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Uma Indy 500 como sempre é: repleta de estratégias e
reviravoltas. Não teve tantas trocas de liderança, mas Scott Dixon e Pato
O’Ward disputaram a maior parte do tempo a liderança. Dixon, pole pelo segundo
ano consecutivo, estava na frente em praticamente ¾ da corrida.
Justamente na última parada nos boxes, acelerou demais no
pit lane e foi punido, jogando fora todo o trabalho. A Chip Ganassi tinha o
favoritismo pelo que apresentou nos treinos, mas as McLarens de Pato e
Rosenqvist estiveram no páreo o tempo.
Largando em sexto, Tony Kanaan buscava a segunda conquista
do Brickyard. Foi avançando e conseguiu um terceiro lugar. Chegou perto. Hélio
Castroneves, que buscava ser o primeiro penta, tinha uma missão inglória.
Largando em 27°, conseguiu uma boa corrida de recuperação, mas faltava
velocidade para brigar lá em cima. Ainda assim, conseguiu ficar no top 10.
Com Dixon fora, tudo parecia encaminhado para o mexicano
O’Ward repetir a dose de Checo Pérez mais cedo e levar o país ao topo. Pelo
conjunto da obra, talvez fosse o que mais merecia levar o banho de leite. No
entanto, a vida não é sobre merecimento, e sim chegar até o final.
Na última parte da corrida, Ericsson, que ficou no bolo o
tempo todo, assumiu a liderança, em virtude de uma das amarelas. Sem parar,
tinha uma vantagem confortável até que Jimmie Johnson, o da Nascar, bateu
faltando duas vezes. Geralmente se encerraria com bandeira amarela, mas sabe-se
lá porque deram bandeira vermelha. Estava tudo desenhado para Pato O’Ward.
O que vimos nessas voltas finais foi uma defesa espetacular
de Ericsson, de cinema. Fechou a porta e rumou para uma improvável vitória na
Indy 500. Ele encerrou o jejum de 10 anos da Ganassi e foi o segundo sueco a
tomar banho de leite (o único até então havia sido Kenny Brack, em 1999).
Por não ser uma figura carismática ou ter uma grande
passagem na F1, ficou aquele anticlímax. Era melhor para todos que Pato tivesse
vencido, mas Ericsson teve seus méritos. Depois que saiu da F1, veio para Indy
e foi evoluindo aos poucos. Ano passado, teve as primeiras vitórias. Agora, a
consagração máxima. De quebra, assumiu a liderança do campeonato, com O’Ward na
cola.
Os pilotos podem evoluir e serem felizes em outros lugares.
Sempre é essa a lição que fica quando acompanhamos outras categorias. Nem todo
mundo vai ser Max Verstappen ou Lewis Hamilton. Se Ericsson não é o suprassumo
do automobilismo, ele mostrou méritos para estar na história de uma das
corridas mais tradicionais do esporte. É sobre isso.
Para Pato O’Ward, fica a frustração de ter chegado perto. No
entanto, a grande recompensa pode chegar nos próximos meses. Com Ricciardo cada
vez mais fora da McLaren, o mexicano é um candidato natural a assumir essa
vaga, além de Colton Herta. Apesar de mexicano, seria do interesse da categoria
alguém com proximidade do mercado americano para reforçar a categoria, além das
três etapas inseridas no calendário.
Não foi das corridas mais emocionantes mas o final
compensou. Como mágica, vimos a história e o improvável acontecer. Pode até não
ser o que gostaríamos em termos estéticos e de narrativa, mas precisamos
respeitar e admirar. A Suécia de Ronnie Peterson tem um herói para chamar de
seu. Um novo tijolo em Indianápolis.
Até!