segunda-feira, 28 de novembro de 2022

O REAL SIGNIFICADO

 

Foto: Getty Images

A despedida de Sebastian Vettel teve elementos muito interessantes. O post não é sobre a carreira e o legado do tetracampeão, que já foram exaustivamente destacados ao longo do ano, quando o alemão anunciou que estava se retirando.

O simbolismo do fim ficou evidenciado em duas ações da semana. O jantar organizado por Lewis Hamilton. Um grande gesto. Reuniu todos os pilotos, sem exceção. Ali não era lugar para as birras.

Vettel, mesmo campeão e muitas vezes impulsivo nas disputas, principalmente com Hamilton naquele incidente do Azerbaijão, conseguiu mudar a visão enquanto competidor com os adversários. Claro, não ser protagonista ajuda. A vilania é substituída pela empatia, o humor, o carisma e o cuidado que o alemão tinha com todos, da saúde até as condições de pista. Foi uma das vozes dos pilotos, conforme foi amadurecendo e virando o que virou na categoria.

O reconhecimento do heptacampeão não é somente pelo número ou pela promoção pessoal. Há algo genuíno porque Vettel foi praticamente a única figura relevante a defender o heptacampeão em suas empreitadas durante a F1 dos últimos anos, principalmente na pandemia.

Desde os gestos antirracistas, os protestos pelo mundo, a luta por um esporte e uma sociedade mais igualitária e sem se calar perante aos absurdos da FIA, como encher o saco sobre piercings, Vettel foi um importante aliado. Seb não precisa de holofotes. Só criou rede social para anunciar que estava saindo e colocando luz em outra paixão: a questão ambiental, a preservação do nosso mundo.

Sai o piloto, vem o “ativista”, o “militante”. Não quero usar de forma debochada ou negativa essas palavras, que fique evidente para todos. É o novo capítulo de Vettel. Hamilton percebeu a outra luta do alemão. Ele não precisa ser tão vocal ou midiático. Mesmo discreto é o suficiente porque é Sebastian Vettel. Por isso o respeito genuíno de Lewis Hamilton.

Outra questão mais surpreendente foi Alonso. A rivalidade visceral da década. Tudo bem, o espanhol levou a pior em todas, mas foi o cara que mais fez Vettel suar lá no ápice, desde a pista até os famosos “jogos mentais” do bicampeão, que enfrentava um jovem que, no fim da jornada, virou um homem tetracampeão.

Por isso se alguém voltasse com uma máquina do tempo para Interlagos, em 2012, e falasse que:

- Em dez anos, Vettel se aposenta e Alonso vai correr com um capacete em homenagem ao alemão!

A reação seria de risadas ou simplesmente achar o autor da frase um lunático. O gesto surpreendeu porque sim, a rivalidade diminuiu, os dois viraram coadjuvantes do grid, mas nunca houve essa “amizade”.

Não digo que foi um gesto falso. Alonso também sabe manipular o jogo da atenção. A questão é o seguinte:

Hamilton e Alonso são os mais experientes no grid. Os únicos contemporâneos. Por razões diferentes, o mesmo efeito: a saída de Vettel simboliza uma parte deles que se vai junto.

Tal qual Nadal e Djokovic sentindo que a aposentadoria de Roger Federer é um pedaço da rivalidade, dos bons e dos maus momentos indo embora, um tetracampeão dar adeus ao esporte é um recado não só para os campeões, mas sim para todos nós: o tempo é implacável.

Até!


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