

O recado é claro: não vai entrar ninguém. Esqueçam. A F1 não é um negócio vantajoso para as montadoras. Essas estão na Fórmula E, muito mais barata e "ecologicamente correta e sustentável". É claro que o objetivo também é aumentar o valor das equipes que atualmente estão lá, mas não deixa de ser uma medida lamentável, que transforma a F1 num clubinho de dez equipes e poucos donos.

Vamos lá: temos Mercedes, Renault, Red Bull e Ferrari, basicamente. Os alemães terão influência na ainda "independente" McLaren e na agora corporação Williams, os franceses continuam solitários mas já mudaram o nome para o ano que vem prevendo as dificuldades financeiras que existem num mundo durante/pós-pandemia, os taurinos têm a Alpha Tauri e a Ferrari tem tentáculos na Alfa Romeo e Haas.

Esqueçam a entrada de novas equipes, um grid maior, que seja capaz de colocar mais pilotos talentosos no grid. Isso não vai acontecer. Foi assinada essa reserva de mercado. É um péssimo modelo de negócio que só pode ser quebrado, talvez, com uma medida: se uma Mercedes ou Renault pularem fora do barco.

Mesmo assim, considero difícil que algo seja feito. É mais provável que todo mundo tenha um terceiro carro do que a entrada de novas equipes. 

É a F1 em mais um estágio avançado no processo de DTMitização. É mais um golpe no que virou o futuro, agora mais presente, do automobilismo: em breve, uma equipe ou duas vão dominar o grid inteiro, mas tem gente que não vai achar diferença alguma. Afinal, quanto mais Ferrari e Mercedes melhor, certo? Quem se importa com uma garagista nanica se arrastando no final do grid e atrapalhando o espetáculo?

São os tempos modernos. Algo precisa ser feito. Se nem uma pandemia evitou tudo isso, o que será necessário?

Até!

quinta-feira, 12 de julho de 2018

A F1 VAI VIRAR UMA DTM?

Foto: Daily Express
Desde o ano passado, a Liberty Media começou a falar do desejo em transformar a F1 nos próximos anos de sua gestão, não só na questão comercial mas também na parte técnica. Logo, layouts de transmissão, grid girls, marketing... tudo isso está sendo feito com resultados louváveis. Entretanto, a messiânica expressão da "F1 a partir de 2021" pode não ter passado apenas de um delírio otimista.

Por que tanto fetiche com 2021? É que seria o primeiro ano de um novo Pacto Concórdia que seria definido pelas equipes, dividindo o dinheiro entre eles e podendo chamar possíveis interessados para a categoria, entre outros. Com o acordo atual assinado desde 2013 e em vigor até 2020, não é possível fazer nada nesses dois anos. É manter as regras atuais do motor turbo e, aí sim, buscar mudanças para uma "nova era da F1".

A ideia de uma categoria mais justa e equilibrada, com as equipes recebendo valores não tão discrepantes e com disputas emocionantes na pista pode não existir. Apesar de receber Jaguar, Aston Martin e Porsche em reuniões sinalizando interesse em participar de uma nova F1 com motores mais simples e baratos, o fato é que não houve interessados de verdade, ainda. É claro que há tempo para se manifestar, mas quanto mais se demora, menor o tempo para a realização de um grande trabalho, principalmente para quem deseja adentrar a categoria.

Cada vez será mais impossível as empreitadas de Richard Bronson, Tony Fernandes e Gene Haas na categoria. Está tudo cada vez mais caro, e isso só para se manter funcionando, no máximo pontuando em algumas corridas e na sorte, como está sendo visto. Desde o início, Ferrari, McLaren e Red Bull se mostraram contrárias a essas mudanças. Afinal, elas que mandam e possuem boa fatia do dinheiro e é óbvio que não estão dispostas a ceder para as equipes pobres. Como sempre, houveram as ameaças de que se algo não ficar favorável aos seus interesses, são capazes de sair da categoria (principalmente a Ferrari) o que é improvável, convenhamos.

Status Quo da F1 não quer mudanças. Foto: F1i
Na própria questão das unidades motrizes, as atuais montadoras são contra as mudanças. Se o modelo atual é caro, um novo formato seria mais caro ainda, por todos os testes e estudos que deveriam começar a ser feitos nesse ano ou no próximo para que as unidades motrizes chegassem devidamente testadas e com bom potencial para ser explorados em 2021.

Mantendo-se tudo do jeito que está, a tendência é que a F1 vire uma DTM: equipes grandes e suas satélites. Ferrari, Red Bull e Mercedes na hegemonia, a McLaren e a Renault como segundo escalão e o resto sendo obrigado a ser equipe satélite das grandes para continuar existindo. A Sauber e a Haas fizeram bons acordos com a Ferrari. A Force India já é, de certa forma, um laboratório da Mercedes. A Williams vai precisar dar um jeito para sobreviver. Nem com Stroll a coisa vai bem (e não estou falando do mérito esportivo). Claire Williams já sinalizou que em 2021 o time de Grove pode acabar se as regras não mudarem.

Uma pena que, no momento, a Liberty parece não ter condições de enfrentar as poderosas e seus blefes. Quem perde é a categoria, cada vez mais cara, com menos audiência e certamente menos dinheiro no bolso de todos os envolvidos. Esperamos que tudo isso não vire uma utopia.

Até!

terça-feira, 28 de novembro de 2017

SOBRE HALOS E LOGOS

Foto: Sky Sports
O primeiro ano da Liberty administrando a F1 caracteriza-se pelo começo da implementação de ares de modernidade. Com uma maior presença nas redes sociais, foram disponibilizados os rádios das equipes, melhores momentos das corridas e as entrevistas após treino e corrida diretos na pista. Dizem que os testes de inverno podem ser transmitidos online. Seria fantástico. Nesse lado, a F1 evoluiu bastante, até porque era impossível ser mais obtusa do que a administração arcaica de Bernie Ecclestone.

Para o ano que vem, serão acrescentadas câmeras 360°, usadas há muito tempo na Nascar e na Indy com o intuito de aproximar ainda mais o fã da sensação de guiar um F1 e se relacionar com o clima do autódromo e da pista. Impossibilitada de fazer muita coisa até o final do Pacto de Concórdia, que será em 2020, a única mudança aerodinâmica será o fim das barbatanas. A McLaren exerceu o veto de última hora nesse fim de semana.

Com as mãos engessadas, a Liberty primeiro busca dar uma identidade própria para a Fórmula 1. Outro passo foi dado com o tal novo logo, que é feio. No entanto, iremos nos acostumar, fazer o quê. Ao menos escolheram a alternativa menos pior. Mais um ato para deixar a Era Bernie no passado, ao menos no que se refere a redes sociais, marketing, engajamento, etc.

Foto: Divulgação

A aberração-mor foi com certeza o Halo. Preteriram até o Aeroscreen, que era uma alternativa menos ruim. Essa proteção não evitaria nenhum acidente recente da F1, não há sentido algum colocar isso. E o pior: atrapalha a visão dos pilotos e deixa o carro de F1 horrível. Alguém se atreveria a comprar uma miniatura dos carros que virão nos próximos anos? Minha esperança é que desistam da ideia o quanto antes.

Com um regulamento congelado, Halo, poucas ultrapassagens, quatro anos de domínio da Mercedes e câmeras 360°, fica difícil atrair novos fãs com essas corridas previsíveis, principalmente em circuitos patéticos como Abu Dhabi. O novo engajamento só irá funcionar se as pistas entregaram um bom produto para todos.

Para isso, a Liberty e a FIA terão dois anos para pensar em alternativas. Veremos o que acontece até lá - sem Halo, espero eu.

Até!

quarta-feira, 28 de junho de 2017

RUMORES

Foto: Getty Images
Otmar Szafnauer, diretor-executivo da Force India, confirmou a revista alemã "Auto Motor und Sport" que a equipe indiana ingressou na FIA pedindo a mudança do nome da equipe para Force 1 no ano que vem. A justificativa de Vijay Mallya é tornar a equipe "mais internacional" para os investidores. O viés inicial nacionalista já teria sido superado. Ele nega que essa internacionalização da equipe se deva ao fato de estar enfrentando problemas com o governo do país, fruto de uma dívida referente a falência da empresa aérea Kingfisher. Convém destacar que esse ano o carro já é rosa (em virtude da empresa BWT), sem os detalhes das cores da bandeira da Índia, e nos últimos o bólido chegou a ser preto e prateado.

Olha, Force India é um nome estranho mas que todos estamos já acostumados. Se for trocar, que seja um nome decente ao invés de Force 1. Parece nome de nave espacial de filme de ficção científica. Cruzes.

Foto: Motorsport
Alonso empurrou, nas entrelinhas, seu compatriota Carlos Sainz Jr para a McLaren a partir do ano que vem. "Neste momento nós não somos competitivos, mas a McLaren vai ser sempre a McLaren. Em algum momento vai estar novamente no pódio, entre os cinco primeiros. Sempre vai estar ali. Depois de três anos difíceis, os bons tempos virão. Não sei se a McLaren vai ser campeã em cinco ou dez anos, mas há muito mais oportunidades do que na STR. De modo que, se Carlos tiver a chance, sempre vou apoiá-lo", disse.

O bicampeão está de saída da equipe inglesa e busca negociações com outras equipes para 2018. Flavio Briatore tenta convencer Toto Wolff de que seria uma boa a reedição da "parceria" com Hamilton, enquanto o empresário Luís García Abad foi visto conversando com a cúpula da Renault para formar dupla com Hulkenberg.

Voltando a Sainz, o espanhol já foi especulado por diversas equipes nesses anos, como Ferrari e Renault, menos na equipe-mãe Red Bull. É o seu último ano de contrato com os taurinos e fica claro para as duas partes o desejo de Sainz de subir a equipe principal, mas também o desinteresse de Marko em efetivá-lo, até porque Verstappen e Ricciardo não sairão da equipe no próximo ano. O que resta? Outra temporada na insossa Toro Rosso? O filho de Carlos Sainz deveria tentar cortar as asas da Red Bull e tentar trilhar um novo caminho na categoria. Se conseguir se manter, estará no lucro, mas também existe o risco muito grande de ser mais um Vergne, Buemi ou Alguersuari da vez.

Foto: LAT Images
Já havia caído como uma bomba a especulação de que a Mercedes estaria de saída da F1 no final de 2018. Pois bem, Eddie Jordan tratou de colocar mais gasolina no fogo. O conceituado ex-dono da equipe que leva seu sobrenome informou, durante o GP do Azerbaijão, que os alemães tentam dar um jeito de burlar o Pacto de Concórdia (válido até 2020) e buscam um comprador para a equipe. Além disso, dois grandes patrocinadores da equipe como a UBS e a Petronas já estariam de saída do time ao final do ano.

Toto Wolff ironizou e chamou tudo isso de mentiras e fake news. O que todos sabemos é que a F1 é um esporte muito caro. A grande prioridade da Liberty será baixar os custos e tentar seduzir outras equipes e montadoras de volta para a categoria. Existe um gasto muito grande para as equipes médias apenas se manterem na F1, sem perspectiva de pódio, tampouco vitória. O modelo precisa ser revisto.

Só o futuro dará razão a alguém nessa até então fofoca, mas considerando que a Mercedes mesmo tricampeã de pilotos e construtores teve prejuízo financeiro nesses anos, a ausência de importantes patrocinadores e o dinheiro de campeão poderiam colocar em risco os investimentos do conglomerado alemão. A partir disso, não vejo nenhum absurdo em uma retirada do circo, já com o objetivo bem sucedido de títulos nessa passagem como uma equipe própria pela F1.

A silly season irá esquentar ainda mais quando a F1 entrar em férias. Seguiremos aguardando e comentando por aqui o que achar pertinente.

Até mais!