terça-feira, 4 de agosto de 2020

DESCARTADO


Foto: Getty Images

Todo mundo já esperava uma despedida melancólica de Vettel na Ferrari. Até aqui, não vem errando e/ou batendo, mas está bem atrás de Leclerc na classificação. O carro não ajuda mas mesmo assim o monegasco conseguiu dois pódios em quatro corridas. Com a Ferrari imersa no pelotão intermediário, o alemão não parece ter forças para lutar com McLaren, Renault e Racing Point.

No entanto, conhecendo o modus operandi da Ferrari e de qualquer organização envolvendo funcionários que já estão previamente de saída, a questão é maior: Vettel, outrora o homem que seria o responsável pelo ressurgimento da escuderia tal qual Schumacher, agora parece ser um elemento incomodante no ambiente ferrarista, um estranho no ninho, uma figura dispensável, típica de um fim de relacionamento.

O alemão percebeu isso, que está nítido. O silêncio no rádio após a linha de chegada quando a equipe comentou o pódio de Leclerc mostra bem isso. Rapidamente, somado aos erros, parece que ninguém lembra do que Vettel é capaz ou de sua biografia, provando que na F1, de fato, as vezes você é o que apresenta na última corrida.

Nos últimos dias, o alemão, sem compromisso com nada e analisando o futuro, falou sobre esse período incômodo e constrangedor que vai viver até dezembro. Ele reclama do carro, que é ruim, e tem dúvidas sobre sua capacidade, o que é normal. Entretanto, ele também revelou que, durante a passagem pela Ferrari, sentiu que não tinha o apoio necessário para realizar o trabalho no qual foi contratado.

Pois bem, aí eu discordo. A Ferrari renovou por várias temporadas com um Raikkonen visivelmente abaixo das capacidades e transformou o último campeão mundial pela equipe em um segundo piloto de luxo de Vettel. Apoio não faltou, ao menos até 2019, onde o alemão, mesmo em baixa, ainda tinha prioridade diante do novato Leclerc, mas aí os resultados foram indefensáveis.

A verdade é que sim, olhando de fora e talvez com base com o que próprio alemão diz, Vettel foi descartado e está sendo tratado como se fosse um, apenas esquentando o banco que Carlos Sainz irá sentar nos próximos meses. É muito pouco para um tetracampeão, até uma falta de respeito, mas é assim que as coisas são.

Talvez não seja uma má ideia seguir a dica de Irvine. Melhor do que o constrangimento e se arrastar no grid enquanto Leclerc tira coelhos da cartola, talvez seja melhor Vettel se livrar disso tudo imediatamente para o seu próprio bem, tanto no pessoal quanto no profissional. Talvez alguns meses de respiro possam ser suficientes para dar um sossego e descanso para que o competidor ressurja com mais força para a etapa final da vitoriosa carreira.

Até!


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