terça-feira, 2 de abril de 2019

LEGADO MANCHADO

Foto: Toru Hanai/Reuters
Legado é uma expressão que ficou comum por aqui durante e depois da Copa de 2014, aqui no Brasil. Por falar na modernidade, hoje acompanhamos todos os detalhes em todos os ângulos em tudo, incluindo a Fórmula 1, obviamente.

Existem muitas discussões sobre quem é "o pior campeão" ou aquele que não está no nível dos grandes. É claro que ninguém que vence é ruim ou é na sorte, mas é óbvio que existem diferenças de nível.

Sebastian Vettel faz parte da era moderna, viveu os benefícios e agora os malefícios da modernidade, imediatismo e redes sociais da qual ele não faz questão de viver (e faz certo). Surgiu como fenômeno e prodígio na BMW Sauber, confirmou na Toro Rosso e na Red Bull. Avassalador. Campeão mais jovem. Tetracampeão mais jovem. Muitas vitórias, dominância à la Schumacher. Tudo se encaminhava para ser um dos dois ou três maiores da história sem discussão.

Até que chegou 2014. Ao ser superado impiedosamente por Daniel Ricciardo, os detratores voltaram a dizer que "Vettel só venceu graças a Newey". Veio 2015 e, tentando repetir o ídolo alemão, foi para a Ferrari. O primeiro ano foi ótimo. Três vitórias e quase vice-campeão com um carro ainda bastante inferiorizado em relação ao Mercedes.

Aí veio 2016 e o que antes era apenas uma questão da juventude virou um defeito gravíssimo de Vettel: a instabilidade emocional, fugindo até do estereótipo do alemão, sempre considerado frio. Na hora decisiva, Vettel simplesmente não pensa mais no todo e tenta dividir as corridas nas questões pontuais.

Além da questão psicológica, agora vem a questão técnica: na Austrália, a Ferrari teve que segurar Leclerc atrás dele. No Bahrein, os italianos tentaram fazer a mesma coisa, mas o monegasco deu de ombros, foi pra cima e sumiu. Em duas corridas, já está 26 a 22.

Se no auge Vettel já era contestado, imagina agora que está na decadente... Isso é normal. Cada piloto tem seu pico. O alemão foi tetra aos 26. O auge foi ali, no máximo até 2015. Hamilton atingiu só agora depois de alguns anos bem erráticos. Schumacher voltou depois de quatro anos, com lesão cerebral, reflexos diferentes e com uma nova F1 e também foi duvidado por alguns, embora discorde, obviamente.

O que eu quero dizer é que Vettel é uma grande vítima da modernidade. Nenhum campeão ou multi foi tão questionado igual ele está sendo, até com uma certa justiça. No entanto, é importante frisar também os grandes feitos do alemão. Um cara com esse pedigree nunca pode ser subestimado, mesmo por baixo.

Por outro lado, mesmo tetracampeão, é perfeitamente possível discutir Vettel com outros campeões, como por exemplo o contemporâneo Alonso. Mesmo com metade dos títulos, pra mim o espanhol foi o melhor. Só não foi mais porque implodiu a própria carreira. Hamilton, no auge, o superou no início e durante o declínio. Aquele Hamilton de 2010, 2011 e 2012 talvez não conseguisse bater o alemão em carros iguais naquela época.

Bom, nenhum grande campeão foi tão questionado quanto Vettel, a grande vítima da modernidade e também por seus erros na pista. Um campeão com o legado um pouco manchado, sem dúvida alguma.

Concordam? Discordam? Comentem!

Até!

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