domingo, 10 de julho de 2022

TRÊS EM UM

 

Foto: Getty Images

O que mudou entre a corrida classificatória e a corrida de hoje? No sábado, tudo parecia encaminhado para mais uma vitória de Max Verstappen na casa da Red Bull. Por ser uma corrida curta e com poucos atrativos, onde há muito a perder, os pilotos não forçam o equipamento. É o antigo warm-up com grife.

O que vimos hoje em Spielberg rende vários capítulos, que vou abordar também no texto de amanhã. Que a Ferrari é um carro mais veloz em volta rápida, não há dúvidas. No entanto, nesse final de semana, foi justamente o contrário: a Ferrari capitalizou no trunfo da Red Bull, o ritmo de corrida.

Era dois contra um porque Pérez forçou uma ultrapassagem na primeira volta, foi tocado por Russell ficou fora da disputa. Max estava contra dois rivais da mesma equipe, lembrando os tempos antes de ser campeão do mundo. Rapidamente, a Ferrari encostou e não teve dificuldades para ultrapassá-lo. Além do ritmo, os pneus da Ferrari estavam durando mais. Uma novidade.

A Red Bull resolveu fazer duas paradas. A Ferrari poderia ter feito uma só ou dividido as táticas entre os dois pilotos, mas a situação estava tão confortável que os italianos ganharam dos taurinos na tática deles. Leclerc ultrapassou Max três vezes para garantir a vitória. A Ferrari tinha a faca e o queijo na mão para uma dobradinha na casa dos rivais.

Quando Sainz se aproximava de ultrapassar Max, o motor explodiu. Quando não é a Ferrari, é a confiabilidade. O mais absurdo foi a demora dos fiscais em prestar o apoio para o espanhol, que teve que sair do carro em meio as chamas. Poderia ter acontecido algo mais grave, mas ainda bem que foi um susto da adrenalina. Um pequeno golpe nas pretensões ferraristas.

Pois o acelerador de Leclerc, momentos depois, começou a ter problemas. Coincidência. A Ferrari, com uma dobradinha encaminhada e sem maiores sustos, podia perder a corrida pela confiabilidade. Max, sem ritmo, cresceu e venceria se tivesse mais algumas voltas. Como o "se" não existe, Charles Leclerc foi o primeiro a receber a bandeira quadriculada pela terceira vez no ano. Foi o primeiro triunfo do monegasco sem largar da pole position.

Max Verstappen pode estar com a famosa "sorte de (bi) campeão"? Tanto em Silvestone quanto hoje, era para o holandês ter muito mais prejuízos na tabela do que realmente teve, mantendo a vantagem de 38 pontos para o novo vice-líder do campeonato, Leclerc.

A Red Bull não sabe porque teve o rendimento tão ruim hoje, no palco onde dominou os últimos anos mesmo sem ter o melhor carro. A ascensão da Ferrari foi circunstancial ou as atualizações da equipe surtiram efeito? Estariam os italianos forçando o motor para acompanhar a Red Bull e isso ter sido a causa do abandono de Sainz? Perguntas que vou tentar responder num texto apropriado, mas deixo a reflexão para vocês.

Hamilton voltou a ter sorte. Graças a Sainz fora e Russell punido e fazendo corrida de recuperação, o Sir teve o terceiro pódio seguido no ano, o quarto na temporada. A Mercedes ficou bem para trás no ritmo de corrida. Depende muito do encaixe do circuito, mas as coisas estão melhorando. Aos poucos, o bicho-papão está voltando... o consistente Russell, mesmo com todos os percalços, conseguiu o quarto lugar. A Mercedes não é a carroça que falam. Pouco a pouco, eles vão voltar a ter chances claras de vencer, a questão é quando.

A Alpine tem em Ocon a constância de Russell na Mercedes. Ele não aparece muito, mas sempre soma os pontos necessários. Sorte esta que falta para Alonso. Não largou na corrida classificatória e precisou lutar muito na corrida, inclusive quase foi jogado para fora da pista por Tsunoda e retrucou com um mítico sinal negativo com a mão esquerda, enquanto fazia a ultrapassagem. Com o Safety Car Virtual, a equipe ainda se atrapalhou na troca dos pneus, mas ainda assim a Fênix consegue um ponto sensacional para quem largou em último. Que a Alpine nem ouse pensar em não renovar o contrato de Don Alonso.

A Haas cresceu nesse final de semana e finalmente teve dois pilotos. Se foi apenas confiança eu não sei, mas Mick Schumacher começou a embalar nos mesmos moldes da F4 e da F2, onde disparou para os títulos. Brigando com Hamilton, agressivo e ultrapassando, Mick alcança o sexto lugar e o melhor resultado da carreira. Definitivamente a confiança está ali e certamente a desconfiança em relação ao futuro diminuiu bastante. Magnussen também ficou nos pontos e a consistência dos dois é fundamental para o futuro financeiro da equipe, abalado sem Mazepin.

A McLaren teve um treino muito ruim mas evoluiu na corrida, tanto é que os dois carros ficaram no top 10, com Norris a frente de Ricciardo, como sempre. A equipe regrediu em relação ao ano passado, mas o que Lando faz fora dos holofotes é notável. Com certeza merece um equipamento melhor.

Do meio para trás, a briga encarniçada de sempre. Albon lutou muito mas não conseguiu os pontos. Gasly envolvido em mais um acidente. Não está no nível do ano passado, embora a Alpha Tauri também esteja abaixo. Aston Martin e Alfa Romeo insuficientes.

O final de semana de Charles Leclerc teve três grandes fatos: as ultrapassagens em Max, o fim do jejum de vitórias (a primeira sem ser a pole) e diminui a diferença para Max Verstappen, Resta a Ferrari não continuar atrapalhando o caminho do monegasco que, com um pouco de sorte, talvez tenhamos uma disputa mais aberta e franca pelo título.

Confira a classificação final do GP da Áustria:


 

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