segunda-feira, 1 de abril de 2019

CRUELDADE

Foto: Getty Images
A Fórmula 1 é um grande espelho da vida: é injusta e depende na maioria das vezes de status, poder, dinheiro e por último talento e capacidade. No entanto, o imponderável pode ser um grande atrativo, por mais que às vezes seja de forma quase unânime que ontem não era para ser assim.

Charles Leclerc foi o primeiro monegasco da história a fazer uma pole position, o 99° piloto diferente na corrida número 999. Largou mal e foi superado por Vettel e Hamilton. No entanto, manteve-se calmo e em questão de tempo recuperou as posições e estava passeando no deserto. Seria uma vitória maiúscula, com autoridade, mostrando o potencial que tem e sua ascensão não foi precipitada pelo finado Sérgio Marchionne. Mas...

Um problema no sistema de recuperação de energia na parte final da prova fez Leclerc se arrastar e perder potência. Como consequência natural, era para Vettel assumir a liderança e vencer. No entanto, o alemão segue no inferno astral ininterrupto desde 2017. Foi superado na estratégia, ultrapassado por Lewis Hamilton e rodou. Como consequência, a vibração nos pneus, principalmente os dianteiros, fez com que o alemão perdesse o bico em plena reta, precisando voltar para os boxes. Esta é apenas uma palhinha do texto que escreverei mais tarde somente sobre Seb. Voltemos para Leclerc.

Foto: Getty Images
Sem potência e com Vettel mais uma comprometendo, a vitória caiu nas mãos de Lewis Hamilton. Mais uma vez, a Mercedes é dominada e mesmo assim faz dobradinha, graças a erros e problemas da Ferrari. Depois de duas semanas, começa a fazer sentido o fato do motor italiano ter trabalhado em menor rotação na Austrália diante do temor em acontecer problemas iguais ao do monegasco. Alguns até dizem que somente Leclerc correu com potência máxima, enquanto Vettel manteve o "modo Austrália". Difícil saber. O que podemos ver é que é muito preocupante a Ferrari ter um bom conjunto e um motor inconfiável, lembrando a própria Mercedes na época da McLaren na década passada. Se continuar assim, os alemães vão vencer quando tiverem e quando não tiverem também o melhor conjunto, aí o campeonato já estaria morto. Duro golpe para os italianos, que precisam de respostas visando a parte europeia da temporada.

Graças ao estranho Safety Car causado pelo também estranho duplo abandono simultâneo das Renault, com pane elétrica, o destino não foi tão cruel com Leclerc, que conseguiu segurar a terceira posição diante de Max Verstappen diante do fato de que a corrida terminou com o SC, ou talvez tenha sido sim cruel, porque ir para pódio em terceiro (o melhor resultado e primeiro pódio de Leclerc) depois de dominar a corrida é pior do que chegar em quarto. Um baque muito grande evidenciado para as câmeras do mundo inteiro.

Foto: Getty Images
Crueldade também para o holandês, que viu seu pódio iminente ser interrompido pela quebra das Renault. No entanto, para alguns, pode ser karma também: em uma disputa com Sainz, o espanhol teve o bico danificado e a corrida comprometida. A McLaren, aliás, foi o grande destaque positivo da semana. Mais uma vez, Lando Norris fez uma ótima corrida e garantiu os primeiros pontos da equipe no ano. O chassi evoluiu e é possível sonhar com pontuações mais frequentes no decorrer do ano.

Raikkonen parece muito estabelecido e regular na Alfa Romeo, que ainda está atrás da Renault. Aliás, o pelotão do meio é uma briga encarniçada, onde as características de cada carro em cada circuito é que irão fazer a diferença. O abandono das Renault permitiu que Albon pontuasse pela primeira vez na categoria, assim como Gasly pela Red Bull (extremamente e preocupantemente abaixo de Verstappen) e Pérez no ano.

A Williams segue em outro ritmo, com Kubica sendo um saco de pancadas do jovem competente Russell. Como escrevi na sexta, que a volta de Patrick Head possa ser um reencontro com o próprio passado, embora isso vá demorar bastante.

Confira a classificação final do GP do Bahrein:


Até!

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