segunda-feira, 21 de novembro de 2022

O BONDE PASSOU, MAS...

Foto: Getty Images

A vida é mesmo imprevisível, então porque a F1 não seria? Em 2022, tivemos o surpreendente retorno de Kevin Magnussen para a categoria, agora marcado por uma pole de uma corrida classificatória em Interlagos. O dinamarquês já está na história.

Para 2023, teremos novas e inéditas histórias. Algumas serão continuações que não pedimos, mas a vida é assim. Uma delas é o retorno de Nico Hulkenberg para o grid, confirmado na quinta-feira.

Escrevi, em 2019, quando Hulk saiu da Renault e da categoria, que o bonde havia passado. O alemão era um piloto promissor e que sempre andou mais que o equipamento. As circunstâncias não o ajudaram e ficou no alemão esse estigma, esse sentimento. A passagem dele pela equipe francesa, derrotado por Ricciardo, diminuiu um pouco aquela impressão.

O que é a vida, né? Quatro anos depois, Hulk volta para a categoria e as cortinas podem estar definitivamente fechadas para o sorridente australiano. Hulk sempre quis um lugar competitivo e só conseguiu um time de fábrica no final. Os franceses ainda não estavam prontos (e ainda não estão).

O que mudou? Basicamente, é isso ou nada para o alemão, que não se arriscou em outras categorias e sempre permaneceu no radar da F1. Pela experiência e regularidade, Hulk foi o ficha um diante das enfermidades de covid. Substituiu Pérez em 2020 e Vettel nesse ano ainda, na Racing Point e hoje Aston Martin.

O nome dele sempre foi ventilado e, no papel, Hulk aceita voltar para a categoria na pior equipe que ele pode trabalhar em toda a carreira. Ele conseguiu quase fazer chover naquela Sauber de 2013 e a pole em Interlagos 2010, a Haas só podia dar ao alemão algumas chances de pontos.

E é isso que Gunther busca. Magnussen aproveitou as oportunidades. Mick não. É preciso regularidade e não gastar os poucos recursos do time para consertar o carro em batidas, tal qual o compatriota teve nesse ano.

Magnussen e Hulkenberg vai ser uma dupla curiosa. Eles se odeiam. Quero ver como vai ser a condução disso tudo pelo Gunther Steiner.

Muita gente argumenta que a Haas deveria ter apostado em algum jovem (aka o campeão da F2), mas Steiner vai para o extremo oposto: se antes ele queria o dinheiro de Mazepin e podia desenvolver Mick, a ausência do dinheiro russo apressou os processos. Magnussen traz essa segurança financeira e de rendimento, assim como Hulkenberg também pode oferecer.

Sei lá, acho que ninguém está errado. A questão é que não há ninguém no grid pronto para tal tarefa, principalmente num time tão limitado financeiramente. Com o desenvolvimento do novo regulamento, pode ser que a dupla experiente seja um capítulo mais seguro para o time de Gene Haas. Só saberemos na pista.

Igual aquele filme ou série que teve a continuação que não pediu, vamos ter um novo capítulo de Hulk na F1, o injustiçado, o melhor piloto que nunca pegou um pódio na história. Quem sabe o destino não está guardando algo para ele, tal qual fez com Baltazar e surpreendeu K-Mag em São Paulo?

O bonde passou, mas voltou. Hulk está a bordo.

Até.

 

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