domingo, 27 de março de 2022

FOI LIMPO

 

Foto: Eric Alonso/Getty Images

Talvez seja efeito do início da temporada ou das polêmicas decorrentes do final do ano passado, mas o GP da Arábia Saudita foi uma tentativa de retorno as “raízes” da F1. Mesmo em uma corrida atribulada, a direção de prova não chamou pra si o espetáculo, apesar de uma decisão que achei particularmente questionável.

Sérgio Pérez fez a primeira pole da carreira em 216 corridas e vinha num bom ritmo, controlando Leclerc, que controlava Max. Nesses termos, o mexicano se encaminharia para uma vitória consagradora, pelo menos é o que se permitia sonhar.

Mais uma vez Latifi mudou o rumo de um resultado. Bateu outra vez no final de semana e, pela cara do Capito, talvez não tenha muito mais tempo na Williams. Com Mick ainda se recuperando do acidente de ontem e o carro de Tsunoda apresentando problemas antes de alinhar no grid, a corrida teve apenas 18 carros. A princípio, apenas um Safety Car Virtual, logo após Pérez parar. Assim, foi todo mundo para os boxes e Leclerc assumiu a liderança, com o mexicano em quarto. Uma injustiça. Só depois que foi acionado o Safety Car. Por quê não antes?

Nos tempos de Michael Masi, era capaz de ter uma bandeira vermelha e relargada. Tudo pelo espetáculo. Com a nova direção de prova, vimos o velho procedimento do Safety Car ir o máximo que pode, ainda mais que os comissários árabes são muito lentos. Em certo momento, a corrida foi secundária, mas no fim das contas houve etapa mesmo com as bombas sendo jogadas nas proximidades de Jidá.

O que se viu no final de semana foi a Red Bull superior com os pneus duros nos long runs. Mesmo mais veloz na reta, Leclerc controlava Max e Sainz controlava Checo. O final da corrida mudou tudo, novamente, quando parecia definido.

Uma sequência rara de três abandonos em uma volta. Alonso, que brigava com Ocon e vinha num bom sexto lugar (briga incomum diga-se, que jamais aconteceria com o espanhol no auge...), Bottas que fazia um bom trabalho na Alfa Romeo e Ricciardo, ainda brigando com a McLaren. Como os três se arrastaram pela pista e pararam perto dos boxes, apenas o Virtual Safety Car foi acionado e o pitlane fechado. Informação importante.

Isso fez Max se aproximar e, com melhor ritmo, ir para cima decidir. Zerado, o atual campeão precisava reagir. Leclerc, pensando nos pontos, estava mais tranquilo, mas com o histórico de perder corridas no final. Surpreendentemente, considerando o histórico das batalhas dos dois, foi uma disputa limpa e bonita na pista.

A única coisa patética, e aí não é culpa deles, é a asa móvel. Foi patético os dois fritarem pneus pra ver quem ficaria atrás para poder utilizar na reta principal. No final das contas, Verstappen passou e venceu a primeira no ano, mostrando que nos circuitos de alta a Red Bull tem vantagem, embora não tenha confiabilidade. 

A Ferrari foi competitiva e acumulou pontos com os dois pilotos, sendo mais forte nas pistas de baixa. Charles e Max, como já foi escrito em 2019, tem tudo para ser a grande rivalidade da década na F1. Dois pilotos jovens, arrojados e destemidos. É claro que a temperatura vai subir com o passar da temporada, mas ver uma disputa dessas até o final é lindo de se ver.

O pior final de semana de Lewis Hamilton em muito tempo. Eliminado no Q1, os acertos diferenciados da Mercedes pioraram o carro. Hoje, voltando ao normal, Lewis fez o que pode, mas foi traído pela incompetência da equipe ao não conseguir chamar para os boxes antes do VSC. No fim, deu pra salvar um pontinho. 

Enquanto isso, George Russell foi perfeito e vai mostrando consistência, mostrando que a Mercedes é uma terceira força muito distante de Red Bull e Ferrari. Problema no motor e na aerodinâmica. Pode ser uma temporada de transição, mas por ser longa, não é aconselhável fazer muitos prognósticos. Será Hamilton de 2022 o Schumacher de 2005?

Esteban Ocon foi um dos destaques da corrida e peitou até Alonso, garantindo um sexto lugar. Apresentando evolução, Lando Norris levou a McLaren para o sétimo lugar, com Pierre Gasly em oitavo e Kevin Magnussen conseguindo mais dois pontos importantes para a Haas. A Aston Martin aguarda se Vettel pode ser um diferencial porque o carro é fraco, enquanto a Williams precisa priorizar a questão financeira e quem sabe ter um piloto mais capaz para o ano que vem.

Numa disputa limpa, Max vence a primeira como um campeão do mundo. A última vez que um #1 havia vencido foi Sebastian Vettel no GP do Brasil de 2013. Em duas corridas, podemos dizer que Red Bull e Ferrari podem protagonizar o campeonato corrida a corrida, dependendo da confiabilidade, das evoluções e das características de cada pista. Pode ser mais uma temporada inesquecível na F1.

Confira a classificação final do GP da Arábia Saudita:


Até!


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