quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

PUNIDO POR SER BOM

 

Foto: Divulgação/F2

Quando um jovem piloto vence a F3, o passo natural é chegar na F2, o último antes da F1. Dependendo do carro e do talento, teoricamente vira uma questão de tempo para chegar na principal categoria do automobilismo.

Quando você tem talento, vence a F3 e é filiado a uma academia de pilotos, tudo fica mais fácil, principalmente se você vence a F2 na primeira temporada, certo? Não tem nem discussão.

O australiano Oscar Piastri repetiu o feito de Charles Leclerc, por exemplo, mas a recompensa não foi a mesma. Por quê?

Bom, primeiro vamos analisar a conjuntura onde Piastri está inserido. Sendo piloto da Alpine, juntamente com Lundgaard, o brasileiro Caio Collet e outros, já existe uma pequena desvantagem em relação a Ferrari e Mercedes, que possuem influências em outras equipes. A Alpine/Renault só tem a própria equipe, então as vagas ficam limitadas aos dois titulares.

O caso de Zhou é diferente: ex-Alpine, conseguiu muito dinheiro dos patrocinadores e foi parar na Alfa Romeo, então não foi uma ascensão puramente técnica, fecha parênteses.

Esteban Ocon, outrora piloto da Mercedes e sempre relacionado a Renault, tem um pódio e uma vitória nas últimas duas temporadas. Vem evoluindo junto com a equipe. A confiança é tanta que renovou até 2024.

No outro lado, está simplesmente Fernando Alonso. Ele define quando vai sair de cena. A princípio, 2022 pode ser definitivamente o último ano do espanhol na categoria. Vai depender de como vai estar o carro francês em relação aos demais.

Como o campeão da Fórmula 2 não pode correr na categoria no ano seguinte, Piastri ficou num beco sem saída. A Super Fórmula, do Japão, seria uma alternativa, o problema é que o Covid acabou com os planos. Deixar o jovem australiano na Fórmula E, WEC ou DTM também não é o ideal porque são carros diferentes.

É por isso que Piastri, em tese, foi alavancado para piloto de testes, ou piloto reserva, como queiram. Na teoria, o australiano vai aprender ainda mais e se preparar para provavelmente substituir Alonso no curto prazo. Na prática, duvido.

Ser piloto reserva e nada é a mesma coisa. Depender de alguém se acidentar ou ter covid é demais. Lembro que um outro campeão da antes GP2 esteve na mesma situação. Davide Valsecchi virou o reserva da Lotus para 2013. Quando Raikkonen brigou e saiu do time no final da temporada, era natural o jovem ter a grande chance. Realidade: a Lotus optou por contratar Kovalainen.

É por isso que não empolgo com essa situação de Oscar Piastri. Ele teve “azar” de não estar em uma montadora mais influente na F1, mas tudo isso poderia ser resolvido se a categoria não fosse um clubinho de três montadoras, uma DTM com grife. Com mais equipes, há mais chances para jovens e experientes pilotos, o que amenizaria alguns casos, principalmente esse, que é bizarro.

Oscar Piastri está sendo punido por ser bom. A F1 deveria se preocupar com essas situações ao invés de forçar falsas competitividades e finais netflixeanos.

Até!


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