terça-feira, 8 de março de 2022

SOBRE PIETRO NO GRID

 

Foto: Divulgação/Haas

A guerra da Rússia contra a Ucrânia pode ter acelerado e antecipado um processo que parecia (e ainda parece, apesar de tudo) bem vagaroso: quando teremos um brasileiro novamente na F1?

Claro, Pietro correu duas etapas em 2020 quando substituiu Grosjean, mas foi justamente uma substituição. Lá atrás, Felipe Massa, nosso último titular, foi enfático: a aposta dele é em Caio Collet, jovem, ligado a Renault e também empresariado por Nicholas Todt, o que sempre é um bom sinal.

O frenesi se justifica: o brasileiro adora F1 e o boom dos últimos anos nas redes sociais aproximou os jovens da categoria. Além disso, existem diversos conteúdos, lives e campeonatos virtuais, canais no YouTube e no Twitch que aproximam os pilotos dos fãs. Os Fitti Brothers, Pietro e Enzo (que está na F2 desse ano), sabem usar essa plataforma com maestria.

O resultado é essa grande expectativa e campanha pela efetivação de Pietro na Haas: é brasileiro, carismático e carrega o sobrenome Fittipaldi. Seria mais uma geração da família na F1. Tirando o patriotismo e o carisma de lado, essa euforia em torno do Pietro se justifica?

Pietro, como piloto reserva, está confirmado nos testes do Bahrein que começam amanhã, quarta-feira, e vão até sexta. A Haas corre contra o tempo, porque precisa fazer o ajuste do banco e o escolhido já vai estrear direto no treino livre. Vai precisar de adaptação.

Pietro, por estar na equipe há anos, não precisaria tanto desses esforços. É claro que vai precisar de ritmo de corrida, caso seja confirmado. Aí uma situação intrigante: se Pietro é naturalmente o ficha um, por que Gene e Gunther ainda não fizeram esse anúncio quase que instantaneamente a saída de Mazepin?

Porque os americanos estão correndo contra o tempo e buscam opções melhores, sejam técnicas ou que tragam mais dinheiro. Giovinazzi é piloto Ferrari, que tem parceria com os americanos. No negócio, poderiam baratear o custo dos equipamentos. Sem a grana russa, qualquer corte seria crucial para a Haas.

Outras alternativas ventiladas pela imprensa me parecem improváveis, a não ser que o dinheiro esteja na parada. Oscar Piastri, campeão da F2 e sem vaga em lugar algum, poderia ser emprestado pela Alpine para pegar experiência. O australiano está sendo preparado para substituir Alonso, que pode se aposentar nesse ano. Falaram até no indiano Daruvala da Academia da Red Bull, mas Piastri tem credenciais técnicas superiores aos nomes citados. Giovinazzi, outra promessa da GP2, não confirmou até aqui e tem a Ferrari e a experiência como trunfos.

Pietro precisa de mais dinheiro. A falta de tempo pode ser um fator que o beneficie, pois já é da casa. Sem a grana russa, a Haas está em apuros para o médio e longo prazo. Em termos técnicos, qualquer um é melhor que Mazepin. A principal conquista de Pietro na base foi na decadente World Series de 2017, que acompanhei com relativa atenção. O grid já estava bem esvaziado de talentos, mas o que valia eram os pontos na superlicença.

Como brasileiro, será (ou seria) ótimo o retorno de um compatriota no grid, mas Pietro não é a melhor opção disponível. Tem um pouco de dinheiro e o sobrenome de bicampeão, não podemos negar. Eu gostaria de ver Piastri ou até mesmo o Giovinazzi no assento, mas não sabemos a complexidade das negociações.

Caso Pietro seja confirmado, seria uma redenção brasileira quase uma década depois. Explico: em 2013, estava tudo certo pro Luiz Razia, vice-campeão da GP2 2012, ser piloto da Marussia. Já havia sido anunciado e tudo. No entanto, as vésperas do início da temporada, um dos patrocinadores do brasileiro deu pra trás e o acordo foi desfeito. Um certo (e finado) Jules Bianchi foi o substituto. 

Agora, quem sabe é a vez de um brasileiro entrar na grid na última chamada, correndo pelo portão todo esbaforido para chegar no local de prova sem se atrasar.

Até!

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