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domingo, 2 de abril de 2023

VÁRZEA

 

Foto: Dan Istitene/Getty Images

O problema de um carro muito dominante sem algum adversário qualificado para desafiá-lo é que, como o Lucas Carrano sempre pontua no Sexto Round, a falta de possibilidade de derrota afasta o público porque os resultados são óbvios.

Imagine isso de madrugada. Pois bem, a Mercedes até tentou dramatizar as situações com as boas largadas de Russell e Hamilton, que assumiram as primeiras posições. Verstappen, inexplicavelmente comedido por frear cedo demais na curva 2, era o terceiro e tinha muito a perder. O longo prazo é sempre mais efetivo.

Aí na primeira volta já teve problema. Leclerc foi atropelado por Stroll e ficou fora. Primeiro Safety Car e mais azar para o monegasco que a cada prova que passa vira o Jean Alesi moderno. Relargada. As coisas não mudam muito, mas uma pancada começa a mudar algumas coisas.

Albon, que fazia bom final de semana, bateu forte e sujou bastante a pista, além de estar numa posição perigosa. A primeira bandeira vermelha, logo na volta 7. Quer dizer, antes era Safety Car. Russell parou, Hamilton não. Estratégias diferentes para tentar lutar contra a Red Bull. Bandeira vermelha. Russell se ferra injustamente. Poder mexer em tudo nessas circunstâncias é uma palhaçada, uma das várzeas do regulamento da FIA.

Russell teve mais o que lamentar porque o motor Mercedes de seu carro estourou, o que é um histórico raro na equipe. O problema é que dali em diante a corrida ficou insuportável. Com a bandeira vermelha, todo mundo ficou na mesma estratégia. Algumas disputas soltas e nada demais. Verstappen abria para Hamilton, que controlava Alonso, que controlava Gasly, que brigava com Sainz e Stroll, enquanto Pérez ficava preso atrás de Norris, com um pelotão com Ocon e o resto brigando de foice no escuro.

Tamanha chatice, na madrugada, juntando com meu cansaço vindo da viagem de Caxias me fizeram apagar no sofá. Acordei achando que a corrida já tinha terminado, mas, sem entender nada, vi uma bandeira vermelha faltando duas voltas. Bandeira vermelha faltando duas voltas é sacanagem. Encerra a corrida logo. Não há constrangimento em terminar uma prova com as amarelas, igual na Indy. Não estão copiando tudo dos americanos?

Tentaram remendar um erro usando um regulamento ridículo para evitar outro constrangimento. Aliás, como o Magnussen conseguiu ir reto no muro? Era para bandeira vermelha? Perguntas que podem ser e não ser respondidas. 

O final de semana já mostrava inúmeras barbeiragens na F2 e F3, estreantes no traçado australiano, e a F1 não poderia ficar de fora. Se na largada já acontece algo, imagina numa relargada que define a prova nas voltas finais? Dito e feito. Sainz atropela Alonso, que perderia o pódio. As Alpine se batem, melhorando o clima amistoso entre os compatriotas Ocon e Gasly. Sargeant esquece de fazer a curva, tal qual Salvino, e atropela De Vries. Um caos.

Aí, o tal regulamento que conseguiu ser minimamente coerente. Como aconteceram tantas coisas e o primeiro setor estava um caos, mais bandeira vermelha. Como o líder Verstappen (ele e Hamilton ilesos) não tinha completado a volta então, na prática, aquele caos todo não valeu. Uma pena que os abandonos e barbeiragens não poderiam ser desfeitos.

Ou seja: quem se ferrou nesse caso foram Sainz, punido com cinco segundos, e as Alpine. Com uma volta restante e impossível de relargar, a F1 optou pelo óbvio que deveria ter escolhido antes: terminar com as amarelas ou, no caso, o Safety Car.

Três pódios seguidos de Alonso, mais um com sustos e emoção, algo inédito desde 2013. O primeiro de Hamilton e da Mercedes no ano, mostrando que o carro não é tão ruim quanto as declarações querem induzir. Não há milagre, mas sim uma boa notícia. Primeiros pontos da difícil McLaren e do dono da casa Piastri na carreira. Hulkenberg nos pontos também, assim como Zhou e Tsunoda. Portanto, todas as equipes já pontuaram em três etapas. Pior para Alpine e Ferrari, que saíram zeradas, assim como a Williams.

A Red Bull está em outro patamar, Mercedes, Aston Martin e Ferrari vem para a briga de segundo posto e o resto é resto. O mais importante é mostrar como a FIA está espetacularizando decisões ridículas que ferem a competitividade do esporte, ao mesmo tempo que se importa com idiotices que matam a essência da categoria. Safety Car e bandeira vermelha em tudo é falta de bom senso, mas a preocupação dos caras é encaixar mais uma corrida dos EUA no calendário e proibir piercing de piloto e os mecânicos na grade na hora da bandeirada.

A F1 que conhecíamos está definhando. 

Confira a classificação final do GP da Austrália:


Até!

sexta-feira, 31 de março de 2023

CORUJÃO MOLHADO AUSTRALIANO

 

Foto: Clive Mason/F1


Albert Park, Melbourne, Austrália. A grande novidade desta temporada é a estreia da F2 e da F3 em solo australiano. Setup desconhecido promete grandes emoções. Já tivemos alguns acidentes no treino da F3, onde o brasileiro Gabriel Bortoleto, pupilo da Fênix Alonso, fez a pole.

Talvez o brasileiro tenha sido agraciado pela sorte, pois haviam pilotos mais rápidos para completar a volta, mas um acidente na última curva encerrou de vez o treino. Há talentos por aí. Enzo fez um bom treino livre e a tendência é que o brasileiro evolua. Ele precisa, afinal a cobrança da Red Bull é pesada, como nós conhecemos.

E a F1? Bem, vemos a dominância inabalável da Red Bull e a Aston Martin aparentemente bem. Por falar em aparentemente, a Mercedes parece um pouco acima da Ferrari. Escrevo isso antes do TL2, entrando na madrugada. Um horário que me deixa animado para produzir, confesso.

O TL2 foi prejudicado por alguns pingos de chuva. Um treino onde geralmente o pessoal corre com menos gasolina e também prioriza as voltas rápidas além do stint de corrida. Com muitas retas, há muito tráfego. Diversos pilotos estão sendo atrapalhados uns pelos outros, o que pode fazer a diferença numa classificação. Pérez, por exemplo, não conseguiu completar voltas limpas utilizando o pneu mais macio. Assim, Alonso foi o mais rápido da sessão.

No entanto, a grande notícia negativa (para variar) é mais uma bizarrice da FIA: do nada eles resolveram proibir os mecânicos de subirem na grade na hora da bandeirada, visando a “segurança” de todos. Tipo, isso é uma tradição que existe desde que a F1 é F1. Grandes imagens históricas foram filmadas e registradas com a vibração dos mecânicos com as vitórias, pódios ou meros pontos de seus pilotos.

Mas claro, a FIA tem essas preocupações estéticas e outras idiotices como a posição do carro no grid ou o piercing do Hamilton. Ah, e a emocionante série da Netflix, é claro. E a competitividade na categoria nada, né? Ah, esqueci que o importante é encher de corridas nos EUA. É o suficiente.

Enquanto não chegarmos na Europa, tudo indica que a F1 mantém a hierarquia tradicional. Com mais retas e menos chicanes, vamos ver se Albert Park produz o entretenimento que sempre foi tradicional nas aberturas de temporada ou essa mudança matou a emoção do circuito de vez.

Confira os tempos dos treinos livres:




Até!

quinta-feira, 30 de março de 2023

GP DA AUSTRÁLIA: Programação

 O Grande Prêmio da Austrália entrou no circo da F1 em 1985. Foi disputado nas ruas de Adelaide até 1995, quando foi substituído pelo circuito de Albert Park, que é palco do GP até os dias atuais. Em virtude do Covid, a etapa não aconteceu em 2020 e 2021, retornando ao calendário em 2022.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Charles Leclerc - 1:20.260 (Ferrari, 2022)
Pole Position: Charles Leclerc - 1:17.868 (Ferrari, 2022)
Último vencedor: Charles Leclerc (Ferrari)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 4x (2000, 2001, 2002 e 2004)

CLASSIFICAÇÃO:
1 - Max Verstappen (Red Bull) - 44 pontos
2 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 43 pontos
3 - Fernando Alonso (Aston Martin) - 30 pontos
4 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 20 pontos
5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 20 pontos
6 - George Russell (Mercedes) - 18 pontos
7 - Lance Stroll (Aston Martin) - 8 pontos
8 - Charles Leclerc (Ferrari) - 6 pontos
9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 4 pontos
10- Esteban Ocon (Alpine) - 4 pontos
11- Pierre Gasly (Alpine) - 4 pontos
12- Kevin Magnussen (Haas) - 1 ponto
13- Alexander Albon (Williams) - 1 ponto

CONSTRUTORES:
1 - Red Bull RBPT - 87 pontos
2 - Aston Martin Mercedes - 38 pontos
3 - Mercedes - 38 pontos
4 - Ferrari - 26 pontos
5 - Alpine Renault - 8 pontos
6 - Alfa Romeo Ferrari - 4 pontos
7 - Haas Ferrari - 1 ponto
8 - Williams Mercedes - 1 ponto

FORA DO PÁREO

Foto: AFP

Para Toto Wolff, o objetivo da Mercedes em 2023 é semelhante ao de 2022: tentar ganhar ao menos uma corrida. Disputa pelo campeonato? Fora de cogitação.

O chefão da Mercedes, inclusive, não descarta copiar o carro da Red Bull para melhorar, nem que para isso também seja necessário colar um adesivo de touro.

Mas por quê a Mercedes segue tão atrás e com evolução tímida? A equipe, segundo George Russell, se deixou enganar pela vitória em Interlagos e manteve o desenvolvimento dos conceitos do W13 para o W14. Ou seja: sidepods estreitos, mas o problema inesperado do porpoising basicamente jogou os alemães para serem a terceira força, ou a quarta em 2023, considerando a ascensão da Aston Martin.

“Fizemos apenas duas corridas. Mas é realista [dizer] que estaremos brigando na frente quando se olha para o tamanho da diferença [para a Red Bull]? Não, não é. Vamos dar o máximo e ver o que acontece.

“Conseguimos ganhar muito terreno ao longo da temporada passada. Fomos chegando cada vez mais perto da Red Bull e fomos capazes de competir por vitórias no final. Acho que esse será o nosso objetivo para este ano”, disse Wolff.

Há verdades aí, mas também a velha tática de que, caso a Mercedes consiga "superar a meta", seria um caso heróico da equipe e dos pilotos. Nunca é demais lembrar que Russell e Hamilton é a melhor dupla do grid e uma equipe octacampeã de construtores não desaprende de um regulamento novo para o outro. Muito cuidado com as entrelinhas e as armadilhas jogadas através da imprensa.

EVOLUÇÃO E PRESSÃO

Foto: Red Bull Content

Apesar do futuro nebuloso tanto da equipe quanto dos pilotos, o chefão Franz Tost elogia o início de temporada de Yuki Tsunoda. Na terceira temporada no time, é agora que o jovem japonês assume a responsabilidade de ser o líder da equipe, após Pierre Gasly ir para a Alpine. Apesar do desempenho consistente, Tsunoda e o time ainda não pontuaram no ano. O japonês foi o 11° nas duas corridas até aqui.

“Yuki deu um grande passo à frente. Não apenas do lado da pilotagem, mas também do lado técnico. O feedback técnico dele é muito bom e devo dizer, também, que suas atuações foram competitivas. Acho que ele tirou o máximo proveito do carro”, disse Tost.

Apesar das palavras elogiosas, o clima interno não é tão bom, visto que Helmut Marko coloca o futuro dele e de Nyck De Vries em prova, sem contar que a equipe pode ser vendida por não dar tantos resultados, gerar gastos e a mudança administrativa da Red Bull após a morte de Dietrich Mateschitz.

Dar tanta responsabilidade para um jovem que ainda não se provou é perigoso. Além disso, colocar um estreante de quase 30 anos, junto a um processo de possível fim da equipe satélite mostram como a Alpha Tauri está sem rumo. Sem talentos emergentes surgindo da F2, realmente é caso para se pensar se há sentido continuar com esses moldes na F1.

TRANSMISSÃO:
30/03 - Treino Livre 1: 22h30 (Band Sports)
31/03 - Treino Livre 2: 2h (Band Sports)
31/03 - Treino Livre 3: 22h30 (Band Sports)
01/04 - Classificação: 2h (Band e Band Sports)
02/04 - Corrida: 2h (Band)


terça-feira, 28 de março de 2023

ENTRE O PRESENTE E A MELANCOLIA

 

Foto: Getty Images

Albert Park sempre vai ser a abertura do ano. Não tem como, já escrevi isso algumas vezes e mantenho essa melancólica lembrança misturada aos meus humores do momento.

Primeiro porque era fascinante olhar uma corrida de madrugada. Ok, antigamente o GP era mais cedo. Lembro que era logo depois do Jornal da Globo. Tinha aquela ideia do “horário proibido”, ainda mais para crianças.

O tempo foi passando e sempre foi mantido o ritual que, aliás, tinha a companhia da Malásia. Nada mais início de ano real do que essas duas corridas e o mistério e perseverança de uma criança que briga contra os próprios instintos para assistir o que gosta.

O tempo foi passando e nada mudou. Como já citado nos ritos de passagem, o que variou, na verdade, foi a minha vida. Colégio, faculdade, mas acredito que há, no meio do caminho, um ponto de ruptura.

A pandemia.

Era uma quinta, 12 de março de 2020. Mais um começo. No ano anterior, a bomba que foi a morte de Charles Whiting às vésperas da abertura da temporada. Mal poderia imaginar...

Algo poderia ser diferente porque não conseguiria cumprir o ritual de assistir todos os treinos. O motivo? Naquela quinta-feira, simplesmente teria um Gre-Nal à noite. Não era um jogo qualquer, mas sim o primeiro Gre-Nal da história na Copa Libertadores. Um grande evento.

Naquela semana, os indícios de que a Covid era algo sério já tinham sido sentidos, noticiados e anunciados. No dia anterior, a NBA suspendeu os jogos após um atleta contrair o vírus. A notícia de que Tom Hanks também tinha testado positivo assustava porque não era só com os mortais. Os ricos e famosos estavam a perigo da mesma forma.

Enfim, o ponto de ruptura foi descobrir que os treinos tinham sido cancelados porque um mecânico da McLaren também testou positivo, quase no início da sessão. Posteriormente, o resultado que todos sabiam.

Vocês já sabem de tudo: a pancadaria no clássico e os desdobramentos da Covid no mundo e na nossa sociedade.

Eu paro e penso que, obviamente, nada foi igual depois daquilo. Não só justamente pela obviedade, mas sim pelas consequências: o retorno da Austrália em outro momento do calendário e mudanças pessoais.

Ali foi interrompido um momento de ascensão profissional que eu vivia. Três anos depois, me sinto fisicamente melhor, um pouco mais seguro de mim, mas ao mesmo tempo frustrado e ressentido com a vida em geral. A F1 é um dos poucos escapes dessas realidades que me atormentam e estão me levando para a autodestruição. A questão é que isso vai estourar a qualquer momento, mais cedo do que tarde.

Enfim, escrevo isso após outra pancadaria futebolística na semana de mais uma corrida na Austrália. No meio do caminho, uma provável viagem para Caxias, a trabalho. Participar de uma final de campeonato. Estaria mais feliz e deslumbrado em 2020. O ressentido 2023 apenas está preparado para mais um dia no escritório. Agradecido, é verdade, mas sem aquela vibração de outrora, em constante descolamento do universo.

Até!

domingo, 10 de abril de 2022

AVASSALADOR

 

Foto: Peter J. Fox/Getty Images

Fazia tempo que não via a Ferrari dominar uma corrida do início ao fim sem ser incomodada, sem correr riscos. Desde os tempos de Schumacher e também os dois anos que Massa e Raikkonen brigaram pelos campeonatos, em 2007 e 2008. Nem mesmo o Safety Car e a rápida ameaça de Max foram algo digno de algum drama.

Charles Leclerc vence a quarta corrida na carreira e a segunda no ano, liderando de ponta a ponta e fazendo a volta mais rápida, além da pole. É um início avassalador. Ele não dá chances a ninguém. Como Galvão Bueno sempre fala: o piloto bom é aquele que na hora decisiva mostra o que sabe. Leclerc, desde o surgimento, sempre foi um prodígio. Agora, maturando, parece mais próximo do que imagina para encontrar a glória eterna (além da Libertadores, é também a F1).

O contrário é Carlos Sainz. Fui um dos que bradou aos quatro cantos que o espanhol seria páreo duro por ter temporadas consecutivas de excelência. De novo, como diz Galvão: "fazer graça no meio do grid é fácil, difícil é ter consistência na pressão de disputar um campeonato". Sainz teve um péssimo final de semana. Teve azar no sábado e no domingo errou, ficou fora. O espanhol vai sentir ainda mais a pressão de ser Ferrari porque agora menos que a dobradinha será considerado um fracasso. 

Sainz antecipa um drama que a Ferrari "viveria": no fim das contas, o espanhol será o escudeiro de Leclerc. Não aproveitou a chance e, mesmo em três corridas, pode-se escrever que é tarde para alcançar um talento como o monegasco.

A dificuldade também está no carro número um. Max Verstappen. Brigando com o bólido, tentou de tudo para pressionar Leclerc mas não há carro suficiente para a briga. E nem motor ou combustível. Com dois abandonos em três corridas, a Red Bull sofre com a confiabilidade e pode ficar fora da briga mais cedo que imaginava. Numa F1 que quebrar é raro, 36 pontos a menos é um pecado. Dá tempo de recuperar? Com a Ferrari nesse nível, começa a parecer improvável, mesmo que falte vinte corridas. Aposto que Adrian Newey lembra desse carro da mesma forma que lembra a McLaren de 2005: velozes e inconfiáveis.

Por outro lado, Pérez parece mais competitivo e conseguiu o primeiro pódio no ano. Está mais perto de Verstappen e parece ser mais importante para o time nesse ano, além de mais ajustado ao novo carro. Um piloto muito útil. 

A Mercedes parece muito distante nas voltas lançadas pelo motor deficitário de potência e a dificuldade em aquecer os pneus, mas o ritmo de corrida é consistente. Os pneus duram mais, ao contrário da Red Bull, o que permitiu disputas com Pérez. A Mercedes não está no meio do pelotão e sim estabelecida como terceira força. Se a Red Bull e Sainz bobearem, eles estarão lá. Foi o caso. Russell teve sorte de um Safety Car surgir e conseguiu o primeiro pódio em uma corrida, superando Hamilton que tinha ritmo superior. O caminho é longo, mas os alemães estão na briga, hein? Não descartem eles!

A McLaren evoluiu desde a segunda etapa e retomou o padrão do ano passado. Norris foi perfeito e Ricciardo fez os primeiros pontos no ano diante da massa australiana. Entra de vez no bolo do pelotão intermediário, buscando os ajustes no decorrer da temporada. É uma parada dura, mas hoje foi um sinal positivo de reação.

Esteban Ocon foi regular e mesmo assim é o cara que traz pontos para a casa na Alpine. Dessa vez a culpa é da ex-Renault e a crueldade que fizeram com Don Alonso, o injustiçado do final de semana. Brigaria pela pole até o carro apagar. Uma estratégia equivocada de demorar a parar fez o espanhol desperdiçar uma grande oportunidade. Carro tinha, faltou visão e confiabilidade, menos para o francês.

Bottas conseguiu dois pontos importantes para a Alfa Romeo mas o nome da corrida foi Alexander Albon. Em uma estratégia quase suicida, conseguiu render 57 voltas com o pneu duro, parando na última e garantindo o décimo lugar, largando de último! Soube se beneficiar das circunstâncias da corrida, no agitado e remodelado Albert Park (viva as britas! mesmo mais rápida, ainda é difícil ultrapassar por lá, mas é um circuito belíssimo!) e traz um ponto importante para a Williams.

Fica cada vez mais claro que Latifi não consegue domar os carros da nova F1, assim como Stroll. Duas chicanes ambulantes. Não é surpresa, mas são os dois que bancam as equipes que guiam, então reclamar não vai adiantar nada.

Definitivamente a pior equipe do grid é a Aston Martin. Não adianta investimento maciço se não for nas áreas certas. Vettel estreou na temporada e parecia ainda com sequelas do covid, brincadeiras à parte: bateu o final de semana todo. Faz tempo, mas nem parece que o alemão é um tetracampeão mundial. Inacreditável o processo de decadência estabelecido pelo alemão. Virou uma chicane ambulante, quando Galvão falava sobre Villeneuve e Coulthard no final da carreira. Assim como Stroll, só sai quando quer, porque é acionista, mas vou dar um desconto: estreando e se recuperando da covid, Vettel precisa de tempo.

A Ferrari e Charles Leclerc começam o ano num ritmo avassalador, sem brechas para a concorrência. Com a Red Bull inconfiável e a Mercedes ainda distante de uma briga igualitária, pode parecer precoce mas a sensação é que os italianos talvez estejam mais próximo do ouro do que eles imaginavam...

Confira a classificação final do GP da Austrália:


Até!

sexta-feira, 8 de abril de 2022

MAIS UMA AMOSTRA

 

Foto: Bryn Lennon/F1/Getty Images

É estranho ver o agora remodelado circuito de Albert Park não ser sinônimo de início de temporada, e sim a terceira corrida do ano. São os novos tempos.

Os novos tempos também seguem a todo vapor na hierarquia do novo regulamento da Fórmula 1. Nos treinos livres dessa madrugada, algo inédito para nós desde 2019, a mesma tônica: Ferrari e Red Bull.

O circuito favorece os italianos. As retas não são tão longas e privilegia o conjunto mais equilibrado, no caso o ferrarista. Leclerc tem a chance de continuar ditando as regras, mas é claro: treino é uma coisa, ritmo de corrida é outra. O que não se esconde é a animação na manutenção da Ferrari entre os ponteiros.

Max teve dificuldades para encaixar uma volta limpa, seja pelo tráfego ou por erros próprios. Ainda assim, mesmo que tudo se alinhe, a Ferrari parece ter a vantagem nesse final de semana. A conferir se resulta isso em uma vitória.

A Alpine, a princípio, desponta como a terceira força, com Alonso muito forte. Aparentemente, a Mercedes esconde o jogo e faz testes, tudo isso para saber se é a terceira força isolada ou consegue algo além, talvez algo aquém também. Mistério.

O meio do pelotão segue a mesma briga encarniçada de sempre, com o acréscimo da McLaren, que consegue ser mais competitiva desde a estreia. Finalmente tivemos a estreia de Vettel na temporada, mas por pouco tempo: problemas no motor Mercedes e o grande momento do tetracampeão foi passear de moto pela pista para voltar aos boxes.

Na ainda nova F1 que estamos nos acostumando, Albert Park nos mostra mais uma amostra dos novos tempos: Ferrari contra Red Bull e Melbourne de cara nova, sendo a terceira corrida do ano. É o tempo...

Confira a classificação dos treinos livres:




Até!


quarta-feira, 6 de abril de 2022

GP DA AUSTRÁLIA: Programação

 O Grande Prêmio da Austrália entrou no circo da F1 em 1985. Foi disputado nas ruas de Adelaide até 1995, quando foi substituído pelo circuito de Albert Park, que é palco do GP até os dias atuais, sempre abrindo a temporada da F1 nos últimos 22 anos (exceção de 2006 e 2010). Em virtude do Covid, a etapa não aconteceu nos dois últimos anos, retornando ao calendário em 2022.

Foto: Wikipédia

ESTATÍSTICAS:

Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:24.125 (Ferrari, 2004)

Pole Position: Lewis Hamilton - 1:20.486 (Mercedes, 2019)

Último vencedor: Valtteri Bottas (Mercedes)

Maior vencedor: Michael Schumacher - 4x (2000, 2001, 2002, 2004)


CLASSIFICAÇÃO:

1 - Charles Leclerc (Ferrari) - 45 pontos

2 - Carlos Sainz Jr (Ferrari) - 33 pontos

3 - Max Verstappen (Red Bull) - 25 pontos

4 - George Russell (Mercedes) - 22 pontos

5 - Lewis Hamilton (Mercedes) - 16 pontos

6 - Esteban Ocon (Alpine) - 14 pontos

7 - Sérgio Pérez (Red Bull) - 12 pontos

8 - Kevin Magnussen (Haas) - 12 pontos

9 - Valtteri Bottas (Alfa Romeo) - 8 pontos

10- Lando Norris (McLaren) - 6 pontos

11- Yuki Tsunoda (Alpha Tauri) - 4 pontos

12- Pierre Gasly (Alpha Tauri) - 4 pontos

13- Fernando Alonso (Alpine) - 2 pontos

14- Guanyu Zhou (Alfa Romeo) - 1 ponto


CONSTRUTORES:

1 - Ferrari - 78 pontos

2 - Mercedes - 38 pontos

3 - Red Bull RBPT - 37 pontos

4 - Alpine Renault - 16 pontos

5 - Haas Ferrari - 12 pontos

6 - Alfa Romeo Ferrari - 9 pontos

7 - Alpha Tauri RBPT - 8 pontos

8 - McLaren Mercedes - 6 pontos


CULTURA FERRARI
Foto: Reprodução/Ferrari


Em entrevista ao jornal alemão Bild, o chefão Mattia Binotto discorreu sobre o início de temporada positivo da Ferrari. Conquistando 78 dos 88 pontos possíveis, liderando o campeonato de pilotos (Leclerc) e construtores, além de quebrar um tabu de quase três anos sem vitória, Binotto está satisfeito.

No entanto, em meio a empolgação e a esperança da equipe ferrarista sair da fila, Binotto também disse que esse é um processo contínuo, iniciado nos últimos anos e que ainda precisa de muitos reparos. O chefão, mais do que tudo, deseja reconstruir e representar a "cultura Ferrari", da única escuderia presente na categoria desde 1950 e sem dúvidas a mais midiática e vencedora da história da F1.

"Grandes projetos levam anos, e foi uma longa jornada que ainda prossegue. Ainda existe muita coisa a fazer e melhorar. Queremos trazer de volta a cultura Ferrari no time, é isso que nos constrói. Somos os que sempre estiveram na F1 e o time de maior sucesso na história. É isso que representamos”, disse.

Ferrari sempre será Ferrari, simples assim. Tal qual um clube de futebol de massa, as hipérboles sempre estarão presentes, seja para o bem ou para o mal. A pressão sempre vai existir. O início de ano é uma ótima resposta a muitas temporadas decepcionantes. 

Isso acende uma esperança e também a pressão de finalmente quebrar o tabu dos títulos de pilotos (2007) e construtores (2008) para que, enfim, o alto investimento seja justificado. Caso o objetivo seja alcançado, a pressão não vai parar, porque o foco será manter uma possível hierarquia no grid. Ferrari é Ferrari.

SEM CHANCE
Foto: Motor Sport Magazine

No final de semana que marca o retorno da Austrália ao calendário da F1, uma sede outrora tradicional também teve o nome ventilado, ainda mais agora que a F1 se expande cada vez mais.

Realizada entre 1999 e 2017, quando optou por não renovar o contrato, o GP da Malásia está longe de retornar à F1, ao menos é o que falam as fontes oficiais.

O país foi o primeiro do Oriente Médio a adentrar o calendário, mas hoje os planos são outros. É o que explica o diretor executivo Azhan Shafriman Hanif, em entrevista para a agência malaia Bernama.

"Precisamos olhar para o quadro geral de forma holística, de como a F1 pode beneficiar não apenas a empresa, mas a Malásia em termos de marca, capacidade de fornecer oportunidades de emprego, desenvolvimento de talentos e outros.

Então, quando pagamos relativamente alto pelos direitos de organizar a corrida, o retorno tem de ser alto no geral, e não apenas no aspecto do circuito”, disse.

No entanto, o diretor executivo não fechou totalmente a porta, acreditando ser possível a realização da corrida no país caso haja interesse da F1 e o apoio do setor privado em parceria com o governo malaio.

O ministro do esporte, Datuk Seri Ahmad Faizal Azumu, disse que está disposto a receber a ajuda das empresas para que Sepang volte a F1. Atualmente, o circuito segue recebendo à Moto GP.

É uma pena. Sepang é com certeza um dos melhores circuitos e nunca deveria ter saído da F1. Além da boa estrutura, o clima semelhante ao de Manaus torna tudo indefinido. Com quase 25 corridas, chega a ser um absurdo as ausências de Sepang e Mugello mas calma, ainda dá tempo de colocar mais duas corridas nos Estados Unidos...

TRANSMISSÃO:
08/04 - Treino Livre 1: 0h (Band Sports)
08/04 - Treino Livre 2: 3h (Band Sports)
09/04 - Treino Livre 3: 0h (Band Sports)
09/04 - Classificação: 3h (Band e Band Sports)
10/04 - Corrida: 2h (Band)

terça-feira, 5 de abril de 2022

SOBRE RUPTURAS E RECOMEÇOS

 

Foto: Visit Melbourne

Coincidência ou não, as últimas edições  do Grande Prêmio da Austrália bateram com alguns acontecimentos interessantes da minha vida pessoal e profissional.

Voltando para 2019, o ano da última corrida. O início da temporada, tradicional. Dias antes, a morte repentina de Charlie Whiting, o diretor geral, o braço direito de Bernie Ecclestone. Aí surge a figura de Michael Mais na F1.

Mas, pra falar a verdade, não lembro de nada desse final de semana. Certamente assisti os treinos livres na madrugada e o classificatório, mas não tem nada na mente. O que lembro daquele final de semana foi a formatura de um amigo que fui, na tarde de sábado. Entre a colação de grau e a festa, iniciada no início da noite, curti bastante e bebi muito, até lembrar que deveria ir para casa descansar. No dia seguinte, faria meu primeiro grenal como narrador na Galera.

E tinha a corrida, é claro. Cheguei em casa, cansado e a ideia era tirar uma soneca e acordar na hora do jogo. A realidade: liguei a TV nas voltas finais, só lembro que Bottas venceu. E no dia seguinte fiz meu primeiro grenal, no período do GP da Austrália.

2020. A F1 voltava na tradicional quinta feira, mas não era uma quinta feira qualquer. Era uma quinta feira de grenal na Libertadores, histórico, o primeiro da história na competição. E lá estava eu, na Arena, naquela quinta feira. Era óbvio que não assistiria os treinos livres, mas naquela altura não era o mais importante. Também foi o dia que nasceu a minha prima, Maria Flor.

Naquele dia, já estava tudo confirmado que haveria uma pausa na outra semana em virtude do surgimento do tal Covid, que na época me parecia mais uma gripe suína do que uma pandemia devastadora. Lembro que enxergava como “frescura” não se cumprimentar e ficar próximo, entre outras coisas. Foi o último jogo com 60 mil pessoas que fiz e as informações eram avassaladoras.

Tudo ia parar, a NBA ia parar, pessoas famosas diagnosticadas. E um Grenal e a Fórmula 1 no meio do caminho. A F1, em Melbourne, estava pronta para começar os trabalhos, sempre na própria bolha e ignorando o mundo. Naquela noite, além do jogo, voltar tarde pra casa sabendo que era uma ruptura o que estava acontecendo, li que a F1 foi cancelada porque um funcionário da McLaren estava com covid.

Dali em diante, o mundo parou, mais precisamente na segunda feira seguinte. Portanto, faz quatro anos que não assisto uma corrida da Austrália ao vivo. Se me lembro? Só lendo no blog para recordar, confesso. Dessa vez, o grenal já passou e o máximo que vai acontecer é o UFC de sábado junto com a corrida, na mesma madrugada. Domingo, faço um concurso. Talvez faça a estreia do Grêmio na Série B na tarde de sábado mas enfim, outra vez todas essas questões se misturam.

O GP da Austrália nos últimos anos representou histórias e rupturas na vida pessoal e profissional. Agora, em 2022, com o retorno, as coisas estão diferentes. Estamos buscando uma normalidade mas certamente somos pessoas diferentes, obviamente. Estamos recomeçando, assim como a corrida em Melbourne, que reformou o traçado para ter mais possibilidades de ultrapassagem.

Passado, presente, futuro, histórias pessoais e profissionais. De certa forma, ao pisar em Melbourne nessa semana, talvez seja um passo quase definitivo de que a normalidade, embora com suas diferenças, foi retomada quase que de fato.

Até!


segunda-feira, 27 de março de 2017

TEMOS UM CAMPEONATO

Foto: Getty Images
Quatro meses depois, a F1 voltou. Na madrugada de sábado para domingo, testando o sono e a paciência dos fãs. Bom, por ser a corrida de estreia da "nova F1", era difícil não ficar empolgado com o que ia acontecer: carros potentes, mais rápidos, mais difíceis de serem guiados, promessa de emoção na pista com a busca por alguém que possa deter a Mercedes, etc. Pois bem, vimos apenas a última coisa: pelo que parece, a princípio, a Mercedes não irá dominar o campeonato de ponta a ponta como nos últimos três anos. A Ferrari voltou. A Ferrari voltou (ao menos Vettel). Entretanto, a "nova F1" parece uma releitura dos anos 2000: carros impressionantes, mas com pouco ou quase nada de competitividade dentro da pista.

A vitória foi decidida no famigerado box (o que era comum pelos idos de 2004). Hamilton, com maior desgaste nos pneus, parou mais cedo. Vettel, que não deixou o inglês escapar, aproveitou o tempo a mais na pista para continuar andando forte no primeiro stint e fez o suficiente para fazer o pit stop e voltar a frente do tricampeão. O que ficou claro: o W08 é mais veloz em ritmo de classificação; em corrida, as coisas se equivalem, e a Ferrari parece ter menos problema de desgaste dos pneus. Hamilton voltou do pit atrás de Verstappen e, embora estivesse mais rápido, não esboçou tentativa de ultrapassagem, pois era muito difícil se aproximar, devido a aerodinâmica desses novos bólidos. Com isso, Vettel se isolou e partiu para a vitória. Hamilton, novamente com problema de desgaste dos pneus, não teve forças para acompanhar o SF70 e teve Bottas chegando bem próximo, em terceiro.

Foto: Getty Images
A nova F1 mostrou como será difícil ultrapassar com essas regras. Embora tenha embolado a disputa enre Ferrari e Mercedes, a corrida foi uma procissão. Dormi umas 10 voltas, algo impensável para um GP da Austrália, sempre movimentado e com Safety Car, independentemente da condição climática. Pouquíssimas disputas dentro da pista. Apenas me lembro de Ocon e Hulkenberg passarem Alonso no fim da prova, isso que a McLaren do espanhol estava com problemas. A Liberty Media certamente vai rever isso no curto/médio-prazo e fazer ajustes no regulamento, inclusive na questão da distribuição financeira das equipes. Com o dinheiro melhor distribuído, mais equipes terão condições de brigar por vitórias. Hoje, claramente só temos Ferrari, Mercedes e Red Bull com potencial. O abismo para o resto é gritante.

A Red Bull está distante das outras duas equipes, mas está isolada como terceira força até aqui. Não se pode duvidar de Adrian Newey e seus homens, mas existe um caminho para percorrer até poder brigar por vitórias. Raikkonen e Bottas estão muito distantes de seus companheiros de equipe. Ambos, até aqui, podem servir para atrapalhar o adversário, embora Valtteri tenha feito um papel melhor que Kimi, distante até de brigar pelo pódio. Ricciardo errou no Q3 de sábado e pagou pelo preço dos danos do carro. Com problemas de câmbio, abandonou a prova, decepcionando o público local.

Mais isolado no posto de quarta força é a Williams, digo Massa. O brasileiro largou em sétimo, superado pelo ótimo tempo de Grosjean, mas logo na largada pulou para sexto e ficou ali até o final, chegando 1 minuto e 23 segundos atrás do vencedor. A Williams não estava perto das primeiras equipes como se alardeava nos testes, mas está bem na briga pelos pontos. O problema é Stroll. Além de errar muito, o que era esperado, mostra-se incrivelmente lento. O onboard de seu carro mostra o volante "tremendo" na reta e evidenciando a dificuldade de condução do FW40. Abandonou faltando 14 voltas. A Williams disse que foi "problema técnico". O paddock diz que o canadense cansou. Se a segunda hipótese for verdade, os novos carros deixam claro que os mais novos não têm condição de dirigir um F1 mais robusto e difícil que nem o desse ano (Wehrlein o que diga). Óbvio que Verstappen foi bem, mas o erro é comparar o holandês com Lance. Não existe semelhança nenhuma. Seria melhor para a família Stroll ter ido para a GP2 agora. A exigência é outra e o jovem piloto só estará se queimando na F1. Até que ponto o staff da Williams vai se sujeitar ao dinheiro do senhor Lawrence? É isso que queremos saber.

Foto: Jason Reed/Reuters
Force India e Toro Rosso mostraram bons carros e conseguiram colocar seus dois pilotos na zona de pontuação. Embora os indianos rosas aparentemente estejam um pouco atrás da Williams na briga pela quarta força, tudo indica que eles devem ficar a frente dos ingleses na tabela, até porque o time de Vijay Mallya tem dois pilotos que pontuam. Isso faz diferença. Pérez ganhou quatro posições e foi seguro, fez o papel de líder do time. Kvyat parece ter se recuperado depois de um ano traumático. Apenas não entendi o porquê de ter feito duas paradas, sendo que a primeira foi mais tarde que as demais. Chegou em nono. No fim, o jovem Ocon estreou na Force India com um pontinho conquistado sobre Alonso, que fazia milagre, e Hulkenberg. A Renault ainda não mostra evolução o suficiente para pontuar, apesar de ter um piloto espetacular, mas esbarra no mesmo problema da Williams: o outro não é. Dinheiro não vai faltar para os franceses evoluírem no decorrer da temporada, e tenho certeza que isso irá ocorrer.

Foto: Getty Images
Alonso quase fez milagre com a carroça da Honda. O espanhol ganhou as posições de Ocon e Hulkenberg na largada e aproveitou o abandono de Grosjean para ficar em décimo, posição que sustentou até quase o final, quando teve problemas de suspensão e abandonou a prova faltando quatro voltas, depois de ser superado pelos carros da Force India e Renault. A fênix disse que poucas vezes teve um carro tão pouco competitivo e essa foi uma das "melhores corridas da carreira". A Honda chega a ser mais de 10 km/h mais lenta do que os demais motores. Ou os japoneses melhoram urgentemente ou a McLaren ficará definitivamente no fim do grid quando a F1 chegar nos circuitos de alta velocidade. Imagina em Spa ou em Monza? Se em três anos a Honda só acumulou fracassou, a tendência é que sigam em dificuldades, embora prometam um novo motor até Mônaco. Talvez só no tempo da Minardi que o bicampeão enfrentasse tantas dificuldades. Seu companheiro de equipe, Vandoorne, foi o 13°.

Para finalizar: Giovinazzi tem muito potencial para ficar na F1. Depois de pegar uma bucha e substituir Wehrlein a partir do TL3, quase foi para o Q2, se não tivesse errado na última curva da volta. Na corrida, fez um papel correto e chegou em 12°, enquanto Ericsson abandonou. O italiano aproveitou a chance. Pontuar seria pedir demais, mas é mais um que mostrou superioridade ao sueco. Fica a campanha pela chegada de Giovinazzi como piloto titular, seja no lugar de Wehrlein ou de Ericsson. O piloto, que agora é da Academia da Ferrari, mostrou cartaz. Se a F1 tivesse 22, 24 ou 26 carros, certamente não teria esse problema, mesmo sem um grande patrocínio. É uma pena que essas oportunidades sejam cada vez mais raras e Strolls, Palmers e Ericsson imperem na categoria...

Confira a classificação final do GP da Austrália:


A próxima corrida será no Grande Prêmio da China, daqui duas semanas, nos dias 7, 8 e 9 de abril.

Até!

sexta-feira, 24 de março de 2017

MATANDO A SAUDADE

Foto: Sutton Images

Às 22h em ponto, a F1 voltou. A goleada do Brasil nas Eliminatórias fez o tempo passar tão rápido quanto a velocidade desses carros na pista que bastou apenas trocar de canal que estava tudo pronto. Finalmente voltamos a escutar o ronco dos motores.

Apesar da Mercedes despistar, as flechas de prata dominaram o treino, com Hamilton e Bottas fazendo 1-2, meio segundo mais rápido que as Red Bull, que ficaram em terceiro. Entretanto, não sabemos a quantidade de combustível que cada carro utilizou, então nada pode ser descartado. Será despiste ou é a vantagem real? Vale ressaltar que a Mercedes utilizou o pneu ultramacio, o mais rápido, enquanto os outros não.

A Ferrari em quinto e sexto pode ter desapontado alguns, mas penso que foi apenas uma escondida de jogo. No TL2, os italianos mostraram suas credenciais da pré-temporada e estão empolgando a todos. Finalmente teremos uma rival a altura da Mercedes depois de três temporadas?

Massa em sétimo evidenciou a hierarquia da F1: Mercedes-Ferrari-Red Bull-Williams, embora acredite que a linda Force India rosa (carro fofo, parece um danoninho ou uma bala de iogurte) tenha condições de brigar com o pessoal de Grove. Stroll foi o 13° e conseguiu boa quilometragem. Só pelo fato de não bater, é possível considerar que tenha feito uma boa sessão.

Ademais, Haas, Toro Rosso e Renault vão brigar no tapa por dois ou três lugares na pontuação. Evidente que o primeiro treino não mostrou nada ainda e que muitos times irão evoluir não só no final de semana, mas também na temporada. Dizem que a Renault conseguiu ganhar alguns cavalos a mais na potência de seu motor. Hulkenberg conseguiu andar bem no top 10. O alemão irá carregar os franceses, pois Palmer claramente não tem condições de pilotar uma equipe de fábrica. Sua permanência é o erro mais gritante dessa temporada.

Por fim, a McLaren e a Sauber ocupam os últimos quatro lugares. O time de Woking conseguiu aguentar mais ou menos bem. Vandoorne mal andou, com problemas no carro. Alonso fez uma boa classificação. Será mais um ano de muita luta e batalha para tentar conquistar heroicos pontinhos. A Sauber apenas completa o grid, com Ericsson e Wehrlein duelando para definir quem será o penúltimo.

Confira a classificação do TL1:


Foto: Reprodução

A Ferrari mostrou a que veio no TL2. Hamilton liderou a sessão, Vettel o segundo e os dois finlandeses logo atrás, na ordem Mercedes e Ferrari. Tudo indica que alemães e italianos disputarão centésimo a centésimo a pole position e irão ficar próximos na corrida. É o que o mundo da F1 torce, por uma competitividade maior. A Red Bull ficou com a quinta e sexta posição, de Ricciardo e Verstappen, mesmo o holandês tendo andado menos de dez voltas.

Foto: Reprodução

Entretanto, o treino ficou marcado pela primeira porrada no muro da temporada, e só poderia ser do Palmer. Contrariando o favoritismo de Stroll, o carro número 30 perdeu o controle na entrada da reta dos boxes e bateu de frente na proteção de pneus, paralisando o treino por quase 10 minutos. Pouco depois do reinício da sessão, o azar de Massa apareceu rápido demais: um problema no câmbio forçou a abandonar o treino. Problema de confiabilidade justo agora é uma questão delicada de se resolver. Espera-se que não haja punições para o brasileiro pela troca do equipamento. Sejamos francos: Melbourne nunca foi um lugar de sorte para Felipe, tanto é que seu melhor resultado foi um quarto lugar, em 2013.

                       
                                         Foto: Reprodução
No fim, Ericsson não conseguiu frear e o carro rodou, parando na brita, logo na curva do final do setor 1. Olhando essas coisas é que bate uma saudade do Nasr... imagina o brasileiro olhando isso de muito longe? Deve bater uma tristeza e uma sensação de injustiça muito grande. Enfim, é o mundo da F1, que só quer saber de dinheiro.
Foto: Reprodução

A grande novidade na transmissão foram espécies de "pontinhos" que sinalizavam cores diferentes. A cada 500m, sensores captavam o tempo de volta dos carros. Se aparecesse a cor verde, sinalizava o melhor tempo pessoal do piloto. Se fosse roxo, era o melhor da sessão. Se fosse cinza é porque o tempo estava abaixo do seu próprio melhor. Além disso, do lado aparecia a estimativa de posição que o carro estaria ao completar a volta. Impressionante essa tecnologia, mas também tira a graça e o suspense de acompanhar a volta inteira sem saber o que ia acontecer, apenas se baseando nos tempos dos dois setores. Com certeza será algo a ser trabalhado durante o ano, mas gostei muito da novidade.

Resumindo: Ferrari e Mercedes muito próximas, seguidas de Red Bull, Williams e Force India. Haas, Toro Rosso e Renault disputam a tapa a zona do pelotão intermediário, com McLaren e Sauber no fim do grid. Ansioso pelo treino e a disputa das flechas de prata com o cavalinho rampante. Será que teremos briga ou tudo não vai passar de uma doce ilusão?

Confira a classificação do TL2:



Até!



quinta-feira, 23 de março de 2017

GP DA AUSTRÁLIA - Programação

O Grande Prêmio da Austrália entrou no circo da F1 em 1985. Foi disputado nas ruas de Adelaide até 1995, quando foi substituído pelo circuito de Albert Park, que é palco do GP até os dias atuais, sempre abrindo a temporada da F1 nos últimos 21 anos (exceção de 2006 e 2010).

Foto: Wikipédia
ESTATÍSTICAS:
Melhor volta em corrida: Michael Schumacher - 1:24.125 (Ferrari, 2004)
Pole Position: Sebastian Vettel - 1:23.529 (RBR, 2011)
Último vencedor: Nico Rosberg (Mercedes)
Maior vencedor: Michael Schumacher - 4x (2000, 2001, 2002, 2004)

PADDY LOWE: EMPOLGOU

Antes rivais, agora colegas. Foto: Portal Race
Recém chegado como novo diretor técnico e acionista minoritário da Williams, Paddy Lowe declarou que sua nova equipe está mais forte em algumas áreas do que a Mercedes, seu antigo local de trabalho. 

O desafio é saber extrair o máximo do que você tem à disposição para obter os melhores ganhos. Isso não é diferente se você trabalha em uma determinada estrutura, como eu tinha em outra equipe, ou no que temos aqui. O processo é o mesmo e há coisas na Williams que, sem dúvida, já são muito melhores do que a Mercedes tem”, disse Lowe ao Motorsport.com.

Lowe está de volta a escuderia onde começou há 30 anos. Apesar da declaração, ele descartou "milagres" para essa temporada e projeta que a partir de 2018 o pessoal de Glove irá evoluir: com dinheiro de Stroll e reforços na equipe técnica, talvez seja possível. Entretanto, tudo terá que ser feito a médio/longo-prazo. Por enquanto, a prioridade é brigar pelo quarto lugar nos construtores, posição essa perdida na temporada passada para a Force India, de orçamento muito inferior. Veremos o que a Williams, que aos poucos se reestrutura, irá fazer nesse ano.

PROCURA-SE MOTOR

Tempo que a McLaren era respeitada... Foto: This Is F1
Uma obviedade: a McLaren não está nada satisfeita com a parceira Honda. Prestes a entrar no terceiro ano como fornecedora de motores da escuderia de Woking, a impressão é que o MCL32 regrediu aos tempos de 2015. Diante da baixa potência e dos problemas de confiabilidade, é natural que surjam especulações em torno do futuro dessa união. A imprensa europeia noticia que os ingleses teriam procurado a Mercedes para o retorno da parceria que durou quase 20 temporadas, o que foi rechaçado por Toto Wolff.

Mesmo que os alemães tivessem aceitado a oferta, certamente a potência da unidade motriz seria inferior as utilizadas pela equipe-mãe. Ser um time cliente certamente impediria a McLaren de retornar aos tempos áureos, por isso a aposta na exclusividade da Honda, que até aqui deu longe de dar certo. Talvez se uma parceria com a Sauber para 2018 fosse oficializada (isso se os suíços durarem até lá)... 

Entretanto, os japoneses despejam cerca de R$ 80 milhões para os ingleses, inclusive pagam os salários de Alonso. Então, por mais que não exista resultados, também não é possível descartar os japoneses, pois o custo de rescisão de contrato é exorbitante. A McLaren, para voltar a ser grande, precisa seriamente pensar em construir seu próprio motor no futuro. Dinheiro e estrutura eles têm, a McLaren Technology Group é um exemplo disso. 

Os ingleses não tem mais tempo a perder.

PILOTOS E EQUIPES DA TEMPORADA 2017:

MERCEDES - LEWIS HAMILTON #44 e VALTTERI BOTTAS #77
RED BULL - DANIEL RICCIARDO #3 e MAX VERSTAPPEN #33
FERRARI - SEBASTIAN VETTEL #5 e KIMI RAIKKONEN #7
FORCE INDIA - SÉRGIO PÉREZ #11 e ESTEBAN OCON #31
WILLIAMS - FELIPE MASSA #19 e LANCE STROLL #18
McLAREN - FERNANDO ALONSO #14 e STOFFEL VANDOORNE #2
TORO ROSSO - CARLOS SAINZ #55 e DANIIL KVYAT #26
HAAS - ROMAIN GROSJEAN #8 e KEVIN MAGNUSSEN #20
RENAULT - NICO HULKENBERG #27 e JOLYON PALMER #30
SAUBER - PASCAL WEHRLEIN #94 e MARCUS ERICSSON #9

TRANSMISSÃO

Foto: Arte Globoesporte.com


terça-feira, 21 de março de 2017

VÍDEOS E CURTINHAS #27 - O ÚLTIMO INÍCIO?

Foto: Wikipédia
Desde 1996 a Austrália abre a temporada da F1 (exceção 2006 e 2010, quando o circo começou no Bahrein). É, sem dúvida nenhuma, uma das corridas com maior ansiedade e expectativa, obviamente por ser a primeira do calendário. É o momento em que deixamos de ficar órfãos de fotos e vídeos amadores da pré-temporada para apreciar a primeira amostragem dos novos carros.

Esse ano tem um componente especial: a radical mudança de regulamento. Os primeiros resultados da pré-temporada indicam a Ferrari mais próxima ou até superior a Mercedes, a Red Bull envolta de mistérios, a Williams com um projeto bem nascido e a vergonha da McLaren em mais um ano que promete ser caótico.

Foto: Pinterest
Esses jovens rapazotes são o tema do post. Kimi Raikkonen e Alonso estreavam na F1 há incríveis 16 anos. Com a aposentadoria de Button, os dois passaram a ser os mais antigos do grid na categoria (considerando que o finlandês ficou duas temporadas ausente, em 2010 e 2011, assim como Massa em 2003). Com isso, a fênix tem mais GPs disputados.

Kimi na Sauber, com 21 anos e Alonso na Minardi, com 19 eram os novatos estreantes daquela época. Peter Sauber teve que prometer desempenho do finlandês para a FIA lhe conceder a superlicença, pois Raikkonen "pulou" a F3000 e chegou direto na F1, a exemplo de Max Verstappen. Alonso sempre foi uma aposta de Briatore e acabou "emprestado" a Minardi para pegar experiência, tendo como companheiro de equipe o brasileiro Tarso Marques e também o malaio pagante Alex Yoong mais para o fim do ano.

Confira (ou relembre) como foi a estreia dos jovens no longínquo GP da Austrália de 2001, que também tinha como destaque a chegada de Juan Pablo Montoya a categoria, depois de muito sucesso na Indy. A corrida, no YouTube, pode ser conferida clicando aqui . O resto, vocês sabem o que aconteceu...


Os dois também já venceram em Albert Park. Alonso foi o primeiro, em 2006 (ano do bi), onde Raikkonen foi o segundo, na terceira etapa da temporada. Recentemente, o retrospecto do espanhol não é dos melhores: não correu em 2015, quando se recuperava de uma lesão sofrida num acidente na pré-temporada e ano passado acabou se envolvendo em um acidente cinematográfico com a Haas de Estebán Gutiérrez, o que impediu sua participação na corrida seguinte, no Bahrein. Relembre:




Já o IceMan, por sua vez, conquistou duas vitórias em solo australiano. A primeira foi em 2007, ano do título, justamente na estreia pela Ferrari. Sua segunda e até então última vitória na carreira foi em 2013, ainda pela Lotus.





O blog relembra a trajetória dos dois pilotos porque existem grandes possibilidades de ambos se aposentarem no fim da temporada. Com Alonso cada vez mais desgostoso com os problemas da McLaren Honda e Raikkonen já com 38 anos, pode ser que seja o último ínicio de temporada dos dois, juntamente com Massa, a tríade mais longeva da atual F1 que deve se retirar no fim de 2017, representando o fim de uma era na F1 (como eu escrevi no ano passado, clicando aqui). É melhor aproveitar e desfrutar dessas lendas!

OFF TOPIC: Não postei nada sobre a nova cor da Force India. O carro rosa é lindo, embora pareça uma bala de morango. Gostei que a F1 está ficando menos monocromática, com predominância de preto e cinza. Viva o laranja da McLaren, o rosa dos indianos, o vermelho Ferrari, o azul Sauber, o branco Williams, etc. Só faltou a Renault manter o amarelo que remete a Jordan mas enfim, variedade de cores sempre é muito bem vinda para os olhos do espectador.

Foto: Divulgação
Até!