terça-feira, 19 de abril de 2022

O DINHEIRO COMO MALDIÇÃO

 

Foto: Divulgação/Aston Martin

Lawrence Stroll é um das pessoas mais ricas do mundo. Não a toa, conseguiu fabricar a carreira do filho Lance no automobilismo. Desde sempre ele teve a disposição os melhores equipamentos e pessoas que o desenvolvessem enquanto piloto. O talento natural não existe, mas o dinheiro faz repetir algumas situações e permite um desenvolvimento tranquilo até atingir a plenitude.

Com a falida Racing Point, Lawrence viu que a Williams não seria o melhor cenário para desenvolvimento do filho e comprou uma estrutura muito competente, mesmo sem dinheiro. Com a grana, atraiu o retorno de uma montadora de peso. Uma montadora de peso precisa de um piloto de cacife para comandar o projeto e ser até mesmo uma peça chave de publicidade.

Vettel e Stroll. O veterano tetracampeão em baixa sendo líder e acionista de um projeto seria um bom cartel para o filho. Se Lance vence o alemão, não há o que questionar no talento até então baseado no nepotismo. A expectativa é animadora. Montadora, investimento e um tetracampeão = longo-prazo esperançoso.

O primeiro ano foi tímido. Sem ter como copiar o carro da Mercedes, que foi a base do sucesso de 2020 do então time rosa, o jeito é começar do zero. Um ano de transição pensando no novo regulamento. A esperança era agora, mesmo sabendo que os frutos podem ser colhidos somente mais para frente, quando a nova fábrica e o novo túnel de vento ficarem prontos.

2022 está começando de forma preocupante para a Aston Martin. Começando pelo fato de Vettel ter perdido duas corridas com o novo regulamento em virtude da Covid. É nítido que não está ambientado com o carro e o tempo fora fez a diferença na corrida da Austrália. Stroll vem batendo e fazendo o que pode, mas o erro é achar que ele vai guiar o time. É apenas o filho do dono.

Investimento, dinheiro, estrutura... o que está dando errado? É necessário ter paciência? Sem dúvida, desde que as apostas e escolhas sejam corretas. A saída do Otmar Szanafauer não parece um bom indício. É uma equipe que ainda está em adaptação em meio a um novo regulamento e covid no piloto tetracampeão acionista cada vez mais decadente. Não me parece a receita correta.

Que a Aston Martin vai crescer, não há dúvidas. Para isso, precisa acertar no carro, nos chefes e também nos pilotos. Essa é a função para o longo prazo. Stroll é uma benção e uma maldição. Sem ele, não há dinheiro e nem Aston Martin. O que fazer? Aposentar Vettel e trazer quem para liderar um processo tão centralizado no filho do dono?

Até aqui, a Aston Martin me lembra muito a Jaguar, não só pelas cores, mas por todo o contexto: pompa, grife, dinheiro, investimento e resultados aquém do esperado. É cedo e oportunista, mas ser a pior equipe do grid nesse momento não deixa de ser constrangedor para uma organização que chegou na F1 prometendo tanto.

Até!


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, esse é o espaço em que você pode comentar, sugerir e criticar, desde que seja construtivo. O espaço é aberto, mas mensagens ofensivas para outros comentaristas ou para o autor não serão toleradas.