terça-feira, 11 de agosto de 2020

O NÚMERO 21

 

Foto: Motorsport Images

Em um ano atípico, surgem problemas e soluções também atípicas. Nesse caso, isso não quer dizer que são necessariamente inéditas e inovadoras, muito pelo contrário, ao menos na F1.

No futebol, existem os jogadores "polivalentes", que exercem mais de uma função tática e podem jogar em diferentes posições, ajudando os treinadores como uma espécie de "coringa". Isso não significa, é claro, que todos esses atletas sejam muito bons, pelo contrário, instiga ainda mais o debate e a desconfiança, principalmente dos torcedores.

Na Fórmula 1, existe um caso raro, quer dizer, nem tão raro assim. Ultimamente, muitos jovens pilotos que despontaram como promessas não conseguiram vingar. Stoffel Vandoorne é um exemplo. Outros, mais discretos, desabrocharam na hora certa e, com uma pitada de sorte, é claro, encontram-se em boas situações, como Carlos Sainz Jr e Alexander Albon.

Nico Hulkenberg está no meio do caminho. Campeão da GP2 em 2009, chegou com moral na Williams e fez até pole, mas não foi o bastante para permanecer na categoria em 2011. Reserva, foi efetivado pela Force India e voltou a brilhar com desempenhos consistentes e liderou boa parte daquele GP do Brasil que, num erro, colocou tudo a perder. O conceito do alemão era claro: em um carro melhor, daria trabalho. Desde então, sempre foi um nome ventilado para se transferir para uma equipe maior.

No entanto, mesmo com as especulações e a consistência, faltava algo para Nico: um resultado mais robusto. Infelizmente para ele, isso não aconteceu na F1, diferentemente de Le Mans, onde o destino lhe sorriu.  Com o passar do tempo, a novidade e o talento de um futuro pretendente a algo grande se esvaiu, mesmo na Renault, onde foi superado por Ricciardo. Sem patrocínio, "velho" e desgastado, Hulk deixou a F1 sem deixar saudades.

O Covid mudou tudo e Hulk voltou por duas corridas, a princípio. Mesmo sem ritmo e condições físicas ideais, mostrou que é capaz de andar bem num carro bom e que, portanto, merece uma vaga no grid. Inclusive diz que negocia e recebe algumas sondagens de outras equipes do grid. 

Tudo isso para dizer que, diante de uma nova, inesperada e até triste perspectiva, de pilotos que talvez possam se ausentar por motivos de covid maior, Hulkenberg é o coringa ideal para qualquer equipe em qualquer circunstância, principalmente o lítigio público entre Vettel e Ferrari. É difícil dizer que Nico poderia fazer algo melhor (lembrem-se de Fisichella na Ferrari em 2009), mas seria uma compensação do destino para o talentoso piloto que, mesmo com quase 200 GPs, parece ter ficado no meio do caminho.

Em 2020 e em tempos de crise, Nico Hulkenberg é o piloto número 21, pronto para aproveitar qualquer oportunidade que apareça. O faz tudo, o polivalente, o super trunfo. É o prêmio de consolação para quem, com talento, ainda merecia estar no circo, mesmo que agora não em alguma equipe tão competitiva.

Até!

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