segunda-feira, 3 de agosto de 2020

A QUESTÃO RED BULL


Foto: Getty Images

Historicamente, já se mostrou inviável a presença de dois competidores de alto calibre na mesma equipe ou em pé de igualdade. Os efeitos são catastróficos, mesmo que o objetivo principal seja atingido. Exemplos não faltam e vocês já conhecem, assim como o contrário: a moda, agora, são os pilotos A e B. 

A última equipe grande que resistiu a esse modelo foi a Red Bull que, no passado, fez o mesmo com Vettel e Webber, até a surpreendente ascensão de Daniel Ricciardo e a chegada da promessa Max Verstappen. Em pouco tempo, o holandês já foi alçado para primeiro piloto, mas faltava combinar com o australiano. Embates na pista e declarações na imprensa deixavam claro que a preferência era por Max. Ricciardo entendeu e seguiu a vida. No entanto, no último ano com os taurinos, teve uma série de abandonos e finalmente foi superado por Max nos pontos.

Desde então, mesmo com uma academia de pilotos feita para isso, é difícil acomodar um outro piloto por lá. Mesmo seduzido em um carro que em tese briga por pódios, a realidade é dura: um segundo piloto. Max é melhor que todos que já enfrentou desde então: Sainz na Toro Rosso, Gasly e agora Albon. A questão é, como disse o "filósofo" George Russell duas semanas atrás: por que eles parecem idiotas quando vão para a Red Bull?

Kvyat conseguiu dois pódios e superou Ricciardo em pontos em 2015 mas já estava marcado justamente pela ascensão de Max. Gasly subiu porque não havia candidatos após a saída de Ricciardo e vimos o que aconteceu. No entanto, bastou voltar para a Toro Rosso para fazer um pódio. Correr "sem pressão" não é o suficiente. Até Kvyat conseguiu pódio ano passado e nesse ano está na bola sete outra vez.

Albon agora é o bola da vez. Sem nenhum pódio ainda na Red Bull, foi prejudicado por Hamilton nas oportunidades que surgiram. Ultimamente tem errado muito em batidas e treinos ruins, o que compromete o resultado nas corridas. A questão é: a academia de pilotos dos taurinos é tão ruim para que quase ninguém consiga se manter por lá muito tempo ou existe algo de errado? 

Se derrubar o tailandês nascido na Inglaterra, quem será o próximo? Gasly e Kvyat já tiveram a chance. Vão subir o Sette Câmara ou recontratar Vettel? O que esse segundo carro da Red Bull tem que ninguém consegue sequer acompanhar Verstappen?

Essa questão lembra muito a Benetton nos tempos áureos de Schumacher. Enquanto ele era bicampeão, o alemão chegou a ter três companheiros de equipe em 1994: J.J. Lehto, Jos Verstappen e Johnny Herbert, efetivado em 1995 e claramente muito abaixo de Schummi, tanto como piloto mas também nos resultados. Nos dois casos, parece que são carros diferentes com a mesma pintura de tão discrepante que chega a ser as performances.

A Red Bull aposta todas as fichas em Max para sair da fila. É o correto, mas também existe a outra questão: ele não vai ser capaz de ganhar sozinho. É necessário um piloto que também tente roubar ponto das grandes e isso não existe desde Ricciardo. Essa é a questão Red Bull a se pensar nesse modo de gestão: até que ponto vale a pena sacrificar quase tudo em prol de um piloto se ainda não há margem para enfrentar a Mercedes? Mas também, o que deve ser feito nesses casos? 

O que sabemos é que essa estratégia, pelo jeito, não funciona.

Até!

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