terça-feira, 22 de novembro de 2022

A ESPADA

 

Foto: Getty Images

O sobrenome, a influência, o dinheiro. Por incrível que pareça, existem malefícios e grandes responsabilidades quando alguém com essas características se aventura em qualquer área.

Não é uma romantização de nada, até porque chegar lá já é extremamente difícil. Muitos certamente não mereciam uma chance se não tivessem essa série de vantagens, mas que culpa eles têm? São raros os casos onde a competência caminha lado a lado.

Um exemplo na F1 são os Hill e os Rosberg. É evidente que os filhos tiveram um pouco mais de facilidade para chegar na categoria, mesmo Damon, que estreou na F1 com mais de trinta. A partir de uma série de obstáculos que são pulados, o resto depende do dito talento de quem foi alçado a aquela posição.

Tem aqueles que são melhores que o sobrenome. Ele ajuda? Claro, mas o tempo mostra que o talento é muito maior. Max Verstappen é o grande expoente disso. Não precisa escrever mais nada.

Do outro lado, temos Mick Betsch. Sobrenome da mãe para não atrair burburinho. Só depois Schumacher. Títulos na F4 e na F2, com arrancada sensacional, e Mick parou na F1 e na Ferrari. Conquistou com mérito? Sim. Teve vantagens financeiras e de influência pelo sobrenome? Também.

A Haas. O primeiro ano não era para mostrar muito. O combo era cruel: novato e carro péssimo. Mick fez o básico: atropelou o fraco Mazepin. A expectativa para o segundo ano seria um salto de qualidade, uma progressão.

Vem a guerra e Mazepin sai de cena. Volta o experiente Magnussen. Evolução na dificuldade. O dinamarquês, mesmo um ano enferrujado, é páreo duro. Mick precisa dar uma resposta melhor. E ela não veio. Magnussen o bateu com facilidade, seja em pontos, regularidade e menos prejuízos a um time frágil financeiramente.

Mick bateu muito. Pressionado pelo companheiro e por nunca pontuar? Talvez. Pressionado pelo sobrenome? Sim. Usufruiu de tudo na carreira também graças ao sobrenome? Também.

Gunther teria mais paciência com Mick se ele não fosse Schumacher? Não sei. Mick chegaria na Haas se não fosse pela Ferrari e pelo sobrenome? Não sei, talvez não.

O que quero escrever é Mick deveu nessa segunda temporada. O desempenho de Magnussen o deixou exposto, isso é inegável. No entanto, duas temporadas não são o suficientes para fazer um julgamento definitivo do piloto. Tsunoda, outro novato, também enfrenta dificuldades. Zhou, estreante, idem. É normal.

As questões são urgentes. A Haas precisa de dinheiro e segurança. Mick não oferece, hoje, essas situações. Mesmo com o sobrenome ou apesar dele, o caminho foi o rompimento. Honestamente falando, acredito que o alemão mereceria uma terceira temporada na equipe americana. A definitiva. Sem desculpas.

Vandoorne merecia ficar na F1. Wehrlein merecia ficar na F1. Nasr não merecia sair da categoria daquele jeito. Entendem? Citei outros tantos talentosos e que não têm o peso de Schumacher e a vida continuou. A do alemão também vai. Ele é jovem e não me surpreenderia se retornasse ao grid. Vai que tenha mais equipes ou alguma oportunidade de ocasião...

O que quero escrever é o seguinte: o sobrenome também é uma forma de viver e morrer pela espada na F1. Em um dia você se aproveita, no outro é “vítima” do próprio entorno que você não escolheu ter, mas certamente não quis abrir mão para continuar crescendo na carreira.

Até!

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