terça-feira, 16 de abril de 2019

ESTACA ZERO

Foto: Getty Images
Até 2015, o motor Mercedes reinava absoluto. A superioridade era tanta que a Williams virou quase segunda força naqueles tempos, impulsionado exclusivamente por isso. A Ferrari reagiu e mesmo a Red Bull brigando com a Renault, ela conseguiu se reequilibrar.

Passaram-se três ou quatro temporadas. A Ferrari ameaça mas ainda não consegue bater os alemães. Isso só prova que não é só motor a questão. Em três corridas, três comportamentos distintos do SF90, que dizem ser dotado de muita potência, mas confiabilidade e adaptação imprevisíveis. Se a única equipe capaz de deter as flechas de prata bate cabeça de todos os jeitos, é tudo que uma organização capaz, competente, rica e vencedora deseja.

A Renault não sai do lugar. Só agora que a Honda melhorou, podemos assim dizer. A Red Bull é refém disso. Sem dispor dos motores mais competitivos, ela se vira nos trinta para continuar na frente. A questão é: até quando?

Nunca a Fórmula 1 teve tanto tempo de domínio. Claro, ultimamente ela ficou definida por eras: a "era Schumacher", a "era Red Bull" e agora a "era Mercedes". Não existe nada a ser feito para evitar isso no mínimo até o ano que vem. As forças estão definidas e os pelotões estão bem espalhados. Não há margem para aproximação ou alguma embaralhação. O imprevisível não existe. Quebras de motor são raríssimas. Essa era a vantagem das décadas anteriores em termos de emoção e disputa: o imponderável.

Em tese, as coisas precisam ser modificadas para 2021. Terá a inexperiente Liberty Media capacidade para convencer quem realmente manda a mudar? A mão de ferro de Bernie faz falta nessas horas. Periga, na verdade, que as coisas continuem do jeito que estão: domínio de uma equipe, outra secundária, outra terciária, uma mistura no meio e alguém para completar no grid.

A Fórmula 1 volta a estaca zero de 2014, logo no início da era híbrida. Mercedes perfeita e o resto incapaz de detê-los. Até quando a Fórmula 1, o público e os patrocinadores irão aguentar este espetáculo tão chato e previsível? Ninguém vai querer saber de post divertido nas redes e tampouco de hashtags. Queremos briga, equilíbrio, emoção, disputa. Tudo o que não existe desde a era dos pneus "Farelli", que produziu o campeonato mais emocionante de todos os tempos em 2012.

A perspectiva não é nada boa. Te vira, Chase Carey!

Até!

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