domingo, 20 de março de 2022

VOLTANDO AOS NEGÓCIOS

 

Foto: Peter J Fox/ Getty Images

Considerando as equipes que já venceram na Fórmula 1, o time que detém os maiores recordes da categoria e está presente desde 1950 detinha um recorde incômodo: era o que estava a mais tempo sem vencer.

A Ferrari não ganhava desde o último triunfo de Sebastian Vettel em Cingapura, em 2019. Dois anos e meio depois, os italianos estão de volta com uma vitória categórica em outro circuito noturno, agora em Sakhir. E também com dobradinha.

Entre esconder o jogo e delegar responsabilidades, a Ferrari está há 15 anos sem conquistar um título de pilotos. Desde então, passou perto e passou longe, em duas temporadas onde foi do inferno ao purgatório e, nesse final de semana, foi perfeita. Uma raridade. De forma até inesperada, Leclerc foi o pole. Hoje, também de certa forma inesperada, o monegasco liderou de ponta a ponta. Com dificuldades, Sainz fez o papel de acumulador de pontos e foi agraciado com um segundo lugar e a dobradinha ferrarista.

Verstappen, defendendo o título, tentou do jeito que podia. As vezes poderia ter a impressão que a qualquer momento iria impor o ritmo e passar Leclerc. Só pareceu. Enfrentando problemas de freio e combustível, que não chegou no motor, o carro apagou na penúltima volta. O mesmo aconteceu com Pérez e o time taurino começa zerado. 

Pontos importantíssimos no campeonato e nos construtores que são desperdiçados. Antes, o Safety Car que embolou tudo foi originado por um problema no motor de Gasly. Agora, a Red Bull não tem quem culpar, até porque agora são eles mesmo que desenvolvem o motor herdado da Honda. Falta de confiabilidade é preocupante.

De tanto blefar, a Mercedes realmente confirmou o drama. O novo carro, pela primeira vez em oito anos, não começa dominante ou no topo. Os alemães são a terceira força, mas uma dupla com Hamilton e Russell é capaz de capitalizar tudo. O pódio do hepta e o quarto lugar de George são pontos fundamentais para o desenvolvimento da mais longa temporada da história, até porque os alemães têm dinheiro e estrutura para recuperar o terreno. 

Dizem que os motores Mercedes não estão correndo na potência máxima pela questão da confiabilidade e de precisar render as oito corridas antes da troca, talvez isso possa explicar alguma coisa, assim como supostamente a Honda está na potência máxima. A verdade é que o motor Ferrari, até aqui, se mostrou superior.

O grande nome do final de semana é Kevin Magnussen. Chegando de última hora numa história que remete ao automobilismo romântico, a Haas simplesmente mostrou ritmo o final de semana inteiro. O quinto lugar não foi por acaso para alguém que retornou ao time após dez dias. Sensacional. Pela questão financeira, cada ponto vai ser fundamental para o futuro do time, até porque é difícil ter alguma perspectiva de desenvolver o carro atual. 

Sinal amarelo para Mick: mesmo que o forte seja o ritmo de corrida, ser dominado por alguém que chegou agora pode ser um problema. Vai precisar mostrar mais, mas finalmente está sendo testado.

Outra equipe que brilhou depois de frequentar o fundão foi a Alfa Romeo. A experiência de Bottas já mostrou efeito ao chegar em sexto e trazer pontos importantes, mas o grande holofote fica para o estreante Guanyu Zhou. A adaptação para a F1 num novo regulamento é brutal, mas o chinês viável foi muito combativo, ultrapassou, disputou posições e foi coroado com um pontinho na estreia, o primeiro da China. Mostrou personalidade e hoje provou que não está lá só pelo dinheiro ou pela importância comercial da nacionalidade, calando os eurocentristas preconceituosos.

A Alpine segue no meio do grid e conseguiu pontinhos suados com Ocon e Alonso. O problema é que o time está na mesma em relação ao ano passado, mas pelo menos não piorou. E aí vem a conversa com testas franzidas...

Williams, McLaren e Aston Martin. Equipes tradicionais e batendo roda nas últimas posições. Muito preocupante e até vergonhoso, considerando a capacidade de investimento do Stroll e a recuperação do time de Woking. Pós-corrida, o tom da McLaren é pesaroso, como se fosse muito complicado resolver esses problemas a longo prazo. A Williams é até previsível, visto que não há recursos e nem pilotos para fazer algo diferente. Para a Aston Martin, vale o aguardo da estreia de Vettel quando se recuperar do covid mas é pouco, muito pouco.

O final de semana do Bahrein ainda não traz um recorte, mas pode mostrar alguns indícios. O mais seguro deles, e óbvio, é: a Ferrari está de volta aos negócios.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

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