terça-feira, 16 de novembro de 2021

O CHINÊS VIÁVEL

Foto: Divulgação/F2

 A expressão criada pelo jornalista Renato Rebelo, do canal Sexto Round no YouTube (que recomendo muito, aliás, para quem também gosta de MMA) cai como uma luva na F1. 

Pela primeira vez na história, a China terá um piloto titular na F1. Guanyu Zhou, que já fez parte da academia da Ferrari e estava na Renault/Alpine, será o companheiro de Valtteri Bottas na equipe suíça. 

Se no início o favoritismo era de Nyck De Vries, passou por Colton Herta e teve no fracasso das negociações com a Andretti o ponto final, que foi a chegada de Zhou.

Apesar do aporte de U$$ 25 milhões para o time de Frederic Vasseur, engana-se quem pensa que Zhou chegou na F1 apenas por ser um piloto pagante e chinês, o que é muito importante para o mercado asiático e, claro, de uma das nações com mais pessoas no mundo. Zhou não está na F1 por "cota geográfica" e explico o porquê.

Antes, um pouco da história do nosso protagonista de hoje. Nascido em Xangai no dia 30 de maio de 1999, Zhou começou no kart aos oito anos na China. Aos 12, se mudou para o Reino Unido, para disputar em um cenário mais competitivo. Com boa passagem no kart, onde conquistou títulos, Zhou migrou para os monopostos aos 16, quando competiu na F4 italiana e também na alemã. 

Na Itália, foi vice-campeão e melhor novato. Na Alemanha, correu em algumas etapas e conquistou dois pódios (Spielberg e Spa).

Depois, ficou três temporadas na F3, primeiro na Motopark e depois na Prema. Foi 13° e duas vezes 8° na temporada, com vitórias, poles e vários abandonos. Teve 9 pódios, 3 poles e duas vitórias.

Nesse meio tempo, chegou a ser piloto de testes da Techeetah na Fórmula E. Em 2019, chegou a F2, onde está até hoje na UNI Virtuosi. Na primeira temporada, teve uma pole, duas voltas mais rápidas e cinco pódios, terminando o campeonato em sétimo.

No ano passado, mais adaptado a categoria, Zhou conseguiu a primeira vitória e melhorou um pouquinho: um pódio a mais (seis) e também o sexto lugar na tabela.

O grande salto está sendo nesta temporada. Faltando seis etapas, Zhou tem três vitórias e sete pódios, sendo o vice-líder com 142 pontos, atrás de Oscar Piastri, também colega de Alpine/Renault. Também nesse ano, foi o campeão da F3 asiática. 

Zhou participou de um treino livre pela Alpine no GP da Estíria, esse ano. Outros dois chineses também já tinham conseguido essa façanha: Ma Qinghua e Adderly Fong.

Zhou vem apresentando suas credenciais na disputada F2 do ano passado e nessa também, onde divide grid com Robert Shwartzman, Théo Pourchaire, Felipe Drugovich (são companheiros de equipe), Christian Lundgaard, Liam Lawson e Juri Vips. É uma competição muito acirrada, e qualquer um desses nomes poderiam perfeitamente estar na F1, é tudo uma questão de oportunidade, timing, aporte financeiro, academia de pilotos e outras questões que vocês já conhecem.

Antonio Giovinazzi, que foi o substituído da vez, reclamou que a Fórmula 1 é toda sobre dinheiro. É verdade, mas o italiano em três temporadas não confirmou as expectativas depois da fantástica temporada na GP2 de 2016. O italiano, inclusive, já acertou a ida para a Fórmula E ano que vem e continua como piloto Ferrari, podendo ser reserva e participar de outros projetos da escuderia.

Guanyu Zhou é um pacote completo: talentoso, com potencial, leva dinheiro para a equipe e ativa um mercado muito importante para a Fórmula 1, sobretudo depois das consequências do Covid, inclusive com o circuito de Shangai renovando com a categoria por mais algumas temporadas.

Por tudo isso mostrado, explicado e exposto, Guanyu Zhou é o chinês viável e a massa chinesa vai ter alguém para torcer na F1 pela primeira vez na história.

Até!

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