segunda-feira, 22 de novembro de 2021

OUTLIER

 

Foto: Getty Images

O livro de Malcolm Gladwell, com o mesmo título, se propõe a explicar como e porquê algumas pessoas são mais bem sucedidas que as outras. Afinal, o que torna alguém "fora de série"? No livro, Gladwell deixa que não é apenas o "talento" ou o trabalho duro. Outras valências envolvem a geração, a profissão dos pais, a condição financeira, o local onde nasce e, claro, a sorte.

Esse texto aqui não pretende fazer uma ampla análise sobre Fernando Alonso, até porque nós já fizemos a biografia dele aqui, relembre nos posts de novembro e dezembro de 2018. O texto de hoje vai explicar e reiterar porque Alonso é um fora de série.

Que o espanhol é um piloto fantástico todos sabemos. A biografia da Fênix é conhecida. São décadas de sucesso. É claro que tem o outro lado: a má sorte, o temperamento difícil e escolhas equivocadas levaram o espanhol a um limbo. Mesmo bicampeão, era considerado um "talento desperdiçado" porque usou boa parte do fim da carreira como um figurante no meio do grid. Fruto, claro, de escolhas erradas (má sorte) e as portas que fechou por ser quem é (ou era). As vezes apenas o talento não basta.

Quando Alonso acertou o retorno a Renault/Alpine pela terceira vez, dois anos sem estar no grid e em vias de virar quarentão, o temor de ser um "novo Schumacher" era grande. No entanto, essa sensação não se confirmou por dois motivos: as regras não mudaram radicalmente e o espanhol, ao contrário do alemão, retornou ainda jovem e continuou competindo no automobilismo.

Era tudo uma questão de adaptação. Alonso sofreu no início da temporada. A "ferrugem" era evidente. Além do mais, viu o jovem companheiro Esteban Ocon ser o responsável pela primeira vitória dos franceses nesse retorno como escuderia. Uma pressão que o espanhol foi tirando de letra durante o ano. Mesmo sem vencer, Alonso tinha mais pontos e largava mais à frente.

A coroação veio ontem. Incrível pensar que alguém com tanto talento e gabarito tenha sido renegado a figurante. Alonso esteve diante dos nossos olhos em todo esse tempo, mas não tinha o que fazer, muito por culpa dele, é claro.

Aos 40 anos, Alonso faz uma temporada muito correta e, como escrevi na ocasião do retorno, agora devemos desfrutá-lo. Sabe-se lá o que vem pela frente, mas uma coisa é certa: pra mim, o espanhol superou as expectativas ainda nesse primeiro e talvez penúltimo ano do retorno e da carreira na F1.

A corrida em Lusail é um novo capítulo que explica porque Fernando Alonso é um outlier, um fora de série.

Até!

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